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Prof. Dr.

Josefina Barrera Kalhil

SEMINÁRIO DE METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO - MI


Seminário de Metodologia da Investigação
A Pesquisa Científica

Profª.Dra. Josefina Barrera Kalhil

OBJETIVOS

☺ Analisar o que é pesquisa científica;

y
☺ Definir e diferenciar as finalidades e tipologias de pesquisa;

A Pesquisa Científica
☺ Definir e diferenciar metodologia e métodos de pesquisa;
☺ Estruturar um projeto de tese.

NOÇÃO DE CIÊNCIA

A ciência é o conhecimento ordenado e mediado dos seres e suas


propriedades por meio de suas causas. O saber científico não aspira

y
Manaus, setembro de 2008
a conhecer as coisas simplesmente, mas sim pretende entender
suas causas porque dessa maneira se compreendem melhor seus
efeitos. Distingue-se do conhecimento espontâneo por sua ordem
metódica e a sua sistematicidade.

Mas, para conhecer as coisas a fundo precisamos utilizar a razão e


observarmos mais atentamente, e isto requer uma grande
dedicação, um trabalho constante, ordenado, metódico. Essas
idéias são as que distinguem o conhecimento científico do senso
comum.

A ciência é descritiva, explicativa, etc., investiga como é que são as


coisas, como atuam, como se relacionam, quando, como, onde,
por que. As ciências pretendem estabelecer-se, apoiadas em
conceitos gerais, nas características em comum das coisas e no que
se repete nos fenômenos.
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A ciência é um conjunto de conceitos e propriedades que convergem em um


objeto, e que contém explicações gerais e demonstrações a respeito deste.

A filosofia procura conhecer o mais profundo das coisas, enquanto que as


ciências particulares procuram as causas mais próximas.

Aristóteles definiu a ciência como um conhecimento certo pelas causas. Para ele
a ciência do ponto de vista subjetivo é um hábito intelectual especulativo e do
ponto de vista científico é um conjunto de conhecimentos.

CARACTERÍSTICA DO CONHECIMENTO CIENTIFICO

O conhecimento científico é um saber crítico (fundamentado), metódico,


verificável, sistemático, unificado, ordenado, universal, objetivo, comunicável (por
meio do cientista), racional, provisório e que explica e prediz fatos.

☺ O conhecimento científico é crítico porque tenta distinguir o verdadeiro do


falso. Distingue-se por justificar seus conhecimentos, por dar de sua
verdade, por isso é fundamentado, porque demonstra que é certo.
☺ Sua verificação é possível mediante a aprovação do exame da
experiência. As da verificação evoluem no transcurso do tempo.
☺ É sistemático porque é uma unidade ordenada, os novos conhecimentos se
integram, relacionando-se com os que já existiam. É ordenado porque não
é um agregado de informações isoladas, senão um conjunto de idéias
conectadas entre si.
☺ É um saber unificado porque não procura um conhecimento singular, mas
sim do geral ao abstrato, ou seja do que as coisas têm de idêntico e de
permanente.
☺ É universal porque é válido para todas as pessoas sem reconhecer fronteiras
nem determinações de nenhum tipo, não varia com as diferentes culturas.

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☺ É objetivo porque é válido para todos os indivíduos e não somente para um


determinado. É de valor geral e não de valor singular ou individual.
Pretende conhecer a realidade tal como é.
☺ É comunicável mediante as idéias científicas, que são precisas e
inequivocadas, compreensíveis para qualquer sujeito capacitado, que
poderá obter os elementos necessários para comprovar sua validez em
seus aspectos lógicos e verificáveis.
☺ É racional porque a ciência conhece as coisas mediante o uso da razão.
☺ O conhecimento científico é provisório porque a tarefa da ciência não se
detém, prossegue a fim de compreender melhor a realidade. A busca da
verdade é uma tarefa aberta.
☺ A ciência explica a realidade mediante leis, estas são as relações
constantes e necessárias entre os fatos. São proposições universais que
estabelecem em que condições acontece determinado fato, por meio
delas se compreendem fatos particulares. Também permitem adiantar-se
aos fenômenos, predizê-los. As explicações dos fatos são racionais, obtidas
por meio da experimentação.

Uma definição mais concreta é: "A ciência procura explicar a realidade


mediante leis, as quais possibilitam ir além de predições e aplicações práticas. O
conhecimento científico é um conhecimento objetivo e verificável, obtido
metodicamente, fácilde ser comunicado e construído com regras precisas e
explícitas onde se evita a ambigüidade e os sem sentidos das expressões."

Outra definição de ciência é a seguinte: “A ciência é o conjunto unificado de


conhecimentos e, a respeito das relações entre os fatos, retiram o chapéu
gradualmente ao irem se confirmando seus objetivos e prefições a partir de
verificação pré-definida”.

