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A Liahona

A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • SETEMBRO DE 2008

Aprender
pelo
Espírito,
p.16
Usar o
Testemunho
para Tomar
Decisões,
p. 10
Lições da Primária
para os Adultos,
pp. 39, 42
Se o Profeta
Falasse
com Você,
p. A2
Setembro de 2008 Vol. 61 Nº 9
A LIAHONA 02289 059 A LIAHONA, SETEMBRO DE 2008
Publicação oficial em português de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
A Primeira Presidência: Thomas S. Monson,
Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf
Quórum dos Doze Apóstolos: Boyd K. Packer,
L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks,
M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott,
Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, David A. Bednar,
Quentin L. Cook, D. Todd Christofferson
Editor: Spencer J. Condie
Consultores: Gary J. Coleman, Kenneth Johson,
Yoshihiko Kikuchi,
Gerald N. Lund, W. Douglas Shumway
Diretor Gerente: David L. Frischknecht
Diretor Editorial: Victor D. Cave
Editor Sênior: Larry Hiller
Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg
Gerente Editorial: R. Val Johnson
Gerente Editorial Assistente: Jenifer L. Greenwood
Editores Associados: Ryan Carr, Adam C. Olson
Editor(a) Adjunto: Susan Barrett
Equipe Editorial: Christy Banz, Linda Stahle Cooper,
David A. Edwards, LaRene Porter Gaunt, Carrie Kasten, Jennifer
Maddy, Melissa Merrill, Michael R. Morris, Sally J. Odekirk, Judith
M. Paller, Joshua J. Perkey, Jan U. Pinborough, Richard M.
Romney, Don L. Searle, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe,
P A R A O S A D U LT O S
Julie Wardell 2 Mensagem da Primeira Presidência: Ser Um Presidente Henry B. Eyring
Secretária Sênior: Laurel Teuscher
Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki 16 O Poder do Aprendizado Diligente Élder Jay E. Jensen
Diretor de Arte: Scott Van Kampen
Gerente de Produção: Jane Ann Peters 21 O Quadro-Negro: Ferramenta de Aprendizado Robb Jones
Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo, 25 Mensagem das Professoras Visitantes: O Evangelho de Jesus Cristo
Collette Nebeker Aune, Howard G. Brown, Julie Burdett,
Thomas S. Child, Reginald J. Christensen, Kim Fenstermaker, Ensina o Potencial Eterno dos Filhos de Deus
Kathleen Howard, Eric P. Johnsen, Denise Kirby, Scott M.
Mooy, Ginny J. Nilson 26 Vozes da Igreja
Pré-impressão: Jeff L. Martin
Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick Não Desisti Carlos A. Del Longo
Diretor de Distribuição: Randy J. Benson Reflexos de História da Família Stephen C. Young
A Liahona:
Diretor Responsável: André B. Silveira Buscas na Finlândia Judith Ann Laurunen McNeil
Produção Gráfica: Eleonora Bahia
Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605)
O Diário de Minha Mãe Edna F. Chandler
Tradução: Edson Lopes 36 Lições do Livro de Mórmon: Erguer o Olhar em Direção ao Senhor
Assinaturas: Marco A. Vizaco
© 2008 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos Mary N. Cook
reservados. Impresso no Brasil.
O texto e o material visual encontrados na revista A Liahona 39 Abençoada pelas Músicas da Primária Jennifer A. Lynn
podem ser copiados para uso eventual, na Igreja ou no lar,
não para uso comercial. O material visual não poderá ser
42 Faço Minha Parte e Deus Cuida do Restante Jenny Piderit de la Maza
copiado se houver qualquer restrição indicada nos créditos 48 Comentários
constantes da obra. As dúvidas sobre direitos autorais
devem ser encaminhadas para Intellectual Property Office,
50 East North Temple Street, Salt Lake City, UT 84150, USA;
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A Liahona pode ser encontrada na Internet, em vários
idiomas, no site www.lds.org. Para vê-la em inglês, clique
em “Gospel Library”. Para vê-la em outro idioma, clique
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REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE
CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS, do D.P.F., sob nº
1151-P209/73, de acordo com as normas em vigor.
“A Liahona”, © 1977 de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, acha-se registrada sob o número 93 do Estas idéias podem ajudá-lo a faz o prato mais gostoso, mas tam-
Livro B, nº 1, de Matrículas e Oficinas Impressoras de
Jornais e Periódicos, conforme o Decreto nº 4857, de usar esta edição d’A bém é essencial para que dê certo.
9-11-1930. Impressa no Brasil por Prol – Editora Gráfica –
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09931-610 – SP.
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exemplar avulso em nossas lojas: R$ 2,00. Para Portugal – idéias a sua família ou é importante e pode
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para o exterior: exemplar avulso: US$ 3.00; assinatura:
classe. fazer com que tenham
US$ 30.00. As mudanças de endereço devem ser comuni-
cadas indicando-se o endereço antigo e o novo.
“Fortalecer a Fé ao Buscar uma vida melhor.
Notícias do Brasil: envie para noticiaslocais@ldschurch.org. Conhecimento”, p. 10: Façam um “O Poder do Aprendizado
Envie manuscritos e perguntas para: Liahona, Room 2420,
50 East North Temple Street, Salt Lake City,
UT 84150-3220, USA; ou mande e-mail para:
prato doce ou salgado para o lan- Diligente”, p. 16: Leiam os quatro
liahona@ldschurch.org. che da noite familiar enquanto pontos que o Élder Jay E. Jensen
A “Liahona”, termo do Livro de Mórmon que significa
“bússola” ou “orientador”, é publicada em albanês,
alemão, armênio, bislama, búlgaro, cambojano, cebuano,
aprendem o que ensina este artigo. aprendeu com o Presidente Boyd K.
chinês, coreano, croata, dinamarquês, esloveno, espanhol,
estoniano, fijiano, finlandês, francês, grego, haitiano, hindi,
Encarregue cada membro da famí- Packer. Conversem sobre como cada
húngaro, holandês, indonésio, inglês, islandês, italiano,
japonês, letão, lituano, malgaxe, marshallês, mongol, lia de um ingrediente da receita. idéia pode ajudá-los a aprender
norueguês, polonês, português, quiribati, romeno, russo,
samoano, sinhala, sueco, tagalo, tailandês, taitiano, tâmil, Conversem sobre a importância de melhor. Peça aos membros da famí-
tcheco, télugo, tonganês, ucraniano, urdu e vietnamita.
(A periodicidade varia de um idioma para outro.) cada ingrediente e como ele não só lia que façam a meta de utilizar essas
Enquanto você procura pelo anel
A11 Página para Colorir
Holandês do CTR que está escondido nesta
edição, pense em como a oração pode
O A M I G O : PA R A A S
ajudá-lo a escolher o que é certo. CRIANÇAS
A2 Vinde ao Profeta Escutar:
Mensagem para Misti
Presidente Thomas S.
PA R A O S J O V E N S Monson
8 O Perfil Perfeito para a Missão Jo Bingham A4 Tempo de Compartilhar: Meu Pai Celeste,
10 Fortalecer a Fé ao Buscar Conhecimento Estás Mesmo Aí? Linda Christensen
Élder Quentin L. Cook A6 Da Vida do Profeta Joseph Smith: Provações
15 Pôster: É Sua Vez para Joseph e Emma
24 O Que Joseph Ensinou: A Revelação e o Profeta Vivo A8 O Exemplo do Presidente Grant Heidi Rose
31 Linha sobre Linha: Mateus 5:14–16 A10 Para os Amiguinhos: Hora da Oração Familiar
32 Quando em Roma … Faça Como Estes Romanos A11 Página para Colorir
Jennifer Maddy A12 De um Amigo para Outro: Meu Irmão e o
44 De Geração em Geração Adam C. Olson Cachorrinho Élder Keith R. Edwards
A14 Fazendo Amigos: O Segredo de Omar para
a Harmonia

10 Fortalecer a Fé ao Buscar
NA CAPA
Conhecimento Primeira capa: Ilustração
fotográfica: Jerry Garns.
Última capa: Ilustração
fotográfica: Steve
Bunderson; fotografia de
livros: Welden C.
Andersen.
CAPA DE O AMIGO
Ilustração: Jim Madsen.

A14 Segredo de Omar para a Harmonia

TÓPICOS DESTA EDIÇÃO


Os números representam a primeira página de
idéias para serem “Meu Irmão e o Cachorrinho”, cada artigo.
A=O Amigo Aprendizado, 16, 21, A8
melhores aprendizes. p. A12: Dê a cada membro da Livre-Arbítrio, 15 Amor, 2, A12
“De Geração em Geração”, família a figura de um cachorri- Expiação, 2, 10 Obra missionária, 32, 42,
p. 44: Escreva as seguintes referên- nho. Leia a história do cachorri- Bênçãos, A4 Música, 39
cias, cada uma em um papelzinho, nho e peça aos membros da Livro de Mórmon, 10, Progresso Pessoal, 8
36, 44 Potencial, 25
e coloque os papéis em uma vasi- família que descubram a quem
Quadro-Negro, 21 Oração, 16, A4,
lha: 1 Néfi 8:12–18; 1 Néfi 10:17; o cachorrinho era leal e por quê. Escolhas, 10, 15 A10, A11
1 Néfi 15:6–11; Mosias 17:1–4; Falem sobre maneiras de ser sem- Coragem, 36 Primária, 39, 42
Mosias 18:1–3. Passe a vasilha pre leal em sua própria família. Exemplo, 31 Profetas, 10, 24, A8
para um membro de sua família Durante a semana que se inicia, Família 2, 25, 44, A10, Sociedade de Socorro, 25
A12, A14 Arrependimento, 10
e peça-lhe que pegue um papelzi- sempre que alguém da família
História da Família, 26, Revelação, 24
nho e leia a escritura em voz alta. fizer algo bom, coloque a figura 27, 28, 29 Sermão da Montanha, 31
Continue até que todos tenham do cachorrinho que essa pessoa Espírito Santo, 2, 16, Smith, Joseph, 24, A6
lido. Pergunte o que essas escritu- recebeu no lugar onde ela prati- Ensino familiar, 2 Ensino, 1, 8, 21
ras têm em comum. Conversem cou essa boa ação. Mencione Inspiração, 16, A2, Templo, 32
Jesus Cristo, 2, 31 Testemunho, 39, 44
sobre a importância de passar o essas boas ações em uma próxima
Diário, 29 Provações, 36, A6
evangelho de geração em geração. reunião familiar. Conhecimento, 10, 16 União, 2

FUNDO © COMSTOCK.COM

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 1


MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA

Ser Um PRESIDENTE HENRY B. EYRING


Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência

O
Salvador do mundo, Jesus Cristo, disse
o seguinte a respeito dos que fariam
parte de Sua Igreja: “Sede um; e se
tentações de Satanás. Com habilidade, ódio
e astúcia, ele tenta atingir seus objetivos,
que são diametralmente opostos aos do Pai
Celestial e do Salvador. O desejo Deles sem-
pre foi conceder-nos a união perfeita e a feli-
não sois um, não sois meus” (D&C 38:27). E cidade eterna. Satanás, que é inimigo tanto
quando o homem e a mulher foram criados, Deles como nosso, conhece o plano de sal-
a união no casamento não lhes foi dada como vação desde antes da Criação. Sabe que os
mera esperança, mas como mandamento! relacionamentos familiares sagrados e felizes
“Portanto, deixará o homem seu pai e a sua podem perdurar somente na vida eterna.
mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão Seu desejo é afastar-nos de nossos entes
Precisamos da ambos uma carne” (Gênesis 2:24). Nosso Pai queridos e tornar-nos infelizes. É ele que
esperança de Celestial quer que sejamos unidos de coração. semeia a discórdia no coração humano, na
vivenciar a união No amor, essa união não constitui um ideal esperança de nos dividir e separar.
nesta vida e nos abstrato. É necessária. Todos nós já passamos pela experiência
tornar merecedores A exigência de sermos um não se aplica tanto da união como da separação. Às vezes,
dela eternamente somente a esta vida. É eterna. O primeiro casa- na família ou em outros ambientes, já tivemos
no mundo vindouro. mento foi realizado por Deus no Jardim do um vislumbre de como é a vida quando uma
E para saber o que Éden quando Adão e Eva ainda não estavam pessoa coloca o bem-estar de outra acima do
fazer, precisamos sujeitos à morte. Ele colocou nos homens e seu próprio, com amor e sacrifício. Por outro
saber como virá essa nas mulheres desde o princípio o desejo de se lado, todos já sentimos tristeza e solidão ao
grande bênção. unirem como marido e mulher para viverem estarmos longe e isolados. Nem é preciso que
em família para sempre, numa união justa e alguém nos diga qual dessas situações deve-
perfeita. Pôs em Seus filhos o desejo de vive- mos escolher. Já sabemos. Entretanto, precisa-
ADÃO E EVA, DE JAY BRYANT WARD

rem em paz com todos a sua volta. mos da esperança de vivenciar essa união
Com a Queda, porém, ficou claro que não nesta vida e de nos tornar merecedores dela
seria fácil viver em união. Logo começaram eternamente no mundo vindouro. E para
as tragédias. Caim matou Abel, seu irmão. sabermos o que fazer, temos de saber como
Os filhos de Adão e Eva estavam sujeitos às virá essa grande bênção.

2
A
oração Nossa Natureza Pode Mudar
sacramental O Salvador do mundo falou dessa
nos faz união e de como teremos que mudar nossa
recordar todas as natureza para torná-la possível. Ensinou isso
semanas que a claramente na oração que proferiu em Sua
dádiva da união última reunião com os Apóstolos antes de
virá por meio da morrer. Essa prece de suprema beleza está
obediência às leis registrada no livro de João. Ele estava
e ordenanças do prestes a enfrentar em nosso favor o ter-
evangelho de Jesus rível sacrifício que tornaria possível a vida
Cristo. eterna. Estava para deixar os Apóstolos
a quem ordenara, a quem amava e com
quem deixaria as chaves para o governo de
Sua Igreja. Então, orou a Seu Pai: o Filho per-
feito ao Pai perfeito. Vemos em Suas palavras
como as famílias serão unificadas, da mesma
forma que todos os filhos do Pai Celestial que
seguirem o Salvador e Seus servos:
“Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo. naquela época, assim como hoje, visava levar
E por eles me santifico a mim mesmo, os filhos de Adão e Eva à unidade da fé em
para que também eles sejam santificados Jesus Cristo. O objetivo final de seus ensina-
na verdade. mentos e dos nossos é unir a família: marido,
E não rogo somente por estes, mas tam- mulher, filhos, netos, antepassados e, final-
bém por aqueles que pela sua palavra hão mente, todos da família de Adão e Eva que
de crer em mim; escolherem o caminho da união.
Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, Vocês se lembram do que o Salvador
o és em mim, e eu em ti; que também eles disse na oração: “Por eles [referindo-Se aos
sejam um em nós, para que o mundo creia Apóstolos] me santifico a mim mesmo, para
que tu me enviaste” (João 17:18–21). que também eles sejam santificados na ver-
Nessas poucas palavras, Ele deixou claro dade” (João 17:19). O Espírito Santo é quem
que o evangelho de Jesus Cristo permite que santifica. Podemos tê-Lo como companheiro
os corações se unam. As pessoas que acredi- porque o Senhor restaurou o Sacerdócio de
tassem na verdade por Ele ensinada aceita- Melquisedeque por intermédio do Profeta
riam as ordenanças e os convênios postos Joseph Smith. As chaves desse sacerdócio
a seu alcance por Seus servos autorizados. estão na Terra atualmente. Por meio desse
Então, pela obediência a essas ordenanças e poder fazemos os convênios que nos permi-
convênios do evangelho, sua natureza seria tem desfrutar constantemente a companhia
modificada. Nesse sentido, a Expiação do do Espírito Santo.
Salvador permite que sejamos santificados. Quando as pessoas têm consigo o Espírito
Assim, podemos viver em união, como é Santo, pode-se esperar que reine a harmonia.
necessário para termos paz nesta vida e habi- O Espírito põe o testemunho da verdade em
tarmos com o Pai e Seu Filho na eternidade. nosso coração, o que unifica os que têm essa
O ministério dos apóstolos e profetas certeza. O Espírito de Deus nunca gera

