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CONTEÚDO DA PROVA PARA MONITORIA DE MICOLOGIA

Características Gerais

● Os fungos são seres eucarióticos: possuem um núcleo envolvido por uma carioteca, um
nucléolo, mitocôndrias etc)

● Alguns fungos apresentam melanina na sua parede celular. Eles são mais resistentes
aos raios UV e às enzimas líticas produzidas por outros microorganismos e apresentam
coloração escura. São conhecidos como fungos demácios.

● São heterotróficos, nutrindo-se da matéria orgânica morta (fungos saprofíticos) ou viva


(fungos parasitários).

Estrutura dos Fungos

● Há duas formas vegetativas nos fungos, ou seja, duas formas viáveis biologicamente,
capazes de assimilar nutrientes e de se reproduzir:
1. leveduriforme: microorganismos unicelulares em forma arredondada
2. filamentosa: rede (micélio) de filamentos (hifas) ramificados formados por células
alinhadas

OBS: As hifas dos fungos filamentosos, bem como as formas arredondadas das leveduras, são
estruturas fúngicas ditas primárias, as quais não possibilitam diferenciar as espécies fúngicas à
microscop]ia óptica.

● Embora os limites físicos entre as células de uma hifa sejão pouco precisos
ou inexistentes, os fungos filamentosos são ditos pluricelulares pois são seres
multinucleados.

● As hifas podem ser cenocíticas ou septadas transversalmente; hialinas ou demáceas

OBS: Os septos não podem ser vistos como estruturas de separação entre as células, uma vez
que tais septos apresentam poros que permitem a comunicação, e mesmo o movimento de
organelas entre os citoplasmas adjacentes. Sem saber onde começa e onde termina uma célula
fúngica, esse conjunto celular não é classificado como um tecido verdadeiro.
● Em meios de cultivo, o micélio que se desenvolve no interior do substrato (no reverso
da placa de petri), funcionando como elemento de fixação ao substrato e absorção dos
nutrientes, é chamado de micélio vegetativo. O micélio que se projeta na superficie (no
anverso da placa de petri) e cresce acima do cultivo é chamado de micélio aéreo.

● Nas leveduras, tanto em parasitismo como em saprofitismo as características


morfológicas resumem-se às formas arredondadas ou ovaladas, não existindo, assim,
estruturas diferenciais ligada à reprodução sexuada ou assexuada.

● O micélio vegetativo pode se transformar em um micélio reprodutivo (ou estruturas de


frutificação) formando esporos assexuados ou sexuados; ectósporos ou endósporos
1. Esporos assexuados:
Ectósporos: artoconídeos, blastoconídeos e conídeos
Endósporos: esporangiósporos

2. Esporos sexuados
Ectósporo: basidiósporo
Endósporo: ascósporos

● Estruturas de ornamentação são apendices cuja funcionalidade ainda não é clara, mas
que auxiliam na diferenciação da espécie fúngica. Ex: orgão pectinado, hifa em espiral
etc.

OBS: As estruturas de frutificação, bem como as estruturas de ornamentação são estruturas


fúngicas ditas secundárias, as quais são responsáveis pela diferenciação da maioria das
espécies de fungos filamentosos.

Reprodução dos Fungos

● A reprodução assexuada abrange quatro modalidades:


1. Fragmentação de hifas septadas em segmentos retangulares - artroconídeos
2. Brotamento (simples e fissão)- blastoconídeos - comum nas levedura
3. divisão binária (ou fissão de células somáticas) - comum nas leveduras
4. Produção de conídios

OBS: No brotamento-fissão os blastoconídeos não se destacam da células-mãe, formando


cadeias (ou pseudo-hifas)
OBS: A produção de conídios requer hifas diferenciadas, perpendiculares ao micélio, os
conidióforos. Eles podem ser simples ou complexos, como ocorre nos gêneros:
Aspergillus: os conídios formam cadeias sobre fiálides, células conidiogênicas em forma de
garrafa, em torno de uma vesícula que é uma dilatação na extremidade do conidióforo, dando
a aparência de uma cabeça.
Penicillium: os conídios formam cadeias sobre fiálides, mas falta a vesícula na extremidade dos
conidióforos que se ramificam dando a aparência de um pincel.

OBS: Os esporos assexuados internos (esporangiósporos) se originam de esporângios, porção


terminal de um esporangióforo, por um processo de clivagem do seu citoplasma. É exclusivo
dos zigomicetos.

