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A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • SETEMBRO DE 2008
Aprender
pelo
Espírito,
p.16
Usar o
Testemunho
para Tomar
Decisões,
p. 10
Lições da Primária
para os Adultos,
pp. 39, 42
Se o Profeta
Falasse
com Você,
p. A2
Setembro de 2008 Vol. 61 Nº 9
A LIAHONA 02289 059 A LIAHONA, SETEMBRO DE 2008
Publicação oficial em português de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
A Primeira Presidência: Thomas S. Monson,
Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf
Quórum dos Doze Apóstolos: Boyd K. Packer,
L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks,
M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott,
Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, David A. Bednar,
Quentin L. Cook, D. Todd Christofferson
Editor: Spencer J. Condie
Consultores: Gary J. Coleman, Kenneth Johson,
Yoshihiko Kikuchi,
Gerald N. Lund, W. Douglas Shumway
Diretor Gerente: David L. Frischknecht
Diretor Editorial: Victor D. Cave
Editor Sênior: Larry Hiller
Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg
Gerente Editorial: R. Val Johnson
Gerente Editorial Assistente: Jenifer L. Greenwood
Editores Associados: Ryan Carr, Adam C. Olson
Editor(a) Adjunto: Susan Barrett
Equipe Editorial: Christy Banz, Linda Stahle Cooper,
David A. Edwards, LaRene Porter Gaunt, Carrie Kasten, Jennifer
Maddy, Melissa Merrill, Michael R. Morris, Sally J. Odekirk, Judith
M. Paller, Joshua J. Perkey, Jan U. Pinborough, Richard M.
Romney, Don L. Searle, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe,
P A R A O S A D U LT O S
Julie Wardell 2 Mensagem da Primeira Presidência: Ser Um Presidente Henry B. Eyring
Secretária Sênior: Laurel Teuscher
Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki 16 O Poder do Aprendizado Diligente Élder Jay E. Jensen
Diretor de Arte: Scott Van Kampen
Gerente de Produção: Jane Ann Peters 21 O Quadro-Negro: Ferramenta de Aprendizado Robb Jones
Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo, 25 Mensagem das Professoras Visitantes: O Evangelho de Jesus Cristo
Collette Nebeker Aune, Howard G. Brown, Julie Burdett,
Thomas S. Child, Reginald J. Christensen, Kim Fenstermaker, Ensina o Potencial Eterno dos Filhos de Deus
Kathleen Howard, Eric P. Johnsen, Denise Kirby, Scott M.
Mooy, Ginny J. Nilson 26 Vozes da Igreja
Pré-impressão: Jeff L. Martin
Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick Não Desisti Carlos A. Del Longo
Diretor de Distribuição: Randy J. Benson Reflexos de História da Família Stephen C. Young
A Liahona:
Diretor Responsável: André B. Silveira Buscas na Finlândia Judith Ann Laurunen McNeil
Produção Gráfica: Eleonora Bahia
Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605)
O Diário de Minha Mãe Edna F. Chandler
Tradução: Edson Lopes 36 Lições do Livro de Mórmon: Erguer o Olhar em Direção ao Senhor
Assinaturas: Marco A. Vizaco
© 2008 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos Mary N. Cook
reservados. Impresso no Brasil.
O texto e o material visual encontrados na revista A Liahona 39 Abençoada pelas Músicas da Primária Jennifer A. Lynn
podem ser copiados para uso eventual, na Igreja ou no lar,
não para uso comercial. O material visual não poderá ser
42 Faço Minha Parte e Deus Cuida do Restante Jenny Piderit de la Maza
copiado se houver qualquer restrição indicada nos créditos 48 Comentários
constantes da obra. As dúvidas sobre direitos autorais
devem ser encaminhadas para Intellectual Property Office,
50 East North Temple Street, Salt Lake City, UT 84150, USA;
e-mail: cor-intellectualproperty@ldschurch.org.
A Liahona pode ser encontrada na Internet, em vários
idiomas, no site www.lds.org. Para vê-la em inglês, clique
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REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE
CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS, do D.P.F., sob nº
1151-P209/73, de acordo com as normas em vigor.
“A Liahona”, © 1977 de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, acha-se registrada sob o número 93 do Estas idéias podem ajudá-lo a faz o prato mais gostoso, mas tam-
Livro B, nº 1, de Matrículas e Oficinas Impressoras de
Jornais e Periódicos, conforme o Decreto nº 4857, de usar esta edição d’A bém é essencial para que dê certo.
9-11-1930. Impressa no Brasil por Prol – Editora Gráfica –
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exemplar avulso em nossas lojas: R$ 2,00. Para Portugal – idéias a sua família ou é importante e pode
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para o exterior: exemplar avulso: US$ 3.00; assinatura:
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cadas indicando-se o endereço antigo e o novo.
“Fortalecer a Fé ao Buscar uma vida melhor.
Notícias do Brasil: envie para noticiaslocais@ldschurch.org. Conhecimento”, p. 10: Façam um “O Poder do Aprendizado
Envie manuscritos e perguntas para: Liahona, Room 2420,
50 East North Temple Street, Salt Lake City,
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prato doce ou salgado para o lan- Diligente”, p. 16: Leiam os quatro
liahona@ldschurch.org. che da noite familiar enquanto pontos que o Élder Jay E. Jensen
A “Liahona”, termo do Livro de Mórmon que significa
“bússola” ou “orientador”, é publicada em albanês,
alemão, armênio, bislama, búlgaro, cambojano, cebuano,
aprendem o que ensina este artigo. aprendeu com o Presidente Boyd K.
chinês, coreano, croata, dinamarquês, esloveno, espanhol,
estoniano, fijiano, finlandês, francês, grego, haitiano, hindi,
Encarregue cada membro da famí- Packer. Conversem sobre como cada
húngaro, holandês, indonésio, inglês, islandês, italiano,
japonês, letão, lituano, malgaxe, marshallês, mongol, lia de um ingrediente da receita. idéia pode ajudá-los a aprender
norueguês, polonês, português, quiribati, romeno, russo,
samoano, sinhala, sueco, tagalo, tailandês, taitiano, tâmil, Conversem sobre a importância de melhor. Peça aos membros da famí-
tcheco, télugo, tonganês, ucraniano, urdu e vietnamita.
(A periodicidade varia de um idioma para outro.) cada ingrediente e como ele não só lia que façam a meta de utilizar essas
Enquanto você procura pelo anel
A11 Página para Colorir
Holandês do CTR que está escondido nesta
edição, pense em como a oração pode
O A M I G O : PA R A A S
ajudá-lo a escolher o que é certo. CRIANÇAS
A2 Vinde ao Profeta Escutar:
Mensagem para Misti
Presidente Thomas S.
PA R A O S J O V E N S Monson
8 O Perfil Perfeito para a Missão Jo Bingham A4 Tempo de Compartilhar: Meu Pai Celeste,
10 Fortalecer a Fé ao Buscar Conhecimento Estás Mesmo Aí? Linda Christensen
Élder Quentin L. Cook A6 Da Vida do Profeta Joseph Smith: Provações
15 Pôster: É Sua Vez para Joseph e Emma
24 O Que Joseph Ensinou: A Revelação e o Profeta Vivo A8 O Exemplo do Presidente Grant Heidi Rose
31 Linha sobre Linha: Mateus 5:14–16 A10 Para os Amiguinhos: Hora da Oração Familiar
32 Quando em Roma … Faça Como Estes Romanos A11 Página para Colorir
Jennifer Maddy A12 De um Amigo para Outro: Meu Irmão e o
44 De Geração em Geração Adam C. Olson Cachorrinho Élder Keith R. Edwards
A14 Fazendo Amigos: O Segredo de Omar para
a Harmonia
10 Fortalecer a Fé ao Buscar
NA CAPA
Conhecimento Primeira capa: Ilustração
fotográfica: Jerry Garns.
Última capa: Ilustração
fotográfica: Steve
Bunderson; fotografia de
livros: Welden C.
Andersen.
CAPA DE O AMIGO
Ilustração: Jim Madsen.
FUNDO © COMSTOCK.COM
O
Salvador do mundo, Jesus Cristo, disse
o seguinte a respeito dos que fariam
parte de Sua Igreja: “Sede um; e se
tentações de Satanás. Com habilidade, ódio
e astúcia, ele tenta atingir seus objetivos,
que são diametralmente opostos aos do Pai
Celestial e do Salvador. O desejo Deles sem-
pre foi conceder-nos a união perfeita e a feli-
não sois um, não sois meus” (D&C 38:27). E cidade eterna. Satanás, que é inimigo tanto
quando o homem e a mulher foram criados, Deles como nosso, conhece o plano de sal-
a união no casamento não lhes foi dada como vação desde antes da Criação. Sabe que os
mera esperança, mas como mandamento! relacionamentos familiares sagrados e felizes
“Portanto, deixará o homem seu pai e a sua podem perdurar somente na vida eterna.
mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão Seu desejo é afastar-nos de nossos entes
Precisamos da ambos uma carne” (Gênesis 2:24). Nosso Pai queridos e tornar-nos infelizes. É ele que
esperança de Celestial quer que sejamos unidos de coração. semeia a discórdia no coração humano, na
vivenciar a união No amor, essa união não constitui um ideal esperança de nos dividir e separar.
nesta vida e nos abstrato. É necessária. Todos nós já passamos pela experiência
tornar merecedores A exigência de sermos um não se aplica tanto da união como da separação. Às vezes,
dela eternamente somente a esta vida. É eterna. O primeiro casa- na família ou em outros ambientes, já tivemos
no mundo vindouro. mento foi realizado por Deus no Jardim do um vislumbre de como é a vida quando uma
E para saber o que Éden quando Adão e Eva ainda não estavam pessoa coloca o bem-estar de outra acima do
fazer, precisamos sujeitos à morte. Ele colocou nos homens e seu próprio, com amor e sacrifício. Por outro
saber como virá essa nas mulheres desde o princípio o desejo de se lado, todos já sentimos tristeza e solidão ao
grande bênção. unirem como marido e mulher para viverem estarmos longe e isolados. Nem é preciso que
em família para sempre, numa união justa e alguém nos diga qual dessas situações deve-
perfeita. Pôs em Seus filhos o desejo de vive- mos escolher. Já sabemos. Entretanto, precisa-
ADÃO E EVA, DE JAY BRYANT WARD
rem em paz com todos a sua volta. mos da esperança de vivenciar essa união
Com a Queda, porém, ficou claro que não nesta vida e de nos tornar merecedores dela
seria fácil viver em união. Logo começaram eternamente no mundo vindouro. E para
as tragédias. Caim matou Abel, seu irmão. sabermos o que fazer, temos de saber como
Os filhos de Adão e Eva estavam sujeitos às virá essa grande bênção.
2
A
oração Nossa Natureza Pode Mudar
sacramental O Salvador do mundo falou dessa
nos faz união e de como teremos que mudar nossa
recordar todas as natureza para torná-la possível. Ensinou isso
semanas que a claramente na oração que proferiu em Sua
dádiva da união última reunião com os Apóstolos antes de
virá por meio da morrer. Essa prece de suprema beleza está
obediência às leis registrada no livro de João. Ele estava
e ordenanças do prestes a enfrentar em nosso favor o ter-
evangelho de Jesus rível sacrifício que tornaria possível a vida
Cristo. eterna. Estava para deixar os Apóstolos
a quem ordenara, a quem amava e com
quem deixaria as chaves para o governo de
Sua Igreja. Então, orou a Seu Pai: o Filho per-
feito ao Pai perfeito. Vemos em Suas palavras
como as famílias serão unificadas, da mesma
forma que todos os filhos do Pai Celestial que
seguirem o Salvador e Seus servos:
“Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo. naquela época, assim como hoje, visava levar
E por eles me santifico a mim mesmo, os filhos de Adão e Eva à unidade da fé em
para que também eles sejam santificados Jesus Cristo. O objetivo final de seus ensina-
na verdade. mentos e dos nossos é unir a família: marido,
E não rogo somente por estes, mas tam- mulher, filhos, netos, antepassados e, final-
bém por aqueles que pela sua palavra hão mente, todos da família de Adão e Eva que
de crer em mim; escolherem o caminho da união.
Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, Vocês se lembram do que o Salvador
o és em mim, e eu em ti; que também eles disse na oração: “Por eles [referindo-Se aos
sejam um em nós, para que o mundo creia Apóstolos] me santifico a mim mesmo, para
que tu me enviaste” (João 17:18–21). que também eles sejam santificados na ver-
Nessas poucas palavras, Ele deixou claro dade” (João 17:19). O Espírito Santo é quem
que o evangelho de Jesus Cristo permite que santifica. Podemos tê-Lo como companheiro
os corações se unam. As pessoas que acredi- porque o Senhor restaurou o Sacerdócio de
tassem na verdade por Ele ensinada aceita- Melquisedeque por intermédio do Profeta
riam as ordenanças e os convênios postos Joseph Smith. As chaves desse sacerdócio
a seu alcance por Seus servos autorizados. estão na Terra atualmente. Por meio desse
Então, pela obediência a essas ordenanças e poder fazemos os convênios que nos permi-
convênios do evangelho, sua natureza seria tem desfrutar constantemente a companhia
modificada. Nesse sentido, a Expiação do do Espírito Santo.
Salvador permite que sejamos santificados. Quando as pessoas têm consigo o Espírito
Assim, podemos viver em união, como é Santo, pode-se esperar que reine a harmonia.
necessário para termos paz nesta vida e habi- O Espírito põe o testemunho da verdade em
tarmos com o Pai e Seu Filho na eternidade. nosso coração, o que unifica os que têm essa
O ministério dos apóstolos e profetas certeza. O Espírito de Deus nunca gera
4
contenda (ver 3 Néfi 11:29). Nunca faz acepção de pessoas, recordamos Seu sacrifício, que torna possíveis o arrepen-
A PARTIR DA ESQUERDA: FOTOGRAFIA TIRADA POR WELDEN C. ANDERSEN; DETALHE DE EM MEMÓRIA DE MIM, DE WALTER RANE, CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA; ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS DE ROBERT CASEY, MATTHEW REIER E CRAIG DIMOND
o que ocasionaria conflitos.1 Dar ouvidos ao Espírito Santo dimento e o perdão. Quando suplicamos, lembramo-nos
leva à paz interior e à união com o próximo. Unifica a alma. Dele como nosso advogado junto ao Pai. Quando senti-
A união da família, da Igreja e a paz do mundo dependem mos o perdão e a paz, recordamos Sua paciência e amor
da unidade da alma dos homens. infinitos. Essa lembrança enche-nos o coração de amor.
Também cumprimos nossa promessa de recordá-Lo
A Companhia do Espírito Santo quando oramos e lemos as escrituras em família. Numa
Até as crianças compreendem o que fazer para terem o oração familiar em volta da mesa do desjejum, um filho
Espírito Santo como companheiro. Está na oração do sacra- pode orar pedindo que
mento, que ouvimos todas as semanas na reunião sacra- outro seja abençoado
mental. Nesse momento sagrado, renovamos os convênios para que tudo corra bem
assumidos no batismo. E o Senhor nos lembra a promessa numa prova ou algo que
que nos foi feita ao sermos confirmados membros da Igreja vá fazer. Quando a bên-
para recebermos o Espírito Santo. Eis essas palavras da ora- ção for concedida, o filho
ção sacramental: “Desejam tomar sobre si o nome de teu que a receber se lembrará
Filho e recordá-lo sempre e guardar os mandamentos que do amor que sentiu de
ele lhes deu, para que possam ter sempre consigo o seu manhã e da bondade do
Espírito” (D&C 20:77). Advogado em cujo nome
Podemos ter Seu Espírito ao guardarmos esse convênio. foi proferida a oração. Os
Primeiro prometemos tomar Seu nome sobre nós. Isso corações serão unidos pelo amor.
quer dizer que devemos considerar-nos Dele. Nós O pore- Guardamos o convênio de recordá-Lo toda vez que
mos em primeiro lugar em nossa vida. Desejaremos o que reunimos a família para ler as escrituras. Elas dão testemu-
Ele deseja, em vez do que dese- nho do Senhor Jesus Cristo, pois essa é e sempre foi a
jamos ou do que o mundo nos mensagem dos profetas. Mesmo que as crianças não se
ensina a desejar. Enquanto lembrem das palavras, elas se lembrarão do verdadeiro
amarmos mais as coisas do autor, Jesus Cristo.
mundo, não teremos paz inte- Em terceiro lugar, quando tomamos o sacramento,
rior. Ter o ideal de conforto na prometemos guardar Seus mandamentos, todos eles. O
vida em família ou da nação por Presidente J. Reuben Clark Jr. (1871–1961), conselheiro
meio de bens materiais acabará na Primeira Presidência, ao fazer um apelo à união num
por provocar sua divisão.2 O discurso proferido numa conferência geral — assim
ideal de fazermos uns aos como em muitas outras ocasiões — alertou-nos
outros o que o Senhor deseja quanto ao perigo da obediência seletiva.
que façamos — a conseqüência Estas são suas palavras: “O Senhor não
natural de tomarmos Seu nome sobre nós — nos deu nada que seja inútil ou desne-
eleva-nos a um patamar espiritual que se asse- cessário. Encheu as escrituras com o
melha a um pedaço do céu na Terra. que devemos fazer para recebermos a
Em segundo lugar, prometemos recordá- salvação”.
Lo sempre. Fazemos isso a cada O Presidente Clark prosseguiu: “Quando
vez que oramos em Seu nome. tomamos o sacramento, fazemos o convênio
Lembramo-nos Dele em de obedecer a Seus mandamentos. Não
especial quando pedimos há exceções. Não há distinções nem
Seu perdão, o que deve ser diferenças”.3 O Presidente
freqüente. Nesse momento, Clark ensinou que, à medida
6
D
teu poder, mente e força” (D&C 59:5) não evemos
são simples sugestões, mas mandamentos perdoar
necessários para contarmos com a compa- aos que nos
nhia do Espírito, sem isso não podemos ofenderem e não
ser unos. nutrir sentimentos
O outro alerta é que nos acautelemos negativos por eles.
do orgulho. A união de uma família ou de O Salvador deu o
um povo enternecido pelo Espírito gera exemplo na cruz:
grande poder. Com esse poder vem o reco- “Pai, perdoa-lhes,
nhecimento do mundo. Quer ele resulte porque não sabem
de elogio ou inveja, pode despertar em o que fazem”.
nós o orgulho e isso ofenderia o Espírito.
Mas há uma proteção contra o orgulho,
que é fonte certa de desunião. Trata-se de
encarar as bênçãos derramadas por Deus
sobre nós não apenas como um sinal de
Seus favores, mas como uma oportunidade
irrita, não suspeita mal” (I Coríntios 13:4–5). de unir-nos às pessoas a nossa volta para
Depois, fez um alerta solene para não reagir- prestarmos mais serviço. O marido e a
mos às faltas alheias, esquecendo-nos das mulher aprendem a ser unos valendo-se
nossas próprias, ao escrever: “Porque agora de suas semelhanças para compreenderem
vemos por espelho em enigma, mas então um ao outro e das diferenças para comple-
veremos face a face; agora conheço em mentarem-se ao servirem-se mutuamente
A CRUCIFICAÇÃO DE CRISTO, CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA; ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS DE MATTHEW REIER
parte, mas então conhecerei como também e aos que os rodeiam. Da mesma forma,
sou conhecido” (I Coríntios 13:12). podemo-nos unir às pessoas que não acei-
A oração sacramental nos faz recordar tam nossa doutrina, mas que também dese-
todas as semanas que a dádiva da união virá jam abençoar os filhos do Pai Celestial.
por meio da obediência às leis e ordenanças Podemos tornar-nos pacificadores, dignos
do evangelho de Jesus Cristo. Quando guar- de ser chamados bem-aventurados e filhos
darmos nosso convênio de tomar sobre de Deus (ver Mateus 5:9).
nós Seu nome, recordá-Lo sempre e cum- Deus, nosso Pai, vive. Seu Filho Amado,
prir todos os Seus mandamentos, recebere- Jesus Cristo, é o cabeça desta Igreja e concede
mos a companhia de Seu Espírito. Isso nos a todos os que O aceitarem o estandarte da
abrandará o coração e nos unificará. Há, paz. Vivamos todos de modo a ser
porém, duas advertências que recebemos merecedores dessa bênção. ■
com a promessa. NOTAS
A primeira é que o Espírito Santo só 1. Ver Joseph F. Smith, Gospel Doctrine,
5a ed. (1939), p. 131.
ficará conosco se permanecermos puros e 2. Ver Harold B. Lee, Stand Ye in Holy
livres do amor às coisas do mundo. A esco- Places (1974), p. 97.
3. Conference Report, abril de 1955,
lha da imundície afastará o Espírito Santo. pp. 10–11.
O Espírito só habita nos que escolhem o 4. Ver David O. McKay, Conference Report,
outubro de 1967, pp. 7–8.
Senhor em vez do mundo. “Purificai-vos” 5. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja:
Spencer W. Kimball (Curso de estudo do
(3 Néfi 20:41; D&C 38:42) e amai “o Senhor Sacerdócio de Melquisedeque e da
teu Deus de todo o teu coração, de todo o Sociedade de Socorro, 2006), p. 175.
N
a movimentada cidade interiorana de Nsawam — [os adultos da cidade] e ensinar-lhes inglês. Na primeira e
8
A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 9
FORTALECER A
FÉ AO BUSCAR
CONHECIMENTO
ÉLDER QUENTIN L. COOK
Do Quórum dos Doze Apóstolos
N
as doutrinas da Igreja, a fé e a de todos os homens, ou para escolherem o
busca de conhecimento não são cativeiro e a morte, de acordo com o cati-
antagônicas, mas compatíveis e veiro e o poder do diabo; pois ele procura
complementares. Quando falo de fé, refiro- tornar todos os homens tão miseráveis
me à fé no Senhor Jesus Cristo. como ele próprio” (2 Néfi 2:27).
Tanto a fé quanto o conhecimento exigem Sabemos que houve uma guerra no céu
esforço e comprometimento. Não podemos devido ao plano de salvação, assim não é de
esperar que a fé esteja no centro de nossa estranhar que os princípios religiosos que
vida se despendermos todas as nossas ener- nos foram ensinados nesta última dispensa-
gias nos estudos, esportes, lazer, trabalho e ção sejam atacados com tamanha ferocidade.
outras atividades. O Presidente Gordon B. Hinckley
Permita-me abordar Permita-me abordar cinco princípios que (1910–2008) fez a seguinte promessa aos
cinco princípios que julgo essenciais para pormos a fé no Senhor jovens: “Agora vocês estão no limiar da
julgo essenciais para Jesus Cristo no centro de nossa vida ao bus- maturidade. Vocês (…) se preocupam com
pormos a fé no Senhor carmos conhecimento diligentemente. os estudos. Preocupam-se com o casa-
Jesus Cristo no centro mento. Preocupam-se com muitas coisas.
de nossa vida ao bus- 1. Entenda que de fato há oposição em Prometo-lhes que Deus não os abandonará
10
A LIAHONA SETEMBRO DE 2008 11
A
base de todas
as decisões
e escolhas
importantes de sua
vida é seu testemunho
de Jesus Cristo e da
restauração de Seu
evangelho por meio do
Profeta Joseph Smith.
O Livro de Mórmon é
um elemento essencial
desse testemunho.
12
o chamado e proclamar o evangelho. conhecimento; o conhecimento é essencial. O conheci-
Naquela noite, mais do que nunca antes, senti o desejo mento em todas as áreas é importante. Temos a grande
de receber resposta para aquelas perguntas. Eu sempre sorte de viver numa época em que a revolução tecnoló-
crera na divindade de Jesus Cristo. Acreditava em Joseph gica está em plena expansão.