4
contenda (ver 3 Néfi 11:29). Nunca faz acepção de pessoas, recordamos Seu sacrifício, que torna possíveis o arrepen-
A PARTIR DA ESQUERDA: FOTOGRAFIA TIRADA POR WELDEN C. ANDERSEN; DETALHE DE EM MEMÓRIA DE MIM, DE WALTER RANE, CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA; ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS DE ROBERT CASEY, MATTHEW REIER E CRAIG DIMOND

o que ocasionaria conflitos.1 Dar ouvidos ao Espírito Santo dimento e o perdão. Quando suplicamos, lembramo-nos
leva à paz interior e à união com o próximo. Unifica a alma. Dele como nosso advogado junto ao Pai. Quando senti-
A união da família, da Igreja e a paz do mundo dependem mos o perdão e a paz, recordamos Sua paciência e amor
da unidade da alma dos homens. infinitos. Essa lembrança enche-nos o coração de amor.
Também cumprimos nossa promessa de recordá-Lo
A Companhia do Espírito Santo quando oramos e lemos as escrituras em família. Numa
Até as crianças compreendem o que fazer para terem o oração familiar em volta da mesa do desjejum, um filho
Espírito Santo como companheiro. Está na oração do sacra- pode orar pedindo que
mento, que ouvimos todas as semanas na reunião sacra- outro seja abençoado
mental. Nesse momento sagrado, renovamos os convênios para que tudo corra bem
assumidos no batismo. E o Senhor nos lembra a promessa numa prova ou algo que
que nos foi feita ao sermos confirmados membros da Igreja vá fazer. Quando a bên-
para recebermos o Espírito Santo. Eis essas palavras da ora- ção for concedida, o filho
ção sacramental: “Desejam tomar sobre si o nome de teu que a receber se lembrará
Filho e recordá-lo sempre e guardar os mandamentos que do amor que sentiu de
ele lhes deu, para que possam ter sempre consigo o seu manhã e da bondade do
Espírito” (D&C 20:77). Advogado em cujo nome
Podemos ter Seu Espírito ao guardarmos esse convênio. foi proferida a oração. Os
Primeiro prometemos tomar Seu nome sobre nós. Isso corações serão unidos pelo amor.
quer dizer que devemos considerar-nos Dele. Nós O pore- Guardamos o convênio de recordá-Lo toda vez que
mos em primeiro lugar em nossa vida. Desejaremos o que reunimos a família para ler as escrituras. Elas dão testemu-
Ele deseja, em vez do que dese- nho do Senhor Jesus Cristo, pois essa é e sempre foi a
jamos ou do que o mundo nos mensagem dos profetas. Mesmo que as crianças não se
ensina a desejar. Enquanto lembrem das palavras, elas se lembrarão do verdadeiro
amarmos mais as coisas do autor, Jesus Cristo.
mundo, não teremos paz inte- Em terceiro lugar, quando tomamos o sacramento,
rior. Ter o ideal de conforto na prometemos guardar Seus mandamentos, todos eles. O
vida em família ou da nação por Presidente J. Reuben Clark Jr. (1871–1961), conselheiro
meio de bens materiais acabará na Primeira Presidência, ao fazer um apelo à união num
por provocar sua divisão.2 O discurso proferido numa conferência geral — assim
ideal de fazermos uns aos como em muitas outras ocasiões — alertou-nos
outros o que o Senhor deseja quanto ao perigo da obediência seletiva.
que façamos — a conseqüência Estas são suas palavras: “O Senhor não
natural de tomarmos Seu nome sobre nós — nos deu nada que seja inútil ou desne-
eleva-nos a um patamar espiritual que se asse- cessário. Encheu as escrituras com o
melha a um pedaço do céu na Terra. que devemos fazer para recebermos a
Em segundo lugar, prometemos recordá- salvação”.
Lo sempre. Fazemos isso a cada O Presidente Clark prosseguiu: “Quando
vez que oramos em Seu nome. tomamos o sacramento, fazemos o convênio
Lembramo-nos Dele em de obedecer a Seus mandamentos. Não
especial quando pedimos há exceções. Não há distinções nem
Seu perdão, o que deve ser diferenças”.3 O Presidente
freqüente. Nesse momento, Clark ensinou que, à medida

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 5


que nos arrependemos de todo pecado — não de um fazê-lo, quando formos inspirados pelo Espírito Santo,
pecado só — empenhamo-nos por guardar todos os levará à discórdia.
mandamentos. Pode parecer difícil, mas não é compli- Se quisermos ter união, há mandamentos relacionados
cado. Simplesmente nos sujeitamos à autoridade do a nossos sentimentos a cumprir. Devemos perdoar aos
Salvador e prometemos ser obedientes a tudo o que Ele que nos ofenderem e não nutrir sentimentos negativos
ordenar (ver Mosias 3:19). É nossa submissão à autori- por eles. O Salvador deu o exemplo na cruz: “Pai, perdoa-
dade de Jesus Cristo que nos permitirá ser unidos como lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34). Não
família, Igreja e filhos do Pai Celestial. conhecemos o coração das pessoas que nos ofendem
O Senhor transmite essa autoridade por intermédio nem todas as fontes de nossa própria raiva e mágoa. O
de Seu profeta a servos humildes. Então, a fé pode fazer Apóstolo Paulo indicou-nos como amar num mundo de
com que nosso chamado como mestre familiar ou pro- pessoas imperfeitas, como nós, ao declarar: “O amor é
fessora visitante seja uma missão do Senhor. Agimos por sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não
Ele, sob Seu comando. Um homem comum e um compa- trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta
nheiro adolescente vão de casa em casa com a esperança com indecência, não busca os seus interesses, não se
de que os poderes do céu os auxiliem e assegurem que
as famílias permaneçam unidas e que não haja hostili-
dade entre os familiares, mentiras, maledicências ou I D É I A S PA R A O S M E S T R E S
calúnias (ver D&C 20:54). Ao crermos que é o Senhor FAMILIARES
que chama Seus servos, ignoraremos suas limitações Depois de se preparar em espírito de oração, dê esta men-
quando nos repreenderem, pois o farão. Veremos com sagem, empregando um método que incentive a participação
mais nitidez sua boa intenção, em vez de suas imperfei- daqueles a quem ensinar. Seguem-se alguns exemplos:
ções humanas. Estaremos menos inclinados a ficar ofen- 1. Em folhas separadas, escreva as três promessas que
didos e mais propensos a ser gratos ao Mestre que os fazemos semanalmente ao tomarmos o sacramento. Ao
chamou. segurar cada folha, discuta o que significa a promessa e
como podemos cumpri-la.
Obstáculos à Unidade 2. Antes da visita, recorte um coração de papel em três
Há alguns mandamentos que, quando quebrados, des- pedaços e denomine-os Mudança, Companhia e Fé. Comece
troem a unidade. Alguns estão relacionados ao que dize- explicando que devemos ser unos de coração. Em seguida,
mos, e outros, à forma como reagimos ao que os outros mostre o pedaço “Mudança”. Leia ou explique o que o
dizem. Não devemos falar mal de ninguém, mas ver o que Presidente Eyring tinha em mente ao falar da transformação
há de bom no próximo e falar bem uns dos outros sempre de nossa natureza e peça à família que dê exemplos de
que pudermos.4 mudanças. Repita o mesmo procedimento com os outros
Por outro lado, devemos opor-nos aos que desdenham dois pedaços. Depois de montar o quebra-cabeça do cora-
do que é sagrado, pois o efeito inevitável disso é ofender ção, peça à família que indique maneiras de se tornarem
o Espírito e assim gerar contenda e confusão. O Presidente unos de coração.
Spencer W. Kimball deu o exemplo de como fazer isso sem 3. Leia partes das primeiras duas seções da mensagem ou
criar inimizade, quando estava na maca de um hospital, e peça a membros da família que o façam. Diga como uma famí-
fez a seguinte súplica a um atendente que, num momento lia, embora formada de diferentes pessoas, pode ser unida.
de raiva, tomara o nome do Senhor em vão: Mostre que um fio sozinho pode ser quebrado facilmente, ao
“‘Por favor! Por favor! É o meu Senhor cujo nome você passo que muitos fios unidos e amarrados são mais fortes.
está desonrando:’ Ressalte que uma família é mais forte quando se une.
Houve um silêncio sepulcral e em seguida uma voz
suave sussurrou: ‘Sinto muito’”.5 Uma reprimenda inspi-
rada e amorosa pode ser um convite à união. Deixar de

6
D
teu poder, mente e força” (D&C 59:5) não evemos
são simples sugestões, mas mandamentos perdoar
necessários para contarmos com a compa- aos que nos
nhia do Espírito, sem isso não podemos ofenderem e não
ser unos. nutrir sentimentos
O outro alerta é que nos acautelemos negativos por eles.
do orgulho. A união de uma família ou de O Salvador deu o
um povo enternecido pelo Espírito gera exemplo na cruz:
grande poder. Com esse poder vem o reco- “Pai, perdoa-lhes,
nhecimento do mundo. Quer ele resulte porque não sabem
de elogio ou inveja, pode despertar em o que fazem”.
nós o orgulho e isso ofenderia o Espírito.
Mas há uma proteção contra o orgulho,
que é fonte certa de desunião. Trata-se de
encarar as bênçãos derramadas por Deus
sobre nós não apenas como um sinal de
Seus favores, mas como uma oportunidade
irrita, não suspeita mal” (I Coríntios 13:4–5). de unir-nos às pessoas a nossa volta para
Depois, fez um alerta solene para não reagir- prestarmos mais serviço. O marido e a
mos às faltas alheias, esquecendo-nos das mulher aprendem a ser unos valendo-se
nossas próprias, ao escrever: “Porque agora de suas semelhanças para compreenderem
vemos por espelho em enigma, mas então um ao outro e das diferenças para comple-
veremos face a face; agora conheço em mentarem-se ao servirem-se mutuamente
A CRUCIFICAÇÃO DE CRISTO, CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA; ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS DE MATTHEW REIER

parte, mas então conhecerei como também e aos que os rodeiam. Da mesma forma,
sou conhecido” (I Coríntios 13:12). podemo-nos unir às pessoas que não acei-
A oração sacramental nos faz recordar tam nossa doutrina, mas que também dese-
todas as semanas que a dádiva da união virá jam abençoar os filhos do Pai Celestial.
por meio da obediência às leis e ordenanças Podemos tornar-nos pacificadores, dignos
do evangelho de Jesus Cristo. Quando guar- de ser chamados bem-aventurados e filhos
darmos nosso convênio de tomar sobre de Deus (ver Mateus 5:9).
nós Seu nome, recordá-Lo sempre e cum- Deus, nosso Pai, vive. Seu Filho Amado,
prir todos os Seus mandamentos, recebere- Jesus Cristo, é o cabeça desta Igreja e concede
mos a companhia de Seu Espírito. Isso nos a todos os que O aceitarem o estandarte da
abrandará o coração e nos unificará. Há, paz. Vivamos todos de modo a ser
porém, duas advertências que recebemos merecedores dessa bênção. ■
com a promessa. NOTAS
A primeira é que o Espírito Santo só 1. Ver Joseph F. Smith, Gospel Doctrine,
5a ed. (1939), p. 131.
ficará conosco se permanecermos puros e 2. Ver Harold B. Lee, Stand Ye in Holy
livres do amor às coisas do mundo. A esco- Places (1974), p. 97.
3. Conference Report, abril de 1955,
lha da imundície afastará o Espírito Santo. pp. 10–11.
O Espírito só habita nos que escolhem o 4. Ver David O. McKay, Conference Report,
outubro de 1967, pp. 7–8.
Senhor em vez do mundo. “Purificai-vos” 5. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja:
Spencer W. Kimball (Curso de estudo do
(3 Néfi 20:41; D&C 38:42) e amai “o Senhor Sacerdócio de Melquisedeque e da
teu Deus de todo o teu coração, de todo o Sociedade de Socorro, 2006), p. 175.

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 7


O PERFIL PERFEITO
PARA A MISSÃO
JO BINGHAM

N
a movimentada cidade interiorana de Nsawam — [os adultos da cidade] e ensinar-lhes inglês. Na primeira e

ILUSTRAÇÃO: GREGG THORKELSON


conhecida como a terra do pão devido aos muitos segunda semanas, não foi fácil, pois eles achavam que eu
comerciantes que vendem pão à beira da estrada estava lá para zombar deles, mas depois tive a oportuni-
ou em tabuleiros que equilibram precariamente na cabeça dade de me explicar.” Em seguida, a situação começou a
— mora Princella Djanku, jovem do Ramo Djankrom, melhorar, e a comunicação entre a professora adoles-
Distrito Asamankese Gana. Batizada aos nove anos de cente e os alunos adultos fluiu muito melhor.
idade, Princella, seu irmão gêmeo, Prince, e o restante da Depois de terminar seu projeto, Princella pensou em
família são todos membros ativos da Igreja de Jesus Cristo abandonar a classe, mas mudou de idéia. “A classe de alfa-
dos Santos dos Últimos Dias. betização é muito interessante, nunca pretendo deixá-la.”
Quando Princella estava em busca de um projeto para o Princella continua a servir com amor, recordando que
Progresso Pessoal, não precisou ir muito longe. Em seu pró- quem serve o próximo serve também a Deus.
prio ramo havia uma missionária de auxílio humanitário, a Princella já recebeu seu Reconhecimento das Moças.
Síster Thompson, que estava com dificuldades para ensinar “O programa das Moças ajudou a aumentar meu teste-
inglês aos adultos da cidade. Como a maioria dos habitantes munho da Igreja. Sei que Joseph Smith foi chamado por
de Nsawam não fala inglês e a Síster Thompson não domina Deus e que a Igreja é verdadeira. Sei que o Presidente
o dialeto local, o twi, ela tinha problemas para se comunicar Thomas S. Monson é um profeta vivo e que recebe reve-
com os alunos. lações para a Igreja como um todo. Sei que as doutrinas
Foi aí que entrou em cena Princella, que aprendeu o e os princípios da Igreja são todos verdadeiros.”
inglês na escola e fala os quatro dialetos regionais, inclu- Embora Princella não esteja mais no programa das
sive o twi. Ela tinha o perfil perfeito para a missão, pois Moças, como participante, continua na organização. Foi
era capaz de se comunicar com todos. chamada para servir como secretária na presidência das
“O projeto de ajudar na aula de alfabetização me veio Moças do ramo.
à mente quando cheguei ao valor do conhecimento no Uma das metas de Princella é servir numa missão da
Progresso Pessoal”, conta Princella. “No início, achei que Igreja quando completar 21 anos, a fim de prestar teste-
seria difícil demais ficar na frente de meus pais e mães munho e dar continuidade a sua tradição de serviço. ■

8
A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 9
FORTALECER A
FÉ AO BUSCAR
CONHECIMENTO
ÉLDER QUENTIN L. COOK
Do Quórum dos Doze Apóstolos

N
as doutrinas da Igreja, a fé e a de todos os homens, ou para escolherem o
busca de conhecimento não são cativeiro e a morte, de acordo com o cati-
antagônicas, mas compatíveis e veiro e o poder do diabo; pois ele procura
complementares. Quando falo de fé, refiro- tornar todos os homens tão miseráveis
me à fé no Senhor Jesus Cristo. como ele próprio” (2 Néfi 2:27).
Tanto a fé quanto o conhecimento exigem Sabemos que houve uma guerra no céu
esforço e comprometimento. Não podemos devido ao plano de salvação, assim não é de
esperar que a fé esteja no centro de nossa estranhar que os princípios religiosos que
vida se despendermos todas as nossas ener- nos foram ensinados nesta última dispensa-
gias nos estudos, esportes, lazer, trabalho e ção sejam atacados com tamanha ferocidade.
outras atividades. O Presidente Gordon B. Hinckley
Permita-me abordar Permita-me abordar cinco princípios que (1910–2008) fez a seguinte promessa aos
cinco princípios que julgo essenciais para pormos a fé no Senhor jovens: “Agora vocês estão no limiar da
julgo essenciais para Jesus Cristo no centro de nossa vida ao bus- maturidade. Vocês (…) se preocupam com
pormos a fé no Senhor carmos conhecimento diligentemente. os estudos. Preocupam-se com o casa-
Jesus Cristo no centro mento. Preocupam-se com muitas coisas.
de nossa vida ao bus- 1. Entenda que de fato há oposição em Prometo-lhes que Deus não os abandonará

A IMAGEM DE CRISTO, DE HEINRICH HOFMANN, CORTESIA DE C. HARRISON CONROY CO.


carmos conhecimento todas as coisas. As escolhas que fizermos caso andem nos caminhos Dele, guiados
diligentemente. são cruciais. por Seus mandamentos”.1
Você está numa fase da vida com diversas
opções para algumas das escolhas mais 2. Fortaleça o próprio testemunho como o
importantes que fará. Essas escolhas são a alicerce de todas as escolhas que fizer.
chave para seu futuro e sua felicidade. A base de todas as decisões e escolhas
Perto do fim de sua vida, o profeta Leí importantes de sua vida é seu testemunho
ensinou: “Porque é necessário que haja uma de Jesus Cristo e da restauração de Seu
oposição em todas as coisas” (2 Néfi 2:11). evangelho por meio do Profeta Joseph
Continuou mais adiante: “Portanto os Smith. O Livro de Mórmon é um elemento
homens são livres segundo a carne; e todas essencial desse testemunho.
as coisas de que necessitam lhes são dadas. Quando eu tinha 15 anos de idade, per-
E são livres para escolher a liberdade e a cebi o significado de um testemunho do
vida eterna por meio do grande Mediador Livro de Mórmon, de Joseph Smith e do

10
A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 11
A
base de todas
as decisões
e escolhas
importantes de sua
vida é seu testemunho
de Jesus Cristo e da
restauração de Seu
evangelho por meio do
Profeta Joseph Smith.
O Livro de Mórmon é
um elemento essencial
desse testemunho.

