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FACULDADE DE DIREITO
Salvador-Ba
2010
RAFAELA DA SILVA SANTOS
Salvador-Ba
2010
A LIVRE CIRCULAÇÃO DE PESSOAS E O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO NO MERCOSUL
E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS.
Normalmente as relações internacionais são originadas pelo intercâmbio comercial entre países de
uma mesma região geográfica acarretando, com o passar do tempo, em um aumento na
interdependência entre eles em várias áreas e em conseqüência uma necessidade de união maior para
eliminar possíveis barreiras existentes visando melhorar as relações.
Assim sob a ótica doutrinária, esse seria o ponto inicial de um processo de integração que, de
acordo com as diferentes abordagens teóricas varia apenas na sequência quanto a sua forma ou
importância.
Várias são as teorias em torno das relações internacionais, contudo podemos citar o federalismo, o
funcionalismo, o neofuncionalismo, o neoinstituciionalismo e o intergovernamentalismo como as
principais teorias no que diz respeito a integração regional de forma geral.
Destarte a interdependência, no caso do Mercosul, não precedeu o processo de integração, mas sim
o oposto, ou seja, o processo de integração gerou a interdependência.
Outrossim, vale destacar também que contrariando a tese de que haveria necessariamente uma
participação efetiva de importantes setores sociais no processo de integração, no caso do Mercosul a
interferência do setor privado foi mínima.
Nenhuma das teorias existentes explicam em sua totalidade o surgimento e a evolução da integração
regional do Mercosul devido à suas particularidades, contudo podemos afirmar que em várias delas
existem elementos que explicam em algumas situações tal integração.
Desta forma os Estados Membros mantêm o poder das decisões do bloco econômico, que é
exclusivamente por consenso, atrelada à vontade política dos mesmos.
Esse modelo inicialmente foi benéfico ao processo de integração do Mercosul visto que não existia
tanta burocracia a ser seguida, contudo no estágio em que se encontra o processo de integração do
Mercosul, que é de uma união aduaneira imperfeita cujo objetivo é ser um mercado comum e
posteriormente quiçá uma união econômica, essa forma de controle acarreta sérios obstáculos a
eliminação dos entraves impossibilitando assim atingir-se a integração pretendida, principalmente no
que diz respeito ao comércio intrazona.
Vale ressaltar também que a concentração do poder decisório pelos Estados Membros restringe de
certa forma a participação dos setores privados, que permanecem apenas na condição de consultivos.
Destarte o modelo intergovernamental adotado deve ser revisto para que o processo de integração
do Mercosul possa evoluir.
Insta se faz reconhecer que é de extrema importância e vital para a evolução do processo de
integração no Mercosul a criação de um poder sólido constituído com o objetivo de solucionar as
controvérsias entre seus membros, visto que os dois maiores Estados Membros que são Brasil e
Argentina, durante a convivência tem entrado em conflitos, boicotagens e disputas causando sérias
instabilidades, repercutindo a fragilidade deste sistema derivado exclusivamente do consenso estatal
perante a comunidade internacional comprometendo sua estrutura e colocando em risco o futuro do
Mercosul.
Os textos constitucionais dos países do Mercosul são similares e estão pautados na dignidade da
pessoa humana. Além da legislação nacional dos países-membros, o Regulamento da Comissão
Parlamentar Conjunta do Mercosul também traz dispositivos que visam proteger a paz, a liberdade, a
democracia e os direitos humanos.
Uma das etapas do processo de integração é a livre circulação de pessoas e serviços, sendo que esta
última está ligada ao estabelecimento comercial e ao livre exercício profissional, técnico, científico ou
liberal Baseados no princípio da não-discriminação, o ordenamento mercosulino obriga a comunidade
de países partes a tratar os trabalhadores estrangeiros da mesma forma com que são tratados os
trabalhadores nacionais, em todos os sentidos e não somente com relação ao labor. Aos seus
dependentes é assegurado as mesmas proteções. Esta proteção é essencial para o exercício da livre
circulação. O mesmo se pode dizer quanto ao princípio da igualdade de trato, posto que somente serão
impostas restrições aos estrangeiros que também forem impostas aos nacionais. Vale dizer que o
princípio da não-discriminação se aplica também aos prestadores de serviços, bem como às demais
liberdades e garantias sociais.
O Mercosul, Bolívia e Chile estabeleceram que todo esse território constitui uma Área de Livre
Residência com direito ao trabalho para todos seus cidadãos, sem exigência de outro requisito além da
própria nacionalidade.
Com essa facilidade de livre trasitação de pessoas entre países-membros, principalmente entre
países fronteiriços, o principal desafio no momento é o de prosseguir com essa simplificação do
trânsito de pessoas e, ao mesmo tempo, agir duramente contra o crime organizado, coibindo que essa
integração facilite a prática de delitos e para busca da impunidade. O principal instrumento de
persecução criminal internacional é a extradição, instituto bastante antigo. Extradição se diferi da
deportação, a deportação e a expulsão são atos administrativos editados no âmbito do Poder
Executivo, já a extradição é um pedido de um Estado a outro de entrega de um indivíduo, que em seu
território deva responder a processo penal, a ser apreciado no âmbito do Poder Judiciário.
O que propõe o Ministério da Justiça é que o assunto seja submetido a exame pelos países membros
e associados do Mercosul, para que se consiga avançar na modernização dos instrumentos de
cooperação internacional e combate à criminalidade e impunidade.
CHIARELLI, C. A. G.; CHIARELLI, M. R. Integração: direito e dever. São Paulo: LTr, 1992.
JAEGER JÚNIOR, A.MERCOSUL e a livre circulação de pessoas. São Paulo: LTR, 2000.
PIOVESAN, F. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, 4ª ed., rev., amp. e atualiz.
São Paulo, Max Limonad, 2000.
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