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CALAGEM E ADUBAÇÃO DE PASTAGENS

Análise do Solo: Objetivos:

1. Avaliar o nível de fertilidade do solo.


2. Indicar a adubação correta de acordo com o solo e com a espécie forrageira.
3. Evitar emprego anti-econômico de calcário e fertilizantes.

Amostragem do Solo

A amostragem seve ser feita em zigue-zague, com a verificação do grupo de homogeneidade


da área. Para esta amostragem são necessários: trado, balde, sacos plásticos, etiquetas de
identificação e lápis.

Importância: é com base na análise química da amostra do solo que se realiza a interpretação e que
são definidas as doses de corretivos e adubos.

Critérios básicos:

1. Época de amostragem  pelo menos 3 m antes do plantio. Ideal 6m. Idem pastagem já

implantada.

2. Áreas homogênias. A área a ser amostrada deve ser subdividida em glebas ou talhões

homogêneos quanto a:

a. Vegetação.

b. Posição topográfica – topo do morro, meia encosta, baixada, etc.

c. Características perceptíveis do solo – cor, textura, condição de drenagem, etc.

d. Histórico da área – cultura anual e anterior, produtividade observada, uso de

fertilizantes e corretivos.

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3. Número de amostras – 20-30 amost. simples/talhão = amost. composta (± 200g).
4. Profundidade da amostragem
a. Implantar pastagem – 0-20 cm e de 20-40 cm
b. Pastagem estabelecida – 5-7 cm.

OBS: Não coletar com o solo úmido, pois pode sofrer alterações químicas que mascaram a
fertilidade. Se coletou; secar em jornal para depois enviar ao laboratório.
5. Locais que devem ser evitados:
a. Próximos a cupinzeiros.
b. Local de queimada de restos de culturas.
c. Local de deposição de fezes.
d. Próximos a cochos ou saleiros.
e. Beira de cercas.

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CALAGEM

Solo HAl + 2CaCO3 + H 2 O − > SoloCa


Ca
+ Al (OH ) 3 ↓ +2CO 2
Objetivos e Efeitos:
1. Neutralizar os efeitos tóxicos do Al, o Mn e o Fe, que em excesso são tóxicos para as plantas
e para o Rhizobium nas leguminosas.
2. Estímulos a atividade microbiana (necessitam de pH entre 6,0-7,0).
3. Melhoria da fixação simbiótica de N pelas leguminosas.
4. Aumento da disponibilidade da maioria de nutrientes para as plantas.
5. Fornecer cálcio e magnésio.
6. Diminuir lixiviação de potássio.
7. Melhoria do ambiente radicular das plantas.
8. Melhoria da estrutura do solo e aumento da CTC.
9. Aumentar a eficiência das adubações.

Tabela 1 – Estimativa da variação percentual de assimilação dos principais nutrientes pelas plantas
em função do pH do solo

Nutriente pH
4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
%
Nitrogênio 20 50 75 100 100 100
Fósforo 30 32 40 50 100 100
Potássio 30 35 70 90 100 100
Enxofre 40 80 100 100 100 100
Cálcio 20 40 50 50 83 100
Magnésio 20 40 50 50 80 100
Média 26,7 46,2 64,2 73,3 93,8 100
Fonte: LOPES (1984).

Origem da Acidez

• Material de origem: material pobre em bases ou que sofreu intensa lixiviação.


• Emissão de S e N por refinarias de petróleo, termoelétricas e siderúrgicas  originando
chuva ácida.
• As colheitas: folhas, caules e grãos são ricos em bases.
• Alteração do pH da rizosfera pela planta: raízes liberam H+ ou OH-.
Ex: Se abs NO3-  liberam OH-  ↑ o pH da rizosfera.
Se abs NH4+  liberam H+  ↓ o pH.
• Alumínio trocável.
• Mn solúvel  em grandes quantidades é tóxico.
• Matéria orgânica – possui íons hidrogênio que podem passar para a solução solo.
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• Adubos nitrogenados – microorganismos do solo  nitrato, liberando H+.
Ex: 1 kg sulfato de amônio exige 1,1 kg calcário.
1 kg nitrato de amônio exige 8,8 kg calcário.
1 kg uréia exige 0,9 kg de calcário.

