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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS BÁSICOS E INSTRUMENTAIS – DEBI


Colegiado de Engenharia Ambiental

Gabriela Freitas Costa


Tamires Carvalho dos Santos

PLANEJAMENTO AGROAMBIENTAL PARA SISTEMAS ALTERNATIVOS DE


PRODUÇÃO

Itapetinga – BA
Dezembro de 2010
Gabriela Freitas Costa
Tamires Carvalho dos Santos

PLANEJAMENTO AGROAMBIENTAL PARA SISTEMAS ALTERNATIVOS DE


PRODUÇÃO

Trabalho apresentado ao Professor Odair Lacerda, como


requisito parcial da disciplina de Planejamento Ambiental
de Sistemas Agropecuários.

Itapetinga – BA
Dezembro de 2010
INTRODUÇÃO

Breve histórico sobre a agricultura no Brasil

Segundo informações do site “Ciência Livre” (acessado em 12/2010), os


colonizadores europeus, desde o século XVI, realizaram a devastação das vegetações
litorâneas brasileiras, iniciadas com a exportação do pau-brasil como matéria-prima para
tingir tecidos. Posteriormente, através das culturas de exportação ("plantations"), como a
cana-de-açúcar seguida pela pecuária extensiva, passando pelos ciclos do ouro, para
chegar à exploração do café. Toda a economia era voltada para a exportação. Um
continente com terras inexploradas a milhões de anos seria extremamente fértil a
qualquer tipo de exploração agrícola.
Dois pilares permitem entender a ecologia política do Brasil setecentista e
oitocentista, e perceber a identificação por ela estabelecida entre a modernização
tecnológica e a superação do desastre ecológico. A modernização que se queria estava
mais ligada com o progresso do mundo rural do que uma opção pelo mundo urbano e
industrial, chegando alguns a perceberem o mundo urbano como uma variante
indesejável da modernidade européia. A vocação agrícola do país era vista como uma
vantagem comparativa em termos civilizatórios, desde que a paisagem rural fosse
racionalizada e modernizada (capacitação da mão de obra e o uso de máquinas). (Site
Planeta Orgânico, acessado em 12/2010). Conforme informações deste site, se sabe
também que, todas as propostas passavam pela superação do trabalho servil, da
derrubada, da queimada, da lavoura extensiva e da grande propriedade, em favor de uma
ordem rural calcada no trabalho livre, na lavoura intensiva e na pequena propriedade.
Uma aposta histórica que, guardadas as grandes diferenças de contexto, não perdeu
totalmente a sua atualidade, continuando a ser, ainda nos dias de hoje, um desafio
necessário para a democratização da sociedade brasileira.
O crescimento populacional e a queda da fertilidade dos solos utilizados após anos
de sucessivas culturas no continente europeu causaram, entre outros problemas, a
escassez de alimentos. Nesse sentido, por volta dos séculos XVII e XIX, intensifica-se a
adoção de sistemas de rotação de culturas com plantas forrageiras (capim e leguminosas)
e as atividades de pecuária e agricultura se integram. Esta fase é conhecida como
Revolução Agrícola. (Site Ciência Livre, acessado em 12/2010)
Desde a revolução agrícola, surgiram legislações e necessidades do mercado em
se adequar e se diferenciar cada vez mais, e com isto veio também a necessidade das
propriedades rurais providenciarem a transição da agricultura tradicional de exploração
para sistemas alternativos de produção, de modo que o planejamento desta transição
possui um papel fundamental para que se alcancem os resultados esperados.

Objetivo
Este trabalho tem por objetivo o levantamento de informações a respeito do
planejamento agroambiental de sistemas de produção alternativos, abordando histórico,
definições, implantação do planejamento agroambiental, vantagens e dificuldades.

