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A Realidade do Inferno para o Homem sem Cristo


06.03.2011
Kelson Mota T. Oliveira

Texto base: Lucas 19.1-31 e Marcos 9.43-48

Introdução
Existem vários temas na Bíblia que não são pregados comumente em vista de não serem
populares. E há também alguns poucos que o são mui raramente, por seu forte teor
doutrinário e moral. A doutrina sobre o inferno é uma delas.
Do ponto-de-vista geral, os cristãos modernos, em seus vários matizes doutrinários, creem na
existência de um inferno e quando instados até aceitam a ideia de uma existência de
sofrimento eterno após esta vida. Contudo são poucos os que se sentem à vontade para
compartilhar essa crença com seu próximo ou seus familiares e amigos. Causa certo mal-estar
falar de um lugar de tormento, quando o centro de nossa fé é um Deus amoroso e pessoal.
Parece um elemento que não se encaixa na doutrina de Cristo. Muitos cristãos se pudessem
eliminariam esta doutrina incômoda do cânon cristão. Falar somente de amor é mais fácil, e dá
mais ibope.
Não tenho nenhum prazer mórbido em falar sobre o inferno. O assunto em si não me alegra.
Falar sobre o destino eterno das almas que não foram alcançadas pela graça de Cristo é
pesaroso, e é com pesar, temor e tremor que me aplico a este tema nesta noite. O motivo pelo
qual faço não é outro senão a atitude de nosso Mestre Amado, Aquele cujos olhos são como
chama de fogo.
Comecemos afirmando que o Senhor Jesus, a própria encarnação do Amor, pregou várias
vezes sobre este lugar maldito e deixou muito claro que aqueles que não nasceram de novo
não entrarão no Céu, antes irão direto para o inferno.
Aos ouvidos de nossa geração anestesiada pelos prazeres do entretenimento este ensino soa
tremenda e politicamente incorreto. E, no entanto, este é um dos mais claros ensinos cristãos.
Gostemos ou não. Faremos bem ás nossas almas se buscarmos saber um pouco mais sobre
ele. Aliás, a implicação desta doutrina é de aplicação imediata. Enquanto estou pregando,
todas as pessoas que estão morrendo sem Cristo, neste momento, ao redor do mundo, estão
indo diretamente para o inferno. Devemos estar alerta a esta impressionante realidade.
Ainda que tantos tenham ouvido falar sobre o inferno, sabemos exatamente o que é e o que
significa? Qual a realidade do inferno para aqueles que morrem sem Cristo? Vejamos o que as
Escrituras respondem a essas perguntas.

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Inferno, Estado Intermediário e Segunda Morte