Smith e no Livro de Mórmon, mas queria uma confirma- O conhecimento sempre foi fundamental, e hoje pre-
PELO DOM E PODER DE DEUS, DE SIMON DEWEY, CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH,
ção do Senhor. Naquela noite, ao orar, o Espírito prestou senciamos o surgimento de novas e empolgantes tecnolo-
testemunho do Salvador, da veracidade do Livro de gias de ponta. Sem dúvidas, essa revolução tecnológica
Mórmon e do chamado profético de Joseph Smith a pode trazer enormes benefícios para a Igreja e nossos
minha alma. Meu irmão recebeu o mesmo testemunho semelhantes. O conhecimento, antigo ou novo, é de
e tomou a decisão de servir como missionário. Convém suma importância.
observar que, ao voltar da missão, meu irmão estudou
REPRODUÇÃO PROIBIDA; FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN
Medicina. Quando chegou meu aniversário de 20 anos, 4. Siga os conselhos do profeta ao fazer escolhas.
meu pai sentiu satisfação ao me ver sair em missão. Numa Reunião Mundial de Treinamento de Liderança,
o Presidente Hinckley afirmou:
3. Busque conhecimento com diligência, sabedoria e “Ninguém precisa dizer-lhes que estamos vivendo
humildade. em uma época muito difícil na história do mundo. Os
Na busca tanto da fé como do conhecimento precisa- padrões estão caindo em toda parte. Nada mais parece
mos manter a humildade. Jacó ensinou: ser sagrado.
“Oh! Quão astuto é o plano do maligno! Oh! A vai- (…) Não sei se as coisas eram piores nos tempos de
dade e a fraqueza e a insensatez dos homens! Quando Sodoma e Gomorra. (…) Acredito que nosso Pai deve
são instruídos pensam que são sábios e não dão ouvidos verter muitas lágrimas ao olhar para Seus filhos e filhas
aos conselhos de Deus, pondo-os de lado, supondo que inconstantes.”
sabem por si mesmos; portanto sua sabedoria é insensa- Em seguida, em seu estilo peculiar de liderança posi-
tez e não lhes traz proveito. (…) tiva, o Presidente Hinckley nos exortou:
Mas é bom ser instruído, quando se dá ouvidos aos “Não podemos desistir. Não podemos desanimar. Não
conselhos de Deus” (2 Néfi 9:28–29). podemos jamais nos render às forças do mal. (…) Se isso
Um motivo para sermos humildes no tocante ao significa termos que defender a nossa posição sozinhos,
conhecimento é que boa parte dele está sujeito a mudan- precisaremos fazê-lo.
ças. Meu irmão Joe, como comentei, é médico. Hoje tem
mais de 70 anos de idade, e fez os exames periódicos de
habilitação em sua especialidade seis vezes ao longo dos
anos. Rindo, comentou comigo que as perguntas propos-
tas são as mesmas há mais de 35 anos, mas as respostas
não param de mudar. No teste de 35 anos atrás, uma
questão de múltipla escolha típica seria: “Qual é a princi-
pal causa da úlcera péptica?”. A resposta era algo relacio-
nado ao estresse. Hoje, essa mesma pergunta teria como
resposta a ação de bactérias capazes de viver e se desen-
volver no tecido gástrico. Como pode ver, as perguntas
não mudaram, mas muitas das respostas sim. Isso se dá
em várias áreas do conhecimento.
Não usei esse exemplo para fazer pouco caso do
14
É SUA VEZ
A JOGADA MAIS INTELIGENTE
É ESCOLHER O LADO CERTO.
(Ver Mosias 5:10.)
FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH; IDÉIA DE THERON CHRISTENSEN
E
m Doutrina e Convênios, o Senhor Como somos seres espirituais, é essencial
nos aconselha: “Portanto agora todo que aprendamos pelo poder do Espírito.
homem [e toda mulher] aprenda seu
dever” e aprenda “com toda diligência”, pois Aprender pelo Espírito
quem não o fizer “não será considerado O Profeta Joseph Smith ensinou:
digno de permanecer” (D&C 107:99–100). “Todas as coisas que Deus, em Sua infi-
As escrituras trazem 144 referências ao nita sabedoria, considerou convenien-
aprendizado. Vejamos algumas delas: tes e adequadas para revelar-nos
“Ainda que era Filho, aprendeu a obediên- (…) são reveladas a nosso espírito
cia, por aquilo que padeceu” (Hebreus 5:8). precisamente como se não tivésse-
“Aprende sabedoria em tua mocidade; mos corpo algum; e as revelações
Tirem o máximo pro- sim, aprende em tua mocidade a guardar que salvarão nosso espírito salvarão
veito de suas muitas os mandamentos de Deus!” (Alma 37:35). nosso corpo”.1
oportunidades de “[Aprendei] a ser mais sábios do que nós Em Doutrina e Convênios, o
aprendizado. fomos” (Mórmon 9:31). Senhor deixa ainda mais claro
“Aprende de mim e ouve minhas palavras” Seu padrão divino para o ensino e
(D&C 19:23). aprendizado:
“Procurai conhecimento, sim, pelo estudo “Como é que não podeis compreender
e também pela fé” (D&C 88:118). e saber que aquele que recebe a palavra pelo
“E estudarás e aprenderás e familiarizar- Espírito da verdade recebe-a como é pregada
te-ás com todos os bons livros e com línguas, pelo Espírito da verdade?
idiomas e povos” (D&C 90:15). Portanto aquele que prega e aquele que
“[Procurai] zelosamente adquirir sabedo- recebe se compreendem um ao outro e
ria e encontrar a verdade” (D&C 97:1). ambos são edificados e juntos se regozijam”
ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS: JERRY GARNS
16
O
aprendiza-
do do
evangelho
exige profundo
raciocínio, estudo
e oração.
diz respeito ao que é transmitido pelo Espírito Santo. A O Salvador está à porta e bate (ver Apocalipse 3:20). O
mensagem pode ser diferente e talhada pelo Espírito para Espírito Santo está à porta e bate (ver 2 Néfi 33:1–2). Tudo
as necessidades de cada indivíduo”.2 o que nos cabe a fazer é usar nosso arbítrio e convidá-Lo
Em 2 Néfi 33:1, Néfi chama-nos a atenção para outro para entrar.
aspecto do aprendizado pelo Espírito: “Quando um
homem fala pelo poder do Espírito Santo, o poder do Convite ao Aprendizado Diligente
Espírito Santo leva as suas palavras ao coração dos Na Reunião Mundial de Treinamento de Liderança de
filhos dos homens”. É uma promessa grandiosa, mas fevereiro de 2007, sobre ensino e aprendizado, o Presidente
só se cumpre se convidarmos o Salvador a nossa vida. Boyd K. Packer, Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos,
18
disse: ‘Você é tão bom, por tomar conta do irmão a responsabilidade pelo aprendizado a despeito dos
Richards’. E eu pensei: ‘Você não conhece a minha razão dotes didáticos do professor ou orador. Há vários anos,
egoísta’, pois quando caminhávamos de volta para o pré- o Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) observou:
dio, eu simplesmente escutava o que ele tinha a dizer. E eu “As reuniões de testemunho são algumas das melhores
sabia que ele conseguia se lembrar de Wilford Woodruff, e reuniões [da Igreja] em todo o mês, caso vocês tenham
ouvia enquanto ele falava”.3 o Espírito. Se ficarem entediados na reunião de testemu-
Além disso, ouçam não só o que é dito, mas também o nho, há algo de errado com vocês, e não com as outras
que não é dito: os suaves sussurros do Espírito Santo. Cada pessoas. Vocês podem levantar-se, prestar testemunho e
um deles é importante. Devemos sempre estar atentos ao achar que se trata da melhor reunião do mês; mas se
que não é dito pelo professor. Se assim procedermos, o apenas ficarem sentados contando os erros gramaticais
Espírito Santo adaptará a mensagem a nossas necessidades. das pessoas e rindo das que não se expressam bem, sen-
Em quarto lugar, ao ouvirem, é importante organizar tirão tédio. (…) Não se esqueçam disso! Precisam lutar
o que aprendem. Apropriem-se do que ouviram fazendo para adquirir um testemunho. Precisam continuar a
anotações e expandindo as idéias. Se quiserem confirmar fazê-lo!”5
que assimilaram algo, achem alguém para ensinar. Em Que observação maravilhosa.
geral, só aprendemos de verdade quando conseguimos
articular o que aprendemos. Façam o esforço de organizar Aproveitar ao Máximo as Oportunidades
o que aprenderem; valerá a pena. Acima de tudo, continuem a empenhar-se. O Presidente
Packer foi muito enfático em relação a isso em suas
A Preparação para o Aprendizado
A
Além do que fizermos na classe, podemos fazer muitas o nos levantarmos cedo
coisas para favorecer o aprendizado diligente mesmo para estudar, orar,
antes de chegarmos às aulas. ponderar e ouvir,
O Presidente Packer aconselhou-nos: a revelação virá.
“Levantem-se cedo (…) e então [ponde-
rem] pela manhã, quando a mente está
serena. É aí que surgem idéias para o
ensino”.4 Sei que isso é verdade. Ao nos
levantarmos cedo para estudar, orar,
ponderar e ouvir, a revelação virá.
Sejam também pontuais em suas reu-
niões, principalmente na sacramental,
uma das reuniões mais espirituais da
Igreja. Ao irem, sejam reveren-
tes; estejam receptivos à
revelação. Cheguem cedo
para ouvir o prelúdio.
Não procurem amigos
para conversar.
Compareçam como
aprendizes diligentes e
preparem-se para rece-
ber revelações.
Além disso, podemos
comprometer-nos a aceitar
D
esejo seguir
o exemplo do
Salvador, o
Mestre dos mestres.
Mas o que fez Dele o
Mestre dos mestres?
Ele foi, em primeiro
lugar, aprendiz.
palavras. Não desistam. Sejam persistentes ao estudarem. Caso tenha a amabilidade de modificar as três palavras
Tirem o máximo proveito de suas muitas oportunidades marcadas com asteriscos, pretendo publicá-lo e remunerá-
de aprendizado. la por isso’.
Há muitos anos, o Élder Marion D. Hanks, quando era Pouco tempo depois ela recebeu uma carta com 250
assistente do Quórum dos Doze Apóstolos, falou do poder dólares e uma pergunta escrita a lápis no fim da carta:
que recebemos ao aproveitarmos ao máximo nossas opor- ‘O que havia sob os tijolos?’ Por ter aprendido o valor
tunidades de aprendizado. O Élder Hanks contou uma his- do tempo, ela respondeu com uma única palavra:
tória sobre Louis Agassiz, renomado naturalista, que fora ‘Formigas’. Ele replicou: ‘Fale-me sobre formigas’ (…).
abordado por uma desconhecida solteira de certa idade Depois de amplas leituras, muito uso do microscópio
que se queixava e insistia que nunca tivera a chance de e profundos estudos, ela se sentou e escreveu para o Dr.
aprender. Como resposta, o Dr. Agassiz pediu-lhe que exa- Agassiz 360 páginas sobre o assunto. Ele publicou o livro
minasse as chances de aprendizado que já tivera: e repassou-lhe os lucros, e ela visitou todos os países de
“‘O que a senhora faz?’ perguntou ele. seus sonhos com os frutos de seu trabalho.”6
‘Descasco batatas e corto cebolas.’ Há algo fundamental nesse processo de buscar
‘E onde a senhora se senta durante essas atividades o aprendizado diligente e não se contentar com a
interessantes, porém simples?’ mediocridade.
‘No degrau inferior da escada da cozinha.’ Nós nos tornamos melhores aprendizes e assim sere-
‘Onde seus pés repousam?’ mos também melhores professores. Desejo seguir o
‘No tijolo esmaltado.’ exemplo do Salvador, o Mestre dos mestres. Mas o que
‘O que é tijolo esmaltado?’ fez Dele o Mestre dos mestres? Ele foi, em primeiro
‘Não sei.’ lugar, aprendiz. Que o Senhor abençoe todos nós em
‘Há quanto tempo trabalha sentada nesse local?’ nosso empenho de segui-Lo e de nos tornar melhores
‘Quinze anos.’ aprendizes. ■
‘Aqui está meu cartão de visitas’, disse o Dr. Agassiz. NOTAS
‘Teria a gentileza de me escrever uma carta sobre a natu- 1. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith (Curso de
estudo do Sacerdócio de Melquisedeque e da Sociedade de Socorro,
reza do tijolo esmaltado?’” 2007), p. 500.
