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A PESQUISA MOTIVACIONAL: UMA FERRAMENTA PARA A QUALIDADE DO ENSINO

AUTORAS

Criseida Alves Lima


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Aldeota - Fortaleza - Ceará
CEP: 60.170 - 320
Fone: (085) 224 9133

Ana Cristina Teixeira Leite


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Aldeota - Fortaleza - Ceará
CEP: 60.115-170
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INSTITUIÇÃO

Universidade Federal do Ceará - UFC


Faculdade de Êconomia Administração Atuária e Contabilidade - FEAAC
Av. da Universidade, 2431
Benfica - Fortaleza - Ceará
CEP 60.020-181

Neste trabalho procura-se demonstrar a viabilidade e importância da aplicação de instrumentos de


pesquisa motivacional no ensino de terceiro grau para que seja possível elevar o grau de interesse e motivação
dos alunos, melhorando, consequentemente, o ensino-aprendizagem.

Para comprovar a hipótese, aplicou-se ferramenta de pesquisa motivacional em alunos do Curso de


Graduação em Administração de Empresas da Universidade Federal da Ceará, cujos resultados são aqui
apresentados. Chegamos a conclusões positivas, embora seja necessário que exista uma mudança na postura do
professor e do aluno. Entretanto tomou-se clara a possibilidade de alterar a conduta apática do estudante,
transformando-o num profissional mais comp etente e, acima de tudo, num cidadão.

Palavras chave: Pesquisa Motivacional, Qualidade no ensino, Motivação, Liderança


''A Indiferença.

Com o tempo. Passa-nos a vontade de sonhar todo dia


com a noite, toda a semana com a sexta-feira, todo ano
com as férias, com uma vida que não seja apenas a
metade da vida."

(autor desconhecido)

''Esta é a verdadeira alegria da vida – ser usada


para um propósito reconhecido por você mesmo como
digno. Ser uma força da natureza em vez de um
amontoado febril e egoísta de ressentimento e
frustrações, sempre reclamando que o mundo não se
devota a torná-lo feliz...''

Quero estar totalmente esgotado quando morrer. Pois


quanto mais trabalho mais eu vivo. Eu me regozijo com
a vida pelo que ela traz..."

(George Bernard Shaw).

APRESENTAÇÃO

Grande parcela de nossas organizações cultuam a modernidade, a produtividade, a qualidade e a


valorização dos recursos humanos. Mas, uma avaliação mais critica sobre a prática desses paradigmas acaba por
demonstrar que o discurso pode distanciar-se da prática efetiva.

Segundo Rui Barbosa, ''maus professores geram maus alunos. Os maus alunos empobrecem as
profissões intelectuais, estancam as fontes de renovação científica do pais, (...) perpetuam os hábitos da servidão
moral no povo, educando-o no fatalismo da fortuna, habituando-o a pôr toda a sua confiança na proteção,
ensinando-o a desprezar o trabalho.'' (citado em Gutemberg, 1993, p. 274).

A mente e o comportamento precisam de mudanças. Os indivíduos precisam desvencilhar-se de


posturas egocêntricas, devem procurar pensar estrategicamente, "ver florestas, não apenas árvores" (citado em
Gutemberg, 1993, p. 274). A onda da mediocridade espalha-se muitas vezes nos lares, nos bancos escolares e nas
empresas.

A busca contínua do saber- e de novos aprendizados é desprezada e a escassez do talento humano pode
ser uma séria ameaça a sobrevivência do Terceiro Mundo. Para Wiston Churchill ''os impérios do futuro são os
impérios da mente" (citado cm Gutemberg, 1993, p. 274). E o grande filósofo Confuncio dizia “Eu escuto e
esqueço, eu vejo e lembro, eu faço e compreendo'' (citado em Gutemberg, 1993, p. 274).

Ao ingressar no ensino de terceiro grau nas Universidades Federais, o aluno se depara muitas vezes com
um contexto totalmente diferente daquele vivenciado no primeiro e segundo graus, tanto no que se refere às
abordagens de ensino-aprendizagem (ver apêndice), como também relativas ao ambiente, isto é, a forma de
relacionamento entre colegas e entre o aluno e o professor.

