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3.

ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

3.1. Propostas de Investimento


As propostas de investimento podem ser enquadradas de acordo com as necessidades e
motivos internos que determinaram seus estudos. Através disto, podemos classificá-las em:
a) Ampliação do Volume da Atividade: surge quando a capacidade máxima de produção e
venda de uma empresa for insuficiente para atender a demanda de seus produtos. Pode ser feita
através da compra de equipamentos, reforma ou ampliação das instalações e aquisição de outra
empresa.
b) Reposição e Modernização de Ativos Fixos: ocorre fundamentalmente em empresas
que já tenham atingido certo grau de crescimento e amadurecimento em suas atividades,
demandando por isso, uma substituição de ativos fixos obsoletos ou desgastados pelo uso.
c) Outras Origens: podem ser incluídas todas as demais modalidades, principalmente
aquelas oriundas de serviços externos de assessoria, pesquisa e desenvolvimento, publicidade,
etc.

3.2. Fluxo de Caixa na Decisão de Investimento


É consagrado que o aspecto mais importante de uma decisão de investimento centra-se no
dimensionamento dos fluxos previstos de caixa a serem produzidos pelas propostas em análise.
Todo projeto de investimento é avaliado em termos de fluxo de caixa, em vez de o ser
com base nos lucros. Isto tem uma razão de ser, pois é através dos resultados de caixa que a
empresa assume uma efetiva capacidade de pagamento e reaplicação dos benefícios gerados nas
decisões de investimento.
A análise do fluxo de caixa para uma decisão de investimento é feita em termos
incrementais, isto é, somente são relevantes aqueles valores que se alteram na suposição de ser
implementada a proposta de investimento. Os eventos de caixa que, normalmente, gerarão
incrementos no fluxo de caixa após uma decisão de investimento são:
Desenvolvimento ou Investimento Inicial: refere-se ao volume comprometido de capital
com vistas à geração de resultados futuros.
Receitas Operacionais: volumes periódicos de vendas atribuíveis diretamente à um projeto
de investimento.

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Custo e Despesas: todas as alterações verificadas nos dispêndios operacionais de uma
empresa.
Venda de Ativos: ocorre quando a empresa vende seus equipamentos antigos, após investir em
equipamentos novos.

3.3. Métodos de Avaliação


Para que a empresa opte por uma decisão de investimento, ela não pode confiar apenas em
suas intuições. Os investimentos realizados por ela podem ser classificados em:
Investimentos Independentes: É quando a aceitação ou rejeição de um investimento (A) é
independente da aceitação ou rejeição de outros investimentos (B, C, D,...);
Investimentos Mutuamente Excludentes: É quando a aceitação de um investimento (A)
leva a rejeição de outros investimentos (B, C, D,...) e vice–versa; Pode ocorrer ainda a rejeição de
todos os investimentos, porém não pode ocorrer a aceitação de mais que um investimento;
Dessa forma, é necessária a utilização de determinados métodos de avaliação econômica
com vistas em auferir a rentabilidade das aplicações de capital. Existem diversas técnicas
quantitativas para auxiliar os executivos na análise de tais investimentos. Dentre as técnicas
existentes, serão estudadas as três mais utilizadas: o tempo de retorno (payback) do investimento,
o valor presente líquido (VPL), a taxa interna de retorno (TIR).

a) Payback
Consiste na determinação do tempo necessário para que o dispêndio de capital (valor do
investimento) seja recuperado através dos benefícios líquidos (fluxo de caixa) promovidos pelo
investimento. Existem dois principais métodos de apuração do payback, que são: Payback
Efetivo e Payback descontado.
O Payback Efetivo leva em consideração as entradas anuais no fluxo de caixa, até que seja
completado o valor do investimento. Por exemplo: Seja uma opção de investimento de R$
1.000,00 com os fluxos de caixa conforme dispostos no quadro abaixo, qual o Payback desse
investimento?

