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capa tech 137c.

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a revista do engenheiro civil


téchne 137 agosto 2008

www.revistatechne.com.br

apoio
IPT techne
Edição 137 ano 16 agosto de 2008 R$ 23,00
COMO CONSTRUIR
Casa de steel
frame - 2a parte
Pré-fabricados ■ Pingadeiras ■ Hidrofugantes ■ Sapatas ■ Gestão de concreto ■ Steel frame ■ Concreto auto-adensável

FACHADAS
Como executar
pingadeiras
IMPERMEABILIZAÇÃO
Hidrofugantes
ACABAMENTOS
Forros de drywall
FÔRMAS
Pilares redondos

Industrialização Edifício-garagem do

do concreto
Aeroporto de
Congonhas (SP)
00137

■ Pré-fabricados com auto-adensável


9 770104 105000

■ Gerenciamento de concretagem
ISSN 0104-1053

■ 60 anos de tecnologia de concreto


■ Entrevista: Francisco Oggi prega industrialização
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SUMÁRIO
54 FUNDAÇÕES
42 Sapatas de concreto
Como executar sapatas diretas simples,
contínuas e em desnível

60 ARTIGO
Aplicação de concreto auto-
adensável na produção de
pré-moldados
Engenheiro avalia competitividade na
indústria de pré-fabricados

84 COMO CONSTRUIR
Steel frame – estrutura – parte 2
Veja neste segundo artigo como
executar a estrutura da edificação
Naldo Mundim

38 PEDRAS
26 Barreira contra manchas
Aprenda a aplicar hidrofugantes e
hidrorrepelentes

40 FORROS
Drywall decorativos
Placas de gesso escondem instalações e
ganham formas criativas
SEÇÕES
Editorial 4
Web 8
42 CONCRETO – PINI 60 ANOS Área Construída 10
Marcelo Scandaroli

Sinônimo de construção
Índices 18
Como o Brasil tornou-se referência
IPT Responde 20
mundial em obras de concreto armado
Carreira 22
Melhores Práticas 24
ENTREVISTA 46 ESTRUTURAS Técnica e Ambiente 34
Industrialização essencial Gestão concreta
P&T 68
Especialista em pré-moldados aponta Especificar, receber, aplicar e controlar:
Obra Aberta 76
tendências da construção o caminho crítico das concretagens
Agenda 78

36 FACHADAS 50 FÔRMAS
Beirada seca Pilares redondos Capa
Friso, bunha e ressalto: alternativas Como executar pilares especiais Layout: Lucia Lopes
para evitar infiltrações e de seção circular Foto: Marcelo Scandaroli

2 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver
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EDITORIAL
Passado, presente e futuro concreto VEJA EM AU

oucos países acumularam, em tão pouco tempo, know-how


P avançado em concreto armado como o Brasil. Em 1926, a
Marquise da Tribuna de sócios do Jockey Club do Rio de Janeiro
já detinha o recorde de balanço, com 22,4 m. Em 1930, era vez do
Elevador Lacerda, em Salvador, despontar com 59 m de elevação.
Também em 1930, o pioneiro Emilio Henrique Baumgart  Arquitetura corporativa
inaugurava a Ponte de Herval, depois Ponte Emilio Baumgart,  Rochaverá
 Edifício BAT
sobre o rio do Peixe, em Herval d'Oeste (SC), com 68 m de vão. Na  Dante Della Manna
mesma época, Rio de Janeiro e São Paulo brigavam pelo recorde
de maior arranha-céu brasileiro: no centro da capital fluminense, VEJA EM
o Edifício A Noite e, na então emergente metrópole paulista, o CONSTRUÇÃO MERCADO
Martinelli. A partir da década de 50, o Brasil se consolida no
cenário internacional da engenharia de concreto armado:
edifícios, rodovias, barragens e pontes ganham holofotes
internacionais e, anos mais tarde, levam empresas brasileiras para
todas as partes do mundo. Essa história antevê capítulos ainda
mais transformadores. A industrialização da construção, em
 Linha do tempo
especial com os pré-moldados, parece inevitável; resistências e  Boom imobiliário
durabilidades inimagináveis dependem apenas de aditivos,  Panorama da arquitetura
 O futuro da construção
adições e uma boa dose de experiência, e o concreto auto-
adensável reforça a linha dos concretos "amigáveis", que
VEJA EM EQUIPE DE OBRA
trabalham para as fôrmas e para as formas das novas gerações de
arquitetos. Esta edição conta um pouco de cada coisa e ainda dá
voz ao engenheiro civil, projetista e consultor de estruturas
Francisco Oggi, um dos maiores entusiastas da industrialização do
setor. O momento de reflexão coincide com os 60 anos de história
da PINI, motivo de uma edição especial da revista Construção
Mercado, que nasceu em 1948, com o nome "Informador
 Alvenaria cerâmica
Profissional – A Construção em São Paulo".  Tubos de polietileno
 Pavimento intertravado
Paulo Kiss  Casa de stell frame

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Vendas de assinaturas, manuais técnicos,
TCPO e atendimento ao assinante Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)
Segunda a sexta das 9h às 18h
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principais cidades*

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demais municípios Diretor de Redação
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www.revistatechne.com.br
Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Evolução do concreto
O primeiro edifício brasileiro com concreto armado foi erguido em 1904, no Rio
Fórum Téchne
de Janeiro. A partir de então, o produto foi protagonista da história da construção O site da revista Téchne tem um espaço
civil com obras emblemáticas. Veja fotos de algumas delas na versão online da dedicado ao debate técnico e qualificado
revista Téchne. dos principais temas da engenharia.
Confira os temas em andamento.

Divulgação: Médiathèque Lafarge


Laudo do IPT ou do Consórcio Via
Amarela: quem está certo?
A impressão que fica é a de que a
avaliação geotécnica do terreno foi
negligenciada. A partir daí, é que
decorrem todas as demais decisões.
O inegável é a responsabilidade do
Metrô como contratante e do
consórcio como executante,
independentemente de culpa.
Weissheimer Engenharia [27/07/2008]

Medidas de sustentabilidade
como reúso de água, contenção
de águas de chuva e
aquecimento solar encarecem
as obras?
Marcelo Scandaroli

São sistemas que podem encarecer


no primeiro momento, pois essas
técnicas são recentes e ainda pouco
Sapatas de concreto utilizadas. Porém, na medida em
que a consciência ambiental
As sapatas de concreto estão entre os
aumenta, os custos tendem a
métodos de execução de fundações mais
reduzir. Além disso, se a
elementares. Bem projetadas, demandam
sustentabilidade ambiental for
pouca escavação e consumo moderado de
pensada como uma necessidade,
concreto. Em complemento à
fica mais fácil afirmar que o custo
reportagem, veja passo a passo como
não é tão alto.
impermeabilizar o sistema.
Gabriela Soares Silva [02/08/2008]

Construção de Sim, haja vista que tais sistemas


ainda são muito caros,
uma história conseqüentemente, elevam os
Em comemoração aos 60 anos da custos das obras.
editora PINI, confira retrospectiva, Fernando Benigno da Silva [31/07/2008]
disponível também na versão
impressa da revista Construção
Mercado, com os fatos mais
marcantes e relevantes da construção
civil nas últimas seis décadas.

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ÁREA CONSTRUÍDA
Falcão Bauer certifica dois produtos com selo ecológico
Saíram as duas primeiras certificações dutos de limpeza doméstica da linha dade dos produtos em todo o território
com o selo ecológico desenvolvido pelo Amo Verde, da fabricante Cera Ingleza. nacional a partir da análise do ciclo de
IFBQ (Instituto Falcão Bauer da Quali- Cerca de 900 mil t de Acerita poderão vida do produto e seu respectivo de-
dade). Foram contemplados a Acerita, ser incorporadas ao concreto, à pavi- sempenho. A metodologia baseia-se
escória de aciaria da ArcelorMittal uti- mentação urbana e a leitos ferroviários. em critérios internacionais consolida-
lizada como agregado graúdo em con- Segundo o IFBQ, a indústria siderúrgi- dos, como o alemão Anjo Azul, o aus-
cretos destinados a artefatos e pisos in- ca nacional gera cerca de 3,5 milhões traliano Good Enviromental Australia
dustriais na Companhia Siderúrgica de desse tipo de escória.O selo desenvolvi- Standart e o inglês BRE – Methodology
Tubarão, no Espírito Santo, e sete pro- do pelo instituto avalia a sustentabili- for Enviromental Profiles.

Hochtief construirá edifício com certificação Leed Gold


A Hochtief quer construir, na Avenida Edifício REC Berrini será construído no anexo, com área total de 101 mil m² e
Luís Carlos Berrini, em São Paulo, o pri- mesmo local do edifício implodido pela prazo de execução de 26 meses. Alguns
meiro edifício do País com certificação construtora em fevereiro de 2008. O edi- dos requisitos da certificação são as redu-
Leed (Leadership in Energy and Envi- fício comercial deverá ter 35 andares, ções de consumos de água (40%), ener-
ronmental Design) categoria Gold. O cinco subsolos e um edifício-garagem gia (30%) e do custo do condomínio.
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Norma de projetos de estruturas de aço é revisada


Ibama quer agilizar
A revisão da norma NBR 8800 –
análise de licenças
Projeto de Estrutura de Aço e de
ambientais em 2008
Estrutura Mista de Aço e Con-
creto de Edificações foi aprovada O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio
em julho e deverá ser publicada Ambiente e dos Recursos Naturais
nos próximos meses. O novo Renováveis) quer agilizar a análise
texto deverá contemplar exclusi- dos pedidos de licenciamento
vamente aspectos de elaboração ambiental. O objetivo do órgão é
de projetos de estrutura. Com reduzir o tempo de tramitação em
isso, deixa de lado as prescrições até 70%, ainda em 2008. Para isso,
para execução das estruturas – vai aumentar a velocidade de
abordadas na versão antiga da avaliação por meio da integração e
norma, de 1986 –, que deverão treinamento de suas superintendências
ser abordadas em uma norma regionais e de parcerias com
Marcelo Scandaroli

exclusiva. A nova norma prevê, universidades. Segundo o órgão,


ainda, o uso de elementos estru- isso não comprometerá a
turais mistos de aço e concreto. qualidade dos processos.
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ÁREA CONSTRUÍDA

Leed brasileiro começa a ganhar forma


O GBC (Green Building Council) Atmosfera", respectivamente. Por No Brasil, há dois sistemas de
Brasil apresentou, em julho, algu- fim, no item "Materiais e Recur- certificação de sustentabilidade para
mas propostas para a adaptação do sos", serão reconhecidos os em- edifícios – os selos Leed, de origem
selo Leed (Leadership in Energy and preendimentos que contem com americana, e Aqua (Alta Qualidade
Environmental Design) modalida- projeto de limitação de geração de Ambiental), francês. Como é o
de Novas Construções às caracterís- resíduos e de reúso de materiais e convívio entre os desenvolvedores
ticas do mercado brasileiro. O teor equipamentos (uso após desmon- dessas certificações ambientais?
das propostas mostra um alinha- tagem). O sistema de pontuação O que existe são encontros conjuntos
mento dos requisitos às novas legis- brasileiro também deverá ser alte- entre as organizações que desenvol-
lações do País. Sete novos créditos rado, acompanhando a revisão em vem essas certificações ambientais,nos
foram sugeridos para a lista de re- curso dos requisitos do Leed nos quais compartilhamos nossas expe-
quisitos. No item "Espaço Sustentá- Estados Unidos. Com a mudança, a riências, de onde tiramos lições. As
vel", foram incluídos créditos para a nota máxima possível na modali- coisas acontecem nesse nível. Posso
"Adequação da acessibilidade inter- dade Novas Construções passará dizer que nós vemos com bons olhos a
na" e a "Adequação da acessibilida- dos atuais 69 pontos para 100 – existência de sistemas [de certificação]
de externa". Também deve ser cria- mais assimilável pelo mercado diferentes que tenham fins similares.
do um crédito para empreendimen- imobiliário. As propostas ainda Principalmente se são desenvolvidos
tos que desenvolvam um Plano de serão submetidas à aprovação do por uma organização independente
Impacto Ambiental, uma espécie de norte-americano USGBC. A reu- em parceria com a indústria, e não im-
mini EIA/RIMA. Edifícios que ins- nião de apresentação teve a presen- postos por um grupo específico.
talarem sistemas de medição indivi- ça do vice-presidente do USGBC e
dualizada e de aquecimento solar de supervisor mundial do Leed, Tom A existência de tantos selos
água ganharão pontos nos itens Hicks, que falou com exclusividade ambientais pode deixar o
"Uso Racional da Água" e "Energia e à Téchne. mercado confuso?
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Nutau promove
certificados existentes para que
seminário internacional
façam mais sentido para os cons-
sobre espaço
trutores de cada país.
sustentável
O sistema de certificação Leed O Nutau (Núcleo de Pesquisa em
é composto por uma série Tecnologia da Arquitetura e
de requisitos de projeto. Urbanismo da Universidade de São
Renato Faria

É possível automatizar a inserção Paulo) realizará seu sétimo


desses requisitos com o auxílio seminário internacional com o
de computadores? tema Espaço Sustentável –
Tom Hicks é supervisor mundial do
A tecnologia atual já possibilita aos Inovações em Edifícios e Cidades,
Leed (Leadership in Energy and
desenvolvedores de software "insta- entre 8 e 12 de setembro.
Environmental Design)
lar" os requisitos do Leed em suas Paralelamente, haverá o 1o Salão
ferramentas. Já existem softwares de de Tecnologias e Materiais para a
É o que as multinacionais do seg- projeto que mostram às equipes de Construção Sustentável.
mento imobiliário enfrentam num projetistas, em tempo real, os impac- O seminário terá 11 palestras,
primeiro momento, vendo siste- tos de suas decisões sobre a pontua- sendo cinco com convidados
mas diferentes nos vários países em ção do empreendimento no sistema internacionais: Emilio Ambasz
que atuam. Acredito que essas em- Leed. E os construtores podem co- (Argentina/EUA), Jonathan Barnett
presas não queiram a proliferação municar essas alterações à USGBC, (EUA), Paula Cadima (Portugal),
de novos sistemas de certificação também em tempo real, por meio de Christopher Ellis (EUA) e Gary
ambiental. Já existem selos o sufi- uma plataforma na internet. Acredi- Lawrence (Reino Unido/EUA).
ciente por aí. O que deve ser feito é to que esse é o futuro dos sistemas de Mais informações sobre o evento
tentar adaptar regionalmente os certificação sustentável. no site: www.usp.br/nutau
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ÁREA CONSTRUÍDA

Edifícios comerciais terão eficiência energética avaliada em 2009


O Procel (Programa Nacional de consumo de energia elétrica, serão separadamente. A regulamentação
Conservação de Energia Elétrica) atribuídas "notas" de A (mais alta) já foi aprovada pelo MME (Minis-
Edifica classificará, a partir de 2009, a E (mais baixa) aos edifícios con- tério de Minas e Energia) e por
a eficiência energética de edifícios cluídos ou em reforma e retrofit. A consulta pública. Atualmente, está
comerciais. Nos cinco primeiros metodologia de avaliação inicial di- em fase de implantação pelo Inme-
anos, período de testes do progra- vide o prédio em três elementos – tro (Instituto Nacional de Metrolo-
ma, os construtores poderão sub- envoltória (análise da cobertura, gia, Normalização e Qualidade In-
meter seus projetos voluntaria- áreas de vidro, janelas, aberturas e dustrial). O texto integral pode ser
mente. Com a avaliação dos resul- vãos etc.), sistema de iluminação e acessado no site http://www.la-
tados, a classificação deverá se tor- sistema de condicionamento am- beee.ufsc.br/eletrobras/reg.etique-
nar obrigatória. De acordo com o biental –, que recebem certificações tagem.voluntaria.html.

Softwares da Autodesk e da Bentley serão compatíveis


A Autodesk e a Bentley Systems, fa- mas consigam ler e gravar projetos anos. Um estudo feito em 2004
bricantes rivais de softwares CAD com maior fidelidade em seus res- pela U. S. National Institute of
e BIM, anunciaram em julho que pectivos formatos DWG e DGN. Standards and Technology aponta
começarão a trabalhar juntas para Atualmente, a conversão dos for- que as empresas de projeto e cons-
tornar interoperáveis seus softwa- matos gera perdas importantes de trutoras norte-americanas deixam
res voltados para arquitetura, en- informações dos projetos. Além de ganhar até US$ 16 bilhões por
genharia e construção. As empre- disso, a falta de interoperabilidade ano com o tempo perdido na
sas compartilharão suas bibliote- vem comprometendo a produtivi- adaptação dos projetos em forma-
cas digitais para que seus progra- dade dos projetistas nos últimos tos diferentes.
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ÁREA CONSTRUÍDA

Concrete Show 2008


O Concrete Show South America
chega à sua segunda edição e esta-
belece-se no País onde predominam
as estruturas em concreto – armado,
protendido ou pré-moldado. E os nú-
meros de seu crescimento em relação
à edição de 2007 mostram que o
evento pegou carona no aquecimento

Divulgação: Sienna Interlink


do setor da Construção brasileira. No
ano passado, eram 165 os expositores
presentes na feira. Segundo a Sienna
Interlink, organizadora do evento, já
estão confirmados, em 2008, mais de
250 expositores. Eles ocuparão uma mados. O Concrete Show South  Pisos de Concreto
área de mais de 19 mil m², 63% maior America será realizado entre os dias  Pré-fabricando com Excelência
do que em 2007. Por fim, é esperado 27 e 29 de agosto, no Transamérica  Habitação: Paredes em Concreto
um público de 12 mil pessoas, contra Expo, em São Paulo.  Pavimentos de Concreto nas Cidades
os dez mil profissionais presentes no  Vencendo Desafios da Engenharia
ano anterior. Em 2008 cresceu tam- Programação dos seminários com Concreto
bém em 1/3 o número de seminários, (27 a 28 de agosto)  Pré-fabricados de Concreto na Pavi-
palestras e workshops. Serão mais de  A Qualidade na Engenharia Es- mentação de Ruas e Passeios Públicos
80 palestrantes nacionais e estrangei- trutural  Alvenaria Estrutural com Blocos de
ros que se apresentarão nos dois pri-  Ciclo de Palestras Concrete Show Concreto nas Edificações
meiros dias do evento. A Téchne traz  2o Seminário de Pisos e Revesti-  Ciclo de Palestras sobre Fôrmas e
um roteiro dos seminários progra- mentos de Alto Desempenho Escoramentos
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ÍNDICES
Aço eleva custos Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
em São Paulo 35
IPCE materiais
Material tem alta pelo terceiro mês 30 IPCE global
consecutivo IPCE mão-de-obra
25
elo terceiro mês consecutivo, o aço
P impulsionou a alta do IPCE (Índi-
ce PINI de Custos de Edificações) em
20

São Paulo. A barra de aço CA-50 3/8"


15 13,93
custava, em junho, R$ 3,61/kg, passan-
do a R$ 4,09 em julho. O aumento, 10
10 9 10,89
dessa vez de 13,25%, vem se repetindo 9 9
8,20
quase todos os meses em virtude da 5,82 9 9
6 6 6 6 6 6 6 6 6
forte procura internacional. 5 3,31 3 4 4 4 4 4 5 5 5
3 4 5 5
O cimento Portland CPII e cal hi- 0,62
1 2 2 2 2
dratada CHII sofreram, respectiva- 0
Jul/07 Set Nov Jan Mar Mai Jul/08
mente, altas de 0,82% e 4,98%. O saco
de 50 kg do cimento, que em junho
Data-base: mar/86 dez/92=100
custava R$ 17,39, passou para RS
MÊS E ANO IPCE – SÃO PAULO
17,53 em julho. Já a cal hidratada, cujo
global materiais mão-de-obra
saco de 20 kg custava R$ 6,65, é vendi-
Jul/07 114.065,53 53.547,83 60.517,71
da agora por R$ 6,99.
ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71
Os preços da pedra britada no 2 e do
set 114.636,80 54.119,10 60.517,71
tubo de ferro fundido PP para esgoto e
out 114.860,42 54.342,72 60.517,71
águas pluviais (∅ =100) sofreram reajus-
nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71
te de 3,97% e 2,28%, respectivamente.
dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71
A alta do IPCE em julho foi de
jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71
1,71%, contra 1,76% do IGP-M.Assim,
fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71
apesar dos aumentos verificados nos
mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71
últimos 12 meses, o custo global de
abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71
construção em São Paulo acumula alta
mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99
de 10,89%, enquanto o IGP-M, no
jun 124.358,19 58.879,20 65.478,99
mesmo período, variou 15,12%.
Jul/08 126.483,39 61.004,39 65.478,99
Variações % referente ao último mês
mês 1,71 3,61 0,00
acumulado no ano 9,67 11,29 8,20
acumulado em 12 meses 10,89 13,93 8,20
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
pesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com
pesquisa na última semana do mês de referência.
Fonte: PINI

Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com

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ipt responde 137.qxd 5/8/2008 14:15 Page 20

IPT RESPONDE Envie sua pergunta para


o email iptresponde@pini.com.br

Gás de rua
AQ AF
Qual deve ser a distância entre o registro
de fechamento de gás de rua e o
aquecedor? Existem regras sobre onde
deve ficar o registro de fechamento do

12 cm
gás e que tipo de válvula usar?
Gilmar Rocha AQ G AF
São Paulo
G
O ponto de instalação do gás para ali-
mentar o aquecedor sempre deve se si-
tuar em cota abaixo da posição de ins-
talação do aquecedor. Em termos de 6 cm 6 cm 6 cm 6 cm
distância deve-se consultar o fornece-
dor do aparelho que geralmente indica
as posições em que devem estar os pon- sicionamento dos pontos de água e de Gás Liquefeito de Petróleo e item
tos de água fria (entrada para o aquece- gás para aquecedores. 4.4.5.4 da norma NBR 13.933/1997–
dor); água quente (saída do aquecedor) Deve-se ressaltar que sempre deve ser Instalações Internas de Gás Natural.
e ponto de alimentação do gás. Segun- instalada uma válvula bloqueadora no Douglas Barreto
do o RIP (Regulamento de Instalações ponto de instalação de gás, conforme Laboratório de Instalações Prediais
Prediais de Gás da Comgás) são indica- item 4.1.11 da norma brasileira NBR Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
das as configurações ao lado para o po- 13.932/1997 – Instalações Internas de Construído)

Eflorescência em pisos
Como eliminar a ocorrência de superfície, onde vai ocorrer a cristali- reassentamento do porcelanato,
eflorescências em pisos de porcelanato? zação/formação das eflorescências; promover limpeza da base e apli-
Qual é a causa dessa patologia?  na camada de regularização, para car sobre a mesma duas ou três de-
Paulo de Tarso corrigir eventuais imperfeições de mãos de emulsão acrílica, as mes-
Ribeirão Preto (SP) declividade, empregar cimentos mas utilizadas para impermeabili-
CPIII ou CPIV, que originam menor zação branca. Utilizar no reassen-
O problema de eflorescências no formação de cal hidratada; promo- tamento das peças argamassa co-
piso pode ser resolvido com as se- ver cuidadosa cura úmida dessa ar- lante própria para porcelanato, na
guintes providências: gamassa, já que, se não houver umi- cor branca. Observar período má-
 evitar empoçamentos de água sobre dade, escória de alto-forno e mate- ximo de 48 horas entre a aplicação
a camada de impermeabilização, já riais pozolânicos atuarão como fi- da emulsão acrílica e o reassenta-
que essa água promove a solubilização nos inertes; mento das placas.
de sais presentes em argamassas de  após conformação da camada de Ercio Thomaz
proteção, regularização ou assenta- regularização/camada de proteção Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
mento e o transporte da solução até a da impermeabilização, e antes do Construído)

