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SUMÁRIO

1. O MERCADO DE CAPITAIS ....................................................................................... 1


1.1 Estrutura e Funcionamento do Sistema Financeiro ................................................... 1
1.2 Segmentação do Mercado Financeiro ....................................................................... 3
1.3 Mercado de Capitais .................................................................................................. 7
1.4 Financiamento das Empresas ................................................................................... 9
2. AÇÕES ........................................................................................................................ 13
2.1 Definição.................................................................................................................... 13
2.2 Classificação das Ações ............................................................................................ 13
2.3 Direitos dos Acionistas............................................................................................... 15
2.3.1 Dividendos .............................................................................................................. 15
2.3.2 Juros Sobre o Capital Próprio................................................................................. 15
2.3.3 Bonificações ........................................................................................................... 15
2.3.4 Split......................................................................................................................... 16
2.3.5 Direito de Subscrição.............................................................................................. 16
2.3.6 Direito de Retirada .................................................................................................. 16
2.4 Ofertas Públicas de Ações......................................................................................... 17
2.4.1 Underwriting............................................................................................................ 17
2.4.1.1 Underwriting Firme............................................................................................... 17
2.4.1.2 Melhor Esforço ou “Best-Effort Underwriting” ...................................................... 18
2.4.1.3 Residual ou “Stand-By Underwriting”................................................................... 18
2.4.2 Block Trade............................................................................................................. 18
2.5 Participantes .............................................................................................................. 18
2.5.1 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ................................................................ 19
2.5.2 Sociedades Corretoras ........................................................................................... 19
2.5.3 Agentes Autônomos de Investimento ..................................................................... 20
2.5.4 Investidores Institucionais....................................................................................... 20
2.5.5 Sociedades Distribuidoras ...................................................................................... 21
3. BOLSAS DE VALORES............................................................................................... 22
3.1 Histórico..................................................................................................................... 22
3.2 Conceituação Legal e Funções ................................................................................. 23
3.3 Organização Interna .................................................................................................. 24
4. OS MERCADOS NAS BOLSAS .................................................................................. 26
4.1 O Novo Mercado da BOVESPA................................................................................. 26
4.2 Mercado à Vista......................................................................................................... 27
4.2.1 Custódia.................................................................................................................. 28
4.2.2 Ciclo de Liquidação................................................................................................. 28
4.2.3 Operação “Day Trade” no Mercado á Vista ............................................................ 29
4.2.4 Compensação e Liquidação ................................................................................... 30
4.2.5 Formação do Preço à Vista .................................................................................... 31
4.2.6 Porque Comprar Ações? ........................................................................................ 31
4.2.7 Ajuste do Preço à Vista da Ação em Função de Proventos.................................... 31
4.2.8 Custos de Transação.............................................................................................. 31
4.2.9 Tributação............................................................................................................... 31
4.2.10 Negociação ........................................................................................................... 32
4.3 Os Índices de Bolsas de Valores ............................................................................... 32
4.4 Mercado a Termo ...................................................................................................... 36
4.4.1 Prazos..................................................................................................................... 36
4.4.2 Ações Negociadas .................................................................................................. 36
4.4.3 Formas de Liquidação ............................................................................................ 36
4.4.4 Custos de Transação.............................................................................................. 37
4.4.5 Tributação............................................................................................................... 37
4.4.6 Proventos................................................................................................................ 37
4.4.7 A Ótica do Comprador ............................................................................................ 37
4.4.8 A Ótica do Vendedor............................................................................................... 37
4.4.9 Operações de Financiamento................................................................................. 37
4.4.10 Financiamento a Termo ........................................................................................ 37
4.4.11 Rolagem a Termo ................................................................................................. 38
4.5 Mercado Futuro de Ações Individuais........................................................................ 38
4.6 Mercado de Opções................................................................................................... 41
4.6.1 Conceitos Básicos Utilizados no Mercado de Opções............................................ 41
4.6.2 Garantias ................................................................................................................45
4.6.3 Prazos de Liquidação no Mercado de Opções ....................................................... 45
4.6.4 Custos de Transação.............................................................................................. 46
4.6.5 Tributação............................................................................................................... 46
4.6.6 Proventos................................................................................................................ 46
5. NEGOCIAÇÃO ............................................................................................................ 47
5.1 Sistema de Negociação Eletrônica ............................................................................ 47
5.1.1 Tipos de Ofertas no Pregão Eletrônico ................................................................... 47
5.2 A Validade das Ofertas .............................................................................................. 48
5.3 Sistema de Negociação Internet “Home Broker” ....................................................... 48
5.4 As Ordens..................................................................................................................48
5.5 As Negociações ......................................................................................................... 48
6. DECISÕES DE INVESTIMENTO NO MERCADO DE AÇÕES ................................... 50
6.1 A Análise Fundamentalista ........................................................................................ 50
6.2 Análise Gráfica .......................................................................................................... 60
6.6.1 Gráfico de Barras.................................................................................................... 62
6.6.2 Gráficos de Candlestick .......................................................................................... 62
6.2.3 Ponto de Retorno, Topos, Fundos, Suportes e Resistências ................................. 65
6.2.4 Ziguezagues ........................................................................................................... 69
6.2.5 Tendências ............................................................................................................. 70
6.2.6 Interpretação dos Gráficos Através de Figuras....................................................... 80
6.2.6.1 Padrões dos Gráficos de Barras .......................................................................... 80
6.2.6.1.1 Padrões de Continuação .................................................................................. 80
6.2.6.1.1.1 Triângulos ...................................................................................................... 81
6.2.6.1.1.2 Retângulos..................................................................................................... 86
6.2.6.1.1.3 Cunhas .......................................................................................................... 88
6.2.6.1.1.4 Bandeiras, Flâmulas e Similares.................................................................... 90
6.2.6.1.2 Padrões de Reversão ....................................................................................... 93
6.2.6.1.2.1 Cabeça e Ombros.......................................................................................... 93
6.2.7 Índice de Força Relativa ......................................................................................... 97
6.2.8 GAP’s.................................................................................................................... . 99
6.2.8.1 GAP’s Tipos e Significados................................................................................ 100
7. OS AXIOMAS DE ZURIQUE ..................................................................................... 104
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1. O MERCADO DE CAPITAIS

1.1 Estrutura e Funcionamento do Sistema Financeiro

O sistema financeiro pode ser conceituado como um conjunto de instituições e


instrumentos financeiros que possibilitam a transferência de recursos dos ofertadores
últimos para os tomadores últimos e criam condições para que os títulos tenham liquidez
no mercado.
Os tomadores últimos de recursos são aqueles que se encontram em posição de
déficit financeiro, isto é, aqueles que pretendem gastar (em consumo e/ou investimento)
mais do que sua renda. Eles precisam do complemento de poupanças de outros para
executar seus planos
Os ofertadores últimos de recursos são aqueles que se encontram em posição
de superávit financeiro, isto é, aqueles que pretendem gastar (em consumo e/ou
investimento) menos do que sua renda.
Diz-se ofertadores últimos ou ofertadores finais e tomadores últimos ou
tomadores finais de recursos(e não simplesmente tomadores e ofertadores de recursos)
para diferenciá-los dos intermediários financeiros, que oferecem recursos dos
ofertadores últimos e não o seu próprio superávit financeiro, e tomam recursos não para
cobrir o seu próprio déficit financeiro, mas para repassá-los aos tomadores finais para
que cubram seus déficits.

• Objetivo do Sistema Financeiro


O Sistema Financeiro Nacional compõem-se de instituições responsáveis pela:
• captação de recursos financeiros;
• distribuição e circulação de valores; e
• regulação desse processo.

• Instituições e Ativos Financeiros


As instituições financeiras que operam no mercado são classificadas segundo a
natureza das obrigações secundárias que emitem e tipos de operações a que estão
autorizadas a realizar. O primeiro critério permite classificar as instituições financeiras em
bancárias e não-bancárias. Já, pelo tipo de operações, tem-se as instituições de crédito e
aquelas distribuidoras de títulos e valores mobiliários.
As instituições de crédito, classificadas como bancárias (ou monetárias) são os
bancos comerciais e o Banco Central que, são responsáveis pela oferta de moeda. O
Banco Central emite papel moeda (moeda legal), a qual, uma vez em poder do público
vai constituir, com os depósitos à vista nos bancos comerciais, os meios de pagamentos
da economia.
A criação de meios de pagamentos pelo Banco Central é bastante simples de se
entender, uma vez que ela se reflete na própria emissão do papel-moeda.
A criação de moeda por parte dos bancos comerciais, por outro lado, pode ser
melhor entendida através do seguinte exemplo:
Suponhamos que 100 indivíduos depositem em um banco comercial
$100.000,00. Para que eles possam depositar essa quantia, obviamente, já tivemos
2

antes uma criação moeda, representada pela emissão do papel-moeda pelo Banco
Central.
O simples ato de depositar não significa a criação de meios de pagamento, uma
vez que os indivíduos estarão simplesmente trocando um ativo monetário (dinheiro) por
outro (depósito à vista). Contudo, por uma questão de probabilidade, o banco sabe que
pode emprestar parte desses depósitos, porque nem todos sacam seus recursos ao
mesmo tempo.
Assim, parte desses depósitos ele mantém em caixa (como encaixe) para
atender aos saques dos depositantes, parte ele recolhe compulsoriamente ao Banco
Central e o restante ele emprestará a tomadores, que poderão depositá-lo em outros
bancos, os quais por sua vez, usarão o mesmo processo.
Desse modo, pelo efeito multiplicador, depósito inicial de $100.00,00 transforma-
se em vários outros de menor porte. Este é, em essência, o mecanismo básico de
criação de moeda escritural.
Por esse processo, os bancos comerciais, mantendo encaixes inferiores aos
seus depósitos, tornam os meios de pagamento várias vezes superiores ao saldo do
papel-moeda emitido. Isso porque, quando o banco concede um empréstimo com base
em seus depósitos à vista, o dinheiro passa a pertencer ao tomador do empréstimo sem
que o depositante, perca seu direito de saque.
As instituições financeiras não-bancárias (ou não-monetárias) não possuem a
faculdade de criar moeda, no conceito de meios de pagamentos. A emissão da moeda
legal é monopólio do Banco Central, e o recebimento de depósitos à vista é uma
concessão deste Banco aos bancos comerciais.
Dentre as não-bancárias distinguem-se as instituições de crédito daquelas cuja
função principal é a distribuição de títulos e valores mobiliários. A estas últimas
denominam-se instituições auxiliares e compreendem, basicamente, as Sociedades
Corretoras de câmbio, títulos e valores mobiliários e as Distribuidoras.
Dentre as não-bancárias que operam crédito tem-se os Bancos de Investimentos;
as Financeiras (Sociedades de crédito financiamento e investimento); as Sociedades de
crédito Imobiliário; as Associações de Poupança e Empréstimo, as Companhias de
Arrendamento Mercantil (leasing) e as empresas de “factoring”.
Os instrumentos financeiros podem também ser classificados em ativos
financeiros monetários e ativos financeiros não-monetários. No caso brasileiro:
a) ativos financeiros monetários — são o papel-moeda em poder do público,
mais depósitos à vista nos bancos comerciais, inclusive no Banco do Brasil e nas
Caixas Econômicas.
b) ativos financeiros não-monetários — são todos os demais: ações,
duplicatas, letras imobiliárias, depósitos de poupança, certificados de depósitos a
prazo, etc.
Enquanto os instrumentos monetários só podem ser emitidos pelas instituições
monetárias (Banco Central e bancos comerciais), os não-monetários são
predominantemente emitidos por instituições financeiras não-monetárias e empresas de
um modo geral. Todavia, podem também ser emitidos por pessoas físicas ou instituições
financeiras monetárias. Assim, por exemplo, um certificado de depósito a prazo (ativo
3

financeiro não-monetário) tanto pode ser emitido por um banco comercial (instituição
monetária) como por um banco de investimento (instituição não- monetária).
Ativos financeiros, portanto, são todos os instrumentos financeiros emitidos
diretamente pelos tomadores de recursos ou pelas instituições financeiras que exercem a
conexão entre esses tomadores e os ofertadores.
Dada a existência de conflitos de interesses entre as atividades de crédito e
aquelas ligadas à distribuição de títulos e valores mobiliários, vale ressaltar que, apesar
de inúmeras superposições dessas funções, destacadamente devido a crescente
conglomeração das instituições financeiras, os limites institucionais, por este critério,
resultam claramente demarcados.
As instituições que operam crédito somente participam da distribuição de valores
mobiliários na fase de lançamento público (mercado primário). Por outro lado, as
instituições que operam, basicamente, a distribuição de títulos e valores mobiliários nos
mercados secundários somente trabalham com uma modalidade específica de crédito a
seus clientes, hoje consubstanciada nas operações de “conta margem”.

• O Papel do Sistema Financeiro


Ao se tratar das questões relacionadas às configurações estruturais do sistema
financeiro têm-se que levar em conta, em primeiro lugar, os tipos básicos de dispêndios
que a economia objetiva realizar e, em segundo, inscrever essas configurações no
contexto mais amplo das relações financeiras internacionais.
A primeira condicionante imprime sentido às transações do sistema financeiro e
sinaliza suas tendências estruturais, pois, a cada configuração do padrão de gastos —
configurações dos dispêndios em consumo e investimento - deverá corresponder uma
estrutura financeira que poderá ser ótima, enquanto sustente esses gastos em seus
níveis mais elevados, ou sub-ótima, deprimindo-os.
A segunda condicionante dá o fechamento lógico à estrutura financeira que além
de atender ás necessidades de financiamentos internos, engendradas pelo crescimento
econômico, deverá estar em consonância com o estágio mais avançado do
desenvolvimento financeiro no plano internacional. É dizer, a estrutura financeira de um
país deverá se ajustar, simultaneamente, às condicionantes internas que definem o
estágio de seu desenvolvimento.

1.2 Segmentação do Mercado Financeiro

De acordo com certas características, o mercado financeiro pode ser subdividido


em quatro mercados específicos.

Mercado de crédito
É onde são efetuados os financiamentos a curto e médio prazos, do consumo
corrente e dos bens duráveis, e do capital de giro das empresas. No Brasil, atuam
basicamente neste mercado os bancos comerciais, as companhias financeiras e os
bancos múltiplos.
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Mercado de capitais
É onde são efetuados os financiamentos do capital de giro e do capital fixo das
outras empresas e das construções habitacionais. É neste mercado que está
concentrada a maior parte das operações das instituições financeiras não-monetárias; os
financiamentos são, basicamente, de médios e longos prazos, e até mesmo de prazo
indeterminado, como as operações do mercado de ações que se constitui em um
segmento deste mercado.

Mercado monetário
É onde se realizam as operações de curto e curtíssimo prazo. Nele são
financiados os desencaixes monetários dos agentes econômicos, especialmente as
necessidades momentâneas de caixa dos bancos comerciais e do Tesouro Nacional.
Nele ocorrem as operações de “mercado aberto”, inclusive as operações de um dia,
chamadas “over-night”.
Este mercado existe como um instrumento de política monetária: através dele o
Banco Central atua sobre o nível de liquidez da economia. Quando pretende reduzir a
liquidez, vende títulos de sua emissão ou de emissão do Tesouro Nacional, retirando,
assim, moeda do sistema. Quando pretende expandir a liquidez, recompra esses títulos,
ampliando o volume de moeda em circulação na economia.

Mercado cambial
É onde são realizadas operações que envolvem a necessidade de conversão de
moedas estrangeiras em moedas nacionais e vice-versa. Basicamente, são operações
de curto prazo e as instituições que nele atuam são os bancos comerciais e as firmas
autorizadas, com a intermediação das Corretoras.
As operações do mercado cambial são basicamente de compra e venda de
moeda estrangeira, com a intermediação de instituições financeiras autorizadas. O
intermediário financeiro compra divisas dos exportadores e vende para os importadores.
A compra dos exportadores pode ser feita a prazo (curto prazo), isto é, com o
pagamento em moeda nacional antecipadamente ao recebimento da moeda estrangeira.
Funciona, portanto, como um financiamento. As vendas de divisas aos importadores
podem, por sua vez, ser feitas a prazo, em operações a futuro ou à vista.
Além disso, as instituições financeiras negociam divisas entre si para fechamento
de suas posições. Estas operações são semelhantes às do mercado aberto, com a
diferença, naturalmente, que o dinheiro não é nacional e sim divisas (dólar, marco, etc.).
Embora sejam perfeitamente distintos quanto as suas características não resta
dúvida de que esses mercados se inter-relacionam, e determinadas operações podem
afetar, simultaneamente, vários deles.
No quadro não estão explicitadas as origens dos recursos que fluem através de
cada mercado. É bom esclarecer que os financiamentos provenientes do exterior
(empréstimos de instituições financeiras internacionais, empréstimos de bancos
estrangeiros, etc.) ingressam no mercado financeiro interno via mercado de crédito ou via
mercado de capitais, segundo suas finalidades e prazos.
O mercado cambial refere-se a operações de compra e venda de divisas
internamente. No Brasil, tais operações são feitas sob o controle do Banco Central.
5

Um outro aspecto que merece destaque é o não flexionamento desta


segmentação segundo as modalidades operacionais. Por este critério os diversos
mercados se desdobrariam em à vista, a prazo, a termo, futuros, de opções, etc.
No mercado de créditos teríamos um segmento para negociação com
Certificados de Depósitos Bancários (CDB), por exemplo, onde se realizariam as
operações de emissão e colocação primária desses títulos e aquelas de troca de suas
propriedades (mercado secundário), ambas na modalidade à vista.
Teríamos ainda um outro, onde seriam negociados contratos para entrega futura
desses títulos. Da mesma forma podem-se entender os mercados futuros para títulos
públicos, moedas estrangeiras (mercado futuro de câmbio), e demais mercadorias
cotadas nas bolsas de futuros.
No mercado de capitais teríamos os desdobramentos: mercado à vista (primário
e secundário); a prazo, na fase de mercado primário (lançamento), a fase secundária, em
negociações de “conta-margem”; a termo; de opções (de compra e de venda) sobre
ações; e futuro de índices, onde se negociam contratos para entrega futura de ações que
compõem a carteira (teórica) dos índices de preços e/ou de rentabilidade dos mercados.
A consideração desses desdobramentos como segmentação dos mercados
fundamenta-se no fato de terem, não só espaços de negociação próprios, mas também
por envolverem tipos diferentes de ativos financeiros e agentes em suas transações.
Órgãos de Regulação e Fiscalização Bancos Múltiplos com Carteira Comercial
Bancos Comerciais
Instituições Financeiras Caixas Econômicas
Captadoras de Depósitos à Vista Cooperativas de Crédito

Banco Central do Brasil Bancos Múltiplos sem Carteira Comercial


Bancos de Investimentos
Bancos de Desenvolvimento
Sociedades de Crédito, Financ. e Invest.
Sociedades de Crédito Imobiliário
Demais Instituições Financeiras Companhias Hipotecárias
Associações de Poupança e Empréstimo
Sociedade de Crédito ao Microempreendedor

Comissão de Valores
Mobiliários Bolsas de Mercadorias e de Futuros
Bolsas de Valores
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Agências de Fomento ou de Desenvolvimento


Soc. Corret. de Títulos e Valores Mobiliários
Soc. Distrib. de Títulos e Valores Mobiliários
Outros Intermediários ou
Sociedades de Arrendamento Mercantil
Auxiliares Financeiros Sociedades Corretoras de Câmbio
Representantes de Instituições Financ. Estrang.
CMN Agentes Autônomos de Investimento
Conselho
Monetário Nacional

Entidades Fechadas de Previdência Privada


Superintendência de Entidades Abertas de Previdência Privada
Seguros Privados Sociedades Seguradoras
Entidades Ligadas aos Sistemas
Sociedades de Capitalização
de Previdência e Seguros
Soc. Administradoras de Seguro-Saúde

Fundos Mútuos
Clubes de Investimento
Entidades Administradoras de Carteiras de Investidores Estrangeiros
Recursos de Terceiros Administradoras de Consórcio

Secretaria de
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Previdência Compl. Sistema Especial de Liq. E Custódia SELIC


Complementar
Sistemas de Liquidação e Central de Custódia e Liq. Financeira de Títulos
Custódia Caixa de Liquidação e Custódia
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SEGMENTAÇÃO DO MERCADO FINANCEIRO (Esquema)

MERCADO
FINANCEIRO

CAMBIAL MONETÁRIO CRÉDITO VALORES


MOBILIÁRIO

À Vista e a À Vista Curto Prazos Curto, Prazos Curto,


Curto Prazo e Curtíssimo Médio e Médio, Longo
Prazo Aleatórios e
Indeterminado
Transformação Controle da Financiamentos: Financiamentos:
da Moeda Liquidez Bancária Capital de Giro Capital de Giro
Estrangeira em Capital Fixo Capital Fixo
Moeda Nacional e Habitação Underwriting
Vice-versa Rural Ações
Consumo Debêntures

1.3 Mercado de Capitais

• É onde se dá a distribuição e negociação de valores mobiliários;


• Mercado Primário;
• Mercado Secundário.

Mercado primário e Mercado secundário


Existe, ainda, outra classificação de mercado financeiro bastante importante que
é a distinção entre mercado primário e secundário de títulos.
Em principio, qualquer ativo financeiro tem sua primeira negociação no mercado
primário. Quando uma letra de câmbio, um certificado de depósito, uma ação ou
qualquer outro ativo financeiro é vendido pela primeira vez, isto é, quando é posto em
circulação no mercado, diz-se que tais operações ocorreram no mercado primário.
Se o primeiro comprador revender este ativo financeiro a uma terceira pessoa e
esta uma a outra, e assim por diante, diz-se que tais operações ocorrem em mercado
secundário.
A distinção entre mercado primário e mercado secundário é muito importante sob
o ponto de vista econômico, já que põe em relevo a forma como se dá o fluxo de
recursos para o financiamento, principalmente das empresas, e mostra através de que
mecanismos esse fluxo pode ser mantido e aumentado.
É no mercado primário que a empresa obtém recursos para seus
investimentos, que os bancos obtém recursos para financiar as empresas, etc. Deve-se
ter em mente que apenas nas operações em mercado primário é que ocorre o fluxo de
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recursos dos fornecedores de fundos para aqueles que deles necessitam, tanto para
investimentos como para consumo.
É ainda no mercado primário onde ocorre a colocação de ações ou outros
valores mobiliários, provenientes de novas emissões. As empresas recorrem ao mercado
primário para complementar os recursos que necessitam, visando financiamento de seus
projetos ou seu emprego em outras atividades produtivas.
O mercado secundário é onde os títulos já existentes se transferem de um
proprietário para outro. O valor transacionado nesse mercado não é canalizado para a
empresa ou para o banco, etc. Sob o ponto de vista econômico, não significa aumento ou
diminuição de recursos para financiar novos empreendimentos.
A função deste mercado é dar liquidez aos papéis (ativos financeiros),
negociados no mercado primário.
Esse mercado é, pois, tão importante quanto o primário, uma vez que sua
existência é condição para o funcionamento do outro. Os ativos financeiros não
encontram colocação no mercado primário se não contarem com um mercado
secundário organizado capaz de dar liquidez a esses papéis.
Como exemplo de mercados secundários podemos citar: o “open market”
(mercado aberto) onde se transacionam, após a sua emissão e primeira venda, títulos
como os de emissão do Tesouro Nacional, as Letras de Câmbio, Certificados de
Depósitos Bancários (CDB), etc.; e as Bolsas de Valores, onde se transacionam, no caso
brasileiro, predominantemente ações cuja emissão, muitas vezes, já ocorreu há décadas
atrás.
O mercado secundário é onde ocorre a negociação dos valores mobiliários
adquiridos no mercado primário.

MERCADO DE BOLSA DE
BALCÃO VALORES

NÃO ORGANIZADO Mantém lugar


ORGANIZADO adequado para a
realização de
negócios (pregão
viva-voz e
Não tem lugar Sistema eletrônico eletrônico)
físico determinado de registro de
ofertas e Divulga e registra
Qualquer título divulgação dos rapidamente os
pode ser negócios negócios
negociado realizados via executados
telefone
Supervisiona a Supervisiona a
liquidação das liquidação das
operações operações
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1.4 Financiamento das Empresas

Os interesses financeiros e os agentes econômicos, de um modo geral, estão


constantemente gerando poupanças e fluxos financeiros que alimentam (financiam) o
processo de crescimento da economia. Os recursos oriundos dos movimentos de caixa
dos agentes econômicos estão associados às necessidades de pagamentos de curto
prazo, e são transacionados, fundamentalmente, no mercado aberto. Já os recursos
provenientes da poupança, conquanto não se excluem movimentações no “open market”,
destinam-se, no fundamental, ao financiamento das atividades produtivas, em operações
de prazos mais dilatados.
Estas operações são conduzidas no mercado de capitais.
As empresas são, no sistema econômico, os principais centros de absorção dos
investimentos produtivos. Para o financiamento de uma unidade produtiva empresarial
são requeridos recursos de diferentes naturezas, magnitudes e prazos, obtidos,
normalmente, de diferentes fontes aglutinadoras de poupança. A atividade empresarial é,
portanto, a arte de combinar, de forma eficiente, as atividades de obtenção de
financiamentos, realização de investimentos, e de gerenciamento de processos de
produção e de distribuição de seus produtos (bens ou serviços).
Simplificadamente, se uma empresa não dispõe de boa gerência de produto e
distribuição de seus produtos, isto refletirá, negativamente, na sua política de
financiamento que, por sua vez, implicará uma desajustada política de investimento.
Neste caso, a empresa não gerará como resultados (lucros) do que advém baixa ou nula
remuneração a seus credores e acionistas (proprietários), acarretando interrupções nos
afluxos de recursos, indispensáveis à continuidade de suas funções econômicas e
sociais.