A mulher levou o desafio a sério. Leu tudo o que lhe 2. “Compreender e Viver a Verdade” (Noite com o Élder Richard G.
ILUSTRAÇÃO: ROBERT T. BARRETT
20
O Qua dr o- N egr o:
Ferra m e n ta de
A pre nd iz ad o
O quadro-negro pode melhorar Diretrizes Básicas
C
omo professor, estou sempre em busca do quadro-negro para o ensino do evangelho.
de maneiras eficazes de envolver os • Simplicidade. Na Reunião Mundial de
ILUSTRAÇÕES E FOTOGRAFIA DE GIZ FEITAS POR ERIC P. JOHNSEN; QUADRO-NEGRO © PHOTOSPIN; FOTOGRAFIAS DE CAMILLA COMBS
22
USAR O QUADRO -NEGRO
PARA CHAMAR A ATENÇÃO
“A meu ver, nenhum auxílio didático supera
— e poucos igualam — o quadro-negro: pri-
meiramente, porque seu uso é extremamente
simples; em segundo lugar, por ser de fácil
acesso — em qualquer parte do mundo encontramos esse
recurso. Podemos usá-lo para fixar o olhar dos alunos enquanto
a lição principal estiver sendo apresentada oralmente. Ao falar-
mos, devemos pôr no quadro apenas o suficiente para chamar a
atenção dos alunos e transmitir-lhes a idéia principal, mas sem
exageros, para que o auxílio visual não os desconcentre.”
Presidente Boyd K. Packer, Presidente do Quórum dos Doze
Apóstolos, Teach Ye Diligently (1975), p. 266.
A REVELAÇÃO
e o Profeta Vivo
Joseph Smith sabia da importância da A REVELAÇÃO É ESSENCIAL
revelação na Igreja. “A doutrina da revelação transcende muito a doutrina da inexis-
tência de revelação; porque uma verdade revelada do céu vale mais
A
partir da Primeira Visão, Joseph Smith foi o pro- do que todos os conceitos sectários existentes.”
feta de Deus escolhido para revelar Sua palavra “Não pode haver salvação sem revelação; é inútil uma pessoa
e vontade à Terra. Ao amadurecer nesse papel, ministrar sem isso. (...); Nenhum homem pode ser ministro de Jesus
Joseph adquiriu uma compreensão nítida da ordem da Cristo a não ser que tenha o testemunho de Jesus; e esse é o espírito
revelação na Igreja. Aqui estão alguns dos ensinamentos de profecia [ver Apocalipse 19:10].”
de Joseph Smith sobre a revelação e a função do profeta
vivo. A ORDEM DA REVELAÇÃO
“E não darás ordens àquele que está acima de ti e à frente
da igreja; pois dei a ele as chaves dos mistérios e as revelações
que estão seladas, até que lhes designe outro em seu lugar”
(D&C 28:6–7).
“Os Presidentes da [Primeira] Presidência lideram a Igreja; e as
revelações da mente e vontade de Deus para a Igreja devem vir por
meio da Presidência. Essa é a ordem do céu e o poder e privilégio do
Sacerdócio [de Melquisedeque]. Também é privilégio de todo líder
desta Igreja receber revelações, desde que estejam relacionadas ao
seu chamado específico e dever na Igreja.”
U
m ano após meu batismo, em
1963, na Argentina, fui cha-
mado para servir como secre-
E
tário do ramo. Certo dia, achei por screvi cerca os documentos
acaso registros de grupo familiar e de 30 cartas acabei percebendo que
gráficos de linhagem em branco. Sem para Udine, esses homens não tinham
treinamento algum, comecei a preen- Itália, e cidades grau de parentesco comigo.
cher os formulários com a ajuda de vizinhas, mas Tornei a escrever —
minha mãe. Ela recordava o nome nenhuma das res- dessa vez perguntando ao
dos antepassados dela e de meu pai, postas trouxe a padre se tinha alguma infor-
bem como datas importantes da vida confirmação que mação sobre meu avô. Ele
deles, até a quarta geração. Ela se eu buscava. me indicou a prefeitura, e
lembrava até de algumas pessoas da mandei-lhes uma carta. Meu
quinta geração e de uma da sexta. vizinhas. Nenhuma coração saltou de alegria
Senti o desejo de aprofundar das respostas trouxe quando recebi uma folha
minhas pesquisas e me empenhei a confirmação que eu com nomes e datas impor-
para confirmar os dados fornecidos buscava. tantes relacionados a meus avós,
por minha mãe. Quando aprendi o Em 1988, foi criada uma biblioteca bisavós, trisavós e muitos outros
propósito do trabalho de história da de história da família em Rosario, e fui familiares. Essa folha também escla-
família, comecei imediatamente a designado bibliotecário. Senti pro- recia que o nome de meu avô fora
enviar ao templo o nome de entes funda alegria ao ter acesso a tantos modificado após sua chegada à
queridos falecidos. materiais. Ficava lendo horas a fio e Argentina, o que explicava a confu-
Apesar do sucesso na família solicitei microfilmes com registros são e dificuldade para localizar seus
materna, tive dificuldades no lado de muitas cidades. No Índice dados.
paterno. Mesmo com grandes esfor- Genealógico Internacional (IGI), Voltei a contatar a prefeitura e
ços, durante quase 25 anos não conse- achei o nome exato de meu avô pedi que me enviassem a folha que
gui confirmar a data de nascimento de e bisavô. Escrevi para a cidade na precedia a enviada anteriormente.
ILUSTRAÇÕES: KRISTIN YEE
meu avô paterno. Como sua certidão Itália onde ambos tinham nascido Eles assim fizeram, e o documento
de casamento indicava que nascera e requisitei as certidões de nasci- continha o nome de mais 27 pessoas.
em Udine, Itália, escrevi cerca de 30 mento. O sacerdote da paróquia Providenciei as ordenanças do tem-
cartas para aquela cidade e localidades local as enviou, mas ao examinar plo para todos esses familiares, com
26
VOZES DA IGREJA
a certeza de que eram de fato meus quando eu tinha 11 anos de idade. inesperadamente. Em meio a seus
antepassados. Aquele relato manuscrito descrevia pertences, achei um anel com suas
Em virtude de experiências mara- sua infância na Inglaterra, na década iniciais, CMY, mas não me lembrava
vilhosas como essas, sinto que meus de 1930, e sua vida durante a de tê-lo visto em seu dedo. Devia
esforços na pesquisa de história da Segunda Guerra Mundial. Ao achar ter usado aquele anel quando jovem
família foram recompensados. aqueles registros, meu interesse ini- ao servir num navio caça-minas
Embora certas vezes tenha havido cial pela história da família intensifi- canadense durante a guerra.
decepções, não desisti. Vejo nitida- cou-se e meu coração voltou-se para Como ele falecera, eu era a única
mente que o Pai Celestial de fato me o de meus antepassados. pessoa viva a aparecer em meu grá-
conduziu em minhas buscas. Quase dois anos depois, em fico de linhagem de uma única
Sei que o Pai Celestial concederá a abril de 1981, meu pai morreu página. Assim, tive que recorrer a
todos os Seus filhos a oportunidade
de receber as ordenanças do templo,
seja agora seja no Milênio. Mas sei
também que nossos antepassados
que aceitam o evangelho no mundo
espiritual estão ansiosos para que
realizemos o trabalho de história da
família. Se dermos o melhor de nós
para o Senhor, Ele abrirá as portas. ■
Reflexos de
História da
Família
S T E P H E N C . YO U N G
N
o verão de 1979, fiquei sur-
preso ao ver que alguns
livros e papéis de minha mãe
N
estavam empilhados num galpão do unca me
quintal de membros de minha ala esquecerei
em London, minha cidade natal em do dia em
Ontário, Canadá. Depois de resgatar que me dirigi à
o que pude das várias caixas de pape- porta do número
lão mofadas, descobri gráficos de 32 da Oaklands
linhagem parcialmente preenchidos Road — a casa
sobre minha família, registros de construída por
grupo familiar e anotações de pes- meu trisavô.
quisa. O verdadeiro tesouro era uma
história pessoal de quatro páginas
redigida por minha mãe, que morrera
outros parentes para conseguir mais meus passos hesitantes me levaram alugamos um carro e iniciamos, na
informações. Um deles era Betty, do ponto de ônibus a meu lar ances- manhã seguinte, a longa viagem até
cunhada de meu avô, que ainda vivia tral, sem saber que tipo de recepção Kauhajoki. Tivemos muita dificuldade
na casa da família em Bexleyhearth, me aguardava. Desde essa época, e estávamos prestes a desistir, quando
Kent, Inglaterra. Eu sempre tivera o descobri um tesouro inestimável de Charlie avistou um pequeno aero-
desejo de visitar a família de minha informações, com parentes, sobre porto. Fomos até lá para pedir ajuda.
mãe e aprender mais sobre ela, mas meus antepassados em ambos os Sandy mostrou nosso relatório a um
na condição de estudante universitá- lados do Atlântico, o que me permi- rapaz, e ele ofereceu-se gentilmente
rio solteiro minhas finanças não o tiu realizar as ordenanças do templo para nos levar à biblioteca municipal.
permitiam. Naquela ocasião, com a por eles. Tenho certeza de que nunca teríamos
herança modesta deixada por meu Nunca me esquecerei do dia em achado a Cidade de Kauhajoki sozi-
pai, poderia enfim fazer essa viagem que me dirigi à porta do número 32 nhos, pois estava bem escondida
transatlântica. da Oaklands Road e vi meu próprio numa estrada ladeada de bosques.
No dia de minha primeira visita à reflexo no vidro. Agora sei que o Parecia que o Senhor estava nos
tia Betty, fiquei tenso. Será que ela rosto conhecido a minha frente não guiando em nossa jornada.
compreenderia meu forte desejo de era muito diferente do semblante de Na biblioteca, uma jovem deu-nos
conhecer mais sobre as gerações pas- meu avô quando jovem, que me dava um mapa, circulando a Igreja Luterana
sadas? Vi o anel de meu pai, que eu as boas-vindas ao lar. ■ e o cemitério. Achamos a igreja facil-
passara a usar na mão direita, refletido mente. Depois de duas horas de
no vidro do ônibus de dois andares busca e da ajuda do pastor e de vários
que me transportava. Isso me trouxe clérigos, um deles telefonou para nos-
consolo, como se a mão dele repou-
sasse em meu joelho, num gesto de
Buscas na sos parentes Laurunen e disse-lhes
que tinham visita dos Estados Unidos.
apoio para minha missão.
Felizmente, a tia Betty recebeu-me
Finlândia Sem tardar, chegaram munidos de
genealogias da família que remonta-
de braços abertos e revelou-me mui- JUDITH ANN LAURUNEN McNEIL vam a 1550.