Permanentemente observam-se alunos apáticos, desmotivados, desinteressados, com rendimento abaixo


do esperado, tanto do ponto de vista institucional (escola), quanto do ponto de vista especifico, isto é do
conteúdo estabelecido pelo professor.
Dai ocorrerem sucessivas queixas de ambas as panes. Entretanto, partindo-se do pressuposto de que o
docente tenha competência para seu desempenho, e que existam programas, objetivos e bibliografia definidos,
seria interessante buscar na pesquisa motivacional as verdadeiras razões para o comportamento de alunos e
professores.

Sabe-se que o comportamento humano é motivado pelo desejo de atingir algum objetivo e que nem
sempre esse objetivo é consciente. Acrescente-se que os objetivos podem ser extrínsecos ou externos, sendo
nesse caso, os incentivos ou estímulos; e os internos ou intrínsecos, que são os motivos. Motivo ou incentivo, o
certo é que quando o objetivo não é realizado gera frustração.

A frustração provoca comportamentos irracionais como agressão física, hostilidade, racionalização


(afirmação de que a não realização não foi por culpa sua), regressão (comportamento fora da idade cronológica)
ou fixação (apresentação repetida do mesmo padrão de comportamento). Por outro lado a participação, a
dedicação, a motivação são reações psicológicas e afetivas que mudam em determinado momento e em razão de
diferentes apelos.

A implantação de um programa de motivação na relação ensino-aprendizagem requer coerência entre a


filosofia adotada e as estratégias para adotá-la. A pesquisa motivacional poderá indicar ao professor qual o perfil
dos alunos e do grupo em geral, oferecendo alternativas de comportamento que contribuam para a efetivação de
objetivos e o aumento das relações interpessoais.

Assim, ela toma-se referencial para uma avaliação mais consistente do cliente-aluno e do que pode ser
oferecido a ele em termos de métodos mais diversificados. O aprendizado por experiência pode tomar-se uma
das chaves para romper as práticas herdadas do século XIX e partir para o século XXI.

BREVE DIGRESSÃO SOBRE ABORDAGENS DE ENSINO

O processo ensino-aprendizagem tem sido objeto de investigação de muitos educadores na tentativa de


buscar os melhores meios de otimizar o esforço do professor e a dedicação do aluno na captação, retenção e
multiplicação eficiente do conhecimento.

Algumas abordagens são apontadas pela pedagoga Maria das Graças Nicoletti Mizukami, que atua junto
a área de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, para responder à questão
básica, isto é, o que fundamenta a ação docente.

Na abordagem tradicional a prática educacional olha o homem como receptador passivo, no qual se
imprime progressivamente imagens e informações. O conhecimento é repassado principalmente pela exposição
verbal e as definições são progressivamente memorizadas. Todo processo reforça comportamentos automáticos,
estereotipados. A avaliação nesse modelo, visa a exatidão do conteúdo. Dai o exame passa a ser um fim em si
mesmo.

De acordo com essa abordagem o aluno não deve questionar o conhecimento do professor. Sendo assim,
o estudante não se responsabiliza pelo seu próprio crescimento e o mestre não procura identificar as diferenças
individuais entre os elementos da turma. Cria-se ent ão, uma relação de antagonismo entre educador e educando,
onde o primeiro impõe os padrões e conceitos e o último deve aceitar de forma passiva o que lhe é ensinado, o
que provoca desinteresse pelas atividades escolares.

Na abordagem comportamentalista ou behaviorista o conhecimento se dá através da descoberta, da


experimentação planejada, ordenando as experiências e relacionando os acontecimentos sucessivamente. O
mundo é a realidade objetiva já construído. O homem é conseqüência das influências do meio ambiente, logo o
comportamento pode ser mudado quando as condições se modificam.

O professor que adota esse enfoque deve planejar e desenvolver o sistema de ensino-aprendizagem. O
planejamento de contingências de reforços para a obtenção de comportamentos desejados e dos elementos
observáveis devem garantir a aprendizagem. A avaliação, ligada diretamente aos objetivos estabelecidos, è
realizada no decorrer do processo, fornecendo dados para o planejamento e para conhecer se os comportamentos
finais foram adquiridos pelos alunos.
Na abordagem humanista a proposta é de que a criança se desenvolva sem intervenções através de
relações interpessoais e do crescimento que dela resulta. O mundo è fenômeno subjetivo, construído a partir das
percepções, dos estímulos e das experiências próprias de cada um, o que leva á elaboração do conhecimento.
Nesse processo a auto-descoberta e a auto-determinação são características determinantes no processo educativo.
O professor não estrutura um método único para todos os alunos, mas responde a circunstâncias únicas de
relacionamento, sendo uru facilitador e encorajador da aprendizagem. A avaliação não obedece a esquemas
padronizados, sendo a auto-avaliação assumida pelo aluno.