20 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008


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CARREIRA

Manoel Henrique
Campos Botelho
Com seus livros, o autor busca simplificar o ensino de conceitos básicos de
diversos temas da engenharia
e tivesse seguido as indicações prin- bana. "Era uma característica de toda a
S
Marcelo Scandaroli

cipais do teste vocacional feito du- minha geração e dos políticos de


rante o colegial, Manoel Botelho seria então. Hoje mudei de idéia e vejo que
hoje jornalista ou advogado. No entan- vivia num mundo absolutamente teó-
to, considerando seu excelente desem- rico, mas idealista." Considera-se "um
penho em matemática e física no Liceu extremamente otimista em relação ao
Pasteur, apostou na opção que aparecia progresso da humanidade. Hoje é me-
apenas na terceira posição, de acordo lhor que ontem e amanhã será melhor
com o teste realizado na Instituição que hoje", acredita.
Colméia, e prestou vestibular para a Es- Ainda na faculdade, no quinto
cola Politécnica da USP (Universidade ano, foi selecionado para trabalhar ao
de São Paulo). "Adoro a engenharia e, se lado do professor José Augusto Mar-
tivesse estudado Direito,já teria tido um tins, na Planidro, onde atuou, como
enfarte devido à paixão que pego pelos estagiário, no serviço do Vale do rio
assuntos", conta. Tietê. Acompanhou sistemas de irri-
PERFIL Além do Pasteur e seus professo- gação, melhorias dos métodos agro-
Idade: 66 anos res franceses, Botelho destaca tam- nômicos e sistemas de coleta de
Nascimento: São Paulo bém o corpo docente do curso Anglo dados hidrológicos e meteorológicos.
Graduação: Engenharia Civil pela Latino como incentivador de seu pro- As experiências pelas quais passou
Escola Politécnica da USP pósito de ensinar. A admiração por nas empresas onde trabalhou enri-
(Universidade de São Paulo), em 1965 professores que lecionavam na Poli- queceram sua vida profissional de
Experiências: Planidro e CNEC, em USP (Escola Politécnica da Universi- maneira tal que, a volta à faculdade,
projetos de saneamento, Promon, em dade de São Paulo), especialmente os para pós-graduações ou especializa-
projetos de saneamento e industriais, engenheiros Lucas Nogueira Garcez e ções, se mostrou desnecessária. Foram
Emurb (Empresa Municipal de José Augusto Martins, o levaram a nove anos atuando pelas empresas
Urbanização), com urbanização da optar pelo curso de Hidráulica e Sa- Planidro e Promon Engenharia.
cidade de São Paulo, Abes (Associação neamento da faculdade. A personalidade autodidata de
Brasileira de Engenharia Sanitária), O ingresso na Poli o fez imergir Botelho o faz criticar a forma como
onde foi secretário-executivo da Seção num ambiente repleto de idealismo os ensinamentos são passados aos
São Paulo, SindusCon-SP (Sindicato da revolucionário. "Adotei a postura de alunos e leitores. Vivenciou isso na
Indústria da Construção Civil do polemista em tudo, principalmente prática ao procurar entender mais
Estado de São Paulo), atuando como nas atividades políticas do inesquecí- sobre o concreto armado. Sem conse-
assessor técnico, Seconci-SP (Serviço vel Grêmio Politécnico", afirma, ao guir avançar muito com a leitura de
Social da Indústria da Construção do lembrar a intenção de mudar o livros convencionais, buscou fontes
Estado de São Paulo), onde gerenciou mundo, no início dos anos 1960, ins- de informação das mais diversas e,
as utilidades de dois hospitais. pirado pelos efeitos da revolução Cu- com o auxílio de Osvaldemar Mar-

22 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008


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terial que dizem respeito à arquitetu-


Dez questões para Manoel Botelho ra. Hoje, segundo conta, já foram
vendidos mais de 60 mil exemplares
1 Obras marcantes das quais Física. A opção pela engenharia
de livros dessa coleção. A intenção
participou: os projetos industriais hidráulica se deve ao excelente curso
dessas obras é inovar na comunica-
mais importantes foram o de de Hidráulica e Saneamento da
ção e ensino da engenharia, explicou
despoluição da Carbocloro, a fábrica Escola Politécnica, dirigido pelos
o autor. Orgulhoso, conta que o pro-
de preservação de dormentes da professores Lucas Nogueira Garcez e
fessor Telêmaco Van Langendonck
Fepasa, a ampliação da fábrica da José Augusto Martins
lhe telefonou para elogiar a qualida-
Peróxidos e o projeto da criação da
de do trabalho, além de Augusto Car-
enorme elevatória NARG (Novo Alto 6 Que tipo de formação falta aos los de Vasconcelos ter lhe escrito elo-
Recalque do Guandu), no Rio de profissionais recém-saídos da
gios (o catálogo, com todas as publi-
Janeiro, além da estação de universidade: como nunca dei aulas
cações de Botelho, pode ser solicitado
tratamento de esgotos da Refinaria formais em faculdades, prefiro não
diretamente ao autor, pelo e-mail
Replan, em Paulínia opinar. Quanto à participação de
manoelbotelho@terra.com.br).
empresas, acho que deveriam estimular
O entusiasmo em abordar outros
2 Obras significativas da engenharia os estágios, que são muito úteis
temas veio da necessidade por sim-
brasileira: as mais importantes que
plificar conceitos sentida não apenas
vi no Brasil foram as dos ingleses em 7 Conselho ao jovem profissional: por ele, mas também por seu filho,
São Paulo. A saber, a reversão do rio o jovem profissional deve se vestir
engenheiro civil formado por uma
Tietê para vertente oceânica e com elegância, falar inglês muito
universidade pública paulistana. Con-
construção da usina hidroelétrica bem e estudar criticamente as
ta que o filho recebia apostilas desne-
Henry Borden, além da estrada de matérias da engenharia
cessariamente complexas demais.
ferro Santos-Jundiaí, usando uma
Botelho chegou a mostrar uma apos-
série de funiculares – cabos de aço 8 Principal avanço tecnológico tila sobre resistência dos materiais
tracionados por roldanas acionadas recente: a democratização da
para colegas calculistas que foram
por caldeiras, para vencer a Serra do informação e do conhecimento, a
unânimes em considerar o material
Mar. Ressalto também as obras do exemplo da Universidade de Harvard,
incompreensível. "Meus livros são
Sistema Cantareira, que trás água do que disponibilizou todo seu acervo de
minha resposta para esse absurdo de
interior do Estado para São Paulo livros e textos na internet
cursos e livros que, em vez de ensinar,
servem apenas para o autor demons-
3 Realizações profissionais: o 9 Indicação de livro: Manual de trar erudição", afirma.
ensino de engenharia e humanismo Hidráulica, de Azevedo Netto, Manual
Dentre seus próximos projetos
em meus livros. Minha paixão são as de Tratamento de Águas Residuárias,
estão livros sobre termodinâmica e
polêmicas e ensinar fácil o que parece de Klaus-Robert e Karl Imhoff.
golpe de aríete. "Como são assuntos
aparentemente difícil. O que é lógico Destaco o meu livro Concreto Armado,
lógicos, têm de ser fáceis de ensi-
tem que ser simples e fácil. Basta Eu te Amo, que tenta inovar na
nar", afirma.
querer ensinar comunicação e ensino da engenharia,
Ele também responde pela Coluna
tendo recebido elogios do professor
do Botelho da revista do Professor de
4 Mestres: o engenheiro Max Lothar Telêmaco Van Langendonck
Matemática. Por isso, foi convidado
Hess e o professor Azevedo Netto, além
pelo Departamento de Matemática da
dos professores do Curso Anglo Latino, 10 Um mal da engenharia: Os Unicamp (Universidade Estadual de
Bloch, Marmo e Simão, que ajudaram a engenheiros lêem pouco, tanto
Campinas) a palestrar sobre um tema
formar meu raciocínio didático literatura técnica quanto assuntos
livre. Lotou o auditório, com capaci-
em geral, e por isso comunicam-se
dade para 100 pessoas, com o tema
5 Por que escolheu a engenharia: mal oralmente e por escrito. Luto
"Parapsicologia e Matemática". Após
era excelente aluno de Matemática e contra isso
entreter a platéia com casos matemá-
ticos incríveis, comprovou que não
chetti, lançou um curso por corres- virou coleção, abordando outros as- existem correlações entre os temas
pondência. Esse curso, tempos de- pectos relacionados ao projeto e exe- que deram nome à apresentação.
pois, se tornaria o primeiro livro de cução do concreto armado, como o "Mas será que algum dos presentes
Botelho: Concreto Armado, Eu te dimensionamento de elementos es- achava que existia?."
Amo. A publicação foi um sucesso e truturais ou as peculiaridades do ma- Bruno Loturco

23
melhores praticas.qxd 5/8/2008 14:19 Page 24

MELHORES PRÁTICAS
Estacas pré-moldadas de concreto
Além de cuidados com o prumo das peças, desempenho do serviço deve ser
aferido durante e após a cravação das estacas

Características
das estacas
As estacas pré-moldadas podem ser de
concreto armado ou protendido, vibrado
ou centrifugado, e concretadas em
fôrmas horizontais ou verticais. Devem
ser executadas com concreto adequado
e submetidas à cura necessária para que
possuam resistência compatível com os
esforços decorrentes do transporte,
manuseio e da instalação, bem como
resistência a eventuais solos agressivos,
atendendo às normas NBR 6118 e NBR
9062. Em cada estaca deve constar a
identificação da data de sua moldagem.

Fotos: Marcelo Scandaroli

Posicionamento
A estaca deve ser levantada e
posicionada no piquete correspondente
a seu diâmetro. Nesse momento é
inserido o capacete metálico na
extremidade superior da peça.

Prumo
O procedimento obedece à
seguinte ordem: primeiro, a torre
do bate-estacas é aprumada, em
seguida, apruma-se a estaca. Os
prumos das faces frontal e lateral
devem ser verificados.

24 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008


melhores praticas.qxd 5/8/2008 14:19 Page 25

Marcas
Antes da cravação, realizar
marcações distanciadas de 1 m em
todo o comprimento da peça. Dessa
forma, pode-se acompanhar o
número de golpes dado pelo
martelo a cada metro cravado.
Essas informações são utilizadas
para avaliação do desempenho do
elemento de fundação e para a
comparação com os dados obtidos
nas sondagens.

Cravação
A energia de cravação depende do peso do
martelo, do peso da estaca e da altura de
queda do martelo. No processo de
cravação de uma estaca, os dois primeiros
fatores são constantes. A única variável, a
altura de queda do martelo, não deve ser
inferior a 40 cm nem superior a 1,20 m.

Nega
Quando o elemento atinge a profundidade nesses dados, o técnico responsável
para a qual foi projetado, verifica-se a poderá avaliar rapidamente se a estaca
nega da estaca. Trata-se da medição do está atendendo à capacidade de carga
deslocamento da peça durante três séries de trabalho necessária para o
de dez golpes de martelo. Com base atendimento do projeto.

Colaboraram: engenheiro Reinaldo Lopes, da ABC Fundações, e Leonardi Pré-Moldados

25
entrevista.qxd 5/8/2008 14:21 Page 26

ENTREVISTA
Industrialização essencial
Sem alterar a forma de concepção do produto da construção civil, desempenho
e produtividade tendem a permanecer estagnados. Adotar sistemas
industrializados é imperativo para atender à demanda habitacional

FRANCISCO PEDRO OGGI


Em 1970, cursou Desenho e
Ilustração na Escola Panamericana
de Arte, em São Paulo. Oito anos
mais tarde, formou-se engenheiro
civil pela Escola de Engenharia da
Universidade Mackenzie. Participou
de diversos eventos e fez diversas
especializações em estruturas e pré-
fabricados, como o Master Course –
Projeto de Estruturas Pré-moldadas

Marcelo Scandaroli
da ABCIC (Associação Brasileira da
Construção Industrializada de
Concreto), em 2007. É consultor em
sistemas para pré-moldados desde
1992, atuando pela ABCP (Associação
alta mão-de-obra. Falta tempo para com dois ou três funcionários ocupa-
Brasileira de Cimento Portland),
Abesc (Associação Brasileira das
Empresas de Serviços de
F projetar.Faltam equipamentos e até
materiais. Faltam técnica e tecnologias,
dos em operar uma máquina que pro-
cesse o aço de maneira rápida e eficien-
Concretagem) e ABCIC. É presença além de participação dos arquitetos. te. Mais do que isso, direcionar o racio-
freqüente em feiras de equipamentos Mas falta, antes de tudo, visão estratégi- cínio não para o custo do equipamento,
e tecnologia do exterior, tendo ca aos que decidem como as obras serão que sempre parecerá alto, mas para os
participado de mais de 20 nos realizadas. Essa é a principal crítica de efeitos da industrialização no resultado
últimos 12 anos. Francisco Oggi ao modelo de negócios final das contas. Com menos funcioná-
consolidado na construção civil brasi- rios, pode-se aumentar os salários, logo,
leira, que ainda parte do princípio de a produtividade tende a aumentar –
que há operários sobrando e que, por- mesmo porque contam agora com
tanto, podem ser contratados a baixo equipamentos. Com planejamento
custo para processar todos os materiais adequado da produção, os prazos são
“in loco”. Segundo o engenheiro, o setor reduzidos junto com as despesas indire-
já avançou o máximo possível em de- tas. Conseqüentemente, os ganhos com
sempenho e produtividade e não conse- vendas e locação vêm antes. Assim,
guirá ir além sem alterar a compreensão mesmo que algumas etapas, agora in-
do que é construir de maneira indus- dustrializadas, sejam mais caras, o custo
trializada. Isso significa olhar para o global é menor. Essa é a argumentação
canteiro e perceber que, em vez de uma de Oggi em entrevista concedida à
equipe de armadores, poderia contar Téchne. Acompanhe.

26 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008


entrevista.qxd 5/8/2008 14:21 Page 27

O que é uma construção Essa postura é melhor do que


industrializada? adaptar algo importado?
Aquela em que, com projeto e plane-
“Na industrialização, A importação de tecnologia tem a
jamento, chega-se a um canteiro saímos da visão grande vantagem de ganhar o tempo
com elementos dependendo de sim- que outros perderam para chegar à so-
ples montagem. A comparação é
fracionada para a lução. É ignorância tentar inventar a
com a indústria automobilística, que visão sistêmica, roda, esquecer que já existe.Vai lá fora,
mantém em seu poder apenas a paga e, quando voltar, recupera. O
linha de montagem, que seria nosso
que pensa no brasileiro não entende isso porque
canteiro de obras. Por questão de lo- resultado final do não viaja, não conhece as feiras lá fora,
gística, a indústria automobilística porque ficamos fechados por 40 anos.
tem seus fornecedores próximos.
empreendimento e Só agora temos duas feiras importan-
objetiva um valor de tes de equipamentos, a Concrete Show
Como ocorre a aplicação desse (veja programação nesta edição) e o
conceito na construção, sendo que
investimento menor M&T Expo. Se incrementadas, serão
cada linha de montagem fica em do que o previsto” as portas de entrada das tecnologias,
um lugar? porque o pessoal de fora está de olho.
Com parceiros fabricantes de portas,
de estruturas de concreto e de instala- Por que estamos pensando em Onde se concentram os ganhos com
ções que industrializem parte do servi- industrialização agora? a industrialização?
ço e venham ao canteiro fazer a monta- A estabilização econômica gerou in- Industrialização significa racionaliza-
gem. Na construção civil isso não clusão social e estímulo à aquisição de ção, fim do desperdício. O primeiro
acontece e todo mundo vem fazer arte- bens duráveis, como carros, celulares ganho está aí. Se a peça industrializada
sanato no canteiro. Há um volume e, agora, imóveis. A construção é o custa mais, os fatores de racionaliza-
muito grande de gente, e é muito difícil único setor em que o operário não ção, de redução de desperdício e de
tomar conta desse povo todo. Acabo compra o que produz. O déficit habi- prazo representam ganhos muito su-
não fazendo montagem, mas cons- tacional está se transformando em de- periores. Na visão sistêmica do em-
truindo tudo ali, pecinha por pecinha. manda. Mas, como atender à deman- preendimento, o custo é menor, mas,
da se, a cada ano, o volume de mão- normalmente, temos uma visão fra-
Por que a construção se configurou de-obra para a construção civil dimi- cionada da obra. Ou seja, contrata-se e
dessa maneira? nui? Falta de tudo no mercado, desde verifica-se tudo em separado, elemen-
Nas décadas de 1960 e 1970, o BNH servente até engenheiro sênior. E, com tos que depois têm que ser juntados.
(Banco Nacional da Habitação) esti- esse pouco de recurso humano, tem
mulava a utilização de mão-de-obra que fazer muito mais do que antes. Como assim?
para liberação de financiamento, Pensa-se apenas no preço e compra-se
pois não éramos industrializados, os Esse cenário estimula a a porca de um fabricante e parafuso
setores de serviços e de agricultura industrialização? de outro. Quando aperta, tem dife-
não eram desenvolvidos e a maioria A MRV afirmou que fará,em 2009,tudo rença na rosca. Parafuso e porca che-
da mão-de-obra estava disponível o que fez em 28 anos. São 40 mil unida- garam mais baratos à obra, mas não
para a construção civil. Com o fe- des. Mesmo que trabalhe 24 horas por funcionam. É o que acontece hoje. Na
chamento das fronteiras para im- dia, não dá para cumprir essa promessa industrialização, saímos da visão fra-
portação e excesso de operários, de- sem industrialização.Dinheiro não falta, cionada para a visão sistêmica, que
senvolvemos a melhor maneira de mas é difícil pensar em recursos huma- pensa no resultado final do empreen-
juntar os dois quanto a custo e de- nos e tecnológicos de uma hora para dimento e objetiva um desembolso
sempenho. Após 40 anos, não dá outra. Ou importamos tecnologia de es- menor do que o previsto. Mesmo que
mais para aperfeiçoar dentro desse pecialistas que determinem as fórmulas algumas das etapas intermediárias
modelo, com um monte de gente e para a evolução, ou vamos ter que bus- saiam mais caras, o que importa é o
material chegando picadinho. car por conta própria. resultado final.

27
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ENTREVISTA

Ou seja, pensar no produto final? outro não. Hoje trabalhamos com toda
No processo completo, não picado. a mão-de-obra terceirizada, o que é um
São 12, 15 escritórios de projeto en-
“Mesmo tendo toda a absurdo. Terceiriza-se porque, se parar
volvidos, e juntá-los numa reunião de América Latina para a obra, tem que mandar o funcionário
compatibilização é difícil, porque de- embora, com custos decorrentes.
mora demais e o projetista da funda-
explorar, pensamos
ção não quer saber do da telefonia. No no que fazer com uma Algumas empresas têm investido na
exterior, esse processo é mais concen- compra de equipamentos, apostando
trado e o arquiteto, dono do projeto,
grua daqui a cinco nessa continuidade. O patamar
cuida de tudo e entrega um pacote anos. Daqui a cinco tecnológico da construção só vai se
pronto. Aqui a gente projeta durante a alterar se isso se mantiver ou essa
execução da obra.
anos essa grua já se industrialização só serve para
pagou e não vale mais momentos de boom?
Por que é difícil antecipar os projetos? Não podemos dizer que comprar fôr-
Porque significa colocar dinheiro
nada. Equipamento é mas caríssimas para projetos específi-
antes. O construtor não planeja uma necessário para cos seja industrializar. O que se preten-
obra que vai fazer daqui a cinco de é usar as fôrmas de alumínio duas ou
anos. E o setor da industrialização
atingir um objetivo” três mil vezes, enquanto as de madeira
anda à medida que o da construção são usadas 50 vezes. Industrialização é
se mexe, não na frente, propondo Quanto dessa transformação ir muito além. Seria, talvez, contar com
prazos menores. Nenhuma empresa depende da escala de produção? um equipamento que produzisse a pa-
de pré-fabricado, no Brasil, tem ex- Nem tanto da escala, mas de uma solu- rede numa fábrica para ser transporta-
pertise para fazer prédios em três ou ção de continuidade, que nunca tive- da e montada a seco no canteiro.
quatro meses, desde a fundação até a mos e que impede passos mais ousados
chave. Estamos numa fase de muitas quanto à aquisição de tecnologia e Com elementos industrializados
transformações. equipamentos. Num ano está bom, no chegando prontos ao canteiro?
entrevista.qxd 5/8/2008 14:21 Page 29

Para essa obra (complexo de escritórios qualificação, é barata e rende pouco.


com seis torres, em Barueri, da Tis- Claro que rende pouco, pois o operário
hman Speyer), compramos um pórti-
“Lá fora, o construtor tem de fazer um serviço que não é dele,
co, uma série de fôrmas específicas e es- não pode se dar ao luxo como carregar saco. O cimento deveria
tamos montando uma pista ao lado chegar até ele por um equipamento,
dos prédios, onde vamos produzir as
de ter muitos tendo ele apenas o trabalho de girar
vigas e escadas. Isso é industrializar empregados, mas tem uma manivela para o saco cair na beto-
uma parte da estrutura. O fechamento neira. Aí aumentaríamos a produtivi-
será em painéis pré-moldados, produ-
metas de produção dade dele e com isso teremos espaço até
zidos fora daqui.O ideal seria fazer toda elevadas. Então, compra para aumentar os salários. Com a me-
a estrutura no chão e depois montar. lhora da renda,ele vai comprar seu pro-
máquinas para fazer o duto. Essa é única saída. Se não investir-
Isso já é possível? trabalho de 20 pessoas” mos em equipamento, vamos perder a
Já estamos muito próximos disso. pouca mão-de-obra que temos.
Temos processos que industrializam
100% da casa. A fôrma de alumínio é Por que perder?
um aceno de mudança, não investi- O fato de nossa mão-de-obra ser O Nordeste está se desenvolvendo e
mento. É material de consumo e o muito barata e os equipamentos não nos manda mais mão-de-obra.
custo dilui-se pelo número de casas caros atrapalha a industrialização? Do Sul, já não vem operário há
construídas. A conta foi fechada assim Poderíamos aproveitar o fato de a muito tempo. Os outros setores da
e, depois de tantos usos, já está dando mão-de-obra ser barata para incre- economia são muito mais atraentes.
lucro. Compram lá fora porque é de mentar o ganho deles, dando equipa- Primeiro, o serviço informal. De-
alumínio, fácil de carregar. Porém, mento para trabalharem. pois, o setor de serviços e o comér-
não é industrialização, apenas um cio. A indústria está se instalando e a
pouco de racionalização para ganhar De que maneira? agropecuária está indo bem. Além
na logística e na escala de produção. Fala-se que a mão-de-obra não tem disso, há grandes grupos chegando.
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ENTREVISTA
Industrialização essencial
Sem alterar a forma de concepção do produto da construção civil, desempenho
e produtividade tendem a permanecer estagnados. Adotar sistemas
industrializados é imperativo para atender à demanda habitacional

FRANCISCO PEDRO OGGI


Em 1970, cursou Desenho e
Ilustração na Escola Panamericana
de Arte, em São Paulo. Oito anos
mais tarde, formou-se engenheiro
civil pela Escola de Engenharia da
Universidade Mackenzie. Participou
de diversos eventos e fez diversas
especializações em estruturas e pré-
fabricados, como o Master Course –
Projeto de Estruturas Pré-moldadas

Marcelo Scandaroli
da ABCIC (Associação Brasileira da
Construção Industrializada de
Concreto), em 2007. É consultor em
sistemas para pré-moldados desde
1992, atuando pela ABCP (Associação
alta mão-de-obra. Falta tempo para com dois ou três funcionários ocupa-
Brasileira de Cimento Portland),
Abesc (Associação Brasileira das
Empresas de Serviços de
F projetar.Faltam equipamentos e até
materiais. Faltam técnica e tecnologias,
dos em operar uma máquina que pro-
cesse o aço de maneira rápida e eficien-
Concretagem) e ABCIC. É presença além de participação dos arquitetos. te. Mais do que isso, direcionar o racio-
freqüente em feiras de equipamentos Mas falta, antes de tudo, visão estratégi- cínio não para o custo do equipamento,
e tecnologia do exterior, tendo ca aos que decidem como as obras serão que sempre parecerá alto, mas para os
participado de mais de 20 nos realizadas. Essa é a principal crítica de efeitos da industrialização no resultado
últimos 12 anos. Francisco Oggi ao modelo de negócios final das contas. Com menos funcioná-
consolidado na construção civil brasi- rios, pode-se aumentar os salários, logo,
leira, que ainda parte do princípio de a produtividade tende a aumentar –
que há operários sobrando e que, por- mesmo porque contam agora com
tanto, podem ser contratados a baixo equipamentos. Com planejamento
custo para processar todos os materiais adequado da produção, os prazos são
“in loco”. Segundo o engenheiro, o setor reduzidos junto com as despesas indire-
já avançou o máximo possível em de- tas. Conseqüentemente, os ganhos com
sempenho e produtividade e não conse- vendas e locação vêm antes. Assim,
guirá ir além sem alterar a compreensão mesmo que algumas etapas, agora in-
do que é construir de maneira indus- dustrializadas, sejam mais caras, o custo
trializada. Isso significa olhar para o global é menor. Essa é a argumentação
canteiro e perceber que, em vez de uma de Oggi em entrevista concedida à
equipe de armadores, poderia contar Téchne. Acompanhe.

