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A Cigarra e a Formiga: reflexões sobre o papel da educação


musical no ensino regular no Brasil.

Thais Fernanda Vicente Rabelo1

Resumo

Este artigo tem por objetivo a reflexão sobre a valorização da disciplina de música no ensino
regular brasileiro, sendo este público ou particular. A fábula “A Cigarra e a Formiga” foi
utilizada como elemento mediador entre o paralelo estabelecido pela educação na Grécia
Antiga e a realidade do ensino de música nas escolas brasileiras, levando-se também em conta
alguns fatos históricos. Sabe-se que a cultura grega exerceu grande influência sobre a cultura
ocidental atual e tal fato se evidencia também no que diz respeito à música como disciplina
educacional, tendo em vista que esta ocupava lugar de destaque na educação da Antiga
Grécia, fundamentada na paidéia. Grandes nomes da história Grega ocuparam-se com a
reflexão sobre a música, dentre os mais importantes destacam-se Pitágoras e Platão. Deve-se
levar em conta que o universo musical grego era bem diferente do que atualmente o Ocidente
(sobretudo) entende por música. Todavia, apesar destas diferenças alguns valores
permaneceram e se fazem presentes na educação atual. Com relação à educação musical
brasileira devem-se levar em conta as transformações ocorridas neste processo, que tem início
com a chegada dos jesuítas, e através da análise dos fatos avaliar o nível de valorização da
disciplina curricular no ensino regular.

Palavras-chave: Educação musical; Fábula; História da música.

1
Graduanda do curso de Licenciatura em Musica, na Universidade Federal de Sergipe. Formada pelo
Conservatório de Música de Sergipe, habilitação: piano.
2

Introdução

Antes de adentrar ao tema propriamente dito, faz-se necessário acompanhar a fábula a


seguir, recontada por Canton (2006, p. 19):

“ Era verão. A formiga carregava suas folhas e seus alimentos de um lado para
outro, enquanto a cigarra, caçoando dela, passava os dias cantando e se
divertindo. Mas não tardou e o inverno chegou. A cigarra, faminta e com frio,
foi pedir alimento à formiga, que lhe disse assim:

- Por que é que você não trabalhou no verão e guardou comida para o inverno?

- Eu não fiquei à toa não! Criei as mais doces melodias (...).

- Ah! você flauteou no verão? Agora dance no inverno! (...)”.

A conhecida fábula, atribuída ao grego Esopo (séc. VI a.C.), assim como todas as outras,
que supostamente escrevera, foram comunicadas por meio da tradição oral e somente foram
reunidas e escritas duzentos anos após sua morte, por Demétrio de Falero (325 a.C.). Trata-se
de uma narrativa que engloba duas personagens: de um lado a formiga, que desempenha seu
trabalho com seriedade, de outro a cigarra, boêmia, mas que na verdade era agradável à
formiga, por tornar seu trabalho menos árduo. No entanto, a cigarra foi entendida, pelo
próprio Esopo, como alguém que vagueava enquanto a formiga trabalhava sem cessar.

Apesar de parecer bastante clara, a lição de moral desta fábula sugere um


questionamento, se analisada por outro ângulo. Será que a personagem representada pela
cigarra estava realmente a vadiar? E ainda: não haveria utilidade em sua atividade musical?
3

Um olhar sobre a Grécia Antiga

Muitos deverão estar a se perguntar sobre qual a relação existente entre a educação
musical no ensino regular brasileiro e essa antiqüíssima fábula. Porém, para que haja uma
melhor compreensão desta ligação (comparação), se faz necessária uma abordagem sobre o
panorama histórico musical da Antiga Grécia, pois além de ter sido este território helênico, o
berço da civilização ocidental, foi este o ambiente no qual o suposto autor da obra, escrevera
suas fábulas.

Foi na Grécia Antiga que surgiu a preocupação em formalizar o processo educacional. A


palavra pedagogia vem do grego e é referente ao escravo que levava os jovens à escola.2 A
educação grega estava fundamentada em dos pilares fundamentais: a saúde física e espiritual.
Tais pilares seriam sintetizados pela palavra Paidéia, no séc. V, de acordo com Werner
Jaeger, citado por Souza (2006, p. 33).

