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AMPUTAÇÕES

O trabalho do fisioterapeuta para com as amputações, visa principalmente a protetização


dos membros inferiores, visto que o trabalho de dar ao paciente força, equilíbrio sobre a
prótese é de responsabilidade do fisioterapeuta.

As principais causas das amputações

 Vasculares
 Traumáticas
 Infecciosas
 Tumorais
 Queimaduras
 Congênitas

Os principais níveis de amputação:

 Hemipelvectomia (desarticulação da sacro-ilíaca)


 Desarticulação do quadril (total de coxa)
 Transfemurais (parciais de coxa - 1/3 superior, médio e
inferior)
 Desarticulação do joelho (total de perna)
 Transtibiais (parciais de perna - 1/3 superior, médio e
inferior)
 Amputação de Symes (desarticulação do tornozelo)
 Amputação de Lisfranc (tarso metatársica)
 Amputação de Chopart (ante-pé)
 Desarticulação de falanges (total ou parcial)

Pontos ideais para se protetizar um amputado


Cicatriz bem situada e móvel  A cicatriz do paciente amputado deve ser
corretamente posicionada na região posterior do coto, para que a mesma não sofra pressão
da prótese.

Cicatriz sem aderência  A cicatriz deve ter boa mobilidade, pois a mesma estando
aderida se torna dolorosa durante a protetização

Coto sem pregas  O pregueamento da pele é um fator que impossibilita uma boa
protetização, pois desencadeia dor. Os idosos são os que apresentam essa complicação
com maior frequência

Sem excesso de partes moles  O excesso de partes moles é frequente,


principalmente nos amputados que deixam o coto engordar e perder o formato cônico.
Alguns pacientes podem vir a desenvolver um acúmulo de partes moles nas regiões latero-
inferiores do coto que são conhecidas como “orelhas de cachorro”. Esse tipo de coto não
pode ser protetizado pois é doloroso e o cartucho da prótese com certeza ficará apertado.

Sem espícula óssea  As espículas ósseas se formam na maioria das vezes na


ponta do osso que foi cortado. Essa espícula machuca e não permite a protetização
Sensibilidade normal  O paciente amputado precisa suportar o peso corporal sobre
o coto, portanto ele precisa se acostumar a sentir pressão sobre ele, sem que isso
desencadeie dor. Porém para que isso aconteça o paciente amputado precisa ter uma
sensibilidade normal, e a maioria apresenta uma hiperestesia, portanto devemos
desensibilizar esse coto, através do trabalho com texturas e estímulos diferenciados.

Sem dor ou sensação fantasma  É muito comum os pacientes amputados


relatarem dor ou sensações no segmento que foi retirado. Isso se deve ao cortéx cerebral
não reconhecer ainda de forma específica que o segmento foi retirado. Além de um trabalho
psicológico, um trabalho de normalização da sensibilidade, e uma conscientização corporal
melhoram esse problema, porém enquanto esse problema persistir o paciente não poderá
ser protetizado definitivamente.

Coto levemente afunilado (formato cônico)  O coto precisa ter um formato cônico
para poder ser protetizado, e dentre várias formas para se modelar o coto, uma das mais
importantes é o uso contante da bandagem elástica compressiva. O coto deve sempre
permanecer enfaixado, desde que o paciente não esteja protetizado. O tipo de enfaixamento
mais utilizado é o em 8, onde se deve dar uma compressão maior na base do coto, e deixar
com menos pressão a parte proximal, isso evita complicações circulatórias no coto.

Sem padrão vicioso  Pela falta do peso do segmento, o paciente amputado tende a
desenvolver padrões viciosos com o coto. O coto de coxa é o que mais desenvolve padrão,
o mesmo vai ficar em flexão, abdução e rotação lateral. Já o de perna fica em flexão.

Boa força muscular  O paciente amputado necessita de força para poder


movimentar a prótese e se locomover sem muito esforço aparente.

Preparação Física do Paciente Amputado


- Manter as articulações com boa amplitude, e sem limitações;

- Evitar ou retirar retrações e contraturas musculares de todos os segmentos.

- Dar ao paciente, força, potência muscular e resistência, tanto no coto, como na perna não
amputada e nos membros inferiores.

- Dar ao paciente resistência física geral, para que o uso da prótese não seja desgastante.

-Promover alinhamento corporal, assim como o alinhamento da prótese.

- Fortalecer membros superiores para o uso de meios auxiliares (muletas).

Colocação e retirada da prótese


- As próteses mais modernas são bem mais fáceis de se colocar e retirar do que as
próteses convencionais, pois são mais leves, se adaptam melhor ao coto e muitas
apresentam o cartucho moldável.
A grande maioria das próteses utilizadas nos dias atuais sejam elas modernas ou as
convencionas normalmente são de sucção, ou seja apresentam uma válvula de sucção no
seu compartimento inferior, e após o fechamento dessa válvula o coto fica preso dentro do
cartucho por um processo de sucção.
As próteses para pacientes amputados de 1/3 superior de coxa, desarticulação do
quadril, e alguns pacientes que não podem por algum motivo utilizar próteses de sucção,
como os diabéticos, necessitam da utilização de próteses com cintas pélvicas.