E
tos detalhes novos e úteis sobre u e minha irmã sentíamos um Com o guarda-livros da igreja como
minha família, inclusive o fato de que vazio por não termos a menor intérprete, andamos pelo cemitério,
meu trisavô construíra aquela casa idéia de quem eram nossos que era muito bem cuidado. Sandy
em que ela morava. Naquela noite, antepassados da família Laurunen. visitou o túmulo do avô pela primeira
dormi no quarto de infância de meu Tudo o que sabíamos era que tinham vez. Mais tarde, viu uma fotografia
avô. Não o conhecera pessoalmente, saído da Finlândia para os Estados dele e segurou seu violino. Ficamos
mas ao olhar as fotografias mostradas Unidos em 1901. Assim, em agosto todos profundamente emocionados
por minha tia, percebi uma sur- de 2004, minha irmã Janice e minha ao sentirmos o vazio anterior se
preendente semelhança física entre prima Sandy uniram-se a mim e meu preencher.
nós. Generosamente, ela deu-me marido, Charlie, numa viagem em Logo depois, nossos primos finlan-
algumas daquelas velhas fotografias busca de nossos antepassados. deses nos levaram à propriedade da
de família, cartas e uma Bíblia da Nas pesquisas que precederam família, que constava de nosso relató-
família que alistava o nome completo nossa viagem, Sandy achou um rela- rio de duas páginas. Disseram-nos que
e a data e o local de nascimento de tório de duas páginas sobre a pro- nossa família possuíra no passado ter-
duas gerações de meus antepassados priedade rural da família Laurunen, ras a perder de vista. A casa na pro-
a partir da década de 1830. construída em 1605. A menção mais priedade familiar era enorme e
Já se passaram mais de 25 anos antiga a nossa família datava de 1569 abrigara membros da família Laurunen
desde aquela tarde chuvosa de na Cidade de Kauhajoki. desde 1550. Quando o exército russo
setembro na Inglaterra, quando Ao chegarmos à Finlândia, invadiu Kauhajoki, no século XIX,
28
usou a casa como quartel. As tropas e aprofundar as pesquisas. Em 2006,
incendiaram a igreja e todas as outras
casas da área. Todos, inclusive nossa
organizamos nossa primeira reunião
da família Laurunen nos Estados O Diário de
família, refugiaram-se na floresta. Após
a retirada dos russos, nosso avô
Unidos, e 15 de nossos primos finlan-
deses participaram. Oitenta e nove
Minha Mãe
tomou a dianteira na construção da familiares vieram prestar tributo à E D N A F. C H A N D L E R
M
nova igreja, que víramos pouco antes. vida de nossos avós. inha mãe morava comigo
Com o tempo, as terras em volta da Que alegria foi conhecer uma his- havia quase cinco anos.
casa foram loteadas e vendidas. tória familiar tão rica e fascinante e Cheia de amor e gratidão,
Em 2005, Janice, Sandy e eu volta- aprender mais sobre quem sou e de eu cuidava dela com prazer, assim
mos a Kauhajoki para fazer outra onde venho. A história da família é a como ela cuidara de mim por tantos
visita a nossos primos recém-achados obra do Senhor. ■ anos. Mas eu tinha saudade de seu
sorriso e suas brincadeiras. Tudo o
que eu mais queria era fazê-la sentir
de novo a alegria e empolgação do
passado, quando passeávamos jun-
tas. Em todos os lugares por onde
passávamos, minha mãe nunca dei-
xava de apontar as flores, os pássaros
nos postes telefônicos ou as crianças
brincando.
Eu sentia falta de nossa doce cum-
plicidade ao descascarmos batatas,
prepararmos feijão ou lermos juntas.
Como eu queria falar de experiências
de infância com ela e dar-lhe
notícias de meus irmãos e
A
ndamos
seus netos. No passado, ela
pelo cemi-
sentia enorme prazer ao
tério bem-
receber a visita de familiares,
cuidado, e minha
principalmente dos netos.
prima visitou o
Mas agora a senilidade rever-
túmulo do avô pela
tera todo o quadro. Ela nem
primeira vez.
mais sabia quem eu era: ape-
nas alguém especial que cui-
dava dela.
O dia com minha mãe
tinha sido particularmente
difícil. Como sempre, ela não
apresentava a menor reação
quando eu tentava conversar e me
olhava com desconfiança quando eu
a ajudava. Ao sentar-me no sofá para
meditar, estava exausta e frustrada.
Comecei a ler em voz alta um dos
S
enti um
dade, partir deixando-a viúva aos mentos compli-
amor indes-
59 anos de idade. Escreveu sobre cados. Era
critível por
a saudade que sentia de meu pai e verdade! E ela
aquela mulher
sobre o quanto se preocupava fizera isso aos 70
corajosa e sempre
com meu irmão mais velho, aco- anos de idade!
pronta a fazer
metido da mesma doença. Lembrei como
sacrifícios e uma
Minha mãe escreveu sobre ela sempre me
profunda gratidão
experiências felizes e gratifican- apoiara quando
pelas palavras de
tes, como dar aulas na Igreja e precisei dela. Ao
seu diário, que a
participar de atividades dos adul- longo dos anos,
tinham trazido de
tos solteiros. Discorreu sobre
volta para mim.
a satisfação que sentia ao ir a
Dilkon, Arizona, para ensinar
o evangelho uma vez por
semana na reserva indígena
navajo. Isso me fez lembrar
que ela sempre ressaltara a
importância de cumprir-
mos nossos tratos quando
alguém contava conosco.
Às vezes, escrevia pouco,
por estar ajudando
alguém; isso me fez
recordar que ela sem-
pre levava alimentos ou
presentes a qualquer pes-
soa que ela achasse que
precisava de ajuda ou incen-
tivo. Em muitas páginas do
diário ela prestava testemunho
do evangelho.
Fiquei comovida em especial
30
LINHA SOBRE LINHA
MATEUS
5:14–16
No Sermão da Montanha, o Salvador nos ensinou a importância
de deixarmos o evangelho brilhar em nossa vida.
Cidade no Monte
Na Antigüidade, as cidades costumavam ser construí-
das no alto de montes por questões de defesa e segu-
rança. As pessoas as viam de longe e sabiam para onde
Boas Obras
correr em caso de perigo. Qual é a semelhança entre
seguir a Cristo e ser uma cidade numa colina? Cante ou leia o hino “Neste Mundo” (Hinos, nº 136).
Anote algumas coisas que você pode fazer para ajudar ou
Alqueire
edificar alguém e planeje ocasiões para isso. Ponha sua
Essa palavra de origem árabe se refere a uma antiga lista num local bem visível.
medida grega de capacidade para sólidos e líquidos
(cerca de 8,7 litros) e se aplica também ao recipiente
usado na medição. Imagine cobrir uma vela com um Nota do redator: Esta página não visa constituir uma explicação
exaustiva do versículo selecionado das escrituras, apenas o ponto
grande balde. de partida para seu próprio estudo pessoal.
32
M
ultidões circulavam apressadamente pelas lojas Hoje em dia, os rapazes e moças da Estaca Roma Itália
e acenavam para amigos no centro apinhado da permanecem firmes, assim como o império durante certo
cidade. Algumas pessoas falavam de negócios a período. Mas esses jovens resistem bravamente às influên-
caminho do trabalho, já outras trocavam idéias sobre polí- cias invasoras do adversário e fortalecem sua espirituali-
tica. Crianças brincavam, aproveitando o sol da manhã. dade ao viverem em retidão.
É assim que devia ser um dia típico na Roma antiga.
O Império Romano era uma grande civilização com Missionários Romanos
poderio militar e econômico. Quem poderia imaginar Numa carta aos romanos, o Apóstolo Paulo declarou:
sua queda? “Não me envergonho do evangelho de Cristo” (Romanos
FOTOGRAFIAS: JENNIFER MADDY
Mas ela aconteceu. Em âmbito interno, a decadência 1:16). Os jovens da Igreja que vivem em Roma na atualidade
do império foi causada pela sede de poder e riqueza dos tampouco se envergonham nem precisam ser compelidos a
habitantes e seu viver desregrado. De fora, o império defenderem suas crenças, embora às vezes não seja nada
enfraquecido foi invadido e conquistado por potências fácil.
vizinhas.
Arianna Hibo, de 15 anos de Denise De Feo, de 15 anos,
idade, relata: “Tenho alguns ami- considera seu irmão mais velho
gos que não partilham minhas um exemplo: “Ele está na missão
idéias, mas sempre me respeitam”. agora, passando por muitas expe-
Dalila Vardeu, de 15 anos, acres- riências. Nem todas são boas, mas ele sem-
centa: “Tenho amigos que me pre tira lições de vida. Isso me reconforta”.
ouvem e tentam compreender Os jovens sabem que até
E
m meio às ruínas quem sou”. mesmo atos aparentemente
de uma cidade Mas quem é ela? Que características defi- pequenos de serviço ou trabalho
antiga, esses nem esses jovens santos dos últimos dias que missionário podem exercer um
jovens da Igreja vivem na movimentada capital da Itália? São impacto positivo sobre os outros. É o que diz
constroem sua vida honestos, dedicados, amistosos, justos e sin- Davide Bosco, de 17 anos: “Nas escrituras, o
sobre o alicerce do ceros em seu desejo de viver e partilhar o Senhor pede que resplandeçamos (ver Mateus
evangelho, das boas evangelho. 5:16) — não nas grandes coisas, mas nas
amizades e dos Sami Pace, de 16 anos, serviu pequenas”.
padrões elevados. como presidente do quórum de
diáconos quando era o único Para o Vigor da Juventude Italiana
membro do quórum. “Aprendi a Os membros jovens de Roma de fato bri-
importância da obra missionária, mesmo que lham, o que constitui um enorme contraste
até agora não tenha visto resultados”, conta. em relação aos antigos romanos que infeliz-
“Sou o único membro da Igreja de minha mente abraçaram práticas iníquas que contri-
idade no bairro. A cada dia compreendo buíram para seu declínio moral. Em vez disso,
melhor o trabalho missionário.” os jovens de hoje refletem a Luz de Cristo e
34
fortalecem sua espirituali- templo fique longe, esses
dade mantendo padrões jovens o guardam no cora-
elevados e freqüentando o ção ao empenharem-se
templo. para conservar os sentimen-
Denise acha que a prá- tos especiais que recebem
tica do evangelho constitui ao freqüentarem a casa do
um alívio das muitas pres- Senhor.
sões do mundo atual. O evan- “Quando estou no templo,
gelho também a ajuda a saber sinto-me em casa”, afirma Sami.
escolher o que é certo. “As coi- “A cada vez, cresço um pouco
sas que meus amigos fazem nem sempre são aconselhá- mais.”
veis”, afirma com simplicidade. “O que mais aprecio no templo
Mas Ricardo Celestini, de 14 anos, ressalta a é sentir o Espírito com intensidade”,
importância de receber apoio para fazer esco- revela Andrew. “Sei que nossos antepassados estão nos
lhas corretas: “Às vezes também preciso da agradecendo pelo auxílio que lhes prestamos. É nosso pre-
ajuda de minha família ou outro tipo de auxí- sente para eles.”
lio, pois não posso resistir sozinho”. Dalila concorda. “É maravilhoso sentir que as pessoas
Parte dessas outras fontes de ajuda vêm de aceitam o que estamos fazendo por elas. É uma experiên-
Para o Vigor da Juventude. Esse folheto ajuda cia excepcional.”
os jovens de diferentes formas. Andrew Bishop, Arianna resume com brio os comentários dos amigos:
de 13 anos, não vai aos treinos e partidas de sua “Tudo o que disseram é verdade. O templo é um local
equipe de beisebol quando acontecem aos domingos. sagrado na Terra e pouco importa que se situe na Suíça
Arianna também segue os conselhos quanto à obser- ou na Espanha. O Espírito é sempre o mesmo, e pode-
vância do Dia do Senhor. Como corredora, precisou com- mos crescer a cada vez.”
petir em muitos domingos. Por fim, sabia que teria de A Roma de hoje é repleta de ruínas de prédios, escada-
tomar uma decisão. “Orei e, embora tenha sido uma reso- rias e arcos antigos — partes de estruturas outrora gran-
lução difícil, preferi ir à Igreja”, relata. diosas destruídas por inimigos mais fortes. Os jovens de
Para Davide e Riccardo, os conselhos sobre a honesti- Roma, por outro lado, usam as partes de sua vida — o
dade são de grande valia. “Na escola somos tentados a evangelho, as escrituras, a família, os padrões, o templo
enganar os professores, copiando as lições de casa dos — para desenvolver um testemunho sólido e capaz de
colegas”, conta Davide. “Mas se não agirmos assim, vamos resistir às influências negativas do mundo.
nos destacar dos demais.” Ele acrescenta que a honesti- Sami tem uma sugestão para adquirirmos essa força:
dade “é um princípio que nem todos consideram impor- “Não desistam. Sigamos em frente”. ■
tante, mas é o que faz a diferença”.
Riccardo sabe que a honestidade nos esportes também “O Senhor pede que
é essencial. “Se formos honestos, teremos certeza de dar
o melhor de nós, sem trapaças. Ficaremos satisfeitos com
resplandeçamos.”
o que fizermos.”
Perto e Longe
Há algo com o qual esses jovens não estão satisfeitos:
o número de visitas ao templo. Como não há templo na
Itália, os membros da Igreja em Roma estão a nove horas
de carro (só a ida) do Templo de Berna Suíça. As caravanas
para batismos vicários não são freqüentes. Mas embora o
“Aprendi a importância
da obra missionária.”