Salvador e como isso afeta nossas escolhas. decepcionado ao tomar conhecimento da


Meu irmão Joe estava com 20 anos de conversa com o presidente da estaca. Meu
idade. Era a época da Guerra da Coréia, e pai aconselhou Joe a não ir para a missão
apenas um rapaz por ala podia sair em mis- e garantiu-lhe que seria mais útil à humani-
são. Os outros tinham que se alistar nas for- dade estudando Medicina.
ças armadas. Um rapaz de nossa ala partira Foi um momento crucial em nossa famí-
para o campo missionário no início do ano. lia. Naquela noite, meu irmão e eu conver-
Como o aniversário de meu irmão era em samos sobre o assunto. Como ele era cinco
setembro, ele achava que não teria a oportu- anos mais velho, foi quem mais contribuiu
nidade de servir numa missão. com idéias. Ao examinarmos a questão,
Nosso presidente de estaca chamou meu concluímos: se Jesus Cristo foi um homem
irmão para uma entrevista e informou que iluminado, mas não divino, se Joseph Smith
uma das alas não preenchera sua cota e por- foi um maravilhoso professor, mas não pro-
tanto ele poderia ir. Naquela época, os mis- feta, se o Livro de Mórmon contém conse-
sionários eram chamados aos 20 anos de lhos excelentes, mas não a palavra de Deus,
idade, e meu irmão acabara de solicitar a então nosso pai estava com toda a razão —
matrícula na faculdade de Medicina. Era um seria melhor cursar Medicina. Mas se Jesus
ótimo aluno. Meu pai, que não estava ativo Cristo é divino, se Joseph Smith é um pro-
na Igreja, dispusera-se a ajudar a pagar as feta e se o Livro de Mórmon é a palavra de
mensalidades do curso de Medicina e ficou Deus, então seria mais importante aceitar

12
o chamado e proclamar o evangelho. conhecimento; o conhecimento é essencial. O conheci-
Naquela noite, mais do que nunca antes, senti o desejo mento em todas as áreas é importante. Temos a grande
de receber resposta para aquelas perguntas. Eu sempre sorte de viver numa época em que a revolução tecnoló-
crera na divindade de Jesus Cristo. Acreditava em Joseph gica está em plena expansão.
Smith e no Livro de Mórmon, mas queria uma confirma- O conhecimento sempre foi fundamental, e hoje pre-
PELO DOM E PODER DE DEUS, DE SIMON DEWEY, CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH,

ção do Senhor. Naquela noite, ao orar, o Espírito prestou senciamos o surgimento de novas e empolgantes tecnolo-
testemunho do Salvador, da veracidade do Livro de gias de ponta. Sem dúvidas, essa revolução tecnológica
Mórmon e do chamado profético de Joseph Smith a pode trazer enormes benefícios para a Igreja e nossos
minha alma. Meu irmão recebeu o mesmo testemunho semelhantes. O conhecimento, antigo ou novo, é de
e tomou a decisão de servir como missionário. Convém suma importância.
observar que, ao voltar da missão, meu irmão estudou
REPRODUÇÃO PROIBIDA; FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN

Medicina. Quando chegou meu aniversário de 20 anos, 4. Siga os conselhos do profeta ao fazer escolhas.
meu pai sentiu satisfação ao me ver sair em missão. Numa Reunião Mundial de Treinamento de Liderança,
o Presidente Hinckley afirmou:
3. Busque conhecimento com diligência, sabedoria e “Ninguém precisa dizer-lhes que estamos vivendo
humildade. em uma época muito difícil na história do mundo. Os
Na busca tanto da fé como do conhecimento precisa- padrões estão caindo em toda parte. Nada mais parece
mos manter a humildade. Jacó ensinou: ser sagrado.
“Oh! Quão astuto é o plano do maligno! Oh! A vai- (…) Não sei se as coisas eram piores nos tempos de
dade e a fraqueza e a insensatez dos homens! Quando Sodoma e Gomorra. (…) Acredito que nosso Pai deve
são instruídos pensam que são sábios e não dão ouvidos verter muitas lágrimas ao olhar para Seus filhos e filhas
aos conselhos de Deus, pondo-os de lado, supondo que inconstantes.”
sabem por si mesmos; portanto sua sabedoria é insensa- Em seguida, em seu estilo peculiar de liderança posi-
tez e não lhes traz proveito. (…) tiva, o Presidente Hinckley nos exortou:
Mas é bom ser instruído, quando se dá ouvidos aos “Não podemos desistir. Não podemos desanimar. Não
conselhos de Deus” (2 Néfi 9:28–29). podemos jamais nos render às forças do mal. (…) Se isso
Um motivo para sermos humildes no tocante ao significa termos que defender a nossa posição sozinhos,
conhecimento é que boa parte dele está sujeito a mudan- precisaremos fazê-lo.
ças. Meu irmão Joe, como comentei, é médico. Hoje tem
mais de 70 anos de idade, e fez os exames periódicos de
habilitação em sua especialidade seis vezes ao longo dos
anos. Rindo, comentou comigo que as perguntas propos-
tas são as mesmas há mais de 35 anos, mas as respostas
não param de mudar. No teste de 35 anos atrás, uma
questão de múltipla escolha típica seria: “Qual é a princi-
pal causa da úlcera péptica?”. A resposta era algo relacio-
nado ao estresse. Hoje, essa mesma pergunta teria como
resposta a ação de bactérias capazes de viver e se desen-
volver no tecido gástrico. Como pode ver, as perguntas
não mudaram, mas muitas das respostas sim. Isso se dá
em várias áreas do conhecimento.
Não usei esse exemplo para fazer pouco caso do

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 13


A
racionaliza- Mas não estaremos sozinhos.”2 rever meu avô ainda em vida, deveria ir às
ção para Os profetas não falam somente para o dia pressas a Utah. Meu avô, aos 86 anos de
escolhas presente, mas nos dão conselhos que vão idade, estava muito doente. Ficou muito
ruins não surtirá abençoar a nós e nossos filhos no futuro e contente ao me ver e poder prestar-me
efeitos positivos, no decorrer das eternidades. seu testemunho.
mas o arrependimento Se seguirmos o profeta, poderemos enca- Ele tinha três preocupações:
sim. Aqueles que se rar o futuro com grande otimismo. 1. Amava imensamente seus dez filhos.
arrependerem serão Todos eram pessoas de bem. Seu desejo
particularmente 5. Viva de modo que a Expiação se aplique era que permanecessem sempre dignos
abençoados pela integralmente em sua vida. da recomendação para o templo.
Expiação. A racionalização para escolhas ruins não 2. Seu pai fora um dos rapazes que carre-
gara nos braços integrantes da companhia
de carrinhos de mão Martin, atravessando
as águas geladas do Rio Sweetwater. Meu
avô perdera o pai aos três anos de idade e
ansiava por revê-lo, na esperança de que
ele e os demais familiares aprovassem a
vida que levara.
3. Por fim, e o mais importante, ele disse-
me o quanto aguardava o encontro com o
Salvador. Referiu-se ao Salvador como o
“Guardião da Porta”, uma alusão a 2 Néfi
9:41. Disse-me que esperava ter-se arrepen-
dido o bastante de suas falhas para merecer
a misericórdia do Salvador.
Todos nós já pecamos, e é somente por
meio da Expiação que podemos alcançar
surtirá efeitos positivos, mas o arrependi- misericórdia e viver com Deus. Lembro-me

CRISTO NO GETSÊMANI, DE HEINRICH HOFMANN, CORTESIA DE C. HARRISON CONROY CO.


mento sim. Aqueles que se arrependerem até hoje do grande amor que meu avô tinha
serão particularmente abençoados pela pelo Salvador e sua gratidão pela Expiação.
Expiação. Sem a Expiação, o princípio Presto meu testemunho pessoal da divin-
eterno da justiça exigiria punição (ver dade do Salvador e da realidade da Expiação
Alma 42:14). Por causa da Expiação, a mise- e espero que você encare em espírito de
ricórdia pode prevalecer para os que se oração as escolhas significativas que estão a
arrependerem, o que lhes permite regres- sua frente. ■
sar à presença de Deus (ver Alma 42:15). Extraído de um discurso proferido num devocional
na Universidade Brigham Young–Idaho em 14 de
Comecei a entender o significado da março de 2006.
Expiação quando meu avô estava mori-
NOTAS
bundo. Depois de me formar em Direito, 1. “Conselhos e Oração do Profeta para os Jovens”,
estava estudando para o exame da ordem A Liahona, abril de 2001, p. 30.
2. “Permanecer Firmes e Inamovíveis”, Reunião
de advogados da Califórnia quando minha Mundial de Treinamento de Liderança, 10 de
mãe me telefonou e disse que se eu quisesse janeiro de 2004, p. 20.

14
É SUA VEZ
A JOGADA MAIS INTELIGENTE
É ESCOLHER O LADO CERTO.
(Ver Mosias 5:10.)
FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH; IDÉIA DE THERON CHRISTENSEN

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 15


O Poder do
Aprendizado Diligente
É L D E R J AY E . J E N S E N
Da Presidência dos Setenta

E
m Doutrina e Convênios, o Senhor Como somos seres espirituais, é essencial
nos aconselha: “Portanto agora todo que aprendamos pelo poder do Espírito.
homem [e toda mulher] aprenda seu
dever” e aprenda “com toda diligência”, pois Aprender pelo Espírito
quem não o fizer “não será considerado O Profeta Joseph Smith ensinou:
digno de permanecer” (D&C 107:99–100). “Todas as coisas que Deus, em Sua infi-
As escrituras trazem 144 referências ao nita sabedoria, considerou convenien-
aprendizado. Vejamos algumas delas: tes e adequadas para revelar-nos
“Ainda que era Filho, aprendeu a obediên- (…) são reveladas a nosso espírito
cia, por aquilo que padeceu” (Hebreus 5:8). precisamente como se não tivésse-
“Aprende sabedoria em tua mocidade; mos corpo algum; e as revelações
Tirem o máximo pro- sim, aprende em tua mocidade a guardar que salvarão nosso espírito salvarão
veito de suas muitas os mandamentos de Deus!” (Alma 37:35). nosso corpo”.1
oportunidades de “[Aprendei] a ser mais sábios do que nós Em Doutrina e Convênios, o
aprendizado. fomos” (Mórmon 9:31). Senhor deixa ainda mais claro
“Aprende de mim e ouve minhas palavras” Seu padrão divino para o ensino e
(D&C 19:23). aprendizado:
“Procurai conhecimento, sim, pelo estudo “Como é que não podeis compreender
e também pela fé” (D&C 88:118). e saber que aquele que recebe a palavra pelo
“E estudarás e aprenderás e familiarizar- Espírito da verdade recebe-a como é pregada
te-ás com todos os bons livros e com línguas, pelo Espírito da verdade?
idiomas e povos” (D&C 90:15). Portanto aquele que prega e aquele que
“[Procurai] zelosamente adquirir sabedo- recebe se compreendem um ao outro e
ria e encontrar a verdade” (D&C 97:1). ambos são edificados e juntos se regozijam”
ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS: JERRY GARNS

Ao ponderarmos essas ordens e admoes- (D&C 50:21–22).


tações divinas, é importante refletir sobre O Élder Richard G. Scott, do Quórum dos
como se dá o aprendizado do evangelho. Doze Apóstolos, realçou as bênçãos de
Trata-se de algo que exige profundo raciocí- seguirmos esse padrão explicando o que sig-
nio, estudo e oração. Contudo, é importante nifica compreender e ser edificado: “O verbo
lembrar que cada um de nós é um ser dual: compreender refere-se ao que é ouvido. É a
uma entidade formada por corpo e espírito. mesma mensagem a todos. O verbo edificar

16
O
aprendiza-
do do
evangelho
exige profundo
raciocínio, estudo
e oração.

diz respeito ao que é transmitido pelo Espírito Santo. A O Salvador está à porta e bate (ver Apocalipse 3:20). O
mensagem pode ser diferente e talhada pelo Espírito para Espírito Santo está à porta e bate (ver 2 Néfi 33:1–2). Tudo
as necessidades de cada indivíduo”.2 o que nos cabe a fazer é usar nosso arbítrio e convidá-Lo
Em 2 Néfi 33:1, Néfi chama-nos a atenção para outro para entrar.
aspecto do aprendizado pelo Espírito: “Quando um
homem fala pelo poder do Espírito Santo, o poder do Convite ao Aprendizado Diligente
Espírito Santo leva as suas palavras ao coração dos Na Reunião Mundial de Treinamento de Liderança de
filhos dos homens”. É uma promessa grandiosa, mas fevereiro de 2007, sobre ensino e aprendizado, o Presidente
só se cumpre se convidarmos o Salvador a nossa vida. Boyd K. Packer, Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos,

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 17


A
lém disso,
ouçam não só
o que é dito,
mas também o que
não é dito: os suaves
sussurros do Espírito
Santo.
deu conselhos específicos sobre como pode- muito hábil com as palavras nem eloqüente.
mos promover o aprendizado diligente. Mas o Espírito Santo o é, e cada um de nós
Gostaria de resumir alguns princípios que pode orar por si mesmo e pelo professor.
aprendi com o Presidente Packer sobre o “Pai, o professor não faz idéia dos fardos que
ensino. levo no momento. Ajuda-o a me ensinar dire-
Primeiramente, o Presidente Packer ensi- tamente.” Quando começarmos a fazer isso
nou que ser aprendizes diligentes implica o como alunos, começaremos a receber res-
desejo de aprender. Mostramos essa vontade postas.
quando somos doutrináveis e podemos ser Em terceiro lugar, algo de grande impor-
ensinados sem ressentimentos. Quando tância: ouvir. O Presidente Packer incentiva-
resistimos à instrução ou à correção ou nos nos, em especial, a dar ouvidos aos mais
ressentimos, ofendemos ao Espírito e limita- experientes: “Aprendi cedo que existe grande
mos nossas oportunidades de crescimento e valor em se aprender com a experiência das
progresso. pessoas mais velhas (…). [Lembro-me] de
Em segundo lugar, precisamos orar — e que, no Quórum dos Doze, LeGrand Richards
de modo específico. Orem formal e informal- não caminhava tão rápido como as demais
mente por si mesmos e pelo professor. Pode Autoridades Gerais, e eu sempre o esperava,
ser que o professor, às vezes, diga algo que abria-lhe a porta e voltava para o edifício com
não seja totalmente correto. Talvez não seja ele. Certo dia, uma das Autoridades Gerais

18
disse: ‘Você é tão bom, por tomar conta do irmão a responsabilidade pelo aprendizado a despeito dos
Richards’. E eu pensei: ‘Você não conhece a minha razão dotes didáticos do professor ou orador. Há vários anos,
egoísta’, pois quando caminhávamos de volta para o pré- o Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) observou:
dio, eu simplesmente escutava o que ele tinha a dizer. E eu “As reuniões de testemunho são algumas das melhores
sabia que ele conseguia se lembrar de Wilford Woodruff, e reuniões [da Igreja] em todo o mês, caso vocês tenham
ouvia enquanto ele falava”.3 o Espírito. Se ficarem entediados na reunião de testemu-
Além disso, ouçam não só o que é dito, mas também o nho, há algo de errado com vocês, e não com as outras
que não é dito: os suaves sussurros do Espírito Santo. Cada pessoas. Vocês podem levantar-se, prestar testemunho e
um deles é importante. Devemos sempre estar atentos ao achar que se trata da melhor reunião do mês; mas se
que não é dito pelo professor. Se assim procedermos, o apenas ficarem sentados contando os erros gramaticais
Espírito Santo adaptará a mensagem a nossas necessidades. das pessoas e rindo das que não se expressam bem, sen-
Em quarto lugar, ao ouvirem, é importante organizar tirão tédio. (…) Não se esqueçam disso! Precisam lutar
o que aprendem. Apropriem-se do que ouviram fazendo para adquirir um testemunho. Precisam continuar a
anotações e expandindo as idéias. Se quiserem confirmar fazê-lo!”5
que assimilaram algo, achem alguém para ensinar. Em Que observação maravilhosa.
geral, só aprendemos de verdade quando conseguimos
articular o que aprendemos. Façam o esforço de organizar Aproveitar ao Máximo as Oportunidades
o que aprenderem; valerá a pena. Acima de tudo, continuem a empenhar-se. O Presidente
Packer foi muito enfático em relação a isso em suas
A Preparação para o Aprendizado

A
Além do que fizermos na classe, podemos fazer muitas o nos levantarmos cedo
coisas para favorecer o aprendizado diligente mesmo para estudar, orar,
antes de chegarmos às aulas. ponderar e ouvir,
O Presidente Packer aconselhou-nos: a revelação virá.
“Levantem-se cedo (…) e então [ponde-
rem] pela manhã, quando a mente está
serena. É aí que surgem idéias para o
ensino”.4 Sei que isso é verdade. Ao nos
levantarmos cedo para estudar, orar,
ponderar e ouvir, a revelação virá.
Sejam também pontuais em suas reu-
niões, principalmente na sacramental,
uma das reuniões mais espirituais da
Igreja. Ao irem, sejam reveren-
tes; estejam receptivos à
revelação. Cheguem cedo
para ouvir o prelúdio.
Não procurem amigos
para conversar.
Compareçam como
aprendizes diligentes e
preparem-se para rece-
ber revelações.
Além disso, podemos
comprometer-nos a aceitar
D
esejo seguir
o exemplo do
Salvador, o
Mestre dos mestres.
Mas o que fez Dele o
Mestre dos mestres?
Ele foi, em primeiro
lugar, aprendiz.

palavras. Não desistam. Sejam persistentes ao estudarem. Caso tenha a amabilidade de modificar as três palavras
Tirem o máximo proveito de suas muitas oportunidades marcadas com asteriscos, pretendo publicá-lo e remunerá-
de aprendizado. la por isso’.
Há muitos anos, o Élder Marion D. Hanks, quando era Pouco tempo depois ela recebeu uma carta com 250
assistente do Quórum dos Doze Apóstolos, falou do poder dólares e uma pergunta escrita a lápis no fim da carta:
que recebemos ao aproveitarmos ao máximo nossas opor- ‘O que havia sob os tijolos?’ Por ter aprendido o valor
tunidades de aprendizado. O Élder Hanks contou uma his- do tempo, ela respondeu com uma única palavra:
tória sobre Louis Agassiz, renomado naturalista, que fora ‘Formigas’. Ele replicou: ‘Fale-me sobre formigas’ (…).
abordado por uma desconhecida solteira de certa idade Depois de amplas leituras, muito uso do microscópio
que se queixava e insistia que nunca tivera a chance de e profundos estudos, ela se sentou e escreveu para o Dr.
aprender. Como resposta, o Dr. Agassiz pediu-lhe que exa- Agassiz 360 páginas sobre o assunto. Ele publicou o livro
minasse as chances de aprendizado que já tivera: e repassou-lhe os lucros, e ela visitou todos os países de
“‘O que a senhora faz?’ perguntou ele. seus sonhos com os frutos de seu trabalho.”6
‘Descasco batatas e corto cebolas.’ Há algo fundamental nesse processo de buscar
‘E onde a senhora se senta durante essas atividades o aprendizado diligente e não se contentar com a
interessantes, porém simples?’ mediocridade.
‘No degrau inferior da escada da cozinha.’ Nós nos tornamos melhores aprendizes e assim sere-
‘Onde seus pés repousam?’ mos também melhores professores. Desejo seguir o
‘No tijolo esmaltado.’ exemplo do Salvador, o Mestre dos mestres. Mas o que
‘O que é tijolo esmaltado?’ fez Dele o Mestre dos mestres? Ele foi, em primeiro
‘Não sei.’ lugar, aprendiz. Que o Senhor abençoe todos nós em
‘Há quanto tempo trabalha sentada nesse local?’ nosso empenho de segui-Lo e de nos tornar melhores
‘Quinze anos.’ aprendizes. ■
‘Aqui está meu cartão de visitas’, disse o Dr. Agassiz. NOTAS
‘Teria a gentileza de me escrever uma carta sobre a natu- 1. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith (Curso de
estudo do Sacerdócio de Melquisedeque e da Sociedade de Socorro,
reza do tijolo esmaltado?’” 2007), p. 500.
A mulher levou o desafio a sério. Leu tudo o que lhe 2. “Compreender e Viver a Verdade” (Noite com o Élder Richard G.
ILUSTRAÇÃO: ROBERT T. BARRETT

Scott, 4 de fevereiro de 2005), p. 3.


caiu nas mãos sobre tijolos e ladrilhos e enviou um traba- 3. “Princípios do Ensino e do Aprendizado”, A Liahona, junho de 2007,
p. 52.
lho de 36 páginas ao Dr. Agassiz sobre o assunto. 4. A Liahona, junho de 2007, p. 52.
O Élder Hanks continuou: 5. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball (Curso
de estudo do Sacerdócio de Melquisedeque e da Sociedade de
“O Dr. Agassiz respondeu com uma carta: ‘Prezada Socorro, 2006), p. 84.
Senhora, este é o melhor artigo que já li sobre o assunto. 6. “Good Teachers Matter”, Ensign, julho de 1971, pp. 61–62.