A educação da antiga Grécia divide-se macroscopicamente em dois períodos. O Período


Antigo, que abrange a Idade Homérica e a Idade Histórica e o Novo Período, que tem início
no séc. V a.C. e abrange o Período Clássico e o Período Helenístico. Desde o Período
Homérico já se tem notícia de uma preocupação com a educação musical, pois apesar de ser
um tempo onde a cultura ainda era transmitida oralmente, há registros sobre a educação
musical até mesmo nos poemas épicos de Homero. Todavia, até então, eram atribuídos à
música, características místicas e sua importância estava, de certa forma, simplesmente
subjugada a efeitos psicológicos e performáticos.

Eis que surge, no séc. VI a.C. ( período histórico, no qual começa a surgir a tradição
escrita na Grécia) um estudioso chamado Pitágoras, o matemático que traria grandes
contribuições à música, tanto por enxergá-la como uma ciência, como por estabelecer, com
esta ciência, especulações teóricas. Pitágoras e seus seguidores tentam explicar a música por
meio da matemática, dos números que regiam todo o universo. Segundo Lia Tomás (2002,
p.22) a escola pitagórica foi a primeira a fazer tentativas de teorização da linguagem musical.
No entanto, pode-se perceber claramente, desde esta época, o caráter interdisciplinar desta
ciência:

2
SOUZA, N. História da Educação. São Paulo: Avercamp, 2006.
4

O que se pode dizer em linhas gerais é que o pensamento musical grego


concebe o fenômeno musical de um modo complexo e multiforme, visto que
entre os gregos a música mantinha vínculos muito íntimos com a medicina,
astronomia, a religião, a filosofia, a poesia, a métrica, a dança e a pedagogia.
( Ibdem, p. 28).

Pitágoras está então inserido no período em que surge o pensamento racional na Grécia.
Tal fato, portanto, pode explicar o motivo pelo qual o célebre matemático pensou a música de
modo racional. O fato de ser considerada ciência pelos pitagóricos, traz também, para a
música, uma valorização peculiar, pois apesar de o universo musical da Antiga Grécia ser
claramente distinto do universo musical no atual ocidente, o fato de poder ser explicada
cientificamente é muito importante para sua valorização posterior, não somente como
elemento místico, mas como ciência, que apesar disto, apresentaria características bem
peculiares.

O ensino da música na estrutura educacional grega

Segundo Fonterrada (2009, p.26), a busca do valor da música e da educação musical


inicia-se na Grécia. Visto que influenciava tanto na ordem social, quanto política, os gregos
entendiam que a música deveria fazer parte do currículo educacional das crianças e dos
jovens, não ficando a cargo somente dos executantes. “Em Esparta, em seu sistema de
educação para os jovens e para o povo, Licurgo exigia que a música fizesse parte da educação
da infância e da juventude, e que fosse supervisionada pelo Estado”. (Op. cit. p. 26).

Toda esta preocupação deve-se sobretudo à Doutrina do Éthos, que tem longínquas raízes
orientais e se estabeleceu na Grécia como forma de explicar a influência modeladora que a
música exercia sobre o caráter do indivíduo.3 Tal fato fica bem exemplificado na república
escrita por Platão:

- Quais são as harmonias lamentosas? Diz-me, já que és músico.

- São a mixolídia, a sintonolídia e outras que tais.

- Portanto essas são as que se devem excluir, visto que são inúteis para as
mulheres, que convém que sejam honestas, para já não falar dos homens.

3
Cf. GROUT, D; PALISCA, C. História da Música Ocidental. Lisboa: Gradiva; p. 20.
5

- Certamente (...).

- Quais são, pois, dentre as harmonias, as moles e as dos banquetes?

- Há umas variedades da jônia e da lídia, a que chamam efeminadas.

- E essas poderás utilizá-las na formação de guerreiros, meu amigo?

- De modo algum, respondeu. Mas arrisca-te a que fiquem apenas a dórica e a


frígia. (PLATÃO, A República; p. 90-91).

No diálogo, citado anteriormente, entre Sócrates e Glauco (nesta ordem), nota-se o


quanto a doutrina do Éthos estava enraizada na cultura grega e era justamente esta ideologia
que regia sua força no contexto educacional.