DEFINIÇÕES
Planejar significa projetar um trabalho, serviço ou empreendimento mais complexo.
Ainda, pode ser a determinação dos objetivos ou metas de um empreendimento, como
também da coordenação de meios e recursos para atingi-los. Pode-se definir como
planejamento o ato de conhecer as características ambientais da propriedade, tomando o
solo como elemento estratificador de ambientes, dando ao mesmo o uso mais adequado.
(LANI, 2004)
De acordo com informações da EMBRAPA (site acessado em 12/2010),
planejamento refere-se ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações,
visando à consecução de determinados objetivos. Trata-se de um método ordenado de
definir problemas, por meio da identificação e análise de fatores ambientais (bióticos e
abióticos), o que possibilita o ordenamento e/ou reordenamento de ambientes local,
regional e nacional.
Vários são os conceitos sobre Planejamento Agroambiental, de modo que, a
EMBRAPA informa também que, em termos mais amplos, o Planejamento
Agroambiental deve ser entendido como base de orientação, com vistas ao adequado uso
de recursos naturais, promovendo a sustentabilidade econômica, social e ambiental, com
melhorias da qualidade de vida.
LANI (2004) define que o planejamento estratégico é um instrumento eficaz de
modelar o futuro, possibilitando o desenvolvimento organizacional integrado da
propriedade rural. Durante esse planejamento, define-se qual será a atividade principal do
empreendimento, levantam-se as vantagens competitivas, delimitam-se as características
fortes e fracas, e definem-se quais ações devem ser implementadas para tornar o
empreendimento sustentável.
Com relação aos sistemas alternativos de produção, também há uma grande
variedade de conceituação, sendo que QUEMEL (acessado em 2010), afirma que o
conceito de agroecologia visa sistematizar um modelo que seja o embrião de um novo
jeito de relacionamento com a natureza, onde se protege a vida toda e toda a vida. Nesta
visão se estabelece uma ética ecológica que implica no abandono de uma moral
utilitarista e individualista e que postula a aceitação do princípio do destino universal dos
bens da criação e a promoção da justiça e da solidariedade como valores indispensáveis.
É dito ainda por esta autora que na agroecologia a agricultura é vista como um sistema
vivo e complexo, inserida na natureza rica em diversidade, vários tipos de plantas,
animais, microorganismos, minerais e infinitas formas de relação entre estes e outros
habitantes do planeta Terra. Não podemos esquecer que a agroecologia engloba
modernas ramificações e especializações, como: agricultura biodinâmica, agricultura
ecológica, agricultura natural, agricultura orgânica, os sistemas agro-florestais,
permacultura, etc.

Os sistemas alternativos de produção consistem ainda, segundo CAPORAL, et al


(2006), em uma proposta alternativa de agricultura socialmente justa, economicamente
viável e ecologicamente sustentável. O termo pode ser entendido de diversas formas:
como ciência, como movimento e como prática. Nesse sentido, a agroecologia não existe
isoladamente, mas é uma ciência integradora que agrega conhecimentos de outras
ciências, além de agregar também saberes populares e tradicionais provenientes das
experiências de agricultores familiares de comunidades indígenas e camponesas.
Segundo estes autores o sistema de produção alternativo se apresenta também como
uma matriz disciplinar integradora, totalizante, holística, capaz de apreender e aplicar
conhecimentos gerados em diferentes disciplinas científicas de maneira que passou a ser
o principal enfoque científico da nossa época, quando o objetivo é a transição dos atuais
modelos de desenvolvimento rural e de agricultura insustentáveis para estilos de
desenvolvimento rural e de agricultura sustentáveis.

IMPLANTAÇÃO DO PLANEJAMENTO AGROAMBIENTAL


Segundo LANI (2004), primeiramente, o produtor vai definir quais serão as
atividades básicas na propriedade. Em seguida, deve fazer um diagnóstico geral do
imóvel, para conhecer profundamente a sua área de trabalho. Feito o diagnóstico, e já
sabendo de suas restrições a exeqüibilidade das atividades que estava definindo, o
produtor define a missão de sua propriedade rural. Sabendo o caminho a seguir e onde se
quer chegar, o produtor ressalta as vantagens competitivas do negócio a ser
implementado. Após esses quatro passos, o produtor está pronto para conceber o projeto
de sua propriedade e aí é só fazer gestão do mesmo, porém, agora, pautada em
informações técnicas integrais da base onde se vai trabalhar.
Segue abaixo um resumo da metodologia que LANI (2004) adota para o
planejamento de uma propriedade rural.
Escolha das atividades: Devem-se conhecer todas as tendências globais, para definir
muito claramente quais as atividades nas quais você irá atuar. A definição da propriedade,
ou até mesmo de uma menor dentro de uma grande propriedade, deve ser feita com base
nas características que viabilizem e potencializem o desenvolvimento das atividades
planejadas.
- Diagnóstico: Levantamento planialtimétrico, identificando os principais usos da terra e as
construções existentes, de maneira a facilitar o planejamento posterior. Identifique as
classes de solos existentes, as tipologias florestais, os atuais diferentes usos da terra e as
áreas de interesse específico (nascentes, áreas degradadas, etc), que contribuam para o
desenvolvimento das atividades futuras.
- Missão: Define o núcleo central do empreendimento e norteia as atividades e direciona,
de qualquer lugar, a qualquer tempo, em qualquer situação, a direção que deve ser
seguida para atingir os objetivos já definidos.
- Vantagens competitivas - Análise criteriosa para identificar as vantagens que a sua
empresa rural possui e as desvantagens que ela, eventualmente, apresenta.
- Projetos: Obter todas as informações de sua propriedade e do contexto sócio-econômico
regional. Com todas as informações disponíveis, elaboram-se os projetos de infra-
estrutura geral, e de cada unidade necessária ao empreendimento.
- Gestão: O sistema organizacional e administrativo é estruturado paralelo à implantação
da infra-estrutura. É definido a partir do estabelecimento dos setores, do pessoal e das
bases comerciais que devem estar associadas à gestão da informação
Levantamento das Características da Área
- Levantamento topográfico
O levantamento topográfico permite uma caracterização da distribuição das áreas dentro
do imóvel e da materialização de seus limites. Esse levantamento é feito por engenheiros
agrimensores, topógrafos e outros profissionais da área de engenharia, que utilizam como
ferramentas principais o teodolito, GPS topográfico e estações gráficas
computadorizadas.
- Levantamento aerofotográfico
O levantamento aerofotográfico é indicado para ser realizado em propriedades maiores
que 300 ha, pois permitem a geração de mapas temáticos em escalas de muito detalhes,
como, por exemplo, 1:10.000 e 1:5.000. Podem, também, ser realizadas em propriedades
pequenas que exigem maior detalhamento temático e precisão das medidas; e em
propriedades que possuam dificuldades de deslocamento dos técnicos para um
levantamento topográfico tradicional, como no caso de propriedades na região
Amazônica.
- Modelo digital de elevação
O modelo digital do terreno é a representação, em ambiente de computador, das formas
do terreno da propriedade.
Levantamento dos ambientes e características do solo
- Levantamento dos recursos naturais: Após se ter toda a base cartográfica e de infra-
estrutura física, o produtor deve realizar o levantamento dos recursos naturais. Esta etapa
abrange os estudos de distribuição da rede de drenagem na propriedade, da cobertura
vegetal, da geomorfologia, dos diversos tipos de solos e, se existirem na área, da
ocorrência de minerais com valor econômico.Este levantamento engloba hidrografia,
vegetação, geomorfologia, solos e minerais.
Levantamento dos recursos naturais
Esta etapa abrange os estudos de distribuição da rede de drenagem na propriedade,
da cobertura vegetal, da geomorfologia, dos diversos tipos de solos e, se existirem na
área, da ocorrência de minerais com valor econômico. São elas: infra-estrutura,
estradas, zoneamento agroambiental, identificação de outras atividades.
Gestão
O último passo é definir o sistema organizacional e administrativo, estabelecendo
os setores, o número e perfil dos colaboradores, o custo global do empreendimento, as
bases comerciais e a projeção do tempo de retorno do capital investido.