O VALOR DA CIÊNCIA

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Os pontos de vista sobre o valor da ciência são muito variados e até opostos:

☺ Para uns, a da ciência se resume a dar uma explicação possível dos fatos.
Se a ciência os explicar de maneira satisfatória para nossa razão, então a
forma com que se apresenta sua explicação é válida.
☺ Para outros, a ciência tem que nos oferecer um sistema único que decifre a
realidade que também é única. Não há duas realidades, por isso não
podem fazer duas explicações válidas da realidade. A ciência é uma
porque a realidade é uma. Para estas pessoas a ciência é cognitiva, aspira
a conhecer a realidade.
☺ Também há quem afirma que a função da ciência é prática: a ciência é
um instrumento para dominar a realidade.

VALOR EXPLICATIVO DA CIÊNCIA

Einstein comparava a ciência com uma novela policial. Trata-se de um mistério


não resolvido, do qual não podemos esperar que tenha solução. E isso se explica
a tudo o que existe. À medida que o lemos vamos conhecendo mais a respeito
de seus personagens, emocionamo-nos, descobrimos pistas, etc. Mas apesar de
que leiamos muito, estamos longe da solução e não sabemos se esta existe.
Podemos explicar certos episódios de maneira coerente, mas logo aparecem
outros que nos fazem trocar de parecer. Nas novelas policiais chega um
momento em que se dispõem de todos os dados, mas na realidade policial
nunca se dispõem de todos os dados. Tampouco se pode ir à última página para
ver a solução. A ciência tem que procurar os dados e ordená-los
coerentemente. Mas o cientista não conta com um crime já cometido, tem que
cometê-lo ele, para logo investigá-lo.

Para Einstein e para muitos homens da Ciência Contemporânea, o mistério será


sempre indecifrável.

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Há quem sustenta que a ciência não tem que dar uma explicação possível dos
fatos. Para estas pessoas (James Jeans, entre eles) o mundo físico tem uma
racionalidade que a ciência se esforça por descobrir.

VALOR ESTÉTICO DA CIÊNCIA

O que interessa ao homem da ciência é a beleza dessas relações que ao final se


estabelece. Isto não significa que a função da ciência se limite a contemplar
esteticamente a harmonia das relações pensadas pelo homem. A coincidência
dessa harmonia com a explicação do cientista, formam outra harmonia, mais
surpreendente que a do pensamento científico. Nessa harmonia se unem o belo
e o útil, e graças a ciência não é somente um jogo, mas sim se converte em um
instrumento para que o homem domine o mundo. A natureza devido a esta
harmonia se submete aos fins do espírito.

VALOR DESCRITIVO DA CIÊNCIA

A ciência deve limitar-se a nos dar uma clara e econômica noção dos fatos
positivos. Este ponto de vista é defendido por Mach em seu livro Das sensações.
Sustenta que a ciência tem que observar um só campo e trabalhar nele: o das
sensações, que é tudo o que podemos conhecer. Exista ou não um mundo
exterior, a ciência tem que limitar-se ao mundo das sensações. Neste mundo há
relações funcionais que o homem de ciência deve descobrir. Não é necessário
falar de causas nem de forças misteriosas, só devemos dizer acontece isto, logo
isto outro, etc. Podemos descobrir relações que nos permitirão prever que
acontecerá, mas nada mais.

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VALOR PRÁTICO E SOCIAL DA CIÊNCIA

Uma interpretação contemporânea atribui à ciência um simples valor


instrumental. Estabelece que uma teoria científica só tem o sentido que lhe dão
as conseqüências práticas que resultam delas e as leis científicas são
simplesmente de ação.

No século XIX, via-se a ciência como a possível salvação da humanidade. O


conhecimento científico é o único universalmente comunicável e o único
justificável porque não se funda na experiência privada. A unidade dos homens
só é possível através do pensamento científico, que, de uma vez, permitir-nos-á
dominar a natureza e libertará o espírito de toda estreiteza subjetiva.

OBJETIVIDADE DA CIÊNCIA

Na explicação dos fatos não deve intervir nada individual, nem preferências, nem
tendências nem aspirações, nem tampouco devem ser adicionadas sentimentos
a estes. A ciência quer ser conhecimento, pode que o homem de ciência seja
impulsionado por uma paixão, e pode ficar satisfeito com os resultados obtidos
mas o conhecimento mesmo não deve ver-se afetado por estes elementos.
Pode-se dizer que a busca do conhecimento é um ato de coragem porque terá
que sacrificar todo que não seja o da verdade.

Descartes disse que a ciência pretende conhecer as coisas como as conhece


Deus. Por esta afirmação recebeu críticas e elogios.

Tem-se dito que a ciência é ver a realidade através de uma maneira de pensar,
que as coisas não são o que elas são a não ser o que nós somos. Aqui intervém a
subjetividade.

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Mas a ciência trata de eliminar toda subjetividade. Terá que esclarecer que isto
não significa a eliminação do sujeito, mas sim que este intervém ativamente com
sua inteligência. Por ser uma criação do homem necessita de sua inteligência. A
eliminação da subjetividade significa uma eliminação dos elementos afetivos e
volitivos (da vontade). Estes não se tem que incorporar ao sistema de relações em
que consiste a ciência e não devem modificar o fim da ciência, que é conhecer
a realidade.

A ciência é objetiva, mas é um fato humano.

