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O QUE HÁ DE ESPECIAL
1.1.1. O diagnóstico
São muitas as causas da surdez, sendo que “em cerca de cinqüenta por cento
dos casos, a origem da deficiência auditiva é atribuída a ‘causas desconhecidas’” (CARVALHO;
REDONDO, 2000, p.08)
Durante a gestação, a mãe poderá transmitir geneticamente a surdez para o
filho, principalmente quando existem casos na família. Além da genética, a mãe pode, ainda na
gestação, contrair Rubéola, Sífilis, Toxoplasmose, Doença de Inclusão Citomegálica, Herpes ou
ter incompatibilidade sanguínea com o filho, acentuando a possibilidade da criança nascer surda.
Na hora do parto, a hipóxia é também considerada um fator de risco. A prematuridade, ruídos
muito altos perto da criança nas primeiras semanas de vida, Caxumba, Sarampo, Meningite, ou a
ingestão de medicamentos ototóxicos são algumas causas que podem afetar o aparelho auditivo
após o nascimento.
Por isso é fundamental que a mãe esteja atenta durante a gestação e nos
primeiros anos de vida de seu filho, recebendo orientações médicas periódicos, estando com a
vacinação em dia e se alimentando direito, pois uma nutrição materna deficiente pode resultar em
malformações no organismo do bebê, retardo mental, deficiência auditiva, malformações da
medula e do coração.
A socialização acontece antes dos 3 anos, mas se consolida apenas dos 4 aos 6
anos. A criança começa a escolher com quem prefere brincar, filtrando suas amizades. Com a
criança surda não é diferente e é nessa fase que devemos observar a relação dessa criança com as
outras, como se dá a comunicação delas, para que então possa se encaminhar essa criança para
um ensino comum ou para um ensino especializado (classe especial e escola).
Para se desenvolver a comunicação nos surdos, utiliza-se alguns métodos
como:
• Método oral unissensorial: estimula o uso da audição, não permite a
leitura labial nem a língua de sinais. Exemplos: método Pollack e método Perdoncini.
• Método oral multissensorial: baseia-se na utilização de todos os sentidos,
na audição com o uso de aparelhos auditivos, o tato, a visão para a leitura labial mas também não
permite a língua de sinais. Exemplos: método áudio-visual de linguagem.
• Método de comunicação total: o intuito desse método é que haja a
comunicação, independente da forma que ocorra: escrita, mostrando imagens, através de sinais,
leitura labial, ou misturando tudo adequando-se ao emissor e ao receptor da mensagem.
• Bilingüismo: o uso da língua oral e de sinais (Libras) sem que uma
interfira com a outra. Já que devem ser utilizadas separadas.
Complementa-se esses métodos com repetidas formas de dramatizações,
brincadeiras de faz-de-conta, jogos, desenhos e histórias, para que assim o surdo entenda melhor
como funciona o mundo dos ouvintes, fazendo desse mundo tão distante o seu lar.
É a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a melhor
correção ótica. Manifesta-se como:
∙ cegueira: perda da visão, em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor olho após
correção, ou um campo visual não excedente a 20 graus, no maior meridiano do melhor
olho, mesmo com o uso de lentes de correção. Sob o enfoque educacional, a cegueira
representa a perda total ou o resíduo mínimo da visão que leva o indivíduo a necessitar
do método Braille como meio de leitura e escrita, além de outros recursos didáticos e
equipamentos especiais para a sua educação;
∙ visão reduzida: acuidade visual dentre 6/20 e 6/60, no melhor olho, após correção
máxima. Sob o enfoque educacional, trata-se de resíduo visual que permite ao educando
ler impressos a tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e equipamentos
especiais. (MEC, 2003)
De 0 a 3 anos:
O bebê deficiente visual precisa de mais estímulo do que um bebê vidente,
pois por não ter estímulos visuais, não terá motivação para querer pegar aquele brinquedo
colorido ou virar o corpo para contemplar as luzes piscando da televisão. Com isso, o nenê tende
a ficar o mais encostado no colchão possível, pois terá contato físico com ele, fortalecendo assim
os músculos errados. Por isso a estimulação precoce é necessária, para que o bebê possa
desenvolver-se e evoluir, sabendo utilizar-se de seus outros sentidos, fazendo a assimilação
ouvido/mão para que trabalhem juntos para ter a noção de espaço (o vidente utiliza-se do
olho/mão), e transformar a mão em um objeto de explorarão e conhecimento.
