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Resumo: PI 326

Kjeld Jakobsen, Comércio Internacional e desenvolvimento: Do GATT à


OMC – discurso e prática

O GATT: de Genebra a Tóquio.

Criação do GATT:

- 1934: Acordos de Comercio Recíproco


- 1944: Bretton Woods: criou o FMI e o BIRD.
- Em 1943 a Comissão anglo-americana apresentou um documento chamado “Proposta
para expansão do comercio mundial e do emprego” que foi base para as reuniões
preparatórias para a Conferência das NU sobre Comércio e Emprego, em 1946 e em
Havana, a qual pretendia cirar a Organização Internacional de Comércio (OIC), pilar
faltante do tripé de entidades pensadas para melhor regular a economia internacional do
pós-2ª GM (BIRD e FMI haviam sido criados em 1944, em Bretton Woods). Criou-se,
nessa conferência, a “Carta de Havana”, pela qual se criaria a OIC, no entanto, o
congresso americano, que era majoritariamente republicano, era contrário a uma
instituição que regulasse e liberalizasse o comércio, pois o comercio bilateral era mais
vantajoso para o país do que o multilateralismo. A Carta não foi assinada e a OIC não
saiu do papel (ninguém se dispôs a levar a OIC adiante sem os EUA). A solução
encontrada foi a adoção somente do aspecto econômico (sem criação de instituição
internacional fiscalizadora) de maneira a conceder ao acordo caráter executivo, não
necessitando, dessa maneira, da aprovação dos respectivos congressos. Criou-se assim,
em 1947, o GATT (general agreement on trade and tariffs), acordo executivo que não
previa aprovação do legislativo e que propunha “promover um comércio mais livre e
justo” (apesar de que a forma adotada deixou de lado os princípios de desenvolvimento
econômico dos países não-industrializados, presentes na Carta de Havana) mediante
redução tarifaria, eliminação de BNT, abolição de praticas de concorrência desleal,
aplicação e controle de acordos comerciais e arbitragem contenciosas comerciais. O
GATT, assinado primeiramente por 23 países (sendo 11 PEDs) e tendo como regra “um
país, um voto”, foi concebido com três princípios:
1. Não-discriminação: por meio da cláusula da nação mais favorecida (beneficio
para um = beneficio para todos) e do tratamento nacional (igualdade de
tratamento entre produtos importados e nacionais). Apesar dessa cláusula,
no próprio art.24 autoriza-se a existência de ZLCs e blocos regionais.
2. Redução geral e progressiva das tarifas: RECIPROCIDADE! Pode ocorrer por
meio de negociações produto a produto, redução linear ou pela harmonização
dos direitos aplicados nos diversos países (direitos de aduana). No entanto, o
art.19 estabeleceu a cláusula de salvaguarda, que permitia aumento de tarifas
quando setores importantes de economias nacionais se encontrassem ameaçados.
3. Proibições de restrições quantitativas às importações, dumping e subsídio às
exportações. Apesar de o art.12 permitir a aplicação de restrições quantitativas
às importações quando a BC estiver muito deficitária (desde que essas restrições
sejam suspensas quando a situação normalizar).
O GATT constituiu conselho permanente de representantes em 1960, com sede em
Genebra, para mediar e arbitrar as controvérsias. Permaneceu o principio inicial do
GATT que previa que as rodadas de negociações comercio determinavam as regra.As
deliberações eram tomadas por maioria simples. Nos casos de decisões sobre admissão
de novos membros, autorizações para aplicação de exceções e aprovação de zonas de
livre comerciam ou união aduaneira eram necessários 2/3. Ao todo foram efetuadas 8
rodadas ao longo do GATT:
- 1947: Genebra.
- 1949: Annecy
- 1951: Torquay
- 1956: Genebra (já surgem, ainda que tímidas, as primeiras reações dos PEDs contra as
barreiras tarifárias e não-tarifárias que dificultavam suas exportações).
- 1960-61: Rodadas Dillon
- 1964-67: Rodada Kennedy
- 1973-79: Rodada Tóquio
- 1986-94: Rodada Uruguai

Até a Rodada de Dillon (1960-1961) os únicos temas em negociação na pratica


eram sobre redução tarifaria de bens industriais e a política comercial do GATT, que
incluíam regras anti-dumping e medidas compensatórias.Nas rodadas seguintes o
método adotado foi o da redução linear de tarifas. Em 1956, na Rodada Genebra, houve
reação dos PEDs. Em 1964 foi realizada a 1ª UNCTAD, que viria a se tranformar em
mecanismo permanente de auxílio aos PEDs por melhores condições nas rodadas
comerciais (forte presença do G77).