26 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008


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O que é uma construção Essa postura é melhor do que


industrializada? adaptar algo importado?
Aquela em que, com projeto e plane-
“Na industrialização, A importação de tecnologia tem a
jamento, chega-se a um canteiro saímos da visão grande vantagem de ganhar o tempo
com elementos dependendo de sim- que outros perderam para chegar à so-
ples montagem. A comparação é
fracionada para a lução. É ignorância tentar inventar a
com a indústria automobilística, que visão sistêmica, roda, esquecer que já existe.Vai lá fora,
mantém em seu poder apenas a paga e, quando voltar, recupera. O
linha de montagem, que seria nosso
que pensa no brasileiro não entende isso porque
canteiro de obras. Por questão de lo- resultado final do não viaja, não conhece as feiras lá fora,
gística, a indústria automobilística porque ficamos fechados por 40 anos.
tem seus fornecedores próximos.
empreendimento e Só agora temos duas feiras importan-
objetiva um valor de tes de equipamentos, a Concrete Show
Como ocorre a aplicação desse (veja programação nesta edição) e o
conceito na construção, sendo que
investimento menor M&T Expo. Se incrementadas, serão
cada linha de montagem fica em do que o previsto” as portas de entrada das tecnologias,
um lugar? porque o pessoal de fora está de olho.
Com parceiros fabricantes de portas,
de estruturas de concreto e de instala- Por que estamos pensando em Onde se concentram os ganhos com
ções que industrializem parte do servi- industrialização agora? a industrialização?
ço e venham ao canteiro fazer a monta- A estabilização econômica gerou in- Industrialização significa racionaliza-
gem. Na construção civil isso não clusão social e estímulo à aquisição de ção, fim do desperdício. O primeiro
acontece e todo mundo vem fazer arte- bens duráveis, como carros, celulares ganho está aí. Se a peça industrializada
sanato no canteiro. Há um volume e, agora, imóveis. A construção é o custa mais, os fatores de racionaliza-
muito grande de gente, e é muito difícil único setor em que o operário não ção, de redução de desperdício e de
tomar conta desse povo todo. Acabo compra o que produz. O déficit habi- prazo representam ganhos muito su-
não fazendo montagem, mas cons- tacional está se transformando em de- periores. Na visão sistêmica do em-
truindo tudo ali, pecinha por pecinha. manda. Mas, como atender à deman- preendimento, o custo é menor, mas,
da se, a cada ano, o volume de mão- normalmente, temos uma visão fra-
Por que a construção se configurou de-obra para a construção civil dimi- cionada da obra. Ou seja, contrata-se e
dessa maneira? nui? Falta de tudo no mercado, desde verifica-se tudo em separado, elemen-
Nas décadas de 1960 e 1970, o BNH servente até engenheiro sênior. E, com tos que depois têm que ser juntados.
(Banco Nacional da Habitação) esti- esse pouco de recurso humano, tem
mulava a utilização de mão-de-obra que fazer muito mais do que antes. Como assim?
para liberação de financiamento, Pensa-se apenas no preço e compra-se
pois não éramos industrializados, os Esse cenário estimula a a porca de um fabricante e parafuso
setores de serviços e de agricultura industrialização? de outro. Quando aperta, tem dife-
não eram desenvolvidos e a maioria A MRV afirmou que fará,em 2009,tudo rença na rosca. Parafuso e porca che-
da mão-de-obra estava disponível o que fez em 28 anos. São 40 mil unida- garam mais baratos à obra, mas não
para a construção civil. Com o fe- des. Mesmo que trabalhe 24 horas por funcionam. É o que acontece hoje. Na
chamento das fronteiras para im- dia, não dá para cumprir essa promessa industrialização, saímos da visão fra-
portação e excesso de operários, de- sem industrialização.Dinheiro não falta, cionada para a visão sistêmica, que
senvolvemos a melhor maneira de mas é difícil pensar em recursos huma- pensa no resultado final do empreen-
juntar os dois quanto a custo e de- nos e tecnológicos de uma hora para dimento e objetiva um desembolso
sempenho. Após 40 anos, não dá outra. Ou importamos tecnologia de es- menor do que o previsto. Mesmo que
mais para aperfeiçoar dentro desse pecialistas que determinem as fórmulas algumas das etapas intermediárias
modelo, com um monte de gente e para a evolução, ou vamos ter que bus- saiam mais caras, o que importa é o
material chegando picadinho. car por conta própria. resultado final.

27
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ENTREVISTA

Ou seja, pensar no produto final? outro não. Hoje trabalhamos com toda
No processo completo, não picado. a mão-de-obra terceirizada, o que é um
São 12, 15 escritórios de projeto en-
“Mesmo tendo toda a absurdo. Terceiriza-se porque, se parar
volvidos, e juntá-los numa reunião de América Latina para a obra, tem que mandar o funcionário
compatibilização é difícil, porque de- embora, com custos decorrentes.
mora demais e o projetista da funda-
explorar, pensamos
ção não quer saber do da telefonia. No no que fazer com uma Algumas empresas têm investido na
exterior, esse processo é mais concen- compra de equipamentos, apostando
trado e o arquiteto, dono do projeto,
grua daqui a cinco nessa continuidade. O patamar
cuida de tudo e entrega um pacote anos. Daqui a cinco tecnológico da construção só vai se
pronto. Aqui a gente projeta durante a alterar se isso se mantiver ou essa
execução da obra.
anos essa grua já se industrialização só serve para
pagou e não vale mais momentos de boom?
Por que é difícil antecipar os projetos? Não podemos dizer que comprar fôr-
Porque significa colocar dinheiro
nada. Equipamento é mas caríssimas para projetos específi-
antes. O construtor não planeja uma necessário para cos seja industrializar. O que se preten-
obra que vai fazer daqui a cinco de é usar as fôrmas de alumínio duas ou
anos. E o setor da industrialização
atingir um objetivo” três mil vezes, enquanto as de madeira
anda à medida que o da construção são usadas 50 vezes. Industrialização é
se mexe, não na frente, propondo Quanto dessa transformação ir muito além. Seria, talvez, contar com
prazos menores. Nenhuma empresa depende da escala de produção? um equipamento que produzisse a pa-
de pré-fabricado, no Brasil, tem ex- Nem tanto da escala, mas de uma solu- rede numa fábrica para ser transporta-
pertise para fazer prédios em três ou ção de continuidade, que nunca tive- da e montada a seco no canteiro.
quatro meses, desde a fundação até a mos e que impede passos mais ousados
chave. Estamos numa fase de muitas quanto à aquisição de tecnologia e Com elementos industrializados
transformações. equipamentos. Num ano está bom, no chegando prontos ao canteiro?
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Para essa obra (complexo de escritórios qualificação, é barata e rende pouco.


com seis torres, em Barueri, da Tis- Claro que rende pouco, pois o operário
hman Speyer), compramos um pórti-
“Lá fora, o construtor tem de fazer um serviço que não é dele,
co, uma série de fôrmas específicas e es- não pode se dar ao luxo como carregar saco. O cimento deveria
tamos montando uma pista ao lado chegar até ele por um equipamento,
dos prédios, onde vamos produzir as
de ter muitos tendo ele apenas o trabalho de girar
vigas e escadas. Isso é industrializar empregados, mas tem uma manivela para o saco cair na beto-
uma parte da estrutura. O fechamento neira. Aí aumentaríamos a produtivi-
será em painéis pré-moldados, produ-
metas de produção dade dele e com isso teremos espaço até
zidos fora daqui.O ideal seria fazer toda elevadas. Então, compra para aumentar os salários. Com a me-
a estrutura no chão e depois montar. lhora da renda,ele vai comprar seu pro-
máquinas para fazer o duto. Essa é única saída. Se não investir-
Isso já é possível? trabalho de 20 pessoas” mos em equipamento, vamos perder a
Já estamos muito próximos disso. pouca mão-de-obra que temos.
Temos processos que industrializam
100% da casa. A fôrma de alumínio é Por que perder?
um aceno de mudança, não investi- O fato de nossa mão-de-obra ser O Nordeste está se desenvolvendo e
mento. É material de consumo e o muito barata e os equipamentos não nos manda mais mão-de-obra.
custo dilui-se pelo número de casas caros atrapalha a industrialização? Do Sul, já não vem operário há
construídas. A conta foi fechada assim Poderíamos aproveitar o fato de a muito tempo. Os outros setores da
e, depois de tantos usos, já está dando mão-de-obra ser barata para incre- economia são muito mais atraentes.
lucro. Compram lá fora porque é de mentar o ganho deles, dando equipa- Primeiro, o serviço informal. De-
alumínio, fácil de carregar. Porém, mento para trabalharem. pois, o setor de serviços e o comér-
não é industrialização, apenas um cio. A indústria está se instalando e a
pouco de racionalização para ganhar De que maneira? agropecuária está indo bem. Além
na logística e na escala de produção. Fala-se que a mão-de-obra não tem disso, há grandes grupos chegando.
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ENTREVISTA

A última opção é a construção civil. custa menos e dispensa grua. Tem de


E, tendo que carregar saco de cimen- haver uma mudança sistêmica, porque
to e bloco, aí que não vem mesmo. Se
“Aumentando a é muito melhor usar o pronto, princi-
souber que vai operar um equipa- produtividade, palmente quando o empreendimento
mento, sem fazer força, vem, pois o tem cinco mil banheiros.
salário é um pouco melhor e a con-
teremos espaço para
dição é humana. aumentar os salários. Economicamente, por que o ponto
de partida é, invariavelmente, a
Então a industrialização é necessária
Se não investirmos estrutura?
também para melhorar os canteiros? em equipamento, É o primeiro item a atacar. Ao fazer a
Houve muitas melhorias com a NR-18 estrutura e a fachada, se resolve 90%
(Condições e Meio Ambiente de Tra-
vamos perder a da obra, ou 70% se o prédio for resi-
balho na Indústria da Construção), pouca mão-de-obra dencial. A estrutura representa entre
mas ainda fazemos muitos serviços 25% e 30% do custo da obra, um vo-
que máquinas poderiam fazer, como
que temos” lume que vale a pena atacar. Se a estru-
armação. A mecanização é obrigatória, tura é bem-feita, economizo massa ao
mas a filosofia do capital brasileiro é descer a fachada, ou posso fazer o fe-
investir o mínimo e tirar o máximo de Não se fala de industrializar outras eta- chamento na fábrica com as devidas
proveito. Lá fora, o construtor não pas por falta de conhecimento. Como a tolerâncias. Não adianta industriali-
pode se dar ao luxo de ter muitos em- estrutura é algo bruto, sujo e inóspito, é zar uma parte e depois ter um bruto
pregados, mas tem metas de produção prioridade. Havia duas fábricas de ba- trabalho de ajuste na obra.
elevadas. Então, compra máquinas nheiro pronto no Brasil. Uma fechou,
para fazer o trabalho de 20 pessoas. indício de que as construtoras segui- São obstáculos culturais?
ram na contra-mão da industrializa- Há tecnologia para adotar fachadas
Além da estrutura, quais elementos ção. A justificativa para não comprar pré-prontas, pintadas, instalações
da obra podem ser industrializados? banheiro pronto é que fazer no local elétricas embutidas, portas fixadas
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com três parafusos. Mas são necessá- lidade e confiabilidade na empresa, zar. Estou estudando um caso, em Re-
rios investimentos para sair do lugar. além de reduzir custos indiretos. cife, em que a empresa vai montar
Outro ponto, que começa a ser abor- uma fábrica de blocos na obra.
dado pela AsBEA (Associação Brasi- Com a industrialização, a alvenaria,
leira dos Escritórios de Arquitetura), como conhecemos hoje, está com os Qual o papel da industrialização na
é o da modulação. Usamos como dias contados? redução do déficit habitacional?
múltiplo 1 mm e não 10 cm, como Num nível bom, teremos de 30% a Sem a industrialização não haverá re-
deveríamos. Imagine a quantidade 40% do mercado industrializado. Os dução de déficit. Todo o movimento
de erros por causa disso. Com a mo- outros 60% continuarão, devido ao sentido até agora é apenas a foca que
dulação, vão baixar os preços de cai- porte do empreendimento ou da cons- está em cima da ponta do iceberg. Até
xilhos, portas e acabamentos. trutora, com os processos tradicionais. agora, só vimos a foca. Sem industria-
No entanto, pode ser que fiquem para lizar, o volume de obras proposto pelas
Os equipamentos são, de fato, tão trás também em custo. Muita gente, empresas não será feito.
caros quanto reclamam os por não ter condição de investir em
construtores? equipamentos ou por não ter acesso à Vai ser a alavanca da industrialização?
Empresários que raciocinam não industrialização, vai continuar com os Se for realmente duradoura como se
pensam dessa forma. Eles analisam se mesmos processos. imagina, sem ameaças da inflação, juros
há retorno ao gastar R$ 10 milhões ou fatores externos por cinco ou seis
em equipamento. Se houver, inves- Talvez aumente a procura por anos, pelo menos, vai ser uma boa ala-
tem e saem na frente. Uma empresa sistemas mais racionais, como a vanca. É isso que a construção civil quer
foi à Colômbia comprar fôrmas por- alvenaria estrutural? para fazer os investimentos necessários.
que considerou que, em vez de levar A alvenaria estrutural serve para mui-
de 13 a 18 meses para fazer um pré- tas construções, mas, dependendo da Como fazer com que a
dio, poderia levar seis usando as fôr- classe de resistência do bloco, o núme- industrialização chegue a sistemas
mas. Viu que esse prazo propicia re- ro de fabricantes é reduzido e falta consolidados? Há os kits de
torno em termos de marketing, qua- bloco no mercado. Começa a inviabili- hidráulica, isso é industrialização?
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ENTREVISTA

Industrialização seria, talvez, montar quitetura fique dissociado do proces-


a parede já com o kit para que essa já “O arquiteto so construtivo.
venha com a hidráulica pronta.
Montar uma árvore de hidráulica,
estrangeiro é muito Os construtores deveriam exigir isso
como normalmente se faz, é raciona- mais técnico. Essa falta do arquiteto?
lização. E não adianta fazer um esfor- Só depois de encomendar o projeto é
ço enorme para industrializar um
de técnica do brasileiro que o construtor decide a estrutura.
pedacinho que não representa 0,5%, faz com que o projeto Isso atrapalha bastante os arquite-
ignorando o resto. É possível até que tos, que têm consciência de que pre-
isso atrapalhe.
de arquitetura fique cisam entrar mais na parte técnica. A
dissociado do processo tendência é que comecem a ter do-
De que maneira? mínio sobre a execução. Quem coor-
Levantando paredes exatamente no
construtivo” dena é a construtora, quando deve-
prumo porque, se as portas não ria ser o arquiteto.
couberem, tem que devolver todas.
Perde-se um tempão para alinhar Como a arquitetura pode auxiliar Por que não temos muitos exemplos
uma parede num sistema conven- nesse processo? brasileiros de prédios altos feitos
cional só porque a porta foi indus- A arquitetura brasileira tem um fun- com pré-fabricados?
trializada. É preferível fazer a pare- damento humanístico muito forte e A cultura incorporada faz com que
de de qualquer jeito e depois ajus- está muito preocupada com confor- falte tempo. O investidor tem um ter-
tar a porta, que não representa to, estética e a utilização final, en- reno e, se a legislação diz que dá pra
nada. Tem que pensar em indus- quanto deveria determinar também fazer um prédio de 30 andares, com
trialização de uma forma global, como as construções serão feitas. O 400 escritórios de 50 m², esse é o pro-
para ter o máximo de controle, o arquiteto estrangeiro é muito mais duto. Trabalha-se em cima dele por
mínimo de retrabalho e acabar com técnico. Essa falta de técnica do bra- dois anos. Depois que vende, tem o
a improvisação. sileiro faz com que o projeto de ar- compromisso de entregar em 36
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meses e começa tudo do zero. Ou seja, resolvíveis, que tratam de homologa- E depois que passar a demanda, o
aqueles dois primeiros anos não ções para instituições financeiras, que fazer?
foram aproveitados pelo pessoal da como a Caixa Econômica Federal, As fábricas de pré-moldado que sur-
técnica, que só sabe que tem que co- que querem garantia de durabilida- giram na década de 60 na Europa
meçar, no mês seguinte, um prédio de de. Mas isso não é problema, pois em continuam existindo até hoje. Estão
30 andares. Aí, não dá tempo de filo- 90 ou 120 dias tiram-se todas as refe- nas feiras, sempre lançando produtos
sofar e tem que fazer o arroz com fei- rências necessárias. novos. Estão se deslocando para o
jão. Esse é o modelo de negócio. Leste europeu, para a China e Índia.
Então, mais uma vez, as questões Aqui, mesmo tendo toda a América
Falta conceber o produto a partir da são culturais? Latina para explorar, pensamos no
técnica? Não tem legislação que impeça o uso que fazer com uma grua daqui a
Temos dificuldade de fazer a constru- de alguma tecnologia, mas preferên- cinco anos. Daqui a cinco anos essa
tora entender o que são soluções de cias de mercado. O drywall, por exem- grua já se pagou e não vale mais nada,
continuidade. Já fiz muita coisa pré- plo, é um processo que existe há mais já é sucata. Equipamento é necessário
moldada numa obra e, na seguinte, da de cem anos na Inglaterra e entrou para atingir um objetivo. Hoje, as
mesma construtora, nada era pré- aqui de uma forma totalmente errada. construtoras, principalmente as que
moldado. É incrível. Muda o engenhei- Pré-moldado com drywall é o casa- têm capital aberto, não têm como
ro, o administrador e não há transfe- mento perfeito. Reduzem-se cargas, construir. Se tivessem equipamento,
rência de tecnologia. Começa tudo de exigem-se peças menores, mais leves, mão-de-obra e tecnologia, já estavam
novo, com os mesmos problemas. com menores custos de fundação. A fazendo o que prometeram. Elas pre-
obra fica muito mais limpa, barata, cisam fazer porque têm ações na
Há obstáculos nas legislações, com maior flexibilidade de layout. bolsa, que estão caindo porque, en-
principalmente para residências Porém, foi detonado por gente des- quanto os acionistas cobram, elas
populares, para adoção de sistemas preparada que, para vender uma pa- falam em VGV (Valor Geral de
não convencionais? rede de concreto, falava que a do Venda) astronômico.
Existem questões técnicas facilmente outro era de papelão. Bruno Loturco
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ENTREVISTA

A última opção é a construção civil. custa menos e dispensa grua. Tem de


E, tendo que carregar saco de cimen- haver uma mudança sistêmica, porque
to e bloco, aí que não vem mesmo. Se
“Aumentando a é muito melhor usar o pronto, princi-
souber que vai operar um equipa- produtividade, palmente quando o empreendimento
mento, sem fazer força, vem, pois o tem cinco mil banheiros.
salário é um pouco melhor e a con-
teremos espaço para
dição é humana. aumentar os salários. Economicamente, por que o ponto
de partida é, invariavelmente, a
Então a industrialização é necessária
Se não investirmos estrutura?
também para melhorar os canteiros? em equipamento, É o primeiro item a atacar. Ao fazer a
Houve muitas melhorias com a NR-18 estrutura e a fachada, se resolve 90%
(Condições e Meio Ambiente de Tra-
vamos perder a da obra, ou 70% se o prédio for resi-
balho na Indústria da Construção), pouca mão-de-obra dencial. A estrutura representa entre
mas ainda fazemos muitos serviços 25% e 30% do custo da obra, um vo-
que máquinas poderiam fazer, como
que temos” lume que vale a pena atacar. Se a estru-
armação. A mecanização é obrigatória, tura é bem-feita, economizo massa ao
mas a filosofia do capital brasileiro é descer a fachada, ou posso fazer o fe-
investir o mínimo e tirar o máximo de Não se fala de industrializar outras eta- chamento na fábrica com as devidas
proveito. Lá fora, o construtor não pas por falta de conhecimento. Como a tolerâncias. Não adianta industriali-
pode se dar ao luxo de ter muitos em- estrutura é algo bruto, sujo e inóspito, é zar uma parte e depois ter um bruto
pregados, mas tem metas de produção prioridade. Havia duas fábricas de ba- trabalho de ajuste na obra.
elevadas. Então, compra máquinas nheiro pronto no Brasil. Uma fechou,
para fazer o trabalho de 20 pessoas. indício de que as construtoras segui- São obstáculos culturais?
ram na contra-mão da industrializa- Há tecnologia para adotar fachadas
Além da estrutura, quais elementos ção. A justificativa para não comprar pré-prontas, pintadas, instalações
da obra podem ser industrializados? banheiro pronto é que fazer no local elétricas embutidas, portas fixadas
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com três parafusos. Mas são necessá- lidade e confiabilidade na empresa, zar. Estou estudando um caso, em Re-
rios investimentos para sair do lugar. além de reduzir custos indiretos. cife, em que a empresa vai montar
Outro ponto, que começa a ser abor- uma fábrica de blocos na obra.
dado pela AsBEA (Associação Brasi- Com a industrialização, a alvenaria,
leira dos Escritórios de Arquitetura), como conhecemos hoje, está com os Qual o papel da industrialização na
é o da modulação. Usamos como dias contados? redução do déficit habitacional?
múltiplo 1 mm e não 10 cm, como Num nível bom, teremos de 30% a Sem a industrialização não haverá re-
deveríamos. Imagine a quantidade 40% do mercado industrializado. Os dução de déficit. Todo o movimento
de erros por causa disso. Com a mo- outros 60% continuarão, devido ao sentido até agora é apenas a foca que
dulação, vão baixar os preços de cai- porte do empreendimento ou da cons- está em cima da ponta do iceberg. Até
xilhos, portas e acabamentos. trutora, com os processos tradicionais. agora, só vimos a foca. Sem industria-
No entanto, pode ser que fiquem para lizar, o volume de obras proposto pelas
Os equipamentos são, de fato, tão trás também em custo. Muita gente, empresas não será feito.
caros quanto reclamam os por não ter condição de investir em
construtores? equipamentos ou por não ter acesso à Vai ser a alavanca da industrialização?
Empresários que raciocinam não industrialização, vai continuar com os Se for realmente duradoura como se
pensam dessa forma. Eles analisam se mesmos processos. imagina, sem ameaças da inflação, juros
há retorno ao gastar R$ 10 milhões ou fatores externos por cinco ou seis
em equipamento. Se houver, inves- Talvez aumente a procura por anos, pelo menos, vai ser uma boa ala-
tem e saem na frente. Uma empresa sistemas mais racionais, como a vanca. É isso que a construção civil quer
foi à Colômbia comprar fôrmas por- alvenaria estrutural? para fazer os investimentos necessários.
que considerou que, em vez de levar A alvenaria estrutural serve para mui-
de 13 a 18 meses para fazer um pré- tas construções, mas, dependendo da Como fazer com que a
dio, poderia levar seis usando as fôr- classe de resistência do bloco, o núme- industrialização chegue a sistemas
mas. Viu que esse prazo propicia re- ro de fabricantes é reduzido e falta consolidados? Há os kits de
torno em termos de marketing, qua- bloco no mercado. Começa a inviabili- hidráulica, isso é industrialização?
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ENTREVISTA