NH 4+ + 2O2 − > NO3− + 2 H + + H 2 O

Toxidez de H+, Mn+2, Al+3


H +:
1. Só é prejudicial se o pH < 4,5.
2. Desloca Ca+2 da célula, alterando sua permeabilidade e ↓ crescimento radicular. (O ↑ Ca+2 na
solução alivia efeitos prejudiciais do H+).
3. ↓ sobrevivência e multiplicação de bact. fixadoras de N.
+2
Mn :
1. pH < 4,5 ↑ solubilidade  toxidez. Com pH > 6,5  neutralização deste mineral.

Al+3:
1. Reduz divisão celular, impede prod reguladores de cresc. impedindo a divisão celular e abs de
Ca+2.
2. pH > 5,5 não há mais Al+3 em solução.

Época e profundidade da calagem

O calcário deve ser aplicado em tempo para que ocorra sua reação com o solo:
O CO3 (carbonato) que acompanha o Ca+2 (CaCO3) é uma base fraca e, por isso, necessita de tempo
para reagir.
1. Formação de pastagem – mínimo de 60 dias. Incorporar a 20 cm profundidade.
2. Pastagens estabelecidas – 60-90 dias antes da adubação. Cálculo p/ 5-7cm prof.
(preferencialmente final de março para aproveitar últimas chuvas).
OBS: Importante o solo estar úmido para que o calcário possa reagir.

Freqüência da calagem:
 quanto mais arenoso o solo > freq. de calagem. RAIJ (1991) sugere calagens leves e
freqüentes.
 Quanto > PRNT > freq. de calagem.
 para manter pH acima de 6,0 > freq.
 quanto mais intensiva adubação > freq.

Calcário e plantio direto:

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 SÁ (1993) – na calagem superficial em plantio direto, o calcário chega a até 61cm de prof.
quando aplicamos adubos nitrogenados à base de NO3. O Ca+2 e o Mg+2 do calcário forma
sais solúveis com o NO3- que são facilmente lixiviados.
 Devido a grande cobertura morta ocorre uma grande atividade biológica decompondo a MO
liberando NO3- e SO4-, formando sais solúveis com Ca+2 e o Mg+2 do calcário, sendo lixiviados.
 As minhocas misturam o calcário com o solo e transportam Ca+2 e o Mg+2 para maiores prof.
através de canais que fazem no solo (até 60 cm prof.). A água infiltra por esses canais
arrastando o calcário.

OBS: As pastagens, manejadas corretamente, apresentam uma camada de cobertura morta com
boas condições para ação do calcário aplicado em superfície. Em trabalhos com calagem e adubação
superficial em pastagens, o sist radicular das forrageiras é mais superficial, mas possui um volume
três vezes maior do que nas forrageiras não-adubadas ou com calcário incorporado.

Determinação da necessidade de calagem

1. Método da neutralização do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ e Mg2+.

Consideram-se ao mesmo tempo características do solo e exigências das culturas.

2. Método de saturação por bases.

Considera-se a relação existente entre o pH e a saturação por bases (V), ou seja, corrige a
acidez do solo até definido pH, considerado ideal para a cultura.

Tabela 2 – Relações entre parâmetros de acidez do solo


pH em Saturação de bases
CaCl2 0,01 M (V%)

3,8 4
4,0 12
4,2 20
4,4 28
4,6 36
4,8 44
5,0 52
5,2 60
5,4 68
5,6 76
5,8 84
6,0 92
6,2 100
Fonte: LOPES (1984).

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T (Ve − V a )
NC = onde: T=CTC a pH 7 = SB + (H+Al), em cmolc/dm3.
100
SB=soma de bases = Ca2++Mg2++K++Na+, em cmolc/dm3.

Va = Saturação por bases atual do solo = 100 SB/T, em %.

Ve = Saturação por bases desejada para a cultura.

V - expressa a parte da CTC que é ocupada por cátions.


CTC – é a quantidade de cátions que um solo é capaz de reter por peso ou volume.
CTCef = t = SB + Al

Saturação por alumínio – m =100* Al+3/t

Acidez ativa – H+ dissociado no solo.