20
O Qua dr o- N egr o:
Ferra m e n ta de
A pre nd iz ad o
O quadro-negro pode melhorar Diretrizes Básicas

seu ensino — quando usado Além das instruções contidas em Ensino,


Não Há Maior Chamado (ver pp. 162–163 e
corretamente. 182), achei as sugestões abaixo úteis no uso

C
omo professor, estou sempre em busca do quadro-negro para o ensino do evangelho.
de maneiras eficazes de envolver os • Simplicidade. Na Reunião Mundial de
ILUSTRAÇÕES E FOTOGRAFIA DE GIZ FEITAS POR ERIC P. JOHNSEN; QUADRO-NEGRO © PHOTOSPIN; FOTOGRAFIAS DE CAMILLA COMBS

alunos. Eu achava que fazia bom uso do Treinamento de Liderança de fevereiro de


quadro-negro, mas então presenciei algo dife- 2007, o Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum
rente na sala de aula ao lado. De modo bem dos Doze Apóstolos, salientou para os profes-
claro no centro da lousa estava uma declara- sores que os auxílios visuais não passam de
ção simples da doutrina, uma gravura e duas auxílios. Frisou: “Eles não substituem a aula.
perguntas, juntamente com instruções para Devem ser usados como o tempero que você
que os alunos dessem as respostas. À medida coloca na comida, algo para dar sabor, para
ROBB JONES
Desenvolvimento de que os alunos entravam, observei-os procurar acentuar, dar um toque, enriquecer. Um
Currículo da Igreja nas escrituras as respostas para as duas per- mapa, uma gravura, ou videoclipe ou
guntas. Até discutiam a doutrina uns com os uma palavra-chave, escrita na
outros. E todas essas atividades estavam acon- lousa, pode significar a dife-
tecendo antes mesmo do início da aula! rença entre uma boa aula e
Fiquei impressionado. Ali estava um profes- uma aula ótima”.1
sor que utilizava uma ferramenta simples para • Preparação. Antes de
envolver os alunos no aprendizado durante dar a aula, organize numa folha
um período que costuma ser desperdiçado. de papel o que deseja pôr no quadro.
Ele ainda cumprimentava os alunos e os reu- • Legibilidade. Em Ensino, Não Há
nia para a oração de abertura. Mas quando a Maior Chamado (36123 059), os professores
aula começava, o Espírito do Senhor já tocara são incentivados a escrever “com clareza e
o coração de muitos dos alunos. Estavam pre- tamanho suficientes para que todos consi-
parados para uma incursão maravilhosa pelas gam enxergar. [Devem deixar] espaços ade-
escrituras. quados e [escrever] de forma organizada e

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 21


Caso esteja em busca
de algo novo para
ajudar as pessoas
a aprenderem o
evangelho, comece a
encarar com outros
olhos algo velho:
O QUADRO-NEGRO!
Mateus
5:14–16
P
ense na
possibilida-
de de fazer
desenhos simples
no quadro-negro
e convidar os
alunos a lerem fácil de ler”.2 Se desejar, convide um aluno Desperte o interesse da classe e chame

uma escritura para ajudá-lo. atenção para a lição escrevendo:

para determinar • O título da lição: Escreva o título da


a relação entre O Que Escrever lição ou uma frase que a represente. Isso aju-
os desenhos. Aqui estão várias maneiras de usar a lousa dará os alunos a refletirem sobre o assunto
para proporcionar aos alunos uma experiên- antes do início da aula.
cia mais significativa: • Uma pergunta: Escreva no quadro uma
Escreva mensagens para os alunos: pergunta que você fará durante a aula. Pode
• Cumprimente os alunos escrevendo: até pedir aos alunos que redijam uma res-
“Bem-Vindos à Aula” ou “Tenham um Ótimo posta antes do início da aula. Isso resultará
Dia”. em debates mais significativos.
• Elogie os alunos por realizações na • Um desenho: Muitos alunos aprendem
escola ou na Igreja. Exemplo: “Parabéns principalmente por estímulo visual. Se dese-
pela distinção Dever para com Deus”. jar, designe alguém para fazer no quadro
• Peça ao presidente do quórum ou da desenhos simples de pessoas, objetos ou
classe que escreva anúncios sobre atividades acontecimentos. Você pode, por exemplo,
futuras. desenhar uma vela num candelabro, um

22
USAR O QUADRO -NEGRO
PARA CHAMAR A ATENÇÃO
“A meu ver, nenhum auxílio didático supera
— e poucos igualam — o quadro-negro: pri-
meiramente, porque seu uso é extremamente
simples; em segundo lugar, por ser de fácil
acesso — em qualquer parte do mundo encontramos esse
recurso. Podemos usá-lo para fixar o olhar dos alunos enquanto
a lição principal estiver sendo apresentada oralmente. Ao falar-
mos, devemos pôr no quadro apenas o suficiente para chamar a
atenção dos alunos e transmitir-lhes a idéia principal, mas sem
exageros, para que o auxílio visual não os desconcentre.”
Presidente Boyd K. Packer, Presidente do Quórum dos Doze
Apóstolos, Teach Ye Diligently (1975), p. 266.

que representem seus pensamentos sobre determi-


nado assunto, como a importância do templo para
eles.
• Sondagens com os alunos: Caso esteja dando
uma aula sobre os padrões da Igreja, pode escrever
“Palavra de Sabedoria”, “Honestidade” e “Moralidade”
em três colunas. Em seguida, assinale os padrões que
os alunos considerarem mais difíceis. Por fim, peça
que externem seus sentimentos.
• Respostas dos alunos: Use o quadro para os alu-
nos escreverem as respostas a perguntas. Suponhamos
que o tema da aula seja o Espírito Santo. Você pode
pedir aos alunos que escrevam respostas à seguinte
alqueire e um monte. Em seguida, pode convidar os alu- pergunta: “Quais verdades Deus nos revela por meio
nos a lerem Mateus 5:14–16 e determinar a relação entre do Espírito Santo?”
esses objetos.
• Um esboço: O quadro pode ser usado para organizar a Ensino Eficaz com uma Ferramenta Simples
lição em pequenas partes de fácil compreensão para os alu- É claro que essas são apenas algumas das muitas
nos. Se estiver ensinando, por exemplo, Mosias 11:1–15 maneiras de facilitar o aprendizado usando o quadro-
sobre o iníquo rei Noé, seus sacerdotes e os fardos que negro (ou branco). Você pode pensar em muitas outras
impuseram ao povo nefita, pode escrever no quadro: “Noé”, e adaptá-las a sua classe e aos temas abordados. ■
“Sacerdotes” e “Povo”. À medida que os alunos descobrirem NOTAS
as características de cada grupo, você ou um aluno pode 1. “Ensinar e Aprender na Igreja”, A Liahona, junho de 2007, p. 71.
2. Ensino, Não Há Maior Chamado (1999), p. 162.
escrever as características em cada coluna.
Aumente a participação dos
alunos escrevendo:
• Idéias da classe: Peça
aos alunos que se diri-
jam ao quadro para
escrever frases curtas

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 23


O QUE JOSEPH ENSINOU

A REVELAÇÃO
e o Profeta Vivo
Joseph Smith sabia da importância da A REVELAÇÃO É ESSENCIAL
revelação na Igreja. “A doutrina da revelação transcende muito a doutrina da inexis-
tência de revelação; porque uma verdade revelada do céu vale mais

A
partir da Primeira Visão, Joseph Smith foi o pro- do que todos os conceitos sectários existentes.”
feta de Deus escolhido para revelar Sua palavra “Não pode haver salvação sem revelação; é inútil uma pessoa
e vontade à Terra. Ao amadurecer nesse papel, ministrar sem isso. (...); Nenhum homem pode ser ministro de Jesus
Joseph adquiriu uma compreensão nítida da ordem da Cristo a não ser que tenha o testemunho de Jesus; e esse é o espírito
revelação na Igreja. Aqui estão alguns dos ensinamentos de profecia [ver Apocalipse 19:10].”
de Joseph Smith sobre a revelação e a função do profeta
vivo. A ORDEM DA REVELAÇÃO
“E não darás ordens àquele que está acima de ti e à frente
da igreja; pois dei a ele as chaves dos mistérios e as revelações
que estão seladas, até que lhes designe outro em seu lugar”
(D&C 28:6–7).
“Os Presidentes da [Primeira] Presidência lideram a Igreja; e as
revelações da mente e vontade de Deus para a Igreja devem vir por
meio da Presidência. Essa é a ordem do céu e o poder e privilégio do
Sacerdócio [de Melquisedeque]. Também é privilégio de todo líder
desta Igreja receber revelações, desde que estejam relacionadas ao
seu chamado específico e dever na Igreja.”

SEGUIR O PROFETA DE DEUS


“Há muitos homens sábios e mulheres também, em nosso meio,
que são sábios demais para ser ensinados; portanto precisam morrer
em sua ignorância, e na ressurreição descobrirão seu erro.” ■ JOSEPH SMITH JR. RECEBENDO REVELAÇÃO, DE DANIEL LEWIS

Extraído de Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith


(Curso de estudo do Sacerdócio de Melquisedeque e da Sociedade
de Socorro, 2007), pp. 203, 205, 210–211.
MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES

Presidente John Taylor (1808–


1887): “Nosso objetivo principal é
O Evangelho de Jesus Cristo vidas eternas e exaltações; nosso

Ensina o Potencial Eterno dos objetivo principal é o de preparar-


mos a nós mesmos, à nossa posteri-
Filhos de Deus dade e aos nossos progenitores para
os tronos, principados e poderes
nos mundos eternos (…); [para]
Ensine as escrituras e para a missão divina e eterna da que (…) eles e nós possamos estar
citações que atendam maternidade” (“Coração de Mãe”, preparados, tendo cumprido o pro-
às necessidades das A Liahona, maio de 2004, p. 76). pósito de nossa criação na Terra,
irmãs a quem visitar. para nos associarmos com as inteli-
Testifique da doutrina. Convide as O Que Pode Me Ajudar a Alcançar gências que existem nos mundos
irmãs visitadas a externarem o que Meu Potencial Eterno? eternos; para sermos novamente
sentiram e aprenderam. Élder Russell M. Nelson, do admitidos à presença de nosso Pai,
Quórum dos Doze Apóstolos: “Deus de onde viemos, e participemos
Qual É Meu Potencial Eterno? externa Seu amor por nós conce- naquelas realidades eternas das
Élder Russell M. Nelson, do dendo a orientação de que precisa- quais a humanidade, sem revelação,
Quórum dos Doze Apóstolos: “As mais mos para progredir e alcançar nosso
ricas recompensas de uma mulher potencial. (…) Como conhece mais
virão quando ela cumprir seu destino que ninguém nossa natureza, nosso
como filha dedicada de Deus. A todos potencial e nossas possibilidades eter-
os santos fiéis, Ele prometeu tronos, nas, deixou-nos conselhos divinos e
reinos, principados, glória, imortali- mandamentos em Seus manuais de
FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE HOUSTON TEXAS TIRADA POR BRYAN KUNTZ; MARGEM: DETALHE DE JESUS CRISTO, DE HARRY ANDERSON

dade e vida eterna (ver Romanos 2:7; instruções: as santas escrituras”


D&C 75:5; 128:12, 23; 132:19). Esse é (“God’s Love for His Children”,
o potencial das mulheres na Igreja de Ensign, maio de 1988, p. 59).
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Presidente Henry B. Eyring,
Dias. É nobre, eterno e divino” Primeiro Conselheiro na Primeira
(“Woman — Of Infinite Worth”, Presidência: “O propósito das
Ensign, novembro de 1989, p. 22). criações de Deus e do dom da vida
Julie B. Beck, Presidente Geral da que nos concedeu é permitir-nos
Sociedade de Socorro: “Quisera que passar pela experiência do aprendi- nada conheceria. Estamos aqui com
cada menina e cada mulher tivesse um zado necessária para voltarmos à esse propósito; (…) estamos edifi-
testemunho de seu potencial para a presença Dele, a fim de vivermos cando templos por esse propósito;
maternidade eterna (…). O papel das com Ele na vida eterna. Isso só é estamos recebendo investiduras por
mulheres não se iniciou na Terra e não possível se transformarmos nossa esse propósito” (Ensinamentos dos
terminará aqui. A mulher que consi- natureza por meio da fé no Senhor Presidentes da Igreja: John Taylor
dera a maternidade preciosa na Terra, Jesus Cristo, do verdadeiro arrepen- [Curso de estudo do Sacerdócio de
considerará a maternidade preciosa dimento e da aceitação e observân- Melquisedeque e da Sociedade de
no mundo futuro e ‘onde estiver o cia dos convênios que Ele põe ao Socorro, 2001], pp. 8–9).
[seu] tesouro, aí estará também o alcance de todos os filhos de Seu Pai D&C 78:18: “Tende bom ânimo,
[seu] coração’ (Mateus 6:21). Ao por meio de Sua Igreja” (“Education porque eu vos guiarei. Vosso é o reino
desenvolver um ‘coração de mãe’, for Real Life”, Ensign, outubro de e são vossas as suas bênçãos e são
cada menina e cada mulher se prepara 2002, p. 16). vossas as riquezas da eternidade”. ■

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 25


Não Desisti
C A R LO S A . D E L LO N G O

U
m ano após meu batismo, em
1963, na Argentina, fui cha-
mado para servir como secre-

E
tário do ramo. Certo dia, achei por screvi cerca os documentos
acaso registros de grupo familiar e de 30 cartas acabei percebendo que
gráficos de linhagem em branco. Sem para Udine, esses homens não tinham
treinamento algum, comecei a preen- Itália, e cidades grau de parentesco comigo.
cher os formulários com a ajuda de vizinhas, mas Tornei a escrever —
minha mãe. Ela recordava o nome nenhuma das res- dessa vez perguntando ao
dos antepassados dela e de meu pai, postas trouxe a padre se tinha alguma infor-
bem como datas importantes da vida confirmação que mação sobre meu avô. Ele
deles, até a quarta geração. Ela se eu buscava. me indicou a prefeitura, e
lembrava até de algumas pessoas da mandei-lhes uma carta. Meu
quinta geração e de uma da sexta. vizinhas. Nenhuma coração saltou de alegria
Senti o desejo de aprofundar das respostas trouxe quando recebi uma folha
minhas pesquisas e me empenhei a confirmação que eu com nomes e datas impor-
para confirmar os dados fornecidos buscava. tantes relacionados a meus avós,
por minha mãe. Quando aprendi o Em 1988, foi criada uma biblioteca bisavós, trisavós e muitos outros
propósito do trabalho de história da de história da família em Rosario, e fui familiares. Essa folha também escla-
família, comecei imediatamente a designado bibliotecário. Senti pro- recia que o nome de meu avô fora
enviar ao templo o nome de entes funda alegria ao ter acesso a tantos modificado após sua chegada à
queridos falecidos. materiais. Ficava lendo horas a fio e Argentina, o que explicava a confu-
Apesar do sucesso na família solicitei microfilmes com registros são e dificuldade para localizar seus
materna, tive dificuldades no lado de muitas cidades. No Índice dados.
paterno. Mesmo com grandes esfor- Genealógico Internacional (IGI), Voltei a contatar a prefeitura e
ços, durante quase 25 anos não conse- achei o nome exato de meu avô pedi que me enviassem a folha que
gui confirmar a data de nascimento de e bisavô. Escrevi para a cidade na precedia a enviada anteriormente.
ILUSTRAÇÕES: KRISTIN YEE

meu avô paterno. Como sua certidão Itália onde ambos tinham nascido Eles assim fizeram, e o documento
de casamento indicava que nascera e requisitei as certidões de nasci- continha o nome de mais 27 pessoas.
em Udine, Itália, escrevi cerca de 30 mento. O sacerdote da paróquia Providenciei as ordenanças do tem-
cartas para aquela cidade e localidades local as enviou, mas ao examinar plo para todos esses familiares, com

26
VOZES DA IGREJA

a certeza de que eram de fato meus quando eu tinha 11 anos de idade. inesperadamente. Em meio a seus
antepassados. Aquele relato manuscrito descrevia pertences, achei um anel com suas
Em virtude de experiências mara- sua infância na Inglaterra, na década iniciais, CMY, mas não me lembrava
vilhosas como essas, sinto que meus de 1930, e sua vida durante a de tê-lo visto em seu dedo. Devia
esforços na pesquisa de história da Segunda Guerra Mundial. Ao achar ter usado aquele anel quando jovem
família foram recompensados. aqueles registros, meu interesse ini- ao servir num navio caça-minas
Embora certas vezes tenha havido cial pela história da família intensifi- canadense durante a guerra.
decepções, não desisti. Vejo nitida- cou-se e meu coração voltou-se para Como ele falecera, eu era a única
mente que o Pai Celestial de fato me o de meus antepassados. pessoa viva a aparecer em meu grá-
conduziu em minhas buscas. Quase dois anos depois, em fico de linhagem de uma única
Sei que o Pai Celestial concederá a abril de 1981, meu pai morreu página. Assim, tive que recorrer a
todos os Seus filhos a oportunidade
de receber as ordenanças do templo,
seja agora seja no Milênio. Mas sei
também que nossos antepassados
que aceitam o evangelho no mundo
espiritual estão ansiosos para que
realizemos o trabalho de história da
família. Se dermos o melhor de nós
para o Senhor, Ele abrirá as portas. ■