• Fontes de Financiamento das Empresas


O empresário, para a realização de sua política de investimento, na constituição
de seu patrimônio (ativo), conta com fontes internas e externas de financiamentos.
Dentre as fontes internas destacam-se os lucros retidos, a administração ativos e
passivos, e as proteções fiscais, que são recursos oriundos das diferenças do tratamento
tributário de juros e lucros.
Quanto as fontes, externas, destacam-se os recursos dos acionistas (recursos
próprios), os recursos tomados por empréstimos à terceiros (por emissão de debêntures,
“commercial paper”, ou créditos bancários), e aqueles liberados por fornecedores. Ainda
como fontes externas deve-se considerar os créditos do setor externo (capital
estrangeiro) e os créditos subsidiados, supridos por fontes oficiais - créditos não
onerosos.

• Política de Investimento e de Financiamento das Empresas


Os ativos pertencentes ao Patrimônio de uma empresa, em dado momento, são
determinados em função da Política de Investimento adotada pela mesma. Esta política
busca a combinação ótima desses ativos, com vista à maximização do seu retorno
global, independentemente da forma pela qual eles são financiados.
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Por outro lado, ainda de acordo com essa orientação, o “mix” de recursos a ser
canalizado para os investimentos é fixado através da política de financiamento.
Violadas as condições que caracterizam um mercado perfeito e completo, ela
terá como objetivo, otimizar o nível de utilização das várias fontes (próprias e de
terceiros), no intuito de promover a maximização do retorno dos proprietários.

FONTES DE RECURSOS PARA O FINANCIAMENTO EMPRESARIAL

Lucros Retidos

Giro dos Créditos maior


que o Giro dos Débitos

Planejamento Fiscal e
Tributário
INTERNAS
Desimobilização

Outras

Debêntures

Commercial Paper
FONTES

Empréstimos Bancários

RECURSOS
DE Crédito Subsidiado
TERCEIROS

Empréstimos Externos
EXTERNAS
Fornecedores

RECURSOS Outras
PRÓPRIOS

Capital Social (Ações)


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• Sociedade Anônima
Modelo jurídico que visa permitir a operacionalização de uma companhia, sem
maiores responsabilidades para seus sócios do que o capital investido.

Características:
• Existência autônoma, com personalidade jurídica e patrimônio distintos;
• Responsabilidade de seus sócios limitada ao aporte de capital;
• Capital dividido em ações de livre transferência.

Tipos:
• de Capital Aberto: registrada na Comissão de Valores Mobiliários e portanto
autorizada a distribuir valores mobiliários de sua emissão junto ao público.
• de Capital Fechado: sem registro junto a Comissão de Valores Mobiliários; os
títulos de sua emissão só podem ser objetos de transações privadas.

• Por Que Abrir o Capital?


Alguns empresários temem abrir o capital de sua empresa à participação do
público por entenderem que, assim fazendo, estão entregando aos investidores uma
parte do seu patrimônio acumulado à custa de muito sacrifício. Esta é uma idéia errônea.
O acionista minoritário, o investidor, somente recebe remuneração efetiva se o
capital empregado gerar bons resultados na empresa. Se houver prejuízo, participa dele
junto com o empresário. Quando a empresa toma empréstimos é que pode ocorrer o
contrário. Se o capital empregado resultar em prejuízo, tal prejuízo será absorvido
totalmente pelo empresário. O emprestador do dinheiro não corre risco: é remunerado a
uma taxa que fixa independe da obtenção ou não de lucros.
Os recursos captados no mercado, via emissão de ações para lançamento
público, se observadas as regras básicas deste mesmo mercado e corretamente
utilizados pela empresa, certamente contribuirão para a melhoria da remuneração do
capital investido pelos acionistas majoritários. Aliás, só tem sentido tomar capitais de
outros quando se espera que a rentabilidade global dos recursos investidos cresça com
a aplicação dos novos recursos.
A existência de empresas privadas nacionais fortes e crescendo rapidamente
pressupõe o acesso a ambos os mercados: ao mercado de crédito e ao mercado de
ações. Além disso, exige o equilíbrio entre o volume de recursos provenientes de um e
de outro mercado.
A principal vantagem do capital de risco é a sua permanência. Os recursos
captados no mercado de ações não tem data fixa para resgate ou remuneração em
dinheiro.
O mecanismo é simples:
a) as ações são títulos emitidos sem prazos determinados de resgate;
b) a empresa não precisa pagar dividendos quando sua situação financeira não o
permita ou quando incorrido em eventuais prejuízos;
c) mesmo que não receba dividendo ou que os receba em pequena proporção, o
acionista poderá estar sendo devidamente remunerado pela valorização de suas
ações no mercado.
12

Um exemplo do que pode ocorrer em torno do item c: Suponhamos que


determinada empresa decidiu implantar uma fábrica nova e não distribuiu, em
determinado exercício, nenhum dividendo. No entanto, uma vez implantada a nova
unidade industrial, ela teria sua rentabilidade sensivelmente aumentada. Assim sendo,
mesmo no exercício em que não houve distribuição do dividendo, as ações da
companhia valorizou-se suficientemente para remunerar em bom nível os investidores
que as possuíam.
A razão é simples: os investidores sabiam que estavam enriquecendo com o
desenvolvimento da empresa e o preço das ações refletia esta atitude.
Por outro lado, à medida que a participação dos recursos próprios aumenta na
estrutura de capital da empresa, o custo dos capitais de empréstimos tende a ser menor.
Portanto, há que se considerar ainda esta vantagem: os recursos captados via
lançamento público de ações ou simples subscrição, melhorando a estrutura de capital
da empresa, colocam-se em melhor posição em relação ás outras fontes de recursos,
podendo resultar em menores custos do dinheiro obtido no mercado de crédito.
Além das vantagens fiscais, a abertura de capital é beneficiada nos outros
fatores importantes, pois os investidores institucionais aplicam, prioritariamente, na
subscrição ou compra de ações ou debêntures de emissão de companhias abertas, parte
dos recursos por eles captados. Entre estes investidores institucionais estão os fundos
de pensão, as companhias de seguros, os fundos mútuos de investimento em ações e os
clubes de investimento. Eles representam um potencial elevado, que se constitui no
mercado cativo para as ações das companhias abertas.

VALORES MOBILIÁRIOS

AÇÕES NOTAS PROMISSÓRIAS DEBÊNTURES SIMPLES


(Commercial Paper) E/OU CONVERSÍVEIS
EM AÇÕES

Não tem prazo para Têm prazo para resgate Têm prazo para resgate
resgate (curto e médio prazo) e/ou conversão em
ações (longo prazo)
Representam menor Representam
fração do capital da empréstimos tomados Representam
empresa emitente no mercado empréstimos tomados
no mercado
Renda variável Rendem juros
Rendem juros, além
Geram benefícios aos das atualizações
acionistas monetárias

Somente as Sociedades Anônimas de Capital Aberto podem distribuir ao


público os Valores Mobiliários de sua Emissão
13

2. AÇÕES

2.1 Definição

A Sociedade Anônima (companhia) tem como característica fundamental a


divisão do capital em partes iguais denominadas ações. A ação, por sua vez, representa
uma parte ou unidade do capital traduzindo a contribuição dos acionistas à formação
deste, quer em dinheiro, quer em bens.
Pode-se, portanto, conceituar a ação como título representativo do valor da
fração em que é dividido o Capital Social e do qual resulta, para o seu titular, o direito de
participar da vida social da companhia (S.A).
Tal participação processa-se patrimonialmente, mediante a percepção periódica
de dividendos, e pessoalmente ou politicamente, através de fiscalização dos negócios e
influências nas deliberações sociais através do voto.
As ações são, portanto, títulos de propriedade, representados por um certificado
que confere ao seu possuidor uma parcela de participação no controle e nos lucros da
empresa, bem como em suas obrigações.
Este certificado pode ser vendido e, conseqüentemente, transferido o seu
interesse de propriedade para terceiros. A responsabilidade dos sócios ou acionistas é
limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.

2.2 Classificação das Ações

As ações que constituem o Capital Social de uma companhia podem ser


classificadas segundo:
• o valor,
• espécie,
• a forma,
• o tipo e
• a classe.
Segundo o valor, as ações podem ser com valor nominal e sem este valor. O
valor nominal será o mesmo para todas as ações em que se divide o capital social,
independente de sua espécie, forma e classe, e nunca poderá ser inferior ao mínimo
fixado pela CVM.
As ações sem valor nominal representam uma fração do capital social. Se a
empresa tem, por exemplo, um capital de $1.000.000,00 e 500.000 ações emitidas, cada
ação (sem valor nominal expresso) terá como valor

1 / 500.000 *1.000.000,00 = 0,000002 *1.000.000,00 = $2,00

Neste caso, a fração do capital representada pela ação, em termos percentuais,


é de 0,0002% ou seja: dois décimos de milésimo por centro do capital social.
Segundo a espécie, as ações podem ser:
• Ordinárias: são ações que dão direito a voto, além de participar dos resultados da
companhia.
14

• Preferenciais: são ações que normalmente apenas participam dos resultados da


empresa, mas não tem direito a voto. Dependendo do estatuto da companhia,
podem ter direito a voto em garantia de dividendos mínimos. Os direitos dos
acionistas preferenciais aos ativos da empresa precedem os dos acionistas
ordinários.

Ordinárias Preferenciais
• Dividendos; • Prioridade nos dividendos
• Conferem o direito de voto; (mínimos);
• Normalmente a cada ação • Prioridade no reembolso do
corresponde um voto. capital;
• Geralmente não têm direito
de voto.

Quanto à forma, as ações podem ser Nominativas e Escriturais.

A classe deve ser tratada como uma especificação adicional da ação, indicando,
principalmente, direitos particulares associados a determinada ação. Esses direitos
particulares são indicados por especificações do tipo: Ação preferencial normativa classe
A. O acionista deverá se informar junto a Bolsa ou à empresa que se refere esta classe.

2.3 Direitos dos Acionistas

Basicamente, o acionista tem apenas uma obrigação, a de integralizar sua parte


no capital (isto é, pagar a empresa o valor das ações que subscreveu).
Entretanto, a lei n° 6.404/76, que regulamenta o funcionamento das sociedades
anônimas, lhe confere uma série de direitos, que nem o estatuto social nem a assembléia
geral podem tirar:
I. Participar dos lucros sociais;
II. Participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;
III. Fiscalizar, na forma prevista por lei, a gestão dos negócios sociais;
IV. Preferência para subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis
em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição;
V. Retirar-se da sociedade nos casos previstos em lei, mediante o reembolso
do valor de suas ações.

2.3.1 Dividendos

Parcela do lucro apurado pela empresa, que é distribuída aos acionistas por
ocasião do encerramento do exercício social (balanço). Pela lei das S/A’s, deverá ser
distribuído um dividendo de no mínimo 25% do lucro líquido apurado, e sempre em
dinheiro. Os dividendos podem ter periodicidade diversa: mensal, trimestral, semestral,
anual, etc., desde que conste no estatuto da empresa o período determinado. A
Assembléia Geral Ordinária (AGO) é quem vai determinar o percentual a ser distribuído
como dividendo, de acordo com os interesses da empresa, através da manifestação de
15

seus acionistas. O montante a ser distribuído deverá ser dividido pelo número de ações
emitidas pela empresa, desta forma, ficando garantida a proporcionalidade da
distribuição.
O Estatuto poderá estabelecer o dividendo como porcentagem do lucro ou do
capital social, ou fixar critérios para determiná-lo, desde que sejam regulados com
precisão e minúcia e não sujeitem os acionistas minoritários ao arbítrio dos órgãos de
administração ou da maioria.
O dividendo previsto não será obrigatório no exercício social que os órgãos da
administração informar à assembléia geral ordinária ser ele incompatível com a situação
financeira da companhia. O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá dar parecer
sobre essa informação e, na companhia aberta, seus administradores encaminharão à
Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5 (cinco) dias da realização da assembléia
geral, exposição justificativa da informação transmitida à assembléia.
Os lucros que deixarem de ser distribuídos serão registrados como reserva
especial e, se não absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser
pagos como dividendos assim que o permitir a situação financeira da companhia.

2.3.2 Juros Sobre o Capital Próprio

Para efeito da remuneração dos acionistas prevista em lei, a empresa poderá


distribuir, ao invés de dividendos ou em conjunto com estes, juros sobre o capital próprio.
Previstos na Lei 9249/95, que estabelece, inclusive, uma série de condições para que
possa ser realizada, essa forma de distribuição de resultados tem como principal atrativo
às empresas o fato de permitir sua dedução como despesa para efeito do cálculo do
Imposto de Renda.

2.3.3 Bonificações

Consistem no recebimento gratuito de um número de ações proporcional à


quantia já possuída. Resultam do número de capital, por incorporação de reservas ou
lucros em suspenso. Para o patrimônio da empresa nada representam, uma vez que
apenas há transferências de um valor inscrito em uma conta (do patrimônio liquido -
reservas de lucros, reservas de reavaliações, etc.) para outra (de capital).
A bonificação representa a atualização da cota de participação do acionista no
capital da empresa. Ela pode ser feita mediante a emissão de novas ações ao valor
normal ou simplesmente pelo aumento do valor nominal das ações (carimbo) já
existentes (sempre na mesma proporção da bonificação distribuída).

Por exemplo: uma empresa com capital de $100 milhões, divididos em 50 milhões de
ações ao valor nominal de $2,00 cada uma, resolve promover um aumento de capital de
50% mediante a incorporação de reservas. Ela pode distribuir bonificação de uma ação
para cada duas possuídas, ou , então, aumentar o valor nominal das ações para $3,00.
Ambas as formas correspondem ao aumento de capital de 50%.
16

2.3.4 Split

Nesses últimos anos difundiu-se, entre as companhias abertas, o uso do “split”


ou desdobramento do número de ações, através do qual as empresas emitem novas
ações que vão desde 1,2,3 ou 4 novas para cada ação antiga, até várias dezenas ou
mesmo centena.
O desdobramento é permitido tanto para as ações com valor nominal, quanto
para aquelas sem este valor. A operação de desdobramento de ações (“stok split”/ ou
split off), não altera o capital da empresa, modificando, exclusivamente o valor individual
das ações.
O aumento do valor nominal das ações, por bonificação, representa a atualização
da participação do acionista, da mesma forma que a distribuição de novas ações, de
mesmo valor nominal, apresentando, contudo, as seguintes diferenças:
• Para a empresa significa uma redução de custos e de serviços, pois não são
emitidas novas cautelas (somente é fixado o novo valor nominal no verso das
cautelas antigas)
• Para o acionista porque obterá um atendimento mais eficiente e mais rápido por
parte da empresa.

Em princípio as duas formas são indiferentes para os acionistas, pois a


bonificação, devido à diluição das ações, provoca um ajustamento do preço de mercado,
compensado pelo aumento do número de ações possuídas, enquanto o aumento do
valor nominal não altera o preço.
Nas duas hipóteses, o que pode aumentar é o fluxo de dividendos, isto no caso
em que a empresa efetue a distribuição tomando como parâmetro o capital social da
companhia.
Já, conforme a lei das sociedades por ações, os dividendos são calculados, via
de regra, sobre o lucro líquido (25%).

2.3.5 Direito de Subscrição

O acionista tem o direito, assegurado por lei, de preferência para subscrição de


ações, que consiste na prioridade comum a todos (acionistas ordinários e preferenciais)
de adquirir, pelo preço da emissão, uma parcela das novas ações proporcional às já
possuídas.
Normalmente, os aumentos de capital por meio de subscrições ocorrem quando
as condições do mercado se apresentam favoráveis, de modo que os acionistas,
subscrevendo as ações novas, ganham a diferença entre o seu preço de mercado e o
seu valor de emissão. O direito de preferência na subscrição pode ser negociado no
pregão da Bolsa.

2.3.6 Direito de Retirada

De acordo com a lei das sociedades anônimas, a aprovação das seguintes


matérias pela assembléia geral dá ao acionista o “direito de retirada”:
17

a) criação de ações preferenciais ou aumento de classes existentes sem guardar


proporções com as demais, salvo, se já previstas ou autorizadas pelo estatuto;
b) alterações nas preferências, vantagens e condições de resgate ou
amortização de uma ou mais classes de ações preferenciais ou criação de nova
classe mais favorecida;
c) redução do dividendo obrigatório;
d) fusão da companhia, ou sua incorporação em outra;
e) participação em grupo de sociedade;
f) mudança do objeto social da companhia.

Nos casos dos itens “a” e “b”, somente terão direito os titulares das ações
prejudicadas. Já nos casos dos itens “d” e “e” somente terão direito os titulares de ações
que não integrem índices de ações negociados em mercados de valores mobiliários e/ou
titulares de ações de companhias abertas nas quais mais da metade de suas ações
pertençam ao acionista controlador.
Nos casos de cisão da companhia, somente haverá direito de retirada se a cisão
implicar em:
a) mudança de objeto social;
b) redução do dividendo obrigatório;
c) participação em grupo de sociedades.

O acionista dissidente tem o direito de retirar-se da companhia mediante o


reembolso do valor de suas ações, se o reclamar á companhia, no prazo de 30 dias,
contados da publicação da ata da assembléia geral. O estatuto pode estabelecer normas
para determinação do valor de reembolso, entretanto, somente poderá ser inferior ao
valor patrimonial das ações, constantes do último balanço aprovado pela assembléia
geral, se estipulado com base no valor econômico da companhia a ser apurado por
avaliação feita por peritos ou empresa especializada.

2.4 Ofertas Públicas de Ações

2.4.1 Underwriting

É o processo de lançamento de ações mediante subscrição pública para o qual a


empresa encarrega um intermediário financeiro, que será responsável pela colocação no
mercado. Esses lançamentos públicos de ações podem ser basicamente de três tipos:

2.4.1.1 Underwriting Firme

É o processo de lançamento no qual a instituição financeira, ou um consórcio de


instituições subscreve a emissão total, encarregando-se, por sua conta e risco, de
colocá-la no mercado junto aos investidores individuais (público) e institucionais. Neste
tipo de operação, no caso de um eventual fracasso, a empresa já recebeu integralmente
o valor correspondente às ações emitidas. O risco é inteiramente do underwriter
(intermediário financeiro que executa uma operação de underwriting). O fato de uma
18

emissão ser colocada através de underwriting firme oferece uma garantia adicional ao
investidor, porque, se as instituições financeiras do consórcio estão dispostas a assumir
o risco da operação, é porque confiam no êxito do lançamento, uma vez que não há
interesse de sua parte em imobilizar recursos por muito tempo.

2.4.1.2 Melhor Esforço ou “Best-Effort Underwriting”

É o lançamento de ações no qual a instituição financeira assume apenas o


compromisso de fazer o melhor esforço para colocar o máximo de uma emissão junto à
sua clientela, nas melhores condições possíveis e num determinado período de tempo.
Neste caso, as dificuldades de colocação das ações irão se refletir diretamente na
empresa emissora. Neste caso o investidor deve proceder a uma avaliação mais
cuidadosa, tanto das perspectivas da empresa quanto das instituições financeiras
encarregadas do lançamento.

2.4.1.3 Residual ou “Stand-By Underwriting”

É um esquema de lançamento, no qual a instituição financeira se compromete a


promover a colocação das ações no mercado dentro de um certo prazo, findo o qual ela
própria subscreverá a parcela que o mercado não absorveu. A condição dessas
operações pode estar a cargo de Bancos e Corretoras, enquanto líderes de sindicatos
formados para o lançamento, ou ser realizada em bolsas de valores, nos chamados
“leilões especiais.”

2.4.2 Block Trade

Leilão de grande lote de ações antigas (de posse da Companhia ou de algum


acionista) com colocação junto ao público através das bolsas de valores.

2.5 Participantes

Os investidores não compram ações diretamente na Bolsa. Compram-nas


através das sociedades corretoras membros daquela entidade. O cliente emite uma
ordem de compra ou venda à sua corretora e esta se encarrega de executá-la no pregão.
Para isto ela mantém, no recinto de negociação, seus operadores, que são habilitados
pela Bolsa de Valores através de um exame de qualificação. O operador, de posse das
ordens de compra e de venda dos clientes de sua corretora, participa diretamente do
pregão, apregoando seus negócios.
São admitidos à negociação apenas os títulos e valores mobiliários registrados
na Bolsa; ações de sociedades anônimas (devidamente registradas na CVM com todas
as condições legais e cujas empresas emissoras tenham cumprido as exigências da
Bolsa de Valores) e títulos públicos federais e estaduais.
19

2.5.1 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

Entidade autárquica em regime especial, criada pela Lei n° 6385, de 7/12/76,


vinculada atualmente ao Ministério da Fazenda, administrada por um presidente e quatro
diretores nomeados pelo Presidente da república e que funciona como órgão de
deliberação colegiada de acordo com regimento interno aprovado pelo Ministro da
Fazenda.

• Compete à CVM:
I. Regular, com observância da política definida pelo Conselho Monetário Nacional,
as matérias expressamente previstas na Lei das sociedades por ação (lei
6.404/76);
II. Administrar registros instituídos pela lei que a criou: registro de empresas para
negociação de suas ações no mercado, registro de auditores independentes e
consultores e analistas de Valores Mobiliários etc;
III. Fiscalizar a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado; a
negociação e intermediação de valores mobiliários; a negociação e funcionamento
das Bolsas de Valores; a administração e custódia de títulos e valores mobiliários;
a auditoria das companhias abertas; os serviços de consultor e analista de valores
mobiliários; a veiculação de informações relativas ao mercado, às pessoas que
dele participem e aos valores nele negociados;
IV. Propor ao CMN limites máximos de preços, emolumentos e qualquer outro
rendimento cobrado pelos intermediários financeiros;
V. Fiscalizar as companhias abertas.

• A CVM no uso de suas atribuições, tem poderes para:


I. Examinar livros e documentos; exigir informações e esclarecimentos; requisitar
informações de qualquer órgão público, autarquia ou empresa pública; obrigar as
companhias abertas a republicar balanços, demonstrativos etc, com correções;
II. Apurar, mediante inquérito administrativo, atos legais e práticas não-equitativas de
administrações de companhias abertas e de qualquer participante no mercado;
aplicar penalidades previstas;
III. Suspender a negociação de um título ou colocar em recesso as Bolsas de
Valores; divulgar informações a fim de orientar os participantes no mercado;
suspender ou cancelar registros.

2.5.2 Sociedades Corretoras

São instituições financeiras constituídas como sociedades anônimas ou


sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Sua principal função é a de
promover, de forma eficiente, a aproximação entre compradores e vendedores de títulos
e valores mobiliários, dando a estes negociabilidade adequada através de leilões
realizados em recinto próprio (pregão das Bolsas de Valores). Desta forma, as
sociedades corretoras exercem o papel de unificadoras de mercado, dando segurança
20

ao sistema e liquidez aos títulos transacionados. Suas principais atividades são as


seguintes:
• Operar com exclusividade na Bolsa de Valores da qual é membro com títulos e
valores mobiliários de negociação autorizada;
• Comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários, por conta de terceiros;
efetuar lançamentos públicos de ações (operações de underwriting);
• Encarregar-se da administração de carteiras de valores e da custódia de títulos e
valores mobiliários; instituir, organizar e administrar fundos e clubes de
investimento; prestar serviços como transferência de títulos, desdobramento de
cautelas, recebimento de juros, dividendos ou encarregar-se da subscrição de
títulos e valores mobiliários, etc;
• Operar no mercado aberto (“open market”) e intermediar as operações de câmbio.

Em decorrência da reorganização operacional do mercado de valores mobiliários


ocorrida em 2000, as corretoras de valores, independentemente de localização de sua
sede, passaram a ser corretoras membros da BOVESPA e, dependendo do número de
títulos patrimoniais possuídos, se enquadram nas seguintes categorias: Internacional,
Nacional, Regional Rio de Janeiro e Regional.

2.5.3 Agentes Autônomos de Investimento

Segundo a Resolução n° 2.838 de 30/05/2001 e a Instrução CVM n° 355 de


01/08/ 2001, é a pessoa natural ou jurídica uniprofissional, que tenha como atividade a
distribuição e mediação de títulos, valores mobiliários, cotas de fundos de investimento e
derivativos, sempre sob a responsabilidade e como preposto das instituições
contratantes; e, outras atividades autorizadas expressamente pelo Banco Central do
Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários. Os Agentes Autônomos de Investimento
podem ser credenciados junto à: bancos múltiplos com carteira de investimento, bancos
de investimento, corretoras de valores e de mercadorias e distribuidoras de valores.
Para efeito da Lei n° 4.595, os agentes autônomos de investimento equiparam-se
às instituições financeiras.