- Não é então por este motivo, Glauco, que a educação pela música é capital,
porque o ritmo e a harmonia penetram mais fundo na alma e afetam mais
fortemente, trazendo consigo a perfeição e tornando aquela perfeita, se se tiver
sido educada? ( Platão, ibidem, p. 94)

No entanto, apesar deste ideal de integração entre música e universo ser condizente com o
pensamento racional de Pitágoras e as teorias aristotélicas e platônicas, distingui-se, neste
ponto, duas variáveis que irão diferenciar o modo pelo qual os gregos entendiam a música,
uma das variáveis “[a] concebe como regida por leis matemáticas universais e outra que
acredita que seu poder emana da relação estreita entre ela e os sentimentos- éthos”.
(FONTERRADA, 2008, p.28). Esta dualidade existente na cultura grega, com relação à arte
das musas, com certeza não diminuíram eu valor no âmbito educacional daquela realidade.
Porém, não haveria, ainda hoje, uma idéia contraditória sobre a função da música na
educação?
6

Educação Musical no Brasil

Fazendo-se um breve apanhado sobre o desenvolvimento da educação musical no Brasil


poder-se-á notar que esta esteve, por muito tempo, subjugada a interesses políticos nacionais.
Desde os jesuítas, primeiros a implantar o ensino de música no Brasil,4 a transmissão do
conhecimento musical não tem sido a principal finalidade do ensino da música no Brasil visto
que, para os jesuítas, a educação musical era antes de tudo um meio de catequizar os povos
nativos.

Durante todo o período colonial brasileiro a educação musical estaria mais voltada para a
prática instrumental e para o canto. O ensino de música em si distinguia-se bastante do que
hoje se entende por educação musical, pois naquela época a prática musical estava
principalmente ligada à Igreja e baseava-se no processo de ensino-aprendizagem
fundamentando-se nos métodos de repetição e memorização.

Durante o período que se estendeu desde a chega da Família Real até a primeira metade
do séc. XIX não houve grandes mudanças na realidade da educação musical, que continuava
ligada às práticas européias. No entanto, segundo Fonterrada (2008, p. 210) “ foi somente em
1854 que se instituiu oficialmente o ensino da música nas escolas públicas brasileiras”. Foi no
séc. XX que ocorreram as primeiras grandes modificações na educação musical brasileira, em
especial na Era Vargas, onde por meio do compositor Villa-Lobos a disciplina ganha uma
atenção especial. De acordo com Juzamara Souza5 (2002, p. 13):

A política educacional autoritária de Vargas e o projeto de nacionalização


emergentes no início dos anos trinta influenciam diretamente a educação
musical nas escolas. Com a reforma de ensino em 1931 (Decreto n. 19.890 de
18 de abril, art. 3) a aula de música passa a ser obrigatória para todos os níveis.

4
É válido ressaltar que já havia produção musical no Brasil, praticada pelos povos nativos, e que esta cultura
musical era transmitida oralmente e informalmente. Os Jesuítas, no entanto, foram os primeiros a formalizar o
ensino no Brasil e a esquematizá-lo. Para este item, veja: FONTERRADA, 2008, p. 208.

5
Veja: OLIVEIRA, A. CAJAZEIRA, R. (org.) Educação Musical no Brasil. Salvador, P&A, 2007.
7

Apesar de fazer parte do currículo escolar a música ainda não possuía carga horária fixa e
era tida como auxílio às demais disciplinas. “ Neste contexto surge a proposta pedagógica do
canto orfeônico de Villa-Lobos (...), um programa de educação musical que abrangia todos os
níveis escolares e que deveria ser implantado em todo território nacional (Op.cit. p. 14).

A intenção de Villa-Lobos era estabelecer uma educação musical eficiente nas escolas,
através do canto coral. Todavia, com o Estado Novo, a música passa a ser utilizada na
educação como meio de fortalecer o ideal nacionalista, fortalecendo assim o poder e o
prestígio do ditador. No entanto, se a situação parece grave, o quadro piorou ainda mais no
período da ditadura militar, quando foi promulgada a lei n. 5692/71 que “extinguiu a
disciplina educação musical do sistema educacional brasileiro, substituindo-a pela atividade
da educação artística” (FONTERRADA, 2008, p. 217-218, grifo nosso). A partir de então a
visão da música como elemento lúdico e auxiliador na educação regular tornou-se cada vez
mais comum, visto que os professores graduados em educação artística possuíam formação
geral e polivalente, evidenciando assim sua falta de preparo para o ensino da música.