Na abordagem cognitivista a aprendizagem é produto da capacidade do aluno de integrar informações e


processa-las, analisando o Homem e o mundo conjuntamente. Para Piaget o desenvolvimento do homem
depende de fases que se sucedem e se inter-relacionam, num processo progressivo de assimilação e acomodação
baseados na observação. O ensino tem que ser baseado no ensaio-erro, na pesquisa e na investigação. A
descoberta, feita através de desafios e não de rotinas, garante a compreensão, o conhecimento. A conversa, a
observação constante, as interrogações, são posturas desejadas do docente que orienta sem oferecer soluções
prontas.

A abordagem sócio-cultural enfatiza aspectos sócio-políticos-culturais. Surge após a Segunda Guerra


principalmente nos países do Terceiro Mundo, voltado para camadas sócio-econômicas inferiores, com o intuito
de fazer com que essas populações não apenas consumam mas assuma. O Homem é elaborador e criador do
conhecimento, inserido num tempo e espaço contextualizado do ponto de vista sócio-econômico-cultural e
político, enfim num contexto histórico.

Assim, quanto mais o homem reflete sobre a realidade mais ele se conscientiza e se compromete no
sentido de mudá-la. O conhecimento é inacabado, continuo, progressivo. Vai desde a consciência primitiva até o
desvelamento da realidade a uma esfera critica. O ensino deve proporcionar ao homem a busca da sua libertação
como cita Paulo Freire em sua pedagogia do oprimido. Uma pedagogia que fará da opressão a causa da reflexão
e do engajamento.

A educação é problematizadora ou conscientizadora, ao contrário da educação bancária (sistema de


créditos). E intencional no sentido de oferecer ao homem o real significado da palavra. O processo de avaliação é
mútua e permanente, verificando-se as dificuldades e progressos. Qualquer processo foral (notas, exames) deixa
de ter sentido nesta abordagem.

Assim, se professor e aluno se valorizarem, fazendo do processo de aprendizagem uma troca mútua,
certamente teremos estudantes mais comprometidos com o seu próprio desenvolvimento escolar, auto-avaliando-
se e descobrindo-se capazes de realizar trabalhos de qualidade, o que será de grande valia para o processo de
motivação.

A PESQUISA MOTIVACIONAL

A partir do que foi exposto, estabelecemos como objetivo desse trabalho dimensionar o pedi
comportamental do aluno para que possamos selecionar e utilizar técnicas motivacionais direcionadas ao grupo
estudado, buscando assim, o aumento da qualidade no ensino-aprendizagem. Para tanto, partiu-se da premissa de
que se o professor conhece o comportamento da turma com que trabalha pode envolver o grupo utilizando
técnicas de motivação, como pesquisa motivacional, direcionadas ao seu campo de estudo.

A pesquisa motivacional é um recurso usado na área de Recursos Humanos que tem por objetivo
procurar identificar os desafios mais motivadores para cada indivíduo, procurando adequar as pessoas aos grupos
e à Empresa na qual atua, a fim de que cada um possa desenvolver seu potencial da forma mais plena e agradável
possível. Ou seja, procura aumentar a produtividade individual e do grupo a partir da motivação despertada em
cada pessoa.

Segundo Bergamini ''(...) á medida que se conheça o comportamento de traços motivacionais de uma
pessoa, seu comportamento será mais facilmente compreendido e será possível reconhecer com maior margem
de aceno o porquê de determinados comportamentos aparentes" (Bergamini, 1993 p.70), Dessa forma torna-se
mais fácil orientar o crescimento individual, partindo-se das necessidades da própria pessoa, respeitando seu
ritmo e limitações.
Os instrumentos de pesquisa motivacional devem se adequar ao espaço, ao momento e ao grupo no qual
será aplicado, e ser orientado para o objetivo que se pretende atingir, Pode ser construído ou adaptado - a partir
dos já existentes pelo instrutor que irá utiliza-lo, de acordo com as necessidades identificadas.

Partindo do entendimento de que o ensino não é, apenas transmissão passiva de conhecimentos toma-se
necessário integrar o aluno ao processo de aprendizagem para que se consiga, o mais plenamente possível, a
assimilação do conteúdo disciplinar. Considerou-se, portanto, a hipótese de que o conhecimento comportamental
é base para escolha de técnicas e métodos de ensino adequados e. também, como forma de avaliar
individualmente o desempenho do aluno.