Acidez trocável – Al+3.
Acidez potencial – H + Al+3

Exemplo: Características do solo

Argila P-rem P Al3+ Ca2+ Mg2+ H+Al SB t T V


3 3
% mg/L mg/dm cmolc/dm %
60 2,8 0,8 0,1 0,1 7,8 0,21 1,01 8,01 2,6

Tabela 3 - Valores máximos de saturação por Al3+ tolerados pelas culturas (mt) e valores de X para
o método do Al e do Ca+Mg trocáveis adequados para pastagens, e valores de
saturação de bases (Ve) que se procura atingir pela calagem

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Exemplo - Método de saturação por bases – Cultura=leucena.

8,01(60 − 2,6)
NC = = 4,6 t/ha
100

Quantidade de Calcário a Ser Usada

A NC calculada indica a quantidade de CaCO3 ou calcário com PRNT (poder relativo de


neutralização total) = 100% a ser incorporado por ha, na camada de 0-20 cm de prof.
PN x RE
OBS: PRNT = onde,
100
PN = poder de neutralização (capacidade de neutralizar a acidez do solo). CaCO3=100%.
Ex: PN=120% indica que 100 kg deste corretivo tem a mesma capacidade neutralizante do que 120
kg de CaCO3.
RE = reatividade do material (considera sua natureza geológica e granulometria).
Ex: Origem sedimentar (natureza mais amorfa) são mais reativos do que metamórficos (estrutura
mais cristalina).
A granulometria envolve a velocidade de reação e seu efeito residual.
Deve-se levar em consideração:

• A porcentagem da superfície do terreno a ser coberta na calagem (SC, %).


• Até que profundidade será incorporado o calcário (PF, em cm).
• PRNT do calcário (PRNT, em %).

Portanto a quantidade de calcário a ser usada (QC, em t/ha) será:

SC PF 100
QC = NC x x x
100 20 PRNT

Exemplo: A quantidade de calcário (PRNT=90%) a ser adicionada, se a NC é de 4,6 t/ha, toda a


área deve ser corrigida e, a profundidade de incorporação é de 10 cm.

100 10 100
QC = 4,6 x x x = 2,55 t/ha
100 20 90

Custo do calcário
Preço/t.efetiva: Exemplo hipotético

Preço por tonelada na propriedade x 100


Pr eço por tonelada efetiva =
PRNT

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Calcário 1 = R$ 500,00/t e PRNT = 90%.
Calcário 2 = R$ 400,00/t e PRNT = 60%.
500,00 ______ 90%
500,00 x 100
t.efetiva (1) = = R$ 555,00/t.efetiva ou x ______ 100%
90
400,00 x 100
t.efetiva (2) = = R$ 666,00/t.efetiva
60

Conclusão, o calcário 1 é R$ 111,00 mais barato do que o 2.

Recomendação NC = 4,6 t/ha


4,6 x 100
Calcário 1 = = 5,11 t/ha custo: R$ 500,00 x 5,11 = R$ 2.555,00
90
4,6 x 100
Calcário 2 = = 7,66 t/ha custo: R$ 400,00 x 7,66 = R$ 3.064,00
60

Conclusão, economia para o calcário 1 (R$ 509,00 por hectare).

Na qualidade do calcário deve-se considerar:

• capacidade de neutralizar a acidez do solo (PN). CaCO3 padrão=100%.


Valores mínimos para comercialização: 67% para PN e 45% para PRNT.
• a reatividade do material (natureza geológica, granulometria, etc.).
• teor de nutrientes, especialmente cálcio e magnésio.

A velocidade de reação e o grau de reatividade do calcário são determinados pelo tamanho das suas
partículas:

Figura 1 – Relação entre o tamanho das partículas de calcário e sua reatividade ao longo do tempo
(Fonte: LOPES1989).

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Figura 2 – Relação esquemática entre pH do solo na disponibilidade de micronutrientes.

OBS: O calcário magnesiano é ótimo para as plantas, principalmente leguminosas, pois fornecem
magnésio para as plantas. Entretanto, este tipo de calcário é geralmente mais caro.

Pelos teores de Mg, os calcários podem ser classificados em:

a) Calcíticos – menos de 5 dag/kg de MgO.


b) Magnesianos – entre 5 e 12 dag/kg de MgO.
c) Dolomíticos – mais de 12 dag/kg de MgO.

Pelo PRNT os calcários podem ser classificados em grupos:

a) Grupo A – PRNT entre 45 e 60%.


b) Grupo B – PRNT entre 60,1 e 75%.
d) Grupo C – PRNT entre 75,1 e 90%.
e) Grupo D – PRNT superior a 90%.