Industrialização seria, talvez, montar quitetura fique dissociado do proces-


a parede já com o kit para que essa já “O arquiteto so construtivo.
venha com a hidráulica pronta.
Montar uma árvore de hidráulica,
estrangeiro é muito Os construtores deveriam exigir isso
como normalmente se faz, é raciona- mais técnico. Essa falta do arquiteto?
lização. E não adianta fazer um esfor- Só depois de encomendar o projeto é
ço enorme para industrializar um
de técnica do brasileiro que o construtor decide a estrutura.
pedacinho que não representa 0,5%, faz com que o projeto Isso atrapalha bastante os arquite-
ignorando o resto. É possível até que tos, que têm consciência de que pre-
isso atrapalhe.
de arquitetura fique cisam entrar mais na parte técnica. A
dissociado do processo tendência é que comecem a ter do-
De que maneira? mínio sobre a execução. Quem coor-
Levantando paredes exatamente no
construtivo” dena é a construtora, quando deve-
prumo porque, se as portas não ria ser o arquiteto.
couberem, tem que devolver todas.
Perde-se um tempão para alinhar Como a arquitetura pode auxiliar Por que não temos muitos exemplos
uma parede num sistema conven- nesse processo? brasileiros de prédios altos feitos
cional só porque a porta foi indus- A arquitetura brasileira tem um fun- com pré-fabricados?
trializada. É preferível fazer a pare- damento humanístico muito forte e A cultura incorporada faz com que
de de qualquer jeito e depois ajus- está muito preocupada com confor- falte tempo. O investidor tem um ter-
tar a porta, que não representa to, estética e a utilização final, en- reno e, se a legislação diz que dá pra
nada. Tem que pensar em indus- quanto deveria determinar também fazer um prédio de 30 andares, com
trialização de uma forma global, como as construções serão feitas. O 400 escritórios de 50 m², esse é o pro-
para ter o máximo de controle, o arquiteto estrangeiro é muito mais duto. Trabalha-se em cima dele por
mínimo de retrabalho e acabar com técnico. Essa falta de técnica do bra- dois anos. Depois que vende, tem o
a improvisação. sileiro faz com que o projeto de ar- compromisso de entregar em 36
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meses e começa tudo do zero. Ou seja, resolvíveis, que tratam de homologa- E depois que passar a demanda, o
aqueles dois primeiros anos não ções para instituições financeiras, que fazer?
foram aproveitados pelo pessoal da como a Caixa Econômica Federal, As fábricas de pré-moldado que sur-
técnica, que só sabe que tem que co- que querem garantia de durabilida- giram na década de 60 na Europa
meçar, no mês seguinte, um prédio de de. Mas isso não é problema, pois em continuam existindo até hoje. Estão
30 andares. Aí, não dá tempo de filo- 90 ou 120 dias tiram-se todas as refe- nas feiras, sempre lançando produtos
sofar e tem que fazer o arroz com fei- rências necessárias. novos. Estão se deslocando para o
jão. Esse é o modelo de negócio. Leste europeu, para a China e Índia.
Então, mais uma vez, as questões Aqui, mesmo tendo toda a América
Falta conceber o produto a partir da são culturais? Latina para explorar, pensamos no
técnica? Não tem legislação que impeça o uso que fazer com uma grua daqui a
Temos dificuldade de fazer a constru- de alguma tecnologia, mas preferên- cinco anos. Daqui a cinco anos essa
tora entender o que são soluções de cias de mercado. O drywall, por exem- grua já se pagou e não vale mais nada,
continuidade. Já fiz muita coisa pré- plo, é um processo que existe há mais já é sucata. Equipamento é necessário
moldada numa obra e, na seguinte, da de cem anos na Inglaterra e entrou para atingir um objetivo. Hoje, as
mesma construtora, nada era pré- aqui de uma forma totalmente errada. construtoras, principalmente as que
moldado. É incrível. Muda o engenhei- Pré-moldado com drywall é o casa- têm capital aberto, não têm como
ro, o administrador e não há transfe- mento perfeito. Reduzem-se cargas, construir. Se tivessem equipamento,
rência de tecnologia. Começa tudo de exigem-se peças menores, mais leves, mão-de-obra e tecnologia, já estavam
novo, com os mesmos problemas. com menores custos de fundação. A fazendo o que prometeram. Elas pre-
obra fica muito mais limpa, barata, cisam fazer porque têm ações na
Há obstáculos nas legislações, com maior flexibilidade de layout. bolsa, que estão caindo porque, en-
principalmente para residências Porém, foi detonado por gente des- quanto os acionistas cobram, elas
populares, para adoção de sistemas preparada que, para vender uma pa- falam em VGV (Valor Geral de
não convencionais? rede de concreto, falava que a do Venda) astronômico.
Existem questões técnicas facilmente outro era de papelão. Bruno Loturco
tecnica.qxd 5/8/2008 14:24 Page 34

TÉCNICA E AMBIENTE
Luz eficiente
Ponte estaiada do Complexo Viário Real Parque, em São Paulo, conta com
sistema de iluminação com potência menor que os convencionais

iluminação da ponte estaiada ponsável pelo projeto luminotéc- atender à demanda, os equipa-
A Octávio Frias de Oliveira, em São
Paulo, é uma das mais econômicas do
nico, foi aplicado um conceito ori-
ginal ao empreendimento. "Em
mentos tiveram de ser trazidos
dos Estados Unidos. "A altura a ser
País. Seu projeto luminotécnico di- pontes com essa configuração, os iluminada era um desafio. Para
vidiu-se entre a rede de iluminação estais geralmente são iluminados projeção monocromática, até tí-
viária e o sistema de iluminação de individualmente", explica. No caso nhamos equipamento no mercado
destaque da torre. dessa, entretanto, os projetistas da interno, mas para cores que se al-
Segundo Paulo Candura, dire- Luz Urbana e o arquiteto João Va- ternam, tivemos que buscar proje-
tor do escritório Luz Urbana, res- lente optaram por destacar o mas- tores lá fora", afirma Candura. O
tro durante a noite, trabalhando o lado externo do mastro é ilumina-
Divulgação: Philips

que chamam de contraponto. "Du- do por 20 projetores distribuídos


rante o dia, os estais já se destacam em seis postes em torno da ponte.
com sua cor amarela, enquanto a "São os mesmos projetores usados
torre, em concreto, se mistura ao nos estádios de futebol da Copa do
entorno cinza dos edifícios da re- Mundo da Alemanha, em 2006",
gião. À noite, deixamos os estais afirma. Cada um dos projetores
um pouco de lado e iluminamos a conta com uma lâmpada de 1.000
torre", explica Candura. Segundo W, potência 33% menor que a de
ele, a eliminação dos refletores in- lâmpadas convencionais.
dividuais dos estais também possi- No sistema de iluminação viá-
bilitou a redução do consumo de ria, foram especificados postes de
energia elétrica do sistema. 6 m de altura, posicionados alter-
O sistema de iluminação da nadamente nos dois lados de cada
torre é composto por dois subsiste- via. "Essa disposição aumenta a
mas. A região interna das "pernas" eficiência do sistema", afirma
do mastro é iluminada com lâmpa- Candura. As lâmpadas de multiva-
das LED coloridas. São 36 delas pores metálicos com tubo de des-
agrupadas em cada projetor, totali- carga cerâmico têm 140 W de po-
zando uma potência de 50 W, tência cada uma, 44% menor do
menor do que a de uma lâmpada que das tradicionais lâmpadas de
incandescente comum. Todos os vapor de sódio utilizadas nas ruas
142 projetores LED do mastro con- de São Paulo. Além do menor con-
somem, segundo Candura, a mes- sumo de energia, essas lâmpadas
ma quantidade de energia elétrica têm luz branca, com elevado índi-
que um chuveiro. No início do pro- ce de reprodução de cores. "É um
jeto, conta Candura, a idéia era ilu- tipo de luz que o olho humano
minar o mastro apenas com a cor aceita melhor. A ponte é uma ilha
azul. Os responsáveis pela obra, no de luz branca em um 'mar amare-
entanto, solicitaram o emprego de lo'", comenta o projetista.
um sistema multicolorido. Para Renato Faria

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FACHADAS

Beirada seca
Pingadeira é opção mais eficiente para afastar água de chuva da fachada,
mas há recursos alternativos como bunhas, frisos e ressaltos. Conheça as
diferenças entre os modelos

gua só é interessante à construção


Á

Divulgação: Scanmetal
durante o período de execução
das obras. Concluídos os trabalhos, o
líquido freqüentemente torna-se um
empecilho. Em tempos chuvosos,
acumulado nas fachadas de edifícios,
por exemplo, provoca manchas e
reduz a vida útil dos materiais. "A boa
técnica sempre recomenda que se
afaste o mais rápido possível as lâmi-
nas d´água que escorrem pelas facha-
das", observa o pesquisador Ercio
Thomaz, do Cetac/IPT (Centro Tec-
nológico do Ambiente Construído do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas
do Estado de São Paulo).
O mecanismo mais eficaz remonta
à instalação de pingadeiras sob os pei-
toris das janelas. Os peitoris em si
podem ser pré-moldados ou fabrica-
dos no próprio canteiro, com concreto
ou graute industrializado, em fôrmas
metálicas. Por pingadeira em si com-
preende-se apenas a linha ranhurada,
abaixo dos peitoris, que intercepta a
lâmina d’água, resultando pingos que
se projetam afastados da fachada.
Há que se atentar, porém, à natu-
reza higroscópica dos materiais de
construção. Areia, cimento, cerâmica,
concreto, argamassa – todos têm uma
atração molecular por água. "A reten-
ção de umidade propicia o surgimen-
to de fungos. Esses organismos expe-
lem uma substância ácida que ataca ci-
mento, cal, argamassa de revestimen-
to, pintura", descreve Thomaz. Com
isso, a penetração da umidade para o

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Divulgação: IPT
Divulgação: IPT
interior do prédio e dos apartamentos
torna-se conseqüência previsível.
"Por tudo isso é importante a ado- Ausência de pingadeiras retém umidade e causa manchas em fachadas
ção de medidas não só na janela, mas

Divulgação: IPT

Lehander Carvalho
em toda a fachada", lembra o pesqui-
sador. Destacam-se aqui pelo menos
outros três recursos auxiliares na dis-
sipação de água ao longo de fachadas
com revestimentos de argamassa: o
ressalto, a bunha e o friso.

Alternativas
O ressalto pode ser traduzido
como um obstáculo (espécie de tobo-
Acúmulo de água em borda de peitoril Por fim, umidade penetra no interior
gã), instalado idealmente a cada pavi-
provoca rachaduras e formação de fungos de apartamento
mento, que cria seguidas descontinui-
dades e impede o acúmulo de água.
Opções mais baratas e simplifica- São significativos os benefícios de dentemente, com a presença das pin-
das, a bunha e o friso possuem caracte- todas essas quebras de linearidade nas gadeiras sob os peitoris das janelas.
rísticas semelhantes entre si: são reen- superfícies externas. No meio técnico
trâncias capazes de criar perturbações existem referências a estudos segundo Cuidados com o peitoril
no vento que empurra a água da chuva os quais pequenas saliências perpen- Para assegurar que as lâminas
contra a parede, ajudando na dissipa- diculares ao plano da parede conse- d´água de fato cheguem à pingadeira e
ção do líquido. A principal diferença guem reduzir em mais de 50% o volu- dali se precipitem, são recomendadas
entre os modelos está na largura: reen- me de água que escorre sobre a facha- algumas breves intervenções também
trâncias da ordem de 5 cm de largura da. E a prevenção contra os efeitos da- na superfície do peitoril – medidas
são chamadas de bunhas, e quando nosos da umidade só aumenta, evi- adicionais ao suave caimento padrão.
mais estreitas, entre 1,5 cm e 2 cm, de- "Não se consegue assentar perfei-
nominam-se frisos. "Não são bons tamente um peitoril na horizontal. A
Thiago Oliveira

como o ressalto e a pingadeira, mas água escorre do vidro, ou do alumí-


também funcionam",garante Thomaz. nio, e em vez de cair para a frente,
O friso, particularmente, oferece pode pender para o lado e ali se con-
utilidades que vão além da dispersão centrar, favorecendo uma movimen-
de água. Pode servir para dissimular tação higroscópica", explica Ercio
defeitos nas emendas da massa, ou Thomaz. Para evitar o acúmulo de
mesmo para atenuar problemas de água nos extremos do peitoril, a solu-
coloração decorrentes da tinta empre- ção novamente se volta à criação de
gada em efeito decorativo. frisos, ou ao bloqueio por meio de
O aspecto decorativo das fachadas ressaltos nas laterais.
é, por sinal, outro ensejo para aplica- Caso o peitoril seja constituído de
ção adaptada tanto do friso como da um outro material alternativo à arga-
bunha. "Outros recursos, como mol- massa e ao concreto, como granito, o
duras e cornijas, também são muito risco de água empoçada nas bordas di-
usados em prédios de estilo clássico e minui. Basta que seja feita a pingadeira
neoclássico. Os desenhos ajudam no na face inferior do peitoril e, eventual-
afastamento da água que vai caindo Ressalto: faixa simples de concreto entre mente, por segurança, ranhuras nas
do topo do edifício", comenta o pes- pavimentos quebra linearidade da fachada extremidades da superfície superior.
quisador do IPT. e evita concentração de água da chuva Thiago Oliveira

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PEDRAS

Barreira contra manchas


Hidrofugantes e impermeabilizantes oferecem maior resistência aos agentes
agressivos de mármores e granitos. Conheça as características de cada
produto e veja como aplicá-los
s mármores e granitos utilizados perfície da água.Entre os compostos que nológicas do Estado de São Paulo),a im-
O em pias e bancadas de cozinhas e
banheiros podem manchar de manei-
entram na formulação dos hidrofugan-
tes estão os silicones, silanos, siloxanos,
permeabilização é um recurso que vem
sendo muito utilizado na conservação
ra definitiva pela ação da água ou de silano/siloxano e siloxano oligomérico. das pedras. "Mas não dispomos de in-
óleos e produtos químicos. Mas é pos- Já os impermeabilizantes ou verni- formações ou estudos a respeito da sua
sível evitar danos desse tipo às pedras zes são produzidos à base de resinas eficácia e durabilidade",diz."Em princí-
naturais com a aplicação de hidrorre- acrílicas, poliuretânicas e epoxídicas, pio,as rochas quando polidas têm poro-
pelentes e impermeabilizantes, que que formam película protetora das su- sidade suficiente para evitar a penetra-
têm a função de formar barreira prote- perfícies rochosas. Tais produtos pro- ção de água e outros agentes, geralmen-
tora contra os agentes agressivos. tegem os mármores e granitos contra te em torno de 0,14% a 0,18%. Porém,
A indústria de tintas e vernizes água, agentes agressivos, carbonata- algumas delas, em especial alguns tipos
oferece uma ampla gama de produtos ção, eflorescências e penetração de de granitos e mármores, acabam man-
para proteger as pedras.Além disso, as água sobre pressão. Além disso, alte- chando por motivos ainda não total-
próprias empresas beneficiadoras das ram a aparência das pedras, deixando- mente conhecidos", completa.
rochas naturais podem fornecer pias e as brilhantes, acetinadas ou foscas, de-
bancadas já tratadas. pendendo do tipo. Proteção às rochas
Os hidrofugantes ou hidrorrepelen- Segundo a geóloga Maria Heloisa Em geral, a grande maioria das
tes penetram na porosidade do substra- Barros de Oliveira Frascá, do Centro de rochas pode ser usada em bancadas e
to, alterando as características de absor- Tecnologia de Obras de Infra-Estrutura e pias. Certos tipos de granitos cinza
ção capilar pela mudança do ângulo de Laboratório de Materiais de Construção têm maior facilidade de absorver
contato entre a parede do capilar e a su- Civil do IPT (Instituto de Pesquisas Tec- água, mas após algum tempo secam,

Aplicação de hidrofugantes e impermeabilizantes


Fotos: Sofia Mattos

1 2 3

38 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008


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Tabela1 – CARACTERÍSTICAS DOS HIDRORREPELENTES E IMPERMEABILIZANTES


Hidrorrepelentes/hidrofugantes Impermeabilizantes/vernizes
 Não requerem substrato liso e contínuo  Requerem substrato liso e contínuo
 Não alteram ou alteram pouco a aparência do substrato  Alteram a aparência
 Não impedem a passagem de vapor d’água,  Impedem a passagem de vapor d’água,
facilitando o equilíbrio interno e externo podendo formar bolhas ou manchas
 Não impedem a penetração de água sob pressão  Impedem a penetração de água sobre pressão
 Não impedem a penetração de vapores agressivos  Impedem a penetração de vapores agressivos
 Reduzem a lixiviação  Impedem a lixiviação
 Oferecem maior resistência à fotodecomposição  Menor resistência à fotodecomposição
 Reduzem a penetração de sais solúveis  Impedem a penetração de sais solúveis

retomando a cor original. "No entan-


to, sob uso intenso, nem sempre há Variedade de pedras brasileiras
tempo suficiente para a secagem, o
De acordo com a Abirochas rochas em volume físico, além de
que faz com que as manchas perma-
(Associação Brasileira da Indústria de segundo maior exportador de
neçam", afirma Maria Heloísa. "Em
Rochas Ornamentais) a produção granitos brutos, quarto maior
geral, quando a mancha não desapa-
brasileira totalizou cerca de oito exportador de rochas processadas
rece mesmo após longo tempo sem
milhões de toneladas em 2007, com especiais, e segundo maior
uso e na ausência de umidade, deve-se
oferta de uma grande variedade de exportador de ardósias, além de ser
buscar outra causa", recomenda.
rochas, incluindo granitos, mármores, o principal fornecedor de chapas de
Alguns produtos orgânicos muito
quartzitos maciços e foliados, ardósias, granito para os Estados Unidos.
oleaginosos, utilizados para a fixação
pedra-sabão, metaconglomerados, O Brasil conquistou participação de
das peças em bancadas devem ser evita-
serpentinitos, travertinos, calcários 11,8% nas exportações mundiais de
dos. Caso, por exemplo, da massa de vi-
(limestones) e outras, comercializadas rochas silicáticas brutas, de 5,1% nas
draceiro na instalação de torneiras. As
nos mercados interno e externo. de rochas processadas especiais e de
bancadas de cozinhas merecem ainda
Em 2006, de acordo com dados da 16,5% nas de ardósias, compondo
mais atenção, pois estão sujeitas a infil-
Abirochas, o Brasil passou a quarto 6,3% do volume físico do
trações e manchas causadas por produ-
maior produtor e exportador de intercâmbio mundial.
tos alimentícios como limão, gorduras
e café, além de produtos de limpeza,
como cloro e outros agentes agressivos. cloro também pode causar alterações reagentes químicos empregados em
Os estudos e testes de alterabilidade de em algumas rochas. "Se a construtora produtos de limpeza", recomenda a
rochas têm mostrado que os produtos tiver dúvidas quanto à questão do geóloga. "Também deve-se cuidar para
ácidos são danosos à rocha, provocan- manchamento durante a compra de que o ambiente da obra seja o mais
do descoloração e manchamentos, algum tipo de pedra, recomenda-se a limpo possível", completa.
além da corrosão nos mármores. O execução de ensaio de alterabilidade a Heloísa Medeiros

1 Lave a superfície com água e sabão neutro


2 Enxugue bem a pedra para eliminar a
umidade
3 Passe um pano limpo com álcool
isopropílico para retirar resíduos, poeira e
oleosidades
4 Siga as instruções da embalagem do
produto escolhido quanto à diluição e número
de demãos. Passe o impermeabilizante ou
hidrofugante com um rolo de espuma limpo
5 O produto vai criar uma barreira contra a
4 5 entrada de água ou produto que possa
manchar a pedra

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FORROS

Drywall decorativo
Forro em drywall tem função decorativa, além de ocultar instalações
e facilitar a manutenção da laje ou de equipamentos sob o rebaixo

Divulgação Karina Afonso


Fotos: divulgação Lívia Caselani Vieira

Divulgação Karina Afonso


Recortes dos forros em tabicas, molduras e caixas recuadas para iluminação embutida

a onda da agilidade de execução,os Versátil, o sistema de forro em ção existe um tipo especial de placa,
N pré-fabricados são essenciais em
muitas obras. Além de atenderem às es-
drywall também permite fácil acesso
às instalações para manutenção. "São
denominada RU (Resistentes à Umi-
dade, verdes), para o uso em cozinhas,
truturas,em concreto ou aço,e fachadas mais leves, de execução rápida e seca, banheiros e áreas de serviço", sugere.
com painéis de concreto,os pré-fabrica- sem formação de entulho e desperdí- Outros tipos de chapas disponí-
dos também servem às vedações inter- cio de materiais, além de mecanica- veis no mercado são as brancas, para
nas, sendo encontrados nas paredes e, mente estáveis", afirma Carlos Ro- uso geral, conhecidas como ST
largamente, nos forros de drywall. berto de Luca, consultor técnico da (Standard), e as resistentes ao fogo
O drywall facilita o recorte deco- Associação Brasileira dos Fabrican- (RF), encontradas na cor rosa.
rativo do forro com sancas, dentes, tes de Chapas para Drywall. Seja qual for o recorte decorativo,
cantos, tabicas, molduras e nichos, ou Ele admite, contudo, que as des- "o ideal é ter o desenho de como vai
podem ainda ser aplicados para ocul- vantagens do forro também são as ser o forro antes da execução", opina
tar fios elétricos e tubulações de ar e mesmas das paredes em drywall, a arquiteta de interiores Karina
hidráulicas. Nesse caso, os tradicio- como, por exemplo, a dificuldade de Afonso, experiente na utilização do
nais rebaixados de gesso dão espaço a manter o gesso acartonado em locais material. "Para iluminação, gosto de
um produto mais leve e sob medida. de intensa umidade. "Para essa aplica- fazer as caixas recuadas de 15 cm x 15

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Forro de corredor em residência era em


placas de gesso antes de reforma.
O drywall foi adotado por sua agilidade de Os fios para iluminação embutida
execução. Com perfil de alumínio branco devem ser previamente passados; o
e placa recortada de gesso acartonado, recorte para encaixe das luminárias
foi feito um alçapão que dá acesso ao quadradas é facilmente realizado com
Rejuntamento das placas de drywall controle do sistema de ar-condicionado serrote para gesso

Fotos: divulgação Livia Caselani Vieira


Nesse bar, a sanca faz a iluminação O ambiente da sala da jantar tinha um A sanca, sendo executada em drywall.
indireta – ficou aberta por cima –, já que forro de gesso comum. Detalhe da laje O projeto pedia que ela "flutuasse", sem
a intenção era refletir a luz no forro – em com dutos de ar e instalações elétricas, que os assessórios de sustentação
drywall – e, dele, para o ambiente após remoção do velho forro de gesso (perfis e arames) ficassem à vista

cm. Primeiro colocam-se todos os Ambas concordam, contudo, que desempenho acústico dos interiores.
perfis, depois as placas são encaixadas o trabalho tem de ser realizado por "Essas chapas possuem perfurações
e parafusadas para, em seguida, serem um profissional especializado no sis- superficiais que promovem a absor-
recortadas, se o recorte não for muito tema, pois os desníveis aparecem fa- ção sonora", afirma de Luca. "Os
grande", ensina. "Caso haja uma cilmente. As patologias mais comuns furos, por sua vez, têm várias formata-
sanca maior, toda a estrutura já é pre- do forro em drywall, além do mofo ções: redondos, quadrados e dispos-
viamente montada com os dentes, em locais de maior umidade ou onde tos simétrica ou assimetricamente,
para recortar as chapas de drywall as tubulações hidráulicas falham e em quantidades diversas", completa.
como se deseja", completa. vazam, são as pequenas fissuras nas Nas residências, iluminação indi-
Muitos profissionais também usam juntas. As rupturas podem acontecer reta,saídas dos exaustores e sistemas de
o drywall para o recorte de tabicas. "Em devido à movimentação das estrutu- ventilação ou ar-condicionado tam-
prédios muito altos, com as tabicas o ras, mas na maioria das vezes ocorre bém encontram seus caminhos por
risco de que trincas apareçam no forro devido à colocação feita sem os cui- dentro dos forros de drywall. Nesses
em conseqüência de movimentações do dados técnicos necessários. casos, se houver a preocupação do iso-
edifício é menor", diz Karina. lamento acústico, o forro se adapta às
A arquiteta Lívia Caselani Vieira Desempenho acústico mantas minerais, de lã de rocha. Outra
aponta ainda o fato de não ser simples Para os forros aplicados em obras solução possível é a sobreposição de
executar o drywall nos forros com recor- comerciais de escritórios, salas de reu- chapas de gesso acartonado, já que o
te arredondado. "Prefiro usar o gesso nião, pequenos auditórios ou áreas de próprio gesso, em espessura calculada,
comum.A estrutura em perfis leves pode audiovisual, existem materiais especí- tem bom desempenho acústico.
ser um obstáculo ao recorte", revela. ficos, desenvolvidos para otimizar o Giovanny Gerolla

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CONCRETO – PINI 60 ANOS

Sinônimo de construção
Protagonista da história da engenharia civil brasileira, o concreto se adaptou a
todas as necessidades econômicas e estruturais e, hoje, está mudando
novamente para atender às demandas ambientais

oucas escolas de engenharia têm


P tanto conhecimento em concreto
armado quanto a brasileira. As pecu-
liaridades de nossa sociedade, econo-
mia, recursos naturais e outras in-
fluências nos levaram a desenvolver
tecnologias variadas para construir
com esse material, composto por ci-
mento, areia, água, agregados e aço. A
história do concreto armado no Bra-
sil começou em 1904, no Rio de Janei-
ro, com a construção de um conjunto
de seis prédios pela Empresa de Cons-
truções Civis, sob responsabilidade
do engenheiro Carlos Poma. À época,
conforme descrito no livro "A Escola
Brasileira do Concreto Armado", de
Augusto Carlos de Vasconcelos e Re-
nato Carrieri Júnior, o material era
denominado cimento armado.
Outro prédio pioneiro na utiliza-
Naldo Mundim