Para que possa buscar os meios e técnicas que motive seus alunos, envolvendo-os no curso, é preciso
que o professor organize primeiramente a si próprio. Deverá colocar claramente, para si e para os alunos, qual o
objetivo da disciplina, em qual prazo os itens deverão ser cumpridos, destacar os principais pontos do conteúdo e
estabelecer qual o desempenho mínimo que se espera de cada um. Estabelecido o objetivo, para alcança-lo torna-
se necessário, em primeiro lugar, disseminar entre o grupo a percepção de que o professor não é o único
responsável pelo aprendizado e que todos juntos formam uma equipe participante que busca maximizar o
aproveitamento do conteúdo disciplinar.

Em segundo lugar, o professor procurará, através da pesquisa motivacional ident ificar o perfil
comportamental do grupo. A partir dai é possível para ele definir, as técnicas e métodos mais adequados para
que aquela turma assimile o conteúdo disciplinar e atinja o objetivo desejado.

Instrumentos utilizados na pesquisa motivacional podem transformar-se, portanto, em ferramentas de


grande utilidade para o professor, que gostaria de conhecer os elementos do grupo com o qual vai trabalhar de
forma mais rápida e precisa. Tal importância evidencia-se no momento em que consideramos fatores tais como a
formação, a cada semestre, de turmas compostas por pessoas diferentes ou no caso do sistema de créditos,
contatos professor-aluno durante curto período de tempo.

Através da aplicação de ferramentas de pesquisa motivacional o professor poderá, por exemplo,


identificar os indivíduos com maior potencial de liderança e promover a coesão de grupos de trabalho.
Conhecendo o perfil comportamental do grupo com que trabalha poder tomar-se mais fácil estabelecer o grau de
desafio e a carga de pressão que estimula a turma, sem prejudicar seu desempenho.

Poderá perceber mais claramente quais técnicas de aprendizagem e avaliação e que formas de
recompensa melhor se aplicam ao grupo, permitindo o seu progresso e uma melhor assimilação do conteúdo da
disciplina. Finalmente, poderá orientar a participação dos alunos na tomada de decisões, desenvolvendo o
aprendizado progressivamente de acordo com o potencial do grupo.

Desenvolvendo o aprendizado dessa forma è possível ao professor buscar uma mudança na postura
estática e acomodada do aluno, adquirida ao longo do tempo devido a valores culturais que atribuem ao
professor o monopólio do saber e conferem ao aluno o papel de simples receptador das informações veiculadas
pelo mestre. O ambiente universitário deve estimular o raciocínio dos estudantes, tornando-os indivíduos com
visão critica, capazes de interferir, de forma saudável, na organização social. Educar não significa apenas
transmitir conceitos mas, principalmente, despertar o espírito empreendedor, tomando os indivíduos verdadeiros
cidadãos capazes de valorizar suas vidas e de sua comunidade.

Essa forma de encarar a formação escolar poderá auxiliar na solução de problemas típicos na escola
atual, tais como:

- saturação do aluno em relação à sala de aula, uma vez que a repetição de conceitos afastados da realidade
concreta, tomam a disciplina desinteressante ;

- explanação monótona por parte do professor, que repetindo sistematicamente o mesmo conteúdo, sem procurar
identificar-se com a turma, sente-se desestimulado, transmitindo esse sentimento para o aluno;

- no caso de oferta de curso noturno, o aluno desse turno normalmente enfrenta uma jornada de trabalho diária,
mostrando-se cansado e desinteressado para a atividade intelectual.
Sendo assim, justifica-se plenamente a utilização de técnicas de pesquisa motivacional que possam
tomar menos difícil atingir um aprendizado de qualidade, promovendo a assimilação do conteúdo disciplinar a
partir da motivação e integração do grupo de alunos e do conhecimento melhor, por parte do professor, dos
estudantes com quem vai trabalhar. Entretanto, não basta apenas tomar conhecimento do perfil comportamental
dos alunos. É preciso, a partir dai, estabelecer uma metodologia que estimule o grupo, motivando-o. É
necessário então que se compreenda primeiramente o que significa a motivação humana.