A objetividade possui características próprias que serão enunciadas a seguir:

☺ Conjunto de objetos estudados;


☺ Linguagem compartilhada;
☺ Metodologias rigorosas;
☺ Sujeitos que enunciam teorias e as controlam (científica).

O conjunto de objetos estudados está formado pelos dados exteriores ao sujeito,


de uma proposição a outra, independentes de quem as diz. São situações que
nada têm que ver com a subjetividade do investigador.

Utiliza-se uma linguagem composta por termos não equivocados (que tem um
único significado) e portanto é impossível confundir significados. Não dá lugar a
ambigüidade.

A ciência se dirige de uma maneira rigorosa. Necessita ter coerência em sua


parte teórica e adequar-se aos fatos em sua parte prática. Por meio de um
método estabelecido e seguindo certos passos se chegam aos resultados
procurados. Este método não pode ser aleatório, deve ser pré-estabelecido de
antemão, completo e de forma prolixa.

Os sujeitos que criam teorias e as controlam integram a comunidade científica.


Esta é uma comunidade disciplinada, onde seus membros estão capacitados

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para desempenhar-se nela. As teorias que criam são submetidas a crítica


intersubjetiva, por isso esta comunidade é garantia de objetividade. Pode
aprovar ou rechaçar o explicativo das teorias.

Mas com respeito a estas características, fazem-se objeções.

Existem teorias contrárias entre si e co-existentes. Isto nos faz pensar em como
podemos saber que teorias são validas e se há alguém qualificado para
estabelecer sua validez ou invalidez. Com o passar do tempo, vemos que umas
teorias se sobrepõem a outras, mas ao ter existido teorias vigentes
simultaneamente nos demonstra que há elementos que distorcem a objetividade.
As réplicas que se fazem a este ponto são que: apesar de que não haja acordo a
respeito do objeto estudado, este está formado por teorias e técnicas; há distintas
interpretações de um mesmo objeto de estudo; não existe alguém totalmente
equânime (justo, objetivo) e imparcial para decidir entre teorias rivais e que há
teorias vigentes que definem o objeto de estudo em determinado momento, mas
sua vigência seria arbitrária já que não há pautas para decidir entre teorias rivais,
nem tribunal que as julgue.

Em segundo lugar, é possível um compartilhamento a partir da intersubjetividade.


A teoria forma o objeto de estudo e também a linguagem científica, por isso o
dito no ponto anterior é válido também para este.

Em terceiro lugar, critica-se que o método é um meio e não se acessa a todos os


objetos pelo mesmo meio. O método deve ser rigoroso enquanto não signifique
ser intransigente. Como o método surge do sujeito, não outorga objetividade por
si mesmo.

E por último, expõe-se a comunidade científica: esta atua independentemente


como outras comunidades sociais?

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O METODO CIENTIFICO

Método é a forma ordenada de proceder para chegar a um fim. "Método


científico é o modo ordenado de proceder para o conhecimento da verdade,
nele âmbito de determinada atividade científica."

O método tem como fim determinar as regras da investigação e da prova das


verdades científicas. Engloba o estudo dos meios pelos quais se estende o espírito
humano e ordena seus conhecimentos.

Toda ciência tem seu método específico, mas podemos encontrar certas
características gerais. O conhecimento científico parte de princípios, sobre os
quais se apóiam duas atividades fundamentais da ciência:

☺ Os princípios se tiram da experiência, mas podem ser leis ou postulados;


☺ A partir dos princípios, a ciência usa a demonstração para obter
conclusões que formam o saber científico.

Vendo assim, a ciência é o conhecimento advindo de conclusões, obtidas


demonstrativamente a partir de uns princípios. O saber científico é uma ordem de
proposições, relacionadas entre si por elos demonstrativos. Os elementos mais
importantes do método são: a investigação experimental, os da demonstração e
o estabelecimento dos princípios.

Podem distinguir-se o método da descoberta ou da investigação, mais intuitivo e


desorganizado, onde se encontram a experiência, a razão, solução do trabalho e
quase todos os elementos lógicos da ciência.

A investigação compreende vários passos:

☺ Seleção e determinação dos problemas mais importantes;


☺ Estudo das possíveis causas , comparando distintas posições históricas ou de
outros autores ;

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☺ Formulação das conclusões seguras, diferenciando as das hipotéticas;


☺ Crítica das posições adversas.

Distingue-se o que vai das questões gerais à suas partes e a síntese que reconstitui
o tudo partindo dos resultados da análise.

O método científico compreende os passos lógicos e não simplesmente


temporários que integram o racional do saber: esta ordem pertence à ciência em
perfeito, já ordenada, fundamentada e pronta para ser ensinada.

CORRENTES DE PENSAMENTO:

☺ Positivismo,

☺ Marxismo,

☺ Fenomenologia e

☺ Estruturalismo

POSITIVISMO

☺ Augusto Comte (1789-1857), Herbert Spencer (1820-1903), Émile Durkheim


(1858-1917)
☺ Qualidade de ciência voltada para a enumeração e catalogação dos
fenômenos, que valoriza as relações quantitativas e numéricas e destaca os
fatos que possuem semelhanças entre si, que se repetem de modo
uniforme, passíveis de serem tratados estatisticamente.
☺ A valorização da experiência no processo científico conduz a um ponto
em que admitem somente o que pode ser testado, experimentado e
que pode ser comprovado.