ção de concreto no País é a Estação


Ferroviária de Mairinque. Não se
trata de concreto armado, pois a es-
Demanda por melhores produtividades com menos mão-de-obra, falta de espaço
trutura é metálica, tendo sido execu-
para equipamentos de transporte e maiores velocidades de execução formam o
tada com trilhos de trem. O concreto
cenário para o desenvolvimento de concretos como o auto-adensável
apenas reveste os perfis, protegendo
contra corrosão. O engenheiro Arnal-
do Forti Battagin, da ABCP (Associa- era novidade em todo o Mundo. Cu- plica que, apesar do surgimento do re-
ção Brasileira de Cimento Portland), rioso é que, inicialmente, nada tinha a forço com fibras e do CCR (concreto
conta que os primeiros prédios altos ver com construções, sendo utilizado compactado com rolo), as inovações
brasileiros foram construídos nas dé- para criar peças que ficavam em con- mais significativas vieram com o CAD
cadas de 1920 e 1930, sendo respecti- tato com a água, como caixas d'água, (concreto de alto desempenho), o con-
vamente, os edifícios A Noite, na re- encanamentos e até barcos. creto de alta resistência, o concreto
gião portuária do Rio de Janeiro, e o Até a década de 1950, o concreto com polímeros e, especialmente, o
Martinelli, no Centro de São Paulo. não mudou muito. "Embora obras no- CAA (concreto auto-adensável).
Ainda de acordo com Vasconcelos táveis tenham surgido, o material em si Como o concreto é uma composi-
e Carrieri, o concreto, desenvolvido não experimentou grandes inovações ção de materiais, sua evolução depen-
na França por Joseph Monier, ainda tecnológicas", afirma Battagin. Ele ex- deu do desenvolvimento desses com-

42 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008

2008
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Marcelo Scandaroli

Bruno Loturco
ponentes. "Há grandes diferenças do
concreto atual para o do engenheiro
Ary Torres – fundador e primeiro dire-
Ao explorar as vantagens do concreto de Traço convencional perde espaço nas
tor do IPT (Instituto de Pesquisas Tec-
alto desempenho então recordista em construções por exigir muitos operários
nológicas do Estado de São Paulo) e
resistência à compressão, o e-Tower para espalhar, regularizar e vibrar o
primeiro diretor geral da ABCP", afir-
ganhou vagas de garagem e flexibilidade concreto. Também não pode ser
ma o professor Antonio de Figueiredo,
estrutural para o desenvolvimento do bombeado, exigindo equipamentos de
do Departamento de Engenharia de
projeto de arquitetura transporte vertical
Construção Civil da Escola Politécnica
da USP (Universidade de São Paulo).
Uma dessas diferenças é a qualidade do tidas com quantidades menores de ci- utilizado em obras de barragem. Ape-
agregado, que, atualmente, é raro, es- mento. No entanto, o concreto fica sar de não exigir tanta resistência es-
pecialmente nos grandes centros. mais poroso e expõe a armadura à cor- trutural, demandava estudos para re-
Outra, o cimento, que era mais grosso. rosão. Para evitar problemas, a norma duzir os gradientes de temperatura,
traz um capítulo que aborda, exclusiva- decorrentes do calor de hidratação e
Cimento fino, mais resistência mente, a durabilidade das estruturas de da reação álcali-agregado, que provo-
Na década de 40, havia o chamado concreto. "Percebeu-se que era muito cam fissurações. Passaram a ser usadas
concreto 13,5,que resistia a 135 kgf/cm², caro e difícil corrigir uma corrosão de adições no cimento, como a sílica ativa
o equivalente a aproximadamente 12 armadura", pontua Figueiredo. e o metacaulim. Em conjunto com os
MPa. "Hoje, para ser considerado estru- Outra forma de impermeabilizar aditivos, aumentam o leque de possi-
tural, tem que ter pelo menos 20 MPa", o concreto é com aditivos e adições. bilidades de aplicação do concreto.
conta Fernando Rebouças Stucchi, pro- "O cimento mudou, então o traço
fessor da Poli e sócio-diretor da EGT En- também mudou", explica Stucchi. O Finalidades específicas
genharia, em referência às exigências da engenheiro Rubens Curti, especialista As adições e cimentos especiais
NB-1 – Projeto de Estruturas de Con- em concreto da ABCP, complementa: foram os grandes sinais da evolução do
creto – Procedimento.Essa foi a primei- "A evolução tecnológica permitiu al- concreto, de acordo com Figueiredo, da
ra norma desenvolvida pela ABNT (As- cançar melhores resultados em fun- Poli. "Hoje conseguimos concretos para
sociação Brasileira de Normas Técni- ção do controle das matérias-primas durar centenas de anos e isolar resíduos
cas), em 1940. utilizadas no preparo dos concretos". radioativos", explica. As inovações têm
Embora já tenha passado por Os aditivos começaram a mudar o contribuído para as demandas atuais da
cinco revisões, a última em 2003, comportamento do concreto a partir construção, como necessidade por altas
desde a primeira versão a NB-1 previa dos anos 70. A velocidade das cons- resistências iniciais, durabilidade, me-
o dimensionamento em serviço ba- truções e a demanda por obras enter- nor exigência de mão-de-obra e redu-
seado em tensões admissíveis e tam- radas criaram novas exigências para o ção do impacto ambiental.
bém no estado limite último. "Apenas concreto, que precisava apresentar re- Para atender a essa última urgên-
duas normas faziam isso: a brasileira e sistências elevadas com menos tempo cia, os cimentos têm incorporado resí-
a russa", conta Stucchi, que afirma ser de cura. Além disso, os aditivos super- duos como o pó-de-pedra. "Não é ne-
ideal revisar a norma a cada cinco plastificantes se mostraram atraentes nhuma maravilha do ponto de vista
anos para acompanhar a evolução de para reduzir o consumo de cimento tecnológico, mas é ótimo por reduzir
técnicas e materiais. sem perder resistência. Assim, os pri- os resíduos", afirma o professor da
A evolução do cimento, do aço e meiros movimentos acenavam para Poli. "É possível extrair areia artificial
dos aditivos justifica a periodicidade da economia e flexibilidade estrutural de rochas para a produção de concreto,
revisão.Antes, menos moído, a superfí- decorrentes da resistência elevada. "O uma vez que a extração de areia natural
cie de contato entre as partículas de ci- ganho de resistência estrutural passou está sendo dificultada pelos órgãos
mento era menor. Logo, consumia-se a ser um campo de estudo muito ambientais", explica Curti. Já é usual a
mais cimento para obter a mesma re- atraente", explica Figueiredo. adição de sílica ativa, escória de alto-
sistência. Com o desenvolvimento, as Em outro sentido, caminhava a forno e cinzas volantes. Essas, além de
mesmas resistências passaram a ser ob- evolução do concreto-massa, muito auxiliarem na redução dos resíduos de

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CONCRETO – PINI 60 ANOS

outras indústrias, podem melhorar o


desempenho em alguns casos.
Outra novidade, que não se en-
quadra na categoria dos aditivos nem
das adições, são as fibras, que podem
ter fins estruturais, em substituição às
malhas, ou para evitar o risco de spal-
ling, efeito de lascamento explosivo

Acervo pessoal de Selmo Chapira Kuperman


do concreto pouco poroso, provoca-
do pela exposição ao fogo.
É claro que o surgimento do con-
creto mais fluido, para ser bombeado
ou projetado, não é novidade. No en-
Marcelo Scandaroli

tanto, atualmente, o uso de bombas


que ocupem pouco espaço, associado à
redução da mão-de-obra para espalha-
Com baixa resistência à compressão, o
mento, fazem do concreto bombeável
Ensaios e testes convencionais do concreto concreto-massa é utilizado em
uma das maiores apostas para a evolu-
começam a ser complementados por barragens e utiliza pouca quantidade de
ção do material. São indícios desse en-
análises de modelos reológicos, que cimento. Gradientes de temperatura
caminhamento os investimentos no
permitem compreender e obter novas levaram à necessidade de adições para
CAA (concreto auto-adensável), que
interpretações do material no estado fresco controlar a fissuração
conta com a mobilização da ABNT
para o desenvolvimento de norma es-
pecífica, conforme conta Rubens Curti.
Obras brasileiras emblemáticas "Acredito que o CAA seja forte candi-
dato às construções do futuro, pois
1926 – Marquise da tribuna de sócios do Década de 90 – Edifício World Trade
apresenta qualidade superior e custo
Jockey Club (Rio de Janeiro): com balanço Center (São Paulo): duas torres, uma
relativamente baixo", comenta. Na Eu-
de 22,4 m, recorde mundial na época com 26 e outra com 17 andares, tem
ropa, de acordo com dados apresenta-
1930 – Elevador Lacerda (Salvador): 177 mil m² de área construída, laje lisa
dos por Arnaldo Forti Battagin, o CAA
maior elevador de passageiros para fins protendida com 25 cm de altura e vãos
já responde por 15% de todo o concre-
comerciais no mundo, com elevação de de 10 m, com vigas de bordo
to consumido. "Seu uso contribui para
59 m e altura total de 73 m Década de 90 – Edifício Suarez Trade
as tendências de industrialização da
1930 – Ponte de Herval ou Ponte Emílio (Salvador): com 33 andares e 40 mil m²,
construção civil, diminuindo o custo
Baumgart (Santa Catarina): sobre o Rio do tem concreto de 60 MPa nas colunas da
de mão-de-obra e aumentando a pro-
Peixe, com o maior vão do mundo, na torre, andares-tipo com 600 m²
dutividade", salienta.
época, com 68 m em viga reta. Primeira totalmente livres, estrutura protendida
Para os próximos anos, aposta-se
ponte do mundo em concreto construída nervurada, com 15 m de vão e
no advento da nanotecnologia para a
em balanços sucessivos. Destruída pelas espessura total de somente 400 mm,
produção de concreto, beneficiando as
enchentes de 1983 laje plana em concreto armado
buscas por eficiência energética e am-
1922/1934 – Construção dos edifícios nas garagens
biental que pautam a construção civil,
A Noite, no Rio de Janeiro e Martinelli, Década de 90 – Edifício Manhattan
e incrementando resistência e elastici-
em São Paulo, os primeiros arranha- Tower (Rio de Janeiro): com 114 m de
dade ao material. Hoje, já é possível
céus brasileiros, com 102,8 m e 130 m, altura e 8 m de largura, é recordista
realizar análises de modelos reológicos
respectivamente mundial em esbeltez para edifícios,
para o estado fresco do concreto, que
1962 – Edifício Itália (São Paulo): foi, por com relação de 14:1
aumentam as possibilidades de aplica-
alguns meses, o mais alto edifício em Década de 2000 – pista descendente
ção. "Com o uso de aditivos, é impor-
concreto armado do mundo da Rodovia dos Imigrantes, Centro
tante saber se a bomba não vai entu-
1969 – Masp (Museu de Arte de São Empresarial Nações Unidas, com 167 m
pir", exemplifica Figueiredo. O uso
Paulo): com laje de 30 m x 70 m livres, de altura, Museu da Escultura, Hotel
desses modelos irá gerar novas inter-
recorde mundial de vão na época Unique, edifício e-Tower, recordista em
pretações para o entendimento do
1982 – Usina Hidrelétrica de Itaipu resistência à compressão, com concreto
comportamento do material no estado
(Paraná): maior barragem de gravidade do de 125 MPa, todos em São Paulo. Ponte
fresco, sendo essa, de acordo com Fi-
mundo, com 190 m de altura e mais de 10 JK, no Distrito Federal, e ponte sobre o
gueiredo, uma das grandes correntes
milhões de metros cúbicos de concreto rio Guamá, no Pará
evolutivas do concreto.
Fonte: Augusto Carlos de Vasconcelos Bruno Loturco

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ESTRUTURAS

Gestão concreta
Informações sobre planejamento e execução de estruturas de concreto precisam
acompanhar cronograma da obra, especificações do projeto e controle da qualidade

ara garantir a durabilidade e a con-


P fiabilidade das estruturas de con-
creto, a última revisão das principais
normas – em especial as de Projeto
(NBR 6118:2003), de Execução (NBR
14931:2003) e de Controle e Recebi-
mento (NBR 12655:2006) – impôs a
necessidade de se realizar uma série de
procedimentos para gerar uma docu-
mentação capaz de comprovar a quali-
dade das estruturas. Resultados de en-
saios, relatórios, planilhas e certificados
devem fazer parte do Manual de Uso,
Inspeção e Manutenção da Edificação,

Fotos: Marcelo Scandaroli


que serve de comprovação da confor-
midade da estrutura, além de permitir
a rastreabilidade de todas as suas partes.
Elaborar esse dossiê sobre o sistema
estrutural, no entanto, depende de um
As principais normas referentes ao projeto e execução de estruturas e controle do
minucioso trabalho de registro, inspe-
concreto geraram a necessidade de se produzir documentos de rastreabilidade confiáveis
ção e controle, que envolve as fases de
concepção, planejamento e culmina na
execução propriamente dita. Nesse con- bretudo nos de maior porte, ganhou
texto, a integração de procedimentos e maior complexidade, pois além da re-
profissionais torna-se indispensável sistência dos elementos, agora devem
para a obtenção da visão sistêmica alme- ser fornecidas outras informações para
jada pela normatização. "A comunica- a garantia da durabilidade da estrutura,
ção entre os agentes envolvidos deve ser como modelo de deformação e relação
clara, intensa e franca. Também é im- água–cimento", explica o engenheiro
prescindível que seja claramente identi- José Roberto Braguim, presidente da
ficado o porta-voz de cada agente envol- Abece (Associação Brasileira de Enge-
vido",afirma o engenheiro especializado nharia e Consultoria Estrutural).
em tecnologia de concreto Arcindo Pela norma técnica vigente, um
Agustín Vaquero y Mayor, consultor da projeto de estrutura de concreto só é
Abesc (Associação Brasileira das Em- considerado completo quando traz es-
presas de Serviços de Concretagem). pecificações não apenas da resistência
O trabalho inicia-se ainda na fase de característica a 28 dias (fck), mas tam- Estabelecer procedimentos para garantir
projeto, quando são determinados os bém os valores do módulo de deforma- a gestão da concretagem elimina
parâmetros de qualidade e durabilidade ção do concreto (Eci) e de todas as resis- interferências que venham a alterar as
da estrutura. "O projeto estrutural, so- tências características anteriores ou propriedades do material

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Ponto crítico nas obras, o transporte Fila de caminhões–betoneira na entrada do canteiro, só com muito planejamento e
interno do concreto deve ser fiscalizado controles rigorosos de recebimento
até mesmo em aplicações de pouco
risco estrutural

posteriores aos 28 dias, em especial nas


chamadas "idades críticas", em que os Apoio informatizado
esforços executivos ou carregamentos
A adoção de ferramentas de gestão, em Tecnologia do Concreto e Qualidade
devem ser suportados, sem fissuras e
apoiada em softwares, instrumentos de Egydio Hervé Neto, diretor técnico da
sem deformações excessivas.
comunicação e profissionais devidamente VentusCore. O engenheiro desenvolveu
"Essas novas exigências impõem a
treinados, passa a ser obrigatória para a recentemente, a partir do Excel, um
participação de um engenheiro tecno-
construtora que precisa organizar uma conjunto de planilhas (Gecon) no qual
logista de concreto no estudo, determi-
série de dados e informações para todas as concretagens são lançadas, antes
nação e fornecimento dessas ferra-
atender às exigências da normatização. do início da obra, divididas em lotes (e
mentas", comenta o engenheiro Egy-
A tendência é que ferramentas complexas conseqüente amostragem) em acordo
dio Hervé Neto, consultor em tecnolo-
surjam em resposta às demandas das com o cronograma.
gia do concreto e qualidade e diretor
estruturas, cada vez mais arrojadas. Mas, Realizado logo após a conclusão do
técnico da VentusCore. Segundo ele,
por hora, programas comuns a grande projeto, o uso desse tipo de instrumento
essa necessidade fica ainda mais evi-
parte das construtoras, como Excel, MS permite tornar claras as condições
dente ao considerar a evolução pela
Project e Autocad, permitem aos técnicas e a logística das concretagens –
qual passou o concreto nos últimos
profissionais, com capacitação e permitindo visualizar especialmente os
anos – sobretudo com a elevação das
habilidade, montar ferramentas de uso equipamentos necessários no canteiro –
resistências e a importância dada ao
corrente para as obras. facilitando a contratação do concreto e
módulo de deformação – que fez com
O mais importante, porém, é que haja do controle. "Além disso, a planilha pode
que a tecnologia do concreto conquis-
como acompanhar a execução do se constituir, ela própria, num
tasse importância ainda maior na en-
Programa de Ensaios de Controle de documento de certificação da obra, para
genharia de edificações.
maneira clara e objetiva, à medida que ser consultado a qualquer momento pelo
Uma vez que os projetos da estru-
seus dados vão sendo lançados e os proprietário ou pelo projetista",
tura (e também os complementares)
campos preenchidos, comenta o consultor acrescenta Hervé Neto.
estejam devidamente planejados e ge-
renciados, parte-se para a atenção aos
processos executivos (escoramento, Tecnológico e com o fornecimento O escopo resultante das novas exi-
fôrmas, armaduras, concretagens, mo- (programação) do concreto. Assim, à gências demonstra a necessidade de
vimentação e reaproveitamento de es- medida que ocorre a liberação das fôr- que o projeto estrutural assuma tam-
coramentos, retirada e reaproveita- mas e escoramentos – representada bém um caráter executivo, na avalia-
mento de fôrmas). Cada etapa da exe- pela conformidade atestada em con- ção do diretor técnico da VentusCore.
cução precisa ser acompanhada de um trole – a documentação deve ser for- Nesse sentido, cabe ao responsável
Programa de Ensaios de Controle, em malmente organizada para ser entre- pela execução, com os resultados de
sintonia com a Empresa de Controle gue ao contratante da obra. controle em mãos, comprovar o aten-

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ESTRUTURAS

Gerenciamento de concretagem -
principais agentes
e atribuições

Fonte: Egydio Hervé Neto, Diretor Técnico da VentusCore.

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Fotos: Marcelo Scandaroli

Capacitar a mão-de-obra para realização Os controles laboratoriais começam O plano de escoramento também é parte
dos ensaios é fundamental para a gestão no canteiro, com a coleta correta da gestão da aplicação do concreto e deve
do processo de concretagem do material obedecer recomendações dos calculistas

exemplo, propor uma solução correti-


Checklist básico de um plano de concretagem va caso o concreto não atinja a resis-
 Conferir fôrmas e ferragens  Prever a equipe que vai aplicar tência devida na análise nos 14 dias",
 Fazer a programação do concreto o concreto e as respectivas ferramentas exemplifica Braguim.
dosado em central, considerando volume, necessárias para isso (vibradores, "De qualquer forma é fundamen-
fck, diâmetro máximo do agregado, réguas vibratórias, gericas etc.), tal que as construtoras percebam que
trabalhabilidade, método de bem como os equipamentos de simplesmente recorrer às concreteiras,
bombeamento, e o espaçamento entre as proteção individual como muitas têm feito, não resolve a
viagens de concreto Agendar com a empresa que faz o questão da qualidade, pois há questões
 Ainda na programação é importante controle tecnológico os respectivos serviços comerciais envolvidas que dificultam
levar em conta algumas possíveis  Planejar os trabalhos/tempos de cura uma posição isenta, como se espera de
características especiais, como o módulo  Caso haja a possibilidade dos trabalhos um trabalho técnico dessa importân-
de elasticidade tangente inicial, com o se estenderem durante a noite, prever cia", acrescenta Hervé Neto. Isso por-
respectivo valor iluminação e refeições para a equipe que o fato de as centrais de concreto
realizarem controles da qualidade in-
Fonte: engenheiro Arcindo Austin Vaquero y Mayor, consultor da Abesc (Associação
ternos, não exclui o construtor da ne-
Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem)
cessidade de fazer o seu próprio con-
trole. Além disso, a NBR 7212:1996 –
dimento a esses valores antes de movi- estão sujeitos, como erros de composi- Execução de Concreto Dosado em
mentar os escoramentos ou quaisquer ção e falhas durante o transporte, Central – exige que os fornecedores
outras ações que impliquem carrega- podem ser minimizados com esse con- retirem amostras apenas a cada 50 m3
mentos precoces, por exemplo. trole adicional. de concreto preparado. Isso significa
Determinante para assegurar o de- Além disso, em função da metodo- que em uma concretagem comum
sempenho da edificação, "o gerencia- logia que pressupõe uma abordagem pode haver um grande volume de
mento e controle da concretagem tra- sistêmica da construção, o gerencia- concreto sem amostragem sendo apli-
zem consigo uma tarefa importante mento pode colaborar para que even- cado na estrutura. "Para a concreteira
que é a de colocar em ordem o proces- tuais não conformidades sejam solu- que deseja apenas que seu desvio-
so de produção da estrutura", comenta cionadas de maneira mais rápida. padrão e média sejam atendidos em
o presidente da Abece, José Roberto "Hoje, é praticamente impossível o larga escala, a NBR 7212 proporciona
Braguim, destacando a importância do projetista não ser informado sobre informação suficiente. Mas para a
acompanhamento de uma empresa es- eventuais não conformidades", co- obra o risco de ficar sem amostragem
pecialista em controle tecnológico para menta o presidente da Abece. "Estando em um grande volume de concreto é
analisar o concreto. Em sua opinião, di- mais próximos da execução, os proje- enorme", alerta o consultor.
versos problemas a que os concretos tistas têm melhores condições de, por Juliana Nakamura

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FÔRMAS

Pilares redondos
Papelão, madeira, aço e PVC. Há diferentes sistemas e materiais disponíveis para
executar pilares redondos e de formatos especiais. A escolha da solução mais
adequada depende de análise técnica, estética e, principalmente, econômica

esponsável pela geometria das


R peças de concreto, o sistema de
fôrmas é determinante para garan-
tia de prumo, nível, alinhamento e
esquadro da estrutura. O conceito
não é diferente quando se tratam
de pilares redondos e com forma-
tos especiais. Especificados por
motivações arquitetônicas ou es-
truturais, esses elementos menos
convencionais podem ser molda-
dos por meio de fôrmas industria-
lizadas ou confeccionadas em obra,
a partir de matérias-primas das
mais diversas.
O que determina a maior perti-
nência de cada solução é uma rigoro-
sa análise comparativa que leva em
conta, entre outros fatores, prazos,
quantidade de utilizações e aspecto
superficial desejável. "Cada estrutura
a ser moldada apresenta particulari-
dades que exigem estudo minucioso,
como as medidas dos pilares, número
de reúsos das fôrmas, equipamentos
disponíveis (grua, guindaste) e prazo
de execução", lista o consultor de fôr-
mas, Paulo Assahi.
De acordo com o também con-
sultor de fôrmas Nilton Nazar, em
função da praticidade que oferecem,
os moldes de papelão têm sido os
mais utilizados para dar forma a pila-
Nilton Nazar

res circulares no Brasil. Em sua opi-


nião, esse tipo de solução é mais inte-
ressante por aliar ótimo resultado su- Após análise técnica e econômica, para a confecção dos pilares da fachada desse
perficial do concreto com a facilidade centro educacional foram usadas fôrmas metálicas. A solução, especialmente
de uso e manuseio no canteiro. concebida para essa obra, contribuiu para a planicidade esperada pelo arquiteto

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Fabricados em papel kraft e semi-


kraft tratados com colas e resinas, os
tubos de papelão recebem uma ca-
mada de papel não-aderente ao ci-
mento e são disponibilizados nos
diâmetros de 100 mm a 1.000 mm e
espessuras variáveis de 3 mm a 8,5
mm. Leves – uma fôrma de 150 mm
de diâmetro interno pesa cerca de 1,4
kg/m –, têm fácil colocação e retirada.
As fôrmas de papelão podem, ainda,
receber recheio de EPS para obter di-
versas seções de colunas (retangula-
res, quadradas, hexagonais, góticas
ou romanas).
Esse tipo de material, no entanto,

Divulgação: Aqueduto
não é reutilizável.Após a cura do con-
creto, o invólucro de papelão é rasga-
do e desprezado, fazendo com que o
sistema se torne mais competitivo em As fôrmas contínuas podem suportar grandes cargas de concretagem, apesar da
obras em que está prevista apenas leveza de alguns materiais
uma utilização da fôrma. "A partir de
duas utilizações, começa a valer a
pena pensar em outras soluções,
como a fôrma de compensado de
Recomendações gerais
madeira", alerta Nilton Nazar. Segun-  Deve-se procurar o sistema mais  Controle no recebimento e
do o engenheiro, alugar fôrmas metá- econômico, nunca o mais barato. Afinal, a armazenamento: as fôrmas, em especial
licas também pode ser uma saída in- qualidade da estrutura influencia os as de papelão, devem estar bem
teressante quando o projeto tiver pre- custos dos outros subsistemas que protegidas da umidade
visto várias utilizações em um perío- compõem a construção
do inferior a um mês. "Há de se pon-  A maior parte dos danos que ocorrem
derar, contudo, que os sistemas metá-  Projetos de fôrmas são fundamentais nas fôrmas surge durante a desenforma
para se tirar melhor proveito da solução por falta de cuidado. Para as fôrmas de
licos tendem a ser mais bem-sucedi-
escolhida. No caso de fôrmas feitas madeira, por exemplo, deve-se dar
dos em estruturas com lajes planas e
em obra, é ainda mais importante preferência à cunha de madeira em
que, dependendo do porte das peças,
estudar e planejar as fôrmas para vez do pé de cabra
pode exigir equipamentos de movi-
otimizar o corte e reduzir as perdas
mentação na obra", completa Nazar.  Para evitar que a nata do cimento
O aspecto superficial do concreto  A produtividade decorre diretamente escorra e o concreto perca resistência,
é outro fator que influencia a especi- da escolha correta do sistema e do não devem ser toleradas frestas, mas se
ficação do sistema de fôrmas. Nas si- treinamento da mão-de-obra não for possível, não poderão ter
tuações em que for desejável o máxi- mais que 1 mm
mo de planicidade, os moldes cons-  No caso das fôrmas de madeira, as
truídos à base de papelão e até os de
bordas cortadas devem ser seladas com  É fundamental que todo sistema
tinta apropriada para evitar a infiltração de fôrma seja adquirido de empresa
PVC saem na frente. Mas há obras em
de umidade e elementos químicos do idônea, com devida apresentação
que o projeto arquitetônico busca
concreto entre as lâminas, principal da ART (Anotação de Responsabilidade
tirar partido das emendas e frisos.
fator de deterioração Técnica) do Crea
Nesses casos, a fôrma de madeira
cambotada é a mais indicada. Fontes: professor Carlito Calil Júnior e engenheiro Paulo Assahi

