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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

FACULDADE DE DIREITO

RAFAELA DA SILVA SANTOS

A LIVRE CIRCULAÇÃO DE PESSOAS E O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO NO


MERCOSUL E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS.

Salvador-Ba

2010
RAFAELA DA SILVA SANTOS

A LIVRE CIRCULAÇÃO DE PESSOAS E O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO


NO MERCOSUL E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS.

Texto acadêmico apresentado como requisito


parcial para a aprovação na disciplina Direito
Internacional do curso de direito da Universidade
Católica do Salvador.

Professor Orientador: Ruy Sergio Deiro da Paixão

Salvador-Ba

2010
A LIVRE CIRCULAÇÃO DE PESSOAS E O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO NO MERCOSUL
E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS.

A organização internacional é uma associação voluntária de sujeitos dedireito internacional (quase


sempre Estados), constituída mediante ato internacional (geralmente um tratado), de caráter
relativamente permanente, dotada de regulamento e órgãos de direção próprios, cuja finalidade é
atingir os objetivos comuns determinados por seus membros constituintes. O Mercosul, é uma
organização internacional que reúni Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, surgiu com a assinatura, em
26 de março de 1991, do Tratado de Assunção.
O marco inicial de todas as relações internacionais foi Paz de Vestfália, cujo objetivo principal foi
pôr fim à Guerra dos Trinta (30) anos na Europa (durou de 1618 à 1648). Com a assinatura desse
Tratado, que trouxe a paz para uma Europa cansada de uma longa guerra, triunfou também, o princípio
da igualdade jurídica dos Estados, e possibilitou um equilíbrio europeu. Vários autores afirmam que o
Tratado de Vestfália foi o início da diplomacia moderna, pois foi a primeira vez em que se reconheceu
estado soberano.
Outro marco histórico no direito internacional foi após o término da primeira guerra, se
conheceu uma estagnação, por motivos óbvios (a Europa estava destruída). Mas, nem tudo estava
perdido no direito internacional; as nações participantes da guerra, criaram a Sociedade das Nações,
também conhecida por Liga das Nações, uma organização internacional, a princípio idealizada, em
janeiro de 1919, em Versalhes, nos subúrbios de Paris. Inicialmente as potências vencedoras do
conflito da Primeira Guerra se reuniram nesta data, para negociar um acordo de paz e ao mesmo tempo
penalizar a Alemanha pela posição central de deflagradora da guerra.Um dos pontos do amplo tratado
referiu-se à criação de um grêmio internacional, cujo papel seria o de assegurar a paz. Em 28 de julho
de 1919 fora assinado o tratado de Versalhes, cuja sede passou a ser na cidade de Genebra na Suíça. Tal
“liga das nações” foi o embrião da ONU ou U.N originalmente.

Normalmente as relações internacionais são originadas pelo intercâmbio comercial entre países de
uma mesma região geográfica acarretando, com o passar do tempo, em um aumento na
interdependência entre eles em várias áreas e em conseqüência uma necessidade de união maior para
eliminar possíveis barreiras existentes visando melhorar as relações.
Assim sob a ótica doutrinária, esse seria o ponto inicial de um processo de integração que, de
acordo com as diferentes abordagens teóricas varia apenas na sequência quanto a sua forma ou
importância.

Várias são as teorias em torno das relações internacionais, contudo podemos citar o federalismo, o
funcionalismo, o neofuncionalismo, o neoinstituciionalismo e o intergovernamentalismo como as
principais teorias no que diz respeito a integração regional de forma geral.

Podemos mencionar que apesar de adotar o modelo intergovernamentalista, a formação do Mercosul


não teve em sua origem pela interdependência, visto que o Brasil, que foi o grande articulador junto
com a Argentina, era o que menos dependia de tal integração, quer do ponto de vista das importações
quanto das exportações. No ano de 1991, quando foi assinado o tratado de Assunção as exportações
entre os Estados representavam apenas 11% (onze por cento) do valor global das exportações dos
países membros, tendo atingido 25% (vinte e cinco por cento) em 1998.

Destarte a interdependência, no caso do Mercosul, não precedeu o processo de integração, mas sim
o oposto, ou seja, o processo de integração gerou a interdependência.

Outrossim, vale destacar também que contrariando a tese de que haveria necessariamente uma
participação efetiva de importantes setores sociais no processo de integração, no caso do Mercosul a
interferência do setor privado foi mínima.