Supercalagem

A calagem em excesso é tão prejudicial quanto a acidez elevada, com o agravante de que a
calagem excessiva é de muito mais difícil correção.
Supercalagem há precipitação de: P, Zn, Fe, Cu, Mn, além de induzir maior predisposição a
danos nas propriedades físicas dos solos.
Ex: A supercalagem acontece quando a dose de calcário (NC) é aplicada na camada de 0-10 cm de
profundidade.

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Uniformidade de aplicação – ponto importante!

GESSAGEM
Objetivos:
 Como fonte de cálcio e enxofre.
 Na correção de camadas subsuperficiais com altos teores de Al+3e, ou, baixo teores de Ca+2
, com o objetivo de melhorar o ambiente radicular das plantas.
Para aplicarmos o gesso devemos analisar o solo em prof. superiores a 30 cm. Se abaixo dessa
camada ocorrer deficiência de Ca+2 e excesso de Al+3, deve-se aplicar.
Gesso – é sulfato de cálcio diidratado (CaSO4 + 2H2O) obtido como subproduto industrial da
produção de ác. fosfórico.
O SO4 forma par iônico com Ca+2 e Mg+2, arrastando-os para prof. superiores a 30 cm.

Decisão sobre aplicação:


Camadas de 20 a 40 ou 30 a 60 cm apresentem:
 ≤ 0,4 cmolc/dm3 de Ca e, ou,
 > 0,5 cmolc/dm3 de Al+3 e, ou,
 > 30 % de saturação por Al.
 Para corrigir S – doses de 100-250 kg/ha de gesso.

OBS: Para um solo de textura arenosa, com baixa CTC e pequena capacidade de adsorver sulfato, a
movimentação de bases seria, potencialmente, maior que aquela para um solo de textura argilosa.
Portanto, nesses solos onde o potencial de movimentação de bases é elevado, o cuidado com a
quantidade de gesso aplicada ao solo deve ser maior.

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ADUBAÇÃO DE PASTAGENS

Objetivo: Atender a demanda nutricional das plantas para o estabelecimento e manutenção das
forrageiras.
a) Adubação de estabelecimento: deverá propiciar a rápida formação da pastagem com elevada
produção inicial.
Pasto estabelecido: quando a forrageira atinge a máx. cobertura do solo e há acúmulo de material
vegetal suficiente para se iniciar o pastejo.

b) Adubação de manutenção: deve atender à demanda da forrageira durante a fase de utilização


do pasto (pastejo ou corte).

As doses de adubo são definidas com base:


• Na análise de solo.
• Do nível tecnológico ou intensidade de uso do sistema de produção que está relacionado com
as caract. da forrageira (produtividade, valor nutritivo e requerimento nutricional).

Alto nível tecnológico: pastagens que são divididas em piquetes, recebendo insumos
(fertilizantes, calcário).
Médio nível tecnológico: onde as pastagens constituem o principal alimento dos animais.
Ex: Pennisetum purpureum, Cynodon dactylon e C. lenfluensis com TL 5-7 UA/ha.
Brachiaria brizantha com taxa de lotação (TL) = 4-6 UA/ha.
B. decumbens, B. ruziziensis e Setaria sphacelata com TL = 3-4 UA/ha/ano.
Baixo nível tecnológico: Taxas de lotação menor do que 1 UA/ha/ano.
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PRINCIPAIS NUTRIENTES
FÓSFORO:
É o nutriente mais limitante nos solos brasileiros (GUILHERME et al., 1995), mas é o aplicado
em quantidades maiores que as exigências das plantas devido à “fome” do solo por P. Nesses solos,
além da disponibilidade de P ser muito baixa, ainda forma compostos de baixa solubilidade com o
Fe+3 e o Al+3.
O fenômeno mais importante que ocorre com o P nos solos tropicais é o da fixação de P,
que remove esse nutriente da solução por precipitação ou por adsorção. Esse fenômeno ocorre em
maior intensidade em solos ácidos formados por argilas ricas em Fe+3 e o Al+3. Devido a esse
fenômeno, devemos evitar de fazer a fosfatagem corretiva com muita antecedência ao
plantio para evitar a fixação de P.

Função do P:
• Estimula o crescimento de raízes.
• Garante uma arrancada vigorosa, após a germinação das sementes.
• Importante no perfilhamento.