Antes de entrar em detalhes devemos definir alguns termos para que não tenhamos dúvidas
sobre o que está sendo pregado.
Quando me refiro ao inferno (Hades em grego) estou falando de um lugar e um estado de
tormento eterno, uma condição eterna de desolação, a que o ímpio irá depois que morre.
Alguém que se encontra no inferno de lá não mais sairá.
A Palavra do Senhor emprega várias figuras para descrever o estado final dos ímpios: fogo
eterno (Mt 25:41), fora, nas trevas (Mt 8:12), castigo eterno (Mt 25:26), tormento (Ap 14:10-
11), poço do abismo (Ap 9:1-2,11), ira de Deus (Rm 2:5), segunda morte (Ap 21:8) e destruição
eterna e exclusão da face do Senhor (2 Ts 1:9). São figuras que podem ser aplicadas
indistintamente ao conceito comum que temos de inferno.
Contudo, a Palavra também declara que o inferno não é destino final do homem sem Cristo.
Há um inferno ainda mais profundo, no qual será jogado até mesmo o Hades e todos os que
nele estão. A esse inferno mais profundo, o estado de punição e dano final, as Escrituras
descrevem como o lago ardente de fogo e enxofre:
“Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o
céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos
em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E
os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.
Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles
havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Então, a morte e o inferno foram
lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém
não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.” (Ap
20:11-15)
Em vista desta verdade alguém pode perguntar: antes do julgamento do Trono Branco, o ímpio
já está no inferno final ou não? A isso respondo:
Quando um indivíduo morre, encontra-se em uma condição teologicamente chamada de
estado intermediário, que é o estado entre a morte e a ressurreição dos mortos, seguido do
julgamento final de todos os homens, como já dito. Até à ressurreição, os mortos encontram-
se em um dos dois estados possíveis:
• Paraíso ou bem-aventurança: também chamado de seio de Abraão pelos judeus. Já é um
benfazejo prenuncio do Céu, um antegozo, consolo e descanso do cristão, e para todos os
efeitos já é o Céu. Ali, o cristão espera a ressurreição dos mortos (At 24:14-15), a partir da
qual gozará plenamente os novos Céus e nova Terra, em corpo glorificado. É o lugar para
onde Lázaro foi levado pelos anjos (Lc 16:22), e o lugar onde o Senhor Jesus prometeu
estar com o ladrão crucificado (Lc 23:43). É também o lugar de descanso, onde os mártires
vestidos de branco, aguardam o juízo de Deus sobre os ímpios (Ap 6:9-11).
• Inferno ou Hades: também chamado de lugar de tormentos (Lc 16:23). À semelhança do
Paraíso, é o estado em que o ímpio se encontra, já em tormentos, à espera da ressurreição
dos mortos, seguido da sentença eterna. Este estado de punição se acentuará ao ser
tornada pública a condição de cada um. O inferno, como um estado intermediário, se

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tornará definitivo ao ser lançado no lago de fogo (ou Geena). E o ímpio, de corpo e alma,
será eternamente destruído no tormento eterno (Mc 9:43,48)
Nesse sentido, o inferno é, para todos os efeitos, o mesmo que o lago de fogo, pois uma vez lá,
não há como sair, a não ser para um inferno ainda mais profundo, a saber a segunda morte, o
lago de fogo, no qual será lançado o diabo e seus anjos. Ao me referir a inferno, portanto, terei
em mente este estado de miséria final do ímpio.

A Parábola do rico e de Lázaro – os tormentos no Hades


A passagem do NT com maior destaque para o tema desta noite é, sem dúvida, a parábola do
rico e de Lázaro, cujo contexto é sobre a aplicação da riqueza, Nesta conhecida parábola o
Senhor Jesus apresenta vários detalhes relativos ao estado em que se encontra um homem
entre sua morte e o julgamento do Trono Branco. A atenção aos detalhes é crucial para
entendermos o ensino de Cristo.
Em primeiro lugar há dois personagens que levam vidas diferentes e terminam com destinos
eternos diferentes. São eles:

• Lázaro: mendigo, vivia às portas do rico e implorava pequenas migalhas para seu sustento.
O nome que o Senhor lhe dá indica que seu status na presença de Deus. É significativo que
seu nome, uma forma hebraica de Eleazar, seja traduzido como aquele a quem Deus
ajuda/tem misericórdia. Na parábola significa alguém totalmente dependente de Deus, um
indivíduo cuja esperança está totalmente no Senhor. Morre, e levado pelos anjos, é
consolado no seio de Abraão, o paraíso (lugar que o Senhor Jesus prometera para o ladrão
arrependido em Lc 23:43).
• Certo homem rico: de vida regalada, alegrava-se constantemente com seu estado de
riqueza. A vida para ele era para ser aproveitada. Não tinha tempo para os demais, em seu
egoísmo vivia apenas para si. É notório que não é lhe dado um nome, o que no contexto
oriental implica em alguém sem honra, cuja memória sequer é digna de ser pronunciada.
Não deixou nada de significativo nesta vida. Morre, é sepultado e seu destino final é o
inferno.
Assim, é forçoso notar que há duas vidas diferentes que resultam em mortes diferentes e
remetem a destinos eternos diferentes. Um para a consolação e bem-aventurança eternas e
outro para o tomento eterno.
Deixemos a situação de Lázaro para outra oportunidade, basta dizer que estava consolado de
suas aflições aqui na terra, pois confiara unicamente em Deus, mesmo levando uma vida dura
e difícil. Saliente-se que não há nesta parábola qualquer insinuação que a pobreza é porta de
entrada para o Céu e riqueza um passe livre para o inferno. Lázaro não foi para o Seio de
Abraão porque era pobre, mas porque tinha alcançado misericórdia de Deus. O rico não
terminou no inferno porque era rico, e sim porque sua vida era voltada unicamente para si e
para a satisfação de seus desejos. Dito isso, voltemo-nos para o rico e sua situação miserável.
Um detalhe inusitado que chama atenção no tormento do rico, o qual está consciente no
inferno, é que parte do mesmo é devido à sede que o assola na chama infernal. Essa sede
nunca será saciada, e é ampliada pela visão do estado beatífico de Lázaro, no verso 24 (que ao
que tudo indica não tem qualquer visão do inferno). Outra parte de seu horrível tormento se
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dá pela lúgubre perspectiva que seus parentes queridos venham a sofrer o mesmo destino,
uma vez que não davam ouvidos à Palavra de Deus (vs 27, 30). Não há para ele qualquer
palavra de esperança ou consolo. Nem mesmo seu rogo por uma visita miraculosa na vida dos
irmãos recebe qualquer resposta de alento.
Abraão deixa claro ao infeliz que a salvação se dá apenas pela Palavra de Deus, e nem mesmo
a visão de uma pessoa ressurreta seria capaz de convencer alguém dos tormentos do inferno,
caso esta se mantivesse incrédula em relação às Escrituras (vs 31). Assim, tenhamos firmes em
nosso coração que a salvação só pode ser outorgada em vida, e por meio da Palavra de Deus.
Se a Palavra de Deus não te convence de pecado não serão filmes, fantoches, métodos,
propósitos, visões, e promessas de homens que te convencerão.
Segundo Charles Ryrie, pode-se resumir o ensino de Cristo nesta parábola acerca do estado
infernal em quatro pontos:
(a) Há uma existência consciente após a morte (vs 23)
(b) O tormento de inferno é real (vs 23-24)
(c) Ausência total de uma segunda oportunidade (vs 26)
(d) Completa impossibilidade de comunicação com os vivos (vs 27-31)
Dito isso, vejamos com temor e tremor um pouco mais sobre a realidade infernal. O que
podemos inferir das Escrituras sobre a realidade eterna de tormentos. Não será um exercício
agradável, mas necessário caso queiramos saber o que nos espera se morrermos sem a Graça
de Cristo

