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seja, o dano deve decorrer diretamente da conduta ilícita praticada pelo indivíduo,
sendo, pois conseqüência única e exclusiva dessa conduta.
Nexo causal - É o vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela
produzido; examinar o nexo de causalidade é descobrir quais condutas, positivas ou
negativas, deram causa ao resultado previsto em lei. Assim, para se dizer que alguém
causou um determinado fato, faz-se necessário estabelecer a ligação entre a sua conduta
e o resultado gerado, isto é, verificar se de sua ação ou omissão adveio o resultado.
Trata-se de pressuposto inafastável tanto na vara cível. Apresenta dois aspectos: físico
(material) e psíquico (moral). Vide relação de causalidade material. Vide relação de
causalidade psíquica.
RESULTADO
O resultado do crime só pode ser imputável ou atribuível a quem lhe deu causa. Ex:
infrator.
NEXO DE CAUSALIDADE
Conforme lição do professor Luiz Flávio Gomes, devemos ter em mente que no crime
omissivo o agente é punido não porque não fez nada, mas porque não fez o que devia
ter feito (não fez o que o ordenamento jurídico determinava). O crime omissivo,
conseqüentemente, não deve ser analisado do ponto de vista naturalístico, mas sim, do
ponto puramente jurídico (normativo).
Não há que se falar, destarte, em nexo causal no crime omissivo (ex: omissão de
socorro, em que o agente se depara com um acidentado na estrada não faz nada). Não é
o nexo causal o fator determinante ou decisivo para a responsabilidade penal. O
fundamental é constatar que o agente não fez o que a norma determinava que fosse
feito. É inútil falar em causalidade nos crimes omissivos (seja no próprio, seja no
impróprio). Deve-se enfatizar o lado normativo assim como a questão da imputação. É o
mundo axiológico (valorativo) que comanda o conceito de omissão penalmente
relevante e de imputação.
Portanto, mesmo quando a lei penal prevê um resultado qualificador no crime omissivo
(se da omissão de socorro resulta morte ou lesão grave, por exemplo), ainda assim, não
há que se falar em nexo de causalidade entre a omissão e o resultado qualificador. O que
está na base desse resultado não é o nexo de causalidade, sim, a previsibilidade (art. 19
do CP).
Legislação direta
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem
a qual o resultado não teria ocorrido.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.
Homicídio simples
Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal,
à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Causa e concausa:
Causa: seria o que leva a resultados imediatos e responsáveis por determinadas lesões,
suscitando sempre, por sua vez, uma relação de causa e efeito.
OBS:.O Código Penal brasileiro não distingue entre causa, concausa e condição. Tudo o
que contribui para o crime é causa, concausa ou condição. Vide causa.
Pelo exposto, dá-se a nítida idéia de que a inovação mais acentuada que a
imputação objetiva nos trouxe é mesmo o “incremento do risco juridicamente
permitido”.
Roxim ensina que segundo esta teoria, o injusto típico deixa de ser um
acontecimento fundado no causalismo e finalismo, para buscar no âmbito do risco a
razão de causa de algo não permitido.
Risco permitido e risco proibido
Penso também que pela imputação objetiva, não se faz possível punir uma
pessoa que embora tenha cometido uma ação perigosa, procurou da melhor forma no
momento, resolver o problema surgido. Como exemplo, citemos o caso do médico que
no intuito de salvar a vida do paciente que teria poucos minutos de vida, se vê obrigado
a fazer uma cirurgia de risco e que futuramente o mesmo paciente venha a morrer em
conseqüência da cirurgia efetuada. Ao analisarmos o fato, verificamos que pela teoria da
imputação objetiva não seria ao médico imputado o crime, uma vez que sua conduta
estava dentro de parâmetros toleráveis pela sociedade, onde apesar de criar o risco, ele
buscou uma forma de prolongar a vida do paciente, de forma que o resultado de
qualquer forma seria este.
Nota-se que para a teoria da imputação objetiva, não basta o resultado imputado
à conduta, deve, outrossim, esta conduta causar, um risco juridicamente não permitido,
tendo este que se materializar em um resultado que esteja no âmbito de proteção do tipo
penal.
A teoria da imputação objetiva diz que este dolo não se encontra no elemento
subjetivo do tipo, mas sim no elemento objetivo, subtraído de uma análise entre o nexo
de causalidade sob o ponto de vista não-naturalístico, e sim do ponto de vista objetivo
normativo.
O que a teoria busca é mostrar que apesar de existir o nexo de causalidade entre
a ação e o resultado, é se este pode ser atribuído ao agente, levando-o a responder sobre
o crime imputado, como forma de perfeita justiça.
Importa fixar que ocorrerá a imputação objetiva sempre que de qualquer forma,
o agente contribuir para que o risco legalmente permitido seja por sua ação aumentada,
ou ainda, quando houver uma troca substancial de um risco já existente por outro que
não correspondia ao bem jurídico em questão.
Conclusão.
Vale dizer que a teoria da imputação objetiva recai sobre o aspecto objetivo
normativo e não naturalístico, sua principal inovação é sem dúvida o incremento da
teoria do risco, em que pese somente imputar ao agente, fatos que concretamente
contribuiu para o aumento do risco juridicamente permitido com conseqüente propósito
de realização deste risco com desrespeito às leis. Com o risco permitido, a imputação
objetiva da conduta é excluída. Salienta-se, ainda, que haverá o afastamento da
imputação objetiva quando não houver correlação entre o risco ocorrido e o resultado
jurídico.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal - Parte Geral : Parte Especial - São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005.
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal, 1° Volume - Parte Geral. Editora Saraiva. 20ª Edição.
São Paulo. 1997.