You are on page 1of 95

JANNE CARLA PEREIRA DOS SANTOS

REFLETINDO A INCLUSÃO DO ESTUDANTE COM


DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE ESTADUAL DE
ENSINO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O CAP –
CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO ÀS PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA CIDADE DE
MANAUS

MANAUS- 2010
JANNE CARLA PEREIRA DOS SANTOS

REFLETINDO A INCLUSÃO DO ESTUDANTE COM


DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE ESTADUAL DE
ENSINO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O CAP –
CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO ÀS PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA CIDADE DE
MANAUS

Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de


Licenciatura em Pedagogia, como obtenção do grau de Licenciando em
Pedagogia.

Orientadora Profª MSc. Andrezza Belota Lopes Machado

MANAUS - 2010
JANNE CARLA PEREIRA DOS SANTOS

REFLETINDO A INCLUSÃO DO ESTUDANTE COM


DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE ESTADUAL DE
ENSINO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O CAP –
CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO ÀS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA VISUAL NA CIDADE DE MANAUS

Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de


Licenciatura em Pedagogia, como obtenção do grau de Licenciando em Pedagogia.

Manaus, 20 de Dezembro de 2010

Aprovada em 20 de Dezembro de 2010.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________
Profª MSc. Andrezza Belota Lopes Machado
Universidade do Estado do Amazonas

___________________________________________
Profª MSc. Jane Lindoso Brito
Universidade do Estado do Amazonas
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente, por me fortalecer para a vida


todos os dias.
Aos meus pais que me apoiam com o seu amor e carinho para
que eu realize os meus sonhos.
À minha querida professora e orientadora, pela dedicação,
carinho e apoio para que eu pudesse continuar caminhando ao
sucesso.
E às pessoas que estiveram ao meu lado dando carinho, atenção
e de alguma forma me apoiaram para a realização deste desejo.
RESUMO

O presente trabalho traz à reflexão o processo educacional


inclusivo direcionado aos estudantes com deficiência visual,
analisando a importância dos serviços disponibilizados pela
modalidade de educação especial, por meio do atendimento
educacional especializado, considerando as singularidades de
desenvolvimento e aprendizagem desses sujeitos aprendentes. Dessa
forma, destacamos como objetivo geral desta pesquisa: analisar a
contribuição do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com
Deficiência Visual para a educação na perspectiva inclusiva, contexto
das escolas estaduais, e como objetivos específicos: 1) Fazer o
levantamento de quantos estudantes com deficiência visual estão
incluídos na rede estadual de ensino atendidos pelo CAP - Centro de
Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual; 2) Realizar a
observação direta das ações pedagógicas desenvolvidas pelo do CAP -
Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual para
a promoção da educação inclusiva; e, 3) Refletir sobre a contribuição
do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência
Visual para a educação na perspectiva inclusiva. Nesse sentido, a
pesquisa caracteriza-se com abordagem qualitativa, tendo como
método o estudo de caso e para análise dos resultados, o método de
análise de conteúdo. Destacamos como resultados significativos da
pesquisa, que a educação ofertada aos estudantes com deficiência
visual incluídos na rede regular de ensino necessita de investimento de
políticas públicas para formação, disponibilização de recursos
tecnológicos e didáticos adaptados às necessidades educacionais
especiais dos estudantes, assim como, maior divulgação e orientação
em relação a temática.

Palavras-chave: deficiência visual; inclusão; formação de


professores.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 06
CAPÍTULO I – EDUCAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM
OLHAR INCLUSIVO .................................................................................................... 09
1.1 Educação de pessoas com necessidades especiais: breve retrospecto sobre as
conquistas educacionais .................................................................................................. 09
1.2 A Educação de Pessoas com Deficiência Visual na perspectiva da Educação
inclusiva .......................................................................................................................... 13
1.2.1 Caracterização da Deficiência Visual .......................................................... 14
1.2.2 Educação de pessoas com deficiência visual: da institucionalização à
inclusão ........................................................................................................................... 16
1.2.3 O papel do Atendimento Especializado de Atendimento- AEE na
educação de pessoas com necessidades especiais .......................................................... 21
CAPÍTULO II – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................ 27
2.1 Os caminhos da Pesquisa ..................................................................................... 29
2.1.1 Tipo de Pesquisa .......................................................................................... 30
2.1.2. A Pesquisa de campo .................................................................................. 31
2.1.3 Universo da pesquisa .................................................................................. 32
2.1.4 Instrumentos de Coleta de Dados ................................................................ 32
CAPÍTULO III - O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ÀS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: A ATUAÇÃO DO CAP NA REDE
ESTADUAL DE ENSINO NO CONTEXTO EDUCACIONAL INCLUSIVO............ 34
3.1 Caracterizando o espaço da pesquisa .................................................................. 34
3.2 Caracterizando os sujeitos da pesquisa ................................................................ 36
3.3 Contextualizando os resultados da pesquisa ........................................................ 37
3.3.1 Percepção dos professores e estudantes sobre a Educação na perspectiva
inclusiva .......................................................................................................................... 38
3.3.2 Adaptações Curriculares para o atendimento à pessoa com deficiência
visual na perspectiva da educação inclusiva .................................................................. 45
3.3.3 Estudantes Incluídos no ensino regular: quantidade versus qualidade ........ 50
3.3.4. Contribuição do CAP para a Educação na perspectiva inclusiva .................... 54
3.3.4.1. Ações na formação continuada que contribuem para facilitar o
processo ensino-aprendizagem ....................................................................................... 60
3.3.4.2 Análise da contribuição da formação no CAP para atender alunos com
deficiência visual no ensino regular: percepção dos estudantes ..................................... 64
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 68
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 71
APÊNDICE A – Entrevista 1 – Coordenadores/Professores do CAP ............................ 74
APÊNDICE B – Entrevista 2 – Professores da Escola Regular ..................................... 75
APÊNDICE C – Entrevista 3 – Estudantes com Deficiência Visual ............................. 76
ANEXO A - Sugestões de Materiais Adaptados que podem ser utilizados pelos
Professores das escolas regulares para facilitar o aprendizado dos educandos com
deficiência visual ............................................................................................................ 77
6

INTRODUÇÃO

A Constituição da República de 1988 prevê o pleno


desenvolvimento dos cidadãos, sem preconceito de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, garantindo o
direito à escola para todos e coloca como princípio para a Educação, o
acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação
artística, segundo a capacidade de cada um.
O Estatuto da criança e do Adolescente (ECA) garante o
direito à igualdade de condições para o acesso e a permanência na
escola, sendo o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito, assim
como, o respeito dos educadores e o atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino.
De acordo com Mendes (2002), a discussão sobre o
movimento de inclusão vem ocorrendo no Brasil há mais de uma
década, no entanto, a grande maioria dos alunos com necessidades
educacionais especiais ainda está fora da escola, ou tendo seus poucos
inseridos em escolas e classes especiais ou estão alocados em salas de
aula do ensino regular sem qualquer preparo do professor para recebê-
los.
Assim, o presente trabalho caracteriza-se como um trabalho
de conclusão de curso para a obtenção do grau de licenciado em
Pedagogia, com pesquisa desenvolvida na disciplina de Pesquisa e
Prática II, em uma escola de atendimento específico da rede estadual
de ensino, focalizando a educação na perspectiva inclusiva para
estudantes com deficiência visual.
Para a coleta de dados da pesquisa foram utilizados
instrumentos como a observação participante e a entrevista
semiestrutura, e como sujeitos, destacamos 07 (sete) educadores que
atuam no CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com
Deficiência Visual, 02 (dois) professores de classe comum da rede
7

estadual de ensino e 02 (dois) estudantes com deficiência visual


incluídos nas classes regulares.
A pesquisa teve como objetivo geral: Analisar a contribuição
do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência
Visual para a educação na perspectiva inclusiva. E como objetivos
específicos: 1) Fazer o levantamento de quantos estudantes com
deficiência visual estão incluídos na rede estadual de ensino atendidos
pelo CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência
Visual; 2) Realizar a observação direta das ações pedagógicas
desenvolvidas pelo do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas
com Deficiência Visual para a promoção da educação inclusiva; 3)
Refletir sobre a contribuição do CAP - Centro de Apoio Pedagógico
às Pessoas com Deficiência Visual para a educação na perspectiva
inclusiva.
Destacamos como problemática analisar como o CAP
contribui para o desenvolvimento da educação inclusiva dos
estudantes com deficiência visual na cidade de Manaus? Tendo como
questões norteadoras: Quantos estudantes com deficiência visual estão
incluídos na rede estadual de ensino atendido pelo CAP - Centro de
Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual? E como se
desenvolve as ações pedagógicas do CAP para a promoção da
educação inclusiva?
Nesse sentido, foi fundamental ouvirmos os principais
sujeitos envolvidos no processo educacional inclusivo da pessoa com
deficiência visual, na perspectiva do suporte oferecido pelo
atendimento educacional especializado - AEE: os educadores que
atuam no CAP e nas classes regulares de ensino, assim como, os
estudantes com deficiência visual incluídos nas escolas regulares da
rede estadual de ensino.
Após a vivência da pesquisa e a coleta de dados, para melhor
compreensão dos resultados, organizamos os dados por meio das
seguintes categorias de análise: 1) Percepção dos professores e
estudantes sobre a Educação na perspectiva inclusiva; 2) Adaptações
Curriculares para o atendimento à pessoa com deficiência visual na
8

perspectiva da educação inclusiva; 3) Estudantes Incluídos no ensino


regular: quantidade versus qualidade; 4) Contribuição do CAP para a
Educação na perspectiva inclusiva.
A pesquisa destaca que, na busca por garantir o direito de
acesso e permanência da criança deficiente à educação, há necessidade
de investir na qualificação do docente, nas adaptações curriculares, no
atendimento educacional especializado, na adequação da estrutura
física das escolas, e garantia de recursos didáticos e tecnológicos para
que o processo de ensino-aprendizagem seja bem sucedido.
Nesse sentido, na perspectiva de garantir a acessibilidade das
pessoas com deficiência visual na escola regular, direcionamos o foco
de atenção para o CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com
Deficiência Visual, instituição garantida por políticas públicas
nacionais e implementadas pelo Governo do Estado, para a oferta de
atendimento educacional especializado aos educandos, formação e
orientação de professores, confecção de recursos didáticos adaptados e
reabilitação. Isso porque, é essencial compreendermos como os
sistemas de ensino estão auxiliando os educadores das escolas
regulares com o processo de inclusão.
Dessa forma, acreditamos que este trabalho seja relevante, tanto
para à comunidade acadêmica como para análise social da educação
na perspectiva inclusiva, eixo norteador da educação no século 21. A
produção do conhecimento realizada durante este período de pesquisa
foi muito gratificante. Conseguimos atingir os objetivos almejados,
mesmo que o tempo de estágio tenha sido reduzido, esperamos com
tudo que saibamos ter consciência, que para uma efetiva
transformação muito há de se fazer, quanto à análise das práticas
pedagógicas envolvidas em sala de aula. Claramente essa experiência
não possibilita compreender como o processo está ocorrendo no
Brasil, mas oportuniza refletir sobre uma realidade educacional, sobre
os desafios e as possibilidades da ação pedagógica que precisa
responder a diversidade escolar, que precisa adequar-se às
necessidades educacionais dos estudantes com e sem deficiência na
pluralidade da sala de aula.
9

CAPÍTULO I

1 Educação da pessoa com deficiência visual: um olhar inclusivo.


Neste capítulo serão apresentadas temáticas relacionadas à
educação de pessoas com deficiência visual, considerando o
desenvolvimento do trabalho pedagógico para a diversidade das salas
de aula, direcionado para atender as necessidades educacionais dos
educandos.

1.1 Educação de pessoas com necessidades especiais: breve retrospecto


sobre as conquistas educacionais.

A história de pessoas com necessidades especiais desde a


Antiguidade tem sido de desrespeito, preconceito, seguida pela
gradativa exclusão. De acordo com o MEC (BRASIL, 2000), ao longo
do tempo e das condições sócio-políticas modificaram-se a forma de
pensar e agir em relação à deficiência, enquanto fenômeno e enquanto
ser. Outrora, as pessoas com deficiência eram consideradas fora dos
padrões de normalidade, à sociedade desenvolvia a técnica de
exposição, pois o povo servia para produzir para a nobreza.
Nesse contexto, a pessoa com deficiência, considerada
diferente, com limitações funcionais e necessidades diferenciadas, era
afastada do meio social, abandonadas sem nenhuma ética ou moral.
As pessoas os consideravam amaldiçoados pelos deuses, tinham medo
de pegar doenças e, por conseguinte não conseguiam um lugar na
sociedade. (BRASIL, 2000).
No século XIII, pode-se afirmar que inicia a reocupação com
a educação nessa época, tinha duas vertentes de objetivos: uma, de
natureza religiosa, que objetivava visava formar pessoas para o clero.
Outra, caracterizada por objetivos específicos diferenciados,
dependendo do local e dos valores assumidos pela sociedade, variando
de formação para a guerra, até a formação para as artes. (BRASIL,
10

2000). Sendo assim, devido suas limitações resultantes da deficiência,


as pessoas com necessidades especiais continuavam a margem do
processo.
Com a evolução da ciência e as conquistas da medicina, nos
séculos XVI foi fortalecida a tese da organicidade, ou seja, a
deficiência deixava de ser vista por fatores espirituais, de causas
sobrenaturais e passava a ser compreendida por causa natural, como
consequência de questões orgânicas. Essa tese favoreceu ações de
tratamento médico das pessoas com deficiências, assim como, passou-
se a pensar em ações de ensino para o desenvolvimento por meio da
estimulação. (MEC, 2007, p.12).
A partir do século XVIII começaram surgir instituições para
abrigar deficientes mentais. De acordo com Dickerson e Pessotti
(apud BRASIL, 2000) essas instituições não tinham o enfoque
educacional, seu objetivo maior era garantir os cuidados com a
sobrevivência e, sobretudo, com os bens dos deficientes mentais que
faziam parte de famílias abastadas, conforme o que estabelecia a de
Prerrogativa Regis de Eduardo II da Inglaterra.
Vale ressaltar que o olhar para a educação dessas pessoas
ainda era incipiente, pois os registros históricos apontam que nessa
época o Brasil viveu um período em que a pessoa com necessidades
especiais não fazia parte efetiva do cenário educacional. Como diz
Mazzota:

A preocupação com a educação especial no Brasil deu-se a partir de 1854, quando,


influenciado pelas ações adotadas na Europa e Estados Unidos, o governo brasileiro
passou a criar alternativas de classes especiais nas escolas comuns, o que viria a ser
uma das grandes conquistas dos movimentos de pais e portadores de deficiência
(2001, p.189)

O século XIX caracterizou-se por um período de várias


mudanças, tanto nas estruturas sociais e econômicas da sociedade,
como nas concepções filosóficas, possibilitando grandes conquistas
também no contexto educacional como por exemplo: a criação do
Imperial Instituo de Meninos Cegos em 1854, hoje, Instituto Benjamin
Constant, e o Instituto de Surdos-Mudos em 1957, hoje, INES.
11

O paradigma educacional vigente nesta época era o da


Institucionalização e caracteriza-se pela retirada das pessoas com
deficiência de suas origens e pela manutenção delas em instituições
residenciais segregadas ou escolas especiais, situadas em localidades
distantes de suas famílias (MEC, 2000, p.13). Porém este paradigma
fracassou na busca de restauração de funcionamento normal do
indivíduo no contexto das relações interpessoais, na sua integração na
sociedade e na sua produtividade no trabalho e no estudo, iniciando
um novo movimento pelas desinstitucionalizações, baseado na
ideologia da normalização, que defendia a entrada das pessoas com
necessidades especiais na sociedade, no nível mais próximo possível
do normal.
Grandes foram os avanços educacionais para as pessoas com
necessidades educacionais no século XX, principalmente a partir da
década de 50, pois elas passaram a receber atendimentos educacionais
na perspectiva do paradigma educacional de Serviços que ao adotar as
ideias de Normalização, criou-se o conceito de Integração,
necessidade de modificar a pessoa com necessidades educacionais
especiais, com finalidade de assemelhá-los aos cidadãos para ser
inserida e integrada ao convivo em sociedade, ou seja, torna-las o
mais normal possível.
Neste paradigma, as ações educacionais visavam prevenir,
reabilitar e inserir as pessoas com necessidades especiais tanto nos
contextos sociais, educacionais e no mercado de trabalho. Essa oferta
de serviços e recursos era oferecida em três etapas: 1) avaliação, que
visava diagnosticar o que precisava ser modificado para a
normalização da pessoa; 2) a intervenção, que visava desenvolver
ações para a modificação da pessoa, o treino para acompanhar a
escola; e, 3) o encaminhamento, etapa em que, após normalizada, a
pessoa era encaminhada para o atendimento que fosse adequado para
seu desenvolvimento. (MEC, 2000).
Com base nesse paradigma, a década de 60 configura-se
pelos serviços de reabilitação, que cresceram e se desenvolveram
devido a um maior incentivo e apoio oferecido pelo governo. Em
12

1961, com a homologação da Lei de Diretrizes e Bases 4.024/61, a


educação da pessoa com deficiência passou a ser integrada ao sistema
regular de ensino.
Podemos afirmar que o século XXI se caracteriza pela
educação na perspectiva inclusiva, que nasce em 1981, ano
considerado um marco de uma nova fase da educação, onde todos
aprenderiam o conceito de uma sociedade inclusiva. Esse marco foi
dado como o “Ano Internacional das Pessoas Deficientes” com as
conferências em 1990, em Jontiem, e em 1994, na Espanha, preparada
a Declaração de Salamanca, com intenção de promover a Educação
para Todos, inclusive para pessoas necessidades especiais.
A Educação para Todos passa a direcionar as ações no
contexto educacional e ser garantida em documentos legais como, por
exemplo, a atual Lei de Diretrizes e ases, Lei nº 9.394, de 20/12/1996,
que estabelece que a pessoa com necessidades especiais devem ser
atendida, preferencialmente na rede regular de ensino e que a
Educação Especial, modalidade de ensino que até o momento
caracterizou-se como substitutiva do ensino regular passe a dar
suporte educacional na perspectiva de atender as pessoas com
necessidades especiais, dispondo de diversos recursos e estratégias de
apoio, oportunizando-lhes diferentes alternativas de atendimentos.
A garantia do direito à educação, na perspectiva da educação
inclusiva, representa não apenas garantir acesso à matrícula dos alunos
na rede regular de ensino, mas também na permanência a todos os
cidadãos, independente de ter ou não necessidade especial. Isso
significa dizer que a escola organizar para atender TODOS os alunos,
inclusive adaptar seu currículo, estratégias e recursos para atender as
crianças com necessidades especiais, possibilitando a participação
efetiva em todas as atividades nos espaços escolares.
Retomando o que afirma a LBD 9394/96 - Lei de Diretrizes e
Bases da educação Nacional (1996), assegura que o poder público
cumpra com o seu dever para com a educação e a organização
curricular, dando maior flexibilidade na adequação curricular
focalizando as potencialidades e dificuldades dos alunos. Dessa forma,
13

a educação especial deve ocorrer preferencialmente nas escolas de


ensino regular, na escola comum, dentro dos princípios da escola
inclusiva.
Importante ressaltar que essa não é uma garantia recente, pois
deste o período imperial a educação é considerada como um “direito
civil e político dos cidadãos” (FONTES, 2002 p. 50). Período este
marcado pelas iniciativas na tentativa de sugestões de currículo e
formação de professores para cegos e surdos (as primeiras categorias
de deficientes a serem atendidas no Brasil). Porém percebe-se que foi
um período em que o poder público não demonstrava interesses com
as crianças com necessidades especiais.
Apesar de muito difundida na atualidade, a defesa da
cidadania e o direito à educação das pessoas com necessidades
educacionais especiais é uma atitude recente em nossa sociedade,
fruto de medidas isoladas, de indivíduos ou grupos sensíveis a esta
causa, que por suas ações conquistaram e vem conquistando o
reconhecimento dos direitos dos deficientes.

