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Gaston Bachelard
Nesta obra, publicada em 1938, Gaston Bachelard faz uma narrativa das dificuldades
encontradas pelos cientistas do século XVII e XVII no estudo das ciências. À mentalidade
dominante na comunidade científica desta época, Bachelard chama de “espírito pré-científico”.
Baseados em empirismo, o autor cita vários experimentos ditos científicos, além de suas
conclusões, para ilustrar os obstáculos epistemológicos que limitaram a produção de uma
ciência como concebemos hoje. Neste texto, farei considerações sobre algum dos aspectos
trabalhados no livro, além de um paralelo com outros autores quando oportuno.
A intensidade da força observada entre duas cargas elétricas é dada pela constante
k=4πε0, a carga q de cada corpo e o quadrado da distância d.
Eq.2 - Lei da Gravitação Universal
A intensidade da força observada entre dois corpos quaisquer é dada pela constante
G=6,67x10-11 Nm2/kg2, a massa de cada corpo e o quadrado da distância d.
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A semelhança entre tais leis é tal qual que um pensador pré-científico poderia a partir
desta dizer que sua validade é aumentada,e ainda tentar aplicar um formato parecido a outros
fenômenos. Porém, para o cientista atual, o que valida tais leis é o método pelo qual foram
desenvolvidas.
Esse desvio tendencioso do resultado da reflexão pré científica tem motivos menos
nobres: a justificativa de um princípio em que se acredita pode distorcer a interpretação da
realidade para que seja validado. É citado como exemplo as experiências de McBride, que após
testar corpos do reino vegetal e animal,conclui após observar sua putreção que a retirada do ar
(pertencente ao reino mineral) é a causa da perda da rigidez. Então, ao fazer o ar borbulhar em
uma solução alcalina, observa a precipitação de cristais de carbonato de cálcio a partir desta
reação em meio aquoso:
O Gás carbônico presente no ar reage com a água formando um ácido fraco, o ácido
carbônico. Este reage com o hidróxido de cálcio,que por ser insolúvel em água, forma uma série
de cristais brancos, uma névoa leitosa na solução. Porém, McBride afirma que isto é a
significado pervertido a uma série de eventos distintos, afirma que “se tudo fermenta, acaba
sendo sem interesse”. Talvez tal afirmação tenha sido feita diante da problemática das
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generalizações e tenha turvado a visão do autor. Vários fenômenos que tem extensão ampla
são objeto de estudo até hoje. A oxidação é um destes fenômenos. Numa atmosfera altamente
oxidante como a nossa, até o metal não resiste ao tempo.Decomposição de alimentos, morte
celular, o próprio processo de combustão, tudo tem influência das reações de oxidação, e seu
estudo é realizado por diversas áreas. Sua importância econômica dispensa maiores
explicações, sendo assim, creio que um fenômeno amplo tem sim sua importância, seu
interesse.
Estudos com esponjas são apresentados por Bachelard. A partir de um modelo mental da
experiência de uma esponja absorvendo água, uma série de outros fenômenos completamente
distintos é analisada. A utilização de modelos não exatamente perfeitos para explicar certos
fenômenos é até certo ponto útil,como no exemplo da simplificação dos exercícios de física.
metáfora, distorcendo a construção do conhecimento. O metal passa a ser uma esponja para
delicado cristal.A princípio, pode-se imaginar que Bachelard cometeu um erro. Porém,se
consideradas as limitações tecnológicas da época, ele está correto: se seu ferramental não
inexistência. Se formos esperar para termos uma modelagem perfeita de um problema, não
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teríamos começado sequer uma experiência.
propriedades que eram deduzidas não experimentalmente,mas sim por associação simbólica.
O Ouro,devido ao seu brilho, poderia ser associado á pureza,nobreza, santidade...e por isso,
soar medieval, mas até hoje influencia as pessoas. Clínicas utilizam fios de ouro para realizar
operações plásticas, o que se baseia no uso simbólico desde raro metal, associado à beleza mais
uma vez. O uso de aço cirúrgico seria perfeitamente possível,mas não teria o mesmo apelo
comercial.
Os odores também tem um apelo simbólico muito grande. Por não identificarem os
vapores do odor em microscópio,se atribui a este uma natureza etérea, quase mística. Eliminar
o cheiro de um remédio era destruir suas propriedades inatas,lhe tirar a energia. O mesmo
raciocínio é utilizado pra justificar o elixir amargo,o remédio que faz as chargas arderem: Se
produzem sensações intensas, então estão embuídos da energia necessária para que repare o
corpo e a alma.
Dentre os exemplos citados e tantos outros, é fácil perceber que a maioria pode ser Página | 9
observada no cotidiano atual, por um cidadão do século XXI. Tal fenômeno poderia ser
entendido como uma falha dos sistema educacional,que apesar de ter aumentando o volume
de informação transmitido nas últimas décadas, não conseguiu incorporar na mente do cidadão
Ou talvez acreditar nesta metodologia exige tanta fé quanto acreditar num deus? A ciência
moderna também tem seus dogmas. Tenho conhecimento da discussão de mesa de bar entre 2
defendia que toda criatura viva que existe hoje veio de um evento aleatório, uma organização
singular de moléculas orgânicas,que depois de milhares de anos de evolução chegou aos dias
de hoje com a propriedade única que chamamos de vida. Aquele que acreditava na criação
divina disparou:” Acreditar que uma entidade criou a vida exige tanta fé quanto acreditar que o
acaso a criou.”
Segundo Bachelard, Marat afirmando sobre dois corpos, “..quando encosta no outro, só
resfria se absorver o fluido ígneo que este outro corpo desprende”. Ora,que tolice,fluido ígneo?
cinética está associada À vibração das moléculas, e que esta em nível molecular é percebida
como energia térmica, temperatura. Mas a ciência moderna não define exatamente o que é
energia. Então,qual a diferença do nosso fluido ígneo pra energia térmica? Um referencial
quando li o ZAMM, de Robert Pirsig. Uma das passagens que ilustra seu ataque Às bases desta
escolher uma entre várias hipóteses,e se o numero de hipóteses cresce mais rápido do que a
capacidade do método experimental de desembaraçá-las, fica claro que jamais será possível
testar todas as hipóteses. Se todas as hipóteses não podem ser colocadas à prova, não são
chamamos de ciência, assim como seus avanços, é claro que há limitação. Por isso, a filosofia
nunca deve se cansar de atacar essas bases,expor suas vergonhosas fraquezas e questionar
incessantemente se há uma maneira nova de ser gerar conhecimento. Assim como podemos
ter certeza que chegamos a um ponto acima dos nossos amigos empiristas dos séc. XVI, os
mesmos podiam olhar com a mesma postura para os alquimistas do séc. XI. Apesar de crer que
PIRSIG, R. M. Zen e a Arte da manutenção de motocicletas. 1º edição. ed. [S.l.]: Livraria Martins Fontes
Editora, 1974.
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http://cmap.ihmc.us/download/