1. Origem e Estado Infernal


Primeiro, devemos lembrar que o fogo eterno não foi criado originalmente para o homem, e
sim para o diabo e seus anjos caídos, inimigos jurados de Deus (Mt 25:41). É um lugar de
tormento (Mt 8:12) e sofrimento eternos (Mc 9:43-44).
Não foi feito para a humanidade e, a priori, nenhum homem deveria ir para lá. No entanto,
todo aquele que permanece em seus pecados rejeita a Cristo, pois não aceita sua obra e
rejeita sua oferta, e por definição faz de si mesmo um inimigo do Senhor, como Ele mesmo
disse:
“Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Lc 11:23)
E na condição de inimigos do Senhor, todo homem que se recusa a voltar-se para o Senhor
Deus, terá seu destino juntamente com os demais inimigos de Cristo, sobre os quais Ele
mesmo declara:
“Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos,
para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” (Mt 25:41)
O inferno é também, em certo sentido, um monumento à dignidade que o Senhor Deus
outorgou ao ápice de sua Criação. Ao criar o homem, Deus o amou a ponto dar liberdade de
escolher obedecê-lo ou não (antes da Queda). O Senhor não o enganou ou lhe deu uma
liberdade de mentirinha. A liberdade dada era verdadeira, e as escolhas humanas eram reais e,
sendo assim, tinham conseqüências reais. O Senhor deixou claro que uma desobediência
implicava em morte e em banimento de Sua presença. O Senhor respeitou tanto sua criação
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que lhe deu a real possibilidade de escolher não querê-lO, de torna-se Seu inimigo. A realidade
do inferno é uma clara demonstração do amor de Deus pelo homem.
No inferno, o homem encontra-se, pelo exercício de sua liberdade, em um estado
completamente isolado da Graça de Deus (2 Ts 1:7-9), onde os homens estarão banidos da
face de Deus.
“Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu
poder,” (2 Ts 1:9)
Nesta terra, ainda que esteja presente os males advindos do pecado e muitas tragédias e
tribulações nos atinjam, ainda assim estamos sobre a graciosa mão de Deus, cujas benção
derrama sobre justos e injustos (Mt 5:45). Bem ou mal ainda vivemos sob a face da graça de
Deus.
Entretanto, no inferno não será assim. Lá a graça do Senhor não se manifestará. Lá a face do
Senhor não será para abençoar, e sim para eterno juízo. Lá é o lugar no qual o Senhor permite
que homens que não O querem vivam para sempre longe de sua Graça e de sua Presença,
como sempre desejaram. A vontade destes danados será finalmente satisfeita e poderão se
ver livres da presença graciosa de Deus.
Mas que tipo de lugar seria um no qual Deus retirasse a sua Graça? Esse lugar, por definição,
seria o inferno!

2. Da realidade da sentença ao inferno


Uma das grandes dificuldades sobre o ensino do estado final dos ímpios é a crença que um
Deus bondoso possa mandar alguém para um sem-fim tão tenebroso. E muitos por não
vencerem esta dificuldade imaginam que de alguma forma esta sentença não será aplicada ou
então não será permanente. Há outros que debocham da doutrina e a consideram mero
expediente intelectual para convencer os ignorantes pelo medo do castigo.
Diz o louco em seu coração “isso é apenas conversa para por medo nos corações. Pura
bobagem”. Da mesma forma diz o insensato “Deus não permitirá que isso aconteça. Ele bom!”.
Não nos enganemos com estas idéias tolas.
Quanto à primeira afirmação, saliento que em nenhum lugar do NT o medo é usado como
arma de coerção para que o homem se volte para Deus. Tal idéia é contrária à natureza do
Senhor Deus. O mais esplêndido convite de Cristo ao homem perdido tem como foco o amor e
a necessidade mais profunda do ser humano e não o medo:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre
vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis
descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” (Mt 11:28-30)
Entretanto, quanto à segunda afirmação, a do insensato que julga a Deus segundo seu próprio
coração, a resposta é: Sim, Ele permitirá que o ímpio vá para o inferno. De fato, o Senhor Deus
é bom, mas também é justo e fará cumprir cabalmente sua justiça. Não há nEle prazer na
morte do perverso, nem o desejo que o perverso morra. Não, não é seu desejo que homem
algum vá para o inferno, mas que se converta e viva.

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“Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do
perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-
vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” (Ez 33:11)
“o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade.” (1 Tm 2:4)
Lembre-se, ainda que não tenha nenhum prazer, o Senhor permite que pessoas que morrem
sem Cristo vão para o inferno, da mesma forma que permitiu a Herodes matar todas as
criancinhas de Belém e arredores, Estevão ser apedrejado, milhares morrerem em tsunamis e
milhões morrerem de gripe espanhola ou pelas guerras no século XX. Não nos enganemos
neste ponto crucial. Se em sua soberania o Senhor Deus permite que desastres e hecatombes
aconteçam e aflijam a humanidade afundada no pecado, também fará cumprir seu juízo sobre
aqueles amam mais as trevas do que a luz (Jo 1:19).
E se isso não é suficiente, considere ainda a seguinte questão: se Ele permitiu até que seu
único e amado filho fosse crucificado em seu lugar, por que não permitirá que alguém que
nunca se dispôs a ouvi-lO, que sempre O rejeitou, vá para o inferno?
Sem mudança de coração, sem o novo nascimento, o homem irá para o inferno e queimará em
tormentos para sempre. E o Senhor permitirá isso.