● A reprodução sexuada envolve a união de dois núcleos haplóides.


Basidiósporos formam-se na extremidade de basídios. São exclusivos dos Basidiomicetos.
Ascósporos formam-se dentro de estruturas saculiformes (ascos) que podem ser simples,
se distribuir em cavidades do micélio ou estar contidos em ascocarpos. Os ascocarpos mais
conhecidos são: cleitotécio, peritécio e apotécio.

Metabolismo

● Os elementos plásticos constituem a dieta dos fungos. São divididos em


macroelementos: Carbono, Nitrogênio, Potássio etc (são exigidos em grande
quantidade) e microelementos: Ferro, Zinco, Cobre etc (são exigidos em baixa
quantidade).

● Crescem entre ph 4 e 7, mas são capazes de tamponar o meio capturando cátions e


ânios disponíveis.

● Existem fungos pscicrófilos, mesófilos e termófilos, mas os de importância médica são,


na sua maioria, mesófilos.

● A luz auxilia na decomposição da matéria orgânica morta, estimula a biossintesi de


pigmentos carotenóides e induz estruturas de reprodução.

● Os fungos produzem enzimas que hidrolisam o substrato tornando-o assimilável.


Quando o substrato induz a produção de enzimas degradativas trata-se do mecanismo
“up take”.
● Os fungos podem ter morfologia diferente, segundo a temperatura do ambiente onde
ele está se desenvolvendo. O fenômeno de variação morfológica mais importante é o
dimorfismo térmico, que se expressa por um crescimento micelial entre 22°C e 28°C e
leveduriforme entre 35°C e 37°C. A fase micelial está presente no solo, nas plantas etc,
logo, é a forma saprofítica. A fase leveduriforme é encontrada nos tecidos e por isso
mesmo é a forma parasitária.

● No gênero Candida a forma saprofítica infectante é a leveduriforme e a forma


parasitária, isolada dos tecidos, é a micelial. Exemplo de outro fenômeno de variação
morfológica, o dimorfismo térmico invertido.

● O pleomorfismo, outro fenômeno de variação morfológica, se expressa através da


perda das estruturas de reprodução com produção somente de hifas.

Importância da Micologia

● Benefícios
1. fungos são “limpadores do solo” = húmus vivificante através da saprobiose

2. fungos produzem metabólitos com valor antibiótico, dentre os quais a penincilina


(antibacteriano) é o mais conhecido.

3. Alguns fungos são essenciais nas indústrias de bebidas alcoólicas e de laticínios.

4. Alguns fungos são comestíveis: Agaricus sp.; Boletus edulis; Pleurotus sp.

● Malefícios
1. São onipresentes na natureza, portanto causam prejuízos quando habitam comestíveis
enlatados, frutas, legumes e também objetos manufaturados, como tecidos,
madeirames, lentes etc.

2. Alguns fungos são contaminantes de alimentos. Ex: Aspergillus flavus


Contaminante de grãos, frutas cítricas e legumes. As principais vítimas são as aves marinhas,
por exemplo o pinguim, devido ao seu trato respiratório típico (contém sacos aéreos que
são limpos e aerosos) e ao fato do corpo permanecer constantemente úmido. O fungo se
desenvolve no pulmão mas pode ganhar a corrente sanguínea formando massas fúngicas.

Micotoxinas
● Há dois tipos:
1. Exotoxinas: o fungo produz a toxina e libera sob um substrato, o qual, uma vez ingerido,
determinará a intoxicação (micotoxicose).
Gêneros produtores de micotoxinas mais conhecidos: Aspergillus, Fusarium e Penicilium
a) Aflatoxinas (Aspergillus flavus): contaminantes de cereais.
b) Ocratoxinas (Penicillium sp.): contaminantes de cereais.
c) Fumonisina (Fusarium sp.): contaminante do milho.

2. Endotoxinas: a toxina está no micélio. Quando ingerido, determina a intoxicação


(micetismo)
Tipos de micetismo:
a) gastrointestinal
Ex: Russula emetica

b) gastrointestinal e envenenamento celular


Ex: Helvela esculenta

c) envenenamento celular
Ex: Amanita sp.

d) associação com álcool


Ex: Coprinus sp.

e) SNC
Ex: Psilocybe sp.; Claviceps purpurea
O último desenvolve-se em gramíneas produzindo um esclerócio, estrutura rígida conhecida
como “ergot”, o qual, uma vez ingerido, determina a intoxicação (ergotismo).