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MARXISMO

☺ Karl Marx
☺ Concebe os fenômenos em análise como sendo históricos, dotados de
materialidade e movidos pela contradição: afirmação-negação-nova
afirmação
☺ O conhecimento é concebido como um movimento que se dá no marco
da luta de classes.
☺ Predomina a tese de que a ciência e a pesquisa afirmam-se como
fenômenos que contribuem para a manutenção da atual sociedade
capitalista.

FENOMENOLOGIA

☺ Husserl (1859 -1938)


☺ O pesquisador procura destacar as visões e vivências presentes na atitude
natural, sem as quais os símbolos e a linguagem da ciência não poderiam
dizer nada.
☺ Toda filosofia e toda ciência são construídas a partir e sobre o mundo
vivido.
☺ Toda produção do conhecimento em fenomenologia tem como meta
compreender um fenômeno em suas múltiplas determinações.

ESTRUTURALISMO

☺ Lévi-Strauss
☺ Uma parte só é cognoscível quando entendida em sua relação com as
outras partes de uma totalidade.

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☺ O pesquisador procura destacar as visões e vivências presentes na atitude


natural, sem as quais os símbolos e a linguagem da ciência não poderiam
dizer nada.
☺ Toda filosofia e toda ciência são construídas a partir e sobre o mundo vivido

O QUE É PESQUISA CIENTÍFICA?

Forma de observar, verificar e explanar fatos a respeito dos quais o homem


necessita ampliar sua compreensão, ou testar a compreensão que já possui a
respeito dos mesmos (GRESSLER, 2003, 42).

A expressão pesquisa científica significa os processos de estudo, experimentos,


conceitualização e prova de teoria envolvidos na criação de conhecimento
científico (GRESSLER, 2003, 42)

TIPOS DE PESQUISA CIENTÍFICA (ISAAC e MICHAEL, 1975)

☺ Pesquisa histórica
☺ Pesquisa descritiva
☺ Pesquisa desenvolvimentista
☺ Pesquisa estudo de caso
☺ Pesquisa correlacional
☺ Pesquisa causa-comparação
☺ Pesquisa experimental
☺ Pesquisa quase-experimental
☺ Pesquisa em ação

PARADIGMAS METODOLÓGICOS DA PESQUISA CIENTÍFICA

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ABORDAGEM QUANTITATIVA

☺ Há formulação de hipóteses;
☺ Definições operacionais de variáveis;
☺ Quantificação das coletas de dados e informações;
☺ Utilização de tratamentos estatísticos.

ABORDAGEM QUALITATIVA

☺ Não emprega instrumentos estatísticos como base do processo de análise;


☺ Busca descrever a complexidade de determinado problema, não
envolvendo manipulação de variáveis e estudos experimentais;
☺ Busca levar em consideração todos os componentes de uma situação em
suas interações e influências recíprocas, numa visão holística dos
fenômenos.

INSTRUMENTOS DE PESQUISA CIENTÍFICA

☺ Questionário
☺ Entrevista
☺ Observação
☺ Coleta documental

QUESTIONÁRIO

☺ Série de perguntas, elaboradas com o objetivo de se levantar dados para


uma pesquisa, cujas respostas são formuladas por escrito pelo informante,
sem o auxílio do investigador

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☺ VANTAGENS: versatilidade, pré-teste antes da aplicação, ausência de


pressão sobre o indivíduo,ordem regular das questões
☺ DESVANTAGENS: dificuldades em se obter a devolução, incapacidade do
questionado para dar informações, influência do questionário sobre o
respondente e dificuldades semânticas

ENTREVISTA

☺ Conversação com o propósito de obter informações para uma


investigação, envolvendo uma ou mais pessoas.
☺ Conversa orientada para um objetivo definido.
☺ Pode ser: Estruturada; Não estruturada; Semi-estruturada ou focalizada;
Estruturada ou padronizada; Entrevista com recursos visuais; Entrevistas
identificadas e assinadas.
☺ VANTAGENS: flexibilidade; o entrevistado fica dispensado da leitura das
questões;
☺ DESVANTAGENS: - tempo e dinheiro gastos durante a coleta de dados;
elementos não familiarizados com o processo da entrevista

OBSERVAÇÃO

☺ Técnica de dados para obter informações.


☺ Utiliza os sentidos para captar aspectos da realidade.
☺ A observação é a mais antiga e a mais moderna das técnicas de pesquisa
(GOODE e HATT, 1972:155)

TIPOS DE OBSERVAÇÃO

a) Segundo a participação do observador :

☺ participante,
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☺ não participante

b) Segundo os meios utilizados:

☺ Estruturada,

☺ não estruturada.

c) Segundo o número de observações:

☺ individual,

☺ em equipe.

d) Segundo o lugar onde se realizam:

☺ observação efetuada na vida real,

☺ observação efetuada em laboratório.