2.5.4 Investidores Institucionais

Instituições ou Entidades que em função de seu perfil operacional e/ou objetivos


sociais direcionam parte de seus recursos/reservas para o mercado acionário:
Os principais investidores são:
• Entidades de Previdência Privada Fechadas (as “Fundações”);
• Entidades de Previdência Privada Abertas (os “Montepios”);
• Sociedades Seguradoras;
• Sociedades de Capitalização;
• Fundos Mútuos de Investimento;
• Investidores Institucionais Estrangeiros.
21

2.5.5 Sociedades Distribuidoras

As Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários são firmas


constituídas como sociedades anônimas, sociedades por quotas de responsabilidade
limitada, ou ainda como firmas individuais, cuja autorização para funcionamento é dada
pelo Banco Central do Brasil, que também estipula os capitais mínimos a que estão
obrigadas em função da região em que atuem.
Suas atividades básicas, determinadas pela Resolução n° 1.120, de 04 de abril
de 1986, do Banco Central do Brasil, com as alterações trazidas pela Resolução n° 1.653
de 26 de outubro de 1989, são:
• Subscrever, isoladamente ou em consórcio, emissões de títulos ou valores
mobiliários para revenda; intermediar a colocação de emissões no mercado;
contratar com a emissora, em conjunto ou separadamente, a sustentação de
preços de títulos no mercado, no período de lançamento e colocação da emissão;
• Encarregar-se da venda à vista, a prazo ou à prestação, de títulos e valores
mobiliários por conta de terceiros;
• Operar também no mercado aberto (“open market”) ,desde que satisfaça às
condições exigidas pelo Banco Central do Brasil;
• Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento.
22

3. BOLSAS DE VALORES

3.1 Histórico

A palavra Bolsa, no seu sentido comercial e financeiro, nasceu em Bruges,


cidade da Bélgica, onde se realizavam assembléias de comerciantes na casa de um
senhor chamado VAN DERBURSE, em cuja fachada havia um escudo com três bolsas,
brasão de armas do proprietário.
A Bourse de Paris foi implantada por Luís VII em 1141, sendo regulamentada em
1304. Napoleão I fixou-a num prédio suntuoso onde permanece até hoje. Em 1698 foi
fundada a “Bolsa de Fundos Públicos de Londres”. Embora as operações com valores já
estivessem legalizadas, o enorme crescimento das negociações naquele ano exigiu a
organização da Bolsa em caráter oficial.
Mas, só no Século XVIII estas instituições atingiram um grande desenvolvimento,
quando as exigências de crédito público obrigaram os banqueiros a fracionar os
empréstimos em títulos de participação. Com a expansão das sociedades por ações,
permitindo grandiosos agrupamentos de Recursos, elas assumiram um papel
preponderante na oferta e procura de capitais. Desde os velhos mercados medievais até
hoje, as Bolsas de Valores vêm sofrendo profundas transformações em sua estrutura. No
Brasil, seu desenvolvimento está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento da estrutura
financeira do País, que se assentou basicamente sobre dois tipos de instituições: os
bancos comerciais e as Bolsas de Valores. No entanto, somente na segunda metade
deste século começaram a surgir instituições especializadas em diferentes tipos de
crédito. Antes do século XlX não se encontravam instituições organizadas, mas apenas
indivíduos exercendo as funções de banqueiros ou corretores.
A reestruturação econômica do País, na primeira metade do século passado,
exigiu a organização do sistema financeiro, abrangendo também a figura do corretor,
contemporânea ao período colonial. As disposições sobre o ofício já apareciam na
legislação, a partir do século XVIII, mas a regulamentação da atividade só viria a
acontecer em 14 de junho de 1845, através do Decreto n° 417, com o objetivo principal
de evitar a interferência, nessas operações, de um número irrestrito de pessoas. Desde
então, os “Corretores Oficiais de Fundos Públicos” passaram a ter cargos vitalícios,
mediante nomeação do Ministro da Fazenda, tendo em vista que representavam o
Governo e seus atos.
Em São Paulo, em dezembro de 1894, foi aprovada uma tabela de corretagem
para a embrionária Bolsa Livre de Valores, por ato do governo estadual. Esse fato
representou o passo inicial para a criação dos primeiros cargos de corretores de fundos
públicos. Em 1895, o Governo Estadual instituía a Bolsa Oficial de títulos de São Paulo.
As atividades das Bolsas e Corretoras dos estados brasileiros foram
regulamentadas pelo Governo Federal somente em 1934, através do Decreto n° 24.275.
Mas a legislação tornou-se mais afirmativa, passando a reger todas as instituições
bolsísticas do País, a partir do Decreto-Lei n° 1.344 de 1939. No entanto, mesmo depois
dele, elas continuaram sendo entidades públicas com ingerência dos governos estaduais
em suas administrações.
23

Foi a partir das reformas que institucionalizaram o sistema financeiro nacional,


iniciadas em 1964, que as Bolsas de Valores assumiram as características que hoje
possuem.
Em 2000, foi assinado um protocolo (convênio) entre as bolsas de valores
brasileiras, estabelecendo que todas as atividades relacionadas com títulos de emissão
privada passariam a ser centralizadas na Bolsa de Valores de São Paulo, enquanto que
a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro se focaria no desenvolvimento e implementação de
um mercado eletrônico para negociação de títulos públicos.
Ao longo de sua história, a BOVESPA passou por mudanças para aperfeiçoar
sua estrutura. Recentemente em 28 de agosto de 2007, quando uma reestruturação
societária resultou na criação da BOVESPA Holding, que tem como subsidiárias
integrais a Bolsa de Valores de São Paulo (BVSP) – responsável pelas operações dos
mercados de bolsa e de balcão organizado – e a Companhia Brasileira de Liquidação e
Custódia (CBLC) que presta serviços de liquidação, compensação e custódia.
A reestruturação societária consolidou o processo de desmutualização,
permitindo que o acesso às negociações e demais serviços prestados pela Bolsa sejam
desvinculados da propriedade de ações. No formato anterior da BOVESPA, apenas
corretoras proprietárias de títulos patrimoniais podiam negociar em Bolsa.
Mais recentemente em 2008 foi criada a BM&FBOVESPA com a integração da
Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA).
Juntas as Companhias formam a terceira maior bolsa do mundo em valor de
mercado, a segunda das Américas e a líder do continente latino-americano,
concentrando cerca de 70% do volume dos negócios da região.

3.2 Conceituação Legal e Funções

Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa, mas estão sujeitas à


supervisão da Comissão de Valores Mobiliários e obedecem as diretrizes e políticas
emanadas do Conselho Monetário Nacional.
Seus objetivos e atividades são:
a) Manter local adequado ao encontro de seus membros e a realização, entre
eles de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em
mercado livre e aberto, organizado e fiscalizado pelos próprios membros,
autoridade monetária e pela CVM; criar e organizar os meios materiais, os
recursos técnicos e as dependências administrativas necessárias à pronta,
segura e eficiente realização e liquidação das operações efetuadas no recinto de
negociação (pregão); organizar, administrar, controlar e aperfeiçoar o sistema e o
mecanismo de registro e liquidação das operações realizadas; estabelecer
sistema de negociação que propicie e assegure a continuidade das cotações e a
plena liquidez do mercado de títulos e valores mobiliários;
b) Fiscalizar o cumprimento, pelos seus membros e pelas sociedades emissoras
de títulos e valores mobiliários, das disposições legais e regulamentares,
estatutárias e regimentais, que disciplinam as operações de Bolsa, aplicando aos
infratores as penalidades cabíveis; dar ampla e rápida divulgação ás operações
24

efetuadas em seu pregão; assegurar aos investidores completa garantia pelos


títulos e valores negociados;
c) Exercer outras atividades conexas e correlatas que lhe sejam permitidas por
lei.

3.3 Organização Interna

O órgão deliberativo máximo das Bolsas de Valores é a assembléia geral e a


gestão dos seus negócios sociais é feita através do conselho de administração e do
superintendente geral.
O conselho de administração é constituído por doze membros e respectivos
suplentes, reelegíveis, sendo:
• Oito titulares ou administradores de firmas ou sociedades corretoras, membros da
Bolsa e com um mandato de três anos, renovável de um terço;
• O Superintendente Geral, escolhido pelo Conselho de Administração;
• Um representante das companhias abertas escolhido entre as registradas na
Bolsa;
• O representante dos investidores (pessoas físicas); e
• O representante dos investidores institucionais.

• Compete ao conselho de administração:


Traçar a política geral da Bolsa de Valores e autorizar as medidas e providências
necessárias para regular o funcionamento da entidade.
Autorizar, proibir ou suspender a negociação e a cotação de quaisquer títulos ou
valores mobiliários, exceto os da dívida pública federal; suspender, total ou parcialmente,
as atividades da Bolsa de Valores em casos de grave emergência, comunicando de
imediato a decisão, devidamente justificada, à Comissão de Valores Mobiliários; admitir
ou recusar a admissão de novos membros ao quadro social da entidade e obedecendo
ao estatuto; impor sanções aos membros da entidade.
Escolher e autorizar a contratação do Superintendente Geral, bem como decidir
sobre a sua demissão; deliberar sobre a contratação de superintendentes executivos;
propor orçamentos e programas de aplicação de recursos, apresentar relatórios de
atividades e balanços gerais e propor atualização do capital social à assembléia geral
entre outras atribuições.
Ao superintendente geral cabe dar execução à política e as determinações do
conselho de administração, bem como, dirigir todos os trabalhos da Bolsa. Suas
principais funções são: apresentar ao conselho de administração os orçamentos,
relatórios e balanço geral relativos a cada exercício, contratar os superintendentes
executivos, determinar-lhes as atribuições e poderes, bem como rescindir os contratos
respectivos, tudo com a prévia aprovação do conselho de administração; representar a
entidade, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, nos termos do mandato especial
que lhe é outorgado.
Antes de assumir suas funções, os integrantes do conselho de administração, o
superintendente geral e os superintendentes executivos têm seus nomes submetidos à
aprovação da Comissão de Valores Mobiliários, que apreciará a indicação de acordo
25

com os padrões exigidos para a aceitação dos dirigentes de instituições financeiras.


Estão, pois, sujeitos às penalidades previstas por lei para aqueles dirigentes, com os
quais se equiparam.
Existem ainda as superintendências executivas onde estão ligados os
departamentos (ou divisões) pertencentes às suas respectivas áreas de atuação.
Todavia, especialmente nas Bolsas de menor porte, algumas áreas estão sob a
supervisão direta do superintendente geral.
Além disso, existem os órgãos de staff que estão ligados à presidência ou às
superintendências. São as consultorias jurídicas, as assessorias de relações públicas, as
assessorias de organização e métodos, as consultorias ou assessorias econômicas, etc.
26

4. OS MERCADOS NAS BOLSAS

Os mercados disponíveis à negociação nas Bolsas de Valores são:


• À vista: que tem a finalização da operação (transferência dos títulos e acerto
financeiro) em um curto período.
• Derivativos: no caso do mercado de ações são os mercados a termo e de
opções. Em ambos se estabelece “hoje” as condições em que será efetuada a
finalização da operação, que irá ocorrer em uma data futura.

Uma das razões de um produto/mercado ser denominado de derivativo é o fato


de sua existência e formação de preço estar vinculada ao grau de risco e as diferentes
expectativas quanto ao futuro comportamento de um outro produto/mercado.
Tanto as transações a vista como as com derivativos podem ser feitas no
sistema eletrônico (pregão eletrônico)

4.1 O Novo Mercado da BOVESPA

A BOVESPA desenvolveu um novo segmento de mercado onde são


transacionadas ações de empresas comprometidas com os princípios de boa
governança corporativa.
Para uma empresa habilitar-se a negociação no Novo Mercado, ela deve
resumidamente atender os seguintes requisitos:
• Emissão exclusiva de ações ordinárias;
• Realização de ofertas públicas de colocação de ações por meio de mecanismos
que favoreçam a dispersão do capital;
• Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações representando 25%
do capital;
• Extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos
controladores quando da venda do controle da companhia;
• Estabelecimento de um mandato unificado de um ano para todo o Conselho de
Administração;
• Disponibilização de balanço anual seguindo as normas do US GAAP ou IAS
GAAP;
• Introdução de melhorias nas informações prestadas trimestralmente, entre as
quais a exigência de consolidação e de revisão especial;
• Obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as ações em
circulação, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento de capital ou
cancelamento do registro de negociação no Novo Mercado;
• Cumprimento das regras de “diclousure” em negociações envolvendo ativos de
emissão da companhia por parte de acionistas controladores ou administradores
da empresa;
• Adesão Câmara de Arbitragem para resolução de conflitos societários.
27

Além disso, a BOVESPA irá classificar as demais empresas negociadas em dois


níveis (1 e 2), dependendo do grau de atendimento aos seguintes itens:
NÍVEL
ITENS
1 2
Mandato unificado de um ano para todo o Conselho de
X
Administração;
Extensão para todos os acionistas detentores de ações
ordinárias das mesmas condições obtidas pelos controladores
X
quando da venda do controle da companhia e de 70% deste
valor para os detentores de ações preferenciais;
Direito de voto às ações preferenciais em algumas matérias
como transformação, incorporação, cisão e fusão da
X companhia, aprovação de contratos entre a companhia e
empresas do mesmo grupo e outros assuntos em que possa
haver conflito de interesse entre o controlador e a companhia;
Obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de
todas as ações em circulação, pelo valor econômico, nas
X
hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do
registro neste Nível 2;
Adesão à Câmara de Arbitragem para resolução de conflitos
X
societários;
Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações
X X
representando 25% do capital;
Realização de ofertas públicas de colocação de ações através
X X
de mecanismos que favoreçam a dispersão do capital;
Melhoria nas informações prestadas trimestralmente, entre as
X X
quais a exigência de consolidação e de revisão especial;
Cumprimento de regras de “diclousure” em operações
X X envolvendo ativos de emissão da companhia por parte de
acionistas controladores ou administradores da empresa;
Divulgação de acordos de acionistas e programs de “stock
X X
options”;
Disponibilização de um calendário anual de eventos
X X
corporativos.

4.2 Mercado à Vista

É o mercado onde se realizam operações de compra e venda de ações emitidas


pelas empresas abertas registradas em Bolsa.
Este mercado caracteriza-se por ter os preços das ações com cotação atual e
pelo fato das operações serem liquidadas em três dias, se não houver atraso por parte
do vendedor na entrega das ações vendidas ou falta de pagamento por parte do
comprador, referente às ações compradas.
28

Considera-se “D+0” como sendo o dia da realização da operação no Pregão ou


no Sistema Eletrônico. Assim a Corretora Vendedora terá até o dia “D+2” para a entrega
das ações (liquidação física) e a Corretora Compradora terá até o dia “D+3” para pagar a
operação (liquidação financeira).
As liquidações física e financeira são realizadas pela “clearing”, empresa
independente, administrativa e financeiramente das Bolsas e responsável pela prestação
dos serviços de compensação dos títulos negociados no mercado.

4.2.1 Custódia

Serviço de guarda de valores prestado pelas instituições autorizadas aos


participantes do mercado.
• Infungível: o mesmo ativo depositado é o que será devolvido/transferido quando
solicitado;
• Fungível: comprometimento no sentido de devolução/transferência de um ativo de
idênticas características, porém, não necessariamente o mesmo que foi
depositado.

4.2.2 Ciclo de Liquidação

“D+0”
• Dia da operação no Pregão (Viva Voz ou Eletrônico)
• Único dia para especificação de opções e termo
• Cobertura
• Depósito de margem de garantia (ativos)
“D+1”
• Prazo para especificação/reespecificação de operações (a vista)
• Depósito de margem (espécie)
• Liquidação Financeira (termo, opções, futuro)

“D+2”
• Entrega física dos títulos na custódia (liquidação física)
• Relatório de potenciais inadimplentes
29

• Liquidações Física e Financeira da operação


• Cobertura financeira para vendedor inadimplente
“D+3”
• Liquidação física e financeira da operação
• Cobertura financeira para vendedor inadimplente

“D+4”
• Último dia para regularização da liquidação física da operação.

Caso estes prazos não sejam obedecidos pela Corretora Vendedora ou pela
Corretora Compradora, serão tomadas as seguintes providências:

Corretora Vendedora não entregou as ações em “D+2”: Recompra ou Reversão

“D+5”
• Emissão de ordem de recompra das ações e início do prazo para execução da
recompra

“D+6”
• Prazo para a execução da recompra e confirmação

“D+7”
• Prazo para confirmação e término do prazo para execução da recompra

“D+8”
• Confirmação da Recompra - Prazo Final

“D+9”
• Reversão da operação.

Obs.: Todos os dias “D” acima citados são considerados como dias úteis.

4.2.3 Operação “Day Trade” no Mercado à Vista

É uma operação de Compra e Venda de uma mesma quantidade de ações de


uma mesma empresa, realizada no mesmo dia pelo mesmo investidor, através da
mesma corretora e liquidada pelo mesmo agente de compensação.
Esta operação será liquidada por saldos em “D+3”. Se o investidor vendeu ações
de uma empresa “X” em um determinado dia, a um preço superior a compra, também
realizada no mesmo dia, ele receberá um crédito em “D+3” na compensação financeira
referente ao saldo positivo da operação.
Se o investidor vendeu ações de uma empresa “X” em um determinado dia a um
preço inferior a compra também realizada no mesmo dia, ele terá que pagar o prejuízo
da operação em “D+3” sofrendo um débito na compensação financeira.
30

Exemplo:
Compra de 1.000 ações do ativo “X” por $1.000,00
Venda de 1.000 ações do ativo “X” por $1.100,00

Operações inversas realizadas no pregão do mesmo dia, pelo mesmo investidor e


pela mesma corretora

Liquidação:
O comprador tem que pagar $ 1.000,00, e, receber $ 1.100,00, como vendedor.
Logo: o investidor tem a receber $ 100,00 como saldo financeiro da operação.

COMPRADOR 1.000 ações por $ 1.000,00 do VENDEDOR


“A” ativo ‘X” “B”
Mesmo
Investidor VENDEDOR 1.000 ações por $ 1.100,00 do COMPRADOR
“A” ativo ‘X” “C”

O comprador “C” paga $ 1.100,00 pela operação, $ 1.000,00 são destinados ao


vendedor “B” e $ 100,00 ao vendedor “A”.
As operações de “day trade” podem ser realizadas igualmente nos mercados
futuros e de opções.

4.2.4 Compensação e Liquidação

• Clearing: Empresa independente


• Função: compensar e liquidar as operações realizadas na BOVESPA, controlar os
riscos das operações nos mercados derivativos e administrar as margens de
garantia.
• Agentes de compensação: plenos e próprios.

CICLO DA COMPENSAÇÃO E LIQUIDAÇÃO


Executa Executa
Corretora Ordem Pregão da Ordem Corretora
Vendedora BOVESPA Compradora

Entrega Recebe
Títulos D+2 Custódia Títulos D+3

Crédito em R$ Débito em R$
na Conta da na Conta da
Corretora Corretora

Agente Clearing Agente


Compensação Crédito em R$ Débito em R$ Compensação
D+3 D+3
31

4.2.5 Formação do Preço à Vista

• Oferta e procura
• Fatores determinantes:
- Desempenho histórico
- Perspectivas futuras

4.2.6 Porque Comprar Ações?

• Obtenção de um ganho
• Lucratividade é determinada por:
- Direitos e Proventos
- Valorização das cotações das ações

4.2.7 Ajuste do Preço à Vista da Ação em Função de Proventos

As bolsas somente permitem que sejam realizados negócios com ações que
estejam com seu “estado de direito” totalmente atualizado, ou seja, que não tenha
nenhum dividendo ou bonificação / desdobramento a receber.
Essa medida é adotada para evitar que existam diferentes formações de preço
para as mesmas ações. Dessa forma, quando uma empresa comunica que irá distribuir
algum provento a seus acionistas, as Bolsas estabelecem um prazo até o qual as ações
de emissão dessa empresa irão ser negociadas na forma “Com – Direito”, e a partir do
qual somente serão transacionadas na forma “Ex-Direito” (ações que já receberam e/ou
não tem direito ao provento).
O mercado, por sua vez, quando do primeiro dia de negociação “ex-direito” ajusta
as cotações das ações, de maneira a “descontar os efeitos da distribuição de proventos”
no preço dos títulos.

4.2.8 Custos de Transação

• Corretagem
• Emolumento
• Taxa de liquidação

4.2.9 Tributação

Negociação com Ações:


• I.R. = 15% sobre o ganho líquido.
• I.R. = 20% sobre o ganho líquido em operações day-trade, sendo 1% na fonte
Nas operações de vendas terá a incidência na fonte de I.R. na alíquota de
0,005% sobre o valor.
32

4.2.10 Negociação

• Lote Padrão: - Unitário


- Cem Ações
- 1 mil Ações
- 10 mil Ações
- 100 mil Ações
• Fracionário

4.3 Os Índices de Bolsas de Valores

Os Índices das Bolsas de Valores procuram medir a lucratividade média de uma


carteira de ações, num determinado tempo.
Estes índices possibilitam aos investidores avaliarem seus investimentos e a
tendência dos negócios em geral: aos administradores dos fundos de investimentos
compararem seus desempenhos com o do mercado como um todo; às autoridades
econômico-financeiras utilizá-los como instrumentos de auxílio em suas análises da
situação do país.
Evidentemente, para que um indicador possa efetivamente ser utilizado, para
medir a lucratividade das ações negociadas, num mercado, o índice deve possuir o maior
crédito possível junto a todas as instituições que, de uma forma ou de outra, tenham
interesse neste mercado.
As ações que compõe o índice formam uma suposta carteira de investimentos
que devem representar de forma mais fiel e eficiente o comportamento do mercado.
A evolução dos índices das Bolsas é uma informação de extrema importância
que os analistas, investidores ou especuladores, devem somar a outras, na avaliação de
seus investimentos no mercado acionário.

Dow-Jones Industrial
O índice Dow Jones foi criado em 1897 por Charles H. Dow, editor do Wall Street
Journal e fundador da agência de Notícias Econômicas Dow & Jones Company. Sua
publicação era diária sob a forma de um índice geral de preços para o mercado de ações
“industriais” e outro para as ações de companhias “ferroviárias”. Charles H. Dow foi o
primeiro a observar que as ações do mercado se movem juntamente, seguindo a
trajetória das mais representativas, sendo assim possível medir através de uma média a
intensidade das oscilações.
Na sua construção inicial o índice Dow-Jones-lndustrial tinha uma formulação
extremamente simples, pois se constituía de uma média aritmética aos preços de 30
ações do setor industrial que eram consideradas as mais representativas entre as
listadas na New York Stock Exchange.
A medida que as ações deste índice foram sofrendo “splits” (aumento do n° de
ações) tornou-se necessário um ajuste ao divisor da média. Este ajuste, entretanto, vem
dando origem a algumas imperfeições na representatividade do índice, pois as ações
que pouco ou nunca usaram split tornaram mais influentes que as outras que
33

regularmente “se racharam”, além do seu critério de seleção das ações do grupo ser
extremamente conservador.

Standard & Poor’s


O índice S&P foi criado no final da década de 50 pela agência de Notícias e
Pesquisas Econômicas Standard & Poor’s Co. que lançou uma média de preços de 500
ações, ponderada pela quantidade de ações existentes em cada uma. Estas ações
representam 86% do valor agregado total das ações mais importantes do mercado.
A Standard & Poor’s procurou estabelecer uma mecânica de cálculo, de forma
que aproximasse o seu índice do preço das ações da New York Stock Exchange.

NYSE
O índice NYSE foi criado pela própria New York Stock Exchange em 1966,
composto por 1200 ações, de modo que se aproxime do valor médio das ações no
mercado. A New York Stock Exchange tentou convencer durante anos a Dow-Jones a
dividir seu índice para aproximá-lo do preço médio das ações na Bolsa, e evitar, desta
forma, as manchetes de jornal, anunciando grandes variações de pontos na média das
ações em um único dia; não conseguindo a NYSE decidiu passar a publicar seu próprio
índice.

Índice BOVESPA
O índice BOVESPA foi criado em 1968, a partir da construção de uma carteira
teórica de ações que em conjunto representam 80% do volume transacionado à vista nos
doze meses anteriores à formação da carteira, sua função é ser indicador de
desempenho médio das cotações das ações negociadas na Bolsa de Valores de São
Paulo.
Este índice não sofreu modificações metodológicas desde sua implantação,
tendo apenas sofrido divisões do seu valor (por 100 e por 10), unicamente para efeito de
divulgação. O número de ações que o compõe altera-se quadrimestralmente em função
da participação relativa de cada ação nos últimos 12 meses, atualmente ela soma 57
papéis.

IEE – Índice de Energia Elétrica


Primeiro índice setorial criado pela bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA).
Tem base 1000 em 28 de dezembro de 1994 e mede o desempenho dos papéis mais
líquidos desse setor. Atualmente formado por 13 ações, tem como importante
característica o fato de ser um índice em que todas as ações apresentam igual
participação - em termos de valor - na composição da carteira.

IBX – Índice Brasil


Com base 1000 em 29 de dezembro de 1995 é composto pelos 100 principais
papéis - em termos de participação no número de negócios e no volume financeiro-
transacionados no mercado à vista da Bolsa de Valores de São Paulo. A participação de
cada título na carteira é função da representatividade do seu respectivo ‘ mercado no
34

tipo” (número de ações em circulação multiplicado pela sua cotação em pregão) no


somatório dos valores de mercado dos 100 papéis integrantes do índice.