Decisões aprovadas na UNCTAD e incorporadas no GATT:

1. Principio da não reciprocidade: regulamentada nas Rodadas Kennedy e Tóquio,


onde se logrou agregar ao art.4 do GATT o princípio da não-reciprocidade, o
qual permitia que os PEDs não estivessem obrigados ao princípios da NMF,
podendo conceder preferências tarifárias a outros PEDs (sem criação de ZLC).
2. Sistema Geral de Preferências (SGP): adotado na 2º Conferencia UNCTAD, em
1968, e regularizado na Rodada Tóquio, o SGP por meio da “cláusula de
habilitação”, que permitia concessões unilaterais que não teriam de responder a
NMF (no entanto, o cancelamento desses SGPs também é unilateral, podendo
influir fatores políticos, além de que os SGPs foram setoriais, não entrando os
produtos que os PEDs são mais competitivos). Exemplo de SGP foi efetuado
pela UE pelos Acordos de Lomé, onde os principais beneficiários foram suas
ex-colônias.
3. Sistema Geral de Preferências Comerciais (SGPC): proposta na UNCTAD de
1976, mas entrou em vigor em 1989.

O GATT e a crise dos anos 1970:


- EUA: cambio livre gerou desestabilização de Bretton Woods.
- 1973: Crise do Petróleo
- Rodada Kennedy (1964-1967): Tarifas e incorporação do tema ANTI-DUMPING.
- Rodada Tóquio (1973-1979): se deu em contexto de crise econômica mundial
provocada pelo fim do sistema ouro-dólar (de BW) e pela crise do petróleo. Maior
liberalização e criou novas regras que tinham caráter plurilateral, e trataram de temas
como: subsídios, medidas compensatórias, barreira técnicas ao comércio (barreiras
não tarifarias), compras governamentais, antidumping, comércio de aeronaves civis 
REDUÇÃO DO PAPEL DA UNCTAD.
- Rodada do Uruguai (1986-1994): incorporação dos “novos temas”(commodities,
anti-dumping ganha mais força – surgiu na Rodada de Kennedy, produtos agrícolas,
serviços, propriedade intelectual, têxtil.), criação da OMC ( o GATT não deixa de
existir, pois foi incorporado à OMC em 1994), criação do Grupo de Cairns (produtores
primários).

Resumo: PI 322 – Monica Herz e Andrea Ribeiro Hoffmann

A cooperação Funcional na Área do Comércio Internacional e a


Organização Mundia de Comércio (OMC)

Bretton Woods (1944): 44 países se reúnem e decide-se pela criação de três


onrganizações:
i. FMI: principal tarefa seria estabelecer e supervisionar um sistema internacional
de câmbio fixo, promovendo estabilidade monetária e fornecer cráditos
de curto prazo para países com problemas na BP.
ii. BIRD: forneceria empréstimos de longo prazo para financiar reconstrução e
desenvolvimento para os países destruídos pela Guerra (nessa ordem de
prioridade).
iii. OIC: acabou não sendo criada devido a não-ratificação pelo congresso
americano da “Carta de Havana”, elaborada em conferência da NU em 46.
No entanto, dessa mal-sucedida OI aproveitou-se parte do que foi acordado
para gerar o GATT (assinado em 47, entrou em vigor em 48). Na falta de
uma OI para coordenar a cooperação na área de comercio internacional, o
GATT assumiu esse papel de forma menos institucionalizada.

