XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental

V-031 - A QUALIDADE DOS RECURSOS HIDRICOS SUPERFICIAIS NO

SEMI-ÁRIDO - CURIMATAÚ PARAIBANO

José Bezerra dos Santos(1)

Bacharel em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Especialista em
Fotointerpretação em Estudo de Solos no CIAF. Colômbia. Mestre em Geociências pela
Universidade Federal da Bahia. Consultor da EMEPA-PB e SUDEMA-PB. Professor da
Universidade Federal da Paraiba. Departamento de Geociências. LGA - Laboratório de
Geografia Aplicada
Edvânia Gomes de Assis
Licenciada e Bacharel em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Especialista em
Geografia e Gestão Territorial - UFPB. Professora substituta do Departamento de
Geociências - UFPB. Mestranda do Curso de Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA - UFPB.
Taysa Tamara Viana Machado
Engenheira Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especialista em Engenharia de Saúde Pública
- ESNEP - Fiocruz - RJ. - Mestranda do Curso de Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA - UFPB.

Endereço(1): Rua Cel. José Maurício Costa, 126 Brisamar - João Pessoa - PB - CEP: 58033-220 - Brasil - Tel: (83)
224-4514 - e-mail: jbzerra@terra.com.br

RESUMO
No semi-árido Nordestino os reservatórios superficiais (açudes) assumem importância vital na sobrevivência
do homem do campo, notadamente nas regiões de baixas precipitações e de altas evaporações, condições estas
que favorecem o processo de salinização. Os resultados das análise de água permitem avaliar o problema da
qualidade de água, relacionado-se aos aspectos geológicos, litológicos, pedológicos e geomorfológico. Neste
cenário insere-se a região do Curimataú Paraibano, localizada a Nordeste do Estado da Paraiba. Foram
avaliados diversos reservatórios, com coletas e análises de água, além da caracterização da cobertura vegetal
na área da bacia hidrográfica dos açudes. Os solos ocorrentes, pelos fatores de formação, já condiciona a
variabilidade da qualidade da água, com reservatórios apresentando classe C4S4. Esta classe de água não é
predominante na área estudada, porém se verifica que a classe C1S1, é a de maior ocorrência. A
sustentabilidade dos açudes passam por questões ambientais, onde a litologia e os solos são elementos que
permitem uma análise a priori, na construção de reservatórios.

PALAVRAS-CHAVE: Semi-árido, Litologia, Solos, Classes de Água, Reservatórios Superficiais.

INTRODUÇÃO
A água como um recurso natural é fator que define o desenvolvimento de regiões, países, por fim de toda
uma sociedade. Dois fatores são limitantes para classificação da água como recurso natural renovável em
disponibilidade: a quantidade existente e a qualidade apresentada pelas mesmas.

O Semi-árido Nordestino é caracterizado por um conjunto de transformações morfoclimáticas que definem as

baixas precipitações, estas, comandada pela distribuição irregular das massas de ar que provocam chuvas do
tipo torrencial. Neste contexto, durante parte do período de estiagem, os reservatórios, solos e sua posição
geomorfológica desempenham um importante papel na contribuição dos métodos de utilização e
sustentabilidade.

O aspecto sustentável, está na construção de reservatórios ou açudes, de caráter público ou privado,

objetivando uma solução para a problemática de escassez de água no Nordeste.

O cenário da água no Curimataú e seu devido uso é preocupante, evidenciado neste estudo, pela quantificação
e qualificação neste ambiente, quando correlaciona-se litologia/solo/qualidade de água.

ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1

XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental

HIPÓTESE
As características das bacias de acumulação pela qual a água é recebida, é o maior problema no processo de
potabilidade. A salinização é um dos principais problemas das águas. Os solos, dependendo de suas
características, contribui para o aumento dos teores de sódio, fator impeditivo ao uso das águas de maneira
geral nesta Microrregião.

CENÁRIO AMBIENTAL
A área de estudo, situa-se no Planalto da Borborema, nordeste do Estado da Paraíba, altitude entre 400 a
600m, a 6º25’51” a 6º55’04” de latitude sul e 36º35’57” a 35º43’56” a oeste de Greenwich, com uma
população de 93.877 habitantes, segundo o IBGE (1992).

A formação geológica é referida ao Pré-Cambriano e Terciário, relacionados respectivamente a uma litologia

de rochas ígneas formadas por gnaisse/granito e sedimentar da Formação Serra dos Martins.

A geomorfologia, é caracterizada por uma superfície elevada de topo plano, repousando sobre um sistema
montanhosa, em processo de dissecação. Nesta região semi-árida, o sistema ambiental é particularizada pela
deficiência causada principalmente pela posição geográfica, que condiciona o clima, relevo, vegetação e solos
diferenciados.

No processo litológico, segundo FENZEL (1988), o intemperismo das rochas em geral promovem o
enriquecimento do sódio nas águas naturais em conseqüência da alta solubilidade e boa mobilidade dos sais.

MATERIAL E MÉTODOS
As avaliações dos açudes e dos solos foram pautados em observações in loco e nas análises físico-químicas
das águas. Foram catalogados 41 açudes, com volumes iguais ou superiores a 0,5 milhões de m3, com
discrição dos vários aspectos, como; solos, vegetação, erosão, relevo local, forma do açude e vale, contidos na
bacia pós-hidraúlica.