 O nível normal de P varia de 0,1 a 0,5% na MS.

Tabela 4 – Níveis críticos internos e externos, fator de concentração de P em diferentes forrageiras

Espécies Nível crítico externo Nível crítico interno


(mg/L) (% na MS)
B. decumbens 16,94 0,32
B. humidicola 3,72 0,29
Pangola, transvala 19,16 0,29
Jaraguá 1,94 a 7,75 0,16 a 0,53
C. gordura 17,09 0,24
Colonião, Tobiatã 18,50 0,23
C. napier 19,02 0,20
Fonte: CORSI e NUSSIO (1993), modificado.
Nível crítico (externo e interno) – é a quantidade de nutriente (no solo e na MS da planta)
suficiente para a planta alcançar mais de 80% da sua produção.
Forrageiras como: B. humidicola, C. Jaraguá, Andropogon, Estilozantes, Siratro, calopogônio e
Puerária tem baixo nível crítico externo porque:

Capacidade de associação com micorrizas, que aumentam a superfície de absorção e o
volume de solo explorado pelo sistema radicular.

Capacidade de acidificação da rizosfera liberando P não-disponível.

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Fontes de P:
• Fosfatos solúveis: superfosfatos simples e triplo, o fosfato monoamônio (MAP) e o fosfato
diamônio (DAP)
• Fosfatos naturais > eficiência em solos ácidos.
• Termofosfato – é fonte de P e possui propriedades alcalinas. 1 t/ha de termofosfato tem o
mesmo efeito alcalinizante equivalente a 400 kg/ha de calcário com 100% PRNT.

POTÁSSIO:

• É um elemento exigido pelas plantas em níveis iguais ou superiores ao N.


• Quanto > CTC > nível crítico de K+ devido à adsorção de K+.

A lixiviação de K+ (perda) aumenta nas seguintes condições:


• Solos de baixa CTC – muitos arenosos.
• Após adubações pesadas de K+, principalmente em solos arenosos;
• Aplicado junto a fertilizantes ricos em ânions (NO3-, Cl-, SO4-);

Para diminuir lixiviação:


• Aplicação de K+ a lanço seguido de leve incorporação – favorece adsorção;
• Aumento da CTC do solo pela calagem ou adição de MO.

OBS:
 Solos argilosos contêm mais K+ do que solos arenosos e regiões áridas e semi-
áridas contêm mais K+ do que solos semelhantes, mas em regiões úmidas (MELLO
et al., (1989).
 Em sistemas de pastejo o K+ é muito reciclado pelas partes mortas da planta, pelas
perdas por pastejo e pela incorporação de urina e fezes.

Funções do potássio:
• Regula a pressão osmótica e o pH dentro da célula;
• Atua na formação e transporte de açúcar até os órgãos de reserva, contribuindo para
aumentar o vigor e a resistência ao ataque de pragas e doenças.
• É componente de mais de 50 enzimas de plantas.

 O nível normal de K+ varia de 2 a 5% na MS.


 “Importante não misturar sementes com adubos potássicos devido ao seu alto índice salino”.
 Leguminosas são menos exigentes do que as gramíneas em K+.

Fonte de potássio:
Praticamente 95% do K+ comercializado no mundo é sob a forma de KCl.

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NITROGÊNIO:

Características:
1. Possui grande mobilidade no solo;
2. Sofre inúmeras transformações mediadas por microorganismos;
3. Transforma-se em formas gasosas e perde-se por volatilização;
4. Tem baixo efeito residual;
5. Não é fornecido pelas rochas de origem.

Principais fontes de N para as plantas:


• N carregado para o solo pelas chuvas (1-50 kg/ha.ano);
• Fixação biológica de N:
Não-simbiótica – N fixado por microorg de vida livre como bact. e algas (1-50 kg/ha.ano).
Simbiótica – ocorre com bact. Rhizobium sp e raízes de leguminosas (1-600 kg/ha.ano).
• Fixação industrial – produção industrial de amônia (NH3) utilizada na fabricação de
fertilizantes nitrogenados.
• Matéria orgânica – corresponde à 98% de todo N existente no solo.
• Nitrogênio mineral do solo (NH3 e NO3).