Dessa forma, a inclusão das pessoas com necessidades


especiais, no cotidiano das escolas, apresenta-se de forma lenta, pois,
somente a partir dos dias atuais que se observam movimentos
importantes no Brasil e no mundo referente a inclusão destes no
sistema regular de ensino e na sociedade.
Na busca por uma educação que contemple melhor as
necessidades educacionais especiais dos estudantes, o paradigma
educacional vigente é o de Suportes, que visa o direito à convivência
não segregada, e ao acesso imediato e contínuo aos recursos
disponíveis aos demais cidadãos. O paradigma de suportes no
contexto da inclusão prevê intervenções decisivas e afirmativas, no
processo de desenvolvimento do sujeito, no processo de reajuste da
realidade social. (BRASIL, 2000)
É com base nesse processo educacional, com a
disponibilização de suportes, recursos e serviços mais condizentes
com as necessidades dos educandos que se pretende garantir à pessoa
14

com deficiência, transtorno global de desenvolvimento e altas


habilidades/superdotação, o acesso imediato a todo e qualquer recurso
da comunidade, com igualdade de oportunidades, tanto sociais como
educacionais.
Nessa perspectiva, é preciso pensarmos a escola inclusiva
como aquela que irá acolher todas as crianças sem discriminação,
garantindo que de forma ativa o currículo contemple mudar o caráter
discriminatório do fazer pedagógico, partindo da necessidade do
aluno. Concordamos com o MEC (BRASIL, 1995, p.19), a “Escola
Inclusiva, tendência internacional neste final de século, é uma meta a
ser perseguida por todos aqueles comprometidos com a Educação
Especial”.
Outrossim, a educação na perspectiva inclusiva objetiva fazer
com que as diferenças peculiares de cada sujeito se reflita em
oportunidade ímpar para o respeito a individualidade. Segundo
(CORSI, 2001, p.108), “Para incluir, basta ver o indivíduo sua
essência, aceitar seus defeitos e diferenças e respeitar suas
características próprias”. No entanto, muitas vezes, o sistema
educacional:

focaliza a deficiência como condição individual e minimiza a importância do fator


social na origem e manutenção do estigma que cerca essa população específica. Essa
visão está na base de expectativas massificadas de desempenho escolar dos alunos,
sem flexibilidade curricular que contemple as diferenças individuais. (BRASIL,
2002)

Nesta pesquisa nosso olhar se direciona para a educação de


pessoas com deficiência visual e precisamos reconhecer que a
inclusão de pessoas com deficiência visual no ensino regular, de certa
forma, acaba aparecendo às dificuldades relacionadas à quantidade de
alunos na sala de aula, formação de professores, reforço ou apoio em
horário contrário a aula, professor auxiliar, adaptações curriculares, as
transformações arquitetônicas e principalmente extinguir o
preconceito com relação às diferenças. No entanto, considerar que a
inclusão é possível, fortalecer-se de conhecimentos dos caminhos que
15

podem ser trilhados, assim como, realizações inclusivas, é um grande


passo para sua conquista.

1.2 A Educação de Pessoas com Deficiência Visual na perspectiva da


Educação inclusiva

Analisar as necessidades educacionais da pessoa com


deficiência para que se possa garantir oportunidades reais de
desenvolvimento e aprendizagem em seu processo educacional é
fundamental, no entanto, urge compreendermos as características
essenciais dessa deficiência, assim como, as possíveis limitações no
desenvolvimento do sujeito, resultantes dela.
1.2.1 Caracterização da Deficiência Visual.
Os conceitos sobre a deficiência visual que ainda povoam o
imaginário de muitos sujeitos sociais e, principalmente dos
professores, revelam a dicotomia presente em nossa cultura entre
diversas palavras que tentam descrever cada significado, intenção para
caracterizar a deficiência visual como: perfeição/imperfeição,
deficiência/eficiência, normalidade/anormalidade. Esses conceitos
influenciam e geram sentimentos como: medo, tensão, ansiedade,
insegurança, dó ou piedade quando a escola recebe, pela primeira vez,
uma criança cega. Esses sentimentos revelam atitudes negativas,
conscientes ou inconscientes, de rejeição, negação, fuga ou super
proteção (BRASIL, 2003).
Amaral (1995) alerta-nos para o mecanismo de negação, que
se concretizam pelas formas de atenuação, compensação e simulação.
A compensação é encontrada com frequência na escola, em
verbalizações agressivas para com as pessoas com deficiência visual.
O conceito de deficiência como incapacidade, historicamente
construído de tempos atrás, é que manteve as crianças com deficiência
visual em escolas especiais ou as tem conservado em atendimento
segregado em salas de recursos até que estejam prontas para a
integração escolar. (MEC, 2003).
16

Amiralian (2002) comenta que a aceitação da deficiência


visual parte da aceitação da pessoa como ela é sem o desejo de
transformá-la ou modificá-la para que ela seja aquilo que a sociedade
considera o certo.
As crianças com deficiência visual são as crianças cegas e
com baixa visão. A definição, educacional diz que são cegas as
crianças que não têm visão suficiente para aprender a ler em tinta, e
necessitam, portanto, utilizar outros sentidos (tátil, auditivo, olfativo,
gustativo e cinestésico) no seu processo de desenvolvimento e
aprendizagem. O acesso à leitura e escrita dar-se-á pelo sistema braile.
Entre essas crianças, há as que não podem ver nada, outras que têm
apenas percepção, de luz, algumas podendo perceber claro, escuro e
delinear algumas formas. A mínima percepção, de luz ou de vulto
pode ser muito útil para a orientação, no espaço, movimentação e
habilidades de independência (MEC, 2003).
A formação da imagem visual depende de uma rede
integrada, de estrutura complexa, da qual os olhos são apenas uma
parte, envolvendo aspectos fisiológicos, função sensório-motora,
perceptiva e psicológica. Assim, a capacidade de ver e de interpretar
as imagens visuais depende fundamentalmente da função cerebral de
receber, decodificar, selecionar, armazenar e associar essas imagens a
outras experiências anteriores.
Por isso, necessitam de um ambiente estimulador e condições
favoráveis à exploração de seu referencial perceptivo particular. E isso
não impede que tenham as mesmas necessidades gerais de cuidados,
interesses, curiosidades, que tenham as mesmas motivações, proteção,
afeto, brincadeiras, limites, convívios e recreação relacionados à
formação da identidade e ao desenvolvimento e aprendizagem. No
mais não são diferentes de seus colegas que enxergam, devem ser
tratados como qualquer educando no que se refere aos direitos,
deveres, normas, regulamentos, combinados, disciplina e demais
aspectos da vida escolar.
A criança desde os seus primeiros meses de vida já estabelece
um contato visual com o mundo exterior enxergando tudo o que é
17

possível a sua volta, e isso porque é estimulada a olhar para tudo o que
está à sua volta, sendo possível acompanhar o movimento das pessoas
e dos objetos sem sair do lugar. A visão, em relação aos outros
sentidos ocupa uma posição proeminente no que se refere à percepção
e integração de formas, contornos, tamanhos, cores e imagens que
estruturam a composição de uma paisagem ou de um ambiente. É o
elo que integra os outros sentidos, permitindo associar som e imagem,
imitar um gesto ou comportamento e exercer uma atividade
exploratória circunscrita a um espaço delimitado.
Para compreender melhor a deficiência visual, é preciso
esclarecer que ela se apresenta em duas categorias, a cegueira e a
baixa visão, que podem ser assim esclarecidas:

Cegueira é uma alteração grave ou total de uma ou mais das


funções elementares da
visão que afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor,
tamanho, distância, forma, posição ou movimento em um campo mais
ou menos abrangente. A cegueira pode acontecer desde o nascimento
(cegueira congênita), ou posteriormente (cegueira adventícia,
usualmente conhecida como adquirida) em decorrência de causas
orgânicas ou acidentais.
Em alguns casos, a cegueira pode associar-se à perda da
audição (surdocegueira) ou a outras deficiências. Muitas vezes, a
perda da visão ocasiona a extirpação do globo ocular e a consequente
necessidade de uso de próteses oculares em um dos olhos ou em
ambos. Se a falta da visão afetar apenas um dos olhos (visão
monocular), o outro assumirá as funções visuais sem causar
transtornos significativos no que diz respeito ao uso satisfatório e
eficiente da visão (BRASIL, 2006). Ou seja, a cegueira é a perda total
da visão, até a ausência de projeção de luz.
Do ponto de vista educacional, deve-se evitar o conceito de
cegueira legal (acuidade visual igual ou menor que 20/200 ou campo
visual inferior a 20° no menor olho), utilizada apenas para fins sociais,
18

pois não revelam o potencial visual útil para a execução de tarefas


(BRASIL, 2003, p.16).
Baixa visão (ambliopia, visão subnormal ou visão residual) é
complexa devido à
variedade e à intensidade de comprometimentos das funções visuais.
Essas funções englobam desde a simples percepção de luz até a
redução da acuidade e do campo visual que interferem ou limitam a
execução de tarefas e o desempenho geral. Em muitos casos, observa-
se o nistagmo, movimento rápido e involuntário dos olhos, que causa
uma redução da acuidade visual e fadiga durante a leitura (MEC,
2003).
A baixa visão traduz-se numa redução de informações que o
indivíduo recebe do ambiente, restringindo a possibilidade de receber
dados oferecidos por este de grande importância para a construção do
conhecimento sobre o mundo exterior. Sendo assim, em outras
palavras, o indivíduo pode ter um conhecimento restrito do que o
rodeia.
Cada deficiente visual aprende a desenvolver processos
particulares pelos quais irá adaptar as codificações conforme a
imagem será guardada em sua mente. A capacidade para
compreender, interpretar e assimilar a informação será ampliada de
acordo com o maior número das experiências, a variedade e qualidade
das informações, a clareza, a simplicidade e a forma como o
comportamento exploratório do deficiente visual é estimulado e
desenvolvido.

1.2.2 Educação de pessoas com deficiência visual: da


institucionalização à inclusão
No Brasil o atendimento escolar especial aos deficientes
visuais teve seu início, na década de cinquenta do século XIX,
precisamente em 12 de setembro de 1854 que a primeira providência
neste sentido foi concretizada por Dom Pedro II, quando fundou na
cidade do Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos,
19

através do Decreto imperial n° 1.428. Esta iniciativa não só marcou o


inicio da educação de pessoas cegas no Brasil como também foi à
primeira iniciativa de atendimento aos deficientes em nosso país.
A fundação do Imperial Instituto deveu-se em grande parte, a
um cego brasileiro, José Álvares de Azevedo, que fora aprender a ler e
escrever no método braile no Instituto dos Jovens Cegos de Paris e, ao
retornar ao Brasil, soube por intermédio de amigos que a filha do Dr.
José F. Xavier Sigaud, médico da corte, também era cega,
imediatamente se prontificou em ensiná-la a ler e escrever no método
que tinha aprendido.
Por ter obtido muito sucesso na educação de Adélia Sigaud,
[...] José Álvares de Azevedo despertou a atenção e o interesse do
Ministro do Império, Conselheiro Couto Ferraz. Sob a influência de
Couto Ferraz, D. Pedro II criou tal Instituto, que foi inaugurado no dia
17 de setembro de 1854, cinco dias após sua criação. Para dirigi-lo foi
nomeado o Dr. Xavier Sigaud, cujo busto em mármore se encontra no
salão nobre daquela casa de ensino.
Em, 17 de maio de 1890, portanto, já no governo
republicano, o chefe do Governo Provisório, Marechal Deodoro da
Fonseca, e o Ministro da Instrução pública, Correios e Telégrafos,
Benjamin Constant Botelho de Magalhães, assinaram o Decreto n°
408, mudando o nome do Instituto para Instituto Nacional dos Cegos e
aprovando seu regulamento. (BRASIL, 2000)
Mais tarde, em 24 de janeiro de 1891, pelo Decreto n° 1.320,
a escola passou a denominar-se Instituto Benjamin Constant (IBC),
em homenagem ao seu ilustre e atuante ex-professor de Matemática e
ex-diretor, Benjamin Constant Botelho de Magalhães (MAZZOTTA,
2006, p. 28).
O instituto Benjamim Constant foi o primeiro educandário
para cegos na América Latina e é a única Instituição Federal de ensino
destinada a promover a educação das pessoas cegas e de baixa visão
no Brasil. Além de ter criado a primeira Imprensa Braille do país
(1926), tem-se dedicado a capacitação de recursos humanos, a
20

publicações científicas e a inserção de pessoas deficientes visuais no


mercado de trabalho.
Um grande marco na história da educação de pessoas cegas
foi à criação, em São Paulo no dia 11 de março de 1946, da Fundação
para o Livro do Cego no Brasil, hoje denominada Fundação Dorina
Nowill para cegos que, com o objetivo original de divulgar livros do
Sistema Braille, alargou sua área de atuação, apresentando-se como
pioneiro na defesa do ensino integrado prestando relevantes serviços
na capacitação de recursos humanos e de práticas pedagógicas. A
partir de 1950, houve um aumento na impressão de livros em braille
com a instalação da imprensa braille na Fundação para o Livro do
Cego no Brasil, o que possibilitou melhores condições de estudo para
os cegos.
Nesse sentido a década de 50 deste século, acabou sendo um
marco para o início da emancipação das pessoas cegas foi quando o
Conselho Nacional de Educação autorizou que estudantes cegos
ingressassem nas Faculdades de Filosofia, dando a eles oportunidade
profissional em nível superior. Também em 1950 foi instalada no
Estado de São Paulo a primeira classe Braille em escolas de ensino
regular em caráter experimental que posteriormente em 1953
oficializou-se.
Muitas foram as evoluções no que se refere para a garantia
dos direitos, mas muito ainda se precisa caminhar para a
implementação dessas garantias, pois para que o atendimento
educacional respeite as diferenças e as necessidades educacionais de
desenvolvimento das pessoas com deficiência, transtorno global e
altas habilidades/superdotação.
Faz-se necessária a garantia de um universo rico de
oportunidades, assim, uma ação docente voltada para intervir na zona
de desenvolvimento proximal do sujeito aprendente. Para tanto, é
necessário investir na: preparação da equipe educacional e dos
professores; o apoio adequado e recursos especializados, quando
forem necessários; assim, como a operacionalização de adaptações
curriculares. (BRASIL, 2002).
21

Na atualidade, principalmente com a garantia da Política


Nacional da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva
(BRASIL, 2008), muitas são as garantias legais quanto a atendimentos
de apoio especializado, ou seja, serviços educacionais oferecidos para
suprir as necessidades educacionais do educando, e não as
necessidades especiais, em turno contrário ao da classe comum,
oferecidos pelas escolas especiais; centros ou núcleos educacionais
especializados, instituições públicas e privadas de atuação na área de
educação especial, em parceria com as áreas de assistência social e
saúde.
A necessidade da inclusão escolar é uma realidade no sistema
educacional brasileiro. Porém esta inclusão apresenta-se nos
documentos e legislações apenas como uma intenção, possibilitando o
direito de todos à educação de qualidade. Entende-se, que o sistema
educacional deve ofertar as condições necessárias à efetiva realização
da inclusão na escola, que por sua vez, não deve apenas inserir o aluno
com deficiência visual, mas proporcionar meios que garantam a
aprendizagem do mesmo. Como destaca Sassaki (1998), a

[...] inclusão escolar é uma forma de inserção em que a escola comum tradicional é
modificada para ser capaz de acolher qualquer aluno incondicionalmente e de
propiciar lhe uma educação de qualidade. Na inclusão, as pessoas com deficiência
estudam na escola que frequentariam se não fossem deficientes (SASSAKI, 1998, p.
8).

Nesse sentido, Bueno (1998, p. 20) afirma que “[...] não basta
inserir os alunos com deficiência no ensino regular, é preciso que nós
estruturemos para eles um serviço de qualidade”. É preciso está aberto
às possibilidades, buscar olhar o indivíduo com o sem deficiência a
partir de suas habilidades e capacidades e não focar apenas nas
limitações oriundas da deficiência.
No cotidiano da escola regular, o educador pode observar
como está o desempenho do estudante com deficiência visual, pois as
atividades diárias são um grande “espelho” para que possamos
perceber como o estudante se orienta e se locomove, alimenta-se,
22

brinca e até como usa sua visão na realização das atividades práticas e
escolares.
Importante esclarecer que na escola, o aluno com baixa visão
tende a ter dificuldades de percepção em determinadas circunstâncias
devido sua visão oscilar entre ver e não ver. E assim, muitos
professores costumam confundir ou interpretar erroneamente algumas
atitudes e condutas de alunos com baixa. Essas dificuldades estão
relacionadas aos objetos localizados em ambientes mal iluminados ou
muito claro e ensolarado, objetos ou materiais que não proporcionam
contraste, objetos e seres em movimento, visão de profundidade,
percepção de formas complexas, representação de objetos
tridimensionais, e tipos impressos ou figuras não condizentes com o
potencial da visão.
Neste contexto é possível fazer a Avaliação Funcional da
Visão, que pode ser de grande importância para crianças pré-verbais
ou em crianças com deficiências associadas: comprometimento
intelectual, físico ou sensorial. (BRUNO, ano1997, p.9). Por isso, a
avaliação funcional da visão revela dados qualitativos de observação
informal nos níveis de desenvolvimento visual, funcional quanto à
necessidade de adaptação à luz e aos contrastes e as adaptações
ópticas, não-ópticos e equipamentos de tecnologia avançada.
O trabalho com alunos com deficiência visual,
principalmente do estudante com Baixa visão, baseia-se no princípio
de estimular a utilização plena do potencial de visão e dos sentidos
remanescentes, e a partir disso compreender e ajudar na superação de
dificuldades e conflitos emocionais. Para isso é necessário que o
professor conheça e saiba identificar, por meio da observação
contínua, alguns sinais ou sintomas físicos característicos e condutas
frequentes no aluno com deficiência visual.
A partir dessa observação contínua o professor será possível
perceber: a tentativa de remover manchas, esfregar excessivamente os
olhos, franzir a testa, fechar e cobrir um dos olhos, balançar a cabeça
ou movê-la para frente ao olhar para um objeto próximo ou distante,
levantar para ler o que está escrito no quadro , em cartazes ou mapas,
23

copiar do quadro negro faltando letras, tendência de trocar palavras e


mesclar sílabas, dificuldade na leitura ou em outro trabalho que exija o
uso concentrado dos olhos, piscar mais que o habitual, chorar com
frequência ou irritar-se com a execução de tarefas, tropeçar ou
cambalear diante de pequenos objetos, aproximar livros ou objetos
miúdos para bem perto dos olhos, desconforto ou intolerância à
claridade. Esses alunos costumam trocar a posição do livro e perder a
sequência das linhas em uma página ou mesclar letras semelhantes,
assim como,demonstram falta de interesse ou dificuldade em
participar de jogos que exijam visão de distância. (BRASIL, 2003)
Os professores devem conhecer o desenvolvimento global do
aluno, o diagnóstico, a avaliação funcional da visão, o contexto
familiar e social, bem como as alternativas e os recursos disponíveis
para facilitar o planejamento de atividades e a organização do trabalho
pedagógico, assim o educando com deficiência visual terá uma
Educação de qualidade.
Desta forma, conhecer os alunos, suas capacidades também
implica em não ignorar as dificuldades, e sim, perceber que toda
criança com deficiência visual possui características, interesses,
habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas e que o
sistema e programas educacionais implementem nas escolas regulares
uma pedagogia centrada no educando com deficiência visual,
satisfazendo as suas necessidades. Segundo (BARBOSA, 2006, p.2)
para que os educandos com deficiência visual aumentem sua
capacidade de atenção, de comunicação, interação com o meio e
atividades educativas em um pequeno espaço de tempo se estivessem
nas salas de aula especiais.
Neste contexto, Machado (2005) diz que os alunos com
deficiência visual que estão incluídos numa escola regular, passam a
adquirir as experiências naturais das capacidades humanas
diretamente com a realidade vivida no cotidiano.
Machado (2005) ressalta que, quando a pessoa com
deficiência visual recebe oportunidades iguais de ensino em relação a
outras crianças, demonstrarão crescente responsabilidade, podendo até
24

manifestar aprendizagem acelerada. Provavelmente sentir-se-ão bem


preparados para a vida adulta em uma sociedade tão diversificada
quanto à escola, que deve reproduzir a vida como ela é e não como
gostaríamos que fosse (MACHADO, 2005).
Precisamos considerar que cada ser humano é único e, apesar
da deficiência em comum, ela se manifesta de forma singular no
desenvolvimento de cada sujeito. Dessa forma, o caminho para sua
aprendizagem precisará ser descoberto nas interações educacionais, na
observação do desempenho demonstrado nas atividades propostas.
Para que o professor desperte o interesse do aluno com baixa
visão e desenvolva a sua capacidade de enxergar, deve-se desenvolver
a eficiência visual, estabelecer o conceito de permanência do objeto, e
facilitar a exploração dirigida e organizada. As atividades realizadas
na escola devem proporcionar prazer e motivação, estabelecer o
desenvolvimento do educando a uma autonomia, sendo um dos
objetivos principais da estimulação visual. (MACHADO; MERINO,
2009).
Para que a educação seja promovida nas escolas de forma
inclusiva, faz-se necessário o desenvolvimento de comportamentos
cooperativos entre todos que defendem a mudança no ambiente
escolar, no âmbito administrativo e principalmente nas mudanças no
âmbito das salas de aula. (STAINBACK; STAINBACK,1999)
As adaptações curriculares são possibilidades educacionais
de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. É possível
adaptar o currículo regular para torná-lo apropriado às características
de alunos com deficiência visual, ou seja, um currículo flexível que
atenda a todos os educandos. (BRASIL,2003)
Visando essa organização o processo de aprendizagem do
educando com deficiência visual, o Mec (BRASIL, 2002) orienta que
as adaptações curriculares estão divididas em significativas e não-
significativas. As adaptações significativas do currículo visam ajudar
o educando nas suas necessidades para aprender, na tentativa de não
ocorrer à exclusão do mesmo, ou seja, introduz adaptações e
modificações dos critérios de avaliação e promoção.
25

Quanto às adaptações não Significativas caracterizam-se pela


priorização dos conteúdos, adaptação e modificação e técnicas e
instrumentos, aos procedimentos didáticos e às atividades. (Idem)
Importante esclarecer que para a inclusão dos estudantes com
deficiência visual, não basta apenas realizar as adaptações
curriculares, apesar de já representar um grande passo, é preciso
também que os sistemas de ensino viabilizem redes de apoio para o
professor do ensino regular, de forma que ele receba orientação e
recursos que auxiliem no processo de aprendizagem dos estudantes.
Dentre os serviços disponibilizados pela rede de apoio está o
atendimento educacional especializado que

deve estar disponível em todos os níveis de ensino escolar (básico e fundamental),


de preferência nas escolas comuns da rede regular. Esse é o ambiente escolar mais
adequado para garantir o relacionamento do aluno com seus pares de mesma idade
cronológica e para a estimulação de todo o tipo de interação que possa beneficiar seu
desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo. (BRASIL, 2007, p.26)

Nesse sentido o Atendimento Educacional Especializado –


AEE representa uma das ações que podem ser mais significativas na
aprendizagem dos estudantes com deficiência visual, principalmente
porque deve atuar em parceria com o professor da classe comum do
ensino regular. Vale ressaltar que, de forma alguma o AEE pode
substituir a escolarização no ensino comum, sua função essencial é de
suporte às necessidades educacionais específicas dos estudantes,
visando contribuir em seu processo de construção do conhecimento.

