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Abordaremos neste trabalho uma reflexão sobre a relação que há entre o lógos e
a alétheia, no pensamento de dois importantes filósofos: Heráclito e Parmênides.
“As coisas que temos ante nós não são nunca, em nenhum momento,
aquilo que são no momento anterior e no momento posterior; que as
coisas estão mudando constantemente”
Depois que Heráclito termina suas obras é que surge o maior filósofo helênico,
Parmênides. Platão, que foi seu discípulo, sempre que o menciona, diz: “Parmênides, o
grande”. “Grande” sim, porque mudou o pensamento metafísico, e que perdura por
tanto tempo até os dias atuais, como acompanharemos aqui.
Parmênides acha esse modo de pensar absurdo, equivocado. Pensa que não há
quem compreenda o que Heráclito tenta dizer. Por isso decide, não só criticá-lo, mas
também, criar um princípio que explique melhor e de forma mais estrita e concisa o
“ser”. Assim sendo diz: “o ser é; o não ser não é”, desse jeito: simples. Tudo aquilo
que se afastar disso se equivocará tal como Heráclito e cairá no abismo do erro –
segundo o olhar de Parmênides.
“Porque como pode alguém compreender que o que é não seja, e, o que
não é seja? Isto é impossível!”
“As coisas tem um ser, e este é. Se não tem ser, o não-ser não é.”
Para Parmênides a opinião é algo que não pode ser um porto seguro, pois a dóxa
não nos é confiável, ao passo que está sempre mudando, e varia de acordo com o nosso
estado de humor, com a situação que nos rodeia, enfim, ela é muito inconstante. Tal
como o conceito de “aparência”, que também é bem relativo, uma vez que aquilo que se
vê nem sempre é o que se é de verdade, às vezes vemos a aparência, mas não a
“enxergamos”, como deveríamos. A partir desse pensamento, é que vem a expressão:
“o que é, na verdade, pode não ser; e o que não é, pode ser realmente”.
Não podemos nos esquecer que a “alétheia” tem um aspecto religioso, que é
diferente do aspecto leigo da dóxa, e isso fica claro quando Parmênides diz que o valor
da alétheia contra a dóxa é que se mostra um olhar novo sobre tais conceitos: “para
dizer aquilo que é e negar aquilo que não é”, de acordo com o que se pensa.
“Dando ouvidos não a mim, mas ao lógos, é sábio concordar que todas
as coisas são uma única coisa”
“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é
o mesmo”
Já para Parmênides, tudo aquilo que é oposto a si passará a não existir mais. Isso
acontece, porque o que se opõe automaticamente se destrói. Por essa razão nada muda, o
que se tem é uma ação ilusória por parte dos sentidos.
Não poderíamos de forma alguma deixar de ressaltar aqui a importância que tem
Parmênides para a filosofia, tanto no geral, como na Europa (por exemplo); naquela
época, e inclusive nos dias de hoje; além de sua grande importância no caráter histórico.
Além dessa colaboração, temos outras. Uma, não muito positiva, é que por culpa
de Parmênides temos uma visão estática do ser, em vez de termos uma visão dinâmica.
E, ainda mais, nós não só aplicamos essa visão ao ser, mas diariamente aplicamos à
essência e à substância. Na verdade, nós pegamos o “ser” de Parmênides e o dividimos
para formar a nossa visão das coisas.
• Marcondes, Danilo
• Chauí, Marilena
• Chauí, Marilena
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