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Fluxo de Caixa Fluxo de Caixa
Anos (t)
Liquido Acumulado
0 (1.000,00) (1.000,00)
1 500,00 (500,00)
2 400,00 (100,00)
3 300,00 200,00
4 100,00 300,00

O cálculo do payback é feito da seguinte maneira:

Ano antes (Custo não recuperado no início do ano /


Payback = +
da recuperação Fluxo de Caixa durante o ano)

Payback = 2 + (100 / 300) = 2,33 anos

Como os fluxos de caixa esperados no futuro distante são geralmente mais arriscados do
que os fluxos de caixa de curto prazo, o payback é utilizado como um indicador de risco do
projeto. Teoricamente, os investimentos com menor payback deveriam ser aceitos e os com maior
deveriam ser rejeitados, no caso de investimentos mutuamente excludentes.
Contudo, esse indicador não deve ser utilizado sozinho como critério de decisão na
escolha dos investimentos, o ideal é sempre utilizar esse indicador juntamente com os demais
(que serão tratados posteriormente) para tomar a melhor decisão.

O Payback Descontado tem a mesma definição do payback efetivo, porém leva em


consideração o valor do dinheiro no tempo, descontando os fluxos de caixa a uma determinada
taxa.
Tomando como base o exemplo anterior, descontando os fluxos de caixa à uma taxa de
12% a.a, qual o Payback desse investimento?

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Fluxo de Caixa Fluxo de Caixa Fluxo de Caixa
Anos (t)
Liquido Descontado Acumulado
0 (1.000,00) (1.000,00) (1.000,00)
1 500,00 446,00 (554,00)
2 400,00 319,00 (235,00)
3 300,00 214,00 (21,00)
4 100,00 64,00 43,00

Ano antes (Custo não recuperado no início do ano /


Payback = +
da recuperação Fluxo de Caixa durante o ano)

Payback = 3 + (21 / 64) = 3,33 anos

O período de Payback Descontado jamais será mais curto que o período de Payback
Efetivo, pois o processo de desconto reduz os valores dos elementos da série de fluxo de caixa.

b) VPL
O VPL é obtido pela diferença entre o valor presente dos benefícios líquidos de caixa,
previstos para cada período do horizonte de duração do projeto, e o valor presente do
investimento. Para isto, utiliza-se uma taxa para trazer os fluxos de caixa para o valor presente.
Esta taxa seria o retorno mínimo que a empresa estipula para correr o risco de fazer o
investimento, ao invés de deixar o dinheiro aplicado no mercado financeiro.
Se o resultado encontrado para o VPL for maior que zero, a empresa pode considerar o
projeto de investimento como acima de suas expectativas de retorno, logo deve aceita-lo. Se for
igual a zero, atendeu à suas expectativas, logo deve aceita-lo também e se for menor que zero,
deve ser rejeitá-lo.
No caso de investimentos mutuamente excludentes, deve aceitar o projeto de investimento
com o maior VPL. O método do VPL deve ter prioridade na escolha do investimento em relação
aos demais métodos, pois ele é tecnicamente superior aos demais.
Vale ressaltar que o VPL pressupõe, implicitamente, que seus fluxos intermediários de
caixa devem ser reinvestidos pelo valor da taxa mínima de retorno estipulada pela empresa.

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A fórmula para calcular o VPL pode ser expressa da seguintes maneira:

CF 1 CF 2 CFn
VPL = + + ...+ - Investimento
(1+i) 1 (1+i) 2 (1+i) n

Para exemplificar, suponhamos que uma empresa esteja avaliando um investimento no


valor de $ 30.000,00; do qual se esperam benefícios anuais de: $ 10.000,00 no 1º ano, $
15.000,00 no 2º, $ 20.000,00 no 3º e $ 10.000,00 no 4º. Admitindo-se que a empresa tenha
definido em 20 %a.a. a sua taxa de retorno mínima, e que o investimento seja desembolsado
integralmente no momento inicial, tem-se o seguinte VPL:

 10 . 000 15 . 000 20 . 000 10 . 000 


VPL =  + + + − 30 . 000
 (1, 20 )
1
(1, 20 )2 (1, 20 )3 (1, 20 )4 

VPL = $ 5.146,60

Graficamente, o calculo do VPL pode ser demonstrado da seguinte maneira:

10.000 15.000 20.000 10.000

0 1 2 3 4

8.333,33

10.416,67

11.574,07
4.822,53
35.146,60
INVESTIMENTO = (30.000,00)
VPL = 5.146,60

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Calculo do VPL na HP 12C:

30.000,00 CHS G CF0

10.000,00 G CFJ

15.000,00 G CFJ

20.000,00 G CFJ

10.000,00 G CFJ

20 i

F NPV

VPL = $ 5.146,60

c) TIR
A TIR representa a rentabilidade do projeto expressa em termos de uma taxa de juros,
normalmente expressa em ano, que iguala o valor presente dos fluxos de entrada de caixa com o
investimento associado a um projeto. Sendo assim, deve-se aceitar o projeto de investimento com
o maior TIR.

A fórmula para calcular o TIR pode ser expressa da seguintes maneira:

CF1 CF2 CFn


VPL = + + ...+ - Investimento
(1+TIR)1 (1+TIR)2 (1+TIR)n

A resolução desta equação só é possível utilizando-se o método da “tentativa ou erro”, ou


seja, deve-se atribuir, aleatoriamente, uma taxa para verificar se a solução encontrada será igual a
zero. Caso o resultado encontrado seja maior que zero (positivo), deve-se recalcular a equação
utilizando uma taxa mais baixa. Caso seja menor que zero (negativo), deve-se utilizar uma taxa
mais alta. O processo deve ser repetido até que a taxa utilizada faça com que o resultado da

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equação seja igual a zero. Este cálculo pode ser feito de forma mais rápida, caso se utilize uma
calculadora financeira.
Para exemplificar, suponha que de um investimento de $ 300.000; são esperados
benefícios de caixa de: $ 100.000, $ 150.000, $ 180.000 e $ 120.000 respectivamente, nos
próximos quatro anos de decisão. O cálculo da TIR requer o uso de uma calculadora financeira, e
pode ser expresso matematicamente da seguinte forma:

 100 . 000 150 . 000 180 . 000 120 . 000 


VPL =  1
+ 2
+ 3
+ 4 
− 300 . 000
 (1 + TIR ) (1 + TIR ) (1 + TIR ) (1 + TIR ) 

 100 . 000 150 . 000 180 . 000 120 . 000 


0= + + + − 300 . 000
 (1 + TIR )
1
(1 + TIR ) (1 + TIR ) (1 + TIR )4 
2 3

TIR = 28,04 %

Graficamente, o calculo do TIR pode ser demonstrado da seguinte maneira:

100.000 150.000 180.000 120.000

0 1 2 3 4

78.101,26
91.497,10

85.752,47
44.649,17
300.000,00
INVESTIMENTO = (300.000,00)
VPL = 0

O método descrito, assume implicitamente que a taxa interna de retorno de um projeto


somente será verdadeira, se todos os fluxos intermediários de caixa forem reinvestidos à própria
TIR calculada para o investimento. Caso a empresa não consiga reinvestir seus fluxos de caixa à
mesma TIR, o cálculo estará afetado.

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Na prática, dificilmente a empresa conseguirá reinvestir seus fluxos de caixa com a taxa
da TIR. Para solucionar este problema, podemos calcular a TIR Corrigida, utilizando taxas de
juros mais coerentes para reaplicar os fluxos. Normalmente, as taxas utilizadas para o cálculo da
TIR Corrigida são previsões de taxas de juros para aplicações financeiras no mercado financeiro.

Calculo do TIR na HP 12C:

300.000,00 CHS G CF0

100.000,00 G CFJ

150.000,00 G CFJ

180.000,00 G CFJ

120.000,00 G CFJ

F IRR

TIR = 28,04 %

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