Nos anos de 1990 retoma-se a preocupação com o ensino das artes na escola. A LDBEN
n. 9394/96 veio justamente destacar a importância do ensino da arte no currículo. Com
promulgação da nova LDB, o MEC elaborou “documentos orientadores, destinados a servir
de guia a escolas e profissionais envolvidos com Educação”.6 Estes documentos são os RCN e
os PCN, que apresentam, inclusive, muitas orientações direcionadas para a música, que está
inserida na atividade de educação artística. Apesar de parecerem um tanto vagas a proposta
dos Parâmetros Curriculares Nacionais exigem uma boa formação musical do professor de
artes, pois sua falta de formação adequada acarretaria o não cumprimento destas propostas.

Cria-se então um novo impasse para a educação musical, pois sua problemática a partir
desde momento não estariam em torno da falta de orientações e até mesmo de leis, mas no
não cumprimento destas leis. Que problemática seria esta?

6
Cf. FONTERRADA, Mariza. De Tramas e Fios. São Paulo:UNESP, Rio de Janeiro: Funart, 2008
8

Retorno à Fábula

Na fábula grega, citada no início deste artigo, a cigarra, personagem que desempenhava
atividade musical, não fora valorizada pela formiga, e nem pelo autor da fábula, diga-se de
passagem. No entanto a cigarra havia sido útil para a formiga, pois tornara seu trabalho mais
brando, com as doces melodias que tocara. Talvez deva ter sido este o fator que levou a
desvalorização da cigarra, o fato de estar apenas auxiliando as formigas.

É preciso, pois, fazer-se uma reflexão sobre esta fábula e lançar o seguinte
questionamento: No contexto atual da Educação Regular, a quem poderia ser atribuído o
personagem da cigarra?

Não se faz necessária uma longa reflexão para tanto, visto que logo seria apontada para
tal personagem a figura do educador musical, ou ainda, da educação musical. No ensino
regular brasileiro (público ou privado) as aulas de música, giram normalmente em torno das
festividades da escola; Quando não, a música é tida como apoio às demais disciplinas( como
português, matemática, etc.) como uma forma lúdica de auxílio no processo de ensino
aprendizagem destas matérias.

Eis que no ano de 2008 um fato de grande importância ocorreu. É promulgada a Lei n.
11.769/2008, que torna o ensino da disciplina música obrigatório no ensino regular, tanto
público quanto privado. Todavia, esta lei ainda deixa uma brecha para discussões sobre a
qualificação profissional, ou formação necessária para o exercício desta atividade.
Evidentemente, enquanto não houver uma quantidade suficiente de educadores musicais
formados na área, lecionando a disciplina que lhe é de direito, a música continuará não
ocupando seu devido lugar na escola.
9

Música como auxílio psicológico na escola

É certo que o estudo da música desenvolve na criança e no adolescente a criatividade, a


intelectualidade, melhora a concentração e a integração social dos mesmos. Tais estudos ainda
estão em andamento, mas já apontam como sendo verdadeiras essas afirmações. Obviamente
estas revelações devem entusiasmar os educadores musicais por poderem participar deste
processo. Porém, é preciso ter cautela com relação a todas estas “vantagens” pois não devem
ser estes os motivos pelos quais deve haver o ensino da música nas escolas. Bastian (2009,
p.124) declara:

A música apresenta um campo de exercícios que pode, acima de tudo, ajudar


nas deficiências de concentração das crianças. (...) Portanto a educação
musical pode agir de maneira preventiva, vale dizer compensatória, contra a
deficiência de concentração.7

Retoma-se então o ideal grego que creditava à musica o poder de influenciar no caráter
do indivíduo. Tal pensamento parece ter permeado ao longo dos séculos. Todavia, hoje se
trata de uma teoria voltada para o psicológico do indivíduo.

Além disso, há também a idéia de integração entre educação musical e a problemática


social, defendida por Koellreutter que pensa a música como elemento contribuinte para o
desenvolvimento integral do indivíduo.8 De acordo com o líder do Movimento Música Viva,
o ensino de música deve, portanto, estar relacionado com a nova sociedade.

A mais importante implicação desta tese no que toca a música – ou melhor,


à educação pela música – na nova sociedade é a tarefa de despertar, na mente
dos jovens, a consciência da interdependência de sentimento e racionalidade,
tecnológica e estética; noutras palavras, de desenvolver a capacidade para um
pensamento globalizante, integrado, perdido em muitas culturas (...)
(KOELLREUTTER, 1977, p. 6, grifo nosso).

