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CENTRO UNIVESIDADE PLÍNIO LEITE

Mestrado Profissionalizante em Ensino


de Ciências da saúde e do Ambiente

MÃOS A HORTA!
“MÃOS A HORTA! Trabalhando com hortas
orgânicas para a aplicação de conceitos da
Trabalhando com hortas Educação Ambiental na escola” é uma
cartilha elaborada a partir da dissertação de
orgânicas para a aplicação de Mestrado do aluno Sergio Vieira Anversa,
sob a orientação da Dra. Maylta Brandão dos
conceitos da Educação Anjos.
Ambiental na escola.

Sergio Vieira Anversa Niterói – RJ – 2008


Niterói 2008
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................ 05

1. O QUE É UMA HORTA ORGÂNICA.............. 06

2. A HORTA COMO PROPOSTA PEDAGÓGICA.. 07

3. PREPARANDO A TERRA............................ 08

4. CANTEIROS E MOBILIDADE..................... 09
“A educação é a capacidade
de perceber as conexões ocultas 5. E SE A ESCOLA NÃO TEM TERRENO PARA
entre os fenômenos.” O PLANTIO?............................................... 10

Václav Havel 6. HARMONIA NA VARIEDADE..................... 11

7. ESPAÇOS DE SUPORTE PARA HORTA......... 12

8. É TEMPO DE COLHEITA........................... 14

BIBLIOGRAFIA........................................... 15
APRESENTAÇÃO A HORTA COMO PROPOSTA PEDAGÓGICA

Prezado Educador (professor, agente social,


ambientalista, enfim, você que se dedica à Com a introdução da Educação Ambiental
educação de outros), esta cartilha tem como enquanto tema transversal, e em alguns casos
objetivo fornecer subsídios teóricos e práticos para como disciplina específica no currículo escolar, foi
que você, que se interessa por questões necessário a criação de ambientes mais flexíveis e,
relacionadas ao ambiente, possa promover a principalmente, a formação de profissionais com
Educação Ambiental nos espaços onde atua. uma leitura epistemológica dos problemas
educacionais, ambientais e dos novos paradigmas
Pelo fato de a EA ser um tema extremamente emergentes capazes de gerar um novo saber
recente em relação às outras áreas mais ambiental.
convencionais do saber, as referências práticas e
teóricas de trabalhos sobre esta temática são A proposta de trabalho com o projeto “Mãos a
raros, tanto em ensino formal quanto não-formal. horta” vem ilustrar a criação do ambiente
favorável à prática da Educação Ambiental
Apesar de novo é comum encontrarmos enquanto um novo saber, seja no contexto escolar
profissionais interessados em fazer um bom ou em contextos onde a educação se dá de
trabalho, acreditando ser de cunho ambiental. informalmente.
Porém só o interesse não basta, é preciso buscar a
essência do conhecimento, pois a falta de uma No cotidiano do trabalho em uma horta é possível
base epistemológica (origem) dificulta a promover condições de observação, análise,
compreensão para a real criação de espaços e experimentação, reflexão, levantamento de
atividades de Educação Ambiental condizentes hipóteses, sistematização, e outras possibilidades
com os novos paradigmas educacionais e que o contato com a terra promove. É uma
ambientais. excelente oportunidade para o desenvolvimento de
conceitos e práticas ambientais, onde o
Como sugestão de trabalho, preparamos para você participante é convidado a cultivar experiências
esta cartilha com orientações para o cultivo da únicas onde os resultados sempre surpreenderão.
horta orgânica, enquanto proposta pedagógica
para a promoção da Educação Ambiental.

Boa leitura e boa colheita!


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O QUE É UMA HORTA ORGÂNICA PREPARANDO A TERRA

É uma maneira de plantar e cuidar das hortaliças Uma terra equilibrada é a base para uma
com técnicas que não poluem a terra e a água, e produção orgânica de hortaliças. É preciso
não contaminam plantas, plantadores e conhecê-la por meio de uma análise de
consumidores. Podemos dizer que é uma maneira laboratório para podermos corrigir suas
de cultivar imitando a natureza, como por exemplo carências.
a utilização de adubos orgânicos em substituição
aos produtos químicos. A terra deve ser protegida com plantios em nível,
construção de terraços, plantio de quebra
A horta orgânica inserida num espaço escolar ventos, cobertura com palhadas, além de
formal ultrapassa os limites do simples plantar e respeitar a preservação das áreas protegidas por
colher, pois se apresenta de forma flexível e lei.
articulada a outros projetos pedagógicos, Na adubação são utilizados sempre produtos
permitindo a interação entre diversos trabalhos e naturais (calcários, fosfatos naturais, estercos
linhas filosóficas na construção de um novo saber animais, restos de plantas). É aconselhável
ambiental. também o cultivo de plantas que melhoram o
solo (mucunas, guandus, crotalárias).
.
Em escolas é comum a construção de canteiros
de alvenaria, muitas vezes pintados com tinta ou
cal, porém não é aconselhável a adoção dessa
técnica, pois a tinta ou a cal pecolam para o
subsolo com as chuvas, contaminando-o e
comprometendo
a qualidade do
alimento cultivado.