1.2.3 O papel do Atendimento Especializado de Atendimento-


AEE na educação de pessoas com necessidades especiais.
O AEE foi criado com o objetivo de dar suporte a educação
regular da educação básica, possibilitando, dentre outras ações, a
formação profissional e a integração do cego na sociedade. Em 1946,
com a instalação da Fundação para o Livro do Cego no Brasil, hoje
Fundação Dorina Nowill, foram realizados os primeiros atendimentos
educacionais a alunos com deficiência visual matriculados no Sistema
Estadual de Ensino. (BRASIL, 1995).
26

Devido às dificuldades na ampliação dos serviços de


atendimento para deficientes visuais, face à carência de professores
especializados, insuficiência de materiais para estudos e pesquisas dos
alunos, tanto em braille quanto em livros ampliados, surgiram nos
últimos anos alguns centros especializados para dar suporte ao
atendimento destes alunos.
O primeiro deles, criado em 1994 pela Secretaria de Estado
da Educação de São Paulo, cujo projeto serviu de modelo para os
demais, foi o Centro de Atendimento Pedagógico para Deficientes
Visuais – CAP.
O Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas
com Deficiência Visual, institucionalizado pelo Ministério da
Educação através da Secretaria de Educação Especial é resultado de
um trabalho conjunto entre esta Secretaria e as entidades filiadas à
União Brasileira de Cegos - UBC (Associação Brasileira de
Educadores de Deficientes Visuais, Instituto Benjamin Constant e
Fundação Dorina Nowill para Cegos).
O objetivo do Projeto CAP é garantir às pessoas cegas e às de
baixa visão o acesso ao conteúdo programático desenvolvido na
escola de ensino regular, assim como acesso a literatura, à pesquisa e à
cultura por meio da utilização de equipamentos da moderna tecnologia
e da impressão do livro em Braille.
Uma das alternativas para dinamizar e favorecer a integração
dos deficientes visuais consiste, principalmente, na produção de
material impresso em Braille, na ampliação de textos, na adaptação de
materiais, na qualificação de recursos humanos e outros recursos
necessários ao processo de ensino e aprendizagem do aluno.
Além do atendimento específico ao deficiente visual, o CAP
orienta pais e professores das escolas onde os alunos estão
matriculados, além de organizar programas e cursos para formação
continuada e de capacitação dos professores especializados da rede,
colocando à disposição dos mesmos bibliografia atualizada, materiais
de apoio e equipamentos de última geração para uso deles e de seus
alunos.
27

Desta forma os CAPs poderão se estruturar oferecendo


serviços através de :
Núcleo de Produção Braille - Constitui-se em um
conjunto de equipamentos e tecnologias que tem por objetivo a
geração de materiais didáticos pedagógicos como livros e textos em
braille, ampliados e sonoros para distribuição aos alunos matriculados
no ensino regula (prioritariamente no ensino fundamental) bibliotecas
e escolas especializadas. Responsabilizando-se também, pela
adaptação de materiais com a finalidade de complementação didática-
curricular do ensino comum, como: mapas, gráficos, tabelas e outros.
Núcleo de Apoio Didático Pedagógico - Compreende
um espaço contendo acervo de materiais e equipamentos específicos
ao processo de ensino e aprendizagem, tendo a função de apoiar
alunos, professores e comunidade. Visa ainda promover curso de
atualização, aperfeiçoamento ou capacitação em serviços para
professores, além de cursos específicos da área de educação para pais
e comunidade.
Núcleo de Tecnologias - Constitui-se em um conjunto
de equipamentos e materiais especializados ou adaptados, com o
objetivo de promover a independência do educando com deficiência
visual, por meio do acesso e utilização da tecnologia moderna para a
produção de textos, estudos, pesquisas e outros.
Núcleo de Convivência - Espaço interativo planejado
para favorecer a convivência, troca de experiências, pesquisa e
desenvolvimento de atividades lúdicas e culturais, integrando usuários
com ou sem deficiência.
Hoje, quase todos os Estados da Federação contam com este
serviço de apoio. Segundo depoimento de alguns professores
especializados, o CAP veio suprir, em parte, uma das necessidades
básicas do aluno que é poder ter em mãos seus livros e textos
didáticos quase ao mesmo tempo que os colegas de classe.
No que concerne a educação das pessoas com deficiência
visual, são necessárias algumas complementações curriculares,
28

também oferecidas por meio dos serviços do CAP, de forma a


possibilitar o pleno desenvolvimento do sujeito aprendente, são elas:
a) Atividade de Vida Autônoma – AVA, definida por Gil (2000, p.11)
como uma“preparação para a vida: capacita para o prazer da
autossuficiência, liberta da ajuda e da proteção excessivas e motiva
para o crescimento pessoal, por meio de atitudes e valores positivos”.
Dessa forma, a AVA refere-se ao domínio das habilidades da
vida diária de pessoas, na busca por desenvolver a autonomia de cada
um no seu cotidiano. Essa autonomia parte desde o princípio de saber
se arrumar direito, a cozinhar uma comida simples, organizar e
localizar seus pertences. Essa atividade de vida autônoma se estenderá
para a prática de como pedir ajuda quando necessário. Segundo
(MARTIN; BUENO, 1993), para que haja essa interação com a pessoa
deficiente visual a família deve ser orientada e envolvida nas
atividades práticas com a ajuda do professor da sala de recursos ou
itinerante.

b) Orientação e mobilidade, que está se referindo a uma vida autônoma e


independente, e para que isso ocorra à pessoa com deficiência visual,
tem que permitir uma relação com o mundo que o rodeia. Logo,
possibilitar à orientação e mobilidade do cego é dar-lhe condições de
usufruir e exercer o direito de ir e vir com total independência,
segundo (MARTIN; BUENO, 1993, p.340).

c) Desenvolvimento sensorial- através dos nossos cinco sentidos que


deciframos o
mundo que está em a nossa volta e tomamos consciência de tudo e de
nós mesmos. Assim, é fundamental a estimulação da visão, tato,
olfato, paladar e audição.
A visão é o principal órgão, pois conseguimos discriminar,
conhecer e interpretar os estímulos captados, e isso, é de suma
importância para o desenvolvimento global, pois está presente maior
parte das nossas ações. Assim, com ausência do funcionamento global
deste órgão dos sentidos, é de suma importância trabalhar os sentidos
29

remanescentes de forma que possam absorver todas as informações


externas e assim associá-las para o seu uso no dia a dia.
d) Recursos ópticos- os recursos ópticos são prescritos por oftalmologista.
Esse recurso é para os alunos com baixa visão, compostos de uma ou
mais lentes para aumentar ou ajustar a imagem visual. São lupas
(lentes de aumento), telelupas (minitelescópio) e óculos som
prescrição especiais. Para a utilização desses recursos é usado por
qualquer pessoa com baixa visão, independente da idade, porém para
o sucesso desses benefícios no desenvolvimento da aprendizagem, é
necessário que haja a compreensão de sua necessidade
(BRASIL/SEF/SEESP, 2002).

e) Tecnologia e Informática - Sistemas de Voz (programas de


informática)- as pessoas com deficiência visual precisam se socializar
com o meio externo, precisam utilizar meios não usuais para
estabelecer relações com o mundo das pessoas e os objetos que as
cercam (CORSI, 2001, p.16-21).
Hoje em dia, a informática ajuda bastante o deficiente visual
em suas pesquisas e a navegação do mundo virtual, com ajuda do
DOSVOX, JAUZ e agora já estão traduzindo os livros em áudio para
que o deficiente visual possa acompanhar os demais educando na sala
de aula.
f) Ensino do Sistema Braille – esse sistema possibilita a
pessoa com deficiência visual a construção do conhecimento da
linguagem escrita, uma vez que é através dele que ocorre o processo
de alfabetização da pessoa cega. O registro da grafia Braille pode
ocorrer de forma manual, por meio da reglete e da punção, ou por
meio de recursos industrializados como: impressora braille, máquina
de datilografia braille; instrumentos de medidas, adaptações que dão
marcas em relevo, em réguas, fitas métricas e outros.
g) Sorobã- o sorobã é um recurso utilizado é utilizado por
pessoas com deficiência visual para cálculos. Segundo (ACIC, 2004),
o sorobã é um instrumento de calcular que possibilita que o aluno
30

acompanhe de forma concreta todos os passos das operações


matemáticas”.

Os CAPs devem contar com o apoio de um especialista em


orientação e mobilidade para atuar junto aos professores e ao aluno
favorecendo seu desenvolvimento, independência pessoal,
conhecimento da escola como um todo e participação ativa em todas
as atividades, com especial destaque para as aulas de educação física
quando, geralmente, são dispensados.
Constata-se que o atendimento educacional aos portadores de
deficiente visual em Manaus, tem tido uma participação para todas as
oportunidades educacionais oferecidas no sistema comum de ensino,
tornando-se, desta forma, um grande apoio aos alunos portadores de
deficiência visual.
A oferta de adaptações curriculares já estão mais propagadas
na atualidade, o possibilita melhores condições de aprendizado aos
deficientes visuais que frequentam uma escola de ensino regular. Para
que alguns alunos possam acompanhar os colegas em sala de aula na
leitura, o CAP (Centro de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual)
oferece ainda, serviços de transcrição do livro em tinta para o Braille
ou ampliação do livro para alunos com Baixa visão.
Frente ao exposto, o CAP que implementa os serviços de
AEE, se configura como um importante rede de apoio das escolas
regulares têm a rede de apoio, para e pela escola e a comunidade,
disponibilizando respostas educativas às necessidades educacionais
para os educando com deficiência visual.
Em suma, o AEE oferece ao professor apoio técnico para
realizar alterações de diversas ordens, para que o educando com
deficiência visual possa se beneficiar em seu aprendizado sem que
utilize qualquer opção de conteúdo aleatório.
Diante de toda essa movimentação para a implantação da
escola inclusiva, muito foi discutido, porém não foi definido como
será e como poderá ser feita a qualificação dos professores que estarão
atuando diretamente com esses alunos. Os atuais currículos dos cursos
31

superiores em licenciatura estão estruturados para receber a uma


parcela da população a considerada “normal”, ignorando a presença de
uma parcela importante de estudantes, aqueles que necessitam de uma
atenção diferenciada.
Segundo Rabelo & Amaral (apud LISITA & SOUZA, 2003,
p 209) é o governo que deve subsidiar a qualificação do corpo docente
e técnico da rede regular de ensino, para prestar atendimento às
pessoas com necessidades educacionais especiais, preferencialmente e
parceria com as instituições de nível superior. Essa garantia já se tem
nos documentos legais e nas políticas públicas que se renovam a cada
mudança de governo, mas é essencial que elas sejam implementadas.
Frente a relevância do estudo para a comunidade acadêmica,
traçaremos agora os caminhos da pesquisa, na perspectiva de
compreender os procedimentos metodológicos que possibilitarão o
alcance dos objetivos.
32

CAPÍTULO II

2 Procedimentos Metodológicos.

Nesta pesquisa, objetivando a possibilidade de demonstrar


um novo olhar sobre o processo de escolarização do deficiente visual
na perspectiva inclusiva, buscamos trazer à discussão acadêmica, os
“saberes silenciados” das pessoas diretamente envolvidas no processo
de escolarização destes estudantes. Dessa forma, buscamos caminhos
metodológicos que possibilitassem compreender a dialética dos
processos educacionais da pessoa com deficiência visual, pois como
afirma MINAYO (2003, p.16), entende-se por metodologia “o
caminho de pensamento e a prática exercida na abordagem da
realidade”.
Para tanto, optou-se para o desenvolvimento desta pesquisa,
utilizar uma abordagem metodológica qualitativa na perspectiva
dialética, que se refere a uma concepção científica da realidade,
enriquecida com a prática da humanidade, do qual, o enfoque está
numa visão crítico-participativa, sendo direcionada a uma realidade
social em contínua transformação.

Portanto, para a dialética, as coisas não são analisadas na qualidade de objetos fixos,
mas em movimento. Nem uma coisa está “acabada”, encontrando-se sempre em vias
de se transformar, desenvolver, o fim de um processo é sempre o começo de outro.
(LAKATOS, 2007, p.101)

Nesta perspectiva, objetiva-se conhecer a realidade da


educação do estudante com deficiência visual, ligada aos aspectos
educacionais, desenvolvidos pelo atendimento educacional
especializado realizado pelo CAP (Centro de Apoio Pedagógico às
Pessoas com Deficiência Visual), tanto no que se refere ao
atendimento ao educando quanto ao educador da escola regular.
33

Na busca por uma metodologia que melhor responda a


obtenção de dados científicos que comprovem a importância do CAP
(Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual) no
processo de Inclusão do deficiente visual no ensino regular, esta
pesquisa tem como foco de análise nos transportar para a reflexão das
trajetórias escolares dos estudantes com deficiência visual no que se
refere à educação básica.
Destacamos como objetivos desta pesquisa:
Objetivo Geral: Analisar a contribuição do CAP - Centro de Apoio
Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual para a educação na
perspectiva inclusiva.
Objetivos Específicos:
1. Fazer o levantamento de quantos estudantes com deficiência visual
estão incluídos na rede estadual de ensino atendidos pelo CAP -
Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual.
2. Realizar a observação direta das ações pedagógicas desenvolvidas pelo
do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência
Visual para a promoção da educação inclusiva.
3. Refletir sobre a contribuição do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às
Pessoas com Deficiência Visual para a educação na perspectiva
inclusiva.

Assim, nessa busca por entender as relações possíveis dessas


trajetórias no processo de educação inclusiva, que desenvolvemos a
pesquisa campo para a construção de dados empíricos, legislações e
referenciais teóricos, por compreendermos que direcionar nossos
olhares apenas para a epistemologia como parâmetro ao estudo do
saber, não nos permitiria olhar as transformações fundamentais na
dialética do conhecimento, pois estas permitem orientar a análise não
só na direção “episteme” (resultado das ciências já constituídas), mas
também na do comportamento, das lutas, dos conflitos, das decisões
(FOUCALT, 1969).
34

Logo, como procedimentos de coleta de dados, optou-se por


trabalhar com fontes orais, fontes documentais, observação direta e
entrevista semiestruturada (com o auxílio do gravador).
O material coletado e analisado é utilizado para ajudar nas
evidências de outras fontes; como a abordagem qualitativa que se
preocupa com uma visão sistêmica do objeto de estudo, tentando
explicar a realidade por meio da totalidade através de estudo da
complexidade dos problemas sociopolíticos, econômicos, culturais e
educacionais. (OLIVEIRA, 2007)
As fontes orais não são apenas uma coleta de dados para
depois arquivar, com intuito de guardar a memória, mas sim oferecer
mais subsídios a sua interpretação de vários aspectos (QUEIROZ,
1991). Estas fontes referem-se ao procedimento dos relatos orais,
facilitando construirmos uma visão mais concreta da dinâmica do
funcionamento e das variadas etapas que os estudantes com
deficiência visual perpassaram na trajetória do grupo social a qual
pertencem.
Portanto, este trabalho nos possibilita dar voz aos sujeitos
com deficiência visual como um ser singular atuante numa história
que tem sentido transformador. A partir disso, refletimos sobre a
história de vida do estudante com deficiência visual no contexto social
e histórico. E assim, a fonte oral será capaz desses “saberes
silenciados” serem transportados:

Acreditando que lhe dar a palavra é uma forma de começar a romper com o
estereótipo de que não é capaz de compreender o que o cerca, dando-lhe a
possibilidade de se fazer ouvir sem ser através da voz do outro. (SANTOS, 2006,
p.71).

Dessa forma, esta pesquisa direciona-se conforme o caminho


que o concurso dos conhecimentos estão disponível e a forma da
utilização de métodos cuidadosamente realizados, técnicas e outros
procedimentos científicos. (GIL, 2002, p.17)
Neste caso, o conhecimento de métodos e técnicas que
possam contribuir com o desenvolvimento da pesquisa é de grande
35

importância para a construção do conhecimento que irá ser percorrido


durante o caminho (Minayo,1993). A interação do conhecimento junto
à realidade proporciona uma curiosidade que instiga a um encontro
com uma nova ciência, permitindo desta forma com que ocorram
indagações que possibilitem em um desejo do encontro dessas
respostas (Demo, 1996). A pesquisa além de ser um intermediário do
conhecimento junto à realidade também ajuda a interpretar problemas
e encontrar soluções através das coletas de dados, assim abrindo as
portas dos desconhecidos nos mostrando um olhar diferenciando para
um novo mundo.

2.1 Os caminhos da Pesquisa


Depararmo-nos com determinados tipos de pesquisas que se
pode utilizar para ornar este trabalho com credibilidade científica.
Neste caso, acentuaremos as características do método do estudo de
casos em contraposição a outro tipo de metodologia existente na
pesquisa, assumindo o compromisso de facilitar a compreensão dos
fenômenos metodológicos e sociais que em geral se aplica em
diferentes áreas das ciências humanas, destacando as áreas da
psicologia, sociologia, administração assim como outras áreas que
tentaremos averiguar no processo de pesquisa.
Quanto ao método, o que possibilita melhor compreensão do
universo de nossa pesquisa, é o estudo de casos, tentando
compreender e aprofundar conhecimentos sobre uma determinada
realidade, os padrões culturais, estruturais, processos históricos para
verificarmos como se dá esse processo de inclusão de alunos
deficientes visuais numa escola regular com o intuito de entender qual
a real necessidade desses procedimentos para que haja uma aquisição
que nos proporcione entender esse processo de inclusão e
aprendizado.

O estudo de casos consiste de acordo com BOGDAN e


BIKLEN (1941, p. 89) “na observação detalhada de um contexto, ou
indivíduo, de uma única fonte de documentos ou de um acontecimento
36

específico.” Dessa forma, tenta esclarecer uma decisão ou conjunto de


decisões, investigando um fenômeno contemporâneo dentro do
contexto real, no caso desta pesquisa, a contribuição do CAP- Centro
de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual, descrevendo
o contexto da vida real estabelecendo lógicas que ligará dados das
proposições estudadas.

Neste estudo de casos houve uma dedicação a estudos da


trajetória dos estudantes com deficiência visual nas interações
ambientais (sócio-econômica, política, cultural) de uma unidade,
desde os profissionais do CAP, professores e estudantes atendidos
pelo CAP (Centro Pedagógico de Apoio às Pessoas com Deficiência
Visual (indivíduo, grupo, instituições ou comunidade), selecionada
por especificidade.

Para a coleta de dados em um Estudo de Caso devemos


utilizar múltiplas fontes de evidência, construir uma base de dados
para a formação de uma cadeia de evidências. Para BARBOSA E
MIKI (2007, p.77), o Estudo de Caso possibilita análise de diferentes:

Tipos de estudos, embora, se atenham a uma temática específica, se circunscrevem a


uma situação, a um caso específico, localizado e delimitado [...] os resultados
obtidos com o estudo de um caso não podem ser usados para confirmar outros,
mesmo que se encontrem na mesma categoria ou situação, pois os sujeitos, o
momento, a situação e o contexto de inter-relações jamais serão os mesmos.