Apesar do sucesso do período inicial por conseguir reduzir tarifas e aumentar o


numero de signatários ao longo dos anos, o GATT se mostrou incapaz de se adaptar às
mudanças advindas da globalização (como por exemplo a diminuição de importância do
comércio de produtos industrializados e o aumento do comércio de serviços,
propriedade intelectual e têxteis, além da diminuição das BTs e aumento das BNTs).
Outra que questão que se tornou polemica foi o tratamento especial e diferenciado aos
países em desenvolvimento – um dos impasses nas negociações da OIC havia sido o
conflito entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento com relação a premissa
liberal de que o livre comercio favorecia todo mundo. Para os países em
desenvolvimento era necessário considerar o impacto do comercio sobre o emprego e o
desenvolvimento dos países mais pobres.
Iniciada em 1986 em Punta del Este e finalizada em abril de 1994 em
Marraqueche, a Rodada Uruguai foi a mais ampla e complexa negociação sobre o
comercio internacional. O lançamento da Rodada se deu com uma clara divisão de
interesses entre países desenvolvidos que defendiam a introdução de temas como
serviços e propriedade intelectual, e países em desenvolvimento que defendiam
negociações em áreas tradicionais como agricultura e têxteis, que estavam praticamente
excluídas do Acordo Geral. Em dezembro de 1988 foi realizada em Montreal a
Conferencia Ministerial de Meio Termo ( Mid-Term Review), para se avaliar os
resultados conseguidos até então e negociar os termos que permitissem a sua conclusão.
Em 1990, prazo para o encerramento a Rodada, foi atingido um impasse em Bruxelas
sobre as questões da área agrícolas. As negociações recomeçaram em 1991, mas o
impasse só foi quebrado em 1992 com o Acorde Blair House entre CE e EUA sobre a
área agrícola. Em 1993, os membros do Quad que integra EUA, CE, Canadá e Japão,
negociaram com o G7 uma forma de se avançar com as negociações, principalmente na
área de acesso a mercados. As negociações em Genebra recomeçaram e, praticamente,
foram encerradas em dezembro de 1993. O Acordo de Marraqueche, que engloba todas
as áreas negociadas durante a Rodada, foi assinado em abril de 1994. A OMC
finalmente entra em operação em janeiro de 1995.
Sendo assim a Rodada Uruguai (1986-1994) começou a tratar desse temas, no
entanto, a necessidade de reforma no sentido de maior institucionalização levou os
países a criarem a OMC. A criação da OMC não representou ruptura do regime de
CI mas sim sua ampliação (tanto é que o GATT é parte da OMC). Todos os acordos da
rodada uruguai (Agrícultura, têxteis, antidumping) foram somadas a organização, a qual
foi criada pelo Tratado de Marraquesh (1994) dando fim a rodada Uruguai. Além dos
princípios já existentes no GATT - como a Clausula da Nação Mais Favorecida e
Clausula do Tratamento Nacional- foi incluído na OMC o princípio do Single
Undertaking ( os países são obrigados a aceitar todos os pontos negociados = aceita
tudo ou não aceita nada).
Os principais temas negociados na Rodada Uruguai foram:
• criação da OMC : status de OI
• rebaixamento tarifário para produtos industriais e produtos agrícolas
• introdução de novos setores para o quadro do GATT e liberalização dos
mesmos: agricultura, têxteis, serviços e propriedade intelectual.
• reforço das regras do GATT
• negociação de um novo processo de solução de controvérsias
• negociação de uma serie de entendimentos sobre diversos artigos do Acordo
Geral.