Ao retirarmos um objeto das mãos de um bebê cego de oito meses, este não irá
tentar tomar o objeto de volta, pois pensará que esse objeto simplesmente desapareceu. Para
estimular essa criança, os pais podem colocar objetos por perto para que a criança toque-os
acidentalmente, ou dar-lhe um objeto que produza sons e continue produzindo esses sons por
perto da criança.
Para desenvolver a afetividade é preciso não esquecer das palavras e dos
carinhos, mas é preciso não exagerar, pois ela precisa se desenvolver como uma criança normal,
ralando o joelho quando começar a engatinhar, levar tombos ao começar a andar (que pode ser
um pouco mais demorado do que com as crianças videntes, já que elas não se sentem seguras o
bastante para andar sem saber onde estão indo), ocasião em que deve ser estimulada
multissensorialmente, com estímulos táteis e sonoros.
De 4 a 6 anos:
A partir dos quatro anos a criança é inserida na escola. A criança cega pode
tanto participar de classes especiais e freqüentar a escola regular, quanto somente participar da
escola regular, com visitas periódicas de profissionais especializados. Mas também há casos onde
os pais preferem contratar um professor particular, dificultando a socialização da criança, já que
há municípios que perceberam avanços consideráveis nas crianças cegas (e mesmo nas videntes,
diminuindo seu preconceito) ao incluí-las desde as creches. Essa inclusão ajuda também aos
professores, que procuram novos materiais didáticos e novas técnicas para ensinar a esses alunos,
atualizando-se.
Na inclusão de crianças portadoras de alguma deficiência, o professor deve
proporcionar a influência mútua entre crianças. O uso de jogos lúdicos ajuda a criança a conhecer
seus limites e a interagir com outras crianças. As atividades coletivas (prestar bastante atenção na
escolha da atividade para que ela não se torne constrangedora ou traumática para a criança com
deficiência visual) onde todos vão necessitar de todos também é uma boa escolha para a
socialização da sala.
Segundo Gil (2000, p.38):
A escola pode tomar diversas medidas com o objetivo de capacitar os professores e a
comunidade escolar para lidar com as diferenças, como por exemplo:
• convidar pais de crianças portadoras de deficiência, ou professores que já tiveram
essa experiência, para dar depoimentos;
• promover reuniões para discutir as dificuldades;
• convidar especialistas para fazer palestras a professores e alunos;
• distribuir literatura e exibir vídeos a respeito do assunto.
De 7 a 11 anos:
Com a leitura de mundo, a criança vidente vai criando noções e incentivo para
a alfabetização. Já a criança com deficiência visual pode ter a compreensão das relações espaciais
e temporais afetadas devido a falta de estímulo visual. Como cada criança é única, o método que
o professor deverá usar para a alfabetização deve ser único também, pois “não existe uma receita
pronta e infalível para educar essa ou aquela criança”. (GIL, 2000, p.41)
Se a criança tem uma visão subnormal, por exemplo, pode apoiar-se em
materiais próprios, com letras maiores. Caso não se adapte, o uso do Braille (que pode ser escrito
através da reglete e punção ou através da máquina de datilografia Perkins-Braille) também é
recomendado, mas seu uso requer mais paciência pois não há estímulos como cadernos coloridos,
e a maioria das pessoas não sabe ler o Braille, fazendo com que os próprios pais sejam
analfabetos, o que desestimula ainda mais a criança cega.