ÍNDICE Nº DE AÇÕES
Ações de Empresas Industriais negociadas
Dow Jones Industrial 30 na Bolsa de Valores de Nova York

Ações de Empresas Ferroviárias negociadas


Dow Jones Ferrovia 20 na Bolsa de Valores de Nova York

Ações de Empresas de setores variados


negociadas na Bolsa de Valores de Nova
Dow Jones Utilidades 15
York

Conjunto de outros índices


Dow Jones Composto 65

Agência de Pesquisa Standard & Poor’s


S&P 500
Bolsa de Valores de Nova York
NYSE Composite 1683
Bolsa de Valores de São Paulo
BOVESPA 66
Fundação Getúlio Vargas
FGV – 100 100 (Empresas não-financeiras)

Financial Times – Agência de Notícias


Econômicas da Bolsa de Valores de Londres
FT 100 100
(Empresas não-financeiras)

Agência de Notícias Econômicas da Bolsa de


Nikkei 230 Valores de Tóquio

Bolsa de Valores de Tóquio


Topix 1165
Dax 30 Bolsa de Valores de Frankfurt
CAC 240 Bolsa de Valores de Paris
35

EXEMPLO DE MONTAGEM DE CARTEIRA DE UM ÍNDICE PONDERADO PELA


REPRESENTATIVIDADE EM MERCADO
Momento 1
Mercado À Vista
Part. % Part. % Ind. (Neg. / Vol.)
Ação Nº Neg. Vol. % Part. %
(1) (2) (1) * (2)
A 2.500 25 32.000 16 20,0 20,3
B 2.800 28 84.000 42 34,3 34,9
C 1.700 17 26.000 13 14,9 15,2
D 2.300 23 52.000 26 24,5 24,9
E 700 7 6.000 3 4,6 4,7
Total 10.000 100 200.000 100 98,3 100,0

Momento 2
Amostra de ações que irão compor o Índice:
Part. %
Ação Ind. (Neg. / Vol.) Part. %
Acumul. Part. % Part. %
B 34,3 34,9 34,9 Ajustada Acumul.
D 24,5 24,9 59,8 43,6 43,6
A 20,0 20,3 80,1 31,1 74,7
C 14,9 15,2 95,3 25,3 100,0
E 4,.6 4,7 100,0

Momento 3
Montagem da Carteira, supondo Índice = 10.000 pontos.
Part. % (Ajustada) Peso Preço Fech. Qtde. Teórica
Ação
(1) (1) * 10.000 = (2) (3) (2) / (3) = (4)
B 43,6 4.360 20,00 218
D 31,1 3.110 31,10 100
A 25,3 2.530 2,00 1.265
100,0 10.000

Momento 4
Cálculo do Índice no pregão seguinte (D + 1):
Qtde. Teórica Preço Ação (D + 1) Pontos do Índice Variação
Ação
(1)100 (2) (1) * (2) = (3) (%)
B 218 21,00 4.578 + 5,0
D 100 33,45 3.345 + 7,6
A 1.265 1,80 2.277 - 10,0
Índice 10.200 + 2,0
36

4.4 Mercado a Termo

É a operação em que o Comprador e Vendedor formalizam um contrato de


Compra e Venda de ações de uma empresa para liquidação futura com preço e prazo
predeterminados no presente. Neste mercado, não existe a troca de posição das partes,
isto é, o Comprador e o Vendedor são os mesmos até o vencimento do contrato, que
pode ser no final do prazo contratado ou antecipado.
O preço da operação a termo, que é determinado em mercado, é formado com
base: no preço à vista da ação e na taxa de juros praticada no mercado financeiro.

4.4.1 Prazos

Os prazos de vencimento podem variar de um mínimo de 12 dias úteis até 999


dias corridos, contados a partir do dia da realização da operação a Termo.

4.4.2 Ações Negociadas

Todas as ações negociadas em Bolsa podem ser objeto de um contrato a Termo.


A liquidação de um contrato a Termo pode ser realizada na forma de “Liquidação
Antecipada”, “Por Diferença” ou “Por Decurso de Prazo” e sempre a Vontade do
Comprador.

4.4.3 Formas de Liquidação

• Liquidação Antecipada: Quando o contrato realizado a termo for liquidado antes


da data do seu respectivo vencimento.
• Liquidação por Diferença: Quando o comprador do contrato a termo vende no
mercado à vista os títulos adquiridos a termo e utiliza o produto da venda para
pagar o contrato.
• Liquidação por Decurso de Prazo: Quando o contrato a termo realizado for
liquidado na data do seu respectivo vencimento.
• Garantia

O comprador a termo é obrigado a depositar como garantia os percentuais de


margem para a ação negociada a termo. O vendedor a termo é dispensado de depósito
de margem por ser sempre coberto, ou seja, tem que depositar na CBLC a totalidade das
ações-objeto da operação.
A CBLC, divulga periodicamente uma relação contendo as Classes de Margens
para todas as ações. Esta Classe de Margem é obtida em função da volatilidade e
liquidez das ações, observando-se um determinado período de tempo (6 meses).
A CBLC calcula e se necessário, debita à Sociedade Corretora (que tem que
cobrar seu cliente) diariamente o reforço de margem.
37

4.4.4 Custos de Transação

• Emolumentos; Bovespa 0,019% do volume financeiro.


• Taxa de Registro; Bovespa 0,012%, e CBLC 0,006% do volume financeiro.
• Taxa de Liquidação: CBLC 0,028% do volume financeiro.

4.4.5 Tributação

15 % sobre o ganho líquido (nas compras)

4.4.6 Proventos

Todos os proventos distribuídos durante o prazo da operação a termo pertencem


ao comprador.

4.4.7 A Ótica do Comprador

O Comprador a Termo tem a expectativa de que o preço que ele vai pagar no dia
do vencimento do contrato (Preço Contratado) será menor do que o preço das ações no
Mercado à Vista no dia do vencimento da operação a Termo.

4.4.8 A Ótica do Vendedor

O Vendedor a termo tem a expectativa de que o preço que ele vai receber no dia
do vencimento do contrato (Preço Contratado) será maior do que o preço das ações no
dia do vencimento da operação a Termo.

4.4.9 Operações de Financiamento

O Mercado a Termo é também utilizado para operações de financiamento,


quando combinado com outros mercados, em especial com o mercado à vista.
Por exemplo:
Um investidor pessoa física ou jurídica tem disponibilidade de recursos e deseja
realizar um financiamento (aplicação de capital) no mercado a termo, porque a
rentabilidade do investimento em um determinado momento tornou-se mais atrativa, se
comparada como retorno de outros ativos financeiros.

4.4.10 Financiamento a Termo

Por exemplo:
O financiador compra ações no Mercado à Vista do financiado, que recebe os
recursos que necessita. Simultaneamente o financiador vende as mesmas ações para o
próprio financiado no mercado a Termo, por exemplo, por 30 dias, que se obriga a pagar
a operação ao final do prazo.
38

Vantagem do Financiador: Irá receber de volta os recursos aplicados com uma


taxa de juros embutida, que remunera o seu Capital.
Vantagem do Financiado: O financiado, por exemplo, uma empresa que
necessitou de recursos por 30 dias, não tem que recorrer a Banco, preencher ficha de
cadastro, ter avalistas e comprar todo o tipo de serviço, que as instituições bancárias
exigem como reciprocidade para obter o empréstimo.
O financiado realizou uma operação “Caixa” ao vender as ações que tinha em
carteira no Mercado à Vista. Recebendo os recursos para atender as suas necessidades
de capital de curto prazo e recomprando as mesmas ações no Mercado a Termo, ao final
de 30 dias, isto porque, sua intenção não era se desfazer definitivamente das ações da
empresa a qual é acionista.

4.4.11 Rolagem de Termo

Caso o financiado, ao se aproximar a data de encerramento por decurso de


prazo, não tenha os recursos necessários para pagar a compra a termo e/ou não esteja
disposto a dispendê-los, ele poderá efetuar uma “Rolagem de Termo”, solicitando (até
três dias da data de vencimento por decurso) a liquidação por diferença da operação e
simultaneamente recomprando, novamente, os títulos a termo.

4.5 Mercado Futuro de Ações Individuais

Definições
É a compra e venda de ações, a um preço negociado entre as partes, para
liquidação em uma data futura, previamente determinada.
Diferentemente do Mercado a Termo, o preço do contrato futuro não é fixo até o
vencimento da operação, sendo alterado diariamente, em função das negociações
ocorridas nesse segmento (ver procedimentos de ajuste, na seqüência deste texto).

Modalidade
A modalidade de futuro transacionada na BOVESPA é conhecida como “futuro
com ajuste diário de resultados”, ou seja, diariamente os preços de todas as posições em
aberto são comparados a um preço de referência, chamado preço de ajuste, que é
calculado para cada ação/vencimento.

Formação do Preço Futuro


Usualmente o preço do contrato futuro equivale ao preço a vista do papel
acrescido de uma fração correspondente à expectativa de taxas de juros entre o
momento do contrato futuro e a respectiva data de liquidação do contrato.

Preço de Ajuste Diário


É calculado após o encerramento das negociações do dia, para cada papel e
vencimento, correspondendo ao preço médio do papel no Mercado Futuro apurado no
período de negociações da tarde.
39

Procedimento de Ajuste Diário


O procedimento de ajuste é diferente para posições abertas no dia e para
posições abertas em pregões anteriores:
a) para posições abertas no dia: o preço do negócio é comparado com o preço de ajuste
do dia, se o resultado for positivo, o comprador é creditado e o vendedor debitado; se o
resultado for negativo, ocorre o inverso.
Supondo que o preço do negócio realizado a futuro foi R$ 35,00 e que tanto o
comprador como o vendedor não detinha posições anteriores e continuaram
posicionados ao final da sessão.
Se o preço de ajuste for superior ao do negócio, por exemplo, R$ 36,10, o valor
do ajuste será de R$ 1,10 (36,10— 35,00), e portanto:
• comprador será creditado em R$ 1,10
• vendedor debitado em R$ 1,10
Se o preço de ajuste for inferior ao do negócio, por exemplo, R$ 33,70, o valor do
ajuste será de - R$ 1,30 (33,70—35,00), e portanto:
• comprador será debitado em R$ 1,30
• vendedor creditado em R$ 1,30

b) para posições abertas em pregões anteriores, o preço de ajuste do dia é comparado


ao preço de ajuste do dia anterior, sendo que se o resultado for positivo, o comprador é
creditado e o vendedor debitado; ocorrendo o inverso se o resultado for negativo.
Supondo que o preço de ajuste do dia anterior foi R$ 52,00.
Se o preço de ajuste do dia for superior, por exemplo, R$ 54,00, o valor de ajuste
será de R$ 2,00 (54,00-52,00), e portanto:
• comprador será creditado em R$ 2,00
• vendedor debitado em R$ 2,00

Se o preço de ajuste do dia for inferior, por exemplo, R$ 50,60, o valor de ajuste
será de - R$ 1,40 (50,60-52,00), e portanto:
• comprador será debitado em R$ 1,40
• vendedor creditado em R$ 1,40

Ações negociadas no Mercado Futuro


Somente ações previamente autorizadas podem ser transacionadas no Mercado
Futuro de Ações.

Características básicas de negociação


O lote padrão das ações negociadas no Mercado Futuro é o mesmo vigente para
o mercado a vista, bem como a forma de negociação.
É permitida a realização de operações de day-trade nesse segmento.

Encerramento antecipado de posições


O investidor detentor de uma posição comprada ou vendida no Mercado Futuro
que não desejar ir para a liquidação física pode sair de sua posição realizando uma
operação de natureza oposta.
40

Vencimento
É o último dia em que um contrato futuro pode ser encerrado por meio da
realização de uma operação oposta no próprio Mercado Futuro.
Ocorre na terceira segunda-feira do mês de vencimento do contrato.

Liquidação Física
Os contratos que permanecerem em aberto após o fechamento do dia do
vencimento terão obrigatoriamente liquidação física.

Preço de Liquidação
Será o preço médio a vista da ação no período da tarde do dia do vencimento.

Codificação
Têm sete posições, sendo as 4 primeiras relativas ao código do ativo no mercado
a vista; a quinta posição é uma letra de “A” a “L” que indica o mês de vencimento (igual
ao procedimento adotado para as opções de compra); a sexta posição é numérica e
utilizada para indicar o tipo da ação; a sétima posição é a letra “X” como indicação de
mercado futuro.
Por exemplo:
TNLPL4X
TNLP : código da empresa TELEMAR
L: mês de vencimento, no caso dezembro
4: indica o tipo (PN)
X: indica que é Mercado Futuro

Garantias
São exigidas tanto do comprador como do vendedor, podem ser cobertura ou
margem.

Proventos
Em dinheiro e direitos de preferência — o valor liquido recebido e/ou o valor
teórico do direito é descontado do último preço de ajuste “com-direito”.
Em ações — os contratos passam a ser negociados na forma “com-direito” até o
vencimento.

Custos de Negociação
• Emolumentos
• Taxa de Registro
• Taxa de Liquidação
• Corretagem

Tributação
IR — Incide à alíquota de 15% sobre o resultado positivo da soma algébrica dos
ajustes diários ocorridos no mês.
41

4.6 Mercado de Opções

É o mercado onde não se negociam ações e sim direitos sobre elas. São direitos
de uma parte comprar ou vender a outra, até determinada data, uma quantidade de
ações a um preço preestabelecido. Neste mercado podem ser negociadas Opções de
Compra de Ações e Opções de Venda de Ações.

• Opção de Compra de Ações


Direito outorgado ao titular da opção de, se desejar, comprar do lançador,
exigindo que este lhe venda, um lote-padrão de determinada ação a um preço por ação
previamente estipulado e até (ou em) uma data prefixada.

• Opção de Venda de Ações


Direito outorgado ao titular da opção de, se desejar, vender ao lançador, exigindo
que este lhe compre, um lote-padrão de determinada ação, a um preço por ação
previamente estipulado até (ou em) uma data prefixada.

4.6.1 Conceitos Básicos Utilizados no Mercado de Opções

• Titular: É o Comprador da Opção. É aquele que adquire o direito de exercer a opção,


pagando por ele, um prêmio.
• Lançador: É o vendedor da opção. É aquele que assume a obrigação de, se o titular
exercer a opção, vender a este ou dele comprar o lote-padrão a que se refere a opção.
• Opções Tipo (estilo) Americanas: São aquelas em que o titular pode exercer seu
direito de comprar (opção de compra) ou vender (opção de venda) a qualquer instante,
do dia seguinte ao de sua aquisição até a data do vencimento.
• Opções Tipo (estilo) Européias: São aquelas em que o titular somente pode exercer
seu direito de comprar (opção de compra) ou vender (opção de venda) na data do
vencimento.
• Prêmio: É o preço do direito, o valor negociado, em pregão, entre o lançador e o titular,
e representa o preço da opção. É estipulado em função do preço de exercício, da taxa de
juros e da taxa de risco.
• Ação Objeto: Valor Mobiliário, de mesmas características, emitido por Companhia
Aberta e admitido a negociação em pregão da Bolsa de Valores, a que se refere a
Opção.
• Lote-Padrão: É a quantidade de ações-objeto a que se refere necessariamente cada
opção. Os negócios só podem ser fechados em quantidades iguais ou múltiplas do lote-
padrão.
• Preço de Exercício: É o preço por ação pelo qual titular terá o direito de comprar ou de
vender a totalidade das ações-objeto da opção. Os preços de exercícios são
determinados pela Bolsa.
• Exercício: É a operação da qual, o titular da opção, exerce o seu direito de comprar ou
vender as ações-objeto da opção a o preço de exercício.
42

• Lançamento: É a operação que dá origem a venda das opções negociadas no


mercado.
• Vencimento: Considera-se como vencimento da opção, a data limite estabelecida pela
Bolsa para o titular exercer o seu direito.
• Garantia: É o depósito realizado na Bolsa, de margem ou cobertura.
• Cobertura: É o deposito das ações-objeto, a que se refere a opção. É depositada pelo
lançador coberto.
• Margem: É o deposito em dinheiro e/ou títulos e valores mobiliários em percentual e
forma fixados pela Bolsa de Valores. É depositada pelo lançador descoberto
• Posição: É o saldo resultante de uma ou mais operações com opção da mesma série,
realizadas em nome de um mesmo comitente, através da mesma Sociedade Corretora.
Conforme a natureza do saldo, a posição será de lançador ou de titular, e conforme a
garantia prestada, será coberta ou descoberta.
• Encerramento de Posição: É a operação através da qual o lançador, pela compra, ou
o titular, pela venda de opções, da mesma série, extingue sua posição, ou parte dela, na
mesma Sociedade Corretora. Zerar posição.
• Bloqueio de Posição: É a operação através da qual, o lançador impede o exercício
sobre parte ou a totalidade de sua posição, mediante prévia compra de opção da mesma
série das anteriormente lançadas.

Exemplo: Pedido de Bloqueio

Os investidores que possuem posição lançadora no Mercado de Opções de


Compra, caso não tenham interesse em serem exercidos devem bloquear suas posições.
A escolha do lançador exercido é feita através de sorteio. Este pedido só é válido após o
registro da Boleta de Negociação que evidencia a compra da posição titular, encerrando
total ou parcialmente sua posição lançadora.
• Série: São opções do mesmo tipo (Compra ou Venda) lançadas sobre a mesma ação-
objeto, tendo a mesma data de vencimento e o mesmo preço de exercício. São
representadas por códigos e embutem a natureza da Opção (Compra ou Venda), o seu
vencimento e o Preço de Exercício.

Exemplo 1
TELEMAR PN TNLP H 38
Opção de
Indicador
Nome do Código da Compra/Venda
+ Tipo da Ação do Preço de
Pregão Empresa +
Exercício
Mês de Vcto.
43

Exemplo 2 — Bolsa de Valores de São Paulo


Identificação das séries quanto ao seu estilo (no Mega)
Código Identificação Descrição
Opção de Compra Européia sobre Petrobras
PETR H 53 PETRE ON 31,83 ON com vencimento em agosto (letra “H”) e
preço de exercício igual a R$ 31,83.
Opção de Venda Européia sobre Globo Cabo
PLIM V 78 PLIME PN 0,80 com vencimento em outubro (letra “V”) e preço
de exercício R$ 0,80
Opção de Compra Americana sobre Telemar
TNLP B 38 TNLP PN 38,00 PN com vencimento em fevereiro (letra “B”) e
preço de exercício R$ 38,00
Opção de Venda Americana sobre Vale PNA
VALET 55 VALE PNA 55,00 com vencimento em agosto (letra “T”) e preço
de exercício R$ 55,00

Há código alfabético para diferenciação de opções de compra e venda e mês de


vencimento:
OPÇÃO MÊS DE OPÇÃO MÊS DE
Compra Venda VENCIMENTO Compra Venda VENCIMENTO
A M Janeiro G S Julho
B N Fevereiro H T Agosto
C O Março I U Setembro
D P Abril J V Outubro
E Q Maio K W Novembro
F R Junho L X Dezembro

• Posições Opostas: São aquelas de natureza inversa (titular e lançador), intermediadas


pela mesma Sociedade Corretora, em nome de um mesmo comitente, na mesma
quantidade, relativas ao mesmo tipo de opção e mesma ação-objeto, mas de séries
diferentes.
• Formação do Prêmio: O prêmio da opção é negociado em mercado e seu valor
depende da relação entre preço de exercício e o preço a vista da ação-objeto (valor
intrínseco), da volatilidade histórica da ação/mercado (taxa de risco) e da rentabilidade
prevista dos demais ativos (taxa de juros).
• Valor intrínseco: é o “valor econômico” da opção, dado pela diferença entre o preço a
vista e o preço de exercício. Ou seja, uma opção de compra tem valor intrínseco quando
seu preço de exercício é inferior ao preço a vista corrente da opção.
• Valor risco/juros: é toda a parte do prêmio que supera o valor intrínseco. Seu tamanho
depende basicamente do prazo a decorrer até o vencimento da opção, da volatilidade
histórica da ação-objeto no mercado a vista (taxa de risco) e das perspectivas vigentes
quanto a remuneração dos ativos financeiros no período de validade da opção (taxa de
juros).
44

Exemplo:
1) Vamos supor que, faltando 35 dias para o vencimento das opções, você
adquiriu opções de compra sobre ações XYZK com preço de exercício a $32,00,
pagando um prêmio de $4,00.
Considerando que o preço à vista de XYZK no dia da compra das opções era de
$34,50, como podemos descrevera composição do prêmio pago por você?
Resposta
Em primeiro lugar devemos verificar se no momento da sua aquisição a posse da
opção trouxe alguma vantagem econômica. Como a ação adquirida lhe assegurou o
direito de comprar por $32,00 (o preço de exercício) uma ação que já estava cotada no
mercado à vista por $34,50, concluímos que essa vantagem/benefício econômico foi de
$2,50. Esse é o chamado valor intrínseco da opção. Como você pagou $ 4,00 pela
opção, logo a diferença, ou seja $ 1,50, é o chamado valor tempo.
Porque pagou esses $ 1,50 adicionais?
Ora, não se esqueça que ainda faltam 35 dias para o vencimento e você acha
que XYZK até o vencimento estará sendo negociada por mais de $36,00.
Esquematicamente a situação pode ser descrita assim:
• Ação XYZK

Mercado à Vista Opção de Compra

Preço à vista: $34,50 Preço de Exercício: $ 32,00


Prazo até Vcto.: 35 dias

Prêmio: $ 4,00

$ 2,50 $ 1,50
Valor Intrínseco = = Valor Tempo
Max (O, PV - Pex) Max (O, Pr – V. Intr.)

2) Considere que, faltando 35 dias para o vencimento das opções, você adquiriu
opções de compra sobre ações XYZK com preço de exercício a $38,00, pagando $0,90
de prêmio. Dado que o preço a vista de XYZK no momento da compra era de $34,50,
sua opção tinha algum valor intrínseco?
Resposta:
A questão proposta, em outros termos, é se existia alguma vantagem econômica,
no momento da aquisição da opção, de se ter o direito de comprar por $38,00 uma ação
que estava sendo negociada a $ 34,50. Analisando dessa maneira, fica fácil concluir que
não. Todo o valor do prêmio pago, portanto, é composto pelo chamado valor tempo.
45

Esquematicamente a situação é descrita assim:


Ação XYZK

Mercado à Vista Opção de Compra

Preço à vista: $34,50 Preço de Exercício: $ 38,00


Prazo até Vcto.: 35 dias

Prêmio: $ 0,90

0 $ 0,90
Valor Intrínseco = = Valor Tempo
Max (O, PV - Pex) Max (O, Pr – V. Intr.)

4.6.2 Garantias

• Para o Titular de Opções


O titular no Mercado de Opções está isento de prestar garantias, pois o risco
máximo que pode correr é ele não exercer sua posição e perder o prêmio pago.

• Para o Lançador de Opções


Somente das posições lançadoras é exigida a prestação de garantias, e a
finalidade da garantia é assegurar o cumprimento da obrigação assumida.

• Lançador Coberto
Deposita os títulos relativos a Opção.

• Lançador Descoberto
Deposita margem em dinheiro ou em outros ativos aceitos no mercado a termo,
conforme cálculo efetuado pela Bolsa. A margem depositada é o resultado da soma dos
seguintes componentes: margem de prêmio (prêmio de fechamento do dia) e margem de
risco (maior prejuízo potencial projetado para o dia seguinte).

4.6.3 Prazos de Liquidação no Mercado de Opções

• Titular da Opção
D+O = Abertura da Posição
D+1 = Débito do Prêmio a ser Pago

• Lançador de Opções a Descoberto


D+0 = Abertura de Posição
46

D+1 = Débito da Margem de Garantia menos o Valor do Prêmio a Receber


referente a Posição Lançadora Aberta em “D+0”.
D+1 = Crédito do Prêmio

4.6.4 Custos de Transação

• Emolumentos
• Taxa de Registro
• Taxa de Liquidação
• Taxa de Corretagem

4.6.5 Tributação

• 15 % sobre o ganho líquido


• 1 % na Fonte (day-trade)

4.6.6 Proventos

No caso de distribuição de proventos durante a vigência de uma opção, são


adotados os seguintes procedimentos:
• Proventos em Ações (bonificações, desdobramentos, grupamentos). A
quantidade de ações e o preço de exercício dos contratos é ajustada
proporcionalmente, de forma a manter inalterado o compromisso financeiro
original.
• Outros Proventos (dividendos, bonificações em dinheiro, direitos de preferência,
etc.). O valor do benefício econômico decorrente do provento distribuído é
deduzido do preço de exercício.
47

5. NEGOCIAÇÃO

5.1 Sistema de Negociação Eletrônica

Esse sistema compreende as operações de compra e venda à vista de ações


realizadas pelas sociedades corretoras, credenciadas para este fim, mediante a
utilização de terminais de vídeo conectados ao sistema eletrônico de processamento de
dados das bolsas.
As operações realizadas através do sistema de negociação eletrônica são
reguladas, controladas e fiscalizadas pelas bolsas, devendo o usuário (previamente
qualificado a operar no sistema) estar absolutamente ciente dos regulamentos editados
pelas bolsas.

5.1.1 Tipos de Ofertas no Pregão Eletrônico

Ofertas limitadas
É a oferta colocada no terminal que especifica um preço acima do qual a ação
não pode ser comprada ou abaixo do qual a ação não pode ser vendida.

Ofertas a Mercado
É a oferta colocada no terminal sem especificar um preço limite, será executada
ao melhor preço ofertado na ponta oposta do mercado, no momento em que é aceita no
sistema.

Ofertas com execução Mínima


É a oferta que estabelece uma quantidade mínima de ações como condição
básica para o seu registro no sistema, uma oferta de execução mínima que especifica
sua quantidade total como o mínimo a ser executado é denominado como Tudo ou Nada.

Ofertas com Divulgação Parcial


É a oferta que só tem parte de sua quantidade total exibida no mercado.