Diagnóstico Laboratorial das Micoses

O diagnóstico micológico envolve, pelo menos, essas três técnicas:


● Exame Direto: qualquer espécime de material patológico presta-se ao exame direto
(pêlos, cabelos, unhas etc). O exame pode ser feito à fresco entre lâmina e lamínula
misturados, na maioria das vezes, com potassa de 20% a 40% ou fixado em lâmina e
corado por algum método.
OBS: o potassa destrói elementos celulares presentes no tecido, mas não a parede celular
fúngica. Não raro formam-se com o KOH artefatos filamentosos que induzem a um diagnóstico
errado. Por isso mesmo, o ED exige experiência do pesquisador.

OBS: o ED não identifica a espécie fúngica, apenas mostra estruturas primárias dos fungos, isto
é, hifas e às vezes conídios.

● Cultura do material patológico: os meios de cultura mais utilizados são:


a) Ágar-Sabourad: serve, praticamente, para o isolamento de todos os fungos.

b) Ágar-sangue e Ágar-chocolate: usados quando pretende-se obter a fase leveduriforme a


37°C.

c) meios naturais (batata, cenoura): usados para a conservação da cultura

OBS: Como o material, ao ser cultivado, está geralmente contaminado não somente por
bactérias mas também por outros fungos, lança-se mão de antimicrobianos de largo espectro,
como por exemplo o Mycosel, que contem a ciclohexamida como antifúngico e o clorafenicol
como antibacteriano.

OBS: Quando houver suspeita de que o fungo que se deseja cultivar estiver sendo inibido pelo
antifúngico, fazer cultura paralela sem ciclohexamida.

OBS: a CMP permite identificar estruturas secundárias dos fungos, contribuindo para a
diferenciação da espécie.

● Histopatologia: garante o achado do parasito.

Interação Parasita-Hospedeiro

● Definições:
1. patógeno: mos capaz de causar infecção. Ele é primário quando acomete organismo
imunocompetentes e saudáveis e oportunista quando acomete organismos
imunocomprometidos.

2. infecção: descreve a presença de um microorganismo ou de uma doença infecciosa.


● Na interação Parasita-Hospedeiro tem-se, de um lado, o parasita com seus mecanismos
de patogenicidade, do outro, o hospedeiro com seus mecanismos de defesa.

● Doença ou saúde resultam do equilíbrio da interação Parasita-Hospedeiro


(Complexidade). Na condição saudável,a relação ecológica entre parasita e hospedeiro é
o comensalismo; na condição de doença, é o parasitismo.

● Os mecanismos de patogenicidade são os processos utilizados pelo fungo a favor da


sua sobrevivência. Ex: adesão, colonização, disseminação, resistência aos mecanismos
de defesa,dano tissular etc. Os fatores de virulência são os meios pelos quais o
fungos realizam os mecanismos de patogenicidade. Ex: termotolerância, dimorfismo,
endosporulação,produção de enzimas.

● Os mecanismos de defesa são as barreiras mecânicas, células fagocíticas e o sistema


imune.

Micoses

● Superficiais
Piedras (negra e branca)
Etiologia: A variedade negra é produzida pelo fungo Piedraia hortae e a variedade branca pelo
Trichosporon beigelii.
Habitat: Plantas e homens (antropofílico)

Ptiríase Versicolor
Etiologia: espécies do gênero Malassezia (Ex: M. furfur)
Habitat: São antropofílicos
A transição da condição saprofítica para a condição parasitária envolve clima quentes e úmidos;
carência nutricional,desequilíbrios orgânicos e seborreide no homem.

Tinea Negra
Etiologia: fungos semelhantes ao E. werneckii

● Cutâneas
1. Dermatofitoses ou tineas: São produzidas por fungos cujo elemento mofológico típico
é um esporo grande e pluricelular (macroconídeo pluricelular) que só aparente nas
culturas. São queratinofílicos.
Etiologia: gêneros Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton

Habitat: podem ser antropofílcos, zoofílicos ou geofílicos, os quais são os mais nocivos aos
homens e aos animais, dada a falta de defesas contra esse fungos.

São classificadas em:


a) tinea corporis manifestações clínicas fora do couro cabeludo.
b) tinea capitis manifestações clínicas no couro cabeludo. Neste caso o fungo é endotrix se ele
penetra no cabelo e ectotrix se ele não penetra no cabelo
As principais espécies são:
T. rubrum e T. mentagrophytes
M. canis e M. gypseum
E. flocossum

2. Dermatomicoses:
Etiologia: espécies do gênero Candida. Não são queratinofílicos

Habitat: são comensais de aves e mamíferos, podendo ser isolada nas fezes e com isso
funcionando como indicadoras de contaminação fecal, e frequentes também nos frutos.