COLETA DE DADOS

Passos:

☺ identificação dos dados a serem coletados


☺ identificação da fonte e do período de coleta de dados

ELABORAÇÃO DOS DADOS

☺ Seleção - exame cuidadoso dos dados


☺ Codificação - operação técnica pela qual os dados serão caracterizados
☺ Tabulação - organização dos dados em tabelas, facilitando a verificação
de semelhanças, diferenças, relações e inter-relações entre os dados.

ANÁLISE DOS DADOS

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☺ Interpretação - verificação das relações existentes entre variáveis


☺ Explicação - esclarecimento sobre a origem das variáveis. É a expressão
das condições antecedentes e que levam ao fato.
☺ Especificação - explicitação até que ponto as relações entre as variáveis
dependente e independente são válidas.

Parte 2 – A Metodologia da Pesquisa

O PROBLEMA:

Ao analisar a atividade científica como processo, observamos que no plano


genético, o problema representa o elo do qual se parte, e também o final, já que
a investigação se dirige a resolvê-lo, transformando com isso a realidade. Assim, a
atividade científica está conscientemente organizada e dirigida à detecção e
solução dos problemas. Este pode enfocar-se como uma contradição ou
discrepância entre um estado atual e um estado desejado, a qual pode ser de
diversos tipos, tanto no plano cognitivo como no eminentemente prático. Por
exemplo:

☺ Contradição entre o conhecido e o desconhecido, entre o que se sabe e o


que se precisa saber.
☺ Contradição entre o que acontece, o que é, e o que deveria ser, o que se
espera.

A contradição se apresenta ante o investigador como uma interrogação que


deve ser resolvida e respondida através da investigação, como uma incógnita
que devemos limpar. Daí seu papel norteador em todo o processo.

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É indispensável que o problema esteja adequadamente fundamentado, ter


importância teórica determinada, metodológica ou prática, possibilidades de
solução; além disso, estar corretamente formulado em termos científicos.

FORMULAÇÃO DO PROBLEMA:

☺ Deve ser feita de maneira clara, precisa, específica.


☺ Utilizar términos e conceitos científicos que designem unívocamente aos
fenômenos
☺ Evitar términos vagos, imprecisos, que se emprestem a confusão ou a
interpretações subjetivas
☺ Refletir claramente na formulação se o problema for descritivo ou
explicativo

Pode resultar útil, com vistas a identificar e definir o problema, por isso, dar
atenção, inicialmente, aos seguintes aspectos:

☺ Descrever o problema em um breve parágrafo;


☺ Definir claramente qual é a discrepância existente entre o que acontece, a
situação atual, e o que deve ser (a situação desejada);
☺ Redigir a pergunta principal.

Estas questões primárias devem ampliar-se e enriquecer-se com o estudo


bibliográfico (documentário), o intercâmbio com peritos, e um estudo mais a
fundo, para procurar pontos de vista próprios, elaborar o marco teórico, etc.

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OS OBJETIVOS

São os fins que se perseguem com a investigação, pautando a intencionalidade.


Devem estar relacionados diretamente com o tipo de problema descritivo ou
explicativo e com a estratégia geral da investigação. Em sua formulação se
sugere ter em conta:

☺ expressão clara, precisa, sem termos vagos e sem julgamentos de valor;


☺ explicitar claramente os resultados a alcançar;
☺ relacionar lógicamente os termos do problema, a hipótese, as variáveis e a
relação entre estas.

O objetivo central ou geral (a finalidade) deve indicar a contribuição,


descoberta, solução ou resultado esperado ao finalizar a investigação.

A HIPÓTESE

Uma hipótese cientificamente fundamentada constitui uma provável resposta


antecipada ao problema, e se expressa em forma de enunciado afirmativo que
enlaça duas ou mais variáveis, descrevendo-as ou as explicando. Deve estar
fundamentada teórica, lógica e empiricamente. Deve ter uma formulação
adequada, um grau de generalidade, informação, capacidade de predizer e
confirmação empírica.

A hipótese se enuncia quando se deseja demonstrar a existência de uma


determinada forma de relação entre variáveis. Esta relação pode ser causal ou
de associação, ou seja, quando se expõe que uma variável está associada em
sua aparição com outra, o que não implica obrigatoriamente casualidade,
embora possa dar-se provavelmente em alguns casos.

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Atualmente se questiona se a formulação de hipótese deve ser ou não


obrigatória nas investigações nas ciências sociais e especialmente nas de corte
educativo. A resposta depende da singularidade de cada investigação e suas
finalidades. Se o objetivo for o estabelecimento de relações causais entre as
variáveis experimentais, as hipótese são indispensáveis para orientar o processo e
estruturá-lo seguindo a lógica demonstrativa (hipotético-dedutiva).

Outros autores expõem que as hipótese podem ser substituídas por tarefas
científicas ou idéias heurísticas, no caso em que se vá mais ao descobrimento
que à verificação de um suposto prévio. Isto acontece nas investigações
interpretativas/qualitativas e nas investigações participativas, onde podem
empregar-se supostas operações de trabalho. Quando as investigações são
exploratórias não se formulam hipóteses. No caso das descritivas, tampouco é
necessário.