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FÔRMAS

Sistemas mais usados para pilares circulares e especiais


Papelão Podem ser produzidas com compensado Limitações
de madeira ou com chapas de OSB para  Costuma ser mais indicado em lajes
pilares especiais. Para geometrias planas
circulares, porém, perdem em praticidade  Algumas medidas especiais podem não
para as fôrmas de papelão resinado ser atendidas
Vantagens
 Alta capacidade de suporte das cargas PVC
Divulgação: Termotécnica

da concretagem
 Apresenta flexibilidade em relação a
dimensões disponíveis
Limitações
Em formato tubular, são fabricadas em  A fabricação e montagem das fôrmas
papel kraft e semikraft de diversas exigem tempo, mão-de-obra e espaço
espessuras e enrolados helicoidalmente. no canteiro
São tratadas com colas e resinas, que lhes  Requer atenção em relação a
conferem rigidez, além de receberem aprumadores e ao sistema
uma camada interna de papel de escoramento
não-aderente ao concreto
Vantagens Metal

Divulgação: Aqueduto
 É mais leve que os demais sistemas.
Em geral, suporta bem as cargas da
concretagem
 Chega pronto na obra para ser usado.
Não requer mão-de-obra especializada
Fornecido em diversas dimensões, o tubo
Limitações
de PVC é produzido pela extrusão de um
 Algumas medidas especiais podem não perfil plano e reforçado com pequenas
ser atendidas
saliências em forma de "T", que são
 Não são reutilizáveis posteriormente enrolados segundo o
diâmetro desejado
Madeira
Vantagens
 Leveza
 Impermeabilidade
Divulgação: Doka

 Dispensa mão-de-obra especializada


 Confere bom acabamento ao concreto
 Tem rigidez para ser montado com
Os sistemas tubulares para cofragem de poucos travamentos intermediários
pilares são modulares, compostos por e o gastalho de pé do pilar
painéis em forma de meia-lua, cunhas e Limitações
escoramentos especiais  Não permite reaproveitamento
Vantagens  Utilização somente para coluna
 Durabilidade e grande capacidade de  Requer cuidados especiais para
reúso travamento para não haver a
Nilton Nazar

 Disponíveis para locação deslocabilidade


 Rápida montagem e desmontagem  Não pode ser fixado com pregos
Fonte: engenheiro Nilton Nazar, consultor de fôrmas e engenheiro Mauro Satoshi Morikawa (Unicamp)

Há, ainda, a preocupação com a da, com complementos metálicos diante da reciclabilidade do aço e da
redução do impacto ambiental das para aumentar a vida útil, é uma maior durabilidade – chegam a su-
obras, que tende a criar mais oportu- opção viável que pode ser a tendên- portar centenas de ciclos de concre-
nidades aos materiais renováveis e cia das próximas décadas", afirma tagem – podem marcar pontos no
duráveis. "Nesse particular, o uso da Paulo Assahi. Algo semelhante ocor- quesito ambiental.
madeira reflorestada, industrializa- re com os moldes metálicos, que Juliana Nakamura

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FUNDAÇÕES

Sapatas de concreto
Utilizadas como base para edificações de diferentes portes, as sapatas de concreto
são simples, seguras e econômicas. Mesmo assim, dependem de especificação e
execução que levem em conta as características do solo e da estrutura

ndicadas para regiões de solo estável e


I de alta resistência superficial, as sapa-
tas de concreto estão entre os métodos
de execução de fundações mais elemen-
tares e econômicos. Quando bem proje-
tadas, costumam demandar pouca esca-
vação e consumo moderado de concre-
to.Além disso,suportam cargas elevadas
e, em comparação com outros tipos de
fundação superficial, como os blocos
não armados, as vigas baldrames e o ra-
dier, podem assumir diversas formas

Fotos: Marcelo Scandaroli


geométricas para facilitar o apoio de pi-
lares com formatos não convencionais.
Mais do que a versatilidade, no en-
tanto, a principal vantagem desse tipo
de fundação está na execução facilitada,
Elemento básico de fundação, não demanda peças e equipamentos especiais de escavação
que dispensa, por exemplo, a presença
de peças e equipamentos especiais no
canteiro. Tal simplicidade, contudo, Da mesma forma, a garantia de que to e as características de uniformidade e
não exclui a necessidade de cuidados. a umidade do solo não atacará a arma- resistência do solo sob a base,além da re-
Até porque, por se apoiar em camadas dura da sapata é fundamental para a se- sistência do concreto e o cobrimento da
superficiais do solo para transferir as gurança da edificação a ser construída. armadura.
cargas da construção, esse tipo de fun- Por isso, logo após a escavação do solo A ligação entre as armaduras da sa-
dação está mais suscetível às mudanças deve ser feito um lastro de 5 cm de con- pata com a estrutura também é um
nas camadas do solo do que as funda- creto magro, ocupando toda a área ponto crítico que merece atenção espe-
ções profundas. sobre a qual será assentada a sapata. cial."As armaduras de espera para os ele-
De acordo com a NBR 6122:1996, mentos estruturais precisam dispor de
que trata de projeto e execução de fun- Compatibilidade geometria e comprimento adequados
dações – atualmente em processo de re- "O mais importante na execução de aos esforços previstos", afirma Gisleine,
visão –, uma sapata não deve ter dimen- qualquer tipo de fundação é compatibi- destacando ainda que é preciso conside-
são mínima inferior a 60 cm. Outra re- lizar as cargas atuantes e os deslocamen- rar sempre a possibilidade de ocorrência
comendação é que se observe o desnível tos previstos com as características do de cargas acidentais, que devem estar
entre sapatas próximas. A sapata em solo de suporte", ressalta a pesquisadora contempladas nos coeficientes de segu-
cota mais baixa deve ser sempre execu- Gisleine Coelho de Campos,da Seção de rança adotados no projeto.
tada antes das demais.Além disso, é im- Geotecnia do IPT (Instituto de Pesqui-
portante que seja respeitado um distan- sas Tecnológicas do Estado de São Impacto financeiro
ciamento entre cotas de acordo com a Paulo). Segundo a engenheira, é funda- A garantia de economia das sapa-
resistência do solo. mental verificar a geometria do elemen- tas diretas passa obrigatoriamente por

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Fundação de um edifício residencial com sapatas isoladas

Regularização
Com a área escavada e compactada, o
passo seguinte é depositar concreto
magro na área escavada, nivelando com o
auxílio de régua e colher. Essa camada de Preparação das laterais
Escavação regularização, que deve ter 5 cm de Não só o fundo, mas também as laterais
Seguindo a orientação do projeto de espessura no mínimo, é importante para precisam receber concreto. Por isso, as
fundações, inicia-se a escavação da área a garantir que a umidade do solo não laterais de toda a área escavada devem
receber as sapatas até a cota de apoio. ataque a armadura da sapata. ser chapiscadas.

Marcação dos pilares Armação


Com a vala preparada, inicia-se a Conferência Depois de definida a localização de todos
marcação dos pilares. Para tanto, são A checagem do nível é um procedimento os pilares, tem início a inserção da
fixadas estacas de madeira nos pontos imprescindível para garantir boa armação, sempre seguindo a orientação
indicados pelo projetista. marcação dos pilares. do projeto de fundações.

Concretagem
A concretagem também deve ser feita, de
acordo com as especificações do Finalização
Saída para os pilares projetista, até a parte superior da sapata. A armação do pilar deve ser montada a
Com o auxílio de arames de aço, são A betoneira pode ser utilizada se a partir dos ferros de arranque. Só então
presos também os ferros especiais de quantidade de concreto ou a velocidade serão colocadas as fôrmas do pilar para o
arranque dos pilares. de concretagem assim o exigirem. prosseguimento da concretagem.

Obs.: Após a desenforma do pilar, deve-se fazer o reaterro da cava da sapata.

Obra: Edifício Allure Morumbi, em São Paulo, atualmente em construção pela Construtora Tibério

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FUNDAÇÕES

Recomendações
 Para execução de todo e qualquer tipo
de fundação, as investigações geotécnicas
de campo e laboratório devem ser sempre
acompanhadas pelo projetista.
 Sondagens de simples reconhecimento
à percussão (SPT ou SPTT) são
indispensáveis, sendo que, em alguns
casos, pode ser necessário lançar mão de
sondagens mais complexas.
 Ainda na fase de projeto, o contato
entre projetista de fundações e estruturas
deve ser constante.
 Em situações em que as sapatas se
aproximam umas das outras ou se
sobrepõem, o radier pode ser uma
Corte esquemático de talude com sapatas em desnível
solução de fundação mais competitiva.

um projeto que tire partido das carac-


terísticas desse tipo de fundação. Em
geral, sapatas de formato arredonda-
do ou escalonado demandam mais
trabalhos com a execução das fôrmas,
interferindo diretamente na produti-
vidade do canteiro.
Ainda pela busca de economia, é
imprescindível simplificar a execução
da armadura quando possível. Afinal,
as sapatas mais econômicas geralmen-
Fotos: Marcos Lima

te são aquelas que possuem compri-


mento e largura com dimensões pró-
ximas, com momentos fletores pareci-
Estrutura de edifício residencial em São Paulo será erguida sobre sapatas isoladas em dos em ambas as direções.
formato cônico retangular. Nesse tipo de solução, que apresenta baixo consumo de O contato entre o projetista de
concreto, cada elemento de fundação recebe as cargas de apenas um pilar fundações e de estruturas, ainda na
fase de projeto, é outro fator propulsor
de racionalização. Estima-se que um
projeto otimizado, que considere a in-
teração solo–estrutura, possa levar à
redução de até 50% do custo das fun-
dações. "Fundações bem projetadas
correspondem de 3% a 10% do custo
total do edifício. Porém, se forem mal-
concebidas e malprojetadas, podem
atingir de cinco a dez vezes o custo da
fundação mais apropriada para o
caso", alerta a professora Mércia Bot-
tura de Barros, da Poli-USP (Escola
Politécnica da Universidade de São
Paulo), lembrando a importância da
compatibilização de projetos na busca
pela melhor solução para a distribui-
Fundações rasas como as sapatas se caracterizam quando a camada de suporte está ção dos esforços.
a até 2 m de profundidade da superfície Juliana Nakamura

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ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


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Aplicação de concreto
auto-adensável na
produção de pré-fabricados
concreto auto-adensável (CAA) alto desempenho, aliado ao maior
O é considerado um dos desenvol-
vimentos mais revolucionários ocor-
Ricardo Alencar
Consultor, BU Concrete, Sika Brasil
nível de controle da qualidade, possí-
vel de se obter em instalações fixas de
M.Sc. Escola Politécnica da USP
ridos na construção nas últimas déca- indústria, são fatores que favorece-
alencar.ricardo@br.sika.com
das. Particularmente no ramo de pré- ram o uso dessa nova tecnologia na
fabricados, o CAA tem emergido de indústria de pré-fabricado.
Paulo Helene
um objeto de estudo teórico para Para a qualificação do material
Professor titular, Escola Politécnica da USP
tornar-se muito popular. Em poucos em dosagem se realizaram análises de:
Vice-presidente do Ibracon
anos, tem sido mais a regra do que a a) fluidez – Slump flow, em mm
paulo.helene@poli.usp.br
exceção em países industrializados (ASTM C 1611, 2006);
(Walraven, 2007), de forma que, não b) viscosidade (indireta) – flow
Alex Tort Folch
existe tópico na indústria de pré- T50 cm, em s (ASTM C 1611, 2006),
Diretor técnico, Munte Construções
fabricados de concreto que tenha ga- V-funnel e V-funnel 5 min, em s;
Industrializadas
nhado tanta atenção, utilizado em c) habilidade de passar por arma-
atf@munte.com.br
quase 100% da produção em algumas duras – L-box, H2/H1, em mm;
plantas no exterior. d) resistência à segregação – Co-
No entanto, uma avaliação eco- realizada no setor de protendidos lumn technique, em porcentagem
nômica centrada apenas na produção pesados, em 100% dos casos. Na (ASTM C 1610, 2006).
unitária do material pode apresentar produção de vigas perfil I, vaso, Que seguiram a classificação da
altos custos iniciais. Segundo Ben- calha e retangulares, que são ele- consistência apresentada pelo Euro-
nenk (2007), esse aumento é com- mentos, normalmente, de maior pean Project Group (2005):
pensado pela redução de mão-de- complexidade devido às altas taxas a) Espalhamento – Slump flow
obra consumida na concretagem. de armaduras utilizadas. SF2 660-750 mm: por ser adequado
Para Brück (2007), os silêncios de Utiliza-se cimento Portland de para a maioria dos casos de aplica-
produção, a boa superfície de acaba- alta resistência inicial (CP V - ARI), ção. O nível SF3 760-850 mm, embo-
mento, são geralmente declarados adição de metacaulim HP Branco, ra não tenha uma utilização na
como justificativa para a utilização aditivo superplastificante base poli- mesma escala que o SF2, é necessário
do CAA. Outro benefício é a melhora carboxilato, areia natural (quartzo) e para moldagem de peças muito com-
das condições de trabalho. agregado graúdo graduado (granito) plexas e deve ser empregado em
Contudo, diante de um custo de (tamanho máximo 19 mm). casos especiais. Já o nível SF1 550-
mão-de-obra tão baixo como no Bra- O concreto possui fck de 50 MPa. 650 mm tem aplicações restritas em
sil, será que é viável a implantação do Em casos especiais, são utilizados planta de pré-fabricados e, normal-
CAA? É o que se pretende demonstrar. auto-adensáveis de 60 MPa e 70 MPa, mente, não viabiliza um controle da
dada à necessidade de saque das peças qualidade adicional.
Características técnicas em tenras idades, possibilitando uma b) Viscosidade – VS1/VF1, Slump
A implantação do concreto auto- maior rotatividade das fôrmas metá- flow T500 ≤ 2s e V-funnel ≤ 8 s: a
adensável na empresa estudada foi licas. Inclusive, o uso de concretos de viscosidade deve ser baixa, permi-

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Particularmente, as subetapas de
concretagem, para o concreto co-
mum, dividem-se, conforme é apre-
sentado na figura 2.
Para o concreto comum verifica-se:
a) Mistura: após correção da
Figura 1 – Etapas de produção de elementos pré-fabricados
umidade dos agregados, pesagem
dos materiais e dosagem de aditivo,
faz-se a homogeneização do concre-
to, que é, posteriormente, lançado
na caçamba.
b) Transporte: o concreto é trans-
Figura 2 – Subetapas da concretagem do concreto vibrado.
portado em ponte rolante e com au-
xílio de caminhão, no caso de haver
necessidade de uma intercomunica-
ção entre linhas de produção.
c) Lançamento e vibração: o con-
creto é lançado na fôrma e seu espa-
Figura 3 – Subetapas de concretagem para o CAA
lhamento é feito com pás e enxadas.
Posteriormente, o adensamento é
feito por vibradores, removendo-se
manualmente o excesso de material.
d) Desempeno: o desempeno é
manual, com desempenadeira de ma-
deira, utilizada para alisar a superfície
do concreto. Com auxílio de um
compactador (desempenadeira com
tela de aço), o agregado graúdo é em-
purrado em direção ao fundo, restan-
do a nata de cimento junto à quarta
face do elemento pré-fabricado, per-
Figura 4 – Viga retangular altamente armada, com presença de insertes metálicos e
mitindo um melhor acabamento.
isopor incorporado. A – Armadura densa. B – CAA endurecido sem acabamento
e) Queima e acabamento: con-
siste em passar a colher de pedreiro
tindo que o ar incorporado na mol- ções de transporte em ponte rolan- para retirada das marcas deixadas
dagem escape com maior facilidade te, caminhão e também à grande pelo compactador e executar nova-
para a superfície da peça e, assim, energia com que o CAA é lançado mente o desempeno manual com
possibilite um nível superior de aca- na saída do misturador. Os deta- desempenadeira de madeira. Após o
bamento, característico desse tipo de lhes dos equipamentos e a realiza- início de pega do concreto, executa-
produção, onde a maioria dos ele- ção dos ensaios de qualificação do se o desempeno manual com desem-
mentos são de concreto aparente. CAA são extensamente descritos penadeira de aço. Esse procedimen-
c) Habilidade passante – PA2 L- na bibliografia. to é denominado "queimar" a super-
box ≥ 0,80, com três armaduras: é es- fície da peça e é repetido até se obter
pecificado por ser o mais exigente, Etapas de produção a textura desejada para a superfície.
dado a complexidade e elevada taxa de Para o concreto comum
armadura do tipo de peça produzida. A produção dos elementos de Eliminação de subetapas de
d) Resistência à segregação – concreto em planta industrial di- trabalho: Concretagem com CAA
SR2 ≤ 10 (%): deve ser das maiores, vide-se genericamente nas etapas Segundo Belohuby & Alencar
para resistir, sobretudo, às solicita- descritas na figura 1. (2007), a implantação do CAA permi-

61
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ARTIGO

Tabela 1 – NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS ATUANDO NO SETOR DE PROTENDIDOS, Produção do CAA


ANTES (ESQUERDA) E DEPOIS (DIREITA) DA IMPLANTAÇÃO DO CAA. no setor de protendidos
Função No Função No No peças
Volume (m³)
Encarregado 1 Encarregado 1
1.200 450
Operador de central 1 Operador de central 1
400
Operador de arrastador 1 Operador de arrastador radial 1 1.000
radial (alimenta a central) (alimenta a central) 350
Moldador de CPs 1 Moldador de CPs 1 800 300
Pedreiro, meio-oficial 7 Pedreiro, meio-oficial e servente 3 250
600
e servente (enxada & colher) (colher) 200
Operador de vibrador 2 Operador de vibrador 0 400 150
* Arrastador de vibrador 1 * Arrastador de vibrador 0 Volume 100
200 No peças
Operador de ponte rolante 1 Operador de ponte rolante 1 50
* Operador de abrir caçamba 1 * Operador de abrir caçamba 1
Fev/07 Jan/08
*Servente (descarga da 0 *Servente (descarga da adição 2
adição mineral no skip) mineral no skip) Figura 5 – Volume em metro cúbico e
*Operador de caldeira 1 *Operador de caldeira 1 número de peças produzidas com CAA
Total 17 12 no setor de protendido pesado no
* Operários que podem alternar sua função para pedreiro. período estudado

Tabela 2 – VOLUME EM METRO CÚBICO DE CONCRETO E NÚMERO DE PEÇAS PRODUZIDAS NO PERÍODO DE ESTUDO
Produção
fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07* ago/07** set/07* out/07 nov/07 dez/07 jan/08
Volume 528 697 551 776 797 670 733 889 734 842 594 1.006
No peças 237 339 142 220 279 198 307 412 173 215 119 225
* Período em que foi aplicada cura térmica (jul-set/2007).
** Início da aplicação do CAA no setor de protendidos.

te diminuir subetapas de produção na Tabela 3 – ESTATÍSTICAS DO VOLUME EM METRO CÚBICO E NÚMERO DE PEÇAS
Fase Concreto, tais como: vibração, es- PRODUZIDAS MENSALMENTE NO PERÍODO DE ESTUDO.
palhamento do concreto com enxada, Estatística
além de minimizar os procedimentos Média Dpad
de desempeno, dispensando o uso de CC CAA CC CAA
compactador. A sobra tanto de mate- Volume 670 800 112 144
rial quanto a mão-de-obra para rea- No peças 236 242 68 104
proveitamento desse, verificada no
concreto convencional após a com-
pactação, é eliminada, já que o CAA gem, eliminando, em grande medi- concreto, já que o CAA é mais sensível
quando lançado tende a se compactar da, a etapa de reparo e acabamento à variação do conteúdo de umidade
com seu peso próprio até atingir o final. Um exemplo disso é a viga re- de seus constituintes; reforma de fôr-
nível desejado. É necessário apenas tangular apresentada na figura 4. mas e caçambas, para garantir maior
um leve remanejamento com pás, para estanqueidade, além, é claro, da quali-
acertar perfeitamente o nível do topo Análise da viabilidade ficação de seus funcionários. Esses e
da cantoneira delineadora da face su- e produtividade outros cuidados podem ser encontra-
perior da peça. Assim, a etapa de con- Redução do número de homens/hora dos no Manual Munte de Pré-fabrica-
cretagem passa a uma configuração de trabalho dos de Concreto (2007).
muito mais enxuta, conforme é exem- A aplicação do concreto auto- Conseqüentemente, houve a ne-
plificado na figura 3. adensável não se dá por uma simples cessidade de alguns investimentos ini-
Além disso, foi possível agregar substituição em relação ao concreto ciais. Contudo, esses investimentos
uma melhoria significativa na quali- convencional, pois envolve a necessi- acontecem de forma gradativa e se
dade de acabamento superficial das dade de certa reestruturação na fábri- pagam ao longo do processo de im-
peças, devido à minimização do apa- ca, como: adequado controle da qua- plementação dessa tecnologia e, na
recimento de bolhas e macrodefeitos lidade, investimentos em sensores de realidade, percebe-se que essas me-
resultantes do processo de molda- umidade automáticos para central de lhorias devem ser contínuas. Nesse

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Tabela 4 – INDICADORES DE PRODUTIVIDADE


fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07* ago/07** set/07* out/07 nov/07 dez/07 jan/08
Hh 3.570 4.420 3.910 4.420 4.250 3.570 2.880 2.880 3.120 3.000 2.400 2.880
Hh/h 210 260 230 260 250 210 240 240 260 250 200 240
Hh/m³ 7 6 7 6 5 5 4 3 4 4 4 3
Hh/p 15 13 28 20 15 18 9 7 18 14 20 13
m³/p 2 2 4 4 3 3 2 2 4 4 5 4
R$ MO 32.212 38.052 33.672 38.052 36.592 32.212 26.000 26.000 28.160 27.080 23.840 26.000
R$ Mat. 89.267 117.790 93.109 131.149 134.776 113.215 142.247 172.454 142.313 163.398 115.261 195.104
R$ Total 121.479 155.842 126.781 169.201 171.368 145.427 168.247 198.454 170.473 190.478 139.101 221.104
R$ Total/p 513 460 893 769 614 734 548 482 985 886 1169 983
R$ Total/m³ 230 224 230 218 215 217 229 223 232 226 234 220
* Período em que foi aplicada cura térmica (jul-set/2007).
** Início da aplicação do CAA no setor de protendidos.