A patogenia é classificada em:


a) autógena quando o fungo é carreado de um sítio para outro com características diferentes e
favoráveis a candidíase.

b) heterógena quando a candida sp. é transmitida sexual ou verticalmente.

A candidíase, forma infectante da Candida, é facilitada por fatores


a) intrínsecos: prematuridade / velhice / gestação
b) extrínsecos: terapida com antibióticos ou corticosteróides

Ela é de origem endógena uma vez que a vítima carreia o agente etiológico e por isso mesmo é
uma doença oportunista.

Lembrando que a Candida cria hifas como mecanismo de agressão, ou seja, a candida,
enquanto parasitária, fica na forma miceliana (dimorfismo invertido).

A transição da condição saprofítica para a condição parasitária acontece ,ou quando o


hospedeiro sofre um microtrauma, ou quando ele está carente nutricionalmente, ou ainda
quando ele produz muito estrogênio, no casa do sexo feminino.

Diagnóstico: O Exame Direto deve revelar a Candida em sua forma miceliana. Caso contrário, o
diagnóstico para Candidíase fica descartado.

● Subcutânea
Atingem tecidos mais profundos via micro ou macrotrauma dada a falta de fatores de
virulência nesses fungos
1. Esporotricose
Etiologia: Sporotrix schenckii

Habitat: No solo, na madeira umidecida, em várias plantas silvestres e cultivadas, em grãos de


cereais e nos gatos.

OBS: A transmissão zoonórtica (do animal para o homem) é muito comum no estado do Rio de
Janeiro. Os gatos carreiam os fungos nas garras e têm uma infecção subclínica (assintomática,
revelada através de anticorpos).

Manifestações Clínicas:
a) forma cutâneo linfática: lesão ulcerada em algum ponto dos membros superior ou inferior
= cancro esporotricótico seguida do aparecimento de uma cadeia ascendente de nódulos
linfáticos com acometimento ganglionar

b) forma cutâneo-localizada: geralmente nos pés e nos dedos. É o segundo contato com o
fungo. A forma cutâneo-linfática nãos e manifesta porque a vítima já desenvolveu imunidade
persistente.

c) forma cutâneo-mucosa: secundária (só pele) e disseminada (pele e musoca)

d) forma pulmonar-primária

Diagnóstico: O Exame-Direto dispensa KOH. É necessário fazer uma cultura miceliana (à 25C) e
outra leveduriforme (à 37C). A micromorfolia característica na fase miceliana envolve conídios
em forma de margarida; na cultura leveduriforme aparece um corpo asteróide (fenômeno de
Splendore-Hoeplii) que é a resposta celular em cima do fungo.

2. Cromomicose
Etiologia: São vários fungos filamentosos, demáceos e não dimórficos
Habitat: no solo, na madeira e no sapo

Manifestações Clínicas:
a) forma cutânea
b) forma subcutânea
c) forma verrucosa em forma de couve-flôr: reflete a multiplicação do fungo. Quando as lesões
se abrem a vítima fica sujeita a infecções secundárias, como por exemplo, por bactérias.

Diagnóstico: O Exame-Direto revela o corpo fumagóide (aspecto de mórula). A cultura revela


uma polimicromorfologia, isto é, pode apresentar até três tipos de conídios diferentes:
a) cladospório: conídios em cadeia na extremidade de conidióros ramificados.
b) phialóphora: conídios na extremidade de conidióros com fiálides.
c) rinocladiela: conídios alongados expalhados por todo o conidióforo.

3. Doença de Jorge Lobo (ou Lacasia Loboy)


Etiologia: Lacasia Loboy

Manifestações Clínicas: lesão queleiforme comum no pavilhão auricular

Diagnóstico: Até o presente momento não foi possível cultivar o fungo. Ele só foi identificado
mediante histopatologia, onde foi visto leveduras que crescem em cadeia.

4. Infecção Subcutânea: o agente etiológico foi durante muito tempo considerado fungo.
Hoje sabe-se que ele é um parasita de peixes. Por isso infecção, e não micose.

Etiologia: Rhinosporidium seeberi

Manifestações Clínicas: lesões nas mucosas com pólipos friáveis e secreções

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