LIÇÕES DO
LIVRO DE MÓRMON
Erguer o Olhar em
Ao continuar a
erguer o olhar em
direção ao Senhor,
reconheço que Ele
Direção ao Senhor
MARY N. COOK Naquele dia, fiz uma descoberta interes-
expande minha Primeira Conselheira na Presidência sante. Quando olhava para baixo, minha
Geral das Moças
visão limitada e visão se limitava a uma estreita faixa de cal-
mortal e a trans-
forma numa pers-
pectiva eterna. Q uando eu e meu marido estávamos
servindo na Área Ásia, percorríamos
com freqüência Wan Chai Gap, uma
trilha perto de nossa casa em Hong Kong. A
çada. Ao me arrastar pelo caminho, avistava
sempre a mesma faixa estreita e interminá-
vel de concreto e nada mais. Mas, quando
ergui o olhar, contemplei uma linda paisa-
subida era íngreme e penosa, principalmente gem. Vi árvores com lindas flores amarelas,
em dias quentes e úmidos. pássaros voando e cantando melodias har-
Certo sábado, percebi que não estava moniosas e alunos de tai chi chuan abrindo
apreciando nossa caminhada, que parecia ritmadamente leques coloridos como parte
mais uma punição que um exercício. Com de seus exercícios. Logo chegamos ao local
os olhos fixos no chão durante quase todo desejado, Stubbs Road, e ao longe divisei
o trajeto, tinha a impressão de que nunca um belo céu azul e nuvens brancas e
chegaríamos ao topo. algodoadas.
36
Olhar para o Senhor buscavam o Senhor ao enfrentarem circunstâncias difíceis.
Quando olhamos para baixo, com um enfoque restrito No livro de Alma, lemos:
e limitado a nossas circunstâncias, corremos o risco de “Tiveram muitas aflições; sofreram muito, tanto física
FOTOGRAFIA DA IRMÃ COOK TIRADA POR BUSATH PHOTOGRAPHY; ILUSTRAÇÕES DE SAM LAWLOR
não enxergar muitas das oportunidades que o Senhor tem quanto mentalmente (…) e sofreram também muitas tri-
reservadas para nós. Será que permitimos que nossas cir- bulações no espírito. (…)
cunstâncias nos turvem a visão ou erguemos o olhar para E aconteceu que viajaram muitos dias no deserto; e
o Senhor, que pode expandir nossos horizontes? jejuaram e oraram muito para que o Senhor lhes conce-
Os transtornos — como os problemas de saúde, a perda desse que uma porção de seu Espírito os acompanhasse e
de um ente querido, o divórcio ou dificuldades financeiras permanecesse com eles, a fim de servirem de instrumento
— são parte integrante da vida de todos. Todos nós nos nas mãos de Deus, para, se possível, levarem seus irmãos,
deparamos com obstáculos imprevistos. Um grande desafio os lamanitas, a conhecerem a verdade, a conhecerem a
é reagirmos de modo positivo a esses reveses. iniqüidade das tradições de seus pais, que não eram cer-
Em Para o Vigor da Juventude, a Primeira Presidência tas” (Alma 17:5, 9).
promete: “O Senhor fará muito mais por sua vida do que Assim, em vez de se concentrarem em seus contratem-
vocês poderão fazer por si mesmos. Ele aumentará suas pos, procuraram meios para servir de instrumentos nas
oportunidades, expandirá sua visão e os fortalecerá. Ele mãos de Deus a fim de edificar e abençoar o próximo. Em
lhes dará a ajuda de que necessitam para enfrentar suas resposta a seus jejuns e orações e em virtude de sua fé e
provações e desafios”.1 obras, o Senhor concedeu-lhes a ajuda de que precisavam
Os filhos de Mosias compreendiam esse princípio e em suas adversidades.
Coragem para Seguir Avante Por meio das atividades da Sociedade de Socorro e do
Eu tinha 37 anos de idade quando fui selada a meu programa de professoras visitantes, fiz amizade com mui-
marido no Templo de Salt Lake. Meus anos de solteira tas irmãs, e elas com freqüência me incluíam em suas ativi-
apresentaram muitos desafios singulares. Eu sempre dades familiares. Mas não esperei ser incluída: procurei
achara que aos 25 anos já estaria casada e com filhos, oportunidades de ser incluída. Eu me oferecia para cuidar
mas me vi numa situação bem diferente da esperada. dos filhos delas, e as convidava com a família para jantar.
Muitas vezes surpreendi a mim mesma olhando para Seus filhos se tornaram meus filhos.
o chão, centrada em mim mesma e totalmente absorta Também percebi que o melhor lugar para amar e ser
em meus problemas. Minha perspectiva estava limitada. amado é no seio da própria família. Meu irmão tinha três
A vida parecia penosa e injusta. Sentia desânimo. Havia filhos, e me interessei pela vida, pelos estudos e pelas ati-
perdido a autoconfiança. vidades deles.
Recordo um momento decisivo de minha vida quando, Por estar contribuindo, minha autoconfiança aumentou
como os filhos de Mosias, recorri ao Senhor. Eu sempre e achei a vida mais interessante e compensadora ao me vol-
fora ativa na Igreja e tinha um “conhecimento da verdade” tar para o Senhor. Assim como vi árvores, flores, pássaros e
(I Timóteo 2:4; II Timóteo 3:7), mas almejava mais. Tomei pessoas ao longo do caminho ao tirar o rosto do chão, em
a decisão de ser mais diligente em meu estudo das escri- Wan Chai Gap, o fato de erguer o olhar para o Senhor aju-
turas, orar mais e viver de modo a fazer jus à orientação dou-me a enxergar novas oportunidades na vida.
do Espírito com mais intensidade. Eu ansiava por ser um Ao continuar a erguer o olhar em direção ao Senhor,
“instrumento nas mãos de Deus”, como no caso dos filhos reconheço que Ele expande minha visão limitada e mortal
de Mosias. e a transforma numa perspectiva eterna. Por meio de res-
Precisei “[encher-me] de coragem” (Alma 17:12) para postas a orações, aprendi que o Senhor me conhece, que
sair em busca de novas oportunidades. Tracei metas pro- me ama e está atento a mim e minhas circunstâncias. Esse
fissionais e me matriculei num programa de pós-gradua- conhecimento fortaleceu minha fé e deu-me a certeza de
ção para melhorar minhas perspectivas profissionais. que Ele continuará a ajudar-me a vencer futuras prova-
Decidi mudar de uma ala de solteiros para uma ala de ções e desafios. Para isso, basta dirigir-me a Ele em busca
famílias. Envolvi-me, participando de piqueniques e janta- de oportunidades e “escolher a retidão e felicidade, não
res familiares e outras atividades para os adultos. Entrei importando quais sejam [minhas] circunstâncias”.2 ■
para o coro da ala. Passei a conhecer muito bem o bispo.
NOTAS
Era um homem sábio e atencioso que me confiou cargos 1. Para o Vigor da Juventude (2001), p. 42.
que abençoaram minha vida. 2. Para o Vigor da Juventude, p. 5.
38
Abençoada pelas
Músicas da Primária J E N N I F E R A . LY N N
Eu não esperava beneficiar-me de meu anos de idade, eu sofrera um derrame cerebral que me
chamado de líder de música. Agora, é deixara incapacitada de falar e me movimentar. Contudo,
naqueles momentos lúgubres e solitários, a lembrança de
difícil pensar numa forma pela qual experiências em meu antigo chamado de líder de música
ILUSTRAÇÕES: BETH WHITTAKER, EXCETO QUANDO INDICADO EM CONTRÁRIO; ILUSTRAÇÕES DE
40
aborrecidos e os embalavam todas as noites. Eles insistiam Faz quatro anos que sofri o derrame cerebral, e recupe-
para ouvir os CDs3 de Músicas para Crianças no carro — rei muito mais capacidades do que os médicos jamais
mesmo em viagens curtas — e assim começaram a memo- poderiam esperar. Tenho um pouco de movimento no
rizar muitas das músicas. braço direito, o que me permite digitar no computador
Entretanto, foi só depois de meu derrame que me dei e operar uma cadeira de rodas elétrica. Uso uma forma
conta dos efeitos de longo alcance daquela modificada da língua de sinais — que aprendi
A
música em minha vida. Devido à intensa letra e a inicialmente em meu chamado na Primária —
experiência recente de cantar as músicas da melodia das para me comunicar. Por causa disso, ainda
Primária, percebi que eram o que me dava músicas da posso “cantar” músicas da Primária com
forças para enfrentar minhas provações. Em Primária podem meus filhos e externar meus sentimentos a
minhas horas mais difíceis, eu orava e can- ser simples, mas a familiares e amigos.
tava mentalmente “Oração de uma Criança”. 4
mensagem e o poder Antes do acidente vascular, eu sempre pla-
Quando eu clamava como a criança na pri- de cada uma delas nejara cantar no batismo de meus filhos. Em
meira estrofe, “Meu Pai Celeste, estás mesmo são inquestionáveis. agosto de 2005, meu filho mais velho, Zach,
aí?”, Ele respondia misericordiosamente tran- foi batizado. Consegui usar a mão direita para
qüilizando-me e mostrando-me que eu não tocar o melhor possível “Quando Eu For
estava sozinha e que Ele estava a meu lado, Batizado”, 6 com o apoio de meu marido que
conforme dito na segunda estrofe da música. me segurou no banco do piano. Foi gratificante
Como isso me revigorava e apaziguava! externar meus sentimentos mais profundos em
Durante a convalescença, meu marido e relação ao batismo por meio da música — um
meus filhos iam ao hospital realizar a noite método que Zach compreendia.
familiar comigo e cantavam com freqüência Quando comecei a servir como líder de
5
“Fala-se com Amor”. Essa tinha sido a última música que eu música da Primária, não achava que o chamado me benefi-
ensinara na Primária, e era maravilhoso ouvi-la da boca de ciaria. Mas como o fez! As músicas da Primária abençoa-
meus filhos, sabendo que fora eu que plantara as sementes. ram-me com uma melhor compreensão dos princípios do
Enquanto cantavam, eu me identificava com a mãe citada na evangelho, um testemunho fortalecido, a capacidade de
canção, orando de joelhos. (E como eu gostaria de poder me comunicar com minha família e o vigor para perseve-
ajoelhar-me!) As súplicas dela ao Pai Celestial também eram rar. A letra e a melodia das canções da Primária podem ser
minhas. Eu sentia a mesma gratidão pela autoridade do simples, mas a mensagem e o poder de cada uma delas
sacerdócio em meu lar. Embora eu não pudesse externar são inquestionáveis.
esses pensamentos para minha família, a música da Primária Talvez nem sempre compreendamos por que Deus nos
transmitia esses sentimentos em meu lugar. dá determinado encargo. Mesmo assim, devemos confiar
no Senhor e depositar nossa fé Nele e em Seus sussurros.
Sou imensamente grata por ter servido como líder de
música da Primária antes de meu derrame! As músicas
que não sou mais capaz de cantar ainda podem transmitir
meus sentimentos do evangelho aos outros. A cada vez
que ouço meus filhos entoarem canções da Primária, sei
que seu testemunho está-se fortalecendo e que eles parti-
lham meu amor pelo Senhor e Seu evangelho. ■
NOTAS
1. Músicas para Crianças, p. 140.
2. Músicas para Crianças, pp. 40–41.
3. 50177 059.
4. Músicas para Crianças, pp. 6–7.
5. Músicas para Crianças, pp. 102–103.
6. Músicas para Crianças, p. 53.
H
oje sou uma jovem adulta, mas uma Ela visitava com regularidade as crianças que estavam menos ativas
experiência marcante que tive quando e sempre se dirigia a elas com palavras extremamente carinhosas.
menina tem Muitas vezes encontrávamos essas crianças brincando na rua, e minha
me ajudado em toda mãe parava o carro e dizia com um tom de voz entusiasta: “Olá! Até
a minha vida. Sou de domingo na Igreja”. A maioria delas concordava. Mas no domingo
Renaico, uma cida- seguinte, éramos só nós duas novamente.
dezinha do Chile. Às vezes, eu ficava frustrada quando aquelas crianças não iam à
Lembro-me com certa Igreja. Eu reclamava: “Basta, mãe. Elas não querem ir”. Mas ela res-
emoção de quando minha pondia com amor: “Preciso ser responsável em meu chamado e
mãe, Ruby, era a presidente da perseverar”.