2.1.1 Tipo de Pesquisa

A pesquisa caracteriza-se com abordagem qualitativa, por ser


um fenômeno construtivo político, implicando um envolvimento
emocional. Para MINAYO (1994, p.20) a pesquisa qualitativa se
preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não
pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e
dos fenômenos que não podem ser reduzidos às operacionalizações de
variáveis.
37

Esta teoria constitui uma reflexão a partir da prática, tentando


compreender a realidade escolar do estudante com deficiência visual
descrevendo o fato a qual se desenvolve o caso estudado, qual a
função do CAP- Centro de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual,
o acontecimento e a partir disso poderemos nos aprofundar por
diferentes motivos destes fatos e assim tornar os estudantes
pesquisados como indivíduos comunicativos e participantes.
Com a abordagem qualitativa observamos, pela análise
bibliográfica e de campo, a relação entre o mundo que compõe os
estudantes com deficiência visual do CAP- Centro de Apoio às
Pessoas com Deficiência Visual e os estudantes com deficiência visual
inclusos numa escola regular de Manaus, ressaltando as diferentes
situações encontradas e vivenciadas durante este processo que
proporcionou a interação do ambiente com os sujeitos desta pesquisa.
Lankshear e Knobel (2008) dizem que o principal interessa
da pesquisa qualitativa está em compreender como as pessoas
experimentam, entendem, interpretam e participam de seus mundos
social e cultural.
Este tipo de abordagem fez com que tivéssemos uma visão do
objeto de estudo e sua complexidade no processo de inclusão numa
rede de ensino regular, visando buscar informações para a explicação
das características de cada contexto no qual se encontra o objeto de
pesquisa. A opção por uma abordagem tem como fundamento a
relação entre o mundo real, objetivo, concreto e o sujeito, uma vez que
apresenta características importantes de construção de uma reflexão a
partir da prática, e com isso tentar compreender a realidade
descrevendo o fato no qual se desenvolve o acontecimento e nos
aproximando dos diferentes motivos, fatos e assim, tornando os
indivíduos comunicativos e participantes.

2.1.2. A Pesquisa de campo


A pesquisa de campo a qual possibilita informações acerca
do problema para o qual se procura uma resposta, porém não deve ser
38

confundida com a coleta de dados, pois a pesquisa exige controles


adequados e com objetivos pré-estabelecidos que vá determinar o que
deverá ser coletado.

Segundo Lakatos e Marconi (2007, p.188), “a documentação


direta constitui-se, em geral no levantamento de dados no próprio
local onde os fenômenos ocorrem.” A utilização desta pesquisa neste
trabalho consistiu na ida do pesquisador a campo e consequentemente
na construção teórica que foi elaborada nos diversos momentos de
interação entre pesquisador e pesquisados no campo.

Segundo Gil (2009, p. 53):

O estudo de campo apresenta algumas vantagens em relação principalmente ao


levantamento. Como é desenvolvido no próprio local em que ocorrem o fenômeno,
seus resultados costumam ser mais fidedignos. [...] e como o pesquisador apresenta
nível maior de participação, torna-se maior a probabilidade de os sujeitos
oferecerem respostas mais confiáveis.

E durante o período de estadia no CAP - Centro de Apoio às


Pessoas com Deficiência Visual, fomos encaminhados, durante a
pesquisa, a diferentes ambientes, observando melhor os momentos de
aprendizagem do estudante com deficiência visual, os estudos dos
professores em formação, os recursos utilizados para a inclusão desses
alunos numa escola regular de ensino.

2.1.3 Universo da pesquisa

Para compreensão da contribuição do atendimento


educacional especializado – AEE para o estudante com deficiência
visual incluído no ensino regular, o local de pesquisa é a cidade de
Manaus e como universo deste, o CAP (Centro de Apoio às Pessoas
com Deficiência Visual), considerando ser este o local oficial para o
desenvolvimento do AEE na rede estadual de ensino para as pessoas
com deficiência visual.

Quanto à amostra deste universo de pesquisa, destacamos os


07 educadores do CAP, que atuam em diversas áreas de formação; 02
39

estudantes com deficiência visual incluídos nas classes comuns da


escola regular; e 02 professores de classe comum que atendem
estudantes com deficiência visual em escola inclusiva, profissionais
este em processo de formação continuada pelo CAP.
Importante ressaltar que inicialmente, foram pensados 08
profissionais do CAP, no entanto, a professora que atua no ensino do
Sistema Braille estava de licença médica, o que inviabilizou a coleta
de dados. Da mesma forma, pensou-se em entrevistar, pelo menos, 3
professores que atuam com educação inclusiva, mas houve resistência
da maioria dos consultados em responder as questões e, como o
critério para participação da pesquisa baseia-se na adesão voluntária,
foi possível entrevistar apenas 02 professores de classe comum. Da
mesma forma, destacamos a dificuldade no consentimento à
participação dos estudantes com deficiência visual, sendo possível a
coleta de dados com apenas 02.

2.1.4 Instrumentos de Coleta de Dados

Foi de grande importância realizar a observação direta


durante a pesquisa, pois possibilitou interagir com os sujeitos, se
tronando de grande relevância para a coleta de dados. Segundo
Lakatos e Marconi (2007, p.196) este tipo de participação “consiste na
participação real do pesquisador com a comunidade ou o grupo”.

Assim, a observação direta possibilitou estabelecer o vínculo


de confiança e respeito com os participantes da pesquisa, mostrando a
importância da investigação, da relação que há numa perspectiva
comprometida com o distanciamento entre o pesquisador e os sujeitos
pesquisados.

Outro instrumento de coleta de dados utilizado foi a


entrevista semiestruturada, tendo um roteiro orientador da coleta de
dados construído com base nos objetivos da pesquisa. De acordo com
(GIL, 1987, p. 124), é o Instrumento de investigação composto por
40

questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o


conhecimento de opiniões, interesses, situações vivenciadas etc.

Estabelecidos os caminhos metodológicos da pesquisa,


passaremos a apresentação, reflexão e análise dos resultados
alcançados na pesquisa de campo desenvolvida no CAP – Centro de
Apoio Pedagógico às Pessoas com deficiência visual na cidade de
Manaus, objetivando refletir sobre a educação na perspectiva
inclusiva.
41

CAPITULO III

3 O Atendimento Educacional Especializado às pessoas com


deficiência visual: a atuação do CAP – Centro de Apoio às Pessoas
com Deficiência Visual na rede estadual de ensino no contexto
educacional inclusivo.

O presente capítulo visa apresentar a análise dos dados da


pesquisa intitulada “A Educação da Pessoa com deficiência visual na
perspectiva inclusiva: um estudo de caso sobre o CAP- Centro de
Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual na cidade de
Manaus”. Assim, propõe apresentar os resultados alcançados na
pesquisa de campo realizada no CAP – Centro de Apoio às Pessoas
com Deficiência Visual, que desenvolve o atendimento educacional
especializado com estudantes com deficiência visual incluídos nas
escolas regulares da cidade de Manaus.
Os resultados obtidos na coleta de dados da pesquisa serão
apresentados a partir da fala dos participantes nas entrevistas,
seguindo com a análise das respostas e a busca por responder ao
objetivo geral desta pesquisa que é: Analisar a contribuição do CAP -
Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual para
a educação na perspectiva inclusiva. Para tanto, buscamos ouvir os
principais envolvidos no processo de inclusão da pessoa com
deficiência visual: professores das classes comuns das escolas
regulares, estudantes com deficiência visual e os professores do
atendimento educacional especializado.

3.1 Caracterizando o espaço da pesquisa

Para o desenvolvimento dessa pesquisa, foi escolhido como


campo de estudo o CAP - Centro de Apoio às Pessoas com
Deficiência Visual, no qual são desenvolvidas atividades de suporte à
42

pessoa com deficiência visual, estejam elas incluídas em escolas


regulares do ensino fundamental ou pertencente à sociedade
amazonense.
Este espaço foi criado em 2005, tendo como finalidade,
auxiliar o desenvolvimento educacional e na reabilitação de pessoas
com deficiência visual, assim como, na formação de professores,
construção de material pedagógico adequado às necessidades dos
estudantes e professores, e na orientação para a educação na
perspectiva inclusiva.
O CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com
Deficiência Visual está localizado na Escola da Cidadania Mayara
Redman Abdel Aziz, situada na Zona Centro Sul da cidade de
Manaus, inaugurada através do Decreto nº 25.405, de 03 de novembro
de 2005, sob a coordenação da Gerência de Atendimento Educacional
Específico da Secretária de Estado da Educação e Qualidade de
Ensino - SEDUC, vinculada a Gerência Distrital 03.
O Projeto Político Pedagógico – PPP da escola ainda está
sendo adaptado às necessidades educacionais especializadas da
comunidade escolar, isso porque, como nos diz Vasconcelos (2000, p.
20) esse documento reflete a filosofia e a identidade educacional da
instituição, sendo um processo que requer organização e integração na
construção das atividades práticas com o compromisso de construir
uma ação educativa da equipe da Escola. Sendo assim, para melhor
representar a identidade educacional desta instituição, de acordo com
a direção da escola, o PPP está sendo construído com participação dos
professores, funcionários, pais e responsáveis, tendo como ênfase a
Educação Especial desenvolvida numa perspectiva inclusiva.
Ressaltamos que o CAP direciona suas ações para o
atendimento pedagógico e de suplementação didática às pessoas com
deficiência visual, este oferece muitos serviços e apoio para que haja
uma inclusão no ensino regular, assim como, a construção do
conhecimento de forma mais significativa.
No organograma a organização da SEDUC – Secretaria de
Estado da Educação e Qualidade de Ensino, o CAP está subordinado a
43

Gerência de Atendimento Educacional Específico, setor responsável


pela implantação e implementação de ações políticas e educacionais
(formação do professor, livros didáticos, programas educacionais)
direcionadas às pessoas com necessidades especiais, e ao Distrito III,
responsável em viabilizar a consolidação das ações educativas
diferentes zonas geográficas da cidade de Manaus. Assim, a estrutura
administrativa na qual o CAP está inserido pode ser assim
representada:

Figura 01: Organograma da SEDUC para compreensão da estrutura organizacional


que envolve o CAP, conforme dados coletados durante a pesquisa de campo

Neste trabalho, dentre os centros de apoio especializado,


focaremos nossa atenção para o CAP- Centro de Apoio às Pessoas
com Deficiência Visual, por tratar-se de apoio e suplementação
didática ao sistema de ensino a pessoas com deficiência visual.

Figura 1 – Escola Estadual de Figura 2 – CAP – Centro de Apoio


Atendimento Específico Mayara Pedagógico para Atendimento às
Redman Abdel Aziz Pessoas com Deficiência Visual
44

3.2 Caracterizando os sujeitos da pesquisa.

Os sujeitos da pesquisa podem ser apresentados,


quantitativamente, da seguinte forma: 07 professores que trabalham
no CAP - Centro de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual; 2
professores de classe comum que atendem estudantes com deficiência
visual incluídos nas escolas regulares da rede; e, 02 crianças que estão
incluídas no ensino regular e recebem o atendimento educacional
especializado – AEE pelo CAP.
Para melhor compreensão dos sujeitos da pesquisa,
apresentamos a seguinte tabela:

Tabela 1: Caracterização dos participantes da pesquisa.

Sujeitos da Formação Tempo de Experiência na Função


pesquisa Acadêmica atuação no Educação
magistério Especial
1- Prof. R - Sexo Pedagogia e 16 anos 16 anos Coordenadora e
Feminino formação de Professora
professores
2- Prof. L - História 03 anos 02 anos Professora e
Sexo Feminino núcleo de
inclusão
3- Prof.RS - Pedagogia – 15 anos 05 anos Professora
Sexo Feminino pós-graduação
em Educação
Especial.
4- Prof.N - Normal 14 anos 08 anos Professora
Sexo Feminino Superior
5- Prof.G - Pedagogia 06 anos 05 anos Professora
Sexo Feminino
6- Prof.F - Educação Física 10 anos 03 anos Professor
Sexo Masculino
7- Prof.J- Educação Física 06 anos 01 ano Professor
Sexo Masculino
8-Prof.S. - Pedagogo 08 anos 01 ano Professor
Sexo Masculino
9- Al.B. - ------------- ---------- Idade 13 anos Estudante
Sexo Feminino
10-Al.C. – -------------- -------------- Idade 15 anos Estudante
Sexo Feminino
45

A escolha dos participantes da pesquisa ocorreu na


preocupação de ouvir os principais envolvidos no processo
educacional de pessoas com necessidades especiais, além de ouvir
uma amostra dos principais usuários dos serviços oferecidos pelo
CAP: estudantes incluídos nas classes comuns da rede estadual e
professores do ensino regular.

3.3 Contextualizando os resultados da pesquisa

As análises dos resultados alcançados na pesquisa de campo


visaram responder ao objetivo geral anteriormente citado neste
capítulo, por meio dos seguintes objetivos específicos: 1) Fazer o
levantamento de quantos estudantes com deficiência visual estão
incluídos na rede estadual de ensino e atendidos pelo CAP - Centro de
Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual; 2)
Compreender as ações pedagógicas desenvolvidas pelo do CAP -
Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual para
a promoção do desenvolvimento dos estudantes na perspectiva da
educação inclusiva; e, 3) Refletir sobre a contribuição do
atendimento educacional especializado para a educação na perspectiva
inclusiva.
Importante destacarmos inicialmente, que alguns
participantes da pesquisa não responderam todas as perguntas,
afirmando não ser possível responderem porque desconheciam as
respostas com base na legislação, fato que demonstra que, mesmo os
profissionais que estão implementando as políticas públicas ainda
precisam de maior incentivo, tanto na sua formação continuada como
em sua autoformação.
Para melhor compreensão dos resultados, organizamos os
dados por meio das seguintes categorias de análise: 1) Percepção dos
professores e estudantes sobre a Educação na perspectiva inclusiva; 2)
Adaptações Curriculares para o atendimento à pessoa com deficiência
visual na perspectiva da educação inclusiva; 3) Estudantes Incluídos
46

no ensino regular: quantidade versus qualidade; 4) Contribuição do


CAP para a Educação na perspectiva inclusiva.

3.3.1 Percepção dos professores e estudantes sobre a Educação na


perspectiva inclusiva.

Em entrevista realizada com os professores atuantes no CAP-


Centro de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual buscou-se
verificar quais as suas percepções sobre a inclusão dos alunos com
deficiência visual no ensino regular. Os referidos professores, em
resposta à pergunta 01 da entrevista semiestruturada: O que é
educação inclusiva?

Prof. L.: Educação inclusiva nos dias de hoje é uma democratização da escola onde
é permitido ao aluno ter acessibilidade juntamente com os outros ditos normais.

Prof. G.: Como o próprio nome já indica, a palavra inclusão deve influenciar em
todas nossas atitudes, aí agente entra no ambiente escolar, então a escola é o único
local onde todas as pessoas tem acesso, sejam ricos ou pobre, portador de alguma
deficiência, principalmente no ambiente escolar essa palavra tem sentido amplo de
inclusão de dar oportunidade a todas as pessoas sem nenhum afastamento, sem
colocar nenhuma a par.

Prof. J.: Bom eu entendo a Inclusão como oportunidade para todos, porque antes de
existir a sigla inclusão, nós tínhamos a educação convencional onde matricula-se
aqueles considerado dito normais,os que enxergam,vêem, andam normalmente,
então as pessoas deficientes ficavam p-ara trás. E hoje o Brasil, aos poucos tem
avançado nesta questão. A educação inclusiva veio justamente para suprir as
necessidades, as pessoas deficientes, ou seja, igualdade e condições de educação
para todos.

Prof. N.: Nós sabemos que a escola vem num processo de inclusão, o que vem a ser,
nossos alunos antes eram excluídos, eles estudavam numa escola separada, numa
escola só para eles. Aí, resolveram colocar a inclusão, a escola do ensino regular
para esses alunos para que sejam incluídos na escola, para que não se sintam
diferentes. Se sentissem comum às outras pessoas.

Prof. RS.: Bom, eu entendo de educação inclusiva, é que como se a inclusão se dá de


fato tendo os alunos atendimento específico,,os alunos tendo acesso aos materiais,
porque ainda existe a integração e a inclusão. Fala-se assim: “o aluno está
integrado, o aluno está incluído”. Ele vai se integrar numa sala de aula, ele vai se
integrar aos demais. A inclusão vai se dá de que forma? Eu vou atender específica as
necessidades dele quanto ao material didáticos quanto a aprendizagem? Desde que
os professores também estejam preparados, material didático para atender cada um,
atender de acordo com a necessidade de cada um, há de se pensar que cada um é
diferente um do outro. Para que um aluno matriculado no ensino regular se sinta
integrado, incluído na escola, faz necessário para que ele tenha essas ferramentas,
47

quanto dessas ferramentas didáticas, quanto da parte humana mesmo, do profissional


para trabalhar comesse aluno.

Prof. R.: A educação inclusiva se dá através não apenas da inclusão do deficiente


visual, colocou o aluno na sala e pronto. Tem que haver um comprometimento com
esses alunos no seu aprendizado, no seu bem estar. Porque é isso que todos querem.

Prof. F.: Educação Inclusiva o aluno que tiver alguma deficiência deve ser preparado
par ser incluído junto como os alunos ditos normais (Ser inclusos na escola comum e
no mercado de trabalho).

Iniciando nossa análise, é fundamental enfatizar no século 21


a educação se caracteriza pela perspectiva inclusiva, em decorrência
do movimento mundial pautado neste paradigma, sendo assim uma
ação política, cultural, social e pedagógica, objetivando atender aos
direitos de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e
participando, sem nenhum tipo de discriminação. Sendo assim, a
educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado
na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença,
buscando a equidade para todos. (BRASIL, 2008).
O que se pretende afirmar quanto às mudanças necessárias no
contexto educacional é que precisamos

confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para superá-las, a


educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da sociedade
contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da exclusão. A partir dos
referenciais para a construção de sistemas educacionais inclusivos, a organização de
escolas e classes especiais passa a ser repensada, implicando uma mudança
estrutural e cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades
atendidas. (BRASIL, 2008, p.1)

A educação inclusiva ainda é um tema a ser muito discutido,


uma vez que a escola inclusiva tem a pretensão de valorizar e respeitar
todos os alunos, sejam eles ditos “normais” ou com necessidades
especiais, cada um com a suas características individuais e
peculiaridades no desenvolvimento. É a esperança que TODOS os
excluídos nutrem na perspectiva de que seus direitos sejam
respeitados.
Essa nova fase da Educação não é apenas passageira, nas
falas dos professores percebe-se que a melhor resposta para o aluno
48

com deficiência e para todos os demais alunos é uma educação que


respeite suas características de cada estudante, que ofereça alternativas
pedagógicas que atendam às necessidades educacionais de cada aluno
(BRASIL, 2005, p.14).
Segundo Rabelo e Amaral (apud LISITA; SOUZA, 2003, p.
209) o governo deve subsidiar a qualificação do corpo docente e
técnico da rede regular de ensino, para prestar atendimento às pessoas
com necessidades educacionais especiais, preferencialmente parceria
com as instituições de nível superior.
Sendo assim, para ocorrer à inclusão educacional no ensino
regular é necessário grandes mudanças significativas no sistema
educacional, uma vez que apenas a vontade de ser realizado não
acontece sozinho é preciso que a escola tenha apoio e recursos
financeiros, para poder apresentar avanços nesta inclusão de pessoas
que possuem alguma deficiência visual e mantê-los permanentes em
uma sala de aula regular, a qual podemos verificada nas falas de
alguns sujeitos da pesquisa.
A pergunta 02 da entrevista: Como os professores tem se
manifestado em relação à educação dos estudantes com deficiência na
perspectiva da educação Inclusiva nos dias de hoje?

Prof. J.: Ainda há uma certa rejeição por parte algumas escolas, que fui gestor
educacional também, as escolas tem dificuldades nessa adaptação, transição é
preciso que o governo invista mais nas estruturas das escolas, como rampas,
materiais, máquinas em Braille.

Prof. N.: Nós sabemos que os professores, não se sentem seguros porque não estão
preparados, você trabalhar com um aluno vidente é uma coisa, você trabalhar que
tenha uma deficiência é difícil.