Exemplo:

Problema: Que relação existe entre a motivação para o estudo e o rendimento


acadêmico?

Hipótese: Se os estudantes apresentarem um alto grau de motivação para o


estudo, então alcançarão um elevado rendimento acadêmico.

Unidades de observação: os estudantes.

Variáveis: motivação para o estudo e rendimento acadêmico.

Termos lógicos ou relacionáveis: Se... então...

Tipo de hipótese: explicativa ou causal.

Relação lógica problema-hipótese: pergunta formulada no problema constitui na


hipótese uma resposta possível e antecipada; aparecem em ambos as mesmas
variáveis e relações de causa-efeito.

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AS VARIÁVEIS DA INVESTIGAÇÃO

São aquelas características ou propriedades quantitativas ou qualitativas do


fenômeno estudado, que adquirem distintos valores, magnitudes ou intensidades,
variando em relação às unidades de observação.

Exemplos de variáveis podem ser: pertencer a um gênero, grupo social ou grupo


étnico, estado civil, estilo de aprendizagem, aproveitamento acadêmico,
coeficiente de desenvolvimento intelectual, motivação profissional, taxas de
fecundidade, mortalidade, natimortalidade e aborto, filiação política ou religiosa,
atitude para o aborto, estilo de direção, entre outras.

Alguns conceitos são criados ou adotados de forma deliberada e consciente


para um propósito científico especial. A partir dessa visão, todo constructo:

☺ Forma parte dos esquemas teóricos e está relacionado de várias maneiras


com outros constructos;

☺ Define-se e especifica-se para que se possa ser observado e medido.

TIPOS DE VARIÁVEIS

Algumas variáveis são dicotômicas, adotando dois valores mutuamente


excludentes, como é o caso do sexo (masculino ou feminino). Outras são
politômicas, quando adotam um conjunto de valores, por exemplo, a orientação
sexo-erótica (pode ser: heterossexual, homossexual ou bissexual).

Muitas vezes se tende a converter as variáveis contínuas em dicotômicas ou


politômicas, para os fins da medição. No caso da inteligência, pode-se
categorizá-la em alta, média, baixa, etc. Estas conversões são úteis, mas se
desperdiça informação. Por exemplo, a orientação sexo-erótica se move em um

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contínuo que vai da heterossexualidade exclusiva até a homossexualidade


exclusiva, passando por diversos pontos intermédios.

Por outra lado, não é possível converter uma variável dicotômica verdadeira em
contínua. Por exemplo, morto-vivo, empregado-desempregado. Mas, sim, é
possível converter uma variável contínua em dicotómica ou polit^^mica, como
assinalamos no caso da inteligência.

As variáveis contínuas são as que tomam um conjunto ordenado de valores


dentro de certa fila. Os valores refletem mais ou menos uma ordem hierárquica;
um maior valor da variável significa que a propriedade em questão se possui em
um grau superior.

As variáveis descontínuas ou categóricas são nominais, existindo dois ou mais


subconjuntos de objetos que se estão medindo. Categorizar significa atribuir a um
objeto a uma subclasse ou subconjunto, apoiando-se em que o objeto possua as
características que definem ao subconjunto (processo de tudo ou nada, o
indivíduo está vivo ou morto, é nativo ou estrangeiro, é homem ou mulher, etc.).
Estas variáveis não têm hierarquia, não há ordens de fila maior-que ou menor-que
entre as distintas categorias, e todos os membros de uma categoria têm igual
valor.

No problema, a hipótese deve ficar claramente estabelecido. Além disso, que


tipo de relação vai se estudar entre as variáveis:

☺ elos não causais: concomitância, freqüência, etc.


☺ elos causais: relações causa-efecto

No primeiro caso, investiga-se uma variável que fluctua em relação às unidades,


sem indicar qual é a causa (variável dependente). No segundo caso, estudam-se
os elos entre uma variável independente, que influi e exerce determinada ação
ou efeito sobre a dependente, a qual é o efeito ou conseqüência.

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A variável independente é a suposta causa da variável dependente, ou seja, a


que determina ou influi nesta, sua antecedente. A variável dependente é o
suposto efeito, que está causado, determinado ou influenciado pela
independente, quer dizer, o conseqüente.

Existem diferentes tipos de relações básicas entre estas variáveis. Por exemplo:

Caso 1: há uma relação direta, linear, entre VI e VD:

☺ VI causa, determina ou influi no VD.

Caso 2: existem variáveis intermédias que atuando sobre a independente,


causam, determinam ou influem na dependente:

☺ VI atuando sobre e operando através das variáveis intermédias, causam,


determinam ou influem no VD

Assim, um programa de educação sexual, atuando através dos conhecimentos,


atitudes e crenças das pessoas, influi ou determina na aceitação dos MAC e seu
emprego responsável.