3. Da realidade do sofrimento no Inferno


Estejamos firmes quanto a esta outra verdade: se alguém for para o inferno sua realidade será
de sofrimento eterno, sem qualquer refrigério, como bem mostra a situação do rico. Ali haverá
angústia extrema, sofrimento físico, solidão profunda e ansiedade mental a qual não há, nem
nunca houve na terra. Não haverá alívio, descanso, desmaio ou destruição final, como está
escrito em apocalipse:
“Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a
sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da
cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e
enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe
pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os
adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome.” (Ap
14:9-11)
Qualquer sofrimento que possamos vir a ter nesta vida não se compara ao tormento que será
experimentado perpetuamente naquele lugar. O Senhor Jesus afirma que o inferno é onde
haverá trevas, choro e ranger de dentes.
Assim como o rico da parábola, se você morrer sem Cristo terá no inferno, somado a seu
sofrimento físico, as lembranças de seus amigos queridos, de sua família, esposa, filhos, bem
como a terrível sensação de impotência por não poder alertá-los sobre tão terrível destino.
Relembrará perpetuamente as chances que teve para crer no Salvador e rejeitou. Isso te
gerará uma angústia profundamente dolorosa. Você se lembrará desta pregação. E isso
também te será um sofrimento terrível.

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4. Dos sons do Inferno


Eis um ponto que quase nunca paramos para meditar. No inferno você escutará sons como
nunca ouviu na terra. Enquanto nesta esfera de existência, ainda que conspurcada pelo
pecado, podemos ouvir os sons da natureza, o canto suave dos pássaros, o barulho delicioso
da chuva, a risada alegre das crianças, o louvor dos irmãos, as músicas da humanidade e até
burburinho incômodo, porém familiar, das pessoas no shopping. Mas no inferno a cacofonia
será outra bem diferente. Lá não haverá canto dos pássaros, barulho da chuva, o marulhar das
ondas, risos, música, louvor, todos os sons que fazem este mundo agradável a nossos ouvidos.
No inferno você não escutará ninguém dizer “eu te amo!”, pois no inferno não há amor. Não
escutará ninguém pedir desculpas por qualquer inconveniente, pois no inferno não há
gentileza. Ninguém responderá aos seus lamentos, seu clamor por ajuda, pois no inferno não
há consolo, não há solidariedade, não há quem venha ao encontro de suas necessidades, e
mesmo que clames a Deus não serás ouvido.
Por outro lado, os sons que escutarás serão os de pessoas clamando por alívio
incessantemente. Haverá o som de choro e ranger de dentes (Mt 8:12). Já ouviu o som de
bruxismo, alguém rangendo os dentes no escuro? Esse som será a trilha sonora mais comum
nas paradas do inferno. Haverá também o som das chamas eternas, do terrível lamento de
milhões de almas, do clamor pelas necessidades básicas nunca satisfeitas, da sede terrível, do
barulho ensurdecedor da consciência por cada pecado cometido, por cada chance perdida.
Não haverá interrupção destes sons. Nunca jamais cessarão.

5. Da paisagem infernal
Deixe-me falar agora do que não se verá naquele lugar maldito. Lá você até poderá se lembrar
do amanhecer, do pôr-do-sol, do rio Guaíba, das florestas, igarapés, flores, fazendas, serras e
montanhas, dos rostos amigos e beleza de um sorriso acolhedor. Mas você nunca verá estas
coisas no inferno, pois não há qualquer beleza nas regiões abissais. Por definição o inferno é
um lugar em que nenhuma de nossas necessidades será satisfeita, e isso inclui a satisfação
estética. O Senhor Jesus descreveu o inferno como um lugar de trevas (Mt 8:12).
Lá não brilhará a luz da graça de Deus e nada belo se encontrará em suas paragens. O que se
verá serão rostos em agonia, tormento, trevas e terror. Nenhuma face amiga, nenhuma mão
estendida. Apenas as trevas mais densas do coração humano, expostas em sua mais crua e
perversa realidade. O que se vislumbrará é o lago ardente que queima com fogo e enxofre por
toda a eternidade (Ap 21:8).