Reflexos de
História da
Família
S T E P H E N C . YO U N G

N
o verão de 1979, fiquei sur-
preso ao ver que alguns
livros e papéis de minha mãe

N
estavam empilhados num galpão do unca me
quintal de membros de minha ala esquecerei
em London, minha cidade natal em do dia em
Ontário, Canadá. Depois de resgatar que me dirigi à
o que pude das várias caixas de pape- porta do número
lão mofadas, descobri gráficos de 32 da Oaklands
linhagem parcialmente preenchidos Road — a casa
sobre minha família, registros de construída por
grupo familiar e anotações de pes- meu trisavô.
quisa. O verdadeiro tesouro era uma
história pessoal de quatro páginas
redigida por minha mãe, que morrera
outros parentes para conseguir mais meus passos hesitantes me levaram alugamos um carro e iniciamos, na
informações. Um deles era Betty, do ponto de ônibus a meu lar ances- manhã seguinte, a longa viagem até
cunhada de meu avô, que ainda vivia tral, sem saber que tipo de recepção Kauhajoki. Tivemos muita dificuldade
na casa da família em Bexleyhearth, me aguardava. Desde essa época, e estávamos prestes a desistir, quando
Kent, Inglaterra. Eu sempre tivera o descobri um tesouro inestimável de Charlie avistou um pequeno aero-
desejo de visitar a família de minha informações, com parentes, sobre porto. Fomos até lá para pedir ajuda.
mãe e aprender mais sobre ela, mas meus antepassados em ambos os Sandy mostrou nosso relatório a um
na condição de estudante universitá- lados do Atlântico, o que me permi- rapaz, e ele ofereceu-se gentilmente
rio solteiro minhas finanças não o tiu realizar as ordenanças do templo para nos levar à biblioteca municipal.
permitiam. Naquela ocasião, com a por eles. Tenho certeza de que nunca teríamos
herança modesta deixada por meu Nunca me esquecerei do dia em achado a Cidade de Kauhajoki sozi-
pai, poderia enfim fazer essa viagem que me dirigi à porta do número 32 nhos, pois estava bem escondida
transatlântica. da Oaklands Road e vi meu próprio numa estrada ladeada de bosques.
No dia de minha primeira visita à reflexo no vidro. Agora sei que o Parecia que o Senhor estava nos
tia Betty, fiquei tenso. Será que ela rosto conhecido a minha frente não guiando em nossa jornada.
compreenderia meu forte desejo de era muito diferente do semblante de Na biblioteca, uma jovem deu-nos
conhecer mais sobre as gerações pas- meu avô quando jovem, que me dava um mapa, circulando a Igreja Luterana
sadas? Vi o anel de meu pai, que eu as boas-vindas ao lar. ■ e o cemitério. Achamos a igreja facil-
passara a usar na mão direita, refletido mente. Depois de duas horas de
no vidro do ônibus de dois andares busca e da ajuda do pastor e de vários
que me transportava. Isso me trouxe clérigos, um deles telefonou para nos-
consolo, como se a mão dele repou-
sasse em meu joelho, num gesto de
Buscas na sos parentes Laurunen e disse-lhes
que tinham visita dos Estados Unidos.
apoio para minha missão.
Felizmente, a tia Betty recebeu-me
Finlândia Sem tardar, chegaram munidos de
genealogias da família que remonta-
de braços abertos e revelou-me mui- JUDITH ANN LAURUNEN McNEIL vam a 1550.

E
tos detalhes novos e úteis sobre u e minha irmã sentíamos um Com o guarda-livros da igreja como
minha família, inclusive o fato de que vazio por não termos a menor intérprete, andamos pelo cemitério,
meu trisavô construíra aquela casa idéia de quem eram nossos que era muito bem cuidado. Sandy
em que ela morava. Naquela noite, antepassados da família Laurunen. visitou o túmulo do avô pela primeira
dormi no quarto de infância de meu Tudo o que sabíamos era que tinham vez. Mais tarde, viu uma fotografia
avô. Não o conhecera pessoalmente, saído da Finlândia para os Estados dele e segurou seu violino. Ficamos
mas ao olhar as fotografias mostradas Unidos em 1901. Assim, em agosto todos profundamente emocionados
por minha tia, percebi uma sur- de 2004, minha irmã Janice e minha ao sentirmos o vazio anterior se
preendente semelhança física entre prima Sandy uniram-se a mim e meu preencher.
nós. Generosamente, ela deu-me marido, Charlie, numa viagem em Logo depois, nossos primos finlan-
algumas daquelas velhas fotografias busca de nossos antepassados. deses nos levaram à propriedade da
de família, cartas e uma Bíblia da Nas pesquisas que precederam família, que constava de nosso relató-
família que alistava o nome completo nossa viagem, Sandy achou um rela- rio de duas páginas. Disseram-nos que
e a data e o local de nascimento de tório de duas páginas sobre a pro- nossa família possuíra no passado ter-
duas gerações de meus antepassados priedade rural da família Laurunen, ras a perder de vista. A casa na pro-
a partir da década de 1830. construída em 1605. A menção mais priedade familiar era enorme e
Já se passaram mais de 25 anos antiga a nossa família datava de 1569 abrigara membros da família Laurunen
desde aquela tarde chuvosa de na Cidade de Kauhajoki. desde 1550. Quando o exército russo
setembro na Inglaterra, quando Ao chegarmos à Finlândia, invadiu Kauhajoki, no século XIX,

28
usou a casa como quartel. As tropas e aprofundar as pesquisas. Em 2006,
incendiaram a igreja e todas as outras
casas da área. Todos, inclusive nossa
organizamos nossa primeira reunião
da família Laurunen nos Estados O Diário de
família, refugiaram-se na floresta. Após
a retirada dos russos, nosso avô
Unidos, e 15 de nossos primos finlan-
deses participaram. Oitenta e nove
Minha Mãe
tomou a dianteira na construção da familiares vieram prestar tributo à E D N A F. C H A N D L E R

M
nova igreja, que víramos pouco antes. vida de nossos avós. inha mãe morava comigo
Com o tempo, as terras em volta da Que alegria foi conhecer uma his- havia quase cinco anos.
casa foram loteadas e vendidas. tória familiar tão rica e fascinante e Cheia de amor e gratidão,
Em 2005, Janice, Sandy e eu volta- aprender mais sobre quem sou e de eu cuidava dela com prazer, assim
mos a Kauhajoki para fazer outra onde venho. A história da família é a como ela cuidara de mim por tantos
visita a nossos primos recém-achados obra do Senhor. ■ anos. Mas eu tinha saudade de seu
sorriso e suas brincadeiras. Tudo o
que eu mais queria era fazê-la sentir
de novo a alegria e empolgação do
passado, quando passeávamos jun-
tas. Em todos os lugares por onde
passávamos, minha mãe nunca dei-
xava de apontar as flores, os pássaros
nos postes telefônicos ou as crianças
brincando.
Eu sentia falta de nossa doce cum-
plicidade ao descascarmos batatas,
prepararmos feijão ou lermos juntas.
Como eu queria falar de experiências
de infância com ela e dar-lhe
notícias de meus irmãos e

A
ndamos
seus netos. No passado, ela
pelo cemi-
sentia enorme prazer ao
tério bem-
receber a visita de familiares,
cuidado, e minha
principalmente dos netos.
prima visitou o
Mas agora a senilidade rever-
túmulo do avô pela
tera todo o quadro. Ela nem
primeira vez.
mais sabia quem eu era: ape-
nas alguém especial que cui-
dava dela.
O dia com minha mãe
tinha sido particularmente
difícil. Como sempre, ela não
apresentava a menor reação
quando eu tentava conversar e me
olhava com desconfiança quando eu
a ajudava. Ao sentar-me no sofá para
meditar, estava exausta e frustrada.
Comecei a ler em voz alta um dos

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 29


diários de minha mãe na esperança com sua maneira de expressar a tris- percebi que se ela não podia estar
de entretê-la e talvez despertar lem- teza e a preocupação que sentira fisicamente a meu lado, suas cartas
branças. Meus esforços se mostraram quando minha irmã nasceu com a e orações infatigáveis não falhavam.
infrutíferos, mas ao prosseguir em síndrome de Down e outros proble- Naquela noite, ao cantar hinos
leitura silenciosa, foi a minha mente mas. E eu nem lembrava que ela pas- para minha mãe para acalmá-la e
que as recordações afloraram. sara um mês inteiro cozinhando para fazê-la adormecer, senti um amor
Naquelas páginas, minha mãe meus outros filhos e cuidando deles indescritível por aquela mulher cora-
expressava repetidas vezes a alegria enquanto eu e meu marido fazíamos josa e sempre pronta a fazer sacrifí-
que sentia ao receber a visita de fami- inúmeras viagens ao hospital na cios e uma profunda gratidão pelas
liares e o vazio que a invadia quando época em que nossa filha Debra Sue palavras de seu diário, que a tinham
iam embora. Escreveu como fora difí- fora submetida a uma cirurgia de trazido de volta para mim. ■
cil ver meu pai adoecer e, após coração aberto
uma longa luta contra a enfermi- e a outros trata-

S
enti um
dade, partir deixando-a viúva aos mentos compli-
amor indes-
59 anos de idade. Escreveu sobre cados. Era
critível por
a saudade que sentia de meu pai e verdade! E ela
aquela mulher
sobre o quanto se preocupava fizera isso aos 70
corajosa e sempre
com meu irmão mais velho, aco- anos de idade!
pronta a fazer
metido da mesma doença. Lembrei como
sacrifícios e uma
Minha mãe escreveu sobre ela sempre me
profunda gratidão
experiências felizes e gratifican- apoiara quando
pelas palavras de
tes, como dar aulas na Igreja e precisei dela. Ao
seu diário, que a
participar de atividades dos adul- longo dos anos,
tinham trazido de
tos solteiros. Discorreu sobre
volta para mim.
a satisfação que sentia ao ir a
Dilkon, Arizona, para ensinar
o evangelho uma vez por
semana na reserva indígena
navajo. Isso me fez lembrar
que ela sempre ressaltara a
importância de cumprir-
mos nossos tratos quando
alguém contava conosco.
Às vezes, escrevia pouco,
por estar ajudando
alguém; isso me fez
recordar que ela sem-
pre levava alimentos ou
presentes a qualquer pes-
soa que ela achasse que
precisava de ajuda ou incen-
tivo. Em muitas páginas do
diário ela prestava testemunho
do evangelho.
Fiquei comovida em especial

30
LINHA SOBRE LINHA

MATEUS
5:14–16
No Sermão da Montanha, o Salvador nos ensinou a importância
de deixarmos o evangelho brilhar em nossa vida.

A Luz do Mundo Assim Resplandeça


“Jesus deseja que cada a Vossa Luz
um de nós O conheça “A candeia que o Senhor
devido ao poder transfor- acendeu nesta dispensa-
mador desse conheci- ção pode tornar-se uma
mento e à alegria luz para todo o mundo. E
indescritível que traz a nossa vida. os outros, ao verem nossas boas obras,
Contudo, a influência do evangelho deve poderão ser levados a glorificar nosso
estender-se muito além de nós. É como Pai Celestial e seguir em sua própria vida
uma luz que dissipa a escuridão da vida os exemplos observados na nossa.
das pessoas a nosso redor. Ninguém é salvo única e exclusi- Começando com cada um de nós, pode haver um povo
vamente para si mesmo, assim como acender uma lâmpada inteiro que, pela virtude de sua conduta no lar, no local de
não é um fim em si mesmo.” trabalho e até mesmo nas diversões, pode tornar-se como
Élder Joseph B. Wirthlin, do Quórum dos Doze Apóstolos: uma cidade sobre um monte para a qual as pessoas podem
“Build It Right”, Tambuli, novembro de 1990, p. 47.
olhar e com a qual podem aprender, um estandarte para as
nações a fortalecer e inspirar os habitantes da Terra.”
Presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008), “A City Set upon
a Hill”, Tambuli, novembro de 1990, p. 8.

Cidade no Monte
Na Antigüidade, as cidades costumavam ser construí-
das no alto de montes por questões de defesa e segu-
rança. As pessoas as viam de longe e sabiam para onde
Boas Obras
correr em caso de perigo. Qual é a semelhança entre
seguir a Cristo e ser uma cidade numa colina? Cante ou leia o hino “Neste Mundo” (Hinos, nº 136).
Anote algumas coisas que você pode fazer para ajudar ou
Alqueire
edificar alguém e planeje ocasiões para isso. Ponha sua
Essa palavra de origem árabe se refere a uma antiga lista num local bem visível.
medida grega de capacidade para sólidos e líquidos
(cerca de 8,7 litros) e se aplica também ao recipiente
usado na medição. Imagine cobrir uma vela com um Nota do redator: Esta página não visa constituir uma explicação
exaustiva do versículo selecionado das escrituras, apenas o ponto
grande balde. de partida para seu próprio estudo pessoal.

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 31


ROMA
UANDO
Q EM
A fonte da força
desses jovens é o
...
viver digno. Da
FAÇA CO
esquerda para a
direita: Andrew MO S
Bishop, Arianna J E N N I F E R M A D DY
ESTE NO
MA
Hibo, Riccardo Revistas da Igreja
Celestini, Denise
De Feo, Davide
Os jovens de Roma, Itália,
S RO
Bosco, Dalila
Vardeu e Sami resistem firmes às influências
Pace. insidiosas do mundo.

32
M
ultidões circulavam apressadamente pelas lojas Hoje em dia, os rapazes e moças da Estaca Roma Itália
e acenavam para amigos no centro apinhado da permanecem firmes, assim como o império durante certo
cidade. Algumas pessoas falavam de negócios a período. Mas esses jovens resistem bravamente às influên-
caminho do trabalho, já outras trocavam idéias sobre polí- cias invasoras do adversário e fortalecem sua espirituali-
tica. Crianças brincavam, aproveitando o sol da manhã. dade ao viverem em retidão.
É assim que devia ser um dia típico na Roma antiga.
O Império Romano era uma grande civilização com Missionários Romanos
poderio militar e econômico. Quem poderia imaginar Numa carta aos romanos, o Apóstolo Paulo declarou:
sua queda? “Não me envergonho do evangelho de Cristo” (Romanos
FOTOGRAFIAS: JENNIFER MADDY

Mas ela aconteceu. Em âmbito interno, a decadência 1:16). Os jovens da Igreja que vivem em Roma na atualidade
do império foi causada pela sede de poder e riqueza dos tampouco se envergonham nem precisam ser compelidos a
habitantes e seu viver desregrado. De fora, o império defenderem suas crenças, embora às vezes não seja nada
enfraquecido foi invadido e conquistado por potências fácil.
vizinhas.
Arianna Hibo, de 15 anos de Denise De Feo, de 15 anos,
idade, relata: “Tenho alguns ami- considera seu irmão mais velho
gos que não partilham minhas um exemplo: “Ele está na missão
idéias, mas sempre me respeitam”. agora, passando por muitas expe-
Dalila Vardeu, de 15 anos, acres- riências. Nem todas são boas, mas ele sem-
centa: “Tenho amigos que me pre tira lições de vida. Isso me reconforta”.
ouvem e tentam compreender Os jovens sabem que até

E
m meio às ruínas quem sou”. mesmo atos aparentemente
de uma cidade Mas quem é ela? Que características defi- pequenos de serviço ou trabalho
antiga, esses nem esses jovens santos dos últimos dias que missionário podem exercer um
jovens da Igreja vivem na movimentada capital da Itália? São impacto positivo sobre os outros. É o que diz
constroem sua vida honestos, dedicados, amistosos, justos e sin- Davide Bosco, de 17 anos: “Nas escrituras, o
sobre o alicerce do ceros em seu desejo de viver e partilhar o Senhor pede que resplandeçamos (ver Mateus
evangelho, das boas evangelho. 5:16) — não nas grandes coisas, mas nas
amizades e dos Sami Pace, de 16 anos, serviu pequenas”.
padrões elevados. como presidente do quórum de
diáconos quando era o único Para o Vigor da Juventude Italiana
membro do quórum. “Aprendi a Os membros jovens de Roma de fato bri-
importância da obra missionária, mesmo que lham, o que constitui um enorme contraste
até agora não tenha visto resultados”, conta. em relação aos antigos romanos que infeliz-
“Sou o único membro da Igreja de minha mente abraçaram práticas iníquas que contri-
idade no bairro. A cada dia compreendo buíram para seu declínio moral. Em vez disso,
melhor o trabalho missionário.” os jovens de hoje refletem a Luz de Cristo e

“Tenho alguns amigos que


não partilham minhas idéias,
mas sempre me respeitam.”