De acordo com a teoria neofuncionalista o elemento propulsor no processo de integração seria a


criação de instituições supranacionais, porém no caso do Mercosul foi a própria diplomacia
presidencial que viabilizou tal integração, já que nesse caso o projeto de integração foi conduzido pela
vontade política de sues lideres executivos.

Analisando a teoria funcionalista ela nos faz compreender a forma de institucionalização do


Mercosul ao mostrar que inexistiu pressões funcionais por instituições sólidas e rígidas, já que seus
membros optaram pela flexibilidade em detrimento de mecanismos mais formais e regras mais rígidas.

Contudo a institucionalidade do Mercosul pode ser melhor compreendida se aplicarmos o


entendimento da teoria realista à funcionalista focando na questão da liderança para explicarmos a sua
forma institucional.

Nenhuma das teorias existentes explicam em sua totalidade o surgimento e a evolução da integração
regional do Mercosul devido à suas particularidades, contudo podemos afirmar que em várias delas
existem elementos que explicam em algumas situações tal integração.

O processo de integração do Merocusl, de acordo com o Protocolo de Ouro Preto, é


intergovernamental, quando afirma que todos os órgãos decisórios são intergovernamentais.

Desta forma os Estados Membros mantêm o poder das decisões do bloco econômico, que é
exclusivamente por consenso, atrelada à vontade política dos mesmos.

Esse modelo inicialmente foi benéfico ao processo de integração do Mercosul visto que não existia
tanta burocracia a ser seguida, contudo no estágio em que se encontra o processo de integração do
Mercosul, que é de uma união aduaneira imperfeita cujo objetivo é ser um mercado comum e
posteriormente quiçá uma união econômica, essa forma de controle acarreta sérios obstáculos a
eliminação dos entraves impossibilitando assim atingir-se a integração pretendida, principalmente no
que diz respeito ao comércio intrazona.

Vale ressaltar também que a concentração do poder decisório pelos Estados Membros restringe de
certa forma a participação dos setores privados, que permanecem apenas na condição de consultivos.

Destarte o modelo intergovernamental adotado deve ser revisto para que o processo de integração
do Mercosul possa evoluir.

Com o surgimento do Mercosul, os Estados passaram a assumir diversas obrigações e benefícios.


Quando há o descumprimento de alguma obrigação, decorrente da aplicação ou interpretação
defeituosa das normas, origina-se a controvérsia. As controvérsias podem ser entre Estados e também
entre Estados e particulares, seja pessoa física ou jurídica

Insta se faz reconhecer que é de extrema importância e vital para a evolução do processo de
integração no Mercosul a criação de um poder sólido constituído com o objetivo de solucionar as
controvérsias entre seus membros, visto que os dois maiores Estados Membros que são Brasil e
Argentina, durante a convivência tem entrado em conflitos, boicotagens e disputas causando sérias
instabilidades, repercutindo a fragilidade deste sistema derivado exclusivamente do consenso estatal
perante a comunidade internacional comprometendo sua estrutura e colocando em risco o futuro do
Mercosul.

Os textos constitucionais dos países do Mercosul são similares e estão pautados na dignidade da
pessoa humana. Além da legislação nacional dos países-membros, o Regulamento da Comissão
Parlamentar Conjunta do Mercosul também traz dispositivos que visam proteger a paz, a liberdade, a
democracia e os direitos humanos.

Uma das etapas do processo de integração é a livre circulação de pessoas e serviços, sendo que esta
última está ligada ao estabelecimento comercial e ao livre exercício profissional, técnico, científico ou
liberal Baseados no princípio da não-discriminação, o ordenamento mercosulino obriga a comunidade
de países partes a tratar os trabalhadores estrangeiros da mesma forma com que são tratados os
trabalhadores nacionais, em todos os sentidos e não somente com relação ao labor. Aos seus
dependentes é assegurado as mesmas proteções. Esta proteção é essencial para o exercício da livre
circulação. O mesmo se pode dizer quanto ao princípio da igualdade de trato, posto que somente serão
impostas restrições aos estrangeiros que também forem impostas aos nacionais. Vale dizer que o
princípio da não-discriminação se aplica também aos prestadores de serviços, bem como às demais
liberdades e garantias sociais.