Primária. Na época, nosso ramo era Certo dia, aconteceu algo
bem pequeno; eu era a única criança inacreditável. Um menino
a freqüentá-lo. Era ela que dava as chamado Carlos foi
aulas. Quando chegávamos à capela
domingo de manhã, ela dizia: “Bom dia,
Jenny. Sou sua professora da Primária”. Ela
repetia essa frase todas as semanas. Fazíamos
a oração de abertura, cantávamos um hino e
depois ela começava a aula.
42
à Igreja e disse: “Viu, irmã Ruby? Eu tinha pro- semanalmente. Como foi maravilhoso ver o
metido vir”. Pelo menos éramos então dois amor de minha mãe pelas crianças ser recom-
alunos. A alegria fez o rosto de minha mãe pensado. Mais de dez anos já se passaram,
ficar radiante, e a cada vez que Carlos compa- desde sua desobrigação, e a Igreja hoje está
recia, ela me dizia: “Viu, filha? Precisamos ser mais forte, mas ninguém jamais superou a
persistentes, e Deus cuidará do restante”. façanha dela de reunir 35 crianças!
Um dia, Carlos começou a vir acompa- Hoje sou a presidente da
nhado de um menino chamado Alexis. Nós Primária. Amo essas crianças, que
três adorávamos brincar juntos, e somos tanto me ensinam. Sou grata por esse
amigos até hoje. A partir de então, um chamado maravilhoso e pelo exemplo
ILUSTRAÇÃO: NATALIE MALAN
número cada vez maior de crianças come- de perseverança de minha mãe. Sei
çou a freqüentar. que o Pai Celestial vive e que é
Ao cabo de dois anos, minha mãe foi deso- verdade o que diz minha mãe:
brigada do chamado. Quando deixou a “Faço minha parte e Ele
Primária, 35 crianças estavam freqüentando cuida do restante”. ■
Q
uando
minha mãe
via crian-
ças brincando,
parava o carro e
as convidava entu-
siasticamente para
irem à Igreja.
C
aso tenhamos lido o primeiro versículo do Livro de
Mórmon, já conhecemos algo sobre Juan Ordoñez, Como Transmitir o Legado?
de 17 anos de idade, e sua irmã Mayra, de 15 anos, Juan nem lembra quantos anos tinha quando começou
membros da Ala Pachitol, Estaca Patzicía Guatemala. a trabalhar com o pai na lavoura. “Os filhos começavam a
Juan, Mayra e seus sete irmãos mais velhos nasceram me acompanhar ainda pequenos”, conta Joel, o pai de
“de bons pais”, que lhes ensinaram as habilidades de que Juan. “Aprenderam observando e depois fazendo o que
a família precisa para sobreviver — a agricultura e a fabri- podiam, em função de sua força e capacidade.”
cação de tortilhas — bem como o idioma de seus ante- Mayra aprendeu a fazer tortilhas da mesma forma,
passados, o cakchiquel. observando a mãe e as irmãs até que atingiu a idade
Mas essas não são as únicas semelhanças com a família suficiente para dar sua contribuição.
de Néfi. Juan e Mayra têm pais que compreendem que é No entanto, arar a terra, plantar e fazer tortilhas não
tão importante transmitir um “conhecimento da bondade são as únicas coisas que estão sendo transmitidas de uma
e dos mistérios de Deus (1 Néfi 1:1) quanto dos meios de geração para a outra. Ao preparar a massa das tortilhas e
subsistência. dar-lhes forma, a mãe de Mayra, Carmela, estava também
Embora muitos adolescentes não tenham pais como moldando o caráter da filha. Ao preparar o solo, cultivá-lo
Leí e Saria para lhes ensinarem o evangelho (ver o e plantar, o irmão Ordoñez, pai de Juan, estava fazendo o
comentário da página 47), para Juan, Mayra e outros que mesmo com o coração do filho.
têm essa oportunidade, a grande pergunta é: será que Ao despenderem tempo juntos, os filhos não somente
44
A
viam como os pais trabalhavam, mas tam- s coisas
bém como viviam. E sempre que surgia a que Juan
oportunidade, os pais tocavam no assunto (abaixo, à
do evangelho durante o trabalho. esquerda) e Mayra
Contudo, observar — e mesmo agir — (à esquerda) estão
nem sempre é o bastante. Na primeira famí- aprendendo com
lia do Livro de Mórmon, Lamã e Lemuel seus pais (página ao
ouviram as mesmas coisas que Néfi ouviu lado) são importan-
de seu pai e até fizeram o que o pai pedira. tes não apenas para
sua sobrevivência
física, mas também
EM
espiritual.
GERAÇÃO
FOTOGRAFIAS: ADAM C. OLSON; NA EXTREMA DIREITA: DETALHE DE LIAHONA, DE ARNOLD FRIBERG
S
e Juan e quel a algumas horas da À medida que as crian-
Mayra não Cidade da Guatemala. ças cresciam, o irmão e a
aprenderem Como muitos dos fregueses irmã Ordoñez se pergunta-
essas coisas impor- que compram suas tortilhas e contratam vam se elas ouviriam. Será que obedece-
tantes por si mesmos, seus serviços agrícolas não falam espanhol, riam? Será que teriam o desejo de saber,
como poderão trans- foi importante para Juan e Mayra aprender como Néfi? Será que ensinariam o evange-
miti-las aos próprios cakchiquel. lho aos próprios filhos?
filhos? Mas nem todos pensam da mesma Talvez seja cedo demais para saber. Mas
forma. O cakchiquel não é ensinado nas o irmão e a irmã Ordoñez têm motivos para
escolas. Esse idioma é transmitido oral- nutrir esperanças.
mente há séculos, de pai para filho. Os filhos mais velhos estão começando
Contudo, a cada nova geração há muitos a partilhar as verdades do evangelho. E os
que se recusam a aprendê-lo ou que o menores também já reconhecem a impor-
consideram sem utilidade. tância de propagar a mensagem. “Às vezes é
A sede de conhecimento é essencial e vai difícil seguir os conselhos dos pais”, admite
além do mero aprendizado de uma língua. Juan. “Mas sou grato pela ajuda deles.”
Leí queria que seus familiares soubessem “Eles não me ensinaram apenas a cozinhar
46
VIVER O EVANGELHO SOZINHO
E
A PARTIR DA ESQUERDA: NÉFI REPREENDENDO SEUS IRMÃOS REBELDES, ABINÁDI DIANTE DO REI NOÉ E ALMA BATIZANDO NAS ÁGUAS DE MÓRMON, DE ARNOLD FRIBERG
se seus pais não ensinarem o evangelho a você? Talvez são uma grande força e bênção aos outros. (...)
não tenham aceitado o evangelho ou não o estejam (…) Como primeira geração na Igreja, vocês ocupam um
vivendo. Ser o primeiro da família a aceitar o evangelho lugar importante em sua família. Vocês são para sua família
ou o único a vivê-lo ativamente pode dar a sensação de soli- um exemplo de um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo.
dão. Mas isso não significa que você está sozinho. Sejam eles membros da Igreja ou não, ao viver o evangelho
Há outras pessoas como você na Igreja e nas escrituras. em casa, os que estiverem a seu redor sentirão o amor do
Quando jovem, Alma, o pai, foi o único a aceitar o evangelho Salvador por seu intermédio. Eles sabem que vocês estão
pregado por Abinádi. Por defender a verdade, foi expulso da envolvidos em algo bom, mesmo que não entendam o que é
cidade. Mas como teve coragem suficiente para viver e ensinar nem tenham fé o bastante para aceitá-lo. Sejam pacientes e
o evangelho, em pouco tempo outros se converteram. Seus bons, orem todos os dias para saber como servi-los e o
filhos foram abençoados por sua fé, e isso ajudou a estabelecer Senhor os ajudará e abençoará para influenciar sua família
uma corrente de várias gerações de fiéis cujo exemplo e lide- para o bem. Por serem constantemente bons e honrados,
rança muito fortaleceu a Igreja. vocês estabelecerão padrões de fidelidade e retidão. Esses
Caso tenha-se sentido só ao viver o evangelho, não desa- padrões moldarão sua vida, mas, ainda mais importante,
nime. Houve e há muitas outras pessoas como você. eles se tornarão um padrão em sua família e posteridade” (“A
“Talvez nunca antes, desde o início da Igreja, a primeira Primeira Geração”, A Liahona, novembro de 2006, pp. 11–12).
geração constituiu uma porcentagem tão elevada no número Assim, quer façamos parte da primeira geração quer da
total de membros como hoje”, afirmou o Élder Paul B. quinta, nosso modo de viver pode ajudar a criar ou perpetuar
Pieper, dos Setenta, na conferência geral de uma longa corrente de gerações a desfrutar as bênçãos do
outubro de 2006. “Sua fé e testemunho evangelho de Jesus Cristo.
48
PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S T O D O S S A N T O S D O S Ú LT I M O S D I A S • S E T E M B R O D E 2 0 0 8
OAmigo
VINDE AO
P R O F E TA E S C U TA R
Mensagem
para
Misti
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N a avó de Misti anunciou: “Acho que
D
urante o discurso que proferi na Misti tem algo para contar-lhe”. A amável
conferência geral de outubro de garotinha disse: “Irmão Monson, em seu
1975, senti-me inspirado a dirigir discurso na conferência, o senhor res-
minhas palavras a uma menininha de lon- pondeu a minha pergunta. Quero ser
gos cabelos loiros que estava sentada no batizada!”
mezanino do Tabernáculo. Chamei a aten- A família voltou para a Califórnia, e
ção da congregação para ela e senti que Misti foi batizada e confirmada membro
aquela garotinha precisava da mensagem de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
que eu tinha a lhe transmitir. Últimos Dias. ●
Ao término da sessão, voltei para meu O Presidente Extraído de um discurso da conferência geral de
abril de 2007.
escritório e encontrei uma menina cha- Monson nos ensina
mada Misti White, esperando por mim, sobre mensagens COISAS EM QUE PENSAR
acompanhada dos avós e de uma tia. inspiradas. 1. Em sua opinião, como o Presidente
Quando os cumprimentei, vi que Misti Monson sabia que deveria dirigir-se a Misti,
era a menina do mezanino a quem me mesmo sem nunca a ter visto antes? Como o
dirigira. fato de ouvir o Espírito Santo ajuda você a
A2
O AMIGO SETEMBRO DE 2008 A3
i ] as coisas necessárias, tanto espirituais c
“[Ped s; agra de c en d o s e mp re a D
om o
materia i eus por
tudo quanto recebeis” (Alma 7:23).
A4
TEMPO DE
C O M PA R T I L H A R
§
Quando Jesus vivia na Terra, muitas pessoas e anote as coisas pelas quais você gostaria de agradecer
iam até Ele para ouvir Suas palavras. Certa ao Pai Celestial ao orar. Ele ama você e ouve todas as
vez, levaram seus filhos para que Jesus os orações. Ele o abençoa com as coisas de que necessita.
abençoasse, mas os discípulos ordenaram que se
afastassem. Jesus disse: “Deixai vir os meninos a mim, Idéias para o Tempo de Compartilhar
e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus” 1. Antes do tempo de compartilhar, faça três cartazes sim-
(Marcos 10:14). Jesus amava as crianças e as abençoou. ples para as crianças segurarem com os seguintes verbos:
A música da Primária “Oração de uma Criança” nos Pedir, Buscar, Bater. Comece o tempo de compartilhar aju-
faz recordar essa história das escrituras e nos ensina dando as crianças a acharem Mateus 7:7 e leiam essa passa-
sobre a oração. gem juntos. Mantenha os cartazes erguidos e estude as
palavras com as crianças. Memorizem juntos a escritura.
Meu Pai Celeste, estás mesmo aí?
Preste testemunho de que aprendemos sobre a oração nas
Ouves e atendes da criança a oração?
escrituras. Mostre a gravura 305 (Enos Orando) e a 403 (A
Alguém me disse que é longe o céu,
Primeira Visão) do Pacote de Gravuras do Evangelho. Use
Mas sinto-Te perto quando oro a Ti.
esses relatos das escrituras sobre a oração (ver Enos 1:1–18;
Meu Pai Celeste, relembrando estou Joseph Smith — História 1:14–20). Reserve tempo para as
O que Jesus a Seus discípulos falou: crianças contarem experiências que tiveram com a oração.
