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RESUMO
A depressão constitui-se num problema de saúde pública, caracterizada por uma variedade de
distúrbios psicopatológicos que diferem consideravelmente quanto a sintomatologia, gravidade, curso
e prognóstico. O objetivo deste estudo foi identificar, entre os ISRS constantes nos receituários, a
frequencia de prescrições entre os tipos existentes, numa farmácia de Bagé, RS. Os dados
levantados com a pesquisa revelaram que a prescrição de ISRS é significativamente superior aos
demais antidepressivos e ao se fazer uma avaliação geral entre todos os IRSS prescritos, é possível
constatar, tanto em números absolutos como em percentuais a significativa diferença da Fluoxetina
sobre os demais. A Fluoxetina foi o ISRS mais utilizado e a dosagem utilizada em todos os casos foi
de 20mg diárias. A justificativa encontrada para esses dados podem estar na menor agressão ao
organismo, com menor incidência de efeitos colaterais, que surgem apenas no início do tratamento,
desaparecendo com o tempo, bem como a posologia fácil, que exige a ingestão de apenas um
comprimido diário.
Palavras chave: antidepressivos; ISRS; depressão; Fluoxetina; fármaco.
ABSTRACT
Introdução
1
Artigo apresentado ao Curso de Especialização em Farmácia Comunitária da URCAMP, como
requisito parcial para conclusão do curso.
2
Farmacêutica Generalista pela URCAMP.
3
Orientadora do trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Farmácia Comunitária.
Normalmente, o tratamento dos estados depressivos é realizado de forma
única com terapia medicamentosa, ou pelo menos esta á a principalmente
ferramenta utilizada, sendo os antidepressivos. Tendo como tema o perfil da
prescrição de antidepressivos no município de Bagé, RS, este trabalho tem como
objetivo geral do estudo identificar, entre os ISRS constantes nos receituários, a
frequencia de prescrições entre os tipos existentes, numa farmácia de Bagé, RS,
tendo como base estudos anteriores em centros populacionais maiores, como os
realizados por Campigotto (2008), Perón et al. (2004), Del Porto (1999), é de que a
Fluoxetina seja o ISRS mais dispensado.
Vários estudos, entre os quais citam-se os de Grevet e Cordioli (2001),
Maggioni et al. (2008), Nardi (1999), Scalco et al. (2005) e Terroni (2003), indicam
um maior número de prescrições de ISRS para o tratamento dos diversos tipos de
síndromes depressivas e sintomas de depressão na população em geral, sendo
justificado este fato pelas várias indicações terapêuticas desses fármacos.
Conforme Alvarez (2006), altera a maneira como a pessoa vê o mundo e
sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o
prazer com a vida. Lafer et al. (2010) descrevem a depressão como um transtorno
do humor grave freqüente, e ocorre em todas as faixas etárias, sendo que as taxas
parecem estar aumentando entre jovens e idosos. O conceito de depressão engloba
uma variedade de distúrbios psicopatológicos que diferem consideravelmente
quanto à sintomatologia, gravidade, curso e prognóstico (SOUZA et al., 2001).
A depressão, de acordo com Ballone (2007), é essencialmente um transtorno
episódico e recorrente, isto é, que se repete. De modo geral, Masci (2000)
argumenta que a depressão abrange alterações normais do humor diante de perdas
ou outros problemas de natureza emocional ou ainda, manifestação de doenças
físicas, bem como efeito colateral de medicamentos que o paciente esteja utilizando.
Pela medicina, a depressão é entendida por Strian e Klicpera (2004), mais
como um mal funcionamento cerebral do que má vontade psíquica, ou uma cegueira
mental para as coisas boas que a vida pode oferecer, ou uma falta de ter o que
fazer. Goodman e Gilman (2006) e Fortes et al. (2008) argumentam que os fatores
biológicos envolvidos no mecanismo da depressão estão relacionados a alterações
cerebrais das monoaminas (serotonina, nor-adrenalina e dopamina), principalmente
nor-adrenalina e serotonina conforme Lafer (2006).
Stahl (2008) e Lafer (2006) afirmam que esta teoria apresentada é das
monoaminas e foi formulada por Schildkraut em 1965, que referia a depressão como
o resultado da diminuição de monoaminas no sistema nervoso central. Mas hoje se
aceita mais a idéia de que o aumento da disponibilidade de neurotransmissores
melhora o quadro depressivo, que é o que fazem os antidepressivos e, de acordo
com Alvarez (2006) e Fava (2003), isso parece indiscutível. Em situação normal,
sem depressão, o número de neuroreceptores no neurônio 2 (pós-sináptico) é
normal (STAHL, 2002). Na depressão, na medida em que escasseiam os
neurotransmissores, aumentam os neuroreceptores (BERNIK, 2002; STAHL, 2002).
De acordo com Grevet e Cordioli (2001), apesar das novas e esperançosas
hipóteses mais modernas, vários neurotransmissores (serotonina, noradrenalina,
dopamina, GABA, acetilcolina) e neuropeptídeos (somatostatina, vasopresina,
colecistocinina, opióides endógenos, etc) continuam se relacionando atualmente, de
uma forma direta ou indireta, na patogenia dos transtornos afetivos. Contudo, O
tratamento da depressão só deve ser iniciado depois de um correto diagnóstico da
doença, uma vez que, segundo o DSM IV-TR (2002), é difícil fazer a distinção entre
depressão, a tristeza e o luto.