A citação a cima exprime bem claramente a visão integradora de Koellreutter. No entanto


tal pensamento finda por criar ainda mais questionamentos a cerca do ensino da música. É
importante ressaltar que existem outras abordagens sobre a utilidade da música na escola, mas
7
Bastian refere-se a resultados provenientes de uma avaliação comparativa realizada com alunos do ensino
fundamental, de nacionalidade alemã.
8
Cf. CALDEIRA, Z, FONTERRADA, M. O papel mediador da educação musica lno contexto hospitala: uma
abordagem sócio histórica. Anais ANPPOM, 2005.
10

a questão torna-se ainda mais indagadora quando se considera a realidade do ensino


brasileiro como um todo, as carências pelas quais padece, em especial a rede pública de
ensino, fator que acaba gerando também dificuldades com relação ao exercício da educação
musical.

Conclusão: um alerta!

Desde a Grécia Antiga há uma preocupação com a educação musical. No entanto, apesar
de Pitágoras ter declarado ser a música uma ciência e de tê-la explicado matematicamente, a
ideologia que permaneceu ao longo dos séculos foi a derivada essencialmente da Doutrina do
Éthos, música como arte que molda o caráter, que auxilia o indivíduo no equilíbrio social,
além do que o próprio Pitágoras, como autêntico grego, acreditada que a importância desta
ciência estava relacionada com tal doutrina, uma música que era regida pelo universo e que
portanto regia todos os indivíduos.

A fábula de Esopo, apesar da longínqua data na qual foi contada, permanece atual, no que
diz respeito, sobretudo à realidade da educação musical brasileira. Apesar de todas as
tentativas para tentar justificar a utilidade do ensino da música na escola regular o processo
continua ainda lento, devido aos vários fatores apresentados neste estudo. Porém, uma coisa é
certa: a importância do ensino da disciplina Música não se resume ao fato de ser ela um
importante auxílio às demais disciplinas, um meio de integração social, ou um método eficaz
de melhorar a concentração do indivíduo, de desenvolver a criatividade etc. Tais fatores são
de suma importância, porém não devem ser entendidos como causa da educação musical, mas
como possíveis conseqüências.

A importância da música na escola regular reside no fato de ser ela uma forma de
conhecimento,9 uma ciência como geografia, matemática ou qualquer outra disciplina que faz
parte do currículo das escolas regulares, sejam elas da rede pública ou particular. Uma ciência
que possui seu conteúdo próprio. Sobretudo agora com a promulgação da lei 11.769/2008, as
reflexões acerca do ensino da disciplina música, devem fazer-se urgentes e concretas.

9
Cf. FONTERRADA, 2008, p. 13.
11

A autora do presente estudo acredita que enquanto não for entendida como forma de
conhecimento a música permanecerá “cigarra” no contexto educacional.

Referências Bibliográficas:

BASTIAN, Hans Günther. Música na Escola: A contribuição do ensino da música no


aprendizado e no convívio social da criança. Trad. Paulo F. Valério. São Paulo: Paulinas,
2009.

CANTON, Kátia. Era uma vez Esopo. São Paulo: DCL, 2006.

FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: Um ensaio sobre música e


educação. São Paulo: UNESP; Rio de Janeiro: Funarte, 2008.

GROUT, Donald J.; Palisca, Claude V. História da Música Ocidental. Lisboa: Gradiva, 2007.

ISKANDAR, Jamil Ibrahim. Normas da ABNT: Comentadas para trabalho científico.


Curitiba: Juruá, 2010.

HOELLREUTTER, Hans-Joachim. O ensino da música num mundo modificado. Anais do I


Simpósio Internacional de Compositores. São Bernardo do Campo, 1977.

MATEIRO, Teresa da Assunção N. Educação musical nas escolas brasileiras: retrospectiva


histórica e tendências pedagógicas atuais.

OLIVEIRA, Alda; CAJAZEIRA, Regina (Org.). Educação Musical no Brasil. Salvador:


P&A, 2007.

PLATÃO. A república. Trad. Pietro Nassiti. São Paulo: Martin Claret Ltda, 2000.

SOUZA, Neuza Maria Marques de. (Org.). MANCINI, Ana Paula Gomes et al. História da
Educação. São Paulo: Avercamp, 2006.

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