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As razões para se fazer Teologia Hoje.

Aos ouvidos hodiernos, teologia tem som de coisa velha, caricata. Ao


contrário da religião, que continua viva e forte em nossos dias, ainda que sob
as mais variadas e sincréticas formas. A teologia representa o oposto deste
vigoroso fervor religioso, pois está mais ligada às estruturas fixas, às formas
tradicionais e institucionalizadas da religiosidade.

Entretanto, esta é uma contradição apenas aparente. A teologia, quando


conhece verdadeiramente o seu papel, não se deixa aprisionar nas amarras do
poder temporal-religioso; antes, caminha no sentido da reflexão acerca do hoje
firmada nos princípios revelados. Este caminhar da teologia, pode ser
identificado com aquilo que Paul Tillich chama de “princípio protestante”, que
luta contra a tentativa do transitório e condicional de tomar o lugar daquilo que
é eterno e incondicional. Por isso, ela sempre se reforma. Novos dilemas
requerem novas soluções, ainda que solidificadas sobre a rocha das crenças
tradicionais.

É na busca dos valores primeiros, dos pressupostos cristãos, aplicados às


necessitades e vicissitudes do tempo presente, que a teologia deve
desenvolver-se em nossos dias. E não há pressuposto maior, dentro da tradição
reformada, do que as Sagradas Escrituras. Deste modo, a reflexão teológica em
qualquer tempo e lugar deve ser uma teologia da revelação escrita. Estou
convencido de que o melhor caminho para se fazer teologia em nossos dias é
criar um diálogo entre os valores da revelação e a nossa realidade,
desenvolvendo uma compreensão das particularidades da revelação e,
também, do mundo em que vivemos; empreender, enfim, um estudo de
contextos.

Assim, se queremos produzir uma teologia que guarde princípios e


prerrogativas atemporais, precisamos nos esmerar tanto em caminhar pelas
sendas da filosofia, da sociologia e da arte, como nos dedicarmos ao estudo
teológico e exegético. Precisamos nos debruçar com afinco sobre as bases da
nossas fé e, também, sobre as expressões do pensamento em nossos dias.

Entendo que para responder aos desafios da experiência histórica de


uma sociedade pluralista em todos os sentidos, devemos desenvolver aquilo
que poderíamos chamar de uma Teologia Hermenêutica, isto é, uma reflexão
teológica que esteja embasada no conhecimento das estruturas e conceitos que
permeiam o testemunho da Revelação (as Sagradas Escrituras) e, ainda, no
entendimento das intrincadas estruturas que formam o arcabouço da nossa
cultura ocidental.

Destarte, não se assuste o leitor se encontrar neste espaço que visa a


pensar a teologia, freqüentes citações e referências a Paul Ricoeur, Martin
Heidegger, Jürgen Habermas, Hans-Georg Gadamer, Siegmund Freud, Jacques
Lacan, ao lado de Paulo, Agostinho, Lutero, Calvino, Schleiermacher,
Kierkegaard, Karl Barth, Paul Tillich, Jürgen Moltmann, Rudolph Bultmann,
Rubem Alves, Gustavo Gutierrez, entre outros.

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