A depressão, se não tratada corretamente, pode perdurar por muito tempo,
com sério prejuízo à vida do paciente: trabalho, família e lazer ficam muito
comprometidos, juntamente com um risco maior de suicídio (FORTES et al., 2008).
Conforme Alvarez (2006), é sempre importante ter-se em mente que os sintomas
ansiosos e físicos desaparecerão com o tratamento da depressão na expressiva
maioria dos casos, sem necessidade de ansiolíticos e/ou medicamentos
sintomáticos.
A escolha do tratamento para a depressão deve, conforme Perón et al.
(2004), ser feita a partir da análise dos fatores clínicos, pelas características do
estados depressivo, pelos fatores que desencadeiam o episódio depressivo e
também pelos antecedentes familiares (PERON et al. 2004; SCALCO, 2003). Para
Lafer et al. (2010), dois pontos fundamentais no tratamento com qualquer
antidepressor são apresentados de forma clara: tempo correto de uso e dose
adequada. Todo antidepressor apresenta um período de latência para o efeito
terapêutico. Antidepressivo é uma substância considerada eficaz na remissão de
sintomas característicos da síndrome depressiva, em pelo menos um grupo de
pacientes com transtorno depressivo (BRASIL e BELISÁRIO FILHO, 2008).
A ação terapêutica das drogas antidepressivas tem lugar no sistema límbico,
o principal centro das emoções (LAFER, 2010). Este efeito terapêutico é
conseqüência de um aumento funcional dos neurotransmissores na fenda sináptica,
principalmente da Norepinefrina (NE) e/ou da Serotonina (5HT) e/ou da dopamina
(DO), bem como alteração no número e sensibilidade dos neuroreceptores (BRASIL
e BELISARIO FILHO, 2000).
Os ADT são os antidepressivos mais usados em crianças. No entanto,
Trallero (2008), diz que esse predomínio parece ser só uma questão de tempo.
Devido ao perfil de menor risco e aos efeitos colaterais, os ISRS estão substituindo
rapidamente os ADT nas suas indicações e pesquisas. Os inibidores da
monoaminoxidase (IMAO) são medicamentos que apresentam interações
medicamentosas importantes, por isso não são tão utilizados atualmente. Podem
interagir com alimentos como queijo, salame, vinho tinto e gerar quadro de
hipertensão grave. Logo, são potencialmente fatais (GOODMAN e GILMAN, 2006).
De acordo com Rang et al. (2003), os antidepressivos atípicos formam um
grupo heterogêneo, possuem ações que não se enquadram nas teorias
monoaminérgicas das doenças afetivas. Não possuem mecanismo de ação comum
e atuam principalmente como antagonistas não-seletivos dos receptores pré-
sinápticos. Já os ISRS são a classe de antidepressivos mais prescrita no mundo.
São drogas relativamente novas e seguras mesmo em doses elevadas, bem
toleradas e com perfil de efeitos colaterais leves (SCALCO, 2003).
De acordo com Rang et al. (2003), a ação antidepressiva dessa classe de
antidepresivos deve-se à inibição da captação neuronal de serotonina pelo sistema
nervoso central. Conforme Moreno et al. (2003), os ISRS inibem de forma potente e
seletiva a recaptação de serotonina, resultando em potencialização da
neurotransmissão serotonérgica. Segundo Melo e Moreno (2008), a potência da
inibição de recaptação da serotonina é variada, assim como a seletividade por
noradrenalina e dopamina. sertralina e paroxetina são os mais potentes inibidores de
recaptação. A potência relativa da sertralina em inibir a recaptação de dopamina a
diferencia farmacologicamente dos outros ISRS.
Os ISRS possuem ação seletiva que bloqueia a recaptação de serotonina nos
receptores 5-HT, 5HT2 e 5-HT3, aumentando a concentração de serotonina na
fenda simpática (SOUZA, 2001; VEIGA, 2003). Já Goodman e Gilman (2003)
argumentam que há suspeitas de que a estimulação dos receptores 5-HT3 possa
contribuir nos efeitos adversos comuns desta classe de fármaco e para o risco de
agitação ou inquietação algumas vezes induzida por inibidores da recaptação da
serotonina. Vários autores citados por Teles-Correia et al. (2003) confirmam que a
dessensibilização está na origem do desaparecimento dos efeitos secundários;
assim, os efeitos terapêuticos possivelmente devam-se a uma atividade
serotoninérgica prolongada aumentada em diferentes subtipos de receptores
daqueles que medeiam os efeitos secundários.
Metodologia
Resultados e Discussão
1,81%
Frequência
6,93%
35,19%
56,07%
10 6
98 787 6 656
9
6
98 8 9
6 6
98
65
9 9
7 8 7 66 8 6 5 20 14 11 12
4 8 9 11 8 7 8 9 8 8 7 8
5 10 5 6 6
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No
Fe
Citalopram Fluoxetina Paroxetina Citalopram Fluoxetina Paroxetina
Sertralina Venlafaxina Sertralina Venlafaxina
12,90%
Frequência
12,90%
13,44%
13,58% 47,18%
Conclusão
Referências