O Mercosul, Bolívia e Chile estabeleceram que todo esse território constitui uma Área de Livre
Residência com direito ao trabalho para todos seus cidadãos, sem exigência de outro requisito além da
própria nacionalidade.
Com essa facilidade de livre trasitação de pessoas entre países-membros, principalmente entre
países fronteiriços, o principal desafio no momento é o de prosseguir com essa simplificação do
trânsito de pessoas e, ao mesmo tempo, agir duramente contra o crime organizado, coibindo que essa
integração facilite a prática de delitos e para busca da impunidade. O principal instrumento de
persecução criminal internacional é a extradição, instituto bastante antigo. Extradição se diferi da
deportação, a deportação e a expulsão são atos administrativos editados no âmbito do Poder
Executivo, já a extradição é um pedido de um Estado a outro de entrega de um indivíduo, que em seu
território deva responder a processo penal, a ser apreciado no âmbito do Poder Judiciário.
O que propõe o Ministério da Justiça é que o assunto seja submetido a exame pelos países membros
e associados do Mercosul, para que se consiga avançar na modernização dos instrumentos de
cooperação internacional e combate à criminalidade e impunidade.

Em consequência, a extradição, pelo Brasil, de refugiado reconhecido nos termos da Lei


9.474/97 acarretará o cometimento de um ilícito internacional que fatalmente levará o país à jurisdição
internacional. O princípio do non refoulement ou da não devolução é um princípio angular na proteção
internacional do refúgio. Trata-se de uma norma de ius cogens. Por meio de sua aplicação, os Estados
partes da Convenção de 51 (artigos 32 e 33) e do Protocolo de 67 das Nações Unidas sobre
Refugiados encontram-se terminantemente proibidos a expulsar, devolver ou extraditar refugiados para
país onde sua vida, liberdade ou integridade física possam estar em risco
O MERCOSUL segue uma nova tendência no moderno, que é a união de várias nações em
grupos ou Blocos Econômicos. É importante ressaltar que o objetivo do MERCOSUL não é isolar os
países membros do resto do mundo e mudar somente o comércio interno, mas sim, fortalecê-los para
melhor competir com os outros países e blocos econômicos.
O Capitalismo está num estagio que pede a evolução do comércio internacional. E esse
processo seria impossível ocorrer dentro dos limites de um país ou de uma região pequena.
Simplesmente não haveria dinheiro suficiente para tal.
Somente com a associação de várias economias é viável, hoje, obter-se tecnologias mais
avançadas por um preço mais reduzido. Neste caso a cooperação viabiliza o processo de barateamento
dos custos da produção de equipamentos cada vez mais modernos. Da mesma forma a união de
empresários vai resultar em produtos mais baratos e competitivos internacionalmente.
Por outro lado, assim como colocamos nossos produtos à disposição do resto do mundo, aqui também
haverá uma "injeção" de produtos estrangeiros à preços baixíssimos que desafiará os fabricantes de
nosso país a fazer produtos de qualidade com preços para concorrer com os internacionais. Quem só
tem a ganhar é o consumidor, que leva produtos de melhor qualidade por preços reduzidos.
O Paraguai possui o melhor algodão do planeta, o Uruguai um excelente rebanho bovino, o
Brasil , o primeiro Parque Industrial dos países emergentes e a Argentina uma das agriculturas mais
desenvolvidas do globo.
Portanto, essa fase de unificação não é o último estágio. Não consiste apenas em criar um
mercado de trocas e proteção mútua pura e simplesmente. A unificação é uma fase intermediária, que
visa capacitar seus países-componentes a enfrentar em condições adequadas a competição no mercado
internacional, já que se anuncia ameaçadora para nações menos desenvolvidas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACCIOLY, H.; SILVA, G. E. do N.Manual de Direito Internacional Público. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 1996.

CAVARZERE, T. T.Direito internacional da pessoa humana: a circulação internacional de pessoas.Rio de


Janeiro: Renovar, 1995.

CHIARELLI, C. A. G.; CHIARELLI, M. R. Integração: direito e dever. São Paulo: LTr, 1992.

JAEGER JÚNIOR, A.MERCOSUL e a livre circulação de pessoas. São Paulo: LTR, 2000.

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira.Direito internacional: tratados e direitos humanos fundamentais na ordem


jurídica brasileira. Rio de Janeiro: América Jurídica, 2001.

PIOVESAN, F. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, 4ª ed., rev., amp. e atualiz.
São Paulo, Max Limonad, 2000.

SILVA, R. L. Direito Internacional Público.Belo Horizonte: Inédita, 2000.

www.direitonet.com.br

Revista de relaciones internacionales y ciencias políticas

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