Em um experimento, a variável independente é a manipulada pelo


experimentador. Por exemplo, a aplicação de uma determinada tecnologia, a
utilização de uma metodologia de ensino, etc. A dependente não é manipulada;
é observada, trata-se de explicar ou caracterizar. Outro exemplo: a
produtividade alcançada como resultado da nova tecnologia, o rendimento
acadêmico ou a qualidade da aprendizagem como conseqüentes do método
de ensino experiente, etc.

Diz-se então que as variáveis ativas são as manipuladas ou experimentais e as


atributivas são as variáveis medidas, os atributos que têm os sujeitos, fenômenos
ou processos.

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Uma vez estabelecidas as variáveis a estudar, terá que as definir, levando a cabo
uma conceptualização e uma operacionalização destas, ou seja, sua
interpretação teórica e sua interpretação empírica.

DEFINIÇÕES DAS VARIÁVEIS:

a) Definição conceitual

As variáveis devem ser definidas em um primeiro momento utilizando outras


palavras, como no dicionário. Por exemplo, a inteligência é conceitualizada por
Raven como a capacidade para atuar com propósito, pensar racionalmente e
trabalhar com idéias abstratas. Este tipo de definição se denomina constitutiva,
pois ao se utiliza de outros conceitos em lugar da expressão que se está definindo.

Um constructo é definido por meio de outros constructos. Conseqüentemente, a


conceitualização é o estabelecimento dos rasgos essenciais do objeto ou
fenômeno que varia, suas diferenças a respeito de outros, a partir das posições
teóricas adotadas.

b) Definição operacional

As variáveis podem ser também definidas expressando que ações, condutas, atos
ou sucessões implicam essas variáveis, ou seja, que esta seria uma definição
conductual, operacional ou observacional, que proporciona o significado a um
constructo ou variável especificando as atividades ou operações necessárias
para medi-lo.

Por exemplo, uma definição operacional da variável liderança grupal poderia ser
a quantidade de eleições que o indivíduo recebe de outros membros de seu
grupo ao aplicar-se os uma técnica sociométrica determinada. Portanto, a

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operacionalização é a interpretação ou tradução das variáveis em termos


empíricos, especificando os indicadores, símbolos ou índices empíricos que
revelam a presença de rasgos do fenômeno ou objeto que não podem ser
estudados diretamente.

Por exemplo, se se pretende estudar a variável identidade de gênero, parte-se de


uma conceptualização inicial como: a consciência e o sentimento de pertencer
a um determinado sexo (masculino ou feminino). Entretanto, é necessário
estabelecer uma definição operacional, onde se especifiquem quais são os fatos
diretamente observáveis e nedíveis que constituem indicadores da consciência e
o sentimento de pertencer a um determinado sexo. Pode-se então definir
operacionalmente que uma pessoa formou satisfatoriamente a identidade de
gênero quando, ante as perguntas de uma prova X, especialmente elaborada
ao efeito, responde que se identifica com o próprio sexo biológico a partir de
atributos essenciais e assinala sua estado de satisfação a respeito de pertencer
ao seu próprio sexo.

AS TAREFAS DA INVESTIGAÇÃO

Expressam as necessidades cognitivas e práticas que é indispensável resolver


para desenvolver o processo:

☺ Possibilitam organizar a ação em um planejamento.


☺ Permitem controlar e avaliar o processo inquiridor.
☺ Devem formular-se em função dos conhecimentos ou resultados parciais
que vão se alcançar com seu cumprimento.
☺ Sugere-se ter em conta ao as elaborar, cada uma das etapas da
investigação, podendo formular uma ou várias tarefas para cada etapa,
segundo as necessidades.
☺ É importante definir claramente o verbo para formular as tarefas.

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Por exemplo: na etapa exploratória, onde se realiza o estudo e processamento


da informação bibliográfica, a tarefa não deve formular-se nestes termos, pois
não oferece informação sobre o resultado parcial a alcançar, expresso em
termos cognitivos ou práticos.

DESENHO METODOLÓGICO

Uma vez concluída a precisão do desenho teórico da investigação, deve


elaborar-se o desenho metodológico, que inclui a definição da população e a
mostra selecionada, o esquema da investigação (métodos, técnicas,
procedimentos), e as alternativas para a valoração estatística dos resultados.

Observe o esquema a seguir sobre os componentes do Desenho Metodológico:

DESENHO
METODOLÓGICO

UNIDADES DE ESTUDO TRATAMENTO


E DECISÃO MOSTRAL ESTATÍSTICO DOS
DADOS

ESTRATÉGIA
INVESTIGATIVA
MÉTODOS, TÉCNICAS, E
PROCEDIMENTOS

UNIDADES DE ESTUDO E DECISÃO MOSTRAL

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A população é qualquer conjunto de elementos que tenha uma ou mais


propriedades comuns definidas pelo pesquisador, podendo ser desde toda a
realidade até um grupo muito reduzido de fenômenos. As unidades de estudo
são os elementos, fenômenos, sujeitos ou processos que integram a população,
por exemplo: estudantes, grupos de estudo, fatos, processos, casos, etc.

As unidades que conformam a população se determinam em função da


natureza da investigação e do desenho teórico adotado, tendo muito em conta
a finalidade consciente a conseguir.