Imobilização de N
É a transformação do N mineral em N orgânico da estrutura celular dos microorganismos.
Ocorre quando o material orgânico possui alta relação C/N.
Relação C/N > 30:1 – imobilização
Relação C/N < 20:1 – liberação do mineral. Ex: palhas de leguminosas e cama de frango.

Condições favoráveis para mineralização da MO


• Temperatura ambiente de 0 a 30º;
• Umidade de 50-60% da capacidade de campo. Falta de chuva por 2-3 semanas paralisa toda
atividade dos microorganismos que decompõem a MO.
• pH entre 6 e 7,0;
• Arejamento.

% de MO = %C x 1,72 (MO do solo possui 58% de C).

% de MO = %N x 20 (teor médio de N no húmus = 5%).


Exemplo numérico de como a relação C/N influencia na decomposição da MO:
• 1 t palha possui 58% de C ou 580 kg de C/t;
• Desses 580kg, 35% (203kg C) serão assimilados pelos microorganismos;
65% (377kg C) perdem-se sob forma de CO2.
• Considerando que a estabilização da relação C/N ocorre 10:1 serão necessários 20kg N para
decomposição dessa palha.

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• Se este resíduo possuir 0,5% de N, em 1 t haverá 5kg de N.
• Assim 20kg N (necessário para decomposição) - 5 kg N (têm no resíduo) = DÉFICIT de 15kg
de N que deverão ser aplicados para a rápida decomposição do material.

Funções do nitrogênio:
• Faz parte da molécula de clorofila, de enzimas e hormônios.

Como aumentar a eficiência da adubação nitrogenada: (LOPES e GUILHERME, 1990)

• Parcelamento da adubação – parcelar de 3 a 4 vezes, dependendo da dose,


principalmente em solos arenosos, com baixa CTC e em áreas sujeitas a grande intensidade
de chuvas.
• Aplicar após saída dos animais dos pastos – pois perfilhos são produzidos quase
totalmente na 1ª semana após pastejo.
Se feita na 1ª semana - ↑ na produção devido ↑ número e peso perfilhos.
Se feita após 1ª semana após pastejo – só ↑ produção devido ↑ no peso perfilhos.
• Se utilizar irrigação – realizar logo após a distribuição do adubo para uma rápida
solubilização.
• Evitar perdas de N –
1. utilizando fertilizantes de disponibilidade controlada como uréia protegida com gesso.
2. aplicar no final da tarde, pois temperaturas entre 20 e 40ºC ↑ perdas de N.

OBS: Nitrogênio pode ser aplicado após pastejo mesmo em dias sem chuvas.

“A COBERTURA MORTA MANTÉM A UMIDADE NA SUPERFÍCIE DO SOLO POSSIBILITANDO


A SOLUBILIZAÇÃO DO N NA AUSÊNCIA DE CHUVAS E QUE EXISTE ABS DE N SOB
CONDIÇÕES DE ESTRESSE HÍDRICO, MAS NÃO HÁ EXPANSÃO CELULAR. ESTA EXPANSÃO
OCORRERÁ QUANDO HOUVER DISPONIBILIDADE DE ÁGUA, PROVOCANDO UMA RESPOSTA
COMPENSATÓRIA DA PLANTA”.

Fertilizantes nitrogenados:
• Uréia
1. Menor preço/kg de N, mas maiores perdas (20 – 30%);
2. Fitotóxico para sementes e plântulas devido a formação de amônia.
• Sulfato de amônio
1. Maior preço/kg de N, mas menores perdas;
2. Baixa higroscopicidade e tem 24% de S.
3. Maior acidificação do solo.
• Nitrocálcio
1. Não acidifica o solo, mas muito higroscópico (empedra facilmente).

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Adubação de estabelecimento

A adubação fosfatada

 Recomenda-se utilização de fontes solúveis, com aplicação localizada, próxima à semente, ou


muda, sugerindo-se, plantio em sulco ou covas.
 No plantio a lanço, aplicar superficialmente com leve incorporação.

OBS: Os adubos fosfatados podem ser misturados com sementes por ocasião do plantio, pois
possuem baixo índice de salinidade, não causando danos à semente.