34
fortalecem sua espirituali- templo fique longe, esses
dade mantendo padrões jovens o guardam no cora-
elevados e freqüentando o ção ao empenharem-se
templo. para conservar os sentimen-
Denise acha que a prá- tos especiais que recebem
tica do evangelho constitui ao freqüentarem a casa do
um alívio das muitas pres- Senhor.
sões do mundo atual. O evan- “Quando estou no templo,
gelho também a ajuda a saber sinto-me em casa”, afirma Sami.
escolher o que é certo. “As coi- “A cada vez, cresço um pouco
sas que meus amigos fazem nem sempre são aconselhá- mais.”
veis”, afirma com simplicidade. “O que mais aprecio no templo
Mas Ricardo Celestini, de 14 anos, ressalta a é sentir o Espírito com intensidade”,
importância de receber apoio para fazer esco- revela Andrew. “Sei que nossos antepassados estão nos
lhas corretas: “Às vezes também preciso da agradecendo pelo auxílio que lhes prestamos. É nosso pre-
ajuda de minha família ou outro tipo de auxí- sente para eles.”
lio, pois não posso resistir sozinho”. Dalila concorda. “É maravilhoso sentir que as pessoas
Parte dessas outras fontes de ajuda vêm de aceitam o que estamos fazendo por elas. É uma experiên-
Para o Vigor da Juventude. Esse folheto ajuda cia excepcional.”
os jovens de diferentes formas. Andrew Bishop, Arianna resume com brio os comentários dos amigos:
de 13 anos, não vai aos treinos e partidas de sua “Tudo o que disseram é verdade. O templo é um local
equipe de beisebol quando acontecem aos domingos. sagrado na Terra e pouco importa que se situe na Suíça
Arianna também segue os conselhos quanto à obser- ou na Espanha. O Espírito é sempre o mesmo, e pode-
vância do Dia do Senhor. Como corredora, precisou com- mos crescer a cada vez.”
petir em muitos domingos. Por fim, sabia que teria de A Roma de hoje é repleta de ruínas de prédios, escada-
tomar uma decisão. “Orei e, embora tenha sido uma reso- rias e arcos antigos — partes de estruturas outrora gran-
lução difícil, preferi ir à Igreja”, relata. diosas destruídas por inimigos mais fortes. Os jovens de
Para Davide e Riccardo, os conselhos sobre a honesti- Roma, por outro lado, usam as partes de sua vida — o
dade são de grande valia. “Na escola somos tentados a evangelho, as escrituras, a família, os padrões, o templo
enganar os professores, copiando as lições de casa dos — para desenvolver um testemunho sólido e capaz de
colegas”, conta Davide. “Mas se não agirmos assim, vamos resistir às influências negativas do mundo.
nos destacar dos demais.” Ele acrescenta que a honesti- Sami tem uma sugestão para adquirirmos essa força:
dade “é um princípio que nem todos consideram impor- “Não desistam. Sigamos em frente”. ■
tante, mas é o que faz a diferença”.
Riccardo sabe que a honestidade nos esportes também “O Senhor pede que
é essencial. “Se formos honestos, teremos certeza de dar
o melhor de nós, sem trapaças. Ficaremos satisfeitos com
resplandeçamos.”
o que fizermos.”

Perto e Longe
Há algo com o qual esses jovens não estão satisfeitos:
o número de visitas ao templo. Como não há templo na
Itália, os membros da Igreja em Roma estão a nove horas
de carro (só a ida) do Templo de Berna Suíça. As caravanas
para batismos vicários não são freqüentes. Mas embora o

“Aprendi a importância
da obra missionária.”
LIÇÕES DO

LIVRO DE MÓRMON

Erguer o Olhar em
Ao continuar a
erguer o olhar em
direção ao Senhor,
reconheço que Ele
Direção ao Senhor
MARY N. COOK Naquele dia, fiz uma descoberta interes-
expande minha Primeira Conselheira na Presidência sante. Quando olhava para baixo, minha
Geral das Moças
visão limitada e visão se limitava a uma estreita faixa de cal-
mortal e a trans-
forma numa pers-
pectiva eterna. Q uando eu e meu marido estávamos
servindo na Área Ásia, percorríamos
com freqüência Wan Chai Gap, uma
trilha perto de nossa casa em Hong Kong. A
çada. Ao me arrastar pelo caminho, avistava
sempre a mesma faixa estreita e interminá-
vel de concreto e nada mais. Mas, quando
ergui o olhar, contemplei uma linda paisa-
subida era íngreme e penosa, principalmente gem. Vi árvores com lindas flores amarelas,
em dias quentes e úmidos. pássaros voando e cantando melodias har-
Certo sábado, percebi que não estava moniosas e alunos de tai chi chuan abrindo
apreciando nossa caminhada, que parecia ritmadamente leques coloridos como parte
mais uma punição que um exercício. Com de seus exercícios. Logo chegamos ao local
os olhos fixos no chão durante quase todo desejado, Stubbs Road, e ao longe divisei
o trajeto, tinha a impressão de que nunca um belo céu azul e nuvens brancas e
chegaríamos ao topo. algodoadas.

36
Olhar para o Senhor buscavam o Senhor ao enfrentarem circunstâncias difíceis.
Quando olhamos para baixo, com um enfoque restrito No livro de Alma, lemos:
e limitado a nossas circunstâncias, corremos o risco de “Tiveram muitas aflições; sofreram muito, tanto física
FOTOGRAFIA DA IRMÃ COOK TIRADA POR BUSATH PHOTOGRAPHY; ILUSTRAÇÕES DE SAM LAWLOR

não enxergar muitas das oportunidades que o Senhor tem quanto mentalmente (…) e sofreram também muitas tri-
reservadas para nós. Será que permitimos que nossas cir- bulações no espírito. (…)
cunstâncias nos turvem a visão ou erguemos o olhar para E aconteceu que viajaram muitos dias no deserto; e
o Senhor, que pode expandir nossos horizontes? jejuaram e oraram muito para que o Senhor lhes conce-
Os transtornos — como os problemas de saúde, a perda desse que uma porção de seu Espírito os acompanhasse e
de um ente querido, o divórcio ou dificuldades financeiras permanecesse com eles, a fim de servirem de instrumento
— são parte integrante da vida de todos. Todos nós nos nas mãos de Deus, para, se possível, levarem seus irmãos,
deparamos com obstáculos imprevistos. Um grande desafio os lamanitas, a conhecerem a verdade, a conhecerem a
é reagirmos de modo positivo a esses reveses. iniqüidade das tradições de seus pais, que não eram cer-
Em Para o Vigor da Juventude, a Primeira Presidência tas” (Alma 17:5, 9).
promete: “O Senhor fará muito mais por sua vida do que Assim, em vez de se concentrarem em seus contratem-
vocês poderão fazer por si mesmos. Ele aumentará suas pos, procuraram meios para servir de instrumentos nas
oportunidades, expandirá sua visão e os fortalecerá. Ele mãos de Deus a fim de edificar e abençoar o próximo. Em
lhes dará a ajuda de que necessitam para enfrentar suas resposta a seus jejuns e orações e em virtude de sua fé e
provações e desafios”.1 obras, o Senhor concedeu-lhes a ajuda de que precisavam
Os filhos de Mosias compreendiam esse princípio e em suas adversidades.

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 37


Não esperei para ser incluída: procurei
oportunidades de ser incluída.

Coragem para Seguir Avante Por meio das atividades da Sociedade de Socorro e do
Eu tinha 37 anos de idade quando fui selada a meu programa de professoras visitantes, fiz amizade com mui-
marido no Templo de Salt Lake. Meus anos de solteira tas irmãs, e elas com freqüência me incluíam em suas ativi-
apresentaram muitos desafios singulares. Eu sempre dades familiares. Mas não esperei ser incluída: procurei
achara que aos 25 anos já estaria casada e com filhos, oportunidades de ser incluída. Eu me oferecia para cuidar
mas me vi numa situação bem diferente da esperada. dos filhos delas, e as convidava com a família para jantar.
Muitas vezes surpreendi a mim mesma olhando para Seus filhos se tornaram meus filhos.
o chão, centrada em mim mesma e totalmente absorta Também percebi que o melhor lugar para amar e ser
em meus problemas. Minha perspectiva estava limitada. amado é no seio da própria família. Meu irmão tinha três
A vida parecia penosa e injusta. Sentia desânimo. Havia filhos, e me interessei pela vida, pelos estudos e pelas ati-
perdido a autoconfiança. vidades deles.
Recordo um momento decisivo de minha vida quando, Por estar contribuindo, minha autoconfiança aumentou
como os filhos de Mosias, recorri ao Senhor. Eu sempre e achei a vida mais interessante e compensadora ao me vol-
fora ativa na Igreja e tinha um “conhecimento da verdade” tar para o Senhor. Assim como vi árvores, flores, pássaros e
(I Timóteo 2:4; II Timóteo 3:7), mas almejava mais. Tomei pessoas ao longo do caminho ao tirar o rosto do chão, em
a decisão de ser mais diligente em meu estudo das escri- Wan Chai Gap, o fato de erguer o olhar para o Senhor aju-
turas, orar mais e viver de modo a fazer jus à orientação dou-me a enxergar novas oportunidades na vida.
do Espírito com mais intensidade. Eu ansiava por ser um Ao continuar a erguer o olhar em direção ao Senhor,
“instrumento nas mãos de Deus”, como no caso dos filhos reconheço que Ele expande minha visão limitada e mortal
de Mosias. e a transforma numa perspectiva eterna. Por meio de res-
Precisei “[encher-me] de coragem” (Alma 17:12) para postas a orações, aprendi que o Senhor me conhece, que
sair em busca de novas oportunidades. Tracei metas pro- me ama e está atento a mim e minhas circunstâncias. Esse
fissionais e me matriculei num programa de pós-gradua- conhecimento fortaleceu minha fé e deu-me a certeza de
ção para melhorar minhas perspectivas profissionais. que Ele continuará a ajudar-me a vencer futuras prova-
Decidi mudar de uma ala de solteiros para uma ala de ções e desafios. Para isso, basta dirigir-me a Ele em busca
famílias. Envolvi-me, participando de piqueniques e janta- de oportunidades e “escolher a retidão e felicidade, não
res familiares e outras atividades para os adultos. Entrei importando quais sejam [minhas] circunstâncias”.2 ■
para o coro da ala. Passei a conhecer muito bem o bispo.
NOTAS
Era um homem sábio e atencioso que me confiou cargos 1. Para o Vigor da Juventude (2001), p. 42.
que abençoaram minha vida. 2. Para o Vigor da Juventude, p. 5.

38
Abençoada pelas
Músicas da Primária J E N N I F E R A . LY N N

Eu não esperava beneficiar-me de meu anos de idade, eu sofrera um derrame cerebral que me
chamado de líder de música. Agora, é deixara incapacitada de falar e me movimentar. Contudo,
naqueles momentos lúgubres e solitários, a lembrança de
difícil pensar numa forma pela qual experiências em meu antigo chamado de líder de música
ILUSTRAÇÕES: BETH WHITTAKER, EXCETO QUANDO INDICADO EM CONTRÁRIO; ILUSTRAÇÕES DE

não me tenha abençoado. da Primária trouxe-me esperança.

“S ó lhe restam 24 horas de


vida, e mesmo que sobre-
viva, ficará paralisada dos
Sempre adorei música e me fortalecia com a letra dos
hinos. Contudo, antes de meu acidente vascular, ficara
apreensiva ao receber o chamado de líder de música
olhos para baixo, sem da Primária da ala. Como eu pode-
chances de recupera- ria fazer a diferença na vida das
MÚSICAS PARA CRIANÇAS: PHYLLIS LUCH E RICHARD HULL

ção.” Esse foi crianças? Em meus estudos


o prognóstico
sombrio que os
médicos apre-
sentaram a
minha família
em março de
2004. Com
apenas 30

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 39


D
evido à intensa musicais prévios, aprendera a traçar metas ao correspondentes. A mensagem soava verda-
experiência ensinar, assim decidi tentar ajudar as crianças deira em meu coração, e não raro eu me
recente de can- a sentirem o Espírito ao cantarem. Quando considerava a grande privilegiada, por ser
tar as músicas da entoávamos músicas como “No Céu Eu profundamente tocada pelo Espírito convi-
Primária, percebi Vivi”1, eu ficava admirada com a forte pre- dado pelas crianças. Meu testemunho crescia
que eram o que me sença do Espírito Santo no recinto e com as a olhos vistos, e eu me sentia verdadeira-
dava forças para perguntas profundas e perspicazes das crian- mente abençoada pelo Senhor.
enfrentar minhas ças sobre a letra. Contudo, as bênçãos de meu cargo de
provações. Um de meus métodos de ensino predile- líder de música da Primária não se limitaram
tos era o uso da língua americana de sinais. à sala de aula. Com o chamado veio a neces-
Constatei que as crianças aprendiam melhor sidade de praticar e tocar os hinos em casa a
as canções quando discutíamos como os fim de estar preparada a cada domingo. Por
sinais ofereciam uma representação visual causa disso, o amor de meus próprios filhos
das palavras. Adorava ouvir as pelas músicas da Primária aumentou. A letra
crianças cantarem “Eu daquelas músicas trazia um espírito de
Quero Ser Como Cristo” 2 paz, calma e consolo a nossos filhos
e vê-las fazerem os gestos quando estavam magoados ou

40
aborrecidos e os embalavam todas as noites. Eles insistiam Faz quatro anos que sofri o derrame cerebral, e recupe-
para ouvir os CDs3 de Músicas para Crianças no carro — rei muito mais capacidades do que os médicos jamais
mesmo em viagens curtas — e assim começaram a memo- poderiam esperar. Tenho um pouco de movimento no
rizar muitas das músicas. braço direito, o que me permite digitar no computador
Entretanto, foi só depois de meu derrame que me dei e operar uma cadeira de rodas elétrica. Uso uma forma
conta dos efeitos de longo alcance daquela modificada da língua de sinais — que aprendi

A
música em minha vida. Devido à intensa letra e a inicialmente em meu chamado na Primária —
experiência recente de cantar as músicas da melodia das para me comunicar. Por causa disso, ainda
Primária, percebi que eram o que me dava músicas da posso “cantar” músicas da Primária com
forças para enfrentar minhas provações. Em Primária podem meus filhos e externar meus sentimentos a
minhas horas mais difíceis, eu orava e can- ser simples, mas a familiares e amigos.
tava mentalmente “Oração de uma Criança”. 4
mensagem e o poder Antes do acidente vascular, eu sempre pla-
Quando eu clamava como a criança na pri- de cada uma delas nejara cantar no batismo de meus filhos. Em
meira estrofe, “Meu Pai Celeste, estás mesmo são inquestionáveis. agosto de 2005, meu filho mais velho, Zach,
aí?”, Ele respondia misericordiosamente tran- foi batizado. Consegui usar a mão direita para
qüilizando-me e mostrando-me que eu não tocar o melhor possível “Quando Eu For
estava sozinha e que Ele estava a meu lado, Batizado”, 6 com o apoio de meu marido que
conforme dito na segunda estrofe da música. me segurou no banco do piano. Foi gratificante
Como isso me revigorava e apaziguava! externar meus sentimentos mais profundos em
Durante a convalescença, meu marido e relação ao batismo por meio da música — um
meus filhos iam ao hospital realizar a noite método que Zach compreendia.
familiar comigo e cantavam com freqüência Quando comecei a servir como líder de
5
“Fala-se com Amor”. Essa tinha sido a última música que eu música da Primária, não achava que o chamado me benefi-
ensinara na Primária, e era maravilhoso ouvi-la da boca de ciaria. Mas como o fez! As músicas da Primária abençoa-
meus filhos, sabendo que fora eu que plantara as sementes. ram-me com uma melhor compreensão dos princípios do
Enquanto cantavam, eu me identificava com a mãe citada na evangelho, um testemunho fortalecido, a capacidade de
canção, orando de joelhos. (E como eu gostaria de poder me comunicar com minha família e o vigor para perseve-
ajoelhar-me!) As súplicas dela ao Pai Celestial também eram rar. A letra e a melodia das canções da Primária podem ser
minhas. Eu sentia a mesma gratidão pela autoridade do simples, mas a mensagem e o poder de cada uma delas
sacerdócio em meu lar. Embora eu não pudesse externar são inquestionáveis.
esses pensamentos para minha família, a música da Primária Talvez nem sempre compreendamos por que Deus nos
transmitia esses sentimentos em meu lugar. dá determinado encargo. Mesmo assim, devemos confiar
no Senhor e depositar nossa fé Nele e em Seus sussurros.
Sou imensamente grata por ter servido como líder de
música da Primária antes de meu derrame! As músicas
que não sou mais capaz de cantar ainda podem transmitir
meus sentimentos do evangelho aos outros. A cada vez
que ouço meus filhos entoarem canções da Primária, sei
que seu testemunho está-se fortalecendo e que eles parti-
lham meu amor pelo Senhor e Seu evangelho. ■
NOTAS
1. Músicas para Crianças, p. 140.
2. Músicas para Crianças, pp. 40–41.
3. 50177 059.
4. Músicas para Crianças, pp. 6–7.
5. Músicas para Crianças, pp. 102–103.
6. Músicas para Crianças, p. 53.

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 41


Faço Minha Parte
e Deus Cuida do Restante
JENNY PIDERIT DE LA MAZA

H
oje sou uma jovem adulta, mas uma Ela visitava com regularidade as crianças que estavam menos ativas
experiência marcante que tive quando e sempre se dirigia a elas com palavras extremamente carinhosas.
menina tem Muitas vezes encontrávamos essas crianças brincando na rua, e minha
me ajudado em toda mãe parava o carro e dizia com um tom de voz entusiasta: “Olá! Até
a minha vida. Sou de domingo na Igreja”. A maioria delas concordava. Mas no domingo
Renaico, uma cida- seguinte, éramos só nós duas novamente.
dezinha do Chile. Às vezes, eu ficava frustrada quando aquelas crianças não iam à
Lembro-me com certa Igreja. Eu reclamava: “Basta, mãe. Elas não querem ir”. Mas ela res-
emoção de quando minha pondia com amor: “Preciso ser responsável em meu chamado e
mãe, Ruby, era a presidente da perseverar”.
Primária. Na época, nosso ramo era Certo dia, aconteceu algo
bem pequeno; eu era a única criança inacreditável. Um menino
a freqüentá-lo. Era ela que dava as chamado Carlos foi
aulas. Quando chegávamos à capela
domingo de manhã, ela dizia: “Bom dia,
Jenny. Sou sua professora da Primária”. Ela
repetia essa frase todas as semanas. Fazíamos
a oração de abertura, cantávamos um hino e
depois ela começava a aula.