Muitos teóricos tentaram decifrar os motivos que impulsionam a ação humana nos diferentes setores e
estágios de sua vida. Entretanto, as diversas tentativas e ensaios teóricos apontam para explicações e abordagens
diversas que longe de colocar um ponto final sobre o assunto indicam o quanto ele é importante como motor que
acelera o comportamento.

Para Cecília Bergamini deve-se distinguir o que não é motivação. As teorias inspiradas no
condicionamento externo, levam ao comportamento reativo (estímulo-resposta, reforço positivo-reforço
negativo), ao movimento e não àquilo que se possa chamar de motivação. As recompensas e punições são frutos
das manifestações das variáveis existentes no ambiente externo. Assim, "as pessoas são colocadas em
movimento por uma seqüência de hábitos que são finito de um condicionamento imposto pelo poder das forças
condicionantes do meio exterior."(Bergamini, 1990, p. 26). As pessoas se movimentam e isso não representa
necessariamente motivação.

Os diferentes enfoques sobre motivação mostram que cada pessoa tem um perfil motivacional próprio,
tem o seu estilo de comportamento. Há uma tendência de esperar-se que os outros mantenham um esquema de
fatores motivacionais parecidos com os seus. Assim, conhecendo-se as necessidades de cada um, pode-se
determinar os fatores de motivação ou aquilo que fez com que ela permaneça motivada.

Dentro do processo motivacional as pessoas precisam colocar em ação suas habilidades, capacidades e
expectativas pessoais; a motivação sob este ângulo nasce das emoções. O meio externo pode servir como meio
para satisfazer uma necessidade interna, não um fim em si mesmo. O fator de satisfação está no meio externo,
mas as carências internas ditam o motivo.

Mas coma o homem é dinâmico na busca de sua auto realização ele sempre irá buscar dentro de si
novos motivos. A predisposição interna é que determina o que deve ser feito para evitar a desmotivação. As
recompensas e punições são fatores condicionantes que oferecem na prática maior rapidez em termos de reações
comportamentais, mas a verdadeira ação motivadora , mais complexa de ser pesquisada embora só ela consiga
levar as pessoas do "menos" para o ""mais".

A motivação e o conseqüente envolvimento dos alunos depende basicamente de Lima boa comunicação
entre eles e o professor. O objetivo, metas, forma de desempenho e avaliação, enfim tudo, deve ser comunicado
de maneira simples e direta para não gerar dúvidas e permitir um relacionamento seguro, baseado na confiança e
no respeito.

A mensagem direta entretanto, depende muito da postura do professor. Culturalmente, como se observa
na abordagem de aprendizado tradicional, estabeleceu-se que o papel do mestre na sociedade deve ser
autoritário, transmitindo conhecimentos que devem ser assimilados a partir de prêmios e ameaças. Assim, a
eficiência do professor vai depender da sua capacidade de fazer-se obedecer por seus alunos. Cabe também ao
docente a decisão sobre os métodos de ensino, que podem não se adequar ao grupo para o qual ele ensina, o que
pode desmotivar a turma, dificultando o processo de aprendizagem.

A proposta desse trabalho necessita de uma postura diferente, mais democrática por pane do professor,
que deve ser muito mais um líder, orientador do grupo para os resultados por ele definidos. O professor deixa de
controlar o grupo, passando a liderá-lo, assumindo o papel de influenciador ativo. Sua meta será então procurar
convencer a turma sobre a importância do que estão aprendendo, e não mostrar que sabe mais do que qualquer
um.

Esse processo de mudança na postura do professor, formado culturalmente para exercer um papel
autocrático, não ocorre rapidamente, sendo muitas vezes difícil sua adaptação. Por isso, è preciso que a direção
ou chefia internalize a idéia de mudança, exercendo-a e demonstrando ao docente que seu comprometimento
com essa transformação pode levá-lo a aproveitar melhor sua capacidade, muitas vezes, subutilizada. Seria
interessante iniciar o processo por grupos com maior disposição para mudanças que devem adequar-se às
características particulares de cada organização.

Da mesma fora, na sala de aula, a mudança de atitude dos estudantes não ocorre repentinamente, sendo
uma conquista constante de professor e aluno, que descobrem o quanto pode ser motivador e gratificante a
realização de trabalhos com qualidade.