Ofertas On Stop
É a oferta colocada no terminal que especifica um nível de preço (preço de
disparo) a partir do qual a oferta deve ser ativada. Ela é aceita pelo sistema, mas é
mantida em suspenso, isto é, registrada em separado.

Direto
O negócio direto é aquele em que uma mesma corretora representa o comprador
e o vendedor. Um direto pode ser colocado no sistema através de uma única oferta
“Oferta de Direto” caracterizando o que se denomina Direto Intencional. Um direto pode
também resultar do fechamento de uma oferta da própria corretora que já se encontrava
registrada no sistema; este é denominado Direto não Intencional.
48

5.2 A Validade das Ofertas

Ao entrar com uma oferta o operador pode especificar diferentes validades para
sua permanência no sistema. Essas opções de validade são colocadas no instante da
entrada da oferta ou durante a alteração da oferta.
As ofertas ficam expostas no monitor permitindo ao operador ser avisado das
modificações ocorridas no mercado para suas diversas ofertas registradas no sistema.

5.3 Sistema de Negociação Internet “Home Broker”

Diante do crescimento expressivo do uso da Internet para transações,


notadamente na negociação de ações nos mercados americano e europeu, a BOVESPA
vem tomando medidas para permitir que os participantes do mercado brasileiro de
capitais também possam usufruir dos benefícios propiciados por esta inovação, que vem
sendo chamada de ‘Home Broker”.
A tecnologia em uso nos “sites seguros” da Internet possibilita que o investidor
mantenha um relacionamento totalmente automatizado com a sua corretora, tendo
acesso às posições de sua carteira, às cotações e análises sobre o mercado, além de
fazer, automaticamente, mas sob o controle da corretora, a colocação de ordens para
execução imediata ou programada. Em relação às corretoras, a racionalização dos
processos permitida pela nova tecnologia, leva à redução de custos operacionais,
propiciando o atendimento dos investidores de pequeno capital, além de criar um novo e
moderno canal de relacionamento com os clientes em geral.

5.4 As Ordens

As ordens dos clientes das corretoras podem ser registradas diretamente no


MEGA BOLSA;
As oriundas do “Home Broker” deverão estar especificadas e os clientes
previamente cadastrados na corretora e na BOVESPA;
O limite das ordens, durante o pregão regular é estabelecido e contratado pela
corretora. Já no “after market” o limite é R$ 100.000,00 por cpf.
As ordens de negociação são restritas aos mercados a vista e fracionário e ao
mercado de opções.

5.5 As Negociações

A negociação eletrônica via Home Broker somente poderão ser realizadas por:
• Sociedades Corretoras que operam diretamente na BOVESPA, Membros e
Permissionárias, que desenvolvam sistemas de acesso ao MEGA BOLSA via Internet,
seguindo os conceitos, características e limitações em vigor;
• Tanto as Corretoras Membros quanto as Permissionárias estão admitidas nos
sistemas de negociação da BOVESPA (eletrônico e internet) a partir do cumprimento de
requisitos estabelecidos pela Bolsa;
49

• As Corretoras Membros ou Permissionárias deverão obter a prévia aprovação


da BOVESPA, no caso de pretenderem conectar a seus sistemas de negociação via
Internet a uma outra instituição / empresa que atue na captação eletrônica de ordens
para o mercado de bolsa ou que explore serviço de “comércio eletrônico”.
50

6. DECISÕES DE INVESTIMENTO NO MERCADO DE AÇÕES

Classificação dos Riscos do Investimento em Ações


• Sistemático
• Não-Sistemático

Escolas de Análise de Investimento


• Fundamentalista
• Técnica

Existem várias maneiras de fazer esta análise, mais duas possuem mais
seguidores: a análise técnica e a análise fundamentalista.
Embora ambas tentem resolver o mesmo problema da direção do preço, elas
diferem na sua forma de avaliação. A escola fundamentalista, estuda as causas do
movimento do preço, enquanto a escola técnica estuda os efeitos. O analista técnico
argumenta que os efeitos são tudo que ele quer ou necessita saber e que as razões
pelas quais os preços se movimentam são desnecessárias. O analista fundamentalista,
por outro lado, sempre tem de saber o porquê. A escola fundamentalista trabalha com
dados provenientes do estudo econômico-financeiro da empresa dentro do cenário micro
e macro econômico, eventualmente, associado ao cenário internacional, enquanto a
escola técnica trabalha com dados disponibilizados pela movimentação dos preços e
volumes, utilizando gráficos, teorias e indicadores matemático-estatístico a eles
relacionados.

6.1 A Análise Fundamentalista

A análise fundamentalista tem o objetivo de avaliar alternativas de investimento a


partir do processo de informações obtidas junto às empresas, aliadas ao entendimento
da conjuntura macroeconômica e do panorama setorial nos quais a companhia se insere,
passando pela análise retrospectiva de suas demonstrações financeiras e estabelecendo
previsões para o seu desempenho.
Cabe à análise fundamentalista estabelecer o valor justo para uma ação,
respaldando decisões de compra ou venda. A premissa básica da análise
fundamentalista é de que o valor justo para uma empresa se dá pela definição da sua
capacidade de gerar lucros no futuro.

Principais medidas de retorno


A valorização da ação em bolsa é, sem dúvida, o principal parâmetro de
avaliação da sua performance como investimento. Entretanto, o acionista tem como
atrativo adicional a possibilidade de ser remunerado através do recebimento de
dividendos.

Pay-out e Yeld
Pay-out é a taxa de distribuição do lucro da empresa para o acionista na forma
de dividendos ou juros sobre capital próprio. A legislação exige que seja distribuído, no
mínimo, 25% do lucro líquido após as deduções legais. Exemplificando, se uma empresa
51

tem lucro de R$ 1,00/ação e distribui R$ 0,35/ação como dividendos, seu pay-out seria
de 35%.
Yeld é calculado tendo como numerador o dividendo distribuído por ação e como
denominador o preço atual da ação. Torna-se especialmente relevante se visto para o
futuro, sendo neste caso necessário que tenhamos uma projeção de lucro e seja
estabelecido um pay-out realista. Assim, se uma ação custa hoje R$ 100,00 e esperamos
receber R$ 10,00 em dividendos, o yield seria de 10%, podendo ser visto como um
rendimento da ação, independentemente da valorização em Bolsa.

O Valor de Mercado
O valor de mercado de uma empresa é representado pela cotação das suas
ações em Bolsa, multiplicada pelo número total de ações que compõe seu capital. Para o
cálculo adequado do valor de mercado, deveriam ser consideradas as cotações em
Bolsa de cada tipo de ação (ordinárias e preferenciais) e ponderadas pelas quantidades
de cada tipo no capital da empresa. Entretanto, na maioria dos casos, não há negócios
com os dois tipos em Bolsa, motivo pelo qual é freqüente utilizar-se como referência a
cotação da ação mais líquida (com mais negócios em Bolsa) e efetuar a multiplicação
pelo número total de ações.

Valor Contábil X Valor de Mercado


O valor patrimonial das empresas não é necessariamente próximo do valor de
mercado. Isto se deve basicamente ao fato de que os dados contábeis são escriturais e
podem conter defasagens em relação ao valor considerado justo para a ação, que é um
entendimento subjetivo e pode variar de investidor para investidor. Os diferentes
julgamentos de valor é que fazem, afinal, o mercado funcionar, havendo sempre
compradores e vendedores e proporcionando liquidez para os ativos. É importante saber
que a contabilidade utiliza como parâmetro o conceito de valor econômico, e não
financeiro. Isto significa que os valores observados nos balanços não têm relação direta
com o valor efetivo da realização, o que é dado pelo mercado.

Noções de Contabilidade
Os principais itens das demonstrações financeiras são o Balanço Patrimonial e a
Demonstração dos Resultados do Exercício.

Balanço Patrimonial
No Balanço Patrimonial são registrados os bens, direitos e obrigações da
empresa num determinado momento, agrupados em contas dispostas em ordem
decrescente de liquidez.
52

Vejamos o Balanço Patrimonial da Empresa XYZ S.A.

Balanço Patrimonial
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidade Fornecedores
Clientes Empréstimos Bancários
Estoques Impostos e Outros
Outros Passivo Exigível a Longo Prazo
Ativo Realizável a Longo Prazo Empréstimos Bancários
Ativo Permanente Resultados de Exercícios Futuros
Investimentos Patrimônio Líquido
Imobilizado Capital
Diferido Reservas
Lucros Acumulados

A soma de todos os itens do Ativo será sempre igual à soma dos itens do
Passivo.
No Ativo Circulante estão contabilizadas as disponibilidades (caixa, valores
depositados em bancos, aplicações financeiras de curto prazo, etc.) e os direitos
realizáveis no prazo de um ano (contas a receber de clientes, estoques, etc.)
O Realizável a Longo Prazo também registra direitos e obrigações, porém
aqueles que somente têm expectativa de realização após um ano a partir da data do
balanço (exemplos: vendas com prazo superior a um ano, empréstimos concedidos a
empresas do mesmo grupo controlador, dentre outras operações consideradas de longo
prazo).
O Ativo Permanente é dividido em três parcelas básicas: Investimentos,
Imoblizado e Diferido. Em investimentos classificam-se as participações societárias de
caráter permanente em outras empresas (como já foi visto, os investimentos em
aplicações financeiras que têm outro sentido e são mantidos no Ativo Circulante). No
Imobilizado estão os bens destinados às operações da companhia, como suas fábricas,
equipamentos, instalações, etc. Com relação ao Diferido, registra as aplicações de
recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um
exercício social, assim como despesas pré-operacionais.
No Passivo Circulante estão classificadas as obrigações de curto prazo da
companhia, como dívida com fornecedores, impostos, instituições financeiras, etc.
O Exigível a Longo Prazo, da mesma forma, registra dívidas e obrigações, com a
única diferença situada no prazo de pagamento, ou seja, aqui se incluem aquelas com
prazo superior a um ano.
Finalmente, chegamos ao Patrimônio Líquido, que representa o capital próprio da
empresa. Nele estão incluídas as contas de Capital, Reserva de Capital, Reserva de
Lucros e outras, além dos Lucros Acumulados. Em outras palavras, este grupo se
caracteriza pela diferença entre o valor total dos ativos (bens e direitos) e dos passivos
(obrigações).
53

Demonstração dos Resultados


Na Demonstração dos Resultados do Exercício é que iremos verificar a
performance da empresa dentro de um determinado período. Cabe aqui lembrar que o
Balanço Patrimonial representa uma fotografia dos números da empresa em certa data.
No caso da Demonstração dos Resultados a visão é outra, ou seja, são valores
acumulados num espaço de tempo (receitas e despesas), cujo somatório vai nos mostrar
se houve lucro ou prejuízo. A classificação das contas segue uma seqüência lógica e se
inicia com o faturamento da empresa (ou Receita Operacional) no período. Vamos tomar
como referência a Demonstração de Resultados da empresa fictícia XYZ S.A., mostrada
a seguir:
Demonstração dos Resultados
(+) Receita Operacional Bruta
(-) Impostos Incidentes sobre Vendas
(-) Devoluções e Abatimentos
(=) Receita Operacional Líquida
(-) Custo dos Produtos Vendidos
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais
• Vendas
• Administrativas
• Financeiras (líquidas)
• Equivalência Patrimonial
• Outras
(=) Lucro Operacional
(-) Saldo Não Operacional
(=) Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR)
(-) Imposto de Renda
(-) Participações Estatutárias
(=) Lucro Líquido

A contabilidade utiliza o chamado critério de competência, e não de caixa, o que


significa que todos os valores são lançados na Demonstração dos Resultados, sejam
eles efetivamente recebidos ou não.
A Receita Bruta se relaciona com as vendas da empresa no período, não
importando se foram feitas à vista ou à prazo. Da receita bruta são deduzidos os
impostos, como IPI, ICMS e outros, e ainda eventuais devoluções de vendas e
abatimentos concedidos posteriormente à entrega dos produtos. Chegamos então à
Receita Líquida.
O Custo dos Produtos Vendidos, ou simplesmente CPV, representa a parcela
dos estoques que foi vendida no período, incorporando todo o custo envolvido na
produção, como matérias-primas, mão-de-obra, energia, depreciação, etc.
A diferença entre a receita líquida e o CPV resulta no Lucro Bruto.
Em seguida, encontramos as Despesas Operacionais, aqui apresentadas de
acordo com as definições dadas pela Lei das S.A. As principais despesas operacionais
são:
54

Despesas com Vendas: representam todos os gastos de promoção, colocação e


distribuição dos produtos da empresa, tais como salários do pessoal de vendas,
comissão de vendedores, propaganda e publicidade, dentre várias outras.
Despesas Administrativas: incluem os gastos com o pessoal específico da área
administrativa, honorários da diretoria, dentre outras despesas.
Despesas Financeiras: referem-se aos custos dos empréstimos contratados junto às
instituições financeiras, além de encargos de títulos e outras operações sujeitas a
despesas de juros (debêntures, por exemplo). Nosso exemplo menciona despesas
financeiras líquidas, o que significa que as Receitas Financeiras também estão
contabilizadas aqui, sendo mostrado o saldo entre despesas e receitas. As receitas
financeiras se originam basicamente da aplicação no mercado financeiro das
disponibilidades de recursos da empresa.
Equivalência Patrimonial: diz respeito à parte proporcional que cabe a uma empresa
sobre a variação do Patrimônio Líquido de outras empresas nas quais tenham
participação acionária relevante.
Seguindo o ordenamento lógico da Demonstração dos Resultados, concluímos
que se deduzirmos do Lucro Bruto todas as despesas operacionais, chegamos ao Lucro
Operacional.
O Saldo Não Operacional se refere às receitas ou despesas geradas fora das
atividades principais da empresa, sendo um bom exemplo a venda como sucata de um
equipamento obsoleto da produção, com lucro ou prejuízo em relação ao seu valor
contábil.
Chegamos então ao LAIR (ou Lucro Antes do Imposto de Renda), do qual é
deduzida a parte do "Leão" da Receita Federal. Como última dedução, temos ainda as
chamadas Participações Estatutárias, que se referem às participações de
administradores e empregados nos lucros da companhia, de acordo com o previsto no
seu Estatuto.
Tudo considerado apura-se então o Lucro Líquido do Exercício, o qual é
direcionado aos acionistas, sendo uma parte na forma de dividendos e outra parte
incorporada ao Patrimônio Líquido, na condição de reservas e lucros acumulados.
Constam ainda com destaque nas demonstrações financeiras o Relatório da
Administração, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, a Demonstração
das Origens e Aplicações de Recursos, as Notas Explicativas e o Parecer dos Auditores
Independentes.

EBITDA
Quando o assunto em questão é análise de empresa, a geração de caixa é de
extrema importância, pois é através dela que se mede a capacidade de produzir
recursos. Vale lembrar que o lucro é um importante indicador. Contudo, na maioria das
vezes, o lucro é afetado por valores exógenos à atividade da empresa, tais como
variações cambiais e resultados não operacionais (Ex.: vendas de ativos).
Neste sentido, a geração de caixa, que trata do desempenho da empresa
levando em consideração somente os ganhos gerados em sua atividade principal, é de
extrema importância, o que nos leva a um estudo mais aprofundado do balanço. Sendo
assim, destacamos a forma mais habitual para o cálculo da geração de caixa, que é a
55

chamada Geração de Caixa na Atividade, ou Ebitda (Earnings Before Interests, Taxes,


Depreciation and Amortization) cujas iniciais, traduzidas, significam: Lucro Antes do
Imposto de Renda, Juros, Depreciação e Amortização.
Para chegarmos ao Ebitda, basta somarmos ao Lucro da Atividade (Lucro Bruto
descontado das Despesas da Atividade) os valores correspondentes à depreciação e
amortização, que se encontram embutidos no CPV (Custo dos Produtos Vendidos) e nas
Despesas Operacionais. Vale ressaltar que a depreciação não representa saída de
caixa, sendo o reconhecimento contábil da perda de valor por desgaste dos itens que
compõem o Ativo Imobilizado da empresa.
Observando a partir da Receita Líquida, o Ebitda vem a ser o resultado da
seguinte seqüência:
(+) Receita Líquida (-) Custo dos Produtos Vendidos (=) Lucro Bruto (-) Despesas da
Atividade (c/ vendas, administrativas e outras diretamente ligadas às operações) (=)
Lucro da Atividade (ou EBIT) (+) Depreciação e Amortização (valor correspondente ao
período sob análise, que pode ser encontrado no DOAR - Demonstração das Origens e
Aplicações de Recursos) (=) EBITDA.

Margens
Nos relatórios de empresas elaborados pela ótica da Análise Fundamentalista é
muito comum encontrar a comparação dos resultados através das margens, conforme
aparece nos trechos abaixo, retirados dos relatórios da Belgo Mineira e Telemar.
Belgo Mineira: "A margem bruta foi 3 pontos percentuais maior que à verificada em jan-
set/03, alcançando 42%, apesar da evolução dos insumos de produção (sucata e gusa)".
Telemar: "Neste contexto, destacamos que a margem Ebitda ficou em 42,0%,
aumentando 1,3 p.p. nesse período".
Para melhor explicar o assunto, de maneira bastante resumida, podemos dividir a
análise de balanço em análise vertical e horizontal. Na análise horizontal comparam-se
os resultados entre os períodos. Neste sentido, confronta-se, por exemplo, o balanço de
dezembro de 2003 contra dez/04. Desta forma, pode-se avaliar a evolução da receita,
lucro e demais contas entre os períodos.
Já à análise vertical, onde o conceito de margem está inserido, consiste na
divisão de algumas contas por uma principal. As principais margens, em forma de
porcentagem, são:
Margem bruta: é a relação existente entre o lucro bruto e a receita líquida;
Margem Ebitda: é a relação existente entre o Ebitda e a receita líquida;
Margem da atividade: é a relação existente entre o lucro da atividade e a receita líquida;
Margem líquida: é a relação existente entre o lucro líquido e a receita líquida;

Através destes indicadores de rentabilidade das vendas, que são amplamente


utilizados nas análises de empresas, é possível fazer uma avaliação relativa das contas,
ou seja, comparar qual o percentual do lucro bruto, em relação á receita líquida, foi maior
entre os períodos.
56

Análise
Empresa X 2003 2004
Horizontal

Receita Líquida 1.135.000,00 1.523.000,00 34,2%

Lucro Bruto 538.700,00 643.000,00 19,4%

Análise Vertical (Margem bruta) 47,5% 42,2%

No quadro acima, onde comparamos os resultados, fictícios, da empresa X de


2003 com 2004, podemos perceber que o lucro bruto aumentou 19,4% entre os períodos
analisados. Porém, a margem líquida caiu de 47,5% para 42,2%, representado redução
de 5,3 pontos percentuais. Isto não quer dizer que a empresa piorou, mas pode indicar
uma queda de eficiência, como aumento dos custos de produção maior que a evolução
da receita.

Principais Indicadores
Quanto aos indicadores que medem a performance da empresa, vamos começar
mostrando aqueles ligados a uma avaliação estática, que são os Indicadores de
Liquidez, Endividamento e Rentabilidade.

Indicadores de Liquidez
Liquidez Corrente
Ativo Circulante
Passivo Circulante

Indica quanto a empresa tem a receber no curto prazo em relação a cada unidade
monetária que deve no mesmo período.

Liquidez Seca
Ativo Circulante (-) Estoques
Passivo Circulante

Tem o mesmo significado que a liquidez corrente, com exceção do fato de que os
estoques não são considerados como recebíveis, ou seja, não conta com a realização
imediata dos estoques.
57

Liquidez Geral
Ativo Circulante (+) Realizável a Longo Prazo
Passivo Circulante (+) Exigível a Longo Prazo

Oferece a mesma indicação da liquidez corrente, mas engloba também os ativos e


passivos a longo prazo.

Indicadores de Endividamento
Endividamento Geral
Passivo Circulante (+) Exigível a Longo Prazo
Patrimônio Líquido

Indica quanto a empresa tem captado junto a terceiros em relação ao seu capital próprio.

Endividamento Oneroso
Dívida Onerosa Total
Patrimônio Líquido

Mede especificamente o comprometimento do capital próprio da empresa em relação à


sua dívida com bancos e outras que têm custo financeiro embutido (debêntures,
desconto de duplicatas, etc.).

Endividamento Oneroso Líquido


Dívida Onerosa Total (-) Disponibilidades
Patrimônio Líquido

Como o nome diz, trata-se do cálculo do endividamento deduzido das disponibilidades


aplicadas no mercado financeiro. É bastante útil nos casos de empresas que têm baixo
custo de captação de empréstimos e o fazem com intuito de realizar o que chamamos de
arbitragem, ou seja, captam de um lado e aplicam do outro, gerando ganhos líquidos.

Indicadores de Rentabilidade
Rentabilidade do Patrimônio Líquido
Lucro Líquido
Patrimônio Líquido

É a taxa de retorno dos acionistas e mede a performance do lucro em relação ao capital


próprio empregado no empreendimento. Normalmente se utiliza o Patrimônio inicial, mas
podem ser necessários ajustes, o que nos leva a sugerir, em princípio, o emprego do
Patrimônio médio do período de apuração do lucro.
58

Rentabilidade do Ativo Total


Lucro Líquido
Ativo Total Médio

Este indicador mede a eficiência global da administração, ou seja, o retorno obtido em


relação ao total de recursos empregados sejam eles próprios ou de terceiros.

Os indicadores de rentabilidade são habitualmente expressos no formato percentual.

Indicadores de Mercado
Lucro por Ação (L.P.A.)
LUCRO LÍQUIDO DISPONÍVEL (após I.R.)
Número de Ações da Empresa

O Índice Lucro por Ação (L.P.A.), procura estabelecer quantos reais ou centavos cabe a
cada ação emitida pela empresa de lucros líquidos e disponíveis em determinado
exercício. O lucro apurado por uma empresa em determinado exercício pode ser
conceituado de diversas formas: Lucro Bruto, Lucro Líquido Antes do Imposto de Renda
etc. O Lucro Líquido Disponível aos Acionistas corresponde ao resultado final da
empresa, o qual está destinado aos seus acionistas, sob a forma de dividendos, ou sob a
forma de aumento das reservas de empresa. Na realidade é indiferente para o acionista
se o lucro final da empresa é distribuído em dividendos, ou reinvestido na empresa. De
qualquer forma, ele está recebendo este resultado: em dinheiro (se for distribuído em
dividendos), e/ou por aumento do Patrimônio Líquido e, mais tarde, por bonificações ou
alterações do valor nominal das suas ações (caso o resultado fique retido na empresa
para ser reaplicado).
O Lucro por Ação é, na realidade, uma expressão da capacidade que a empresa tem em
remunerar o acionista, devendo ser examinadas as séries temporais deste indicador para
se avaliar inclusive as possibilidades futuras de geração de lucros dessa ação.

Valor Patrimonial por Ação (V.P.A.)


PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Número de Ações Emitidas

Os lucros gerados pela empresa podem ser distribuídos ou reinvestidos. Se forem


reinvestidos, estes resultados aumentarão o Patrimônio Líquido, ou seja, o valor dos
recursos próprios da empresa que, em última análise, pertencem aos seus acionistas. O
índice “Valor Patrimonial” da ação mede a substância patrimonial líquida que cabe a
cada ação. Em termos bem simplificados, o valor patrimonial de uma ação corresponde à
parcela que caberia a cada ação, caso a empresa fosse desativada e saldasse seus
compromissos com a venda dos ativos circulantes a preço de custo e seus ativos
permanentes a preço de custo histórico ajustado pela Correção Monetária. Vale lembrar
que o Patrimônio Líquido corresponde à diferença entre o Ativo (Bens e Direitos
possuídos por uma empresa em determinada data) e o Passivo Exigível (Dívidas ainda
não resgatadas até determinado momento).
59

Abordados os índices de “Lucro/Ação” e o “Valor Patrimonial” propomos ao leitor


a seguinte reflexão: duas ações que normalmente geram o mesmo lucro/ação de,
digamos, $2,00, e cujas expectativas futuras são idênticas, devem ter o mesmo preço no
mercado Secundário, ou seja, nos pregões das Bolsas de Valores?
Naturalmente, a identidade de preços somente ocorreria caso essas empresas
também fossem absolutamente idênticas em todas as outras importantes características
do investimento em ações. O valor patrimonial, por exemplo, é uma destas outras
características. Evidentemente, quanto maior for o valor patrimonial de uma ação,
maiores serão as chances de futuras distribuições de dividendos e bonificações e menor
será a dependência da empresa em termos de recursos de terceiros aos quais se
associam custos financeiros que afetam as expectativas de lucros futuros.
Mas, mesmo que os valores patrimoniais destas ações fossem idênticos também
o seriam seus preços de mercado? A resposta a esta indagação é que, mesmo assim,
dificilmente, estas ações teriam o mesmo preço. A razão para a diferença entre as
cotações de duas idênticas em termos de valor patrimonial e previsão de lucros/ação é
que, certamente, elas não apresentariam níveis iguais de risco.
O risco de uma ação específica, em determinado momento, é uma característica
das mais complexas no sistema de análise de investimento em ações. Não é possível se
ter uma avaliação exata do risco, uma vez que esta variável é sentida de forma individual
e subjetiva por cada investidor presente ao mercado.
Mesmo assim, para simplificar a nossa exposição, suponhamos que fosse
possível distinguir claramente os níveis de risco associados a estas duas ações que têm
a mesma previsão de lucros/ação e o mesmo valor patrimonial e imaginemos que os
riscos associados à ação “A” sejam equivalentes ao dobro dos riscos associados à ação
“B”. Tal diferença entre os níveis de incerteza das ações “A” e “B”, seguramente, estaria
plenamente refletida em suas diferentes cotações no mercado.
Assim, a ação “A” somente poderá encontrar compradores se o seu preço de
mercado representar efetivamente a chance de um rendimento superior ao da ação “B”.
Em outras palavras, como ambas as ações são idênticas em termos de lucro/ação
previstos, a maioria dos investidores tenderá a escolhera ação”B”, se as alternativas
disponíveis para a escolha forem, exclusivamente, “A” ou “B”. Estas constatações nos
induzem a admitir como lógica a superioridade da cotação da ação “B”.

