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O que somos?

Aluno: O que somos?

Professor: Seres humanos.

Aluno: Sim, sob certo ponto de vista isto está certo, mas refiro-me ao conjunto de nossas
funções, como mente, corpo, alma, espírito, etc.

Professor: Esta é uma das primeiras perguntas que o ser humano formulou milhares de anos
atrás, quando tomou consciência de sua individualidade.

Aluno: E porque até hoje não encontramos a resposta?

Professor: Se houvesse apenas uma resposta satisfatória, a humanidade já a conheceria.

Aluno: Então não há?

Professor: Eu não disse isso, disse que se houvesse uma resposta satisfatória a humanidade
já a conheceria.

Aluno: Então há mais de uma.

Professor: Sim.

Aluno: E quais são elas?

Professor: Não posso relacioná-las, pois há uma para cada ser deste planeta.

Aluno: Então cada qual tem a sua resposta sobre o que somos.

Professor: Não. Se cada um tivesse sua resposta, a pergunta não seria formulada.

Aluno: Eu quis dizer que a resposta existe, mas cada qual deve encontrar a sua.

Professor: Sim.

Aluno: E alguém já a encontrou?

Professor: Provavelmente, mas como a resposta dele serve apenas para ele, ninguém mais dá
valor a sua descoberta.

Aluno: Mas será que esta pessoa não poderia ao menos indicar o caminho para a resposta?

Professor: Não apenas pode como é isto o que ela vai tentar fazer, no entanto, o caminho que
ela indicar não será necessariamente o único ou verdadeiro caminho.

Aluno: Mesmo assim eu acho que poderia ajudar aos outros que buscam.

Professor: Poderia ajudar, mas não é garantia de que vai ajudar, pelo contrário, pois poucos
procuram, e entre os que procuram grande parte não quer encontrar a verdade, pois tem medo
dela.

Aluno: Você quer dizer que tentar divulgar a verdade é mais ou menos o que os grandes
mestres da humanidade já tentaram fazer?
Professor: Sim, e veja o que aconteceu, transformaram um caminho interior em religiões que
pouco mantém da mensagem original. Nem mesmo eles, como toda a carga de conhecimento
que possuíam, conseguiram ensinar o que queriam.

Aluno: Você falou caminho interior?

Professor: Sim, claro, ou você acha que a resposta está fora?

Aluno: Bem... é onde todos nós procuramos, inclusive a ciência busca isto em muitas de suas
pesquisas.

Professor: Vasculhar a imensidão do universo ou os movimentos dos elétrons pode responder


a algumas perguntas técnicas, mas não leva à resposta da pergunta em questão.

Aluno: E como podemos buscar no interior de si mesmo?

Professor: É uma boa pergunta, mas como a primeira pergunta que você fez não posso
respondê-la, por que o que serve para mim não serve para você. Isto é uma questão pessoal, e
não há ninguém no universo capaz de respondê-la, além de você mesmo.

Aluno: Então porque nos fazemos esta pergunta?

Professor: Grande parte da humanidade nem sequer se faz esta pergunta, mas aqueles que a
fazem, fazem por necessidade de encontrar a resposta.

Aluno: Você me diz que procuramos uma resposta porque precisamos dela, no entanto, não
temos a mínima idéia de onde encontrá-la, e acabamos buscando nos lugares errados.

Professor: Veja bem, o fato de buscar respostas na ciência, na religião, ou em outro lugar
exterior, não é algo mau ou de pouca valia, significa apenas que não é nestes lugares que você
a encontrará, pois as respostas que surgirem, irão levar a muitas outras perguntas, e que não
vão satisfazer o desejo eterno de compreender a si mesmo, e, por conseqüência, o que você é.

Aluno: Não sei... parece-me que estamos mais perdidos do que cego em tiroteio...

Professor: E estamos, mas só até o momento em que encontramos a resposta.

Aluno: Mas esta é a questão inicial que te propus!

Professor: Exato, e a busca é exatamente isto, é um andar em círculos, até o momento em que
você resolve procurar onde ninguém mais procurou, e então você encontra, ou melhor, você se
encontra com a resposta.

Aluno: E como saberei que é a resposta verdadeira?

Professor: Saberá, porque a pergunta não mais precisa ser feita.

Aluno: E você tem alguma sugestão sobre onde devo começar?

Professor: Comece pelo no mesmo lugar de onde veio a pergunta.

Aluno: A minha mente?

Professor: Todo o seu ser se resume à mente?

Aluno: Bem, acho que não, também tenho emoções, corpo físico, sentimentos, alma...

Professor: Exato, portanto, em primeiro lugar você deve descobrir qual parte de seu ser
pergunta, para depois se preocupar em encontrar a resposta.
Aluno: É o que vou tentar.

Professor: Tente, mas não crie expectativas, ou poderá ficar frustrado se não encontrá-la logo,
e acabará aceitando qualquer verdade que outrem divulgar, para cobrir o vazio de sua busca.

Aluno: Compreendo que é um caminho cheio de percalços.

Professor: Eu não entenderia assim, trocaria a palavra percalços por aprendizados.

Aluno: Então aprendemos enquanto buscamos?

Professor: Obviamente, é por isso que existe a busca, a resposta se constrói ao longo da
busca, se viesse pronta e fácil você não acreditaria, e continuaria buscando, sem saber que ela
já esteve na sua frente.

Aluno: Se entendi bem, não é a resposta o mais importante, e sim a sua busca.

Professor: Exatamente.

Aluno: Acho que compreendo.

Professor: Ótimo, pensar por si mesmo é o caminho.

Aluno: Obrigado.

Professor: Por nada.

Paulo Schwirkowski – 2011


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