maior,comparado com o concreto con-


Tabela 5 – ESTATÍSTICA DOS INDICADORES DE PRODUTIVIDADE
vencional, possibilitou um aumento da
Estatística
capacidade produtiva da fábrica. Em
Média Dpad
média,houve um incremente de 130 m³
CC CAA CC CAA
de concreto por mês, além é claro de
Hh 4.023 2.860 397 245
possibilitar um aumento do número de
Hh/h 237 238 23 20
peças concretadas, conforme é apresen-
Hh/m³ 6 4 1 1
tado nas tabela 2 e 3 e figura 5.
Hh/p 18 14 5 5
A empresa estudada trabalha com
m³/p 3 4 1 1
um sistema de quatro pistas, fazendo
R$ MO 35.132 26.180 2.770 1.435
um revezamento duas a duas a cada
R$ Mat 113.218 155.130 18.895 27.879
jornada de trabalho. Ou seja, em um
R$ Total 148.350 181.310 21.055 28.394
dia se utiliza, por exemplo, a pista 1 e
R$ Total/p 664 842 165 270
3, e no dia seguinte, a pista 2 e 4, com a
R$ Total/m³ 222 228 7 5
intenção de fechar todo um ciclo de
produção (armaduras, fôrma, concre-
sentido, está sendo estudada, por devido a um menor nível de ruído e to, acabamento e manuseio) em apro-
exemplo, a colocação de um silo para perturbação de regiões circunvizi- ximadamente 24 horas. A cura térmi-
estocagem de adição mineral, que se nhas, obtido com a eliminação de ca só foi empreendida no período de
mostrou uma solução vantajosa do vibradores, resultando, ainda, na inverno com a intenção de não pro-
ponto de vista técnico-econômico. A melhoria das condições de trabalho longar esse ciclo, ou também pode ser
implantação do silo certamente con- (Belohuby & Alencar, 2007). utilizada para acelerar a produção de
tribuirá para uma redução ainda Com isso, obteve-se uma melhor algumas peças no caso de ter havido
maior do número de homens/hora de organização na cadeia de produção, problemas de programação em obra
trabalho verificados no setor de pro- pois acontecia anteriormente certo ou em fábrica, visando o cumprimen-
tendidos (tabela1), pois, atualmente, nível de atraso da entrega das fôrmas e to dos prazos preestabelecidos. Atual-
o fornecimento de adição é em sacos das armaduras para a equipe de con- mente, o recurso da cura tem sido
(com o valor exato a ser utilizado). cretagem (dependendo da complexi- substituído com vantagens por um
Assim, aproveitando o momento dade dos elementos), já que, nessa fá- CAA de maior resistência inicial.
muito propício de crescimento da brica, o setor de fôrmas e armaduras
construção civil brasileira, foi possí- inicia a sua jornada de trabalho pela Indicadores de produtividade e
vel relocar esses funcionários que manhã e o setor de concreto à tarde. custo de produção
saíram do setor de concreto em ou- Porém com o CAA aplicado à noite, Nessa seção, são apresentados al-
tras atividades mais nobres do que, esse atraso passou a não mais existir,pois guns indicadores de produtividade
por exemplo, arrastar vibradores. sempre quando a equipe de concreto (tabelas 4 e 5), obtidos a partir dos
chega à fábrica, todas as fôrmas e arma- resultados de produção:
Aumento da capacidade produtiva duras se encontram previamente pron-  Hh – total de homens x horas de
O CAA possibilitou a transfe- tas. Essa mudança operacional, junta- trabalho;
rência da equipe de concretagem do mente com o fato de que a velocidade da  Hh/h – total de homens x horas de
período vespertino para o noturno, concretagem com o CAA é muito trabalho/total de homens;

63
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ARTIGO

 Hh/m3 – total de homens x horas produzidas com o CAA, no período organização na cadeia produtiva,
de trabalho/m³ de concreto; analisado, apesar de terem um volu- por admitir concretagens noturnas,
 Hh/p – total de homens x horas de me maior, ainda assim, na média resultando ainda em um menor
trabalho/peça; geral, possibilitaram a produção de nível de ruído, com conseqüente
 m3/p – volume em m³ de concre- um maior número de elementos. melhoria das condições de trabalho.
to/peça; Deve-se esclarecer que o aumen- Além de todas essas vantagens
 R$ MO – custo da mão-de-obra, to do volume médio das peças pode tangíveis, foi possível obter uma me-
em reais; gerar um menor número de mão- lhoria significativa da qualidade de
 R$ Mat. – custo do concreto, em de-obra na etapa de fôrmas, em vir- acabamento superficial das peças
reais; tude da diminuição do número de pré-fabricadas, assim como uma
 R$ Total – custo da mão-de-obra fôrmas de cabeceira, para segmentar, economia de energia e menor des-
mais concreto, em reais; separar uma peça da sua adjacente, gaste das fôrmas, pela eliminação dos
 R$ Total/m3 – custo da mão-de- em uma mesma pista. Contudo, o vibradores, que são benefícios mais
obra mais concreto para cada metro aumento do valor de m³/p não facili- difíceis de se computar.
cúbico de concreto, em reais; ta necessariamente a concretagem, Esses fatos tornam o CAA um
 R$ Total/p – custo da mão-de- mas sim o tipo de peça produzida, de material muito vantajoso para o
obra mais concreto para cada peça, modo que, quanto menor a taxa de setor de pré-fabricados de concreto,
em reais. armadura ou complexidade de conforme já é apontado no exterior,
O indicador Hh/h é importante fôrma, menor, também, é a dificul- muito embora o custo da mão-de-
para verificar o número de horas mé- dade. Por isso, é mais fácil moldar obra no Brasil seja, comparativa-
dias trabalhadas por homem e, assim, uma viga retangular do que, por mente, ainda, muito barato.
possibilitar a mensuração do número exemplo, uma viga perfil I. No en-
de horas extras realizadas, dado que o tanto, para o CAA essa diferença é
número de horas normais é 220 por muito menos perceptível, já que há
funcionário. Os resultados indicam uma agilização do tempo de molda-
LEIA MAIS
que, mesmo com um número menor gem devido a sua propriedade auto-
de trabalhadores, a implantação do nivelante. É claro que, quanto maior Tecnologia do Concreto Pré-
CAA não gerou um incremento do é o volume médio das peças, maior é fabricado: Inovações e
número de horas extras. o valor do indicador R$ Total/p. Por Aplicação. In: Manual Munte de
A relação Hh/m³ indica quantos isso, as peças concretadas com o Projetos em Pré-fabricados de
funcionários são necessários, por CAA, nesse período de estudo, resul- Concreto. 2. ed.,
hora, para concretar cada metro cú- taram mais caras. Porém, a principal p. 511-531, M. Belohuby; R.S.A.
bico de concreto, em média. É usado análise do custo de produção do Alencar, 2007.
de forma análoga ao indicador CAA deve ser feita em cima da rela-
Hh/p, que possibilita saber o núme- ção R$ total/m3. SCC applied in the precast
ro de homens por hora por peça concrete industry. In: Cape
concretada. Em ambos os indicado- Considerações finais Town: International Concrete
res, se pode perceber uma redução A avaliação do custo unitário Conference & Exhibition, p. 24-27,
considerável dos valores obtidos do concreto auto-adensável de- W. Bennenk, 2007.
com o uso do CAA. monstrou ser esse mais alto em
Já o indicador m³/p avalia o volu- comparação ao concreto conven- New Perspectives for Precast
me médio relativo dos elementos cional, conforme já era esperado, Concrete for an Innovative low
pré-fabricados, de forma que quanto em média, 15%. Contudo, a análise Cost Housing System. In: Cape
maior é o valor obtido, maior é o vo- do custo de produção comprovou Town, p. 74-77, M. Brück, 2007.
lume das peças (peças maiores) e, que o CAA torna-se apenas 2%
normalmente, menor é o número de mais dispendioso. Isso se deve à re- EPG - European Project Group
elementos produzidos, para uma dução de mão-de-obra consumida, (BIBM; Cembureau; ERMCO;
mesma área de pista de concretagem. devido à eliminação de subetapas EFCA; EFNARC). "The European
Um exemplo disso é que nos meses de produção. Guidelines for Self Compacting
que apresentaram o maior número Entretanto, agrega a vantagem Concrete". 63 p., 2005.
de peças grandes, tanto para o con- de possibilitar um aumento de 19%
creto comum quanto para o auto- na capacidade produtiva da fábrica, New Concretes for Special
adensável (abril e dezembro, respec- devido ao aumento do volume de Requirements. In: Cape
tivamente) foram os meses que tive- produção. Isso se deve à maior agili- Town: International Concrete
ram o menor número de peças mol- dade obtida no processo de molda- Conference & Exhibition, p. 6-11, J.
dadas. Cabe ressaltar que as peças gem e também um maior nível de Walraven, 2007.

64 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008


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ESPECIAL
PRODUTOS & TÉCNICAS CONCRETO

ACABAMENTOS COBERTURA, CANTEIRO DE OBRA


IMPERMEABILIZAÇÃO
E ISOLAMENTO

REVESTIMENTO
FITA CREPE
CERÂMICO A Carborundum lança a sua Fita
A fabricante de revestimentos SEGURANÇA
Crepe para Uso Geral, produto Composto por bandejões,
cerâmicos Atlas lança no indicado principalmente para apara-lixos, postes de corrimão
mercado a Série Chile. Com proteger superfícies durante o MEMBRANA FLEXÍVEL
para periferias, escadas e
aparência de pedras naturais, as O MSET é o lançamento da
processo de pintura. Aderência, consoles periféricos, o Sistema
peças apresentam relevos e tons Bautech. É uma manta líquida
facilidade no corte, elasticidade e de Proteções Coletivas Tip foi
que lembram, segundo a impermeabilizante que forma
fácil moldagem às superfícies são desenvolvido para ajudar o
fabricante, pedras esculpidas uma membrana elástica
algumas características construtor a garantir a
com a ação do tempo. monocomponente e contínua,
encontradas na fita. A única segurança de seus funcionários.
Disponível no formato substituindo a manta asfáltica.
restrição é a sua utilização para Além disso, ajuda a construtora
5 cm x 15 cm. As vantagens do produto,
isolamento elétrico e locais onde a reduzir a geração de resíduos,
Cerâmicas Atlas segundo o fabricante, são a alta
ficam expostas a altas proporcionando uma obra mais
(19) 3673-9600 resistência a fungos e bactérias,
temperaturas. limpa, de acordo com
www.ceratlas.com.br maior rapidez na aplicação e
Saint-Gobain o fabricante.
possibilidade de ser aplicado por
0800-7273-322 Tip Form
mão-de-obra não especializada.
www.carbo-abrasivos.com.br (11) 6481-5583
Bautech
www.tipform.com.br
(11) 5572-1155
www.bautechbrasil.com.br

68
p&t137.qxd 5/8/2008 14:56 Page 69

CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA

DISTANCIADOR FÔRMAS
ADITIVO A Coplas desenvolveu o A WCH lança a Fôrma Flex para
O Sika ViscoCrete é um aditivo LOCAÇÃO DE FÔRMAS
distanciador plástico GTDuplo. A Rohr é uma empresa produção de Pilares com
desenvolvido para produção de Segundo a empresa, o produto especializada na locação de Consoles. O sistema faculta a
concreto auto-adensável fluido e se encaixa com precisão nos fôrmas para concreto, estruturas produção de pilares de
coesivo. Com os produtos da cruzamentos da tela soldada, tubulares, coberturas de acesso diferentes medidas,
linha ViscoCrete é possível garantindo o adequado e equipamentos de transporte possibilitando total flexibilidade
produzir, segundo a fabricante, posicionamento da armadura e o vertical. A empresa fornece na locação dos consoles,
um concreto de lançamento fácil cobrimento projetado. também os projetos e toda a segundo a fabricante.
e rápido, sem necessidade de Coplas mão-de-obra necessária para a A montagem é feita sobre uma
vibração. O concreto passa, sem 0800-7091-216 execução dos serviços. base elevada e com o sistema
segregação, através de fôrmas www.coplas.com.br Rohr fast step de fixação das laterais,
complexas e densa ferragem.
(11) 2185-1333 o que garante, de acordo com a
Sika
www.rohr.com.br WCH, uma montagem rápida e
(11) 3687-4600 precisa, com economia de mão-
www.sika.com.br de-obra, menores custos e
maior lucratividade.
WCH
(11) 3522-5903
www.weiler.com.br

CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA

TRATAMENTO DE
IÇAMENTO DE PRÉ-
PRÉ-FABRICADOS SUPERFÍCIE
A Leonardi é certificada com o FÔRMAS METÁLICAS O sistema Microinjet, da Holcim, MOLDADOS
O sistema de fôrmas Frameco, A Trejor apresenta seu içador IRT
Selo de Excelência Abcic é utilizado para o tratamento de
da Doka, precisa de apenas dois 3-5 ton. Sistema rápido para
(Associação Brasileira da superfícies de concreto e
níveis de ancoragem para uma movimentação de peças em
Construção Industrializada de estruturas, corrigindo
altura padrão dos painéis de concreto armado ou protendido,
Concreto). Isso atesta, segundo imperfeições e dando
3 m. Os painéis são disponíveis o produto acaba, segundo a
a empresa, sua competência acabamento, segundo a
em dimensões modulares fabricante, com os retrabalhos
para projetar, produzir, fabricante, de forma rápida e
lógicas, que possibilitam para eliminação das alças e
transportar, montar e entregar eficiente. A novidade é ideal para
combinações racionalizadas. reparos das peças pré-moldadas.
ao cliente construções em reformas – como muros de
Doka Trejor
conformidade com as normas casas, paredes e pisos –, pois,
(11) 6404-3500 (11) 6914-0535
técnicas. segundo a empresa, o tempo de
www.doka.com.br www.trejor.com.br
Leonardi aplicação e secagem é rápido.
(11) 2111-7000 Holcim
www.leonardi.com.br (11) 5180-8600
www.holcim.com.br

69
p&t137.qxd 6/8/2008 15:01 Page 70

ESPECIAL
PRODUTOS & TÉCNICAS CONCRETO

CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA FUNDAÇÕES E


INFRA-ESTRUTURA

FIBRAS SINTÉTICAS CP II
A Maccaferri lança a nova fibra FURO EM CONCRETO O cimento Cimpor CP II E 32 é
sintética de polipropileno A Furacon Sistemas de Cortes e indicado para estruturas que REVESTIMENTO PARA
FibroMac 6 para aplicação em Perfurações em Concreto é uma estejam expostas a ataques
argamassas, disponível em químicos provenientes do meio ESTACAS
empresa especializada em Os tubos de revestimento para
embalagens de 100 g. cortes e perfurações com ambiente e para aplicações que
estaca raiz da Incotep possuem
Encontrado nos comprimentos ferramentas diamantadas. Em necessitem de moderadas
maior resistência ao atrito que
de 6 mm, 12 mm ou 24 mm, o sua carteira de serviços, o resistências à compressão nas
os demais revestimentos
produto reduz o índice de construtor pode contar com primeiras idades, como:
fabricados com tubo de aço
fissuras provocadas pela demolição controlada, artefatos de cimento, blocos de
qualidade ASTM 106. De acordo
retração e assentamento. perfuração em estruturas de concreto, concreto protendido,
com a fabricante, isso implica
Também melhora, segundo a concreto, corte em piso, estruturas de concreto em geral,
uma maior durabilidade
fabricante, o desempenho do colagem e ancoragem de argamassas de assentamento
da peça.
concreto e da argamassa quanto chumbadores químicos. e revestimento.
Incotep
ao impacto, à exsudação, ao Furacon Cimpor
(11) 2413-8333
fogo e ao desgaste. (11) 4224-4697 0800-7033-010
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Maccaferri www.furacon.com.br sac@br.cimpor.com
(11) 4589-3200
www.maccaferri.com.br

MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

FIXAÇÃO
A pistola DX 36M, da Hilti, é um
sistema de fixação à pólvora para CORTE
EQUIPAMENTOS Os discos diamantados Irwin de
concreto e aço. A ferramenta A New Maq Máquinas e
semi-automática possui pente 180 mm são os mais resistentes
Ferramentas é uma empresa
de dez cartuchos e regulagem SERRA DE PISO ao desgaste, sendo indicados
especializada em venda, locação
de potências. A pistola tem A Clipper C13E da Norton é principalmente para materiais
e manutenção de equipamentos
silenciador integrado. compacta e se caracteriza pelo abrasivos e para cortes mais
para a Construção Civil.
Hilti seu alto desempenho no corte profundos. Os discos podem ser
A empresa retira e entrega
0800-144-448 de pisos de concreto e asfálticos. utilizados a seco ou com a
equipamentos em qualquer
www.hilti.com.br O posicionamento do tanque de adição de água.
lugar da cidade de São Paulo e
água removível, que é de 20 l, Irwin
despacha para todo o País.
adiciona peso ao disco e garante 0800-9709-044
New Maq
ao operador uma boa visão www.irwin.com.br
(11) 6943-9465
do corte.
Norton
0800-7273-322
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70
p&t137.qxd 5/8/2008 14:56 Page 71

VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

PAINÉIS DE FACHADA
Os painéis Isojoint Wall Pur são
constituídos de núcleo de
poliuretano ou poliisocianurato
PLACA CIMENTÍCIA de alta densidade e revestidos
O Superboard é uma placa com chapa de aço pré-pintado.
autoclavada produzida com Possuem sistema de fixação com
cimento Portland, quartzo e parafuso escondido, ideal,
fibras de celulose. Disponível segundo a fabricante, para
nas espessuras de 6 mm, 8 mm, aplicação em fachadas e
10 mm e 15 mm, o produto tem fechamentos laterais industriais.
1,2 m de largura e 2,4 m de Isoeste
comprimento. (62) 4015-1122
Promaplac www.isoeste.com.br
(11) 5662-2142
www.superboard.com.br

71
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OBRA ABERTA
Livros

Manual de Avaliações e Projeto e Implantação do Curso Básico de TCPO (Tabelas de


Perícias em Imóveis Canteiro* Engenharia Legal e de Composições de Preços
Urbanos* Ubiraci Espinelli Lemes de Avaliações* para Orçamentos)*
José Fiker Souza Sérgio Antonio Abunahman 630 páginas
152 páginas 96 páginas 336 páginas Editora PINI
Editora PINI Nome da Rosa Editora Editora PINI Vendas pelo portal
Vendas pelo portal Vendas pelo portal Vendas pelo portal www.lojapini.com.br
www.lojapini.com.br www.lojapini.com.br www.lojapini.com.br Com mais de mil novas
A terceira edição dessa obra já O livro faz parte da coleção O autor criou a cadeira de composições de preços,
está adaptada à nova norma Primeiros Passos da Qualidade Fundamentos Matemáticos incluindo números para steel
NBR 14653-2 – Avaliações para no Canteiro de Obras. Essa Aplicados à Engenharia de framing, fôrmas de papelão,
Imóveis Urbanos e à Norma publicação, em específico, visa Avaliações no Instituto de ar-condicionado, tubos e
para Avaliação de Imóveis disseminar a importância do Matemática da UFF conexões em PPR, a 13a
Urbanos do Ibape/SP estudo e do projeto de (Universidade Federal edição do tradicional índice
(Instituto Brasileiro de canteiro a partir de uma visão Fluminense), além de ter de produtividade da PINI está
Avaliações e Perícias de técnica e arrojada. O autor, ministrado o curso de ainda mais aprimorada. Agora,
Engenharia do Estado de São que tem vasta experiência engenharia de avaliações no a equipe técnica responsável
Paulo). O livro traz novos acadêmica e prática sobre o Instituto Superior Técnico de pela atualização do TCPO
capítulos sobre avaliação de tema, propõe idéias simples, Lisboa, a convite da analisa obras criteriosamente
aluguéis, avaliação de glebas associadas ao processo Comunidade Econômica selecionadas para assegurar
urbanizáveis, avaliações construtivo, para otimizar a Européia. Também é autor, que as amostras de serviços
econômicas e inferência qualidade e o aproveitamento dentre outros livros, de nos canteiros sejam, de fato,
estatística. A publicação da obra. Trata o canteiro como Avaliação de Imóveis significativas. O professor
apresenta os métodos uma verdadeira fábrica de Comerciais e Arbitramento de Ubiraci Espinelli Lemes de
comparativo e evolutivo para obras, para a qual é necessário Aluguéis. Ainda assim, com Souza, da Escola Politécnica
avaliação de terrenos e definir prazos, projetos, planos tantos atributos de da Universidade de São Paulo,
construções e as novas tabelas de ataque, sistemas de especialização, adotou uma auxiliou no desenvolvimento
do Ibape. O engenheiro civil, transporte, fases e demandas. linguagem acessível para das tabelas de produtividade
advogado e administrador de Para a definição do layout do expor o conteúdo a leitores de variável. A publicação traz,
empresas José Fiker concebeu canteiro, traz uma proposta de formações variadas. Quarta ainda, modelos prontos de
esse livro com o objetivo de fluxograma de processos e edição, revista e ampliada, orçamentos para obras, dados
ensinar as técnicas de também um roteiro para que percorre os caminhos de consumo para estruturas
avaliação de imóveis e os posicionamento dos entre a engenharia e o direito. de concreto e a conceituação
procedimentos periciais no elementos do canteiro. de BDI (Benefícios e
estado da arte, sempre com Despesas Indiretas).
um viés prático.

76 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008


obra aberta-modelo.qxd 5/8/2008 14:59 Page 77

Software Site

Manual de Técnicas de Pontes de Concreto Sistema de Cobertura com Portal Guanandi


Projetos Rodoviários* Armado* Telhas Cerâmicas www.guanandi.com
Wlastermiler de Senço Osvaldemar Marchetti Anicer (Associação Nacional Conta com informações da
760 páginas 240 páginas da Indústria Cerâmica) Guanandi, empresa do grupo
Editora PINI Editora Blücher Fone: (21) 2524-0128 WTorre, e de seu primeiro
Fone: 4001-6400 (regiões Vendas pelo portal www.anicer.com.br empreendimento, o Viver Bem
metropolitanas) ou 0800-596- www.lojapini.com.br Distribuído gratuitamente, o Paraupebas. Traz fotos,
6400 (demais regiões) Escrita para estudantes de CD conta com dicas sobre perspectivas, plantas, vídeos,
www.lojapini.com.br engenharia civil, arquitetura, produtos e a obra, com a tour virtual do
Apresenta técnicas de projeto tecnólogos e profissionais em intenção de esclarecer as empreendimento e do interior
para rodovias, considerando geral, a obra leva a assinatura dúvidas dos consumidores e da casa. O site dispõe de
desde os levantamentos de alguém que tem auxiliar na utilização de ferramentas para que o
preliminares até o orçamento. experiência na abordagem coberturas cerâmicas. interessado obtenha
A obra contempla o projeto prática e simplificada de Apresenta, ainda, os informações do
tradicional, mas também o uso conceitos fundamentais da elementos que compõem a empreendimento, incluindo a
de recursos tecnológicos engenharia. Marchetti assina a estrutura do telhado e os possibilidade de atendimento
modernos, como GPS e autoria, em parceria com materiais demandados para a online. O link que dá acesso às
sensoriamento remoto. O autor Manoel Botelho, de volumes execução. O sistema explica as informações corporativas da
inicia o livro apresentando da coleção Concreto Armado, melhores práticas para o Guanandi traz, ainda, vídeo
generalidades e um resumo Eu te Amo, além de ser autor recebimento e com o método construtivo
histórico dos transportes. de Muros de Arrimo. Em armazenamento das telhas, adotado para as casas.
Depois, parte para definições Pontes de Concreto Armado, além de como deve ser a O portal permite ao visitante
básicas e de grandezas focou o entendimento nos montagem das telhas e do fazer um cadastro para
intervenientes para, então, conceitos básicos de linha de acabamento e a inserção de recebimento de novidades.
falar sobre normas técnicas e influência, carregamentos de calhas e rufos. Além de planilha
estudos econômicos. No cargas acidentais, fadiga na para composição de custos,
capítulo IV, fala de projeto armadura, cálculo das lajes, permite que o usuário desenhe
básico, abrangendo desde dimensionamento de tubulões o telhado pretendido e ensaie
levantamentos até audiências com esforços horizontais e o resultado final a partir de
públicas. O projeto executivo, momentos, detalhamento e diversos modelos de telhas
com informações mais voltadas cálculo das armaduras. disponíveis no mercado.
à execução e ao uso das Mesmo que o assunto seja
rodovias, é abordado no novidade ao leitor, os cálculos
* Vendas PINI
capítulo V, seguido de poderão ser entendidos por
Fone: 4001-6400 (nas principais cidades)
intersecções e licitações meio das tabelas presentes
ou 0800-5966400 (nas demais cidades)
de obras. no livro.
www.LojaPINI.com.br