O processo decisório da OMC segue a pratica do GATT, ou seja, por


CONSENSO, isto é quando nenhum dos membros presentes formalmente objetar à
decisão proposta. Quando a decisão não puder ser tomada por consenso, pode ser
tomada por votação, em que cada membro tem direito a um voto, nas reuniões da
Conferencia de Ministros e do Conselho Geral. Decisão por voto são tomadas por
maioria, ou conforme estabelecido nos Acordos. Decisões por maioria são previstas nas
seguintes circunstancias: nos casos de interpretação de medidas previstas no acordo,
com a maioria de 3/4 dos votos; nos casos de pedidos de derrogações de obrigações
(waivers) por parte de um membro, com maioria de 3/4 ; nos casos de modificações dos
acordos, com maioria de 2/3; e nos casos de adesão de novos membros à OMC, com
maioria de 2/3. No entanto, modificações no próprio Acordo sobre a OMC e sobre o
processo decisório exigem a aceitação de todos os membros por consenso.
O principal órgão da OMC é a Conferência Ministerial, que se reúne a cada
dois anos e toma decisões por consenso, tendo cada membro direito a um voto
(diferente do FMI e BM que o voto é proporcional à contribuição financeira). Isso não
quer dizer que todos tem o mesmo poder dentro da OMC, uma prática comum é a
formação de coalizões normalmente associadas pelos blocos econômicos regionais.
Outros grupos são formados por outras afinidades como é o caso do Grupo de Cairns,
G20 etc. Além disso, grande parte das decisões é tomada em encontros informais,
chamados de processo da Sala Verde ( Green Room), pelos EUA, EU, Japão e
Canadá (QUAD).
Além da Conferencia Ministerial, os outros órgão da OMC são o Secretariado, o
Conselho Geral e os Conselhos setoriais. Esses Conselhos possuem representantes de
todos os membros, com direito igual de votos e tomam decisões por consenso (ou
maioria simples se necessários). A sede da OMC é em Genebra.
A maior inovação da OMC é o Sistema de Solução de Controvérsias, ao qual
foi criado – além do já existente Órgão de Soluções de Controvérsias - o Órgão
Permanente de Apelação (maior institucionalização jurídica  criando instância
recursal às decisões dos painels) e instituído o princípio do consenso reverso. O Órgão
de Solução de Controvérsias é composto pelos membros do Conselho Geral e atua pela
mediação política, procurando solucionar os conflitos de forma diplomática Se
necessário, ele pode convocar painéis ad hoc, compostos por 3 especialistas escolhidos
pelas partes conflitantes. AMBAS AS PARTES podem, então, recorrer ao Órgão
Permanente de Apelação, que tem caráter permanente e é composto por 7 membros –
especialistas da área de direito e comercio internacional – apontados pelo Órgão de
Solução de Controvérsias para um mandato de 4 anos, e podem incluir medidas
compensatórias.
Outro órgão criado foi o Órgão de revisão de políticas comerciais – composto
por membros do Conselho Geral- que tem como objetivo monitorar as políticas
comerciais dos membros da organização por meio de relatórios (Trade Policy Review) :
os membros de maior participação no CI são revisados a cada 2 anos, e os de menor a
cada 4 anos e os em transiçào a cada 6 anos (contribuiu para aumentar a transparência).
As relações da OMC com as ONGs é mais de caracterizada de conflito, do que
de colaboração. Apesar de não poderem participar dos grupos de negociação, as ONGs
ganharam acesso aos plenários das Conferencias Ministeriais. A OMC também tem
enfrentado impasse internos com a crescente polarização entre os países em
desenvolvimento e os desenvolvidos nas negociações da Rodada do Milênio.
Criação do G20, nas negociações de Cancun, sobre liderança do Brasil: tem
como principal objetivo o fim dos subsídios agrícolas nos países desenvolvidos.
Conferência de Cingapura: “novos temas” lançados são o da transparência em
compras governamentais, facilitação de comércio, comércio e investimento, e políticas
de concorrência.
O Status da OMC: a OMC tem personalidade legal reconhecida por cada um de
seus membros e recebeu de cada um deles a capacidade legal necessária para exercer
suas funções.