“Os pequeninos deixai vir a mim”. Conclua cantando uma música ou um hino sobre a oração
Pai, nesta prece eu me achego a Ti. e testifique do poder da oração.
2. Mostre a gravura 3–53 do pacote de gravuras do
O Pai Celestial ama você. Você é filho Dele. Ele manual Primária 3 e conte a história da oração de Karolina
deseja que você ore a Ele com freqüência — a qualquer (Primária 3, lição 26, pp. 123–124). Repita o princípio do
momento, em qualquer lugar. A estrofe seguinte da evangelho da semana: “O Pai Celestial quer que eu ore a
música lembra que você deve orar. Ele com freqüência — a qualquer hora e em qualquer
lugar”. Misture as palavras das seguintes frases das escritu-
Sim, perto está.
ras: “invocar seu santo nome” e “clamai a ele”. Escreva as
Sim, Ele te ouve. palavras no quadro-negro fora de ordem e peça às crian-
Pois é teu pai ças que trabalhem em conjunto para desembaralhar as
E muito te ama. frases (ver “Letras ou Palavras Embaralhadas”, Ensino,
Com terno amor, Não Há Maior Chamado [1999], p. 184). Peça que consultem
Alma 34:17–18 para achar a resposta. Explique-lhes que
ILUSTRAÇÕES: THOMAS S. CHILD; FUNDO: © CORBIS
Ama as crianças,
essas duas frases são maneiras de descrever a oração.
Pois delas é o reino,
Escolha palavras-chave (“colheitas”, “campos”, “casas”,
O reino do céu.
“rebanhos” e assim por diante) em Alma 34:17–27 que
(Músicas para Crianças, pp. 6–7)
digam respeito a algumas coisas pelas quais podemos
Atividade orar. Escreva-as no quadro-negro. Peça às crianças que
Você pode usar a página A4 sobre a oração para lem- as localizem nas escrituras e discutam como essa passagem
brar-se de orar. Retire a página e ponha-a ao lado de se aplica à vida delas. Testifique do poder da oração em
sua cama ou dentro de suas escrituras. Pinte o desenho sua vida. ●
Provações para
Joseph e Emma
Em Ohio, Emma Smith deu à luz
gêmeos: uma menina e um Não posso cuidar dos
menino. Mas os bebês tiveram bebês sozinho, mas quero
somente três horas de vida. que sejam educados na fé.
Outra irmã da Igreja teve gêmeos
no mesmo dia. Ficou muito fraca
e morreu. Seu marido, John
Podem
Murdock, precisava de ajuda para
criá-los?
criar os gêmeos.
Sim.
Certa noite, Joseph e Emma ficaram Os homens maus machuca- Quando o grupo partiu,
acordados até tarde para cuidar dos ram Joseph e puseram piche Joseph estava muito enfra-
bebês, que estavam ambos doentes. Uma quente nele. quecido. Voltou para casa
turba de homens irados entrou na casa rastejando-se. Ao ver
deles. Os homens agarraram Joseph e o Joseph ferido, Emma
arrastaram para a rua. desmaiou.
A6
Os amigos de Joseph cuidaram dele com
carinho.
Adaptado de Mark L. Staker, “Remembering Hiram, Ohio”, Ensign, outubro de 2002, pp. 35, O AMIGO SETEMBRO DE 2008 A7
37; ver também Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith (Curso de estudo do
Sacerdócio de Melquisedeque e da Sociedade de Socorro, 2007), p. 179.
“Aprendei a fazer bem” (Isaías 1:17).
O EXEMPLO
DO PRESIDENTE
GRANT
HEIDI ROSE
Inspirado numa história verídica
A8
P
“ assem os trabalhos para a frente.” Heidi estendeu Grant?”, perguntou a mãe.
o braço para trás e pegou o trabalho de Molly. Heidi olhou para ela: “Lembro. Aprendemos sobre
Admirou por alguns instantes a bela caligrafia de ele na Primária”.
Molly antes de passar o trabalho para a frente. As letras “Quando ele era jovem, sua letra era horrível. Ele
dela pareciam harmonizar-se com perfeição. Heidi olhou queria muito melhorar, então praticou bastante,
seu próprio trabalho e ficou constrangida, tentando até sua caligrafia ficar tão boa que rece-
impedir os colegas de verem sua letra que dei- beu um prêmio.”
xava a desejar. Pôs sua Heidi ficou maravilhada! Ela admi-
folha embaixo da de rava os profetas, mas nunca se dera
Molly e passou-as adiante.
u er i d a mãe , ta r a h is- conta de que tinham enfrentado na
“Mãe, pode escrever a Q con juventude problemas como os dela.
ILUSTRAÇÕES: STEVE KROPP; FOTOGRAFIA DO PRESIDENTE MONSON TIRADA POR BUSATH PHOTOGRAPHY
a po r m e ve z
Obrigad ber J. Grant . Tal ,
lição de casa para mim?” Concluiu que, se Heber J. Grant
Pediu Heidi assim que vol- e io conseguiu melhorar sua caligrafia
r ia d e H p r ê m
tou da escola. Sua mãe tam- tó
n h e n e nhum mediante esforço, ela também
a
eu não g ente sinto que
bém tinha uma bela letra. poderia.
Talvez se a mãe fizesse a lição m No dia seguinte na escola,
s fin a l a .
de casa ela não sentiria tanta
vergonha.
ma
le t ra es tá bonit o Heidi deu o melhor de si ao
escrever. No início foi difícil.
m in ha n ã o f o i tã
“Por que você quer que eu
e g u i r o profeta h a v a !
Levou mais tempo que os
faça sua lição de casa? Quebrou S to eu ac outros para terminar os exercí-
u a n
os braços?”, brincou a mãe.
Heidi mencionou a bela letra
difícil q cios escritos, mas a história do
Presidente Heber J. Grant a
m a m o r,
de Molly. “Eu deveria ter praticado C o motivou a continuar.
mais a caligrafia no ano passado.” Passaram-se semanas
Heidi sentou-se à mesa, apoiando
Heidi antes de Heidi começar a
desconsolada o rosto nas mãos. notar progressos. Ela ainda
“Sabe, Heidi, se você se empe- demorava bastante para fazer as
nhar, sua caligrafia pode ser tão boa lições, mas sua letra estava melhorando.
quanto a de qualquer outra pessoa. Certo dia, Molly percebeu a diferença. “Heidi,
Basta ter força de vontade.” sua letra está muito bonita.”
Heidi não tinha a mesma certeza. Pensou na escrita “Obrigada”, disse Heidi, ruborizada. E não pôde
de Molly e achou que seria impossível chegar aos conter um sorriso.
pés dela um dia. Naquela noite, Heidi deixou um bilhete na geladeira
“Lembra-se do profeta Heber J. para a mãe. E a caligrafia estava linda. ●
Nota: Se não quiser destacar páginas da revista, copie esta atividade ou imprima-a da
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PÁGINA PARA COLORIR
ILUSTRAÇÕES: APRYL STOTT
Meu Irmão e o
Cachorrinho
“Mostrai piedade e misericórdia cada um era nosso, e fazíamos apostas com nosso
para com seu irmão” (Zacarias 7:9). irmão mais velho para ver a quem o
S
ou abençoado por ter crescido cer- cachorro atenderia quando o chamásse-
cado de pessoas que me amaram e mos. O cachorro sempre ia parar no colo
me influenciaram para o bem. Quem do irmão mais velho.
exerceu maior impacto sobre minha vida O cachorro sentia e compreendia a leal-
foram meus familiares. Meus pais sempre dade e o amor que nosso irmão lhe dedi-
escolhiam o certo e confiavam que eu faria cava. Essa experiência me ensinou uma
o mesmo. E meus irmãos mais velhos valiosa lição sobre a lei da colheita: colhe-
davam um bom exemplo a seguir. mos o que plantamos. Meu irmão plantou
De uma entrevista Um de meus irmãos mais velhos me ensi- amor ao cuidar de nosso cachorro e colheu
concedida pelo nou uma importante lição quando eu tinha os frutos da confiança e lealdade.
Élder Keith R. cinco anos de idade. Foi nessa época que eu Minha mãe também conhecia essa lição.
Edwards, dos e meu irmão gêmeo, Karl, ganhamos um Tinha grande fé. Quando era pequena, seus
Setenta, que atual- filhotinho de cachorro. Não entendíamos as pais raramente iam à Igreja, assim ela quase
mente serve como responsabilidades ligadas à posse de um ani- sempre freqüentava as reuniões sozinha.
presidente da Área mal doméstico — achávamos que era um Seu exemplo amoroso ajudou a levar seus
Filipinas, a Callie brinquedo como outro qualquer, que não pais de volta à plena atividade na Igreja.
Buys. precisava de atenção especial. Não nos preo- Durante minha infância e adolescência,
cupávamos muito em lhe dar comida e água minha mãe se levantava regularmente na
nem em cuidar dele. Mas tínhamos um reunião de jejum e testemunho para prestar
irmão mais velho cuja atitude era o oposto. testemunho. Nessas ocasiões, externava sua
Ele tinha grande amor pelos animais. Ao gratidão pelos filhos e os elogiava. Sua fé
perceber a necessidade, cuidou de nosso em nós trouxe grandes benefícios. Embora
cachorrinho. nem sempre estivéssemos à altura de suas
O cachorro cresceu achando que per- palavras, ela nos mostrava nosso potencial.
tencia a nosso irmão, e às vezes dis- Assim como minha mãe tinha fé em mim
ILUSTRAÇÃO: RICHARD HULL
A12
maravilhosas com profunda fé. Vocês, crianças, são o
futuro da Igreja e estão sendo preparadas para uma
obra grandiosa. Ao servirem com fé, plantarão sementes
de retidão e colherão as bênçãos que o Senhor lhes
preparou. ●
FAZENDO AMIGOS
D O I N TEIRO
N
N Ç A S DO MU I C AS DA
R I A M Ú S
AS C N T AM AS
C A O
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Á R I A E A P R
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IMAGEM DA TERRA: © MOUNTAIN HIGH MAPS
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O AMIGO SETEMBRO DE 2008 A15
“Aprendo muito na Primária”, afirma Omar. “Meus
professores são ótimos.”
Na Primária, Omar aprende sobre Jesus e diz que
isso o ajuda a saber como agir para auxiliar os pais e
ser um bom filho.
Omar gosta, em especial, de ler histórias do Livro
de Mórmon. “Adoro Néfi”, revela. Suas histórias favori-
Morar no Vale de Anjos tas são as que se referem à barra de ferro e à constru-
Ao passo que Arnold gosta de brincar com Omar, ção do navio por Néfi. Néfi era um bom filho, sempre
Nathaly prefere desenhar com ele. empenhado em fortalecer a família.
Omar gosta de desenhar e pintar com seus lápis de “Néfi era obediente”, ressalta Omar ao terminar de
cor. Costuma desenhar apenas paisagens, montanhas e alimentar as galinhas. Depois de guardar o restante
casas. E nem é de admirar: há belas fontes de inspiração dos grãos, espera alguns instantes para ver se há
onde mora, nas montanhas perto de Valle de Angeles, alguma outra coisa a fazer antes de correr para brincar
cidade famosa por seus artistas de talento. Até mesmo de pega-pega. “Eu também tento ser obediente.” ●
o nome da localidade, que significa “Vale de Anjos”, é
encantador.
Os vales e montanhas que circundam a casa de
Omar são repletos de árvores e plantas de grande
beleza. De fato, a família de Omar mora numa fazenda
produtora de flores, onde o pai cultiva lindas flores
para a comercialização.
Omar preenche cadernos inteiros com seus dese-
nhos coloridos. E muitas vezes encontramos Nathaly
pintando ao lado dele.
COISAS
FAVORIT
AS
Brincad
eira: Pe
ga-peg
Música a
da Prim
ária: “F
Matéria az-me A
escolar: ndar Só
Artes na Luz”
Persona
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ras: Né
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