Relação Preço-Lucro (Índice P/L)


PREÇO DA AÇÃO NO MERCADO
Lucro / Ação

Para o investidor estas duas variáveis (lucro/ação previsto e preço atual de mercado) são
centrais em seu processo decisório, uma vez que a cotação atual representa o seu custo
(caso decida pela compra da ação) e o lucro/ação previsto representa o seu benefício
esperado. Assim, nada mais racional do que supor que suas decisões se baseiem numa
relação “custo/benefício”, ou seja, no índice P/L (Preço/Lucro).
Suponhamos, por exemplo, que a ação “B” esteja cotada a $10,00. Como o seu
lucro/ação previsto é, por hipótese, $2,00, o seu índice (5) tem duas interpretações
básicas.
60

Em primeiro lugar, poderíamos considerar que quem investir $10,00 na aquisição de uma
ação “B”, demorará 5 anos para recuperar este investimento, através dos lucros
previstos, os quais, por hipótese, seriam distribuídos em dividendos anuais de $2,00.
Em segundo lugar e numa ótica mais objetiva, quem investe $10,00 na aquisição da
ação “B” e espera auferir um lucro/ação de $ 2,00/ano, está projetando uma lucratividade
anual de 20% ($2,00/$10,00=0,20 ou 20%). Como pode ser observado, a taxa de
lucratividade prevista (20% ou 0,20) corresponde ao inverso do P/L (I:P/L1/5=0,2 ou
20%).
Como o postulado fundamental da análise de investimento estabelece que a
lucratividade esperada das alternativas de aplicação tem que estar relacionada
diretamente com os níveis de riscos respectivos, segue-se que quanto maior for a
incerteza que envolve o retorno de uma determinada ação, menor deverá ser o seu
índice P/L justo ou razoável.

6.2 Análise Gráfica

Agora que já tem uma noção do que representa uma ação e de algumas das
suas principais características, podemos seguir adiante.
Imagine que hoje se dará a estréia da ação Ganhar.com no pregão. Para efeito de
acompanhamento registraremos a evolução dos negócios através de um gráfico em que
o eixo vertical representa uma escala dos preços de negociação e o eixo horizontal a
seqüência temporal dos negócios, conforme representado a seguir:

A partir deste momento, deparamo-nos com o problema que todo e qualquer


investidor tem, ou seja, avaliar de algum modo se o preço destas ações, agora cotadas
em bolsa, está caro ou barato, se vai permanecer onde está, se vai subir ou se vai cair.
Existem várias maneiras de fazer esta análise, mais duas possuem mais seguidores: a
análise técnica e a análise fundamentalista.
61

Sendo as Bolsas locais onde os


preços se formam livremente pelo
enfrentamento entre as forças da
oferta e da procura, o técnico assume
que tudo que lhe interessa analisar é
o movimento do preço, na medida em
que ele embute a atuação e a
expectativa de todos os agentes que
participam do mercado. Colocando de
outro modo, para o técnico o preço é
a resultante de todas as forças que
atuam no mercado. Ao interpretá-lo
detectará a força predominante.

Assim, por exemplo, um investidor que tenha acesso a algum tipo de informação
privilegiada sobre uma determinada empresa e decidir tirar partido dessa informação,
dificilmente não terá sua atuação detectada pelo analista técnico, muito embora este não
saiba o motivo nem quem está agindo. Mas, para o técnico, o que importa não é o motivo
e sim o seu reflexo no preço.
Assim como num jogo de xadrez ou de dama, o nosso jogo também será jogado
num tabuleiro. Só que o nosso tabuleiro será limitado por um eixo vertical de preço e
outro horizontal de tempo, onde as linhas horizontais imaginárias serão obstáculos a
serem transpostos e as diagonais nossas vias de locomoção. Nossas peças serão
sempre as mesmas: barras de preços. Elas poderão se mover para cima, para baixo ou
lateralmente, sempre em direção à direita.
62

6.2.1 Gráfico de Barras

O que é uma barra de preços? Uma barra de preços, simbolizada por uma barra
vertical, é o registro pictográfico da atividade do preço de um ativo financeiro durante um
período, onde cada preço é um consenso momentâneo de valor de todos os
participantes do mercado, expresso em movimento. Voltemos ao primeiro dia de
negócios com as ações da Ganhar.com

Cada barra de preço fornece alguns pedaços


de informação sobre o equilíbrio de forças
entre compradores e vendedores. Para que
entenda um gráfico precisa saber interpretá-
la. Vamos supor uma barra de preço que
reflita o período de um dia de pregão. Na
barra vertical, através de um traço (tique)
horizontal à sua esquerda está representado
o nível de preço do primeiro negócio do dia, a
abertura (1.000). O último negócio do dia, o
fechamento (1.001), é representado por um
tique horizontal à sua direita. As extremidades
representam respectivamente a máxima
(1.003) e a mínima (999) atingidas neste dia.

As marcas que representam abertura e o fechamento são fáceis de se entender


como surgem, mas como se formam os extremos? O extremo superior (a máxima) se
formou quando a disposição dos compradores em pagar preços cada vez mais altos foi
sobrepujada pela força de venda contrária dos vendedores naquele nível. Ou seja, o
preço sobe até um determinado nível, em princípio desconhecido, que uma vez atingido
mobiliza uma massa de vendedores cujo desejo de venda impede que o preço siga
adiante. O extremo inferior se forma de modo inverso.

6.2.2 Gráficos de Candlestick

Com origem no Japão, foi desenvolvido através do Yadoya Keian e, mais tarde,
complementado por Munehisa Homma, que, por suas extraordinárias habilidades em
negociar arroz futuro na bolsa de Dojima, foi considerado o “Deus dos Mercados” do
século XVII.
Semelhante ao gráfico de barras, cada candle apresenta quatro informações: os
valores de abertura, fechamento, máxima e mínima. A diferença fundamental é que toda
ênfase é dada aos preços de abertura e fechamento, cuja amplitude entre tais
parâmetros é denominada corpo. Existem, ainda, linhas que se estendem acima e abaixo
do corpo, e que são chamadas respectivamente de sombra superior e inferior. Um
exemplo do gráfico de candlestick segue abaixo.
63

Note que existem dois tipos de candles. O de corpo vazado, quando o preço de
fechamento está acima do valor de abertura e o preenchido que mostra o contrário, ou
seja, o preço de fechamento abaixo do preço de abertura.
Agora que já sabe o que é uma barra e um candle, aprenda sobre as
periodicidades mais comuns em que são construídas, porque serão elas que
determinarão a abrangência do que estiver observando num gráfico, de modo a poder
determinar os níveis de suporte e resistência mais significativos. Para que possa
entender melhor ainda o significado de uma barra, de como se processa a luta entre
compradores e vendedores ao longo de um dia de pregão, vamos inventar uma barra
com as seguintes informações: abertura = 4,20, máxima = 13,00, mínima = 1,50 e
fechamento = 11,50. Agora, vamos dissecá-la, criando um desdobramento hipotético.
Faça de contas que o pregão é dividido em 18 períodos de 15 minutos com intervalos de
1 minuto entre eles e que cada barra de 15 minutos seja construída de maneira idêntica
à barra diária, com o valor da abertura, o valor da máxima, o valor da mínima e o valor do
fechamento. No final do dia, utilizando dois eixos perpendiculares (o horizontal
representando uma escala de tempo e o vertical de valor), é possível visualizar, através
da movimentação das barras de 15 minutos, como foi o movimento interno do pregão
daquele dia.
64

No exemplo acima, na primeira barra de 15 minutos, a abertura (o primeiro


negócio concretizado) foi a R$ 4,20. Depois, o preço cedeu ligeiramente até R$ 4,00
(registrando a mínima desta barra), subiu até 9,20 (registrando a máxima desta barra) e
cedeu fechando (o último negócio executado desta barra) a 7,40.
Na barra seguinte, o primeiro negócio (abertura) foi feito a 7,40. Em seguida o
preço subiu ligeiramente atingindo a máxima de 7,50, de onde começou a declinar até
chegar a uma mínima de 4,50 e fechar com uma ligeira melhora a 5,20.
Na terceira barra, o primeiro negócio (abertura) foi fechado a 6,10.
Coincidentemente, em função de o primeiro negócio ter sido executado no valor máximo
desta barra, o preço da máxima ficou sendo igual ao da abertura. No restante do período,
o preço foi cedendo gradualmente até o último negócio realizado a 3,20. Como o valor do
último negócio foi feito no preço mais baixo da barra, a mínima e o fechamento ficaram
com os mesmos valores.
Com base no que foi visto, proponho um teste de assimilação: Quais são os
valores (aproximados) de abertura, máxima, mínima e fechamento das ÚLTIMAS 14
barras? Abaixo encontrará uma tabela pronta para fazer o exercício.

B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13 B14 B15 B16 B17 B18


Abe
Máx
Min
Fech

A combinação destas idas e vindas das barras de periodicidade de 15 minutos,


que abrangem um dia inteiro de negociações (um pregão), forma uma única barra de
periodicidade diária. No diagrama acima ela está representada pela barra em negrito, a
última e a maior de todas. Ela incorpora o preço do primeiro negócio do dia (abertura), a
maior máxima e a menor mínima registradas dentro do dia e o último negócio do dia
(fechamento).
Como pode observar, apesar de não detalhar todas as oscilações do mercado
naquele dia, o que vimos através das barras de 15 minutos revela uma boa parte do
todo. Neste dia, os compradores venceram a batalha porque o preço subiu.
Ao longo deste curso e das revistas, freqüentemente você lerá textos com
referências a gráficos intradia, diários, semanais e mensais. São assim designados em
função da periodicidade (freqüência) da barra.
Num gráfico semanal, uma única barra tem o mesmo padrão de combinação do
exemplo que vimos com as barras de 15 minutos formando uma única barra diária. Só
que, em vez de reunirmos a abertura, a máxima, a mínima e o fechamento de 18 barras
de 15 minutos, combinamos os mesmos valores das barras diárias que se formaram
durante a semana (5 barras numa semana sem feriado. Se tivermos um feriado na
semana, a barra semanal assume o valor combinado das quatro restantes. Se a semana
tiver apenas 1 dia útil, as barras diária e semanal serão iguais). Num gráfico mensal, uma
única barra representa a combinação dos valores de abertura, máxima, mínima e
fechamento das barras diárias que se formaram dentro daquele mês. E, assim por
diante. Embora ainda não esteja acostumado a observar e interpretar um gráfico vá
65

começando a treinar. Observe no gráfico da próxima página como uma barra de


periodicidade de 15 minutos se converte numa barra de 1 hora, que por sua vez se
converte numa barra diária que por sua vez se converte numa barra semanal.

6.2.3 Ponto de Retorno, Topos, Fundos, Suportes e Resistências

Do que foi visto até agora podemos concluir que a máxima de uma barra é um
ponto em que a presença dos vendedores impõe uma pressão denominada
resistência que impede que o preço prossiga subindo e que a mínima de uma barra é
um ponto em que a presença dos compradores impõe uma pressão denominada
suporte que impede que o preço continue caindo. Ou seja, um preço sobe pela ausência
de vendedores e cai pela ausência de compradores. Quando a força contrária ao
movimento em andamento passa a predominar cria uma barreira que impede, ao menos
temporariamente, que o preço prossiga evoluindo na direção prévia.
São estas pressões que vão criar os pontos de retorno de um gráfico. Se o ponto
de retorno ocorrer após uma sucessão de duas ou mais barras ascendentes, este nível é
classificado como um topo; se ocorrer após a sucessão de duas ou mais barras
descendentes é classificado como um fundo. Portanto, topos são níveis de resistência e
fundos são níveis de suporte. Os diagramas que se seguem esclarecerão melhor o que
são pontos de retorno e níveis de suporte e resistência.
66

Topo é o nível de preço mais alto atingido por uma sucessão de duas ou mais
barras de preço antes da ocorrência de um ponto de retorno, conforme exemplo da figura
1, acima.
Fundo é o nível de preço mais baixo atingido por uma sucessão de duas ou mais
barras de preço antes da ocorrência de um ponto de retorno, conforme exemplo da figura
2, acima.

a) Suportes são níveis de preços onde as compras feitas pelos investidores são fortes o
suficiente para interromper durante algum tempo e, possivelmente, reverter um processo
de queda, gerando um ponto de retorno;
b) Resistências são níveis de preços onde as vendas feitas pelos investidores são fortes
o suficiente para interromper durante algum tempo e, possivelmente, reverter um
processo de subida, gerando um ponto de retorno.
Assim, topos são zonas de resistência e fundos são zonas de suporte. Uma
vez definida uma região de suporte ou resistência, seus papéis podem se alternar, isto
é, uma região de resistência recente, uma vez rompida para cima pode transformar-se
numa área de suporte e um suporte recente, uma vez rompido para baixo, transformar-se
numa área de resistência, conforme ilustra o diagrama cima.
67

Observe agora os gráficos acima, você verá quatro janelas de um mesmo ativo
apresentado em quatro periodicidades diferentes, a saber: mensal, semanal, diária e de
15 minutos. Poderá identificar os topos e os fundos, bem como os níveis de
suporte/resistência. Responda: quais são os topos e fundos e os níveis de
suporte/resistência mais importantes?
Os topos/fundos e suportes/resistências mais importantes são a da maior
periodicidade examinada. Os topos e fundos contidos no interior de uma longa perna de
alta ou de baixa são denominados topos e fundos secundários e os dos extremos são
denominados topos e fundos principais. Porém, quando passa a examinar um gráfico de
uma ou mais periodicidades acima da que vinha observando, poderá notar que um topo
ou fundo principal na periodicidade em que examinava, numa periodicidade acima
poderá ser um topo ou fundo secundário. Assim quanto maior a periodicidade
examinada, mais significativo seus topos fundos principais e por conseqüência os níveis
de suporte e resistência.

Ao lado, temos o gráfico diário de CMIG4.


Se tivesse que definir seus topos e fundos
mais importantes, bem como os principais
níveis de suporte e resistência,
certamente afirmaria que no cenário que
está à vista, os topos e fundos mais
importantes como níveis de suporte e
resistência são os definidos como topo e
fundo principal.
68

Mas, nesta visão o alcance da sua análise fica restrito à observação da árvore.
Para que possa ter uma visão mais ampla dos níveis de suporte e resistência será
preciso que se afaste deforma que possa visualizar a floresta.
Observe na próxima imagem (gráfico semanal) se num cenário mais amplo, o
topo e o fundo principal definidos no gráfico diário continuam sendo os principais níveis
de suporte e resistência:

Como pode observar, o topo principal do


gráfico diário, quando visto numa periodicidade
acima surge como um topo secundário, parte
de uma longa perna de queda.
Conseqüentemente, aquilo que pensamos ser
um nível de resistência importante nada mais é
do que uma resistência inexpressiva.
O fundo principal do gráfico diário coincide com
o FUNDO PRINCIPAL do gráfico semanal e
aparentemente formam um nível de suporte
importante, o último dos moicanos. Será que
esta afirmação é verdadeira?
Que tal subirmos mais uma periodicidade para
uma visão ainda mais abrangente da floresta?

No gráfico mensal podemos ver que o FUNDO


PRINCIPAL do gráfico semanal é um fundo
secundário FS do gráfico mensal, não se
constituindo – como até então achávamos – no
principal suporte do preço. Neste cenário, o
suporte principal é o FUNDO PRIMÁRIO.
O mesmo serve para o TOPO PRINCIPAL.
Como pode observar, também se constitui num
topo secundário TS do gráfico mensal, não
sendo, portanto, a principal resistência do
preço.

Observe agora o conjunto da obra, ou melhor, como deve ser montado um


cenário onde serão identificadas e posteriormente definidas as estratégias operacionais.
Assim como num jogo de xadrez, você precisa estar à frente do eventual desdobramento
do preço.
69

6.2.4 Ziguezagues

A observação de uma barra, como vimos, permite que você extraia alguns
pedaços de informações sobre o equilíbrio das forças entre compradores e vendedores,
mas por si só, ela não é suficiente para nos fornecer a direção do mercado.
O ziguezague é o padrão básico da direção dos preços e de alguns indicadores.
Como podem observar no quadro da página anterior, os preços de um ativo negociado
nas bolsas, quando se movimentam, geralmente, não o fazem em linha reta, mas sim em
forma de raio.
Para que tenhamos uma sinalização da direção de um preço (ou de um mercado)
é preciso que ele se movimente até um nível qualquer, formando um extremo (topo ou
fundo) e que este movimento seja seguido por dois pontos de retorno, o primeiro na
direção oposta e o segundo na direção inicial rompendo (ou penetrando) o extremo do
topo ou fundo prévio. O diagrama abaixo ajudará na compreensão do texto:
70

Para efeito didático, daqui em diante, chamarei de zigue à combinação do


movimento inicial com primeiro retorno [( ) ou ( )] e de zague a perna da penetração [( / )
ou ( \ ). No gráfico da próxima página, do BOVESPA diário, assinalei alguns exemplos de
ziguezagues reais ocorridos durante o seu desdobramento. Com o objetivo de ir
treinando sua visão, observe e vá se acostumando com o fato de que a amplitude (altura)
dos ziguezagues é variável, alternando entre pequenos, médios e grandes,
indistintamente.

6.2.5 Tendências

Vimos no estudo do ziguezague que ele é o padrão básico da direção dos


preços, podendo ser ascendente, indefinido e descendente. A permanência de um preço
numa determinada direção, durante um período de tempo, nos leva ao conceito de
tendência. Assim, temos que:
Tendência de Alta é uma sucessão de topos e fundos ascendentes (uma
sucessão de ziguezagues para cima).
Tendência de Baixa é uma sucessão de topos e fundos descendentes (uma
sucessão de ziguezagues para baixo).
Tendência Lateral ou em Linha é uma sucessão de topos e fundos
horizontalmente irregulares (uma sucessão lateral de ziguezagues irregulares). No
diagrama abaixo, as definições acima ficarão mais evidentes:
71

Aproveite o gráfico utilizado para exemplificar os ziguezagues e veja quantas


tendências de alta, baixa e indefinida consegue identificar.
Examinados estes conceitos básicos, necessários para melhor compreensão do
curso, podemos começar a nossa caminhada pela estrada da análise técnica. Apesar
das muitas variantes da escola técnica, neste curso nos concentraremos sobre o
desenvolvimento de um método operacional construído através da combinação de
algumas das suas principais teorias. Acredito, convictamente, que ao seu término estará
capacitado a enfrentar o mercado como nunca esteve antes.
A primeira pessoa a formular uma teoria para o estudo do movimento dos preços
utilizando um gráfico foi Chales H. Dow, que foi o fundador da Dow, Jones & Company,
na época, a maior agência de notícias financeiras e um dos proprietários do Wall Street
Journal, que ele editou até a sua morte em 1902, aos 52 anos. Durante os últimos anos
de sua vida ele escreveu alguns editoriais sobre as especulações com ações que são o
único registro pessoal de suas observações das características recorrentes do mercado
de ações. Estas observações foram feitas baseadas no movimento diário do índice dos
preços das ações das companhias ferroviárias e do índice das ações industriais.
Dow não designou suas observações sobre o mercado de ações como a Teoria
de Dow. Isto foi feito pelo seu amigo S. A. Nelson, que escreveu The A B C of Stock
Speculation em 1902. Ele foi o primeiro a tentar explicar os métodos de Dow de um
modo prático.
William Peter Hamilton, que trabalhou com Dow, levou adiante os seus estudos e
interpretações da teoria através de editoriais ocasionais no Wall Street Journal. Em 1922
escreveu The Stock Market Barometer, um livro em que explica com mais detalhes a
teoria de Dow.
Nesta obra, algumas das observações de Dow foram colocadas como princípios,
dos quais abordaremos apenas os que dizem respeito à metodologia operacional que
estamos desenvolvendo.
As Três Tendências: -- O “Mercado”, significando o preço das ações em geral,
move-se em tendências das quais as mais importantes são as Primárias. Elas são longos
movimentos para cima ou para baixo que duram normalmente um ano ou mais e
resultam em grandes valorizações ou desvalorizações dos preços. Os movimentos na
direção da tendência Primária são, algumas vezes, interrompidos, em intervalos, por
oscilações Secundárias na direção oposta ¾ reações ou “correções” quando o
movimento Primário foi além de si mesmo (exagerou) e precisa, então, recuperar forças
para prosseguir. Finalmente, as tendências Secundárias são compostas pelas
tendências Terciárias que refletem a oscilação do dia-a-dia.
Diante do exposto no parágrafo anterior podemos dizer que uma Tendência
Primária de Alta é formada por uma sucessão de subidas e descidas secundárias, onde
cada movimento (perna) de alta ultrapassa o topo do movimento (perna) de alta
precedente e cada movimento (perna) de baixa volta a subir (reverte) de um nível mais
alto que o fundo do movimento (perna) de baixa precedente. Isto é o que definido, pela
Teoria de Dow, como Mercado de Alta. Inversamente, Tendência Primária de Baixa é
formada por uma sucessão de subidas e descidas secundárias, onde cada movimento
(perna) de baixa ultrapassa o fundo do movimento (perna) de baixa precedente e cada
movimento (perna) de alta volta a cair (reverte) de um nível mais baixo que o topo do
72

movimento (perna) de alta precedente. Isto é o que definido, pela Teoria de Dow, como
Mercado de Baixa.
De maneira idêntica podemos afirmar que uma Tendência Secundária de Alta é
formada por uma sucessão de subidas e descidas terciárias, onde cada movimento
(perna) de alta ultrapassa o topo do movimento (perna) de alta precedente e cada
movimento (perna) de baixa volta a subir (reverte) de um nível mais alto que o fundo do
movimento (perna) de baixa precedente. Inversamente, Tendência Secundária de Baixa
é formada por uma sucessão de subidas e descidas terciárias, onde cada movimento
(perna) de baixa ultrapassa o fundo do movimento (perna) de baixa precedente e cada
movimento (perna) de alta volta a cair (reverte) de um nível mais baixo que o topo do
movimento (perna) de alta precedente.
As Tendências Secundárias geralmente duram de três semanas a alguns meses,
raramente mais. Costumam retroceder (corrigir) de um terço a dois terços da Tendência
Primária precedente.
As Tendências Terciárias seguem o mesmo padrão das duas anteriores, mas
formadas por flutuações que em si mesmas são pouco significativas. Estes movimentos
são de curta duração, em geral menos de seis dias, raramente mais do que três
semanas.
Com o intuito de facilitar o entendimento da classificação das tendências, segue-
se um diagrama. Esclareço, entretanto, que no mundo real, os ziguezagues raramente se
desdobram de maneira tão certinha assim. Muitas vezes, terá que lançar mão de
recursos complementares para melhor identificá-las. Alguns desses recursos podem ser:
traçar linhas de tendência ou marcar o canal, visualizar o gráfico em linha utilizando
apenas os preços de fechamento, subir de periodicidade, o uso de indicadores
complementares (médias móveis), etc. Tudo isto será visto mais para frente.
73

Parece um quadro do Volpi, mas não é. É o uso das cores com objetivo didático.
A linha preta contínua é o gráfico de preços computados apenas pelo valor dos
fechamentos. Todo o desdobramento incluso na área azul mais escura até o topo mais
alto é o que chamamos de uma tendência primária de alta. Todo desdobramento incluso
na área cinza a partir do topo mais alto (à sua direita) é o que chamamos de uma
tendência primária de baixa.
Reforçando, ambas são formadas por tendências secundárias de alta (área azul
claro) e de baixa (área vermelha). Estas, por sua vez, são formadas por tendências
terciárias de alta (área verde) e de baixa (área amarela). Com estes esclarecimentos
acredito que não fique nenhuma dúvida sobe a classificação das tendências. Mas, se
ainda restou alguma, entenda deste modo: As tendências secundárias são subdivisões
das Tendências Primárias (um grau abaixo); as Tendências Terciárias são subdivisões
das Tendências Secundárias (um grau abaixo). As tendências terciárias são subdivisões
da Tendência primária (um grau abaixo da secundária e dois graus abaixo da primária).
Finalmente, resta comentar que, algumas vezes as pernas das tendências
secundárias e terciárias se confundem, isto é, devido à velocidade do movimento e à sua
extensão, podem ser a mesma. Um exemplo pode ser visto na última secundária de
baixa da Tendência primária de baixa, onde as setas vermelha e amarela estão
superpostas no mesmo movimento.
Dica: Quando for classificar a Tendência Primária de um ativo qualquer terá seu
trabalho facilitado se utilizar o gráfico de periodicidade mensal. De modo idêntico, o
gráfico semanal facilitará na percepção da Tendência Secundária e o diário a da
Tendência terciária.
Veja a seguir um gráfico mensal do BOVESPA onde pode observar sua evolução
durante um período de 12 anos. Poderá constatar que em alguns níveis, a seqüência dos
topos e fundos ascendentes passam por períodos de difícil identificação, interrompendo
o padrão anterior (ficando indefinidos). Aproveitando o exemplo abaixo, marque os topos
principais e intermediários e, em seguida, verifique quantas tendências primárias de alta
e de baixa consegue identificar:
74

Deve Ser Assumido Que Uma Tendência Continua Em Andamento Até O


Momento Que Uma Reversão Tenha Sido Definitivamente Assinalada: Enquanto
uma sucessão de topos e fundos ascendentes (Tendência de Alta) ou topos e fundos
descendentes (Tendência de Baixa) mantiverem o padrão, deve ser assumido que a
Tendência continua em andamento, até o momento em que uma reversão estiver
caracterizada. A reversão de uma Tendência de Alta se caracterizará, quando houver
uma falha na tentativa de ultrapassagem do topo precedente (ou anterior), seguida de
uma penetração do fundo precedente (ou anterior). A reversão de uma Tendência de
Baixa ocorrerá, quando houver uma falha na tentativa de ultrapassar o fundo precedente
(ou anterior), seguida de penetração do fundo precedente (ou anterior). Assim, temos:

Preços de Fechamento: -- Todas as considerações da teoria de Dow baseiam-


se nos preços de fechamento, trabalhando sempre com os gráficos em linha. Isto é, os
gráficos são construídos unindo-se apenas os preços de fechamento. Abertura, máxima
e mínima são desprezadas. Abaixo pode ver o gráfico de barras de Petrobrás e o mesmo
gráfico em linha. No momento de avaliar as tendências, este recurso facilita
tremendamente a visualização da direção dos ziguezagues.
75

Linha de Tendência
Embora muitos investidores possam desprezar a importância das linhas de
tendência, elas são uma das ferramentas mais importantes da análise técnica. Na
metodologia que estamos desenvolvendo, como disse anteriormente, são básicas.
As pessoas marcam as linhas de tendência de muitos modos diferentes, mas de
um modo geral, a chave para plotar as linhas de forma correta é traçá-las conectando
dois fundos com um topo intermediário entre eles ou dois topos com um fundo
intermediário entre eles.
A linha de tendência pode ser de baixa ou de alta: uma linha de tendência de
alta é representada graficamente por uma linha reta conectando as correções (os fundos)
numa tendência de alta. A linha de tendência de baixa é o inverso; conecta as correções
(os topos) numa tendência de baixa. São usadas para identificar a direção das
tendências. Quando dois topos ou dois fundos estão horizontalmente nivelados, também
é possível conectá-los com linhas horizontais, mas, ao invés de linha de tendência, a
linha é denominada respectivamente de linha de resistência ou linha de suporte. O
diagrama abaixo facilitará a compreensão do texto.