RODADAS DE NEGOCIAÇAO DO GATT


Ano Local Questões temáticas
negociadas
1947 Genebra Tarifas
1949 Annecy Tarifas
1951 Torquay Tarifas
1956 Genebra Tarifas
1960-1961 Genebra (Rodada Tarifas
Dillon)
1964-1967 Genebra (Rodada Tarifas e medidas
Kennedy) antidumping
1973-1979 Genebra (Rodada Tarifas, barreiras
de Tóquio) não tarifarias
1986-1994 Genebra (Rodada Tarifas, barreiras
do Uruguai) não tarifarias,
produtos agrícolas,
serviços,
propriedade
intelectual, têxtil.
CONFERÊNCIAS MINISTERIAIS DA OMC
Ano Local
1996 Cingapura (“novos temas”)
1998 Genebra
1999 Seattle
2001 Doha (lançou a Rodada do
Desenvolvimento ou Rodada Doha –
somente para produtos agrícolas)
2003 Cancun

• Conferências Ministeriais: composta pelos MREs, MFs e MDIC.


I. 1996 – Cingapura: primeira conferência, sendo seu grande objetivo
fortalecer a OMC e retomar tudo o que foi decidido. Além disso se criam
os chamados “Temas de Cingapura”:
 Investimentos.
 Concorrência.
 Compras Governamentais (transparência no setor público).
 Facilitação de comércio.
II. 1997 – Genebra: retoma os pontos de Cingapura, e tem por principal
objetivo buscar rearticular as principais instituições econômicas
internacionais – para controlar a crise financeira asiática. Buscou-se
lançar uma nova rodada, mas em função do single undertaking há certo
impedimento para a definição dos temas.
III. 1999 – Seattle: grande objetivo dessa conferência era lançar rodada
do milênio. No entanto, ocorreram distúrbios devido a protestos de
organizações da sociedade civil, envolvendo principalmente a questão
ambiental (cláusulas ambiental e social – EUA queriam implementar
essas cláusulas mas OMC decide que temas deveriam ser tratados nas
respectivas OIs) – Noroeste americano é o epicentro de onde surgiu o
movimento ambiental internacional. Resultado da conferência: Impasse
e fracasso.
IV. 2001 – Doha: conferência se dá logo após os atentados de 11 de
setembro, o que criou um clima de solidariedade internacional, isso
permitiu o lançamento da Rodada do Desenvolvimento (Rodada
Doha) com temas importantes:
 Agricultura.
 Negociado principalmente em torno do G20 (surgido em
2003 na conferência de Cancún).
 NAMA (acesso a mercados de produtos não-agrícolas – non-
agricultural market access).
 Fricções Comerciais: buscava impedir que o OSC fique
sobrecarregado.
 Serviços: junto com a questão agrícola é o que travou a rodada.
PDs querem discutir serviços e não agricultura, PEDs querem
agricultura e não serviços – visto que os PDs tem vantagem
comparativa em serviços (setores bancários mais fortes) e PEDs
em Agricultura.
 Negociação se deu por meio do “QUAD” (EUA, UE,
Japão e Canadá).
 Desenvolvimento: buscavam negociar abertura comercial com
padrões diferentes.
 Fármacos.
 Propriedade Intelectual.
 Regras Internacionais: busca por aumentar a fluidez no mercado
internacional (logística).
 Meio Ambiente
V. 2003 – Cancún: agricultura gera o impasse de Cancún. Tem início a
articulação dos PEDs para negociar agricultura com a criação do G20 –
grupo de países agroexportadores que discutem o tema da
agricultura na OMC.
VI. 2005 – Hong Kong: apesar dos esforços, o impasse persiste nos temas de
agricultura e serviços – faz com que não se tenha outra conferência no
tempo previsto (2 anos).
VII. 2008 – Genebra: tentativa de se estabelecer prazos e acaba por ser
remarcada para dezembro de 2008, a qual não ocorre em função da crise
internacional.