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CANTEIROS E MOBILIDADE E SE A ESCOLA NÃO TEM TERRENO PARA O
PLANTIO?
A construção de canteiros feitos com bambu (foto
1) atende a vários aspectos na questão da Quando não há espaço físico para o plantio de
Educação Ambiental, como por exemplo: a uma horta, podemos trabalhar com hortaliças
mobilidade de espaços, permitindo a criação e o que se multiplicam por mudas, feitas em
desenvolvimento de outras estruturas de canteiros pequenos canteiros, chamados de sementeira, ou
(fotos 2 e 3), bem como a retirada desses recipientes tipo bandejas de isopor ou copinhos
canteiros para outras atividades. de plástico ou em outros materiais encontardos
na natureza.
Outra característica destes canteiros é a proteção
e amortecimento de quedas dos alunos. Pelo fato Para preencher a sementeira e os recipientes, a
de sua estrutura lateral não ser fixada de forma mistura deve ser feita com terra de mata, ou
definitiva, qualquer incidente com os alunos os esterco e areia, peneirados e misturados.
bambus rolarão junto com eles, evitando choques
traumáticos (foto 1), muito comuns em canteiros As mudinhas também devem ser pulverizadas
de alvenaria. com caldas naturais, como por exemplo uma
mistura de água, um pedaço de fumo de rolo e
uma medida de álcool.

Foto 1
Foto 2

Foto 3

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HARMONIA NA VARIEDADE ESPAÇOS DE SUPORTE PARA HORTA

Compostagem
Na horta orgânica é importante plantar várias
hortaliças no mesmo canteiro, para criar um Se a escola produz matéria orgânica e a descarta
ambiente variado. Isto favorece a vida de insetos como lixo comum, pode-se optar por construir
bons e dificulta a vida dos ruins e a aparição de um minhocário e uma área de compostagem,
manchas. onde as folhas das árvores e demais insumos
possam ser colocadas em uma área próxima à
Esta variação também permite um melhor horta para depois serem distribuídas nas áreas
aproveitamento dos nutrientes do solo. de compostagem.

É recomendado o plantio de faixas de plantas de


tamanho médio (milho, girassol, cana) dentro e
ao redor da horta para harmonizar ainda mais o
ambiente.

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Irrigação É TEMPO DE COLHEITA

Tudo a seu tempo... Cada hortaliça tem o ponto


Cada hortaliça tem sua exigência de época e de certo de ser colhida, seja pelo tamanho, cor, sinal
forma de plantio e necessidades de adubação, ou idade. Para isso são usadas facas, tesouras e
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mas todas precisam de cuidados básicos como outras ferramentas para colhê-las, de preferência
irrigação (fornecer água às plantas), adubação de pela manhã ou à tardinha.
cobertura (aplicar estercos ou compostos nas
plantas após o plantio) e manejo do mato As hortaliças para alimentação devem ser lavadas
(capinar em volta das plantas e roçar nos meios). e consumidas no mesmo dia.
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A dica é criar um sistema de irrigação dentro da Pode ser desenvolvido um projeto de feirinha,
área da horta, onde pode ser colocada uma caixa onde as hortaliças sejam colocadas em caixas ou
d’água de 500 litros para que os alunos possam outras embalagens próprias para venda. Após a
usar pequenos regadores para molhar a horta. feirinha, é necessário contabilizar a venda e o
lucro pode ser investido em algo que reverta para
Essa prática também ajuda, em muito, a rever as os alunos ou para a escola.
concepções de utilização de água. Este tipo de
irrigação faz com que os alunos transitem por Outra sugestão é uma colheita coletiva,
toda a extensão da horta. envolvendo os familiares dos alunos no processo.

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BIBLIOGRAFIA
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São
Paulo, 2ª Ed. Moderna, 1996.

DÍAZ, Alberto Pardo. Educação Ambiental - Como projeto. 2ª ed.


Porto Alegre, Artmed, 2002.

“A complexidade ambiental GIORDAN, André e VECCHI, Gerard de – As Origens do Saber -


das concepções dos aprendentes aos conceitos Científicos. Porto
constrói-se e aprende-se num alegre, Artmed, 1996.
processo dialógico, no GUIMARÃES, Mauro. A Dimensão Ambiental na Educação. 7ª ed.
Campinas - SP, Papirus, 1995.
intercâmbio de saberes, na
JR, William E. Doll – Currículo: uma perspectiva Pós-Moderna.
hibridação da ciência, da São Paulo, Artmed, 1997
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populares. É o reconhecimento MORAES, Maria Cândida. Pensamento Eco-Sistêmico –
da outridade e de sentidos Educação, aprendizagem e cidadania no século XXI. Petrópolis_ RJ.
Ed. Vozes, 2004.
culturais diferenciados, não
MOURA, Dácio G. e BARBOSA, Eduardo F. - Trabalhando com
apenas como uma ética, senão Projetos. Petrópolis_ RJ. Ed. Vozes, 2006

como uma ontologia do ser, SACRISTÁN, J. Gimeno – O Currículo Uma Reflexão Sobre a
Prática. 3ª ed. São Paulo, Artmed, 1998
plural e diverso.”
(Leff, 2001) SANTOMÉ, Jurjo Torres – Globalização e Interdisciplinariedade -
O currículo integrado. Porto alegre, Artmed, 1998.

STONE, Michael k. e BARLOW, Zenobia – Alfabetização


Ecológica - A educação das crianças para um mundo sustentável.
São Paulo, Cultrix, 2006.

TOMASELLO, Michael. Origens culturais da Aquisição do


Conhecimento humano. São Paulo, Martins Fontes, 2003.

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