Reforçando, para que se possa traçar uma linha de tendência de alta, será
necessário a existência de, pelo menos, dois fundos (F e F1) intercalando um topo (T1) e
que o segundo fundo (F1) esteja num nível mais alto do que o primeiro (F). A linha de
tendência de baixa é o inverso. Você precisa ter dois topos (T e T1) intercalando um
fundo (F1) e o segundo topo (T1) tem que estar num nível inferior ao primeiro (T). A
confirmação da validade dessas linhas ocorre quando o terceiro toque se confirmar (F2 E
T2 respectivamente), isto é, respeitar essa linha e reverter seu movimento na direção
oposta. A projeção dessas linhas para frente nos ajudará a antecipar futuros pontos de
compra e venda. Além do diagrama acima, encontrará nos gráficos analisados na revista
e nas análises diárias uma série de exemplos reais de linhas de tendência em
andamento. Só com treinamento alcançará o grau de “olho de águia”. Brincadeira à
parte, treine bastante a colocação das linhas de tendência. Como já disse, será um
elemento essencial na definição das estratégias.

Ângulo de Inclinação
É o aspecto mais importante da linha de tendência ¾ se estiver inclinada para
cima, mostra que os compradores são a força dominante nesse momento e procurará
operar do lado mais forte; se estiver inclinada para baixo, mostra que os vendedores
são a força dominante e operará com eles. Assim, se estivermos acompanhando, por
76

exemplo, uma linha de tendência de alta, toda vez que os preços retrocederem para essa
linha, poderemos tentar uma compra, evidentemente com um estope de entrada (estope
de entrada ou inicial é o nível definido simultaneamente com o ponto de compra para, se
a compra que tiver feito não evoluir favoravelmente, limitar sua perda) um pouco abaixo
da linha. Para uma linha de tendência de baixa o raciocínio é o inverso. Veja nos
desenhos abaixo alguns exemplos representativos da inclinação das linhas de
tendências de alta e de baixa.

Linha de retorno
É uma linha traçada paralelamente à linha de tendência original, que liga os
extremos opostos. Isto é, se tivermos uma linha de tendência de alta (traçada pela
conexão dos fundos), a paralela estará conectando os topos e os preços ficarão contidos
dentro dessas paralelas, criando um corredor denominado canal de alta. Se estivermos
diante de uma tendência de baixa (traçada pela conexão dos topos), a linha de retorno
paralela estará conectando os fundos, formando um corredor conhecido por canal de
baixa.

Nem sempre, porém, será possível traçar um canal. Alguns movimentos na


direção oposta da linha de tendência têm amplitudes irregulares, dificultando a definição
de uma linha de retorno paralela. Porém, sempre que possível, não se esqueça de
marcá-la, pois será grande de auxílio nas projeções dos próximos níveis de suporte e
resistência do movimento, possibilitando operações de compra e venda nos seus limites,
na medida em que o canal for se desenvolvendo. De vez em quando, também encontrará
um canal menor contido dentro do canal principal.
77

Observe, no gráfico ao lado, como


o corte da linha de tendência de
alta do canal de alta interno,
resultou numa queda até o suporte
proporcionado pelo canal de alta
principal.
Um aspecto interessante dos
canais é que além de servirem para
projetar futuros níveis de suportes e
resistências nos seus limites
superior e inferior, também se
prestam a novas projeções após
estes níveis terem sido penetrados.

A técnica da projeção é muito simples, dobrando-se a amplitude do canal para o


lado em que ocorre sua perfuração. O diagrama abaixo ajudará no esclarecimento do
texto:
Aproveite que os níveis de suporte e resistência não foram traçados no canal de
baixa e veja se consegue identificá-los. Como perceberá, aqui também os níveis de
suporte e resistência alternam seus papéis após terem sido penetrados.

Importância da linha de tendência


Avalia-se a importância de uma linha de tendência através da análise de cinco
fatores: sua periodicidade, seu comprimento, o número de vezes em que foi tocada pelos
preços, sua inclinação e seu volume.
• Quanto mais alta a periodicidade, mais significativa: uma linha de tendência num
gráfico semanal revela uma tendência mais importante do que uma linha de
tendência num gráfico diário. Uma mensal, mais do que uma semanal; uma diária
mais do que uma horária, e assim por diante.
78

Se estivesse analisando
apenas o gráfico diário,
poderia pensar que a linha
de tendência de baixa
(LTB1) fosse a resistência
principal rumo ao teste do
topo de 4,17. Entretanto,
subindo da periodicidade
diária para a semanal,
perceberá que a linha de
tendência principal, aquela
que tem que ser realmente
rompida, rumo novas
máximas é a LTB.

• Quanto mais longa for (em tempo, mas na mesma periodicidade), mais válida:
uma linha de tendência de curta duração reflete o comportamento da massa
durante um curto período de tempo. Uma, de prazo mais longo, reflete o
comportamento da massa durante um longo período de tempo.

Observe na linha de
tendência de alta,
traçada no gráfico de
Embraer on, quantas
oportunidades de
compra, com estopes
iniciais curtíssimos,
foram proporcionadas
nas vezes em que o
preço retornou próximo
à linha, a partir do
terceiro toque
assinalado pela
segunda seta.

• Quanto maior o número de contatos (toques) entre os preços e a linha de


tendência, mais válida: maior o número de vezes que o preço tocar na linha e, daí,
reverter, mais confiável ela se torna, mostrando com isso que a força dominante
tem o mercado sobre controle. O exemplo de Embraer também serve para esta
consideração.
• O ângulo de inclinação reflete a intensidade emocional do grupo dominante no
mercado: uma linha muito inclinada mostra que o grupo dominante está se
movendo rapidamente. Uma linha pouco inclinada mostra que o grupo dominante
está se movendo lentamente.
79

No gráfico acima (BOVESPA diário), a linha mais estreita mostra um período em


que o grupo dominante está se movendo lentamente, provavelmente num processo de
acumulação conforme sugere o OBV (On Balance Volume: técnica de estudo do
volume). Posteriormente, o gráfico mostra um período em que a linha de tendência
aumenta substancialmente sua inclinação, provavelmente no momento em que o público
em geral entra na compra.
• Volume: se o volume aumenta quando os preços se movimentam na direção da
linha de tendência, ele confirma essa linha. Se o volume diminui quando os
preços, corrigindo, voltam a essa linha, também confirma essa linha. Se o volume
se expande quando os preços voltam a essa linha, é um sinal de advertência de
uma possível penetração. Se o volume se retrai quando os preços se afastam da
linha de tendência, é uma advertência de que a linha está em perigo. Observação:
tal fato não deve ser levado ao pé da letra, pois já vi situações em que o
movimento do preço não confirmou as indicações do volume, mas serve como
uma referência que funciona na maioria das vezes.
80

Na figura 1 do diagrama anterior, você pode perceber o comportamento ideal do


volume durante o desenvolvimento de uma tendência de alta. Na figura 2, as linhas
pontilhadas indicam qual deveria ter sido a evolução correta do volume de acordo com a
tendência de alta em andamento. Entretanto, em vez de subir durante a perna de alta, o
volume foi secando e voltou a subir durante a formação da perna de queda, advertindo
sobre a possibilidade de algo errado com a tendência. Observe neste gráfico semanal de
Vale PNA, o comportamento do volume durante a tendência de alta.

Note, quando os preços se afastam da linha de tendência como o volume cresce


e quando se aproxima decresce, tal como seria de esperar numa tendência de alta.

6.2.6 Interpretação dos Gráficos Através de Figuras

6.2.6.1 Padrões dos Gráficos de Barras

São padrões ou formações gráficas que surgem em determinados momentos,


através dos quais, baseados na freqüência de sua ocorrência no passado e do que
aconteceu com o mercado em seguida, podem nos ajudar, por analogia, a decidir
quando é mais provável que uma Tendência prossiga ou reverta. Para efeito da
metodologia que estamos desenvolvendo, não são tão importantes, podendo-se até
prescindir deles. Mas é sempre bom conhecê-los, pois poderá encontrar novos caminhos
e um curso de análise gráfica não ficaria completo sem o seu conhecimento. Os padrões
existentes são classificados como de Continuação ou de Reversão.

6.2.6.1.1 Padrões de continuação

Como diz o próprio nome são padrões que se formam durante a movimentação
de uma tendência. De tempos em tempos, quando em tendência, o preço de um ativo
qualquer dá uma parada para retomada de fôlego e depois continuar se movimentando
na direção em que vinha se movendo. Essas interrupções momentâneas assumem
diferentes formas, no geral denominadas de áreas de congestão. As principais são os
triângulos, retângulos, cunhas, bandeiras e flâmulas, sendo que apenas os dois últimos
81

aparecem apenas como padrões de continuação. Os demais, também podem aparecer


como padrões de reversão.

6.2.6.1.1.1 Triângulos

São áreas de congestão cujos limites superior e inferior convergem para a direita.
Para poder traçar um triângulo precisa-se de, pelo menos, quatro pontos de retorno: dois
de fundo e dois de topo. Um triângulo pequeno, cuja altura corresponda a 10 ou 15% do
movimento precedente, provavelmente será um triângulo de continuação. Na maioria das
tendências de alta e de baixa se encontram muitos destes triângulos. Grandes triângulos,
cuja altura corresponde a um terço ou mais do movimento precedente, provavelmente
funcionarão como padrão de reversão. Dependendo do seu ângulo, o triângulo pode ser
classificado em três tipos: simétrico, ascendente e descendente.

Triângulo Simétrico: é aquele cujo limite superior e inferior convergem para a direita
num mesmo ângulo de inclinação. Normalmente reflete um equilíbrio de forças entre
compradores e vendedores e sua resolução usualmente são de continuação. Durante
sua formação, os preços vão caminhando para a direita através de flutuações cada vez
mais estreitas, na direção do vértice, com sensível redução do volume, até que sem
nenhum aviso, rompe o triângulo com grande impulso com notável aumento do volume.
Raramente, durante a formação de um triângulo, se obtém qualquer indício da direção
em que será perfurado, até que finalmente o seja. Algumas vezes, pode-se ter uma boa
idéia observando-se o que está acontecendo nos gráficos de outras ações, mas
freqüentemente, só lhe resta aguardar até que se defina. Tudo, neste padrão, indica
vacilação ou dúvida.

Veja a seguir, dois triângulos simétricos que funcionaram como padrão de


continuação:
82

Observando o gráfico diário do BOVESPA no exemplo abaixo, podemos ver um


triângulo simétrico que funcionou como padrão de continuação da tendência prévia e
outro, logo a seguir, que serviu como padrão de reversão.
83

Triângulos Ascendente e Descendente: são aqueles em que um dos limites é


praticamente uma linha horizontal e, o outro, uma linha inclinada. Em muitos aspectos,
de fato na maioria, são muito semelhantes ao Simétrico, mas com pequenas e generosas
diferenças, pois informam antecipadamente suas intenções. Daí seus nomes, pela
suposição de que num triângulo ascendente os preços romperão para cima e, num
descendente, para baixo. Raramente ocorre uma falha neste padrão.

Se a linha de topo for horizontal e a linha de fundo inclinar-se para cima ao


encontro da horizontal, estamos diante de um Triângulo Ascendente. Se a linha de fundo
for horizontal e a do topo, inclinada para baixo ao encontro da horizontal, estamos diante
de um Triângulo Descendente.
Estas formações são lógicas e fáceis de explicar. O Triângulo Ascendente, por
exemplo, mostra de forma simples o que acontece quando uma procura crescente por
uma determinada ação encontra uma grande oferta para ser vendida a um preço fixo. Se
a procura continuar, a oferta será totalmente absorvida por novos compradores, que
acham que os preços atingirão níveis mais altos. Este tipo de atividade do mercado
evidencia um plano de distribuição elaborado por possuidores de grandes lotes, que
desejam liquidar sua posição a um preço pré-determinado. O Triângulo Descendente
deve-se a condições de mercado inversas àquelas responsáveis pelo triângulo
ascendente. Suas implicações são igualmente fortes e, suas falhas, igualmente raras. Tal
e qual no triângulo simétrico, as boas perfurações ocorrem entre a metade e ¾ do seu
comprimento.
O comportamento do volume é muito parecido com o do triângulo simétrico,
diminuindo na medida em que os preços vão se aproximando do vértice. Nas formações
ascendentes, o volume tende a aumentar ligeiramente durante as subidas dentro do
padrão e a diminuir nas quedas dentro do padrão; nas formações descendentes, o
oposto é verdade, porém, algumas vezes não tão evidente. Estas flutuações menores
dentro do padrão, entretanto, não afetam a característica global da diminuição do
volume, até que o ponto da perfuração seja atingido.
De modo similar aos triângulos simétricos, as perfurações para cima num
triângulo ascendente, também exigem um grande aumento do volume, caso contrário,
devem ser vistas como suspeitas. Perfurações para baixo nos triângulos descendentes
não necessitam de grande volume.
84

Uma observação que vale para todos os tipos de triângulos é que normalmente,
logo após o rompimento da linha, ocorre uma volta rápida em sua direção, seguida de
aceleração na direção do corte. Outro aspecto importante é o tempo de resolução dos
triângulos. Os três tipos, geralmente se definem num prazo que varia de três semanas a
três meses, podendo, entretanto, durar um pouco mais.
Seguem-se alguns exemplos reais de triângulos ascendentes como padrão de
continuação e de reversão, um triângulo descendente como padrão de reversão e outro
triângulo simétrico de continuação.

Note, em todos os exemplos, que as projeções de medida após os cortes das


linhas dos diferentes triângulos foram muito além do projetado. Nos padrões de
continuação, tenho observado que, na maioria das vezes, os triângulos ficam sendo a
metade do caminho a ser percorrido. O diagrama da próxima página ajudará a esclarecer
o que estou querendo dizer:

Pelos métodos de projeção convencionais,


os objetivos mínimos, após o corte da linha
do Triângulo seriam: a) a continuação do
movimento até a linha pontilhada; b) a
medida da altura da base adicionada no
ponto de corte.
Baseado na observação empírica de que
funcionam como metade do caminho, meça
a altura do movimento precedente à
formação do triângulo e transfira esta
medida a partir do último ponto de retorno
anterior ao corte do triângulo.
85

Como operar as penetrações de um Triângulo: estratégias


De um ponto de vista tradicional, que é o que nos importa neste momento (mais
adiante, daremos um tratamento diferente), existem dois níveis operacionais:
a) Comprar/vender na penetração do corte. Neste caso, o estope inicial ou de
proteção deve ser colocado um pouco abaixo da linha oposta;
b) Esperar o movimento de volta à linha, após sua penetração e comprar/vender
na ultrapassagem do topo/fundo anterior. Neste caso, o estope deve ser colocado um
pouco abaixo/acima do ponto de retorno do movimento de retomada da penetração
original. Apesar desta volta não ocorrer 100% das vezes em que uma linha é penetrada,
ocorre na maioria das vezes. Acho esta operação mais segura, mas nem sempre poderá
ser feita.

Tudo que foi visto aqui sobre os triângulos, dos padrões às características e
estratégias, aplicam-se em qualquer periodicidade. Triângulos podem se formar nos
gráficos de 15 minutos, semanal, mensal, etc. Seu significado será sempre o mesmo, isto
é vacilação ou dúvida, na periodicidade em que estiver se desenvolvendo.

Encerro o assunto triângulos chamando sua atenção para dois aspectos:


a) Durante a formação dos triângulos há uma forte propensão dos movimentos
internos respeitarem com muito rigor o limite das linhas externas de definição do padrão;
b) Tive alguma dificuldade para encontrar nos meus gráficos muitos exemplos de
triângulos, porque, com bastante freqüência, após uma de suas linhas ter sido penetrada,
86

em vez de continuar subindo (ou caindo) como seria de se esperar, ao chegar nas
proximidades do ponto mais alto (ou mais baixo) do padrão, a formação deriva para um
retângulo. Deste modo, quando estiver iniciando uma operação de compra ou de venda,
vale a pena verificar a distância do ponto de corte até o extremo da base para verificar
se, antes de ultrapassar a última resistência, a relação risco/recompensa vale a pena. Se
não for, será mais seguro esperar pela confirmação da penetração do extremo da base
do padrão para iniciar uma operação. Escrito de uma outra forma tem o mesmo sentido
que: suponha que o topo de um triângulo seja 20. Se o corte da linha superior ocorrer em
torno de 19, será melhor esperar romper a resistência dos 20 para comprar. Porém, se o
corte da linha superior se der em torno de 15, com espaço para um lucro razoável antes
de atingir a resistência de 20, vale à pena comprar no corte.

6.2.6.1.1.2 Retângulos

São formações que consistem de uma séria de flutuações de preços que vão se
estendendo para a direita, ora para cima, ora para baixo, contidas entre duas linhas
horizontais (de topo e de fundo), raramente paralelas, formando uma área de congestão.
Esta formação, diferentemente dos triângulos que indicam vacilação ou dúvida, reflete
um grande equilíbrio entre as forças oponentes do mercado.
Costumam surgir com mais freqüência como padrão de continuação, mas
também surgem como padrão de reversão. Tanto podem ocorrer como padrão de
continuação de alta ou de baixa, como padrão de reversão de topo e fundo.

De um modo geral, suas características são muito semelhantes às do Triângulo


Simétrico. O volume tende a diminuir gradualmente durante sua formação, voltando a
crescer durante e após sua perfuração. Nos retângulos altistas, apesar da diminuição do
volume, o volume tende a crescer nas subidas internas do retângulo e a diminuir nas
quedas dentro do padrão. Num retângulo baixista é o inverso, isto é, tende a aumentar
87

nas quedas e a diminuir nas subidas e estas características podem nos auxiliar quando
estivermos verificando qual o lado mais provável de ser perfurado.

Veja no gráfico semanal de Petrobrás preferencial, acima, um retângulo de


continuação e outro que ainda é uma incógnita.
O padrão do volume deste último mostra que ele cresce nas quedas e decresce
nas subidas, sugerindo que o retângulo em andamento deve se resolver como uma
penetração para baixo. Mas tanto nesse, como no anterior, apesar do volume sugerir
uma penetração para baixo, ambos saíram para cima, revelando que o mercado está
sempre mudando o que se torna popularmente aceito como definitivo.
Mais comum ainda do que nos triângulos, é muito freqüente logo após o
rompimento de um retângulo uma volta à linha penetrada, seguida por uma retomada na
direção penetrada. Esta volta ocorre em 40% deles, em geral num período que pode
variar de três dias a três semanas, mas nada impede que possa demorar mais.

Quando um retângulo é perfurado numa base de


fechamento, o objetivo mínimo do movimento
subseqüente pode ser facilmente determinado,
bastando dobrar a altura do retângulo, como pode
ser visto no diagrama da página anterior. Existe
outra forma de projeção, feita com o uso da técnica
do gráfico ponto figura que veremos quando
abordarmos esta técnica. Por hora posso dizer que
ela tem a ver com a extensão do retângulo. No
gráfico de Eletrobrás pnb (diário), ao lado, observe
como esta longa base de um ano deu origem a um
grande movimento de alta, após o seu rompimento.
88

Os retângulos normalmente se resolvem num período de um a três meses,


similar aos Triângulos e as Cunhas, que será o próximo padrão a ser examinado. Como
todos os padrões de continuação e de reversão que veremos, surgem em qualquer
periodicidade, no geral mantendo sempre as mesmas características durante sua
construção.
Abaixo podem ser vistos mais alguns exemplos reais onde os retângulos
funcionaram como padrão de continuação de tendências de alta, bem como, padrões de
reversão de topo e fundo:

6.2.6.1.1.3 Cunhas

São formações gráficas, em que as flutuações dos preços ficam contidas entre
duas linhas convergentes, mas que se diferenciam dos triângulos por serem ambas,
simultaneamente, inclinadas para cima ou para baixo. O padrão do volume é similar aos
dos triângulos e retângulos, diminuindo substancialmente durante seu desdobramento.
Seu tempo de formação e resolução é similar ao dos triângulos, de um a três meses,
mas pode demorar mais.
89

Como se pode observar no diagrama anterior, suas definições têm o sentido


oposto às suas designações, isto é, uma cunha descendente é altista e uma cunha
ascendente é baixista.
O movimento posterior à perfuração de uma cunha ascendente (baixista) exige
uma atitude operacional rápida, ao passo que, o da cunha descendente (altista), deixa
mais tempo para raciocinar. O objetivo mínimo do movimento após a perfuração é a
distância medida entre o ponto mais alto (cunha descendente) ou a do ponto mais baixo
(cunha ascendente) e o vértice, transferida verticalmente para o local do corte, conforme
indicam as setas pontilhadas do diagrama da página anterior. Seguem-se, abaixo, alguns
gráficos que estavam se desdobrando num padrão de Cunha Descendente, com
implicações altistas:

Mais alguns exemplos de Cunhas que funcionaram como padrão de reversão e


continuação, bem como, mais uma possível cunha de alta que pode estar em
andamento:
90

Como operar as penetrações e o interior dos Retângulos e das Cunhas: estratégias


As estratégias operacionais para os Retângulos e Cunhas são basicamente as
mesmas utilizadas para se operar os Triângulos. O que muda é o traçado do
desdobramento.

6.2.6.1.1.4 Bandeiras, Flâmulas e Similares.

São pequenas e compactas flutuações de preços, que vão formar pequenos


paralelogramos ou retângulos, ligeiramente inclinados contra a direção da tendência
predominante. Quando aparecem numa tendência de alta, sua semelhança com uma
bandeira tremulando no mastro é muito grande, daí seu nome. Sempre surgem após um
avanço vertical rápido e extenso (que vem a ser o mastro), durante o qual se verifica um
aumento crescente do volume. Quando esse movimento encontra resistência, se inicia a
construção da bandeira, com o mercado dando uma ligeira recuada e os preços ficando
contidos dentro de duas linhas horizontais, mais ou menos paralelas e inclinadas, com
redução gradual do volume.

A resolução dessa congestão pode levar de cinco dias a três semanas, sendo
que, quando são rápidas, não chegam a ficar inclinadas, assemelhando-se a pequenos
quadrados. Quanto maior a distância entre as linhas que a formam, maior o tempo gasto.
Quando surgem em tendências de baixa, suas características são as mesmas, só que no
sentido inverso e com propensão a uma definição mais rápida.
As flâmulas diferem das bandeiras apenas pelo seu formato, mantendo todas as
demais características. Seu aspecto está muito mais para um triângulo inclinado ou uma
pequena cunha. Elas também se formam após um rápido avanço (ou declínio) dos
preços e, durante sua construção, o volume diminui de forma sensível, mais rapidamente
ainda do que durante a construção das bandeiras. As projeções dos objetivos mínimos
são idênticas às das bandeiras.
Bandeiras e flâmulas são consideradas pelos grafistas, como padrões dos mais
confiáveis, tanto na indicação da direção do mercado, como nas projeções de medida.
Ocasionalmente podem falhar, mas nunca sem antes dar um sinal que o padrão tenha se
completado. Para que possa se prevenir dessas falhas, basta que observe atentamente
para três aspectos:
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1. A figura de consolidação (bandeira ou flâmula) deverá surgir após um


movimento quase em linha reta vertical.
2. A atividade (volume) deverá diminuir considerável e constantemente durante a
construção do padrão, e continuar a cair até que os preços saltem para fora dele.
3. Os preços deverão perfurar o padrão na direção esperada, no máximo em
quatro semanas. Um padrão desse tipo, que se estenda além de três semanas, deverá
ser visto como suspeito.