Em algumas próteses, a colocação da prótese deve ser iniciada pela passagem de talco
no coto, para que ela tenha uma melhor adaptação. O enfaixamento do coto deve ser
realizado, ou com uma atadura de crepon ou com a própria atadura elástica.

Após esse enfaixamento, coloca-se o coto no cartucho, e a ponta da atadura deverá


passar pelo orifício da válvula da prótese de sucção, neste momento o paciente deverá
colocar todo o seu peso corporal sobre a prótese para que o coto entre no cartucho, e ao
mesmo tempo ele irá puxar a atadura pelo orifício da válvula até a atadura sair por completo.
Conforme ele vem puxando e jogando o peso corporal para o lado protetizado, o coto vai se
moldando e se encaixando adequadamente no cartucho da prótese. Após a retirada total da
atadura, a válvula é colocada e o ar que existe dentro da porção final do cartucho e retirado
e o coto nesse momento fica preso por sucção.
As próteses que não são de sucção, não necessitam dessas manobras para colocação.

A retirada da prótese é um processo relativamente fácil bastando para isso retirar a válvula
de sucção onde teremos a entrada do ar e a saída da prótese.
Algumas vezes em consequência de transpiração excessiva ou aumento de volume do
coto, pode-se ter o colabamento do cartulho no coto e o mesmo poderá ficar preso.

Alguns cuidados devem ser tomados após a retirada da prótese, tipo:


- Observar o coto fazendo um cuidadoso exame, tentando verificar feridas ou alterações
circulatórias.
- Enfaixar o coto após a retirada da prótese, para manter o mesmo com o seu formato
afunilado (cônico).
- Limpar o cartucho da prótese com um pano limpo e seco, para não se acumular detritos e
sujeira no mesmo.
- Manter as articulações da prótese bem lubrificadas e limpas.

Avaliação da Prótese a ser Utilizada


A prótese deve ter as características anatómicas iguais a do membro sadio, portanto deve
ter o valgismo fisiológico e ser o mais parecida possível com a perna sã.

Ao se analisar uma prótese alguns tópicos são importantes, tais como:


- A mesma deverá se manter em pé sozinha.
- O cartucho deverá ter um formato levemente retangular com uma concavidade posterior,
aonde se encaixa os isquios tibiais.
- Deverá ter todos os apoios necessários para o conforto e funcionabilidade durante a
marcha.
- A articulação do joelho deverá ter no mínimo uma flexão de 90 graus.
- O pé da prótese deverá estar alinhado, não podendo estar rodado.
- O pé da prótese pode ser móvel ou fixo, dependendo do tipo de paciente que irá usar a
prótese.
- O pé fixo chama-se pé SACH, e é muito usado para pacientes idosos, pois dá melhor
equilíbrio e segurança durante a marcha.
- O pé móvel chama-se dinâmico, e é usado para pessoas mais jovens e que tem melhor
equilíbrio, pois o mesmo apresenta mobilidade para dorsiflexão e flexão plantar.
Tratamento Cinesioterapêutico nos Amputados
Além de toda a preparação cinesioterápica feita com o paciente amputado, como
alongamentos, fortalecimentos, desensibilizações e etc. , um dos exercícios mais utilizados
com esses pacientes são os chamados exercícios de Keer.
Os exercícios de Keer visam dar ao paciente equilíbrio sobre a prótese, coordenação
durante a marcha, melhor tolerância a pressão exercida sobre o coto e promover uma
marcha sem grande esforço aparente.

Os exercícios de Keer são divididos em preliminares e adiantados.


Todos esses exercícios devem ser realizados em frente ao espelho e com o paciente
estando entre barras paralelas.

Exercícios Preliminares:
1- Transferência de peso corporal entre 2 apoios;
2- Deslocamento anterior e posterior do tronco (balanceio do tronco);
3- Transferência do peso corporal sobre o lado protetizado, com semi flexão do joelho.
4- Transferência do peso corporal sobre o lado protetizado com flexão total do joelho.
5- Transferência do peso corporal na posição de passo.

Exercícios Adiantados:
1- Treinamento de marcha com passos curtos e lentos;
2- Treinamento de marcha em planos ascendentes e descendentes;
3- Treinamento para subir e descer escadas

Vícios de Marcha que devem ser corrigidos

1- Marcha em abdução;
2- Marcha na ponta do pé;
3- Inclinação lateral do tronco durante a fase de apoio da prótese;
4- Claudicação durante a fase de apoio da prótese.

OBS- devemos observar o que está levando o paciente a desenvolver esses vícios de
marcha e tentar se possível concertar, se não adaptar o paciente as suas sequêlas.

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