77
agenda.qxd 5/8/2008 15:03 Page 78

AGENDA
do investimento em empreendimentos Em tempos de altas de preços e
Seminários e conferências imobiliários, perspectivas de evolução eventual desabastecimento de alguns
9 a 11/9/2008 dos custos de materiais e mão-de- insumos e equipamentos, o desafio de
Construmetal 2008 obra, metodologias e técnicas para comprar e contratar equilibrando
São Paulo estimativas orçamentárias, orçamentos custo, prazo e qualidade torna-se ainda
A terceira edição do Construmetal terá de obras e estudos de casos constam maior. Ferramentas eletrônicas para
conferencistas brasileiros e entre os principais temas a serem especificação e compras na construção
internacionais que discutirão os abordados pelos palestrantes. civil, qualificação e relacionamento
principais avanços tecnológicos e Fone: 4001-6400 (regiões com fornecedores de materiais e
inovações da construção metálica. metropolitanas) ou 0800-596-6400 serviços e cases de grandes empresas,
Fone: (11) 3816-6597 (demais regiões) como Cyrela e Método, farão parte do
www.construmetal.com.br www.piniweb.com/Construtech/ evento promovido pela PINI no âmbito
do Construtech 2008.
21/10/2008 23/10/2008 Fone: 4001-6400 (regiões
Tecnologia de Edificações para Arquitetura e Soluções Estruturais metropolitanas) ou 0800-596-6400
Obras Rentáveis – Desafios de Forma e Técnica (demais regiões)
São Paulo para Arquitetos e Engenheiros de http://www.piniweb.com/Construtech/
Discutir e auxiliar os profissionais de Estruturas
engenharia civil, construção e São Paulo 22 a 24/10/2008
arquitetura a desenvolver soluções O objetivo do evento, promovido pela 80o Enic
técnicas inovadoras de projeto e PINI no âmbito do Construtech 2008, São Luís
execução para agilizar e rentabilizar é discutir a relação indissociável entre O Enic (Encontro Nacional da Indústria
empreendimentos. Esse é objetivo do arquitetura e estrutura, entre forma e da Construção) debaterá as
seminário, promovido pela PINI, que material, arte e ciência. Pretende perspectivas e os desafios do
será realizado no âmbito do desmistificar o aparente desinteresse crescimento do setor nos próximos
Construtech 2008. Cases de projetistas, de alguns arquitetos pela engenharia e anos. O evento atrairá diversos
construtoras e incorporadoras e a questionável descrença dos profissionais da construção e as
soluções industrializadas para arquitetos na engenharia. Vai inscrições já podem ser realizadas no
eliminação de gargalos de materiais e apresentar projetos e obras nas quais site do evento.
mão-de-obra constam entre os o bem-sucedido encontro foi capaz de Fone: (62) 3214-1005
principais temas a serem abordados tornar imperceptíveis as barreiras que www.qeeventos.com.br
pelos palestrantes. costumam separar tais campos do
Fone: 4001-6400 (regiões conhecimento. Abordará temas como a 2 a 6/12/2008
metropolitanas) ou 0800-596-6400 nova plataforma BIM (Building WEC 2008 – World Engineers'
(demais regiões) Information Modeling) e a relação da Convention
www.piniweb.com/Construtech/ arquitetura e da engenharia estrutural Brasília
na obra de Oscar Niemeyer. O fórum A terceira edição do Congresso Mundial
22/10/2008 contará com a presença do arquiteto de Engenheiros será realizada pela
Engenharia de Custos no Boom chileno Sebastian Irarrazaval. primeira vez no continente americano,
Imobiliário Fone: 4001-6400 (regiões com o objetivo de reunir engenheiros
São Paulo metropolitanas) ou 0800-596-6400 e estudantes de todo o mundo para
Como desenvolver diferenciais (demais regiões) debates, fóruns, palestras, visitas
competitivos para construtoras e http://www.piniweb.com/Construtech/ técnicas e atividades culturais.
incorporadoras em um momento de O evento é organizado pelo Confea
crescimento do setor. Esse é o objetivo 23/10/2008 (Conselho Federal de Engenharia,
principal do seminário, promovido pela Fórum Nacional de Compras e Arquitetura e Agronomia), pela Febrae
PINI, que será realizado no âmbito do Suprimentos na Construção Civil (Federação Brasileira de Associação de
Construtech 2008. Análise da qualidade São Paulo Engenheiros) e pela WFEO/FMOI

78 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008


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(Fédération Internationale des 15 a 18/10/2008


Organisations d'Ingénieurs). Expocon 2008
www.wec2008.org.br Curitiba
A exposição reunirá fornecedores da
Construção Civil dos Estados do
Feiras e Exposições Paraná e Santa Catarina para
19 a 23/8/2008 apresentar as últimas novidades de
Expo Construção Bahia 2008 produtos e tecnologias para o setor.
Salvador Fone: (41) 3075-1100
A feira, organizada pela Fagga Eventos www.diretriz.com.br
e pelo Sinduscon-Ba (Sindicato da
Indústria da Construção Civil do 21 a 23/10/2008
Estado da Bahia), apresentará o que há Construtech 2008 – Fórum PINI de
de mais moderno no setor da Tecnologias & Negócios da Construção
construção das regiões Norte e O encontro internacional dos
Nordeste e promoverá paralelamente o profissionais da indústria da construção
IV Fórum Nacional de Arquitetura e alia um ciclo de palestras e uma área de
Construção (Fonarc), o Fórum exposição com os mais avançados
Nordeste PAC, Dry Wall & Steel Frame sistemas e tecnologias desenvolvidos
Show, Loja Modelo, VI Seminário para o setor. Nesse momento de
Tecnológico da Construção Civil e crescimento, as empresas e
Concurso A Ponte. profissionais devem buscar cada vez
Fone: (71) 3797-0525 mais produtividade e expertise para se
www.expoconstrucao.com.br diferenciarem em um mercado de
grande competitividade. Tudo isso
27 a 28/8/2008 levando em conta novas e importantes
Concrete Show South preocupações, como a
América 2008 sustentabilidade, o respeito ao meio
São Paulo ambiente e a responsabilidade social.
O evento, internacional, engloba Os temas escolhidos para as palestras e
exposições, demonstrações, as empresas expositoras do
seminários, workshops e palestras para Construtech 2008 refletem tal
apresentar novas tecnologias, realidade e os desafios atuais do
aplicações e forma de uso do material construbusiness.
na América do Sul. O objetivo é Fone: 4001-6400 (regiões
estimular negócios e parcerias entre metropolitanas) ou 0800-596-6400
diversos construtores e distribuidores. (demais regiões)
Fone: (11) 4689-1935 www.piniweb.com/Construtech/
www.concreteshow.com.br

15 a 18/10/2008
Concursos
Saie 2008 – Salão Internacional da Inscrições até 29/8/2008
Indústria da Construção Prêmio CBIC de
Bologna, Itália Responsabilidade Social
Há mais de 40 anos a feira reúne A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria
profissionais da construção para da Construção) e o Fasc (Fórum de Ação
discutir projetos, materiais, tecnologias Social e Cidadania) promovem o prêmio
e sistemas para o setor. Neste ano, a CBIC de Responsabilidade Social com a
Saie terá espaços dedicados intenção de reconhecer e estimular o
exclusivamente aos fabricantes de desenvolvimento de ações sociais no
argila, à tecnologia pré-fabricada, aos setor da Indústria da Construção Civil e
sistemas da Tecnologia da Informação, do Mercado Imobiliário. Qualquer
à energia e estruturas e aos empresa ligada ao setor pode participar
componentes de madeira. desde que inscreva projetos sociais do
saie@bolognafiere.it ano de 2007 ou anteriores.
www.sistemasaie.bolognafiere.it www.cbic.org.br

79
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como construir.qxd 5/8/2008 15:06 Page 84

Antonio Wanderley Terni


terni@feg.unesp.br

Alexandre Kokke Santiago


alexandrekokke@gmail.com

COMO CONSTRUIR José Pianheri


jose.pianheri@pienge.com.br

Steel frame – estrutura parte 2


este segundo artigo sobre cons- perfis, produzidos a partir de dois pro-
N truções em steel frame aborda-
remos a concepção e montagem da
cessos tradicionais: um consiste num
processo contínuo em que uma tira de
Tipos de perfis
O perfil U simples é formado pela
alma de comprimento bw e a mesa de
estrutura. De uma maneira geral, chapa passa por uma série de cilindros comprimento bf. A mesa também pode
qualquer edificação necessita de um (perfiladeiras) dobrando-a para gerar ser chamada de flange ou aba.
sistema estrutural que possibilite a conformação da seção transversal; o O perfil Ue enrijecido,além da alma e
mantê-la estável e em condições nor- outro, através de dobradeira, que nada da mesa, possui "enrijecedores" de com-
mais de utilização quando sujeita a mais é que um equipamento de pun- primento D, sendo extensões das mesas.
diversas ações. ção que pressiona a chapa contra a Os perfis podem possuir, também,
O sistema steel frame é uma pro- mesa para efetivar a dobra, obtendo- enrijecedores intermediários longitu-
posta para racionalizar a concepção da se a seção transversal desejada por vá- dinais, localizados na alma ou na mesa,
estrutura da edificação utilizando-se rios reposicionamentos. que nada mais são que pequenos vincos
perfis dobrados a frio. Os perfis mais utilizados são aque- para aumentar a rigidez do perfil.
Os elementos metálicos utilizados les com configurações e designações O perfil cartola possui dois enrijece-
são fabricados a partir de bobinas de conforme a figura 1. As seções, espes- dores de borda, duas almas e uma mesa.
aço de alta resistência e revestidos com suras usuais e propriedades geométri- A cantoneira é o perfil formado
zinco ou liga de alumínio–zinco pelo cas de perfis para steel frame são defi- por duas abas de mesma espessura
processo contínuo de imersão a quen- nidas pelas normas NBR 15253 – Per- que podem possuir ou não iguais
te ou por eletrofusão. fis de Aço Formados a Frio, com Reves- comprimentos.
As chapas têm entre 0,8 mm e 3,0 timento Metálico, para Painéis Reticu- Há, ainda, as fitas e chapas, elemen-
mm de espessura, sendo a mais utili- lados em Edificações: Requisitos Ge- tos que não possuem dobras.
zada a de espessura de 0,95 mm. rais e NBR 6355 – Perfis Estruturais de Valendo-se das propriedades inte-
Os elementos principais são os Aço Formados a Frio: Padronização. ressantes desses tipos de perfis metáli-

U simples U enrijecido Cartola Cantoneira


bf
tn

bf
bw tn
bw tn
bw
tn
D
bf
bf bf D
Figura 1 – Os perfis são dobrados a frio com perfiladeiras ou dobradeiras

84 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008


como construir.qxd 5/8/2008 15:06 Page 85

cos, principalmente perfis U e Ue, o


sistema steel frame é concebido a par-
tir da idealização de painéis, compos-
tos por perfis montados paralelamen-

Fotos: divulgação Flasan


te e fixados nas extremidades por ou-
tros perfis (figura 2).

Estruturação dos painéis


Os painéis podem ser instalados na Figura 3 – Parafuso lentilha, sextavado
Figura 2 – Painéis prontos
vertical, para serem utilizados como pa- e panela
redes, e na horizontal como pisos. Os
painéis verticais, na sua maioria, são cidos pelo projetista de acordo com as mentos podem assumir formas de X
portantes,isto é,trabalham como estru- considerações do dimensionamento ou K, dependendo das condições do
tura da edificação, recebendo as cargas e da união (figura 3). projeto (figura 9).
dando estabilidade ao conjunto. Outros Nas aberturas correspondentes às O travamento horizontal é execu-
painéis podem ser utilizados nas pare- portas e janelas nos painéis portantes é tado pelos bloqueadores, de perfis U
des com a finalidade de vedação. necessária a utilização de elementos ou Ue, conectados aos montantes ou
A concepção do sistema steel frame estruturais para redistribuição das so- vigas. Introduz-se, também, uma fita
permite que os painéis trabalhem em licitações nos montantes interrompi- metálica que une os montantes do pai-
conjunto travando-se entre si e geran- dos. Para essa finalidade, instalam-se nel entre si e com os bloqueadores.
do uma integridade na estrutura. vergas e ombreiras. Esse conjunto bloqueador-fita au-
Um painel utilizado em parede é A verga é obtida com a composi- menta a capacidade resistente do pai-
formado pelos montantes e pelas guias. ção de dois ou mais perfis conectados nel, pois diminui o comprimento de
Os montantes (perfis Ue) são os ou, ainda, utilizando-se perfis canto- flambagem dos montantes e tenta im-
elementos paralelos verticais normal- neiras conforme figuras 4 e 5. pedir a torção do montante em torno
mente modulados a cada 400 mm ou As ombreiras, que são os perfis de seu eixo longitudinal (figura 10). O
600 mm, que dependendo da solicita- que delimitam o vão, são montadas número de linhas de bloqueadores e
ção, pode ser de até 200 mm. Essas em mesmo número de cada lado da fitas depende da altura do painel e das
modulações estão associadas às di- abertura, tomando-se, aproximada- suas solicitações.
mensões dos elementos constituintes mente, o correspondente à quantida- Os painéis de piso são montados a
dos sistemas de acabamento, visando à de de montantes interrompidos divi- partir de perfis Ue paralelos, com a
minimização do desperdício. dido por dois (figura 6). mesma modulação das paredes, for-
As guias (perfis U) são elementos O sistema steel frame permite mando as vigas e em suas extremida-
que fixam as extremidades dos mon- aberturas de grandes vãos e, nesse
tantes (inferior e superior) confor- caso, as vergas devem ser compostas
mando a estrutura básica do sistema por vigas treliçadas (figura 7).
steel frame.
A união é executada com parafu- Contraventamento
sos autoperfurantes e auto-atarra- Como uma estrutura metálica tra-
xantes com diversas formas de cabeça dicional, há também a necessidade de
(lentilha, sextavada e panela), empre- contraventamentos, geralmente exe-
gadas de acordo com o local de uso e cutados com fitas de aço galvanizado
função estrutural do parafuso. O com- parafusadas em placas de Gusset (figu-
primento e o diâmetro, bem como a ra 8) que, por sua vez, encontram-se
quantidade de parafusos, são estabele- nas quinas do painel. Os contraventa- Figura 5 – Cantoneira

Figura 4 – Vergas
85
como construir.qxd 5/8/2008 15:06 Page 86

COMO CONSTRUIR

efetivamente da rigidez global do con-


junto da edificação, semelhante ao que
se considera nas estruturas de alvena-
ria estrutural.
Ainda, da mesma forma como
ocorre em edificações de alvenaria es-
trutural, é fundamental que a estru-
tura seja projetada de forma que as
paredes estruturais estejam em
prumo e, particularmente no sistema
steel frame, os montantes estejam ali-
nhados (in-line framing) entre pare-
des de todos os pavimentos, lajes e es-
trutura de telhado, para que se possa
admitir a distribuição das ações de
Figura 6 – Ombreiras
maneira mais uniforme e se possa
obter a melhor capacidade resistente
des instalam-se as guias, denomina- contraplacada por lâmina de madeira, dos elementos estruturais que com-
das sanefas. Nas extremidades das recebendo ou não revestimento cimen- põem os painéis.
vigas onde se apóiam painéis deve-se tício em suas faces. Há ainda a possibi-
colocar um enrijecedor de alma para lidade do uso de laje úmida, normal- Escadas
combater a flambagem local da seção mente executada com uma chapa de O sistema steel frame também
transversal desse elemento, dada à aço ondulada (steel deck) parafusada oferece soluções para a execução das
ação das cargas normais verticais às vigas e preenchida com concreto e escadas. A escada com vão aberto é
oriundas dos montantes do painel do armadura contra fissuramento. É pos- montada a partir de uma viga caixa,
pavimento superior nessas extremi- sível também o emprego de lajes con- constituída por dois ou mais perfis
dades (figura 11). vencionais em concreto (moldadas "in Ue, na inclinação necessária, com a es-
Para compor o piso das lajes do loco" ou pré-fabricadas), porém essas, trutura dos degraus, formada por per-
sistema steel frame pode-se utilizar assim como a laje úmida, desviam-se fis U dobrados, nela parafusada. Essa
placas pré-fabricadas sobre as vigas de do conceito de construção a seco, que é estrutura está pronta para receber o
perfis Ue, constituindo a chamada laje premissa do sistema steel frame. piso e os espelhos, que podem ser de
seca. Tais placas podem ser compostas Estruturalmente, é interessante painel de madeira sarrafeada, placas
por fibras de madeira orientadas ou ressaltar que as lajes funcionam como compostas por fibras de madeira
por madeira laminada ou sarrafeada diafragma horizontal participando orientadas, madeira maciça, ou qual-
quer outro material com a resistência
necessária (figura 12).
As escadas fechadas podem ser for-
madas por painéis com seu topo incli-
nado e utilizando perfis U dobrados
para formação dos degraus (figura 13).
Uma outra concepção é a da utilização
de painéis escalonados compostos por
montantes de perfis Ue e guias de per-
fis U que, se necessário, podem receber
Figura 7 – Vigas treliçadas Figura 8 – Placa de Gusset um painel auxiliar para o assentamen-
to da placa do piso. Se o material da
placa de piso fornecer a resistência ne-
cessária às solicitações, esse painel
pode ser desprezado (figura 14).
Os painéis que compõem a estrutu-
ra e o fechamento da edificação podem
Fotos: divulgação Flasan

ser confeccionados na obra ou pré-


montados. A opção pela pré-mon-
tagem implica uma montagem mais
Figura 10 – Montante ao longo do precisa dos painéis e menor tempo de
Figura 9 – Contraventamento eixo longitudinal trabalho em canteiro de obras. Para a

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execução dos painéis em fábrica as


montagens são feitas sobre uma mesa
com largura um pouco superior à altu-
ra da parede e comprimento em torno
de 5 m a 6 m. Os painéis pré-montados
fora da obra são transportados até o
local de instalação sem maiores com-
plicações, sendo, portanto, uma solu-
ção ideal para obras que possuem
pouco espaço no canteiro (figura 15).
Os perfis,em sua maioria,são corta-
dos nos comprimentos de montagem
durante o processo de perfilagem. Após
a execução do painel, deve receber um
travamento provisório para que mante-
Figura 11 – Pavimento superior Figura 12 – Enrijecimento de escadas
nha seu esquadro durante o transporte
ao local de instalação. Em geral, os pai-
néis são muito leves e podem ser facil- Guia dobrada Parafuso de fixação
mente transportados e manuseados na perfil U entre guia dobrada
obra por duas a quatro pessoas. e painel
Na obra, os painéis devem receber
uma fita de isolamento em sua base,
que pode ser de manta asfáltica ou fita
de espuma de poliuretano expandido.
O procedimento protege o painel da
umidade e reduz a vibração.
Dispostos em suas respectivas po-
sições, os painéis recebem fixações
provisórias com pinos instalados com
pistola à base de pólvora enquanto, Montante
para manter o prumo, são feitos esco- perfil Ue
ramentos provisórios, habitualmente
utilizando perfis Ue (figura 16). Guia inferior Guia superior
Os painéis são fixados uns aos ou- do painel do painel
tros por parafusos semelhantes aos Figura 13 – Escada com perfil U Figura 14 – Escada sem perfil enrijecedor
utilizados na sua execução. Nos pon-
tos de ligação entre painéis, é comum
o emprego de montantes duplos para Dimensionamento minação das ações (permanentes, va-
reforçar a conexão. Uma vez feitas O dimensionamento da estrutura, riáveis e excepcionais) e seus esforços
todas as verificações de prumos e es- sendo basicamente constituída por solicitantes segue os procedimentos
quadro, os painéis devem receber a an- perfis formados a frio, é regido pela normativos de estruturas de modo
coragem definitiva à fundação, con- NBR 14762 – Dimensionamento de geral. Nessas tarefas, são importantes,
forme apresentado na parte 1 desta Estruturas de Aço Constituídas por entre outras as normas, NBR 8681 –
série de artigos sobre steel frame. Perfis Formados a Frio: Procedimen- Ações e Segurança nas Estruturas –
Após a fixação definitiva dos pai- to, que fornece as considerações de di- Procedimento, a NBR 6120 – Cargas
néis do primeiro pavimento, são mon- mensionamento dos elementos estru- para Cálculo de Estruturas de Edifica-
tadas as lajes ou a estrutura do telhado. turais para as diversas formas de soli- ções – Procedimento, a NBR 6123 –
As lajes são normalmente montadas citações com as considerações ineren- Forças Devidas ao Vento em Edifica-
totalmente no canteiro de obras, em tes e particulares para cada verificação. ções – Procedimento.
função da dificuldade de transporte de Na análise estrutural deve ser con- Em princípio, a rotina de dimen-
painéis de grandes dimensões. O pro- siderada a influência de todas as ações sionamento para os elementos de per-
cedimento de montagem dos painéis que possam produzir efeitos significa- fis metálicos segue o que se desenvolve
do pavimento superior é semelhante tivos para a segurança da estrutura em comumente num projeto de estrutu-
ao do pavimento inferior, sendo a fixa- exame, levando-se em conta os possí- ras, destacando-se as análises referen-
ção dos suportes de ancoragem feita veis estados limites últimos e os de ser- tes às flambagens locais do perfil devi-
com barras roscadas passante na laje. viço. Nesse sentido, a avaliação e deter- do à seção transversal ser formada por

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COMO CONSTRUIR

deram conceitos teóricos desenvolvi- Após os procedimentos normativos


dos a partir de conhecimentos de várias de dimensionamento e analisando-se o
áreas do saber da análise estrutural. comportamento dos elementos, verifi-
Como se pode imaginar, por vezes, o ca-se a necessidade de alterar a concep-
entendimento das expressões constan- ção estrutural, espessuras ou outro tipo
tes na norma é complexo. Contudo, o de procedimento que possa considerar
texto proposto na norma para o desen- uma composição de adoções se a condi-
volvimento do dimensionamento dos ção de segurança quanto ao estado limi-
Fotos: divulgação Flasan

elementos estruturais e das ligações te último ou de serviço não forem veri-


não possui maiores dificuldades de ficados simultaneamente.
serem levados a termo. Atualmente, há
referências bibliográficas que auxiliam
Antonio Wanderley Terni
Figura 15 – Transporte de painéis nessa tarefa sem se aprofundar nos
Professor-doutor do Departamento de
pré-montados conceitos teóricos, atendo-se eminen-
Engenharia Civil da Unesp do Campus de
temente às rotinas de dimensionamen-
Guaratingüetá-SP
tos e apresentando, inclusive, tabelas
prescritivas de pré-dimensionamento Alexandre Kokke Santiago
da estrutura. Arquiteto, Mestre em Engenharia Civil,
Outras verificações são importan- Construção Metálica Ufop (Universidade
tes, como a determinação de flechas e Federal de Ouro Preto)
a instalação de adequados contraven-
José Pianheri
tamentos garantindo a estabilidade
Engenheiro civil, consultor, sócio-diretor
global da estrutura.
da Pienge Engenharia e Construção Ltda.
Nos perfis de steel frame, devido à
pienge.engenheria@uol.com.br
galvanização, a ligação parafusada é a
mais apropriada do que a ligação sol-
dada que necessita de calor para sua
execução, danificando, assim, a cama-
Figura 16 – Escoramento da estrutura LEIA MAIS
da protetora do perfil. O dimensiona-
mento das ligações é fundamental NBR 15253 – Perfis de Aço
elementos (mesas, almas e abas) em para a estabilidade da estrutura, prin- Formados a Frio, com Revestimento
chapas de espessura fina. No sistema cipalmente no sistema steel frame que Metálico, para Painéis Reticulados
steel frame é usual a aplicação de perfis utiliza parafusos autoperfurantes. A em Edificações: Requisitos gerais.
com seções transversais abertas e assi- NBR 14762 recomenda o uso de para- ABNT (Associação Brasileira de
métricas e, portanto, a análise do com- fusos de aço com qualificação estrutu- Normas Técnicas).
portamento dessas seções deve ser cri- ral, comum ou de alta resistência. NBR 6355 – Perfis Estruturais de
teriosa, principalmente nas adoções e Contudo, não apresenta prescrições a Aço Formados a Frio:
considerações de contraventamentos respeito do dimensionamento de liga- Padronização. ABNT.
laterais e distâncias entre seções lateral- ções com parafusos autobrocantes, NBR 14762 – Dimensionamento
mente contidas. que são os mais usuais. Assim, na prá- de Estruturas de Aço Constituídas
Verificam-se, também, outras for- tica, para o dimensionamento das li- por Perfis Formados a Frio:
mas de instabilidade considerando o gações, vale-se das especificações da Procedimento. ABNT.
perfil como um todo (dependo, agora, North American Specification for De- NBR 8681 – Ações e Segurança
de parâmetros como das propriedades sign of Cold-Formed Steel Structural nas Estruturas – Procedimento.
geométricas da seção transversal, das Members (AISI, 2001). Entre as consi- ABNT.
propriedades do aço utilizado, do derações normativas, disposições e NBR 6120 – Cargas para Cálculo
comprimento da barra, das considera- prescrições, as referentes às distâncias de Estruturas de Edificações –
ções de suas vinculações, entre outros). entre centros de furos e entre centro de Procedimento. ABNT.
Verifica-se, entre outras, a flamba- furos e bordas, devem ser bem analisa- NBR 6123 – Forças Devidas ao
gem da barra por flexão, torção e flexo- das no projeto para que não ocorram Vento em Edificações –
torção enquanto para vigas, além da colapsos nas ligações, como rasga- Procedimento. ABNT.
verificação à flexão e cisalhamento, a mentos entre furos e entre furos e as Steel framing: Arquitetura.Arlene
verificação da instabilidade lateral. bordas e, conseqüentemente, esta con- Maria Sarmanho Freitas. CBCA (Centro
As expressões normativas de análi- dição altere o comportamento do ele- Brasileiro da Construção em Aço).
se de comportamento de perfis, sejam mento estrutural ou mesmo da estru- Steel framing: Engenharia. Francisco
no estado último ou de serviço, consi- tura como um todo. Carlos Rodrigues. CBCA.

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