RESULTADOS
O ambiente litológico do Curimataú, correspondem a uma cenário formado de rochas ígneas, metamórficas e
sedimentares, oriundas do Pré-Cambriano e Terciário. Segundo BRITO NEVES (1965), nesta região são três
as unidades lito-estratigráfica. A primeira constitui o embasamento migmatítico granítica, a segunda,
gnáissico-migmatítica, contendo intercalações de anfibólios, metacórsios, gnaisses quartzosos e calcário
cristalino, a terceira é composta essencialmente por biotita xisto granadífero (predominante), em menor
ocorrência, xistos, sericita xistos e filitos.

Diversas classes de solos ocorrem na região, destacando-se os Latossolos, estes em menor proporção,
Podzólicos, Bruno Não Cálcicos, Planossolos, Solonetz Solodizados, Regossolos, e Litossolos.

A relação litologia/solos e qualidade de água, permite uma análise do comportamento da qualidade da água,
nos reservatórios superficiais, como suporte de sustentabilidade social no Curimataú Paraibano.

A Tabela 1 evidencia as classes de água, com relação a ocorrência de reservatórios, destacando-se os solos
Bruno Não Cálcico, com maior número de açudes e um percentual de ocorrência de 40% de classes de água
de boa qualidade (C1 S1), e 22% com classes de água, variando de péssima a ruim (C4S1 a C4S4).

ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2

XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental

Tabela 1 -Relação Classes de Água, Solos e Litologia.

Litologia Classe de Solos Classe de Água Nº de Ocorrências

Litossolos C1 S1 02
Gnáissica- Solonetz C3 S1 01
granitóides Solodizado C4 S1 01
Planossolo C3 S1 02
C4 S1 02
C1 S1 09
C2 S1 05
Biotita-xisto Bruno Não Cálcico C3 S1 04
C4 S1 02
C4 S2 01
C4 S4 02
C1 S1 01
Granulares- Regossolos C2 S1 01
Granitóide C4 S1 05
Podzólicos C3 S1 01
Arenitos argilo-
arenosos Latossolos C4 S1 02

CONCLUSÕES
1) Os açudes apresentaram variação de classes de água entre C1 S1 e C4 S4 ( água boa e ruim
respectivamente).

2) A lito-pedologia é fator que condiciona a qualidade de água no Curimataú, relacionando-se a ocorrências

das classes solos.

3) A contribuição dos solos Bruno Não Cálcicos, na qualidade da água parecem menos significativos, que as
demais classes de solos.

4) Nesta região os Latossolos, ao contrário dos solos menos desenvolvidos, promovem e/ou contribuem para
uma qualidade de água ruim.

5) Os Solonetz Solodizados e os Planossolos, pela sua própria gênese, são solos ricos em sódio, caráter que
compatibiliza à qualidade de água.

RECOMENDAÇÕES
O planejamento e construção de açudes (reservatórios) em regiões semi-áridas, necessita a priori de estudos
de solos e avaliações, aspecto este que evitaria ou minimizaria o processo de salinização destes reservatórios.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ALVAGONZALES. Rafael. O Desenvolvimento do Nordeste Árido. Vol, 1e 2, Ministério do

Interior, DNOCS, Fortaleza, 1968.
2. AUDRY. Pierre; SUASSUNA, João. A Qualidade da Água na Irrigação do Trópico Semi-árido: um
estudo de caso, In: Seminário Franco - Brasileiro de Pequena Irrigação, Pesquisa e Desenvolvimento,
Anais do Encontro, SUDENE: Embaixada da França em Recife, 11 a 1 de Dezembro de 1990.
3. ASSIS. Edvania Gomes de. A Interação Qualidade de Água e Solos - na Caracterização da Sub-
Bacia Bonsucesso no Curimataú Paraibano. Universidade Federal da Paraíba. Centro de Ciências Exatas
e da Natureza. Departamento de Geociências. João Pessoa, 1996. ( monografia de graduação)

ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3

XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental

4. BUNTING, Brian T. Geografia do solo. Londres: Zahar Editores, 1971.

CADIER. Eric. ASSUNÇÃO, Moisés Silva de. LEPRUN, Jean-CLAUDE. Avaliação dos Recursos
Hídricos das Pequenas Bacias hidrográficas do Nordeste Semi-árido: características Físico-climáticas:
Série Hidrologia Nº 15. Recife: SUDENE, 1983. 89p.
5. CAJUSTLE. L. J. Química del suelos com enfoque agrícola. 1ª Edição. México. Chapingo. 1977.
77p.
6. FENZL, N. Introdução a hidroquímica. Universidade Federal o Pará. Editoras Universitária. Pará.
1986.189p.
7. LOGAN. J. Interpretação da análises química da água. Agência Norte Americana para o
desenvolvimento internacional. Recife. Mimeo. 1965. np.
8. SANTOS, J. B. dos, Assis, E. G. de. A Lito-pedologia na qualidade de água - Curimataú Paraibano.
Projeto: Avaliação dos Recursos Hídricos Superficiais na Microrregião do Curimataú Paraibano.
PIBIC/CNPq. UFPB. João Pessoa. 1996. 53 p.
9. SUDENE. Levantamento Exploratório. Reconhecimento de Solos do Estado da Paraíba. Ministério
da Agricultura. DRN/SUDENE. Boletim Técnico Nº 15. Série Pedologia Nº 8. Rio de Janeiro. 1972.
670p.
10. SUASSUNA, João. A Pequena Irrigação do Nordeste: algumas reflexões. In; Cadernos de Estudos
Sociais. FUNDAJ, vol. 9 , Recife,1993.

ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4