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Nitrogênio
Baixo nível tecnológico: a demanda do nitrogênio para estabelecimento pode ser atendida pela
mineralização da matéria orgânico do solo (estimulada pelo preparo do solo).
Médio nível tecnológico: recomenda-se 50 kg/ha de N.
Alto nível tecnológico: recomenda-se 100-150 kg/ha de N, parcelados de modo que não
ultrapasse 50 kg/ha/aplicação.
OBS: Adubação nitrogenada e potássica devem ser aplicadas em cobertura quando a forrageira
cobrir de 60 a 70% do solo, para maior aproveitamento do fertilizante.

Micronutrientes

 Em regiões deficientes, especialmente em zinco, cobre e boro.


 Em pastagens intensivamente adubadas cresce a importância da adubação de
micronutrientes.
 A faixa ideal de pH para Fe+3, Mn+2, Zn+2, Cu+2 e B varia de 4,5 – 6,5 enquanto para Mo a
disponibilidade ↑ com o ↑ do pH.
Funções:
 MO – atua no processo que transforma NO3- em NH4+, durante fixação biológica.
 B – estimula o desenvolvimento radicular e influi na nodulação de leguminosas.
 Cu+2 – também estimula o desenvolvimento radicular e atua na fixação de N.
 Zn+2 – formação de compostos promotores e reguladores de crescimento.

Zinco: recomenda-se 2 kg/ha de Zn ou 10 kg de sulfato de Zn, juntamente com adubação fosfatada


no plantio, em pastagens que não são adubadas intensivamente.
Fontes:
 Óxidos, ácidos e sais – muito utilizados e tem alta solubilidade.
 Quelatos – são solúveis.
 FTE ou fritas – é insolúvel em água que libera os nutrientes lentamente.
Em geral, micros são aplicados por meio de FTE (Fritted Trace Elements) na formulações:
BR-10 (2,5% B; 0,1% Co; 1,0% Cu; 4,0% Fé; 4,0% Mn; 0,1% Mo e 7,0% Zn).
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BR-16 (1,5% B; 3,5% Cu; 0,4% Mo e 3,5% Zn).

Enxofre – 20-40 kg/ha de S, utilizando gesso como fonte.

Adubação foliar
 Não deve ser considerada como substitutiva da adubação radicular, principalmente para
macro nutrientes devido às altas quantidades de aplicações que torna antieconômica essa
aplicação.
 Não é eficiente para pastagens, pois é preciso que se tenha uma área foliar desenvolvida
para haver uma boa absorção e, quando isto acontece em pastagens é a hora de entrar com
os animais.

Objetivos:
 Corrigir deficiências eventuais (adubação de salvação);
 Fornecer micronutrientes (adubação preventiva);
 Complementar a adubação feita no solo.

Fertirrigação:
 É a dissolução de fertilizantes solúveis em água e a aplicação da solução produzida através
de um sistema de irrigação.

Vantagens:
 Redução nos custos de aplicação de fertilizantes (50-87%), pois economiza maquinário, mão
de obra e equipamentos;
 Redução na compactação do solo.
 Flexibilidade na aplicação de nutrientes na falta de chuvas e mais parcelados;
 Maior uniformidade de aplicação dos nutrientes, principalmente micronutrientes que são
aplicados em pequenas quantidades;

Desvatagem
 Corrosão de equipamentos de irrigação, mas hoje já se encontra fertilizantes líquidos com
inibidores de corrosão.

OBS: A necessidade de irrigação tem que coincidir com a necessidade de adubação, pois a
operação de um sistema de irrigação apenas para aplicar o fertilizante é antieconômica.

Fertilizantes para fertirrigação devem apresentar:


 Alta solubilidade para não entupir os emissores e evitar sua precipitação;
 Serem não corrosivos;
 Serem puros, sem contaminantes que possam entupir os emissores.

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Fertilizantes mais utilizados:
a) Fonte de N: uréia, nitrato de amônio, nitrato de cálcio e nitrato de potássio;
b) Fonte de P: ácido fosfórico, MAP e DAP;
c) Fonte de K: KCl, sulfato e nitrato de potássio;
d) Fonte de micronutrientes: utilizar os quelatos pois os óxidos e sais causam entupimento.

Adubação de manutenção

Coletar amostras nos 10 cm superficiais.

Adubação fosfatada: aplicar a lanço em cobertura em 1 única dose, no início das chuvas, sem
incorporação. Se fizer incorporação pode aumentar as perdas por erosão (se chover) e por fixação.