6. Da sociedade infernal
Meu caro, alguma vez já refletiste em quem estará no inferno te esperando? Eis um
pensamento que poucos ousam pensar. Tenhamos consciência que o inferno é o presídio de
segurança máxima universal, preparado originalmente para abrigar eternamente os piores
seres desta criação.

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Lá estarão os covardes, os incrédulos, os abomináveis, os assassinos, os impuros, os feiticeiros,


os idólatras e todos os mentirosos (Ap 21:8a, 22:15). “Ou não sabeis que os injustos não
herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros,
nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem
maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Co 6:9-10). Esta é apenas uma
parte da extensa lista de seres que lá se encontrarão. Não serão uma companhia agradável de
se estar por toda a eternidade.
Não haverá no inferno um lugar especial, um regime diferenciado, para determinados tipos de
pessoas, de acordo com a vileza do seu caráter. Lá você estará junto com todos os inimigos de
Deus, para todo o sempre.
E talvez o pior dessa companhia infernal é a posição que o homem desfrutará. Lá, o homem
que não foi alcançado pela Graça de Cristo, será um ser inferior, o mais fraco. Estará sujeito a
outras criaturas de terrível poder e maligna vontade.
Da organização da sociedade infernal há dois fatos que devemos considera: as Escrituras
afirmam que o homem foi feito menor que os anjos (Hb 2:7,9), menor em poder, em vontade;
também afirma que esta prisão cósmica foi construída originalmente para o diabo e seus anjos
(Mt 25:41). O que se conclui destes fatos?
Percebem quem estará lá? Estará aquele cujo único desejo é matar, roubar e destruir (Jo
10:10), aquele que foi homicida desde o início (Jo 8:44), o grande dragão, a antiga serpente
que se chama diabo e satanás (Ap 12:9), juntamente com a besta e o falso profeta. Lá estarão
também os demônios, os anjos caídos, os principados, as potestades, os poderes, as maldades
espirituais deste mundo tenebroso. E refestelando-se sobre todos estará o próprio Lúcifer, o
Maligno, lançando sobre todos o ódio, a ira e a frustração.
No inferno o incréu será controlado e atormentado pelo diabo e suas hostes satânicas, cujo
ódio pelo homem não tem limites. Sim, o homem será menor que o mais reles demônio e será
objeto de escárnio e divertimento deles. Na classe de poder você, sem Cristo, será o último da
lista.

7. Da vergonha infernal
O que há de mais vergonhoso em relação a ser lançado no inferno? O que há de tão
humilhante neste tão terrível destino? Será que é estar em companhia tão degradante? Sofrer
eternamente, sem qualquer descanso? Ou quem sabe os outros saberem de sua lastimável
condição?
Quanto às duas primeiras questões, posso dizer que são humilhantes, mas não é o que de fato
envergonha. Quanto à última, afirmo-lhe que na eternidade os que estarão no Céu não se
preocuparão com o destino ou estado lastimável dos ímpios, pois estarão consolados e livres
de tais sentimentos inferiores e os que estiverem no inferno estarão atormentados demais
para emitir qualquer juízo de valor sobre a posição de quem quer que seja por lá, uma vez que
estarão sob a mesma condenação. Não será, portanto, o fato mais humilhante.

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O que haverá de mais vergonhoso, a principal humilhação, o golpe mais forte da consciência,
entregue a si mesmo, reside em um único fato: você não precisaria estar ali! Não deveria estar
ali! E teve todas as oportunidades de estar em outro lugar.
Agora imagine você remoendo eternamente este pensamento. Se aqui nesta terra, devido a
algumas decisões erradas, nos remoemos e recriminamos, imagine lá. “Ah! seu eu tivesse
escutado..., ah! eu escutei, mas..., Oh! Ela me falou, mas fiz pouco caso,...”
Sim, esta é a humilhação máxima. Tiveste muitas oportunidades e terminaste em um lugar em
que não deveria estar.