Prof. RS.: Os professores se mostram muito aflitos, muitos ansiosos, porque tudo é
novo e tudo funciona assim: “a sementinha foi colocada lá, foi plantada, então daqui
que ela vá florescer, vai demorar muito tempo”, se depara como sistema, com as
dificuldades do sistema de mandar materiais, de capacitar os profissionais, às vezes,
os professores passam por essa informação, pela falta de capacitação. Eles se sentem
despreparados [...]. E alguns preparados pensam: “gente como eu vou trabalhar com
esse aluno?” Às vezes na questão até do estado físico da escola, na questão da
acessibilidade. Ás vezes que não depende do professor e sim do próprio sistema.

Prof. L.: Os nossos professores precisam de treinamentos para poder atender a nossa
clientela, onde muitos dizem que realmente não tem condições. E concordo, como é
que eu vou trabalhar como o aluno que eu não sei como atendê-lo. Então precisamos
sim ter um treinamento.
49

Prof. G.: O professor hoje está sobrecarregado, são salas superlotadas, ele tem um
excesso de afazeres. Quando ele recebe o aluno com deficiência, qualquer
deficiência, ele fica assustado, porque ele se sente sozinho. Então nosso papel é de
esclarecimento, primeiro quais a possibilidades de trabalho com aquele aluno no
universo que ele atende no ensino regular. E é possível, nós temos a plena certeza de
que isso é possível.

Prof. F.: Para o professor da escola regular não chegam preparados na visão deles.
Ou seja, os professores não estão preparados.

Prof. R.: Os professores se assustam, dizem não está preparado para receber o aluno
com qualquer tipo de deficiência.

Apesar de toda a discussão e divulgação científica sobre a


temática, muitos professores ainda se apresentam resistentes com a
inclusão. Não como consequência de discriminação ou preconceito,
mas como reflexo de formação deficiente e insuficiente para o
desenvolvimento do trabalho pedagógico com os estudantes com
deficiência visual.
Na verdade, o que se percebe é que os professores não se
sentem preparados para receber um aluno com necessidades especiais,
principalmente um com deficiência visual. Isso também é um reflexo
dos estereótipos sociais de uma possível incapacidade do sujeito,
como se isso fosse resultante de sua deficiência. Essa confusão entre
deficiência e incapacidade é um enorme dificultador do atendimento a
este alunado.
É importante ser analisado que nas falas dos sujeitos, a maior
preocupação é o despreparo da maioria dos professores que estão em
classe comum, os deixam inseguros, remetendo-os ao preconceito para
como o aluno deficiente visual e consigo mesmo, achando que não é
capaz de se adequar a este aluno.
Portanto, urge investir na formação dos profissionais da
educação, não apenas para atender educacionalmente com qualidade e
de acordo com as necessidades educacionais das pessoas com
deficiência visual, mas de todos os sujeitos envolvidos no processo de
aprendizagem.
50

[...] o reconhecimento da necessidade de se caminhar rumo à escola para todos, um


lugar que inclua todos os alunos, celebre e diferença, apóie a aprendizagem e
responda às necessidades individuais. E a escola deve caminhar em busca de um
espaço educacional que atenda a todos no contato com a diversidade que os
programas educacionais devem dar acesso a todos à escola regular, que deve
acomodar os alunos em uma pedagogia centrada no sujeito, capaz de satisfazer às
suas necessidades (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p.10).

A próxima questão que analisa a educação inclusiva é a


questão 09 da entrevista semiestruturada dos professores, que
questiona quanto as parcerias importantes para que a educação
inclusiva aconteça efetivamente?

Prof. RS.: As parcerias importantes a primeira seria a família, longe dos muros da
escola, depois da família vem à escola, e da escola buscar parceria com
oftalmologista, com professor da sala de recursos, se ele tiver inserido,, parceria com
psicólogo, com outras instituições, eu acho q se tratando de deficiência quanto mais
tiver parcerias tiver melhor.

Prof. F.: As parcerias que possuem mais dinheiro, as indústrias, para investir fins
incentivos as universidades.

Prof. L.: Vamos citar divã que é um ponto importante, a própria SEDUC, pra da esse
apoio,oferecer aos alunos um ensino de qualidade sem exclusão.

Prof. G.: Acho que a palavra principal é sensibilidade. Então a partir do momento
que tudo tiver claro, que a inclusão não é só uma palavra bonita para incluir
deficiente, que essa palavra inclusão é geral, todas as pessoas necessitam de
participantes integradas.

Prof. J.: O CAP que temos aqui, as escolas especiais, são parcerias importantes,,mais
precisamos ampliar mais com as universidades, oferecendo mais cursos voltados
para a educação especial, há maiores chances para que tenha uma aprendizagem
continuada.

Prof. N.: As parcerias, nós temos a comunidade,(Resposta incompleta)

Prof. R.: Parcerias importantes, atendimento educacional especializado na escola


comum, e assim, a família é o elo entre a escola comum e o atendimento
especializado. Quando eu coloco entre a escola comum e o atendimento
especializado é entre o CAP e a sala de recurso.

É de suma importância ter parcerias, para que sejam


desenvolvidas ações com grande impacto à acessibilidade do aluno
com deficiência visual em diferentes níveis de ensino, ou seja, desde à
educação básica ao ensino superior.
51

É importante enfatizar que tais parcerias, dito com mais


ênfase nas falas dos sujeitos, tem que ter a formação dos professores,
tanto inicial ou continuada para proporcionar o conhecimento aos
principais recursos e assim atender os alunos com deficiência visual,
utilizando os tipos de materiais adequados para o aprendizado dos
alunos com deficiência visual.
Apesar das leis que garantem o direito dos alunos com
deficiência visual à educação, sabemos que o Brasil só vai conseguir
colocar todas as crianças na escola quando a educação for, de fato,
inclusiva e a escola for realmente de qualidade para TODOS. Somente
por meio da formação inicial e continuada dos professores, o Brasil
poderá, de fato, oferecer uma Educação de Qualidade para Todos.
No que concerne à educação das pessoas com deficiência
visual, vários são os profissionais que devem ser capacitados e
envolvidos no processo, tais como: professores, pedagogos,
psicólogos, terapeutas ocupacionais etc. (BRASIL, 2008). Uma das
características mais interessantes da Educação Inclusiva é que ela
deve envolver também as famílias e a comunidade. Isso significa que
a Escola Inclusiva poderá beneficiar-se com as seguintes parcerias:
universidades, organizações não governamentais, escolas SENAI,
APAEs, centros de reabilitação, entidades de pessoas com
deficiência, associações de bairro, associações comerciais locais etc.
(BRASIL, 2005).
Essa rede de parceiros, que inclui a participação da família,
será fundamental para à escola conseguir os recursos humanos e
materiais de que precisa para oferecer a melhor educação para todos
os seus alunos.
Quando solicitado aos professores que respondessem se a
escola precisa ter especialista em se quadro funcional para atender as
pessoas com deficiência (Questão 10), obtivemos as seguintes
respostas:
52

Prof. R.: Não. A sala de recursos sim, tem a obrigatoriedade de se ter atendimento
específico de cada deficiente é o profissional da sala de recurso, O professor do
ensino regular não é obrigado a sabe transcrever para Braille, se saber é bom, mais é
função do professor da sala de recurso saber transcrever para Braille, o professor de
matemática do ensino regular não é obrigado a saber sorobã, da sala de recurso sim.

Prof. L.: Seria ideal ter uma pessoa preparada.

Prof. G.: A escola precisa ter um número bem grande de profissionais em seu quadro
funcional em diferentes áreas, da psicologia a profissionais especializados, mais isso
é complicado, no quadro da Secretaria, não tem uma rubrica no concurso especifica
para educação especializada, então são professores do ensino comum que se
interessam pela educação especial e ai vão fazer cursos de formação específica.

Prof. J.: Com certeza. Mais não diria nem especialista, mais professores capacitados
para atender esses alunos, mais escolas oferecendo curso em braille, por
exemplo.Professores que saibam ler em braille, livros em braille, a parte da
informática, como o DOSVOX.

Prof. N.: Esse seria o certo, não diria ter passado pelo CAP. Porque sabemos que por
fora, você paga um professor de braile. Então é preciso que haja mais cursos para
preparo os professores.

Prof. F.: Tem que ter professores especialistas.

Prof. RS.: Sim, se faz necessário que tenha serviço social para ajudar as crianças, os
professores, a comunidade escolar vai ta ajudando e interagindo a família. Aí,
necessitaria psicólogo, serviço social, professores especialistas dentro dessa área que
tenham atendimento,para que passem essas informações, façam estudo de caso, se
reunam, planegem e caso não tenha busque ajuda fora da escola. Hoje já se tem
muitos profissionais especialistas em diversas áreas de deficiência.

Segundo a Coordenadora do CAP- Centro de Apoio às


Pessoas com Deficiência visual “é um engano comum pensar que à
Escola Inclusiva precisa ter sua própria equipe de fonoaudiólogos,
psicólogos, terapeutas ocupacionais, etc”. Muito pelo contrário, a
criança com deficiência tem direito imediato à matrícula, que não
pode ser condicionada a nenhuma avaliação preliminar e nem à
existência de profissionais especialistas na escola.
É preciso considerar que, na maioria das vezes, a inclusão de
crianças ou jovens com deficiência não precisa de profissionais
especializados e sim, uma escola com professores comprometidos
com a causa da inclusão. Mas, como foi observado nas falas da
maioria dos sujeitos entrevistados, predomina o pensar de que é
necessário um professor a mais na sala de aula, para que o aluno com
deficiência visual possa ter um atendimento, aprendizado adequado.
53

No entanto, se para possibilitar o processo de inclusão de


determinada criança ou jovem o professor considerar importante ter o
parecer ou a ajuda de um desses especialistas eles podem ajudar
fazendo palestras sobre os direitos das pessoas com deficiência e
dando assessoria sobre acessibilidade na própria escola para os alunos
ditos normais e na própria comunidade, por exemplo. O que não se
pode, é condicionar a matrícula do estudante com deficiência a um
parecer da equipe multidisciplinar, caso contrário, estaremos
retrocedendo ao paradigma de serviços, mais precisamente ao
momento da avaliação para a normalização.
Por isso é de suma importância a existência dos CAPs, que
estão presentes em diversos estados brasileiros e são responsáveis pela
capacitação dos professores da rede pública para o atendimento do
aluno com deficiência visual e pela produção de material didático-
pedagógico (como os livros em braille) para estes alunos (BRASIL,
2005, p.69).
Na perspectiva da educação inclusiva, a educação das pessoas
com deficiência visual precisa ocorrer nas classes regulares, com o
suporte do atendimento educacional especializado – AEE, uma vez
que sua função é de
identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que
eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas
necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo
substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a
formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela.
(BRASIL, 2008, p. 11).

As diretrizes da política nacional de educação especial na


perspectiva da educação inclusiva ressalta ainda que as atividades do AEE
devem está pautadas: no enriquecimento curricular, ensino de linguagens e
códigos específicos de comunicação e sinalização, tecnologia assistiva,
ensino do sistema Braille, do soroban, da orientação e mobilidade, das
atividades de vida autônoma, do desenvolvimento dos processos mentais
superiores, da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos,
da utilização de recursos ópticos e não-ópticos, dentre outros. (Idem)
54

No entanto, é fundamental destacar que esse atendimento não


é substitutivo à escolarização em classe comum do ensino regular,
mas é ofertado ao longo de todo o processo de escolarização,
necessitando esta articulado com a proposta pedagógica do ensino
comum. Esse atendimento educacional especializado precisa ser
acompanhado pelos sistemas de ensino, por meio de instrumentos que
possibilitem monitoramento e avaliação da oferta realizada nas escolas
da rede pública e nos centros de atendimento educacional
especializado públicos ou conveniados (Ibdem).

3.3.2 Adaptações Curriculares para o atendimento à pessoa com


deficiência visual na perspectiva da educação inclusiva.

Dentro de toda essa movimentação para a implantação da


escola inclusiva, muito foi discutido, porém não foi definido como
será e como poderá ser feita a qualificação dos professores que estarão
atuando diretamente com esses alunos. Os atuais currículos dos cursos
superiores em licenciatura estão estruturados para receber a uma
parcela da população a considerada “normal”, ignorando a presença de
uma parcela importante de estudantes, aqueles que necessitam de uma
atenção diferenciada em razão de suas necessidades educacionais
especiais.
Nesta categoria de análise destacamos a questão 5 da
entrevista com os professores: Como a escola pode se preparar para
receber o aluno com deficiência visual nas classes comuns e poderem
oferecer o direito e acessibilidade desses estudantes, sem
discriminação e sem que eles sejam apenas “mais um” matriculado na
escola regular?

Prof. L.: Volto a tocar na mesma tecla. Tem que haver preparação para a escola e
para os professores para poder receber essa clientela, para que não haja reclamações,
porque é o que mais agente ouve: “Ah, vou receber esse aluno e não sei trabalhar
com ele”. Então tem que ter uma preparação pra escola, a escola tem que está
estruturada para receber esse aluno.

Prof.: F.: A escola tem que ser preparada, ter palestra de conscientização com os
alunos da escola que irão receber os alunos especiais e como poderão ajudá-los,
orientando-os a serem amigos, companheiro sem dar apelidos. Da parte do professor
55

tem que ter mais de 1 professor na sala de aula, e eles tem que ser capacitados para
atender aquela deficiência.

Prof. R.: A escola comunica o CAP que uma pedagoga vá fazer a visita. Se a escola
abrir espaço para o CAP, agente leva os professores, orientamos, tiramos as dúvidas
para que o deficiente visual possa se desenvolver na sala de aula.

Prof. J.: Primeiro, ampliar a divulgação sobre deficiência, a escola precisa saber
mais disso,professores preparados com uma formação continuada, ter mais
profissionais preparados para esses alunos, mais material didático também e além da
estrutura física (rampas, corrimão,equipamentos no laboratório).

Prof. G.: A família tem um papel super importante, ela não tem conhecimento das
potencialidades e possibilidades que o aluno possui. A primeira orientação que deva
ter com a família, pra que ela tenha claro quais são as possibilidades do seu filho,
porque agente percebe que a mãe naturalmente tem instinto protetor, porém não
pode ser aquele instinto que se coloca uma redoma e deixa lá o indivíduo quietinho,
ele tem que ser estimulado, que precisa acontecer o mais cedo possível, de
preferência de forma precoce para que mais tarde ele tenha o domínio de todas as
técnicas.

Prof. RS.: A sensibilidade acima de tudo, a escola tem que se sensibilizar com o
aluno. A escola tem que se preparar para receber, questionar quais as necessidades
que ele precisará, o que a escola pode fazer para acolher.

Prof. N.: não respondeu, porque não atua mais na sala de aula comum.

Cada pessoa tem um jeito de se adaptar em qualquer


ambiente que precise freqüentar, e não é diferente com um educando
que possui deficiência visual. Esse educando precisa ter confiança
para que haja uma integração na escola, com seu aprendizado e o seu
meio social. E o professor tem quem está atento as mudanças do
educando em sala de aula, em saber como estimulá-los através de
outras práticas as quais eles já estão acostumados.
A cooperação em sala de aula pode ser um fator importante
para a inclusão das pessoas com deficiência visual, pois permite
interação e troca entre os alunos (BRASIL, 2008). O desenvolvimento
de algumas estratégias pode ser decisivo para criar um ambiente de
cooperação em que aqueles alunos que têm mais habilidades em
alguma matéria possam ajudar aqueles com menos habilidades.
Percebe-se na resposta dos professores pesquisados, a
recorrência na afirmação da necessidade da escola ser preparada para
receber o estudante com necessidade especial. Esta consiste no
esclarecimento das possibilidades e desafios relativos à área de
56

deficiência dos estudantes, assim como, na sensibilização dos


participantes do processo educacional dos direitos e possibilidades de
desenvolvimento dos estudantes-cidadãos.
Focalizando as adaptações físicas e metodológicas da escola
para receber o estudante com necessidade especial, realizamos a
seguinte pergunta aos professores (questão 6): Quais são as
adaptações arquitetônicas e curriculares necessárias para que o aluno
com deficiência visual possa ser atendido com qualidade na escola
comum em uma proposta de educação inclusiva?

Prof. G.: Arquitetônicas, nos já temos todas as regulamentações, isso pode ser
conseguido até pela internet, então o que falta é o cumprimento dessas regras e hoje
nós temos ainda escolas sendo construídas sem acessibilidades. Nossa escola o CAP,
não é uma escola acessível, nós temos escadas, nós não temos nenhuma rampa,então
as leias elas já existem, basta agora fazer cumpri-las, como eu não sei, por que os
engenheiros, não sei o que acontece, mais continuamos vendo problemas na
arquitetura, a cidade infelizmente não é acessível também, é um processo longo e
cabe aos educadores, todas as pessoas envolvidas com a inclusão a discussão para
cobrar a execução dessas leis. Quanto a avaliação ao currículo, o MEC propõe , tem
pronto isso, de como fazer,então o professor precisa ter um tempo pra estudar, o
processo de avaliação para que não seja apenas conteudista, tendo o deficiente
visual, deficiente no geral, você precisa avaliar como ele chegou, qual o processo de
desenvolvimento e não apenas o conteúdo em si. Nós ainda temos muitos
professores trabalhando apenas o conteúdo, então quando agente fecha no conteúdo,
agente deixa de avaliar o indivíduo e ele é muito importante nesse processo, o ponto
principal, então cabe estimular as discussões entre professores para que eles
consigam encontrar seu processo de avaliação.

Prof. J.: Estrutura física, material didático.

Prof. L.: São poucas as escola que eu visitei em Manaus e o que pude perceber é que
nem todas estão preparadas, não tem essas estruturas, então voltando na mesma
tecla, tem que correr atrás, tem que ter uma sensibilização, porque as escolas de hoje
não estão preparadas, não tem como.

Prof. R.: Lembrando que a pessoa com deficiência visual são aquelas que tem baixa
visão e são aquelas que são cegas. Hoje o deficiente visual, seja ele cego ou baixa
visão, tem recursos que ele pode se locomover, como a bengala, para quem é baixa
visão, tem que ta bem sinalizado, isso facilitará a sua locomoção.

Prof. RS.: As adaptações arquitetônicas, ai se depara com o sistema, seria a questão


da acessibilidade, da escola está preparada para atender esse aluno.

Prof. N.: são colocar rampas, corrimão, letreiros maiores para os alunos com baixa
visão e os professores, as escolas procurarem fazer as adaptações necessárias do
material didáticos.

Prof.: F.: Para o deficiente visual as informações em que está em braile, porque a
leitura é em braile. Pessoas capacitadas que possam orientá-los na escola.
57

Para que o ambiente da escola seja acessível, é preciso


garantir a autonomia de locomoção, tanto das pessoas com deficiência
visual, inclusive aquelas que usam cadeira de rodas, como dos demais
estudantes. Assim, como ressaltam os entrevistados, é preciso buscar
as normas técnicas da ABNT – Associação Brasileira de Normas
Técnicas para realizar as adaptações arquitetônicas quando na
construção ou reformas das escolas.
Vale ressaltar que muitas vezes nem percebemos, mas estes
obstáculos arquitetônicos podem representar uma verdadeira
“maratona” para as pessoas com deficiência visual. Isso seria o ideal
para nossos educandos com deficiência visual, ou qualquer deficiente:

portas e corredores mais largos (de 80 cm);


construção de rampas com a inclinação adequada (segundo as Normas
da ABNT), com corrimãos e mureta para impedir que a cadeira caia;
elevadores, quando for possível;
pisos antiderrapantes;
acesso físico sem desnível ou catracas;
acesso virtual (via computador e Internet);
acervo em braile, fitas cassete e CD-ROM;
serviço de orientação estimulante e adequado às necessidades; dos
diversos tipos de usuários;
assistentes para leitura (ledores de livros para cegos);
lupas ou lentes de aumento;
intérprete de Língua Brasileira de Sinais;
salas de vídeo com televisores com sistema de legendas ocultas para
seus usuários surdos. A maioria dos novos modelos de TV já sai de
fábrica com esse dispositivo de acionamento opcional chamado
“closed caption”, através do qual tudo o que é dito aparece legendado
na tela. Porém, ainda não são todas as
emissoras de TV que oferecem o serviço de legendagem em sua
programação.
58

Sabemos que muitas escolas, infelizmente não têm todos


esses aparatos (bibliotecas ou salas de leitura). Porém, é de grande
importância que o professor esteja atento às necessidades dos
educandos com deficiência visual na sala de aula, assim, facilitará o
aprendizado destes.
No que se refere as adequações curriculares para a pessoa
com deficiência visual, podemos citar: adaptações quanto aos
conteúdos, objetivos, didático-pedagógica, de recursos e de avaliação.
(BRASIL, 2003)
Neste sentido, perguntamos aos professores se existem
adaptações a serem feitas na classe comum para avaliar o estudante
com deficiência visual? (Questão 8). Eles responderam que:

Prof. F.: O deficiente visual tem aprendizado por etapas, que tem que vencer etapa
por etapa, e se não atingir tem que se iniciar tudo novamente. Exemplo: 1ª etapa é
aprender a se locomover sozinho.