As relações entre educador e educando, onde o primeiro exerce o papel de líder, baseia-se,
principalmente, na cooperação decorrente da troca de idéias e conhecimentos. O professor deverá delegar tarefas,
permitindo que o aluno possa sugerir e decidir, participando da organização do trabalho como um todo. Para
tanto, o professor na função de líder deverá instruir e orientar os elementos da turma, estimular opiniões e
questionamentos, objetivando incentivar a criatividade do grupo, estabelecendo prazos e permanecendo sempre
vigilante e disponível para ajudar e corrigir eventuais falhas. Realiza-se dessa forma a educação continua, que
envolve também o processo de avaliação constante.

A análise do desempenho pode transformar-se numa comunicação contínua, que indica aos alunos se
estão alcançando os resultados desejados, e possibilita ao professor perceber as falhas, podendo discuti-las e
remediá-las durante o processo de aprendizagem. Evita-se, assim, o acúmulo de erros que pode desestimular o
aluno impedindo-o de atingir os resultados desejados. Além disso, é muito mais desgastante corrigir erros
acumulados e já sedimentados, do que trabalhar uma correção continuamente durante o processo de
aprendizagem.

É preciso não esquecer, entretanto, que uma avaliação continua exige padrões e metas definidos com
clareza e precisão. Os padrões deverão ser parâmetros fixos e comuns a todo o grupo, significando o requisito
mínimo a ser atingido. As metas deverão ser fixadas individualmente, de acordo com o potencial de cada uru,
definindo o que seria desejável atingir. Dessa forma, espera-se que o desafio imposto leve cada elemento a
desenvolver seu próprio potencial.

O resultado dessa avaliação pode ser estimulado por recompensas tais como o elogio que deverá
entretanto ser justificado. Se for elogiado cada vez que obtiver resultados positivos, o aluno perceberá o
reconhecimento pelo seu esforço o que contribuirá para elevar sua auto-estima, incentivando-o. Embora a
recompensa seja vista, inicial e principalmente, como a aprovação na disciplina, é preciso ter claro que o
sentimento de orgulho pelo seu próprio trabalho é um prêmio muito importante.

“Todos nós precisamos de recompensas e, além disso, trabalhamos melhor quando podemos ter orgulho
daquilo que estamos fazendo. (...) E a força poderosa que está por trás de uma saudável auto-estima produzirá a
confiança e a criatividade necessárias para enfrentar os novos desafios que surgem constantemente durante o
percurso.'' (Carlzon, 1993, p. 108). Não se deve esquecer também de analisar adequadamente os dados obtidos
com a avaliação.

As aulas expositivas podem ser reduzidas, acrescentando-se trabalhos de campo, pesquisas de grupo,
tarefas em saia realizadas por equipes, dinâmicas de grupo, enfim uma metodologia mais diversificada que
apresente alternativas para o aprendizado, relacionando-o com a realidade. Troca de informações entre os
próprios alunos também podem favorecer a assimilação, pois como fazem parte do mesmo grupo, torna-se mais
fácil para aquele que sabe uru pouco mais transmitir o conhecimento para o outro que tem alguma dificuldade.

Através de uma metodologia diversificada é possível avaliar sistematicamente através de mensurações


individuais e em prazos mais curtos, considerando padrões tais como assiduidade, tarefas realizadas em grupo,
participação nas aulas e trabalhos. O ensino torna-se cumulativo, deixando de ser mecânico e superficial. O
trabalho em equipe deve ser estimulado pois uma vez que o aluno sabe que suas idéias podem ser aproveitadas
esforça-se mais, comprometendo-se em apresentar trabalhos qualitativamente melhores. O trabalho em grupo
deve despertar o sentimento de pertencer, de cooperação, para que o indivíduo possa crescer cada vez mais
dentro da comunidade.

Liberando a criatividade individual dos alunos, o curso poderá tornar-se muito mais interessante,
atendendo ás expectativas dos estudantes. O trabalho do mestre será então muito mais de criar ambiente propício
à formulação de idéias e orientá-las para o conteúdo da disciplina, desenvolvendo desse modo também o espírito
crítico do estudante. A formulação de estratégias a partir do grupo de alunos, orientados pelo professor toma-se
mais fácil quando o relacionamento não é rígido, facilitando a comunicação.

Por isso è necessário que o professor assuma postura democrática e se justifique com a turma, o que é
obtido mais facilmente quando são utilizadas técnicas para conhecimento do perfil comportamental dos
indivíduos. Nesse caso os métodos utilizados funcionarão como incentivo que buscam despertar reações internas
mais profundas, isto é, a motivação propriamente dita, existente em cada um.