8. Sobre o inesperado que é o inferno


Na parábola do rico e de Lázaro, ao morrer o rico foi levado diretamente para o lugar de
tormento. Era um pecador impenitente, que vivia sua vida regaladamente. Não se preocupava
com o estado de sua alma, não dava atenção para as coisas de Deus, não se preocupava com
seu próximo. Achava que tinha tempo.
Meus caros, o inferno está cheio de pessoas que deixaram para depois o acerto com Deus. Que
acharam que tinham todo o tempo do mundo, que poderiam crer a qualquer momento futuro.
Quando for velho – diziam – buscarei a Deus, mas agora quero aproveitar a vida, meus bens, os
prazeres deste mundo. Que mal há nisso?
Lembram do homem de Lc 12:20 que tinha grandes planos para o futuro devido ao sucesso de
seus planos? Deus lhe disse “louco, hoje à noite te pedirão a tua alma!”. Ele se esquecera de Pv
27:1 que ensina a não se gloriar do dia de amanhã, porque não se sabe o que trará à luz.
A morte vem inesperadamente a todos nós, indistintamente. Mas ao impenitente traz consigo
a realidade eterna do tormento infernal. Estejamos preparados.

9. A Salvação do inferno
Desde a queda de Abel pessoas acusam ao Senhor Deus de injusto, de sádico, insensível, por
mandar pecadores renitentes para o inferno, mas escute com atenção: você não precisa ir!!
Deus providenciou, desde a fundação do mundo, o caminho para a salvação. E este caminho é
a fé na obra de Cristo Jesus consumada na cruz. Não a rejeite!!
O Senhor Deus já decidiu em favor do homem cerca de dois mil anos atrás, quando mandou
seu Filho para morrer na cruz em teu lugar. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(Jo 3:16).
O apóstolo Pedro afirma que “Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam
demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça,
senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3:9). Esse querer de Deus é também o
desejo de teu coração?

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Em Ez 33:11 o Senhor pergunta porque alguém haveria de escolher a morte, se pode mudar
seu caminho e voltar-se para Deus
“Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do
perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-
vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” (Ez 33:11)
Todos os homens pecaram, pois são pecadores desde a mais tenra infância (Rm 3:23), e é a
eles que o Senhor estende a promessa do perdão dos pecados. “Vinde, pois, e arrazoemos, diz
o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos
como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” (Is 1:18).
Todos quantos crerem em Cristo serão feitos filhos de Deus (Jo 1:12). “Se, com a tua boca,
confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os
mortos, serás salvo.” (Rm 10:9). Crês tu nessa verdade?
A todos quantos crerem, é promessa de Deus Pai a libertação do império das trevas e a
entrada no reino de seu Filho Amado. “Ele nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos
pecados” (Cl 1:13-14). Crês tu nesta promessa? Já vives no reino do Filho? Ou teu caminho
conduz à morte e ao inferno. Escute a Palavra de Cristo:
“Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição,
e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que
conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.” (Mt 7:13-14)
Qual a porta que tens escolhido? Qual é o caminho que tens trilhado? O caminho da vida ou o
da perdição? Em teu caminho teus companheiros são os poucos peregrinos que seguem a
Deus ou são as multidões que andam segundo seus próprios desejos mundanos sem sabem
para onde vão?
A todos que ouvem esta mensagem termino com as palavras do Cristo Ressurreto, na
esperança que se voltem para Deus:
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não
existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus,
ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono,
dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos
de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já
não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E
aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou:
Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou
o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da
vida. O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho. Quanto, porém,
aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos
idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e
enxofre, a saber, a segunda morte” (Ap 21:1-8)
Queira o Senhor que possas estar com Cristo Jesus e não passes pela segunda morte.
A Ele a glória eternamente. Amém!
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