O “TRIBUNAL” DA OMC: O ÓGÃO DE SOLUÇÃO DE CONTROVERSIAS

O sistema de solução de controvérsias anterior do GATT, em casos de conflito


comerciais, previa um processo de consultas e depois o estabelecimento de painéis de
especialistas, que elaboravam um relatório sobre a controvérsia. No entanto, dentro
desses sistema, o relatório tinha que ser aprovado pelo Conselho Geral, por consenso.
Assim, bastava a parte perdedora não aceitar o relatório para que todo o processo fosse
bloqueado. O novo sistema é mais forte porque tem a possibilidade de aplicação de
retaliações aos membros que adorem medidas inconsistentes com as regras da OMC,
além disso o relatório do painel é obrigatório e exige que o OSC derrube o relatório por
consenso, para que o processo seja bloqueado (“consenso reverso” = 1 voto a favor já
torna a decisão obrigatória). Outra novidade do Acordo é o estabelecimento de um
Órgão de Apelação, que funciona no sistema como um Tribunal de Apelação, e tem
como função verificar os fundamentos legais do relatório do painel e das suas
conclusões.
A prioridade é de solucionar casos de controvérsia entre as partes, primeiro,
através de consultas, e somente se um acordo não for possível é que se parte para o
painel. No caso de estabelecimento de painéis o objetivo do mecanismo é fazer com que
a parte afetada modifique sua política de comercio exterior de acordo com as regras da
OMC. Somente nos casos de recusa de tal cumprimento é que a OMC autoriza
retaliações.
O Entendimento foi estabelecido com o objetivo de estabelecer as regras e
procedimentos para aplicar o mecanismo de consulta e solução de controvérsias dentro
da OMC. O Entendimento estabelece que o OSC deve ter competência para estabelecer
painéis, adotar relatórios de painéis e relatórios do Órgão de Apelação, acompanhar a
implementação das decisões e recomendações e autorizar a suspensão de concessões e
outras obrigações dentro dos acordos. Caso um acordo não seja alcançado pelo
mecanismo de consulta, podem as partes pedir aos OSC o estabelecimento de um painel
(são permitidos mecanismos de bons ofícios, mediação e conciliação). O painel deve ser
composto por 3 ou 5 indivíduos qualificados, pertencentes ou não aos governos. A
função do painel é de auxiliar o OSC, fazendo uma avaliação objetiva sobre a matéria,
dos fatos e da aplicabilidade e da conformidade com os acordos, formular conclusões
que possam auxiliar o OSC em fazer suas recomendações ou emitir suas decisões. O
relatório final do painel deve ser apresentado no prazo de 6 meses, e em caso de
urgência em 3, mas nunca pode exceder os 9 meses. Dentro de 60 dias após a circulação
do relatório do painel para os membros, a decisão do painel deve ser adotada em uma
reunião da OSC, a menos que uma das partes na controvérsia notifique o OSC de sua
decisão de apelar ao Órgão de Apelação, ou o OSC decidir por consenso a não adotar o
painel.
O Órgão de Apelação é composto por 7 pessoas, em processo de rotação, sendo
3 atuantes em cada caso. Deve ser composto por pessoas de reconhecida competência,
com domínio nas áreas de direito, comercio internacional e do tema do acordo em
questão, e não vinculados aos governos. O Órgão deve apresentar o seu relatório em 60
dias, sendo que nenhum caso pode exceder os 90 dias. Uma apelação deve se limitar a
temas legais tratados no relatório do painel e interpretações legais desenvolvidas no
painel. O órgão de Apelação pode manter, modificar ou reverter os pareceres e decisões
legais e as conclusões de um painel. Um relatório do Órgão de Apelação deve ser
adotado pelo OSC e ser incondicionalmente aceito pelas partes na controvérsia, a menos
que o OSC decida POR CONSENSO não adotar o relatório dentro de 30 dias de sua
circulação pelos membros.
Dentro de 30 dias após adoção dos relatórios pelo OSC, o membro envolvido
deve informar ao OSC suas intenções de implementar as recomendações e decisões do
OSC. Caso isso não ocorra, as compensações e a suspensão de concessões ou outras
medidas obrigatórias passam a ser medidas temporárias disponíveis. Caso o membro
não for capaz de corrigir a medida que vai contra o acordo, este deve entrar em
negociação com a outra parte, com vista a negociar compensações adequadas. Se tais
compensações não puderem ser acordadas dentro de 20 dias, a parte que solicitou o
painel pode solicitar autorização do OSC para suspender a aplicação de concessões ou
outra obrigação dentro do acordo em questão.

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