OBS: Em pastagens e em plantio direto ricos em MO, a eficiência da adubação P é aumentada:


• Devido a cobertura morta, o solo permanece úmido, solubilizando o P aplicado na superfície.
• Devido a cobertura morta, as pastagens apresentam um intenso desenvolvimento de raízes
na superfície do solo, aumentando a sua absorção.

Adubação potássica: mesma orientação, desde que a dose seja < 40 kg/ha de K2O. Doses
superiores devem ser parceladas com intervalos de 30 dias.

Adubação nitrogenada:

Médio nível tecnológico: 100-150 kg/ha/ano N em parcelas de 50kg na estação chuvosa.


Alto nível tecnológico: 200 kg/ha/ano de N também parceladas na estação chuvosa.
Recomenda-se doses anuais apresentadas nos Quadros 18.5.4 e 18.5.5.

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Relações Básicas Entre Nutrientes

Exemplo: A análise química da amostra determinou, de acordo com os teores de nutrientes no solo,
a necessidade de 20:80:40 kg/ha de N:P2O5:K2O, respectivamente.

1. ALTERNATIVA A: Adquirir fertilizantes simples e fazer mistura.

Uréia (44% N), Superfosfato simples (18% P2O5) e cloreto de potássio (58% K2O).
100 kg uréia _____ 44 kg de N
x kg uréia _____ 20 kg de N x= 45,5 kg uréia.
y = 444,4 kg de superfosfato simples.
z = 69 kg de cloreto de potássio.

Mistura final a ser aplicada: 45,5 kg de uréia+444,4kg de SS+69kg KCl = 558,9 kg/ha.

2. ALTERNATIVA B: Verificar entre as fórmulas de fertilizantes no mercado, quais podem atender


as exigências do fornecimento de 20:80:40 kg/ha de N:P2O5:K2O. Divide por
20 e obtém a relação 1:4:2.
Fórmulas encontradas Relações
17:17:17 ÷ 17 1:1:1
10:30:20 ÷ 10 1:3:2
10:10:20 ÷ 10 1:1:2
4:16: 8 ÷ 4 1:4:2

O fertilizante 4:16:8 apresenta a mesma relação.


Próximo passo: Verificar qtos kg/ha irão fornecer os 20:80:40 kg de N:P2O5:K2O por ha.

Para o N: 20 ÷ 4= 5 x 100 = 500 kg/ha do fertilizante 4:8:16, ou


Para o P: 80 ÷ 16= 5 x 100= 500 kg/ha do fertilizante 4:8:16

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Qual a quantidade da mistura (558,9 kg/ha Alternativa A) ou da fórmula 4:16:8 (500
kg/ha Alternativa B) a ser aplicada por metro de sulco, no espaçamento de 0,8 x 0,2 m?

Nº sulcos = 100m (largura 1ha) ÷ 0,80m (espaçamento entrelinhas)= 125 sulcos.


Quantos metros de sulco = 125 x 100m (comprimento 1ha)= 12.500m de sulcos/ha.

Quantidade de adubo por metro de sulco= quantidade de adubo por ha ÷ Nº m em 1 ha.

ALTERNATIVA A = 558,9 kg/ha = 558900 g/12.500 m = 44,7 g/m de sulco.


ALTERNATIVA B = 500kg/ha = 500.000 g/12.500 m = 40 g/m de sulco.

Tabela 5 - Efeito de níveis de adubação de manutenção sobre a composição botânica de uma


pastagem consorciada, em latossolo amarelo, de campo cerrado em um período de dois
anos

Níveis de Colonião Gordura Estilozantes Siratro Invasoras


(kg/ha)
P2O5 K2O
0 0 46,1 14,2 6,9 5,7 15,4
20 20 55,8 10,5 10,5 6,0 8,3
40 40 61,4 8,7 12,1 7,1 5,3
Fonte: Adaptado de CARVALHO (1985).

Tabela 6 – Valores médios de concentração de nutrientes em amostras de terra de duas fazendas de


produção animal

Fazenda P resina M.O. pH K+ Ca+2 Mg+2 H++Al+3 CTC V


(ppm) (%) (CaCl2) (meq/100cm3) (%)

A 14,0 2,1 5,3 0,08 2,0 1,0 2,5 5,6 55,0


B 55,0 3,9 5,4 0,85 6,3 2,5 3,3 12,9 73,0
Fonte: SILVA (1995).

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