Veja abaixo alguns exemplos reais:

Como pode ver nos gráficos acima, estas formações surgem uma atrás da outra
somente quando um ativo ou um índice entra em tendência. Embora sejam padrões
facilmente perceptíveis, são os mais difíceis de serem seguidos, se não for
acompanhado de um sólido critério analítico e operacional.
Para a maioria dos investidores, principalmente aqueles menos experientes que
ainda se encontram na fase oral (das dicas), é muito difícil realizar quando um papel já
subiu um bom pedaço, que se deve comprar (adicionar) mais alguns lotes na medida em
que forem surgindo novos pontos de compra. Em geral, após comprar e obter algum
lucro ele passa a ficar preocupado em proteger aquilo que já ganhou e dificilmente
resiste comprado após um ou dois dias consecutivos de queda.
Quando o papel volta a subir, após uma breve respirada (a bandeira ou flâmula),
ele não tem mais coragem para recomprar e deixa de obter os benefícios de uma
tendência. Acho que é por isto que dizem que o investidor menos experiente não deixa o
lucro crescer.
Daqui para frente, quando observar um ativo qualquer rompendo uma resistência
ou um suporte importante e começar a subir/cair de forma acelerada, lembre-se que
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provavelmente surgirão pela frente vários novos pontos de compra ou de venda,


conforme o caso.
Você se sentirá emocional e psicologicamente muito melhor se definir estopes
técnicos e deixar correr. Ainda que não tenha iniciado uma operação na primeira perna
de alta após o rompimento de uma resistência ou suporte significativo, se perceber a
formação de uma bandeira, uma flâmula ou qualquer coisa similar (no sentido da rapidez
da correção e não da forma), compre (venda) na ultrapassagem do topo (do fundo) da
primeira bandeira ou flâmula e coloque um estope inicial um pouco abaixo do fundo (do
topo) da bandeira ou flâmula e a cada nova correção vá adicionando sem prejudicar seu
preço de compra (venda) inicial subindo simultaneamente o estope de toda a posição
para o fundo (topo) anterior onde adicionou na ultrapassagem.
Quando for estopado, muito provavelmente a tendência estará se esgotando e,
ainda que devolva algum, com certeza terá sido uma operação das mais lucrativas.
Diagramando estas estratégias, teríamos:

Coloquei intencionalmente dois níveis de compra e de venda na segunda


correção. O motivo é o seguinte: quando a correção evoluir num formato retangular, o
estope deverá ficar um pouco abaixo do fundo do retângulo e o ponto de compra
ocorrerá na ultrapassagem do topo do retângulo. Porém, quando a correção se dá em
forma de cunha ou de um pequeno canal de baixa, muitas vezes, em termos de preço,
ocorre uma forte retração. Nestes casos, dependendo do cenário geral do mercado
[muitos papéis subindo de forma generalizada e alternada (ou muitos papéis caindo de
forma generalizada e alternada)], pode-se fazer a compra (ou a venda) no corte da linha
de tendência de baixa colocando um estope um pouco abaixo da mínima da perna de
queda anterior ao corte da linha.
Entretanto, este procedimento não é tão seguro quanto comprar na
ultrapassagem do topo do padrão. Embora exista a possibilidade de falha na estratégia
de comprar na ultrapassagem do topo, este risco será sempre menor do que no interior
do padrão. Por isto, antes de iniciar uma compra no corte da linha de tendência de baixa
deve -se fazer as contas de quanto custará, caso venha a ser estopado, para ver se é
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melhor do que esperar pela ultrapassagem do topo do padrão, no caso de ter de repetir a
compra no corte da linha de tendência de baixa retraçada. Algumas vezes, fazer uma
operação num nível de compra mais baixo, ser estopado e repetir o procedimento, custa
menos do que esperar pela penetração do topo.
Com isto encerramos nossa viagem pelos padrões de continuação e
examinaremos a partir de agora os padrões de reversão.

6.2.6.1.2 Padrões de Reversão

São padrões que quando aparecem indicam que a tendência em andamento está
em vias de mudar de direção. Na maioria dos casos, quando uma tendência de preços
entra num processo de reversão, seja de alta para baixa ou de baixa para alta, uma área
ou padrão característico toma forma no gráfico, tornando-se reconhecido como padrão
de reversão. Algumas dessas formações gráficas são construídas e completadas muito
rapidamente, mas na sua maioria necessitam de várias semanas para atingir um estágio
em que alguém possa dizer, com segurança, que uma reversão de tendência está
definitivamente assinalada.
Genericamente falando, quanto maior a área de reversão ¾ quanto mais largas
as flutuações dentro dela, quanto mais tempo demorar a se formar, quanto mais ações
trocarem de mãos durante sua construção ¾ mais importantes suas implicações. Assim,
grosseiramente falando, uma grande formação de reversão sugere um grande
movimento a seguir e um pequeno padrão, um pequeno movimento.
Dentre os padrões de reversão mais comuns, veremos a formação de Cabeça e
Ombros.

6.2.6.1.2.1 Cabeça e Ombros

É o padrão de reversão mais comum e, certamente o mais confiável. Costuma


surgir em topos e fundos importantes, embora também possa ocorrer eventualmente
como padrão de continuação, o que não chega a ser uma raridade. Provavelmente, já
deve ter ouvido alguém falar sobre sua ocorrência, porque existem muitos investidores
familiarizados com seu nome, mas não tantos que realmente saibam e possam distingui-
lo de algum desenvolvimento de preço similar, que na verdade não se comportará de
acordo com o padrão verdadeiro. O típico, ou se preferir, o padrão Cabeça e Ombros
ideal está ilustrado no diagrama a seguir:
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O padrão ao lado consiste:


a) Uma forte subida, atingindo seu clímax
após um avanço, mais ou menos extenso,
sobre o qual há um grande aumento do
volume, seguido por uma pequena queda
sobre a qual o volume diminui
consideravelmente, em relação à subida
ao topo. É o “ombro esquerdo”.
b) Outra subida com alto volume em que o
preço atinge um nível mais alto do que o
do ombro esquerdo, seguida por outra
queda com menos volume, que leva os
preços para baixo próximos do nível do
fundo da queda precedente, algumas
vezes mais para baixo, algumas vezes
mais para cima, mas, de qualquer forma,
abaixo do topo do ombro esquerdo. É a
“cabeça”.
c) Uma terceira subida, mas dessa vez,
decididamente com menos volume do que
o que acompanhou as subidas do ombro
esquerdo e da cabeça, que falha em
atingir a altura da cabeça antes que se
origine outra queda. É ombro direito.
d) Finalmente, o declínio dos preços nessa terceira queda rompe a “linha de pescoço”,
traçada através dos fundos formados pelas quedas entre o ombro esquerdo e o ombro
direito, respectivamente. Para que a penetração seja válida, é necessário que numa base
de fechamento se afaste uns 3% (em relação ao preço negociado) da linha de pescoço.
Na verdade, o rompimento de qualquer dos padrões examinados até agora requerem
essa condição de confirmação.
e) Outro aspecto que merece atenção é de que, na maior parte das C&Os, após a
perfuração da linha de pescoço, ocorre uma volta dos preços à linha para testá-la.

No diagrama acima vimos um exemplo clássico. Nem sempre é assim. A linha de


pescoço pode ser horizontal, pode estar inclinada para cima ou inclinada para baixo. O
comportamento do volume é fator mais importante na confirmação do padrão. Entretanto,
nas C&Os de reversão de fundos, o volume do ombro esquerdo normalmente se forma
sob baixo volume, que crescerá ligeiramente durante a formação da cabeça, mas atingirá
seu nível mais alto durante a subida do ombro direito, no ataque à linha de pescoço.
Este padrão nos permite determinar o objetivo mínimo do movimento que se
segue à ruptura da linha de pescoço, com facilidade e precisão. Para tanto, basta que
você meça verticalmente à distância que vai da parte mais alta da cabeça até a linha de
pescoço (h, no diagrama acima) e transfira essa medida para o local em que se deu a
perfuração (h’, no diagrama acima).
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Veja a seguir alguns exemplos reais e note como todos os objetivos mínimos não
só foram atingidos, como ultrapassados:

Quanto à sua forma podem surgir com dois ombros de cada lado e uma cabeça;
podem surgir com duas cabeças e um ombro de cada lado; podem ter três cabeças e
dois ombros simples; podem ter três ombros de cada lado e uma cabeça, enfim, podem
assumir vários aspectos dentro do padrão e são mais conhecidas como formações
complexas. O padrão tem uma forte tendência à simetria, principalmente quanto ao
número de ombros. Assim, se de um lado ocorrerem dois ombros, pode-se esperar que o
mesmo aconteça no lado direito da cabeça.
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Tipicamente, um padrão de reversão, ocasionalmente, surge no meio de


tendências, geralmente invertido como padrão de continuação. Não existe muito risco de
ser confundido com o de reversão, pois, é invertido com respeito à direção prévia dos
preços anteriores ao seu surgimento. Assim, se surgir um padrão deste tipo num
mercado ascendente, ele se apresentará com a forma de uma cabeça e ombros de fundo
e vice-versa, conforme pode ver nos gráficos ao lado.
O comportamento do volume durante a sua ocorrência também não segue as regras dos
padrões de reversão, nem tem muita importância na confirmação do padrão.

Como operar o padrão Cabeça e Ombros: estratégias

LP = LINHA DO PESCOÇO.
Quando estiver examinando seus gráficos e perceber que, após uma grande
subida, os preços começaram a ratear, perfurando inicialmente a linha de tendência de
alta e, no próximo movimento de subida, começarem a cair antes de ultrapassar o topo
anterior, com um padrão crescente do volume durante a formação do ombro esquerdo e
da cabeça, independente de qual dos dois tenha sido maior, a probabilidade de que
esteja diante de uma formação de cabeça e ombros é muito grande. Neste caso, existem
três pontos relativamente seguros para iniciar uma venda:
1) A partir do momento que o
ombro esquerdo e a cabeça de
uma possível formação de
C&Os puderem ser vista no
gráfico e começar a se formar
o ombro direito, trace uma
linha de tendência de alta e
quando ela for cortada para
baixo, venda e coloque um
estope de entrada um pouco
acima da máxima da perna de
alta anterior ao corte da linha
de tendência. Se o seu estope
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for atingido, encerre sua operação, retrace a linha de tendência de baixa e, até que o
topo da cabeça tenha sido ultrapassado, venda no corte da linha de tendência de baixa.
2) Quando o movimento de queda que vai completar o ombro direito penetrar a linha de
pescoço venda e coloque um estope de entrada um pouco acima do topo anterior. Se
perceber que a distância do topo do ombro direito implica num pedágio muito caro, em
vez de usar o topo anterior como referência de estope, use a máxima da barra em que se
deu a penetração. Neste caso, se for estopado, venda novamente quando a mínima
atingida antes de ter sido estopado for penetrada e coloque um estope de entrada um
pouco acima do novo topo anterior. Se não entendeu, é exatamente a mesma
abordagem da próxima estratégia de venda, apenas num nível um pouco mais alto.
3) Se após o rompimento da linha de pescoço, os preços voltarem ao seu encontro e dali
voltarem a cair, venda quando o fundo anterior for penetrado numa base de fechamento
e coloque o seu estope um pouco acima do novo topo anterior formado pela tentativa de
volta à linha de pescoço.

Observações:
a) Durante o curso, quando eu mencionar “numa base de fechamento”, estou me
referindo ao “preço de fechamento”, o último negócio do dia ou da periodicidade em que
estiver trabalhando.
b) “Se tiver sido estopado”, tem o sentido de: se o nível previamente definido
para interromper sua operação, caso ela estivesse saindo fora do previsto, tiver sido
atingido.

6.2.7 Índice de Força Relativa

Entre os mais conceituados indicadores está o Índice de Força Relativa (IFR)


ou Relative Strength Index (RSI). Ele foi introduzido por J. Welles Wilder num artigo
publicado em junho de 1978 e a descrição detalhada dos métodos de cálculo e
interpretação do RSI podem ser encontrados no seu livro “New Concepts in Technical
Systems”(1978).
O nome Índice de Força Relativa na verdade não compara a força relativa entre
dois ativos diferentes, mas sim a força interna relativa entre dois momentos de único
ativo. O nome mais apropriado para o indicador seria “Índice de Força Interna”.
Sua fórmula de cálculo é muito simples:

RSI = 100 – [ 100 / ( 1 + U / D ) ]

Onde:
U = média das variações de preço para cima (altas)
D = média das variações de preço para baixo (baixas)

Em geral estes valores médios são calculados num período fixo de tempo.
Quando Wilder introduziu o RSI recomendou o uso de 14 dias que foi otimizado para o
DJIA.
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A interpretação do Índice de Força Relativa é realizada considerando vários


elementos:
1. Máximos e mínimos. O RSI usualmente forma topos acima de 70 e mínimos
abaixo de 30. Quando o indicador está acima de 70 dizemos que o mercado está
super comprado (overbought) e quando está abaixo de 30 dizemos que o mercado
está super vendido (oversold).
2. Divergências. Os segmentos de retas amarelas traçados nas duas seções do
gráfico representam as divergências entre o movimento dos preços e o movimento
do indicador. Uma divergência baixista ocorre, por exemplo, quando o preço forma
um novo máximo e o indicador não. Isto indica que o mercado pode reverter sua
tendência de alta em uma tendência de baixa.
3. Suportes e resistências. Por normalizar as variações entre 0 e 100 o RSI permite
definir mais facilmente níveis ideais para comprar (linhas de suporte) ou vender
(linhas de resistência).
4. Rupturas. A definição mais fácil de canais (entre linhas de suportes e resistências)
permite uma detecção mais confiável de rupturas dos níveis de suporte (indicando
venda) e resistência (indicando compra).
5. Formação de padrões mais facilmente detectáveis de compra e venda por
sistemas de reconhecimento (redes neurais).

Observe que as técnicas de suporte/resistência e de rupturas que aparentemente


se contradizem são na verdade complementares. Apesar de o que para uma é ponto de
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compra, para outra é ponto de venda e vice-versa, ambas as técnicas funcionam quando
complementadas por indicadores de tendência. Quando o mercado está sem uma
tendência definida utilizamos a técnica de suporte/resistência. Se houver uma ruptura de
um destes níveis indica que o mercado pode ter assumido uma tendência.
No gráfico indicamos dois pontos (setas brancas), um de compra (buy) e outro de
venda (sell), resultantes do rompimento das retas de 30 e 70 respectivamente e após
respectivas divergências altistas e baixistas (retas amarelas).
Alguns analistas não consideram os níveis de exaustão para interpretar o RSI.
Baseiam-se exclusivamente nas divergências ou no fato do indicador estar acima ou
abaixo do nível 50. Assim a interpretação seria simplesmente comprar quando o
indicador ficar acima de 50 e vender quando o indicador estiver abaixo de 50.
Existem entretanto momentos em que não podemos determinar perfeitamente a
operação mais adequada, o que nos obriga a complementar a análise com outros
indicadores.
O ponto marcado com uma interrogação (?) não satisfaz aos critérios de compra
se nos baseamos apenas no RSI mais outros indicadores indicam o ponto como sendo
um ponto de compra.
É claro que dependendo do ativo que está sendo analisado o número de dias
ideal par ao cálculo do RSI pode ser maior ou menor que 14 dias e os níveis de atuação
diferentes de 30 e 70. Recomendamos a otimização para cada ativo analisado e uma
periódica reavaliação com o objetivo de maximizar o retorno em sua aplicação.

6.2.8 GAP’s

GAP: da língua inglesa DIFERENÇA – INTERVALO.


Quando o mercado de qualquer ativo sofre uma interrupção em sua negociação,
existe a possibilidade de ocorrer também uma diferença entre o seu preço de
fechamento e o seu preço de abertura, devido a um fato novo ocorrido neste intervalo
que provoque uma reavaliação por parte dos agentes do mercado (investidores), no valor
do ativo. Esta diferença de preços também é conhecida como PRICE GAP.
O GAP, quando ocorre numa série histórica, provoca uma espécie de janela ou
lacuna na qual o preço não pode ser influenciado pelo mercado, sendo por isso uma
incógnita qual seria o real movimento do preço caso não tivesse ocorrido este intervalo
de tempo.
A observação de várias ocorrências deste tipo de descontinuidade (GAP) mostra
que mais cedo ou mais tarde o preço do ativo volta a passar pelo mesmo intervalo.
O mais interessante é que quase 70% dos GAP’s são “fechados” em no máximo
2 dias após a sua ocorrência. Isto significa que um grande salto ocorrido nos preços de
um ativo em geral não reflete a avaliação da maioria dos agentes do mercado. Isto levou
aos profissionais de mercado a enunciar uma teoria de que: “Todo GAP será fechado”.
Se este tipo de observação tem algum valor científico não se sabe, mas o
comportamento humano nem sempre pode ser explicado pela ciência ou pela
matemática. A economia não é uma ciência exata e por isso com um forte componente
estocástico (aleatório).
100

A figura abaixo ilustra os referidos GAP’s e demonstra que todos foram fechados
após um período curto de tempo.

6.2.8.1 GAP’s: Tipos e Significados

GAPS’s são áreas no gráfico na qual não ocorreu negociação. Um GAP numa
tendência de alta é formado quando os preços abrem acima da cotação do dia anterior e
este hiato (“GAP”) não é fechado durante o pregão. Numa tendência de baixa ocorre o
inverso: os preços abrem num nível mais baixo do dia anterior e este hiato não é fechado
posteriormente.
“GAP’s” para cima são mostras de vitalidade do mercado, enquanto “GAP’s” para
baixo são demonstrações da sua fraqueza. “GAP’s” aparecem mais em gráficos de
barras diários mas podem também aparecer (embora raros) em gráficos semanais e
mensais.
Acreditou-se durante muito tempo na máxima de que “GAP’s devem ser sempre
fechados, ou seja, que após um GAP ser criado o mercado deve sempre voltar para
fecha-lo, mais na verdade isto nem sempre ocorre.
Existem quatro tipos de GAP:

1 – O GAP COMUM
O GAP comum é formado geralmente em mercados de pouca liquidez ou então
em faixas de congestão. Neste caso o GAP é pouco significativo e demonstra mais uma
falta de interesse por parte de um dos lados de negociação do que qualquer outra coisa.
Os GAP’s comuns são em sua grande maioria prontamente fechados, não sendo
relevantes na determinação do estágio em que se encontra a tendência analisada.
101

2 – O BREAKAWAY GAP (CORTE)


O Breakaway GAP normalmente ocorre no final de uma formação qualquer ou
quando da quebra de um importante suporte ou resistência.
Breakaway GAP’s são geralmente formados quando da quebra de um triângulo
ou da “linha de pescoço” de um ombro-cabeça-ombro.
São também formados quando da quebra de uma faixa de congestão dentro de
uma tendência maior de alta (baixa dos preços).
Breakaway GAP’s ocorrem geralmente acompanhados de um grande aumento
no volume de negócios confirmando-os, e são raramente fechados. Os preços podem
posteriormente vir cobri-los parcialmente, não completamente, devendo ser por isto
considerado como importantes níveis de suporte e resistência quando de posteriores
correções técnicas da tendência.
Por contraste, no caso de seu fechamento, isto deve ser considerado como uma
indicação significativa de reversão de tendência ou de um falso breakout da formação
anterior.

3 – MIDWAY GAP (FUGA)


Depois de uma tendência já vir se desenvolvendo há algum tempo, os preços
formam por volta do meio do movimento um ou vários GAP’s seguidos.
Estes GAP’s são conhecidos como “Midway GAP” e permitem que se faça uma
projeção para cima (no caso de uma tendência de alta) igual ao movimento total já
ocorrido. Estes são evidentemente uma demonstração de força de tendência (seja de
alta ou de baixa). Mas são de difícil identificação num primeiro momento já que podem
ser confundidos com os GAP’s de exaustão que ocorrem no final de uma tendência. Eles
são geralmente acompanhados por alto volume de negócios com o preço de fechamento
ocorrendo próximos ao “high” do dia.
Os Midway GAP’s não são prontamente fechados, consitituindo-se em
importantes níveis de suportes ou de resistências quando de posteriores correções
técnicas ou reversão de tendência.
A figura na próxima página mostra um exemplo de GAP.
102

Vê-se neste exemplo (café – Nova Iorque) o GAP de Exaustão (5) e Midways
GAP’s (1) e (2) com seu objetivo técnico tendo sido atingido. Notar que o Midway GAP
serviu de supor posteriormente no ponto (3). Notar também o Breakway GAP (4) formado
quando da quebra do topo atingido no começo de Novembro/85.

4 – GAP DE EXAUSTÃO
Este último tipo de GAP que ocorre no final de uma tendência, ocorre
normalmente depois de um rápido avanço ou declínio dos preços o que faz confundi-lo
com o “Midway GAP”. Na maioria dos casos as tendências começam acelerando-se cada
vez mais até que pouco a pouco perdem força quando resistências (ou suportes) cada
vez mais fortes começam a diminuir-lhes o seu “ímpeto”. Entretanto, existem casos nos
quais tendências com grande força não mostram evidências de perder “momento” mas,
ao contrário, vão acelerando-se cada vez mais até que em um determinado ponto
revertem radicalmente de direção.
Os GAP’s de Exaustão são formados exatamente no final da tendência quando
esta, num “último suspiro”, forma um GAP, negocia um ou poucos dias neste nível de
preços, e depois reverte de direção fechando-o prontamente.
Há um velho ditado que diz que o mercado tem horror aos GAP’s e que eles
serão preenchidos. Embora isso possa ser verdade para os GAP’s comum e de
exaustão, manter posição a espera de fechamento do GAP pode ser perigoso e você
103

poderá perder bastante dinheiro. Os GAP’s são muito importantes no desenvolvimento


de preços de uma ação e não devemos ignorá-los. Devemos sempre ficar atentos aos
GAP’s para tirarmos o máximo de vantagem.
104

7. OS AXIOMAS DE ZURIQUE

I – DO RISCO
Preocupação não é doença, mas sinal de saúde. Se você não está preocupado, não está
arriscando o bastante.
1 – Só aposte o que vale a pena;
2 – Resista à tentação das diversificações;

II – DA GANÂNCIA
Realize o lucro sempre cedo demais.
3 – Entre no negócio sabendo quanto quer ganhar; quando chegar lá caia fora;

III – DA ESPERANÇA
Quando o barco começar a afundar, não reze. Abandone-o.
4 – Aceite as pequenas perdas com um sorriso, como fatos da vida. Conte incorrer em
vários, enquanto espera um grande ganho;

IV – DAS PREVISÕES
O comportamento do ser humano não é previsível. Desconfio de quem afirmar que
conhece uma nesga que seja do futuro.

V – DOS PADRÕES
Até começar a parecer ordem, o caos não é perigoso.
5 – Cuidado com a armadilha do historiador;
6 – Cuidado com a ilusão do grafista;
7 – Cuidado com a ilusão de correlação e a ilusão da causalidade;
8 – Cuidado com a falácia do jogador;

VI – DA MOBILIDADE
Evite lançar raízes. Tolhem seus movimentos.
9 – Numa operação que não deu certo, não se deixe apanhar por sentimentos como
lealdade ou saudade;
10 – Jamais hesite em sair de um negócio se algo mais atraente aparecer à sua frente;

VII – DA INTUIÇÃO
Só se pode confiar num palpite que possa ser explicado.
11 – Jamais confunda palpite com esperança;

VIII – DA RELIGIÃO E DO OCULTISMO


É improvável que entre os desígnios de Deus para o Universo se inclua o de fazer você
ficar rico.
12 – Se astrologia funcionasse, todos os astrólogos seriam ricos;
13 – Não é necessário exorcizar uma superstição. Podemos curti-la, desde que ela
conheça o seu lugar.
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IX – DO OTIMISMO E DO PESSIMISMO
O otimismo significa esperar o melhor, mas confiança significa saber como se lidar com o
pior. Jamais uma jogada por otimismo apenas.

X – DO CONSENSO
Fuja da opinião da maioria. Provavelmente está errada.
14 – Jamais embarque nas especulações na moda. Com freqüência, a melhor hora de se
comprar alguma coisa é quando ninguém a quer.

XI – DA TEIMOSIA
Se não deu certo da primeira vez, esqueça.
15 – Jamais tente salvar um mau investimento fazendo “preço médio”;

XII – DO PLANEJAMENTO
Planejamentos a longo prazo geram a perigosa crença de que o futuro está sob o
controle. É importante jamais levar muito a sério os seus planos a longo prazo, nem os
de quem quer que seja.
16 – Fuja de investimentos a longo prazo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Curso de Introdução ao mercado de capitais.


NORONHA, M. Curso básico de análise gráfica.
www.bovespa.com.br
www.cblc.com.br
www.ondeinvestirbylopesfilho.com.br

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