PROF. G.: Hoje o professor não precisa ser um dominador de leitura e escrita
braille, eu costumo dizer que ele basta a ter respeito, curiosidade, e esteja aberto a
receber sem ser diferente. E procurar ajuda, não sofrer e sozinho na escola, então
por isso existe o CAP. Se esse professor conseguir fazer a ponte entre o CAP e o
professor,agente consegue melhorar e muito esse trato com o aluno, então se ele
quiser ele pode aprender , se ele não tiver tempo, porque hoje em dia o professor
trabalha três horários,agente pode da esse respaldo,tem núcleo de pedagogos que
faz esse acompanhamento desde que ele exista. Hoje nosso maior problema é o
aluno invisível, porque ele não tem diagnóstico, o professor sobrecarregado nem
observa que ele tenha alguma dificuldade para poder orientar, pra ele feche um
diagnostico.

Prof. J.: Na classe comum, questão de iluminação, espaço físico, até o espaçamento
de carteiras, os tipos de carteiras utilizadas,dependendo se for baixa visão as cores
dos pincéis, de quadro branco.

Prof. N.: Muitos alunos não estão preparados para isso, eu sei que muitos alunos
tem vamos supor, os livros ampliados, esse caderno serve para o aluno com baixa
visão, e ajuda bastante, tem também as telelupas.

Prof.: L.: Olha não posso responder essa pergunta, porque ela é bastante pessoal,
deveria fazer essa pergunta com um professor de classe comum. Mas, com certeza
tem que existir.

Prof. R.: As adaptações necessárias são, o material didático, a questão da


iluminação, carteiras, acessibilidade para os deficientes visuais, seja cego ou baixa
visão.

Prof. RS.: Existem. E cabe ao professor ter a iniciativa de melhorar os materiais


didáticos para o aluno com deficiência visual. Trazer o aluno ao CAP, que será
analisado qual o tipo de problema visual que deva ter. O material utilizado na sala
de qual, as carteiras, o material didático no geral.
59

Prof. S.: Muitas, eu agora que vou começar a fazer esse processo de transformação.
Como havia dito, eu esse ano que tive contato com o primeiro deficiente visual na
minha sala.

Prof. M.: Em muitas escolas sim. Mais a que trabalho já dermos um grande passo
para esse progresso, digamos assim. Eu realizo sim, uso as salas de recursos.

Segundo a SEESP - Secretaria de Educação Especial do


Ministério da Educação (BRASIL, 2007), são tipos de atendimento
educacional especializado ofertado na rede de ensino regular, com
finalidade de promover condições de acesso e permanência dos
educando com deficiência visual no ensino comum. Conforme
presenciamos nas falas acima, os professores relatam que alguns
alunos com deficiência visual, o de baixa visão, por exemplo, podem
enxergar através dos auxílios ópticos (as lentes ou recursos que
possibilitam a ampliação de imagem e a visualização de objetos),
exemplos de auxílios ópticos são: lupas de mão e de apoio, óculos
bifocais ou monoculares e telescópios, dentre outros, que não devem
ser confundidos com óculos comuns, pois a utilização desses recursos
é conforme prescrição do oftalmologista que definirá quais são os
mais adequados à condição visual do aluno. Os auxílios não-ópticos
referem-se às mudanças relacionadas ao ambiente, ao mobiliário, à
iluminação e aos recursos para leitura e para escrita como contrastes e
ampliações, auxílios de ampliação eletrônica e de informática, a
iluminação natural do ambiente; uso de lâmpada incandescente e ou
fluorescente no teto; contraste nas cores, por exemplo: branco e preto,
preto e amarelo; visores, bonés, oclusores laterais; folhas com pautas
escuras e com maior espaço entre as linhas; livros com texto
ampliado; canetas com ponta porosa preta ou azul-escura; lápis (6b)
com grafite mais forte; colas em relevos coloridas ou outro tipo de
material para marcar objetos ou palavras; prancheta inclinada para
leitura; tiposcópio: dispositivo para isolar a palavra ou sentença;
circuito fechado de televisão (CCTV): consiste em um sistema de
câmera de televisão acoplado a um monitor que tem por finalidade
60

ampliar o texto focalizado pela câmera; lupa eletrônica: recurso usado


para ampliação de textos e imagens (BRASÍLIA, 2010, p.14).
Portanto a avaliação não deve ser concebida de uma única
forma, considerando-se a relevância produção de textos e outros
aspectos como a concentração, o tempo de elaboração, a privacidade,
a organização das idéias na forma escrita, dentre outros.
As atividades devem ser realizadas pelos alunos com
deficiência visual, seja de baixa visão ou cego juntamente com seus
colegas. Recomenda-se examinar a necessidade de flexibilidade de
tempo para a realização de determinadas tarefas e atividades de
avaliação que demanda desempenho visual.

3.3.3 Estudantes Incluídos no ensino regular: quantidade versus


qualidade.

Como destaca Sassaki (1998), a

[...] inclusão escolar é uma forma de inserção em que a escola comum tradicional é
modificada para ser capaz de acolher qualquer aluno incondicionalmente e de
propiciar lhe uma educação de qualidade. Na inclusão, as pessoas com deficiência
estudam na escola que freqüentariam se não fossem deficientes (p. 8).

Com base nesse contexto as questões a seguir irão retratar a


relação da quantidade versus a qualidade nesse processo educacional
inclusivo no ensino regular.
Questão 03- Quantos estudantes com deficiência visual são
atendidos pelo CAP?

Prof. R.: a nossa clientela do CAP, é uma clientela os alunos que estudam no ensino
regular que não recebem atendimentos direto do CAP, como assim, não fazem as
atividades aqui, mais recebem material adaptado aqui, são acompanhados nas
visitas, e tem outro beneficio, exemplo a sala de recurso,que é acompanhado pelo
CAP, que não deixa de ser, algum aluno que receba suporte do CAP, embora não
seja um aluno que pretende ficar, são alunos nossos, mais não são assíduos. Então
nós temos alunos que estão no ensino regular e freqüentam o CAP, e também
atendemos a comunidade, justamente com essa visão de inclusão, temos que dar
condições para esses alunos, se ele precisa ter prática do processo pra poder estar
incluso no núcleo da escola.

Prof. L.: Numa faixa de 20 alunos colocando de manhã e tarde.


61

Prof. N.: O total de alunos atendidos pelo CAP não sei te dizer. Na minha sala ao
todo eu tenho, porque assim, nós temos alunos que passam o tempo ficam e depois
voltam. Mias atualmente devo está com 09 alunos.

Prof. G.: São atendidos na oficina de artes atendidos por mim pela manhã 06
alunos divididos em baixa visão e cegos.

Prof. F.: Pelo CAP eu não sei, mais na OM por mim são atendidos 06 alunos.

Prof. J.:Hoje nós temos poucos alunos, atendemos em média 07 alunos.

Prof. RS.:No CAP todo não sei, mais atendidos por mim agora, eu to com 11 alunos,
agora dentro desses 11 , eles vem com prescrição oftalmológica, agora tem aqueles
que vem de vez enquando das escolas, que por exemplo, apresenta dificuldade
visual,em relação a distancia do quadro, vai pra ler perto,pra que eu verifique o
tamanho da fonte, como é que ta a velocidade de leitura dele, como ta a distância
da lousa,ele necessita de um controle, uma boa iluminação, ele necessita de um
recurso óptico pra facilitar a aprendizagem.

A Educação Inclusiva pressupõe que TODAS as crianças


tenham a mesma oportunidade de acesso, de permanência e de
aproveitamento na escola, independentemente de qualquer
característica peculiar que apresentem ou não. No caso da pessoa com
deficiência visual, para que isso ocorra, é fundamental o apoio
educacional de que precisam, de comunicação (tecnologia assistiva)
ou outros tipos de suporte. Mas, o mais importante de tudo, é que a
prática da Educação Inclusiva pressupõe que o professor, a família e
toda a comunidade escolar estejam convencidos e acordo para uma
acessibilidade desse educando.
No CAP- Centro de Apoio Pedagógico às pessoas com
deficiência Visual em Manaus são atendidos, em média, 20 alunos que
frequentam o ensino regular em horários alternados de sua aula na
escola. Isso porque, de acordo com a Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), o
AEE precisa ser ofertado no turno contrário de matrícula no ensino
regular do estudante com necessidade especial incluído.
No que concerne a inclusão no ensino regular, é fundamental
destacarmos a importância do professor da classe comum não ter um
número excessivo de estudantes matriculados na classe, de forma que
tenha condições de desenvolver o atendimento às necessidades
62

educacionais dos educandos de forma significativa. O que se quer


afirmar é que, se o estudante com deficiência tiver o suporte de AEE
e, se o professor da classe comum tiver condições de fazer um
atendimento sistemático e, em alguns momentos em que necessitar,
individualizado desse desenvolvimento, provavelmente, as chances de
êxito educacional serão maiores.
É preciso retomarmos aqui, a fala dos pesquisados quando
analisam o quanto uma sala de aula superlotada pode interferir no
acompanhamento sistematizado e individualizado dos estudantes, de
acordo com suas necessidades educacionais especiais. Como afirma o
MEC, na obra Saberes e Práticas da Inclusão, na área de deficiência
visual, o professor precisa acompanhar cada estudantes em suas
necessidades especiais, mas para isso, é preciso que lhe sejam dadas
condições, o que implica em ter um contingente pequeno de alunos
por turma. (BRASIL, 2003)
Foi com essa preocupação que consultamos os professores
participantes da pesquisa, questionando se o número de estudantes
matriculados na classe comum dificulta o atendimento educacional
das pessoas com deficiência visual na escola regular? Por quê?
(Questão 11)

Prof. F.: O atendimento dificulta o atendimento ao aluno com deficiência visual


numa escola regular, por que existe apenas 1 professor para atender 50 alunos
videntes para 1 ou 2 alunos com deficiência visual, e assim sendo, o preparo do
professor não é suficiente.

Prof. R.: Sim, porque o professor muitas vezes precisa diminuir um pouquinho o
ritmo da aula dela para que o aluno deficiente visual o acompanhe, então fica
complicado, pois as salas sempre tem mais de 30 alunos.

Prof. L.: Não dificulta, porque inclusão é isso, é tentar envolver esse nosso aluno no
meio dos alunos ditos normais, não vejo dificuldade nenhum, só a preparação para o
profissional.

Prof. G.: Dificulta sim.Imagina um deficiente visual, auditivo, esse aluno vai ser
esquecido na maioria das vezes, porque o professor sempre trabalha com a
generalização, isso é um problema, agora,eu acredito que deva ter o professor
substituto.

Prof. J.: Sim, se a classe for super lotada, com certeza vai interferir, por que o
professor apesar de ter que da atenção a todos , ele sempre vai ter que ta mais
voltado para o aluno com deficiência. Então quanto mais aluno ele tiver, mais difícil
vai ser passar a tarefa.
63

Prof. N.: Acho que sim, porque nós sabemos que não são poucos alunos
matriculados, mesmo sendo alunos videntes que difícil trabalhar imagine uma sala
com 45 alunos e 01 deficiente, sem condições de atender, pra você trabalhar com o
aluno teria que ter um olha a amais pra ele, mais isso é difícil.

Prof. RS.: Bom gente eu vou falar o que eu ouço dos professores, porque eu não
trabalho numa sala de aula regular,tem sala que ta super lotada, que às vezes
precisam mais de um professor. Mais isso é muito relativo, desde que ele tenha uma
ajuda, uma sala de recurso, em uma sala com 35 alunos, mais aquele aluno com
deficiência tenha apoio do CAP, apoio da família que é muito importante.

Nesse sentido Bueno (1998, p.20) afirma que “[...] não basta
inserir os alunos com deficiência no ensino regular, é preciso que nós
estruturemos para eles um serviço de qualidade”. Esse serviço refere-
se ao acompanhamento individualizado do processo educacional, seja
com o estudante deficiente ou não.
Percebemos nas falas dos sujeitos que no momento a
inclusão, há preocupação com a quantidade de pessoas com
deficiência visual que vão ser incluídas no ensino regular, não como
uma ação meramente burocrática, mas como reflexo do
comprometimento total com o processo inclusivo, de forma que haja
uma qualidade de ensino a esses educandos, apoio aos professores,
para que participem de formação continuada para receber esse aluno
com todo suporte pedagógico necessário ao seu desenvolvimento.
A escola com qualidade favorece e incentiva a criação de
laços de amizade entre todos os alunos; ela vai considerar os
conteúdos acadêmicos como meio para se conhecer o mundo e não
como uns fim em si mesmos; estabelecendo assim, parcerias com as
famílias e a comunidade para elaborar e cumprir o projeto escolar. A
partir disso, facilitará com que as práticas e métodos pedagógicos
inseridos durante a formação de conhecimento compartilhado entre
professor e alunos.
Segundo MIRANDA (2009), os estudantes dos cursos de
licenciatura, os graduandos, futuros professores que estarão
assumindo a responsabilidade da educação das novas gerações,
poderão contribuir para efetivar a educação inclusiva, no entanto, é
necessário que o currículo de seus sejam reorganizados, contemplando
esta finalidade.
64

Dessa forma, desenvolve-se aqui, a ideia de uma caminhada


conjunta entre vida pessoal e vida escolar, caracterizadas por
mudanças constantes, requisitam respostas diversificadas que haja um
atendimento direcionado as pessoas com deficiência visual
matriculados no ensino regular de forma que a tenha qualidade do
aprendizado, incentivando o educando a ter criatividade e a autonomia
em busca do seu próprio conhecimento. Portanto, não basta inserir o
educando com deficiência visual numa sala de aula regular sem o
preparo da escola e do professor, pois será mais um na sala de aula
que possui um número grande de alunos matriculados.

3.3.4. Contribuição do CAP para à Educação na perspectiva


inclusiva.

Muitos educandos com deficiência visual já experimentaram


ou experimentam dificuldades na aprendizagem e de participação no
âmbito escolar, e como consequência desse processo educativo,
podemos refletir sobre como, muitas vezes, no cotidiano das salas de
aula, há a preocupação em homogeneizar as necessidades
educacionais dos estudantes e as várias situações diversas que estes
passam em sua vida.
Isso se reflete em dificuldades encontradas pelos alunos que
buscam agrupar-se por critérios de semelhança de necessidades,
pensando que dessa forma aprendem melhor. A educação inclusiva
implica uma visão diferente da educação comum baseada na
heterogeneidade e não na homogeneidade, considerando que cada
aluno tem uma capacidade, interesse, motivações e experiência
pessoal única, quer dizer, a diversidade está dentro do “normal” MEC
(BRASIL, 2005, p.11).
Analisando criticamente a partir da experiência do estágio, na
cidade de Manaus, O CAP- Centro de Apoio às Pessoas com
Deficiência Visual contribui para que a educação inclusiva ocorra com
amplo desenvolvimento para os estudantes que participam do AEE,
considerando o suporte educacional de complementação curricular e
65

de confecção de materiais didáticos adaptados, valorizando e


respeitando as diferenças, desenvolvendo o social e pessoal dos
educandos com deficiência visual, e principalmente enriquecendo os
processos de aprendizagem.
Dada essa concepção, à ênfase está em desenvolver uma
educação que valorize e respeite às diferenças, vendo-as como um
oportunidade para otimizar o desenvolvimento pessoal e social e para
enriquecer os processos de aprendizagem. Nesse sentido, cabe analisar
a seguinte questão: Quais as ações desenvolvidas pelo CAP para o
suporte educacional às pessoas com deficiência visual incluídas nas
escolas regulares de ensino, tanto no que se refere à formação de
professores, ao atendimento educacional especializado ao estudante e
à família?

Prof. R.: Primeiro suporte aí é material didático que é feito na produção, ampliado
pra alunos com baixa visão e no futuro no formato digital. Para os professores no
ensino comum nós oferecemos orientação oficina de sensibilização na própria
escola, desde que a escola nos dê espaço para isso, havendo necessidade o diretor da
escola marca a visita conosco, suspende a s aulas, porque tem que ser um dia todo,
aí agente reúne todos os professores, orienta, tira as dúvidas do trabalho e coloca a
disposição o CAP para eles. Quem faz esses trabalhos são as pedagogas, que fazem
as visitas nas escolas, verificando aquele professor qual a sua necessidade. Exemplo,
às vezes o aluno está numa sala barulhenta, o CAP orienta a sala de convivência, de
orientação e mobilidade, do braille também, mais não são todos. Tem alunos que são
bem desenvoltos, então agente atende as necessidades do deficiente visual.

Prof.: F.:O CAP tem vários setores, Braille, OM (orientação e mobilidade),


Informática, recursos ópticos, produção de texto (resposta evasiva).

Dos professores que responderam a questão, analisamos que


as ações desenvolvidas pelo CAP, sem dúvida alguma, são de suma
importância para o desenvolvimento do deficiente visual, pois através
dessas ações o educando incluído nas escolas regulares terá o
acompanhamento devido no que se refere a minimizar as dificuldades
por meio da adaptação curricular e de recursos, e sua capacidade de
aprender receberá maiores estímulos para o seu melhor desempenho
cognitivo e social.
Segundo (GLAT, 2007, p.30), à escola e os sistemas de
ensino precisam reorganizar sua estrutura de funcionamento,
66

metodologia e recursos pedagógicos, e principalmente, conscientizar-


se e garantir do quanto é essencial que seus profissionais estejam
preparados para essa nova realidade.
Nessa preocupação, o CAP contribui de forma significativa
no apoio aos estudantes e professores, na perspectiva de melhorar o
ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência visual e facilitar o
trabalho pedagógico dos professores no ensino regular, pois, de
acordo com a Coordenadora do CAP (Prof. R), muitas são as ações
para o alcance deste objetivo, conforme apresentamos a seguir:

Máquina de datilografia Braille, impressora Braille acoplada a


computador, sistema de síntese de voz;

Figura 2- Impressora Braille Figura 2- Material


Preparatório para o Braille.

Esse material faz parte da tecnologia assistiva, sua função é


de imprimir em papel informações codificadas em texto para o sistema
Braille (ex. textos, partituras, equações matemáticas, gráficos, etc).
Existem impressoras Braille que utilizam um sistema denominado
interpontos, viabilizando a impressão nos dois lados do papel.
O tato para uma criança cega é de suma importância no seu
aprendizado, e tem que partir dos pais, professores o ensino para a
observação de todos os detalhes a sua volta como: texturas, formas,
tamanhos, pesos, temperatura, consistência e resistência de materiais,
e ir, além a buscar informações fora do seu campo de alcance.

Software de ampliação de tela;


67

Figura 3- software ampliado.

Esse equipamento ajuda aos educandos com baixa visão,


como a escrita ampliada facilita a leitura destes.
Para as pessoas com deficiência visual um dos recursos mais
conhecidos são impressora braille, que produz material em braille, o
reglete e punção, que caracteriza-se da escrita em braille; bengala
longa que está dimensionada para cada indivíduo; máquina de
datilografia braille; instrumentos de medidas, adaptações que dão
marcas em relevo, em réguas, fitas métricas e outros, gravadores e
livro falado, pelos quais as crianças poderão ouvir os textos
registrados ou os trabalhados em sala de aula.
Equipamento para ampliação de textos para atendimento ao aluno com
baixa, lupas, réguas de leitura;

Figura 4-Telelupa Figura 5- Lupa

Os recursos ópticos são prescritos por oftalmologista. Esse


recurso é para os alunos com baixa visão, compostos de uma ou mais
lentes para aumentar ou ajustar a imagem visual. São lupas (lentes de
aumento), telelupas (minitelescópio) e óculos som prescrição
especiais. Para a utilização desses recursos é usado por qualquer
pessoa com baixa visão, independente da idade, porém para o sucesso
68

desses benefícios no desenvolvimento da aprendizagem, é necessário


que haja a compreensão de sua necessidade. (BRASIL, 2002)
Os recursos não-ópticos favorecem o funcionamento visual
através de adaptações pelo próprio professor em sala de aula, podendo
usar mesa adaptada, canetas tipo pincel atômico, luminárias, cadernos
com linhas ampliadas e em negrito, marcadores de página e janelas de
leitura, proteção contra luz e brilho e livros ampliados
(CAVALCANTE, 1995, p.19-25).