42
à Igreja e disse: “Viu, irmã Ruby? Eu tinha pro- semanalmente. Como foi maravilhoso ver o
metido vir”. Pelo menos éramos então dois amor de minha mãe pelas crianças ser recom-
alunos. A alegria fez o rosto de minha mãe pensado. Mais de dez anos já se passaram,
ficar radiante, e a cada vez que Carlos compa- desde sua desobrigação, e a Igreja hoje está
recia, ela me dizia: “Viu, filha? Precisamos ser mais forte, mas ninguém jamais superou a
persistentes, e Deus cuidará do restante”. façanha dela de reunir 35 crianças!
Um dia, Carlos começou a vir acompa- Hoje sou a presidente da
nhado de um menino chamado Alexis. Nós Primária. Amo essas crianças, que
três adorávamos brincar juntos, e somos tanto me ensinam. Sou grata por esse
amigos até hoje. A partir de então, um chamado maravilhoso e pelo exemplo
ILUSTRAÇÃO: NATALIE MALAN

número cada vez maior de crianças come- de perseverança de minha mãe. Sei
çou a freqüentar. que o Pai Celestial vive e que é
Ao cabo de dois anos, minha mãe foi deso- verdade o que diz minha mãe:
brigada do chamado. Quando deixou a “Faço minha parte e Ele
Primária, 35 crianças estavam freqüentando cuida do restante”. ■

Q
uando
minha mãe
via crian-
ças brincando,
parava o carro e
as convidava entu-
siasticamente para
irem à Igreja.

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 43


DE
GERAÇÃO
O que você fará com o conhecimento seremos aprendizes como Néfi, que escutam, aplicam as
espiritual que receber? verdades do evangelho e também as transmitem? Ou
seremos como Lamã e Lemuel, que ouviram os mesmos
A DA M C . O L S O N ensinamentos, mas não quiseram descobrir por si mes-
Revistas da Igreja mos a veracidade deles e não os passaram adiante?

C
aso tenhamos lido o primeiro versículo do Livro de
Mórmon, já conhecemos algo sobre Juan Ordoñez, Como Transmitir o Legado?
de 17 anos de idade, e sua irmã Mayra, de 15 anos, Juan nem lembra quantos anos tinha quando começou
membros da Ala Pachitol, Estaca Patzicía Guatemala. a trabalhar com o pai na lavoura. “Os filhos começavam a
Juan, Mayra e seus sete irmãos mais velhos nasceram me acompanhar ainda pequenos”, conta Joel, o pai de
“de bons pais”, que lhes ensinaram as habilidades de que Juan. “Aprenderam observando e depois fazendo o que
a família precisa para sobreviver — a agricultura e a fabri- podiam, em função de sua força e capacidade.”
cação de tortilhas — bem como o idioma de seus ante- Mayra aprendeu a fazer tortilhas da mesma forma,
passados, o cakchiquel. observando a mãe e as irmãs até que atingiu a idade
Mas essas não são as únicas semelhanças com a família suficiente para dar sua contribuição.
de Néfi. Juan e Mayra têm pais que compreendem que é No entanto, arar a terra, plantar e fazer tortilhas não
tão importante transmitir um “conhecimento da bondade são as únicas coisas que estão sendo transmitidas de uma
e dos mistérios de Deus (1 Néfi 1:1) quanto dos meios de geração para a outra. Ao preparar a massa das tortilhas e
subsistência. dar-lhes forma, a mãe de Mayra, Carmela, estava também
Embora muitos adolescentes não tenham pais como moldando o caráter da filha. Ao preparar o solo, cultivá-lo
Leí e Saria para lhes ensinarem o evangelho (ver o e plantar, o irmão Ordoñez, pai de Juan, estava fazendo o
comentário da página 47), para Juan, Mayra e outros que mesmo com o coração do filho.
têm essa oportunidade, a grande pergunta é: será que Ao despenderem tempo juntos, os filhos não somente

44
A
viam como os pais trabalhavam, mas tam- s coisas
bém como viviam. E sempre que surgia a que Juan
oportunidade, os pais tocavam no assunto (abaixo, à
do evangelho durante o trabalho. esquerda) e Mayra
Contudo, observar — e mesmo agir — (à esquerda) estão
nem sempre é o bastante. Na primeira famí- aprendendo com
lia do Livro de Mórmon, Lamã e Lemuel seus pais (página ao
ouviram as mesmas coisas que Néfi ouviu lado) são importan-
de seu pai e até fizeram o que o pai pedira. tes não apenas para
sua sobrevivência
física, mas também

EM
espiritual.

GERAÇÃO
FOTOGRAFIAS: ADAM C. OLSON; NA EXTREMA DIREITA: DETALHE DE LIAHONA, DE ARNOLD FRIBERG

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 45


ADQUIRIR
UM TESTE-
MUNHO

Faltava-lhes, porém, “O testemunho embora tivessem obede-


algo importante, mas não é genético. cido ao pai, tinham-no
que Juan e Mayra pos- Quer dizer, não feito de má vontade (ver
suem: o desejo de nascemos com um testemunho. Da 1 Néfi 2:11–12). Não se
aprender. mesma forma, o testemunho não deram o trabalho de adqui-
passa automaticamente de geração rir luz própria, dizendo:
Qual É a Intensidade a geração sem os exemplos de “O Senhor não nos dá a
de Seu Desejo? bons professores.” conhecer essas coisas
Juan e Mayra (ver 1 Néfi 15:8–9).
Élder Robert D. Hales, do Quórum
moram em Patzicía, dos Doze Apóstolos, “Ensinar por
uma comunidade cakchi- meio da Fé”, A Liahona, setembro Não Quebrar a Corrente
de 2003, p. 16.

S
e Juan e quel a algumas horas da À medida que as crian-
Mayra não Cidade da Guatemala. ças cresciam, o irmão e a
aprenderem Como muitos dos fregueses irmã Ordoñez se pergunta-
essas coisas impor- que compram suas tortilhas e contratam vam se elas ouviriam. Será que obedece-
tantes por si mesmos, seus serviços agrícolas não falam espanhol, riam? Será que teriam o desejo de saber,
como poderão trans- foi importante para Juan e Mayra aprender como Néfi? Será que ensinariam o evange-
miti-las aos próprios cakchiquel. lho aos próprios filhos?
filhos? Mas nem todos pensam da mesma Talvez seja cedo demais para saber. Mas
forma. O cakchiquel não é ensinado nas o irmão e a irmã Ordoñez têm motivos para
escolas. Esse idioma é transmitido oral- nutrir esperanças.
mente há séculos, de pai para filho. Os filhos mais velhos estão começando
Contudo, a cada nova geração há muitos a partilhar as verdades do evangelho. E os
que se recusam a aprendê-lo ou que o menores também já reconhecem a impor-
consideram sem utilidade. tância de propagar a mensagem. “Às vezes é
A sede de conhecimento é essencial e vai difícil seguir os conselhos dos pais”, admite
além do mero aprendizado de uma língua. Juan. “Mas sou grato pela ajuda deles.”
Leí queria que seus familiares soubessem “Eles não me ensinaram apenas a cozinhar

por si mesmos que o evangelho é verda- feijão e fazer tortilhas”,


deiro, mas nem todos quiseram buscar esse ressalta Mayra.
conhecimento (ver 1 Néfi 8:12, 17–18). “Ensinaram-me
Além de dar ouvidos ao pai e cumprir suas o caminho cor-
ordens, Néfi sentiu o desejo de saber por si reto: seguir a
mesmo (ver 1 Néfi 10:17). Lamã e Lemuel, Deus.” ■

46
VIVER O EVANGELHO SOZINHO
E
A PARTIR DA ESQUERDA: NÉFI REPREENDENDO SEUS IRMÃOS REBELDES, ABINÁDI DIANTE DO REI NOÉ E ALMA BATIZANDO NAS ÁGUAS DE MÓRMON, DE ARNOLD FRIBERG

se seus pais não ensinarem o evangelho a você? Talvez são uma grande força e bênção aos outros. (...)
não tenham aceitado o evangelho ou não o estejam (…) Como primeira geração na Igreja, vocês ocupam um
vivendo. Ser o primeiro da família a aceitar o evangelho lugar importante em sua família. Vocês são para sua família
ou o único a vivê-lo ativamente pode dar a sensação de soli- um exemplo de um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo.
dão. Mas isso não significa que você está sozinho. Sejam eles membros da Igreja ou não, ao viver o evangelho
Há outras pessoas como você na Igreja e nas escrituras. em casa, os que estiverem a seu redor sentirão o amor do
Quando jovem, Alma, o pai, foi o único a aceitar o evangelho Salvador por seu intermédio. Eles sabem que vocês estão
pregado por Abinádi. Por defender a verdade, foi expulso da envolvidos em algo bom, mesmo que não entendam o que é
cidade. Mas como teve coragem suficiente para viver e ensinar nem tenham fé o bastante para aceitá-lo. Sejam pacientes e
o evangelho, em pouco tempo outros se converteram. Seus bons, orem todos os dias para saber como servi-los e o

filhos foram abençoados por sua fé, e isso ajudou a estabelecer Senhor os ajudará e abençoará para influenciar sua família
uma corrente de várias gerações de fiéis cujo exemplo e lide- para o bem. Por serem constantemente bons e honrados,
rança muito fortaleceu a Igreja. vocês estabelecerão padrões de fidelidade e retidão. Esses
Caso tenha-se sentido só ao viver o evangelho, não desa- padrões moldarão sua vida, mas, ainda mais importante,
nime. Houve e há muitas outras pessoas como você. eles se tornarão um padrão em sua família e posteridade” (“A
“Talvez nunca antes, desde o início da Igreja, a primeira Primeira Geração”, A Liahona, novembro de 2006, pp. 11–12).
geração constituiu uma porcentagem tão elevada no número Assim, quer façamos parte da primeira geração quer da
total de membros como hoje”, afirmou o Élder Paul B. quinta, nosso modo de viver pode ajudar a criar ou perpetuar
Pieper, dos Setenta, na conferência geral de uma longa corrente de gerações a desfrutar as bênçãos do
outubro de 2006. “Sua fé e testemunho evangelho de Jesus Cristo.

A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 47


COMENTÁRIOS

O que Acharam da Revista? o que lemos na revista nos toca o


Meu marido era o responsável coração.
pela distribuição mensal da Liahona Ana Meza de Eulogio, Peru
no Peru. Em suas viagens, entrava
constantemente em contato com A Importância do Arrependimento
não-membros que trabalhavam como Eu recebera o chamado de pro-
seguranças. Quando lhe pergunta- fessora do quarto domingo do mês
Adquirir um Testemunho vam o que transportava no furgão, na Sociedade de Socorro. Uma aula
Sinto muita gratidão por ter a respondia gentilmente: “Exemplares que dei baseava-se no discurso
Liahona em nosso lar. Ela traz res- da revista da Igreja de Jesus Cristo “Arrependimento e Conversão”, do
posta para muitas de minhas pergun- dos Santos dos Últimos Dias, cha- Élder Russell M. Nelson, da Liahona
tas. Um artigo do Élder David A. mada Liahona”. de maio de 2007. Ao preparar a aula,
Bednar, “Aprender pela Fé” (setembro Em geral, eles demonstravam aprendi e senti a grande importância
de 2007), muito me ajudou. Ao ler, curiosidade e desejo de conhecer do arrependimento.
senti o Espírito e recebi a seguinte ins- mais, e meu marido sempre carre- Sempre aguardo com ansiedade a
piração: para termos um testemunho gava alguns exemplares extras para chegada da Liahona. Há muito que
do Livro de Mórmon, precisamos pres- oferecer. Como costumava passar posso aprender e sentir com ela.
tar esse testemunho, e o Espírito nos pelos mesmos lugares, perguntava Anônima, Japão
ajudará a saber que o Livro de aos seguranças tempos depois: “E
Mórmon é verdadeiro. então, o que acharam da revista?” Se A Liahona É Nosso Guia
Genes L. Nallonar, Filipinas respondessem que tinham lido, ele Leio A Liahona há mais de 34
anotava o nome deles para que rece- anos. Com freqüência, fico com
Três Mensagens para Todos bessem a visita dos missionários e os olhos rasos d’água ao ler sobre
A cada dia me sinto mais grata por aprendessem mais sobre a Igreja. meus irmãos e irmãs e como se
nossa revista da Igreja, a Liahona. Ela Certo dia, anos depois, estávamos empenham com tanta fidelidade
desempenha um papel fundamental saindo do templo. Que surpresa foi para viver o evangelho. Adoro
em minha vida. Em várias ocasiões, a ver que meu marido conhecia o fun- tudo na revista, mas agradeço em
Liahona ajudou-me a fazer escolhas cionário na cabine de segurança. Ele especial pelo artigo “Ajudar os
corretas. No artigo “Três Mensagens tinha-se batizado, e então ele e seus Que Lutam Contra a Atração pelo
para os Jovens Adultos”, da edição de entes queridos estavam preparando- Mesmo Sexo”, do Élder Jeffrey R.
abril de 2007, o Élder Earl C. Tingey se para ser uma família eterna. Holland (outubro de 2007). Ao
incentivou os jovens a serem membros Obrigada, queridos irmãos, por lado das escrituras, a Liahona
ativos da Igreja. Aconselhou-os a pre- escreverem artigos tão interessantes. é um guia para nossa família.
pararem-se para o futuro tomando Eles ajudam-nos a progredir, e tudo Nome omitido
decisões sábias no presente para que,
ao se encontrarem numa situação difí-
cil, não entrem em pânico, sem saber
Mande seus comentários por e-mail para
o que fazer, mas estejam prontos para
liahona@ldschurch.org ou para:
enfrentá-la. O público-alvo do artigo
Liahona, Comment
eram os jovens adultos da Igreja.
50 E. North Temple St., Rm. 2420
Tenho 55 anos de idade, mas quando o
Salt Lake City, UT 84150-3220, USA
FUNDO: © COMSTOCK.COM

li, percebi que tinha sido escrito tam-


As contribuições podem ser editoradas por
bém para mim.
motivo de espaço ou clareza.
Olga Khripko, Ucrânia

48
PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S T O D O S S A N T O S D O S Ú LT I M O S D I A S • S E T E M B R O D E 2 0 0 8

OAmigo
VINDE AO
P R O F E TA E S C U TA R

Mensagem
para
Misti
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N a avó de Misti anunciou: “Acho que

D
urante o discurso que proferi na Misti tem algo para contar-lhe”. A amável
conferência geral de outubro de garotinha disse: “Irmão Monson, em seu
1975, senti-me inspirado a dirigir discurso na conferência, o senhor res-
minhas palavras a uma menininha de lon- pondeu a minha pergunta. Quero ser
gos cabelos loiros que estava sentada no batizada!”
mezanino do Tabernáculo. Chamei a aten- A família voltou para a Califórnia, e
ção da congregação para ela e senti que Misti foi batizada e confirmada membro
aquela garotinha precisava da mensagem de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
que eu tinha a lhe transmitir. Últimos Dias. ●
Ao término da sessão, voltei para meu O Presidente Extraído de um discurso da conferência geral de
abril de 2007.
escritório e encontrei uma menina cha- Monson nos ensina
mada Misti White, esperando por mim, sobre mensagens COISAS EM QUE PENSAR
acompanhada dos avós e de uma tia. inspiradas. 1. Em sua opinião, como o Presidente
Quando os cumprimentei, vi que Misti Monson sabia que deveria dirigir-se a Misti,
era a menina do mezanino a quem me mesmo sem nunca a ter visto antes? Como o
dirigira. fato de ouvir o Espírito Santo ajuda você a

FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY; ILUSTRAÇÃO: PAUL MANN


Fiquei sabendo que faltava pouco para seu aniversá- mostrar às pessoas que o Pai Celestial as ama?
rio de oito anos, mas ela estava numa situação difícil, 2. A seu ver, por que Misti acreditava que se assistisse
sem saber se deveria ou não ser batizada. Ela desejava à conferência geral receberia ajuda do Pai Celestial para
ser batizada, e seus avós, com quem morava, também saber como agir? Como o fato de ouvir os líderes da Igreja
queriam isso, mas sua mãe, que estava menos ativa, ajuda você a escolher o que é certo? Será que eles estão
recomendara que ela esperasse até os 18 anos para falando diretamente para você, mesmo que não
tomar essa decisão. Misti dissera aos avós: “Se formos mencionem seu nome?
à conferência, talvez o Pai Celestial me mostre o que 3. Em sua opinião, como a decisão de Misti de ser
devo fazer”. batizada imediatamente ajudou na vida dela? De que
Ao continuarmos nossa conversa depois da sessão, forma a obediência ao profeta pode melhorar sua vida?

A2
O AMIGO SETEMBRO DE 2008 A3
i ] as coisas necessárias, tanto espirituais c
“[Ped s; agra de c en d o s e mp re a D
om o
materia i eus por
tudo quanto recebeis” (Alma 7:23).

Bênçãos pelas Quais Sou


Grato

Nota: Se não quiser destacar


páginas da revista, copie esta
atividade ou imprima-a da Internet
em www.lds.org. Para o inglês,
clique em Gospel Library. Para os
demais idiomas, clique em
Languages.

A4
TEMPO DE
C O M PA R T I L H A R

Meu Pai Celeste, Estás Mesmo Aí?


L I N DA C H R I S T E N S E N
“Por isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando,
crede receber, e tê-las-eis” (Marcos 11:24).