VANTAGENS X DIFICULDADES
Assim como outros planejamentos, o agroambiental possui muits benefícios, de
modo que de acordo com informações do site “Simplus”, as Vantagens de um
Planejamento bem Realizado se consolida, uma vez que:
- Direciona o início da ação.
- Assegura um controle da situação.
- Melhora a coordenação do projeto.
- Possibilita resolução antecipada de problemas e conflitos.
- Propicia mais acertos nas tomadas de decisão.
- Torna as ações mais organizadas e precisas.
- Evita a perda de tempo.
Por outro lado, durante o processo de implementação do planejamento, através do
alinhamento estratégico, pode-se encontrar uma série de dificuldades. Segundo
informações do site “Administração e gestão” (acessado em 12/2010), estas devem ser
tratadas uma a uma, e priorizadas de acordo com a necessidade de cada organização.
São algumas delas: As pessoas não entendem o que deve ser feito; Resistência à
mudança; Limitação dos sistemas existentes; Falta de comprometimento gerencial; Falta
de capacitação gerencial; Expectativas pouco realistas; Falta de cooperação entre
equipes; Cronogramas com marcos muito exigentes e pouco viáveis.

CONCLUSÃO
Diante do que foi exposto no texto, pode-se observar que o planejamento
agroambiental de sistemas alternativos de produção possuem um papel fundamental na
transição de uma produção tradicional para orgânica, de modo que permite uma
esquematização de ações no intuito de otimizar os resultados. Porém, existe uma série de
dificuldades que necessitam de análise minuciosa e prevenção. Dessa forma, vencendo-
se estes obstáculos, o planejamento estratégico traz apenas bons retornos, ampliando a
produtividade e trazendo um aumento significativo nos lucros da propriedade rural.

REFERÊNCIAS

(1) LANI, João Luiz. Planejamento estratégico de propriedades rurais / João Luiz Lani,
Eufran Ferreira do Amaral – Fortaleza: Instituto Frutal, 2004.

(2) EMBRAPA Meio Ambiente, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Planejamento Agroambiental, em <http://www.cnpma.embrapa.br/unidade/index.php3?
id=244&func=pesq>, acessado em dezembro de 2010.

(3) CAPORAL, F. R., COSTABEBER, J. A., PAULUS, G. Agroecologia: matriz disciplinar


ou novo paradigma para o desenvolvimento rural sustentável. Brasília: 2006.

(4) Site Ciêcia Livre, Breve Histórico da agricultura, em


<http://ciencialivre.pro.br/media/fe470f7539692e1bffff8081ffffd523.doc>, acessado em
dezembro de 2010.
(5) Site Planeta Orgânico, Breve Histórico da Agricultura, em
<http://www.planetaorganico.com.br/histor.htm>, acessado em dezembro de 2010.

(6) Site Simplus, Planejamento, em <http://simplus.com.br/planejamento/>, acessado em


dezembro de 2010.

(7) Site Administração e gestão, em


<http://www.administracaoegestao.com.br/planejamento-estrategico/dificuldades-na-
implementacao-da-estrategia/>, acessado em dezembro de 2010.

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