O processo de integração na escola ajuda a perceber que as diferenças individuais são
relativas, todos temos dificuldades e, ao mesmo tempo, qualidades, o que nos dá direito
à igualdade e à diferença. Assim, devemos centralizar nosso interesse na resolução, e
não no problema; na qualidade de vida, e não na facilidade da segregação; na
diversidade, e não na homogeneidade; na atenção às necessidades individuais, e não na
simplificação da educação. (GIL, 200, p.53)
Mas não é somente na escola que deve acontecer a integração. Ela deve
acontecer no dia-a-dia da criança, no clube, na sorveteria, criando situações de vivência
significativas para que, assim, a pessoa se sinta mais segura e confiante em si mesma.
Antigamente se pensava apenas na reabilitação da pessoa cega, não dando valor aos aspectos
afetivos, motores e emocionais dessa pessoa. Nos dias de hoje, percebeu-se que, se a auto-estima
da criança não está bem, ela não tem estímulos para evoluir.
Citam ainda:
Algumas vezes, a própria ciência formulou hipóteses e defendeu teses depreciativas,
como Platter que, no século XVI, enfatizava o caráter de degenerescência da deficiência
mental:
Por seus pais, alguns entre os imbecis, recebem um caráter hereditário, e são causas
internas que são, então responsáveis pela imbecilidade; daí decorre muitas vezes que
como os homens ativos e inteligentes concebem seres semelhantes a eles, assim
também os improdutivos concebem crianças de espírito embotado.
1.3.3. Educação
Essa pessoa é muito batalhadora, mas ainda não se adaptou à nova vida que irá
levar. Ela começa a demonstrar como um deficiente físico se sente por não ter acessibilidade,
como suas rotinas anteriores transformam-se em obstáculos. A pessoa nunca prestava atenção
nesses “obstáculos” pois, por ter perdido recentemente seus movimentos, ainda não pensava
como deficiente físico, diferentemente de pessoas que já nascem com algum tipo de paralisia.
Um bebê que nasce com paralisia cerebral, por exemplo, tem desenvolvimento
mais lento que as outras crianças, podendo ter além de disfunções físicas e mentais. Há os
atetósticos (que fazem movimentos involuntários) e os espáticos (que mantém os músculos
rígidos). Ele se desenvolve mais lentamente que as crianças com movimentos motores completos,
pois não tem estímulos físicos para atingir certos objetivos.
Há também outras denominações para alguns tipos de paralisia:
∙ Hemiplegia: quando há paralisação total da metade esquerda ou direita do
corpo;
∙ Paraplegia: paralisação dos membros inferiores;
∙ Tetraplegia: paralisação dos quatro membros;
∙ Miopatia: quando a criança nasce bem e por volta dos três anos começa a
cair muito, vai perdendo a força dos músculos e tem vida curta.
∙ Hipotônicos: quando os músculos são muito fracos.
Maciel (1998, p.54) continua a história, citando um exemplo de uma garota
que ficou paraplégica:
[...] Um dia, você conhece uma jovem que foi assaltada e levou um tiro. A bala se
instalou na coluna, ela foi submetida a uma cirurgia, mas ficou paraplégica: perdeu o
movimento da cintura para baixo, não sente mais nada nessa região. Por pouco ela não
se tornou tetraplégica, ou seja, com os quatro membros paralisados (pernas e braços).
A moça somente se desloca sentada em uma cadeira de rodas. Em muitos lugares, a
cadeira de rodas não passa pela porta. Mas, ainda bem, pelo menos ela pode passear no
shopping, se quiser. Lá há rampas e elevadores, e até banheiros especiais para
deficientes físicos, com porta larga para a passagem de cadeiras de rodas, e também
com barra de apoio. Ao andar na rua, ela também conta com guias rebaixadas para
atravessar, perto de onde mora e em vários outros lugares.