Como os gostos, os interesses, os desejos, as convicções de cada um impulsionam-no a agir de


determinada maneira, a finalidade da pesquisa motivacional deve ser examinar cuidadosamente as diferenças
individuais, caracterizar a situação onde elas vivem, para que se possa tirar conclusões mais realistas sobre a
conduta e a motivação do ser humano. O resultado pode ser uma educação voltada para as conseqüências,
formando um cidadão capaz de ter sua própria opinião e respeitar a opinião dos outros, e não apenas simples
depositários de informações.

CONCLUSÃO

Conhecendo-se o perfil comportamental do aluno que cursa essa disciplina toma-se mais fácil
desenvolver seu potencial e orienta-lo para a área/função específica mais adequada ao seu estilo. Em relação a
sala de aula o professor pode definir métodos de ensino-aprendizagem que transmitam ao estudante mais
claramente formas de comportamento adequados como administrar conflitos, trabalhar em equipe, ter iniciativa
empreendedora, ser responsável, enfim, aspectos que ele irá vivenciar também no seu cotidiano profissional.

Dentro desta perspectiva a avaliação deverá ser feita sistematicamente para que se possa perceber as
dificuldades e corrigi -las. Um aluno assim acompanhado tenderá a despertar a sua motivação intrínseca, mais
duradoura, atendendo ao mesmo tempo os requisitos pedagógicos da disciplina e as demandas da empresa.
Assim, o aluno que estagia no campo mais adequado ao seu perfil, que, orientado sistematicamente através de
técnicas adequadas ao grupo qual está inserido, ficará mais satisfeito, tomando-se um estudante motivado, cujo
desempenho será melhor tanto na empresa onde estagia como em sala de aula, respondendo aos requisitos
pedagógicos da disciplina.

Atingindo de maneira mais satisfatória o objetivo da disciplina diminuí-se o grau de frustração dos
alunos e toma-se possível indicar a eles o melhor caminho a ser seguido depois de formados. Os estudantes
poderão no futuro definir por si mesmos os rumos profissionais que lhes proporcione maior satisfação e
realização pessoal.

Além disso, devemos evidenciar que no Curso de Administração devemos formar pessoas capazes de
organizar satisfatoriamente as empresas, dentro da sociedade. As rápidas mudanças que têm ocorrido nas
sociedades contemporâneas, exigem organizações capazes de satisfazer um cliente cada vez mais exigente.
Exercendo dentro da Universidade um trabalho voltado para a educação e treinamento contínuo e participativo,
orientado por um docente que é antes de tudo um líder, não só transmitiremos conceitos administrativos
modernos, como poderemos formar, a partir do exemplo e da prática, indivíduos mais críticos, atuantes e
participantes, que exerçam na sociedade um papel empreendedor, buscando transformações através de trabalhos
qualitativamente superiores.

BIBLIOGRAFIA:

ANDREOLA, Balduíno A. Dinâmica de Grupo: Jogo da Vida e Didática do Futuro. 9. ed., Petrópolis, Vozes,
1993.
ANTUNES, Celso. Manual de Técnicas de Dinâmica de Grupo, Sensibilização de Ludopedagogia. 7. ed.,
Petrópolis, Vozes, 1994.
BERGAMINI, Cecília W. Liderança a Administração do Sentido. São Paulo, Atlas, 1994.
___________. Motivação Mitos Crenças e Mal Entendidos. São Paulo, Revista RAE, abr/jun., 90.
___________. Motivação. 3. ed. São Paulo. Atlas. 1993.
CARLZON, Jan. A Hora da Verdade. 9a ed., Rio de Janeiro, COP, 1993
GUTEMBERG, B. de Macedo. Administração e Finanças, Informativo Dinâmico, mar/93.
MIZUKAMI, Maria das Graças N. Ensino: As Abordagens do Processo. 6a ed., São Paulo, Editora Pedagógica e
Universitária Ltda., 1986.
MOSCOVICE, F. Laboratório de Sensibilidade, Rio de Janeiro, FGV, 1995.
MURRAY, E. Motivação e Emoção, Rio de Janeiro, Zahar, 1967.
SAMPAIO, Guilherme de Figueiredo. Qualidade: Um imperativo para a educação. Universidade de Mogi das
Cruzes. Monografia de Especialização. Fonaleza, 1994. (Mimeo)
VALES, lzabete Maria. A importância da Pesquisa Motivacional para o trabalho. Tecnicouro, julho/93.

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