Sala de estimulação visual;


Através dos nossos cinco sentidos que deciframos o mundo
que está em a nossa volta e tomamos consciência de tudo e de nós
mesmos.
A visão é o principal órgão, pois conseguimos discriminar,
conhecer e interpretar os estímulos captados, e isso, é de suma
importância para o desenvolvimento global, pois está presente maior
parte das nossas ações.
Para Mota (2001, p.1-2), as experiências significativas são
responsáveis pelas decodificações e interpretação do mundo pelas vias
sensoriais (táteis, auditivas e gustativas). Assim, quando se trata de
uma pessoa cega, ela passará a utilizar os seus sentidos remanescentes,
tato, audição, olfato e paladar para perceber o mundo.
Porém, não é um simples ato de usar os sentidos, é preciso
haver estímulo sensorial para que a pessoa cega saiba como organizar
as informações, dando significados às sensações, às percepções do
mundo. Tratando-se nesse aspecto, tem-se à importância da
estimulação para ajudá-la organizar essas informações. Para que isso
aconteça, será necessária a ajuda de um adulto vidente que sentido,
significados e associações adequadas para que o conhecimento e
experiências adquiridos não sejam desconexos.
Na educação com crianças cegas é de suma importância que
esses sentidos sejam ensinados de forma que possam absorver todas as
informações e assim associá-las para o seu uso no dia a dia.
69

Portanto, a pessoa com deficiência visual deve ser ensinada a


utilizar todos os seus sentidos restantes para poder experimentar o
mundo que as rodeia, desenvolvendo sua capacidade perceptiva para
organizar a as informações, impressões obtidas.

Sala de atividades de vida autônoma;


Para (Gil, 2000, p.11), “O Programa de Atividades da Vida
Autônoma é uma preparação para a vida: capacita para o prazer da
auto-suficiência, liberta da ajuda e da proteção excessivas e motiva
para o crescimento pessoal, por meio de atitudes e valores positivos”.
Dessa forma, esse serviço é essencial para a pessoa com deficiência
visual, não apenas para sua autonomia de ação, mas também para a
auto-estima e autoconceito positivo do sujeito em desenvolvimento.
As habilidades da vida diária de pessoas com deficiência visual
incluem à autonomia de cada um no seu cotidiano. Essa autonomia,
parte desde o princípio de saber se arrumar direito, a cozinhar uma
comida simples, organizar e localizar seus pertences. Essa atividade
de vida autônoma se estenderá para a prática de como pedir ajuda
quando necessário. Segundo (MARTIN; BUENO, 1993, p.342-343),
para que haja essa interação com a pessoa deficiente visual a família
deve ser orientada e envolvida nas atividades práticas com a ajuda do
professor da sala de recursos ou itinerante.
O CAP oferece ainda o Núcleo de informática Inclusiva; a Sala
de Formação de Professores e o Núcleo de Convivência, visando
desenvolver habilidades dos estudantes que possibilitem a autonomia
do aprender e, capacitar os professores, de forma a instrumentalizá-los
para o ensino, adaptando as necessidades especiais dos educandos.
Portanto, considera-se que tais ações são importantes e
contribuem para a acessibilidade do aluno com deficiência visual em
diferentes etapas da sua vida, principalmente para sua formação
educacional.
Para que haja Educação Inclusiva, outro aspecto fundamental é
a participação da família e da comunidade, pois fortalece e
multiplica as ações inclusivas dos educandos com deficiência visual.
70

Uma atitude positiva dos pais em relação à participação e as


potencialidades do filho com deficiência visual é fundamental para a
sua inclusão escolar e social.
Quando há esta integração na comunidade todos saem
ganhando, pois se estabelece um espaço de trocas e cooperação. A
escola pode cumprir um papel fundamental na conquista da
participação da pessoa com deficiência em outros espaços da
comunidade. (BRASIL, 2005, p.66).
E tendo essa integração os educando com deficiência visual
sairão ganhando com o progresso dos recursos adaptados e
tecnológicos. Verificaremos nas falas dos sujeitos entrevistados a
seguir.
Outro aspecto importante a ser considerado é a contribuição da
tecnologia na educação da pessoa com deficiência visual. Quando
solicitado aos professores que explicassem em “Como as tecnologias e
recursos adaptados podem contribuir para a aquisição de
conhecimento pela pessoa com deficiência visual?” e que indicassem
os softwares e recursos mais acessíveis e utilizados pela pessoa com
deficiência visual, foi esclarecido que seria o

Prof. F.: Dosvox, computador falado para o deficiente visual. Baixa visão,
teclado em relevo e cores mais vivas (amarelo com preto) e teclado em
Braille.

Quando se fala em tecnologias e recursos que auxiliam a


criança ou adolescente com deficiência visual na sala de aula regular,
estes recursos não farão com que o aluno deficiente visual aprenda a
superar todas as dificuldades. Sempre passará na cabeça do professor
qual será o auxilio utilizado no ensino deste educando, sempre será
pensado na dificuldade do professor e as possibilidades que o
educando terá. Não adianta ter todas as tecnologias e recursos se não
houver sentido para o professor e o educando. Por isso, o primeiro
contato e o conhecimento prévio do professor em relação ao educando
com deficiência visual será de grande ajuda, assim, à relação de
educar e aprender será válida para ambos.
71

Os alunos com deficiência visual geralmente usam os mesmos


recursos materiais que os demais alunos, porém existem, adaptações
que podem ser necessárias para facilitar a realização de atividades
para quem possui alguma limitação motora, sensorial ou cognitiva.
Esses recursos são chamados de “ajudas técnicas” ou “tecnologias
assistivas”.
Infelizmente, a falta de informação ou acessibilidade de alguns
deficientes visuais e dos professores contribui para que não usufruam
desses recursos, pois são caros para a maioria ou não sabe da
existência do CAP- Centro de Apoio às Pessoa com Deficiência
Visual. Dessa forma, o professor necessitará ser criativo para adaptar
materiais que possam ser utilizados no trabalho com este educando.
Mas, é essencial que a professora participe de formação continuada
para instrumentalizá-la quanto a essas questões que podem facilitar o
processo de ensino-aprendizagem dos alunos com deficiência visual.
A qualificação de professores é um dos passos importantes
para o processo de inclusão de pessoas com necessidades educacionais
especiais. De acordo com os dados coletados os professores são
encaminhados ao CAP para formação continuada pelas escolas onde
trabalham no ensino regular; via expresso (recurso eletrônico utilizado
pela SEDUC para o estabelecimento de comunicação com as escolas
da rede estadual de ensino); divulgação por meio dos colegas que já
participaram dos cursos dos apoios especializados (Sala de Recurso)
em escolas do ensino regular.
Segundo MEC (BRASIL, 2008):

Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua formação,
inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e
conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no
atendimento educacional especializado, aprofunda o caráter interativo e
interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos,
nos centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos de acessibilidade
das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes
domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de educação especial ( BRASIL,
2008).
72

Portanto, o CAP é de extrema importância na formação dos


professores que trabalham com educandos deficientes visuais numa
escola regular da cidade de Manaus, considerando que contribui para
o esclarecimento da temática, a capacitação de professores e
estudantes, além da oferta de recurso didático-pedagógicos.
Isso porque, se a escola não disponibilizar de nenhum recurso
didático para que o educando possa acompanhar as atividades em sala
de aula, deve-se procurar o CAP, que poderá orientar quanto a formas
de como ensiná-lo através de equipamentos importantes para o
desenvolvimento cognitivo, como: Reglete (tipo de régua para se
escrever em braile); Punção é o lápis - ou a caneta da pessoa cega;
Máquina braile; Mapa tátil para ensinar geografia e informar sobre a
localização de lugares para pessoas cegas. Pode ser feito recobrindo-se
os mapas comuns com materiais com texturas diferentes ou com areia,
argila, massinha etc.; Lupas, lentes de aumento e réguas de leitura;
Soroban com ele o estudante aprende concretamente os fundamentos
da matemática, as ordens decimais e seus respectivos valores, as
quatro operações e mesmo cálculos mais complexos (BRASIL, 2008).
O importante é que, mesmo sem recursos sofisticados, o
professor possa encontrar soluções para que seu aluno tenha
acompanhamento das atividades na sala de aula. E isso só poderá
acontecer se a escola e o professor tiverem apoio e sensibilidade,
disponibilidade para juntos encontrarem soluções.

3.3.4.1 Ações na formação continuada que contribuem para


facilitar o processo ensino-aprendizagem.

Considerando a observação direta realizada no CAP, assim


como, na fala da Coordenadora Pedagógica do CAP, destacamos que
“a escola precisa reorganizar sua estrutura de funcionamento,
metodologia e recursos pedagógicos, e principalmente, conscientizar e
garantir que seus profissionais estejam preparados para essa nova
realidade”. (GLAT, 2007, p. 30).
73

Por isso é importante para o deficiente visual incluído na sala


regular, que o professor tenha conhecimento das adaptações didáticas
(ampliação de textos e tradução para o Braille), atendimento
pedagógicos nas escolas, programa de reabilitação existentes para
adaptação do deficiente visual e principalmente formação continuada
para os professores.
Logo, enfatizamos que a formação dos professores tanto
inicialmente quanto continuada precisa proporcionar conhecimentos,
pelo menos dos básicos, recursos para atender esse educando com
deficiência. Esses conhecimentos ajudarão que o processo de
aprendizado seja de grande valia e autonomia desses educandos.
Vale ressaltar que, no decorrer do levantamento de dados,
foram entrevistados 02 professores atuantes no ensino regular. Uma
professora que fez o processo de formação continuada e outro
professor que atua no ensino regular, porém não fez a formação
continuada pelo CAP, apenas utiliza os recursos oferecidos porque
este ano em sua sala entrou uma educanda com deficiência visual.
A seguir, temos relatos contando como foi receber alunos com
deficiência em sala de aula através de questionários para melhor
entendermos suas falas.
Questão 5- Como o CAP tem contribuído para o seu trabalho e
para o desenvolvimento da educação na perspectiva inclusiva?

Prof. S.: A escola me encaminhou para utilizar os recursos que o CAP proporciona
para a formação continuada, assim, fica fácil adaptar materiais didáticos para o meu
aluno. A escola deve mudar suas estruturas físicas e processos metodológicos, o
PPP, se adaptando ao aluno com deficiência visual.Assim, consigo fazer com que
minha aluna aprenda, não se sinta excluída e o melhor feliz de está na escola com os
demais colegas videntes. Mesmo eu não ter feito algum tipo de formação no CAP, já
fico feliz por poder utilizar os recursos oferecidos e agora vou fazer as próximas
formações que forem oferecidos.

Prof.: M.: Começar pela conscientização dos alunos e professores da escola,


desfazer o preconceito sobre deficientes em geral, depois a escola se adaptou tanto
na estrutura física quanto na metodologia. Facilitando o processo ensino-
aprendizagem dos alunos com deficiência visual. Foi de grande importância eu fazer
o curso de formação, assim, me sinto mais seguras para poder ensinar os meus
alunos com deficiência visual. E isso om certeza, me preparar mais e mais para os
próximos que vierem.
74

Nas falas dos sujeitos, eles demonstram a empolgação do CAP


proporcionar recursos e ensinar métodos para que eles possam
transmitir seus conhecimentos ao educandos com deficiência visual,
assim como, para os outros alunos ditos ”normais”.
No nível da sala de aula e das práticas de ensino, todos da escola
precisam fazer mobilização, desde o professor e/ou de uma equipe
escolar, para que tenha uma mudança educacional, mas como a
inclusão não acontece de modo semelhante em todas as escolas,
mesmo havendo um Projeto Político Pedagógico que oriente as ações
educativas da escola, tem que existir uma entrega, uma disposição
individual ou grupal de se expor a uma experiência educacional
diferente das que estão habituados a viver. (BONDIA, 2002).
Nesse sentido, para que qualquer transformação ou mudança
seja verdadeira, é preciso que os professores tenham experiências para
poder se sair bem nesse processo, precisam ser receptivos, disponíveis
e abertos a vivê-la, sem resistências, sem segurança, poder, firmeza,
garantia. (Idem)

Buscando compreender como a inclusão está ocorrendo na


prática, perguntamos aos professores: “Em sala de aula, como o
estudante com deficiência visual tem participado das aulas?”

Prof. S.: No primeiro momento são tímidos, calados, não dizem se entenderam ou
não. No meu caso tive que mostrar segurança e interesse para que ela pudesse
começar a interagir comigo(professor) e os demais colegas.

Prof. M.: Com os meus alunos encontrei mais dificuldades com o cego total, pois
antes de ir para o CAP não sabia como direcionar o ensino dele. Agora eles estão
mais seguros de si e aprendendo bastante como os demais alunos videntes.

Nas falas percebe-se que os educandos com deficiência visual


ainda se sentem inseguros na sala comum do ensino regular, pois não
sabem se conseguirão aprender, não sabem se o professor irá superar
suas expectativas, que é simples, aprender sem preconceitos. É por
essa razão, que a criação de espaços educacionais que valorizem a
diferença e a manifestação, mesmo que pequena, dos potenciais de
75

desenvolvimento dos estudantes é essencial, de forma a gerar nos


sujeitos participantes do processo, segurança e confiança na produção.
Retomando as questões de formação dos professores para
atender os estudantes com deficiência visual, perguntamos aos
professores sobre “Quais os cursos de formação você já fez por meio
do CAP?”

Prof. S.: Não fiz nenhum curso de formação, pois até então não tinha interesse na
área especial porque não tinha contato em sala de aula com algum deficiente visual.

Prof. M.: Fiz formação de professores e sala de recursos.

Infelizmente, em razão do desconhecimento dos serviços


oferecidos na sociedade para a formação de professores, somados com
a falta de interesse profissional na área de educação especializada para
o atendimento à pessoa com necessidade especial, são poucos os
professores que ainda sabem da existência do CAP, para ajudar
aprimorar seus conhecimentos e que assim, possam transpassar para
os educandos com deficiência visual.
De fato uma escola bem preparada para receber os educandos
com deficiência visual seria de grande qualidade para um ensino
especializado. Todos os recursos ópticos, não-ópticos, materiais
didáticos, sorobã, braille são de grande importância para que os
professores se sintam capacitados de ministrar sua função com
máxima valia, de transmitir conhecimentos, valores e respeito para
com os demais.
Importante perceber a necessidade desses recursos na prática.
Assim, solicitamos aos professores que nos informasse sobre “Como
as tecnologias e recursos materiais adaptados podem contribuir para a
aquisição de conhecimento pela pessoa com deficiência visual?”

Prof.S.: De uma maneira geral? Ajuda e muito, pois se o aluno deficiente visual
souber e ter como usar as tecnologias, seu desenvolvimento em aprender será
descobrir o mundo com os outros sentidos. Infelizmente algumas escolas não estão,
ainda, preparadas estruturalmete. Eu ainda não sei utilizar porque não tive contato.

Prof. M.: Ajuda os alunos a terem mais confiança e buscar mais conhecimentos além
do que em sla de aula o professor passa para eles. Estou aprendendo usar a parte de
informática aqui pelo CAP, e fazer adaptações eu me viro na escola.
76

Importante destacar que, nas escolas esses recursos ainda não


são tão acessíveis para os alunos com deficiência visual e nem para os
professores, dificultando o desenvolvimento do processo educacional.
Isso porque, Nunes (2009, p. 224), define a tecnologia assistiva como:

uma área do conhecimento que se propõe a promover e ampliar habilidades em


pessoas com limitações funcionais decorrentes de deficiência. Recursos que
favorecem a comunicação, a adequação postural e a mobilidade, o acesso
independente ao computador, a escrita alternativa, o acesso diferenciado ao texto, os
recursos para cegos e para surdos, as órteses e as próteses, os projetos arquitetônicos
para acessibilidade, os recursos variados que promovem independência em
atividades de vida diária como alimentação, vestuário e higiene, mobiliário e
material escolar modificado são apenas alguns exemplos das inúmeras modalidades
e possibilidades de tecnologia assistiva.

Nesse sentido, é de grande importância que as salas de aula


estejam equipadas com recursos tecnológicos necessários ao
desenvolvimento dos estudantes, assim como, que todo o corpo
docente seja preparado, pois, o aluno quando incluído na escola é
responsabilidade de todos e não só do professor da sala de aula.
Segundo a Coordenadora do CAP (Prof. R.), os cursos de
capacitação de professores para atuar com estudantes deficientes
visuais são oferecidos de acordo com a necessidade do aluno
deficiente visual incluído na sala regular, assim essa formação será de
grande valia e qualidade, objetivando contribuir para atender as
necessidades educacionais de cada aluno.
Sabemos que a inclusão é um desafio para os educadores, que
têm dúvidas e questões sobre a sua capacidade atender as necessidades
especiais dos estudantes, de como proceder para vencer este desafio.
A inclusão envolve uma necessidade maior de se pensar a respeito do
próprio fazer pedagógico, pois exige que se revejam caminhos e
formas de ensinar.

3.3.4.2 Análise da contribuição da formação no CAP para atender


alunos com deficiência visual no ensino regular: percepção dos
estudantes.
77

Para finalizar nossas reflexões sobre a inclusão da pessoa com


deficiência visual em classe comum do ensino regular, pensamos ser
fundamental conhecer as percepções destes sujeitos que estão vivendo
o processo a partir de sua condição de deficiência. Dessa forma,
perguntamos as estudantes: “Como você acha que deve ser a educação
inclusiva?”

Al. C.: Receber agente sem preconceito e nos deixar de lado.

Al. B.: Sem esquecer da gente, porque eu aprendo igual a eles também.

Percebe-se na fala das estudantes que o predominante para a inclusão


é a aceitação, o reconhecimento de que todo sujeito é capaz de aprender,
independente das limitações ocasionadas pela deficiência. Como afirma
Sassaki (1998), o primeiro passo para que a inclusão dê certo, é está aberto
para perceber as capacidades dos seres humanos, é acreditar que é possível o
aprender.
Nesta perspectiva, buscamos conhecer como está acontecendo
na prática, a partir da percepção das estudantes, a inclusão na escola
regular. Para tanto, perguntamos a elas: “Como você é atendida na
escola pelos professores, alunos e demais funcionários da escola?
Você se sente participando de todas as atividades da escola?”

Al.C.: Todos me tratam super bem, a professora me ensina muito bem, eu venho ao
CAP,e isso facilita que eu aprenda melhor lá na escola.Ah! Lá também eu utilizo a
sala de recurso e já tô aprendendo o braille.

Al.B.: Normal.

Percebe-se o quanto a socialização é um aspecto importante e


deve ser estimulada (BATTAGLIA, 2005). É bom que a criança com
deficiência visual sinta-se aceita e respeitada por seus pares e
professores. Da mesma forma, é de grande relevância para seu
desenvolvimento participar do AEE no CAP para que ela possa ter um
acompanhamento mais sistemático e especializado, assim como,
maior êxito em sua vida escolar e social.
Nesse sentido, os pais devem ser orientados sobre a importância
de levarem seus filhos para o AEE, percebendo a relevância para o
78

desenvolvimento de seu filho. Da mesma forma, é importante que a


família oportunize a participação em atividades sociais para que a
criança sinta-se participante do processo social e aceita, independente
da sua deficiência.

Al. C.: Ter mais recursos para poder eu aprender mais ainda. Eu tenho sorte porque
meus pais me deram tudo na medida do possível.

Al.B.: Que eu tivesse mais material para estudar, eu e os outros colegas que tem
deficiência visual.

A carência de recursos didáticos adaptados para deficientes


visuais ocasiona uma visão fragmentada da realidade e com isso o
foco de interesse e de motivação dos alunos cegos e com baixa visão
pode ficar comprometido. Os recursos destinados ao Atendimento
Educacional Especializado desses alunos devem ser inseridos em
situações e vivências cotidianas que possam estimular à exploração e
o desenvolvimento pleno dos outros sentidos.
Recursos tecnológicos, equipamentos e jogos pedagógicos
contribuem para que as situações de aprendizagem sejam mais
agradáveis e motivadoras em um ambiente de cooperação e
reconhecimento das diferenças (MEC, 2006). Com isso, é possível,
através das informações se ter criatividade para confeccionar ou
adaptar recursos abrangentes ou de uso específico.
No que se refere a frequência com que vão ao CAP e de que
atendimentos participa, as estudantes responderam que:

Al.C.: Venho duas vezes por semana e faço o AVA, vou a psicológa, sala de
informática, OM (orientação e mobilidade) e aula de braille.

Al.B.: Duas vezes, uso o AVA e a sala de reabilitação óptica.