§
Quando Jesus vivia na Terra, muitas pessoas e anote as coisas pelas quais você gostaria de agradecer
iam até Ele para ouvir Suas palavras. Certa ao Pai Celestial ao orar. Ele ama você e ouve todas as
vez, levaram seus filhos para que Jesus os orações. Ele o abençoa com as coisas de que necessita.
abençoasse, mas os discípulos ordenaram que se
afastassem. Jesus disse: “Deixai vir os meninos a mim, Idéias para o Tempo de Compartilhar
e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus” 1. Antes do tempo de compartilhar, faça três cartazes sim-
(Marcos 10:14). Jesus amava as crianças e as abençoou. ples para as crianças segurarem com os seguintes verbos:
A música da Primária “Oração de uma Criança” nos Pedir, Buscar, Bater. Comece o tempo de compartilhar aju-
faz recordar essa história das escrituras e nos ensina dando as crianças a acharem Mateus 7:7 e leiam essa passa-
sobre a oração. gem juntos. Mantenha os cartazes erguidos e estude as
palavras com as crianças. Memorizem juntos a escritura.
Meu Pai Celeste, estás mesmo aí?
Preste testemunho de que aprendemos sobre a oração nas
Ouves e atendes da criança a oração?
escrituras. Mostre a gravura 305 (Enos Orando) e a 403 (A
Alguém me disse que é longe o céu,
Primeira Visão) do Pacote de Gravuras do Evangelho. Use
Mas sinto-Te perto quando oro a Ti.
esses relatos das escrituras sobre a oração (ver Enos 1:1–18;
Meu Pai Celeste, relembrando estou Joseph Smith — História 1:14–20). Reserve tempo para as
O que Jesus a Seus discípulos falou: crianças contarem experiências que tiveram com a oração.
“Os pequeninos deixai vir a mim”. Conclua cantando uma música ou um hino sobre a oração
Pai, nesta prece eu me achego a Ti. e testifique do poder da oração.
2. Mostre a gravura 3–53 do pacote de gravuras do
O Pai Celestial ama você. Você é filho Dele. Ele manual Primária 3 e conte a história da oração de Karolina
deseja que você ore a Ele com freqüência — a qualquer (Primária 3, lição 26, pp. 123–124). Repita o princípio do
momento, em qualquer lugar. A estrofe seguinte da evangelho da semana: “O Pai Celestial quer que eu ore a
música lembra que você deve orar. Ele com freqüência — a qualquer hora e em qualquer
lugar”. Misture as palavras das seguintes frases das escritu-
Sim, perto está.
ras: “invocar seu santo nome” e “clamai a ele”. Escreva as
Sim, Ele te ouve. palavras no quadro-negro fora de ordem e peça às crian-
Pois é teu pai ças que trabalhem em conjunto para desembaralhar as
E muito te ama. frases (ver “Letras ou Palavras Embaralhadas”, Ensino,
Com terno amor, Não Há Maior Chamado [1999], p. 184). Peça que consultem
Alma 34:17–18 para achar a resposta. Explique-lhes que
ILUSTRAÇÕES: THOMAS S. CHILD; FUNDO: © CORBIS

Ama as crianças,
essas duas frases são maneiras de descrever a oração.
Pois delas é o reino,
Escolha palavras-chave (“colheitas”, “campos”, “casas”,
O reino do céu.
“rebanhos” e assim por diante) em Alma 34:17–27 que
(Músicas para Crianças, pp. 6–7)
digam respeito a algumas coisas pelas quais podemos
Atividade orar. Escreva-as no quadro-negro. Peça às crianças que
Você pode usar a página A4 sobre a oração para lem- as localizem nas escrituras e discutam como essa passagem
brar-se de orar. Retire a página e ponha-a ao lado de se aplica à vida delas. Testifique do poder da oração em
sua cama ou dentro de suas escrituras. Pinte o desenho sua vida. ●

O AMIGO SETEMBRO DE 2008 A5


DA VIDA DO PROFETA JOSEPH SMITH

Provações para
Joseph e Emma
Em Ohio, Emma Smith deu à luz
gêmeos: uma menina e um Não posso cuidar dos
menino. Mas os bebês tiveram bebês sozinho, mas quero
somente três horas de vida. que sejam educados na fé.
Outra irmã da Igreja teve gêmeos
no mesmo dia. Ficou muito fraca
e morreu. Seu marido, John
Podem
Murdock, precisava de ajuda para
criá-los?
criar os gêmeos.

Sim.

Certa noite, Joseph e Emma ficaram Os homens maus machuca- Quando o grupo partiu,
acordados até tarde para cuidar dos ram Joseph e puseram piche Joseph estava muito enfra-
bebês, que estavam ambos doentes. Uma quente nele. quecido. Voltou para casa
turba de homens irados entrou na casa rastejando-se. Ao ver
deles. Os homens agarraram Joseph e o Joseph ferido, Emma
arrastaram para a rua. desmaiou.

ILUSTRAÇÕES: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI

A6
Os amigos de Joseph cuidaram dele com
carinho.

O filhinho de Joseph pegou


Na manhã seguinte, domingo, um forte resfriado na noite do
Joseph pregou para a congre- ataque da turba. Alguns dias
gação como de costume. depois, o bebê morreu. Mas
Alguns dos homens da turba Joseph e Emma continuaram a
vieram ouvi-lo. ter fé no plano de salvação do
Pai Celestial.

Adaptado de Mark L. Staker, “Remembering Hiram, Ohio”, Ensign, outubro de 2002, pp. 35, O AMIGO SETEMBRO DE 2008 A7
37; ver também Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith (Curso de estudo do
Sacerdócio de Melquisedeque e da Sociedade de Socorro, 2007), p. 179.
“Aprendei a fazer bem” (Isaías 1:17).

O EXEMPLO
DO PRESIDENTE
GRANT
HEIDI ROSE
Inspirado numa história verídica

A8
P
“ assem os trabalhos para a frente.” Heidi estendeu Grant?”, perguntou a mãe.
o braço para trás e pegou o trabalho de Molly. Heidi olhou para ela: “Lembro. Aprendemos sobre
Admirou por alguns instantes a bela caligrafia de ele na Primária”.
Molly antes de passar o trabalho para a frente. As letras “Quando ele era jovem, sua letra era horrível. Ele
dela pareciam harmonizar-se com perfeição. Heidi olhou queria muito melhorar, então praticou bastante,
seu próprio trabalho e ficou constrangida, tentando até sua caligrafia ficar tão boa que rece-
impedir os colegas de verem sua letra que dei- beu um prêmio.”
xava a desejar. Pôs sua Heidi ficou maravilhada! Ela admi-
folha embaixo da de rava os profetas, mas nunca se dera
Molly e passou-as adiante.
u er i d a mãe , ta r a h is- conta de que tinham enfrentado na
“Mãe, pode escrever a Q con juventude problemas como os dela.
ILUSTRAÇÕES: STEVE KROPP; FOTOGRAFIA DO PRESIDENTE MONSON TIRADA POR BUSATH PHOTOGRAPHY

a po r m e ve z
Obrigad ber J. Grant . Tal ,
lição de casa para mim?” Concluiu que, se Heber J. Grant
Pediu Heidi assim que vol- e io conseguiu melhorar sua caligrafia
r ia d e H p r ê m
tou da escola. Sua mãe tam- tó
n h e n e nhum mediante esforço, ela também
a
eu não g ente sinto que
bém tinha uma bela letra. poderia.
Talvez se a mãe fizesse a lição m No dia seguinte na escola,
s fin a l a .
de casa ela não sentiria tanta
vergonha.
ma
le t ra es tá bonit o Heidi deu o melhor de si ao
escrever. No início foi difícil.
m in ha n ã o f o i tã
“Por que você quer que eu
e g u i r o profeta h a v a !
Levou mais tempo que os
faça sua lição de casa? Quebrou S to eu ac outros para terminar os exercí-
u a n
os braços?”, brincou a mãe.
Heidi mencionou a bela letra
difícil q cios escritos, mas a história do
Presidente Heber J. Grant a
m a m o r,
de Molly. “Eu deveria ter praticado C o motivou a continuar.
mais a caligrafia no ano passado.” Passaram-se semanas
Heidi sentou-se à mesa, apoiando
Heidi antes de Heidi começar a
desconsolada o rosto nas mãos. notar progressos. Ela ainda
“Sabe, Heidi, se você se empe- demorava bastante para fazer as
nhar, sua caligrafia pode ser tão boa lições, mas sua letra estava melhorando.
quanto a de qualquer outra pessoa. Certo dia, Molly percebeu a diferença. “Heidi,
Basta ter força de vontade.” sua letra está muito bonita.”
Heidi não tinha a mesma certeza. Pensou na escrita “Obrigada”, disse Heidi, ruborizada. E não pôde
de Molly e achou que seria impossível chegar aos conter um sorriso.
pés dela um dia. Naquela noite, Heidi deixou um bilhete na geladeira
“Lembra-se do profeta Heber J. para a mãe. E a caligrafia estava linda. ●

“As Santas Escrituras, a orientação de seus


pais, os ensinamentos que recebem na
Primária (…) irão fortalecer sua determina-
ção de serem o melhor que podem ser.
Estudem com um objetivo em vista, tanto
na Igreja quanto na escola.”
Presidente Thomas S. Monson, “Sua Jornada
Celestial”, A Liahona, julho de 1999, p. 115.

O AMIGO SETEMBRO DE 2008 A9


PARA OS AMIGUINHOS

Hora da Oração Familiar


Mostre a cada criança o caminho correto a seguir para chegar
à família a fim de fazer a oração familiar. Em seguida,
deixe-a pintar o desenho.

ILUSTRAÇÃO: SCOTT GREER

Nota: Se não quiser destacar páginas da revista, copie esta atividade ou imprima-a da
Internet em www.lds.org. Para o inglês, clique em Gospel Library. Para os demais
idiomas, clique em Languages.
PÁGINA PARA COLORIR
ILUSTRAÇÕES: APRYL STOTT

POSSO ORAR AO PAI CELESTIAL, E ELE OUVIRÁ E RESPONDERÁ A MINHAS ORAÇÕES


“Por isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando, crede receber,
e tê-las-eis” (Marcos 11:24).
DE UM AMIGO
PARA OUTRO

Meu Irmão e o
Cachorrinho
“Mostrai piedade e misericórdia cada um era nosso, e fazíamos apostas com nosso
para com seu irmão” (Zacarias 7:9). irmão mais velho para ver a quem o

S
ou abençoado por ter crescido cer- cachorro atenderia quando o chamásse-
cado de pessoas que me amaram e mos. O cachorro sempre ia parar no colo
me influenciaram para o bem. Quem do irmão mais velho.
exerceu maior impacto sobre minha vida O cachorro sentia e compreendia a leal-
foram meus familiares. Meus pais sempre dade e o amor que nosso irmão lhe dedi-
escolhiam o certo e confiavam que eu faria cava. Essa experiência me ensinou uma
o mesmo. E meus irmãos mais velhos valiosa lição sobre a lei da colheita: colhe-
davam um bom exemplo a seguir. mos o que plantamos. Meu irmão plantou
De uma entrevista Um de meus irmãos mais velhos me ensi- amor ao cuidar de nosso cachorro e colheu
concedida pelo nou uma importante lição quando eu tinha os frutos da confiança e lealdade.
Élder Keith R. cinco anos de idade. Foi nessa época que eu Minha mãe também conhecia essa lição.
Edwards, dos e meu irmão gêmeo, Karl, ganhamos um Tinha grande fé. Quando era pequena, seus
Setenta, que atual- filhotinho de cachorro. Não entendíamos as pais raramente iam à Igreja, assim ela quase
mente serve como responsabilidades ligadas à posse de um ani- sempre freqüentava as reuniões sozinha.
presidente da Área mal doméstico — achávamos que era um Seu exemplo amoroso ajudou a levar seus
Filipinas, a Callie brinquedo como outro qualquer, que não pais de volta à plena atividade na Igreja.
Buys. precisava de atenção especial. Não nos preo- Durante minha infância e adolescência,
cupávamos muito em lhe dar comida e água minha mãe se levantava regularmente na
nem em cuidar dele. Mas tínhamos um reunião de jejum e testemunho para prestar
irmão mais velho cuja atitude era o oposto. testemunho. Nessas ocasiões, externava sua
Ele tinha grande amor pelos animais. Ao gratidão pelos filhos e os elogiava. Sua fé
perceber a necessidade, cuidou de nosso em nós trouxe grandes benefícios. Embora
cachorrinho. nem sempre estivéssemos à altura de suas
O cachorro cresceu achando que per- palavras, ela nos mostrava nosso potencial.
tencia a nosso irmão, e às vezes dis- Assim como minha mãe tinha fé em mim
ILUSTRAÇÃO: RICHARD HULL

cutíamos sobre e em meus irmãos, tenho grande fé na nova


quem era o dono. geração de crianças de hoje. Vocês foram
Karl e eu insistía- reservados para nascerem nesta época. Fico
mos que o cachorro comovido ao ver tantas crianças bonitas e

A12
maravilhosas com profunda fé. Vocês, crianças, são o
futuro da Igreja e estão sendo preparadas para uma
obra grandiosa. Ao servirem com fé, plantarão sementes
de retidão e colherão as bênçãos que o Senhor lhes
preparou. ●
FAZENDO AMIGOS

D O I N TEIRO
N
N Ç A S DO MU I C AS DA
R I A M Ú S
AS C N T AM AS
C A O
ORAM, E NDEM
Á R I A E A P R
O M O VOCÊ!
PRIM C
L H O , ASSIM NHECE
R
V A N G E O S C O
E S, VAM E DE
T E M Ê E V A L L
NES G ADO, D
S A L
OMAR O N D U RAS.
S, H
ANGELE

ros nem sempre


ássaros, gatos e cachor

P se dão bem. Em geral,


está à caça do outro.
Mas na casa de Omar
um deles sempre

Salgado, um menino
Honduras, não é raro
de

nove anos que mora em


te periquito verde da
vê-lo carregar o reluzen lo
anto o gato passeia pe
família no braço enqu or ro
ha externa e o cach
telhado ou pela cozin nvi-
rta. Todos parecem co
descansa perto da po
ver em harmonia.
periquito de volta na
Sorrindo, Omar põe o tis-
er às galinhas. Sente sa
gaiola e vai dar de com .
r dos animais da família
fação ao ajudar a cuida
apenas algo que deixa
Ajudar os outros não é dos segredos
seus pais felizes — é um
m com as
de Omar para se dar be
pessoas.

O Segredo de Om
Cuidar U
ns dos O
utros ONDE NO MUNDO FICA VALLE DE ANGELES,
T odos na fam
ília Salgado HONDURAS?
Mas como têm a chan
é o filho m ce de ajuda
esperam ta ais velho, O r.
mbém que m ar sabe que o
novos quan auxilie o ir s p ais
do necessá mão e a irm
Honrar os rio. ã mais
pais e forta HONDURAS
tante para lecer a fam
Omar. Os m ília é algo im ●
Valle de Angeles
dependem e mbros da fa por-
uns dos ou mília Salga
nhos. A cas tros, pois n d o
a mais pró ão têm mu
tos de cam xim a fica a pelo ito s vizi-
inhada. menos 10
Assim, emb minu-
ora veja am
domingos, igos na esc
Omar pass ola e na Ig
irmão de s a boa parte reja aos
eis anos, A de seu tem
Como no c rnold, e a ir p o com o
aso de seu mã de qua
muito bem s a nimais, ele tro , Nathaly.
. s se entend
“Tentamos e m
não brigar ”,
divertido s garante Om
er amigos. ar, pois é m
ais
FOTOGRAFIAS: ADAM C. OLSON; DETALHE DO MAPA FEITO POR THOMAS S. CHILD;

s, acham
mpo Jun
tos
a ly e stão junto
Passar Te e N ath n-
a nd o O rnold
mar, A s ta d e can tar hinos ju
Q u mília go Só na
u ito o q ue fazer. A fa ar é “ F a z-me Andar
m Om
favorito de 0–71).
tos. O hino a ra Cria nças, pp. 7 as brincade
iras
ú sic as p o . U m a d
Luz” (M ca muit ondem
IMAGEM DA TERRA: © MOUNTAIN HIGH MAPS

mãos brin Eles se esc


O trio de ir nde-e s co n d e .
volta.
é a de esco etação em
preferidas asa e n a ve g
orrem
n s d os o utros pela c é o d e p e ga-pega: c
u ção da casa.
de predile em torno
Outro jogo n o te rr e n o rindo-se
os outros Arnold refe
atrás uns d m e le ” , d iz
brincar co
“Gosto de
ais velho.
ao irmão m

ar para a Harmonia
O AMIGO SETEMBRO DE 2008 A15
“Aprendo muito na Primária”, afirma Omar. “Meus
professores são ótimos.”
Na Primária, Omar aprende sobre Jesus e diz que
isso o ajuda a saber como agir para auxiliar os pais e
ser um bom filho.
Omar gosta, em especial, de ler histórias do Livro
de Mórmon. “Adoro Néfi”, revela. Suas histórias favori-
Morar no Vale de Anjos tas são as que se referem à barra de ferro e à constru-
Ao passo que Arnold gosta de brincar com Omar, ção do navio por Néfi. Néfi era um bom filho, sempre
Nathaly prefere desenhar com ele. empenhado em fortalecer a família.
Omar gosta de desenhar e pintar com seus lápis de “Néfi era obediente”, ressalta Omar ao terminar de
cor. Costuma desenhar apenas paisagens, montanhas e alimentar as galinhas. Depois de guardar o restante
casas. E nem é de admirar: há belas fontes de inspiração dos grãos, espera alguns instantes para ver se há
onde mora, nas montanhas perto de Valle de Angeles, alguma outra coisa a fazer antes de correr para brincar
cidade famosa por seus artistas de talento. Até mesmo de pega-pega. “Eu também tento ser obediente.” ●
o nome da localidade, que significa “Vale de Anjos”, é
encantador.
Os vales e montanhas que circundam a casa de
Omar são repletos de árvores e plantas de grande
beleza. De fato, a família de Omar mora numa fazenda
produtora de flores, onde o pai cultiva lindas flores
para a comercialização.
Omar preenche cadernos inteiros com seus dese-
nhos coloridos. E muitas vezes encontramos Nathaly
pintando ao lado dele.

Aprender a Ser Bom


Buscar a harmonia e fazer coisas juntos ajudam a
fortalecer a família de Omar, assim como ir à Igreja
e ler as escrituras juntos.

COISAS
FAVORIT
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Brincad
eira: Pe
ga-peg
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Matéria az-me A
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Artes na Luz”
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REPRODUÇÃO PROIBIDA; BORDA © ARTBEATS

Uma Criancinha: Jay Bryant Ward


Quando mostrou-Se ao povo que se reuníra na terra de Abundância, em 34 d.C., Jesus Cristo
“pegou as criancinhas, uma a uma, e abençoou-as e orou por elas ao Pai.
E depois de haver feito isso, chorou de novo;
“E dirigindo-se à multidão, disse-lhes: Olhai para vossas criancinhas” (3 Néfi 17:21–23).
O
Senhor nos
ordena:
“procurai
conhecimento,
sim, pelo estudo
e também pela
fé” (D&C 88:118).
Como podemos tirar o maior
proveito das oportunidades que temos de
aprender? Ver “O Poder do Aprendizado
Diligente”, p. 16.
9
02022 89059
PORTUGUESE

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