Destacamos que a frequência é importante para que o trabalho


que está sendo feito com elas siga uma sequencia lógica, assim como,
possa possibilitar o progresso em seu desenvolvimento. Logo, com a
estimulação sistematizada de seus potenciais, grande será a
possibilidade de êxito no processo de aprender.
79

Vale ressaltar que com a orientação devida, as estudantes


também poderão utilizar, caso tenham disponível na escola ou em
casa, os recursos tecnológicos, principalmente o computador, que
facilitam as atividades de educadores e educandos porque possibilitam
a comunicação, a pesquisa e o acesso ao conhecimento (MEC, 2006,
p.33). Existem programas leitores de tela com síntese de voz,
concebidos para usuários cegos, que possibilitam a navegação na
internet, o processamento de textos e uma infinidade de aplicativos
operados por meio de comandos de teclado que dispensam o uso do
mouse.
Entre eles estão:
DOSVOX: sistema operacional desenvolvido pelo Núcleo de
Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Possui um conjunto de ferramentas e aplicativos próprios além de
agenda, chat e jogos interativos. Pode ser obtido gratuitamente por
meio de “download” a partir do site do projeto.
VIRTUAL VISION: é um software brasileiro desenvolvido pela
Micropower, em São Paulo, concebido para operar com os utilitários e
as ferramentas do ambiente Windows. É distribuído gratuitamente
pela Fundação Bradesco e Banco Real para usuários cegos. No mais, é
comercializado. Mais informações no site da empresa:
JAWS: software desenvolvido nos Estados Unidos e mundialmente
conhecido como o leitor de ela mais completo e avançado. Possui uma
ampla gama de recursos e ferramentas com tradução para diversos
idiomas, inclusive para o português. No Brasil, não há alternativa de
subvenção ou distribuição gratuita do Jaws, que é o mais caro entre os
leitores de ela existentes no momento.

Existem, ainda, para a acessibilidade de recursos, outras


ferramentas que possibilitam a produção de livros em formato digital,
em áudio e em braille. É o caso, por exemplo, de scanner, de
programas de reconhecimento óptico de caracteres para a digitalização
de textos e programas que permitem converter o texto digitalizado em
arquivo de áudio (MEC, 2006). É necessário que essas ferramentas
80

estejam disponíveis no âmbito do sistema escolar, nos serviços e


centros de apoio que visam promover a inclusão escolar e social.
No que se refere à acessibilidade, destacamos a necessidade de
promover a comunicação e o entrosamento entre todos os alunos com
diferentes condições visuais, é indispensável que os recursos didáticos
possuam estímulos visuais e táteis. Portanto, o material deve
apresentar cores contrastantes, texturas e tamanhos adequados para
que se torne útil e significativo. (MEC, 2008).
Para que esse entrosamento e comunicação aconteça é
necessário que haja fidelidade da representação que deve ser tão exata
quanto possível em relação ao modelo original. Além disso, deve ser
atraente para a visão e agradável ao tato.
A Coordenadora do CAP (Prof.R.) destacou algumas sugestões
que podem ser utilizadas pelo professor podemos para facilitar o
aprendizado dos educandos com deficiência visual, como:
Cela braille: confeccionada com caixas de papelão, frascos de
desodorantes e embalagem de ovos;
Cela braille Vasada: confeccionada em vários tamanhos com acetato
usado em radiografias ou papelão;
Celinha braille: feitas com caixas de chicletes, botões, cartelas de
comprimidos, caixa de fósforo, emborrachado;
Caixa de vocabulário: caixa de plástico ou de papelão contendo
miniaturas coladas em cartões com o nome do objeto em braille e em
tinta;
Alfabeto: letras cursivas confeccionadas com emborrachado, papelão ou
em arame flexível;
Gaveteiro alfabético: cada gaveta contém miniaturas de objetos
iniciados com a letra fixada em relevo e em braille na parte externa;
Figuras geométricas em relevo: confeccionadas com emborrachado,
papelão e outros;
Fita métrica adaptada: com marcações na forma de orifícios e pequenos
recortes;
Baralho: adaptado com inscrição em braille do número e naipe;
81

Dominó: adaptado com diferentes texturas de tecido;


Jogo de dama: adaptado com velcro;
Jogo da velha: adaptado com peças de encaixe ou imantadas;
Resta 1: adaptado com embalagem de ovos e bolinhas de isopor ou
papel machê e bolinhas de gude.

Cabe ressaltar que os recursos adaptados para o aluno com


deficiência visual ainda são incipientes nos espaços das escolas,
questão que dificulta seu processo de aprendizagem e a autonomia.
Portanto, para que os professores na sua formação, tanto inicial
quanto continuada, possam se apropriar de conhecimentos teórico-
práticos sobre e para a acessibilidade, é preciso que haja investimento
de politicas públicas, assim como, a autoformação profissional
(NUNES, 2009, p. 225). Com isso, as atividades educativas
desenvolvidas com educandos com deficiência visual terão melhor
êxito e possibilitarão maior rendimento escolar.
82

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa é resultante do estudo realizado na


disciplina de Pesquisa e Prática II, vivenciada no nono período do
curso de licenciatura em Pedagogia, momento em que a reflexão do
processo educacional inclusivo das pessoas com deficiência visual
surge como temática a ser desenvolvida para a construção deste
Trabalho de Conclusão de Curso.
A pesquisa desenvolveu-se em uma escola estadual que realiza
atendimento educacional específico aos educandos com necessidades
especiais, mais especificamente no CAP - Centro de Atendimento para
as Pessoas com Deficiência Visual, por realizar o atendimento
educacional especializado aos estudantes com esta deficiência,
incluídos nas classes comuns da rede estadual de ensino.
Nesse sentido, o estudo se propõe analisar a contribuição do
CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência
Visual para a educação na perspectiva inclusiva na cidade de Manaus,
focalizando o trabalho pedagógico voltado para o respeito, a
valorização das diferenças entre os que aprendem e os que ensinam. O
estudo parteo do princípio de que o desejo de ensinar e de aprender, a
postura de observação, indagação e investigação constantes, bem
como a valorização e a aceitação das diferentes necessidades do
processo de aprendizagem de cada educando na sala de aula, são
fatores importantes que repercutirão na elaboração do conhecimento.
Ressaltamos que o trabalho alcançou todos os objetivos
propostos à medida que foi possível, através da coleta de dados,
refletir sobre as necessidades, desafios e possibilidades do
desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes com deficiência
visual na perspectiva da educação inclusiva. Outrossim, foi relevante
conhecer o importante trabalho realizado pelo CAP, tanto na
estimulação da aprendizagem e desenvolvimento de habilidades dos
83

estudantes, como na formação e orientação de educadores e


comunitários.
Como resultados da pesquisa, detectou-se que a maioria das
escolas do ensino regular na cidade de Manaus necessita de inúmeras
adequações em relação ao processo de inclusão que perpassam por
uma série de segmentos da escola. Verificou-se ainda, a falta de
formação inicial e continuada dos professores para trabalhar com
estudantes deficientes visuais, assim como, a escassez de recursos
técnicos e metodológicos, a inadequação da estrutura física dos
prédios escolares que não dispõe de acessibilidade o sujeito deficiente,
a falta de planejamentos adequados, entre outros.
Apesar do CAP atender, atualmente, apenas 20 estudantes com
deficiência visual incluídos na rede regular de ensino, tais resultados
demonstram que o atendimento aos alunos cegos e/ou baixa visão nas
escolas requer maior investimento de recursos didáticos e
tecnológicos, assim como, políticas públicas para a formação
continuada de professores, tanto os que atuam no CAP, como os do
sistema regular de ensino.
Salientamos a importância do atendimento educacional
especializado desenvolvido pelo CAP – Centro de Apoio Pedagógico
às Pessoas com deficiência visual, no suporte ao ensino comum, tanto
em relação aos estudantes como aos professores, considerando a
carência de informações, recursos e adequações curriculares na escola
regular. É com o acompanhamento sistemático deste centro que está
sendo possível o desenvolvimento muitos estudantes e à adequação do
trabalho de muitos educadores no processo educacional inclusivo.
Isso porque, percebemos a necessidade de se conceber
alterações nas propostas curriculares tornando-as inclusivas, de forma
a desenvolver ações mais coerentes e comprometidas com os novos
paradigmas educacionais defendidos na atualidade, e com a orientação
dos profissionais do CAP, isso começa a acontecer nas práticas
escolares. Vale ressaltar que estas adaptações também precisam está
garantidas no Projeto Político Pedagógico – PPP da escola, de forma a
resguardar o respeito e a valorização das possibilidades de
84

desenvolvimento e aprendizagem dos sujeitos, independente de ter ou


não uma deficiência.
Outrossim, ressaltamos a necessidade de maior investimento de
políticas públicas nos serviços oferecidos pela equipe do CAP,
inclusive com ampliação no quadro de educadores, considerando as
inúmeras atividades desenvolvidas como: atendimento educacional
especializado aos estudantes com deficiência visual incluídos no
ensino regular, orientação e formação de professores e comunitários,
produção de materiais adaptados, confecção de livros em Braille
orientando e capacitando em relação à temática atende todos os
estudantes, atividade de vida autônoma e reabilitação, serviço de
professor itinerante.
Dessa forma, os dados desta pesquisa refletem a relevância que
o CAP representa na comunidade escolar, visto que o processo de
inclusão é extremamente delicado e minucioso, uma filosofia de
trabalho que exige criatividade e alternativas para reconhecer e
respeitar as singularidades e diferenças individuais. A inserção do
aluno deficiente visual na escola não pode ser representada apenas
com a garantia da matrícula e sim pela promoção de propostas
educacionais que atendam as necessidades educacionais especiais do
educando com deficiência visual e a inclusão em todos os segmentos
da escola e sociedade.
É importante ressaltar que as instituições públicas muito
precisam caminhar para tornarem-se realmente acessíveis a todos os
estudantes da escola, principalmente para o educando cego, que
encontra maiores empecilhos na escola, considerando sua necessidade
de suporte técnico, teórico-prático, metodológico e cultural que
favoreça a sua aprendizagem, apoiado em objetivos, conteúdos,
critérios, procedimentos de avaliações, atividades, metodologias
planejadas para atender as necessidades educacionais especiais dos
escolares.
Diante dessa realidade entende-se que para o processo de
inclusão, o atendimento educacional especializado a ser realizado com
os estudantes deficientes visuais, contribui significativamente para a
85

resolução das problemáticas relacionadas às necessidades de


desenvolvimento dos educandos, representando um desafio à escola.
Isso implica em lidar com as dificuldades dos contextos, respeitar as
singularidades dos estudantes e a construção coletiva do conceito de
inclusão, onde todos, independentemente de seu nível de
desenvolvimento e aprendizagem, precisam ser atendidos em suas
necessidades educacionais especiais.
Por meio desta pesquisa, salientamos a necessidade de inserir
essa temática nos estudos curriculares dos cursos de formação de
professores, uma vez que não basta ofertar vagas e inserir o sujeito
deficiente visual no espaço escolar, deve-se, sobretudo, oferecer
condições concretas a todos de frequentar à escola pública regular.
86

REFERÊNCIAS

BOGDAN, Robert; BIKLEN,Sari. Investigação qualitativa em


educação: uma introdução a teoria e aos métodos. Porto, 1941.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei 10.436, de 24 de abril de 2002.


Dispõe sobre Língua Brasileira de Sinais. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 24 de abril de 2002.

______. Saberes e práticas da inclusão: dificuldade de comunicação


e sinalização: deficiência visual. 2. ed. rev. -Brasília : MEC, SEESP,
2003.

______. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da


educação inclusiva. Revista Educação Especial. Vol. 4. Brasília:
MEC/SEESP, 2008.

______. Constituição da república federativa do Brasil. Brasília:


senado federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2004.

______. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre as


necessidades educativas especiais. Brasília: Coordenadoria Nacional
para a integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE).

BRUNO, Marilda Garcia. Deficiência visual: reflexão sobre a


prática pedagógica, São Paulo: Laramara, 1997.

COSTA, Sérgio Francisco. Método Científico: os caminhos da


investigação. São Paulo: Harbra, 2001.

COSTA, Carolina Severino Lopes. et al. Análise do conceito de


deficiência visual: considerações para a prática de professores.
COSTA, Maria da Piedade Resende da. (Org.) Educação Especial:
aspectos conceituais e emergentes. São Carlos: EDUFSCAR, 2009.

DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. 3ª ed.


São Paulo: Editora Atlas, 1996. Como elaborar Projetos de
Pesquisa.

DEMO, Pedro. Pesquisa e Informação Qualitativa. 2° Ed.


Campinas, SP: Papirus, 2001.

DOMINGUES, Celma dos Anjos [et. al.]. A Educação Especial na


Perspectiva da Inclusão Escolar : os alunos com deficiência visual:
baixa visão e cegueira. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Especial; Universidade Federal do Ceará, 2010.
87

FOUCAULT. M. O que é um autor? Vega: Passagens, 1992. Edição


original: 1969a.

____________. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense


Universitária, Edição original: 1972.

FERREIRA, Júlio R. Necessidades especiais e políticas


educacionais. Teoria e prática da educação, 1999.

FOUCAULT, M. A Arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe


Baeta Neves. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1987.

GIL, Antônio C. Métodos e técnicas em pesquisa social. São Paulo:


Atlas, 1999.

____________. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São


Paulo: Atlas, 2002.

GONZAGA, Amarildo Menezes. Contribuições para produções


científicas. Manaus: BK Editora, 2005.

GLAT, Rosana (Org.). Educação Inclusiva: cultura e cotidiano


escolar. Rio de Janeiro: 7 letras, 2007.

LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade.


Fundamentos de metodologia científica. 6 ed.São Paulo: Atlas,
1991.

________________. Metodologia do Trabalho Científico. 7ª Ed.


São Paulo: Atlas, 2005.

________________. Técnicas de Pesquisa. 6ª Ed. São Paulo: Atlas,


2006.

________________. Fundamentos de Metodologia Científica. 6°ed.


4° reimpressão. São Paulo: Atlas, 2007.

MAZZOTA, Marcos J. Silveira. Educação Especial no Brasil:


História e políticas: 4.ed.-São Paulo:Cortez:2003.

MENDES, Enicéia Gonçalves. Concepções atuais sobre educação


inclusiva e suas implicações políticas e pedagógicas.
MARQUEZINE, Maria Cristina et al. Educação especial: políticas
públicas e concepções sobre deficiência. LONDRINA: EDUEL,
2003.

MINAYO, C. Quantitativo-qualitativo: oposição ou


complementaridade? Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro,
1993.
88

___________. Pesquisa social: teoria, método e criatividade.


Petrópolis: Vozes, 1996.

MINAYO, M.C. de S. (Org..). Pesquisa social: teoria, método e


criatividade. 22. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

MIRANDA, Theresinha Guimarães. Formação docente continuada:


uma exigência frente à proposta da educação inclusiva.
MARTINS, Lúcia de Araújo Ramos. [et. Al.]. Práticas inclusivas no
sistema de ensino e em outros contextos. Natal, RN: EDUFRN –
editora da UFRN, 2009.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças.Planejamento estratégico:


conceitos,metodologia, práticas. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 331.

ORICCO, Hélio. [et. al.] Uma reflexão sobre o cotidiano escolar de


alunos com deficiência visual em classes regulares. GLAT, Rosana
(Org.). Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de
Janeiro: 7 letras, 2007.

SANTOS FILHO, Gamboa. Pesquisa Educacional: quantidade-


qualidade. São Paulo: Cortez, 1995.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão. Construindo uma sociedade


para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1991.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: O Paradigma do Século 21.


INCLUSÃO: REVISTA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL, Brasília: v. 1, n.
1, p. 19-23, out.2005.

_______________________. 1992: Último Ano da Década da


Pessoa Deficiente. INTEGRAÇÃO,São Paulo (SP): v.4, p.10-13, jun.

SOUSA, Sônia Bertoni; COSTA, Maria da Piedade Resende da.


Formação pessoal: contribuições para o profissional da educação
como mediador da inclusão. MARQUEZINE, Maria Cristina [et al.].
Políticas públicas e formação de recursos humanos em educação
especial. Londrina: ABPEE, 2009.

TREVISAN, Patrícia Fantinel & CARREGARI, Júlio. Construindo


conhecimento em Educação Especial. Manaus: Editora Valer, UEA
Edições, 2007.

VASCONCELOS, Celso dos S. Projeto político-pedagógico:


fundamentos e desafios da prática – algumas aproximações.
GHEDIN, Evandro; GONZAGA, Amarildo Menezes; BORGES,
Heloisa da (Org). Currículo e práticas pedagógicas. – Rio de
Janeiro: MEMVAVMEM.
89

APÊNDICE A - ENTREVISTA 1 -
COORDENADORES/PROFESSORES DO CAP

1º) O que é educação inclusiva?


2º) Como os professores tem se manifestado em relação a educação
dos estudantes com deficiência na perspectiva da educação Inclusiva
nos dias de hoje?
3º) Quantos estudantes com deficiência visual são atendidos pelo
CAP?
4º) Quais as ações desenvolvidas pelo CAP para o suporte educacional
às pessoas com deficiência visual incluídas nas escolas regulares de
ensino, tanto no que se refere a formação de professores, ao
atendimento educacional especializado ao estudante e à família?
5º) Como a escola pode se preparar para receber o aluno com
deficiência visual nas classes comuns e podem oferecer o direito e
acessibilidade desses estudantes, sem discriminação e sem que eles
sejam apenas “mais um” matriculado na escola regular?
6º) Quais são as adaptações arquitetônicas e curriculares necessárias
para que o aluno com deficiência visual possa ser atendido com
qualidade na escola comum em uma proposta de educação inclusiva?
7º) Como as tecnologias e recursos adaptados podem contribuir para à
aquisição de conhecimento pela pessoa com deficiência visual?
Indique os software e recursos mais acessíveis e utilizados.
8º) Existem adaptações a serem feitas na classe comum para avaliar o
estudante com deficiência visual?
9º) Quais as parcerias importantes para que à educação inclusiva
aconteça efetivamente?
10º) Para que à inclusão aconteça, a escola precisa ter especialistas em
seu quadro funcional?
11º) O número de estudantes matriculados na classe comum dificulta
o atendimento educacional das pessoas com deficiência visual na
escola regular? Por quê?
90

APÊNDICE B - ENTREVISTA 2 -
PROFESSORES DA ESCOLA REGULAR

1º) O que educação inclusiva?


2º) Como está acontecendo a educação dos estudantes com deficiência
na perspectiva Inclusiva nos dias de hoje?
3º) Como a escola pode se preparar para receber o aluno com
deficiência visual nas classes comuns e poderem oferecer o direito e
acessibilidade desses estudantes, sem discriminação e sem que eles
sejam apenas “mais um” matriculado na escola regular?
4º) Você tem estudantes com deficiência visual matriculados em sua
sala de aula? Quantos? Eles são atendidos pelo CAP?
5º) Como o CAP tem contribuído para o seu trabalho e para o
desenvolvimento da educação na perspectiva inclusiva?
6º) Em sala de aula, como o estudante com deficiência visual tem
participado das aulas?
7º) Quais os cursos de formação você já fez por meio do CAP?
8º) Quais são as adaptações arquitetônicas e curriculares necessárias
para que o aluno com deficiência visual pode ser atendido com
qualidade na escola comum em um proposta inclusiva?
9º) Como as tecnologias e recursos materiais adaptados podem
contribuir para a aquisição de conhecimento pela pessoa com
deficiência visual? Você sabe como utilizar esses recursos?
10º) Existem adaptações a serem feitas na classe comum para avaliar o
estudante com deficiência visual? Você as realiza?
10º) Quais as parcerias importantes para que a educação inclusiva
aconteça efetivamente?
11º) Para que a inclusão aconteça, a escola precisa ter especialistas em
seu quadro funcional?
91

APÊNDICE C – ENTREVISTA 3 -
ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA VISUAL

1º) Como você acha que deve ser a educação inclusiva?


2º) Como você é atendido na escola pelos professores, alunos e
demais funcionários da escola? Você se sente participa de todas as
atividades da escola?
3º) Como acredita que as escolas podem se preparar para receber o
aluno com deficiência visual nas classes comuns?
4º) Quantos dias você vem para o CAP e quais as atividades que você
realiza aqui?
5º) Você usa o computador para estudar? Como ele te ajuda?
6º) O que você acha que precisa mudar na escola para que você tenha
mais condições para aprender?
92

ANEXO A - SUGESTÕES DE MATERIAIS


ADAPTADS QUE PODEM SER UTILIZADAS PELOS
PROFESSORES PARA FACILITAR O APRENDIZADO DOS
EDUCANDOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL1

Cela braille: confeccionada com caixas de papelão, frascos de


desodorantes e embalagem de ovos;

Cela braille Vasada: confeccionada em vários tamanhos com acetato


usado em radiografias ou papelão;

Caixa de vocabulário: caixa de plástico ou de papelão contendo


miniaturas coladas em cartões com o nome do objeto em braille e em
tinta;

1
Sugestão da Coordenadora Pedagógica do CAP, Prof. R.
93

Alfabeto: letras cursivas confeccionadas com emborrachado, papelão ou


em arame flexível;

Figuras geométricas em relevo: confeccionadas com emborrachado,


papelão e outros;

Baralho: adaptado com inscrição em braille do número e naipe;


94

Dominó: adaptado com diferentes texturas de tecido;

Jogo de dama: adaptado com velcro;

Jogo da velha: adaptado com peças de encaixe ou imantadas;

You might also like