Por exemplo: se o objetivo é desenvolver estratégias de intervenção em saúde


numa comunidade, com vistas a melhorar os conhecimentos e atitudes dos
casais a respeito do planejamento familiar, a unidade de estudo pode ser o
casal. Mas, se se trata de intervir nesta problemática atingindo toda a população
feminina, independentemente do estado civil, aqui a unidade seria a mulher.

☺ Das definições expostas previamente se derivam várias questões essenciais:


As dimensões quantitativas e qualitativas de uma população determinada
são estabelecidas ou prefixadas pelo pesquisador atendendo a: os
objetivos que persegue com seu trabalho científico e o alcance que
pretenda dar-lhe às conclusões da investigação.
☺ Toda população pode ser incluída em outra ou outras maiores, mas ao
mesmo tempo pode subdividir-se em subconjuntos menores, segundo os fins
específicos.
☺ É indispensável então partir de uma definição clara, precisa e inequívoca
da população a estudar, tendo em conta que as generalizações de cada
investigação se farão tomando esta como ponto de referência, e que a
ambigüidade ou imprecisão pode introduzir graves erros e tergiversações
na indagação, afetando a qualidade dos resultados.

Por exemplo, num censo nacional de população, assinalam-se os núcleos


familiares do país, que constituem as unidades de estudo da população ou

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universo. No entanto, é preciso esclarecer que se entende por núcleo familiar,


seja uma casa, um departamento, uma garagem fechada, uma moradia
dividida entre várias famílias, etc.

Em muitas investigações no campo das ciências sociais, pode ser de grande


utilidade para a definição da população, o recurso de listagens, relatórios
estatísticos, demográficos, censos, as planilhas das instituições, etc.

O estudo exaustivo de populações complexas costuma ser custoso e complexo,


com elevados investimentos em recursos humanos e econômicos. É por isso que
nas investigações científicas não se trabalha pelo geral com todo o grupo
populacional, senão que se escolhe uma parte de dito grupo, e sobre a base dos
resultados obtidos, elaboram-se conclusões generalizadoras extensivas à
população de origem.

A amostra é um grupo relativamente pequeno de unidades de população, que


supostamente representa em maior ou menor medida as características de dita
população.

A amostragem se refere àquelas técnicas e procedimentos utilizados para a


seleção de uma amostra (não confundir com mostra) a partir de uma população
dada.

O emprego da amostragem como procedimento consciente e planificado, é


relativamente novo no campo das ciências. Antes do presente século, os casos
em que se empregaram deliberadamente planos de amostragem foram
excepcionais. Mas, a partir de 1920 começou o desenvolvimento sistemático dos
métodos e técnicas de amostragem, o qual ocorreu inicialmente nas ciências
naturais, fazendo-se depois extensivo às sociais.

Atualmente a amostragem, é parte essencial de toda estratégia científica de


investigação, porquanto apresenta diversas vantagens como:

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☺ implica economia de tempo, de recursos materiais e esforços humanos,


contribuindo assim ao uso racional do potencial científico técnico, e;
☺ permite um estudo mais profundo, com a utilização de maior variedade de
métodos, dedicando mais tempo à investigação de cada caso. Em
conseqüência, podem obter-se dados de maior riqueza do que os
recopilados através do estudo de populações completas, onde, por razões
óbvias, não é possível um grande aprofundamento, sendo mais superficiais
as indagações.

A qualidade da informação obtida no trabalho com amostras e sua


correspondência com as características da população, não depende, como
muitos crêem, do tamanho da amostra, senão da forma em que é selecionada,
ou seja, das técnicas de amostragem empregadas.

A amostra deve ser escolhida de forma tal que os resultados baseados em seu
estudo correspondam com os que se obteriam se fosse estudada toda a
população. Há que se ter presente que é necessário tomar uma decisão
importante baseada nos resultados: uma diferença notável entre os dados da
população e a amostra pode alterar o valor das conclusões.

A seguir, examinaremos as possibilidades e limitações que oferecem as diferentes


técnicas de amostragem.

PROBALILÍSTICAS NÃO PROBABILÍSTICAS

1. Amostragem Aleatória Simples 1. Amostragem Acidental


2. Amostragem sistemática 2. Amostragem sistemática
3. Amostragem por cotas 3. Amostragem por cotas
4. Amostragem por conglomerados 4. Outras

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As técnicas probabilísticas garantem que cada uma das unidades da população


tenha a mesma probabilidade estatística de pertencer à amostra ou seja, que se
baseiam no suposto de equiprobabilidade (cada elemento ou sujeito da
população tem a mesma probabilidade de ser eleito para integrar a amostra) e,
nestes casos, a amostra se considera autoponderada, e os resultados são
representativos. Depois, existe uma maior segurança de que a amostra reproduza
as particularidades da população sendo, portanto, representativa desta.

Amostragem aleatória simples:

É o esquema básico de todo amostragem probabilística, onde o procedimento


assegura a cada sujeito da população uma oportunidade igual de integrar a
amostra. Esta técnica pode ser empregada para selecionar amostras a partir de
populações de qualquer tamanho, e independentemente da quantidade de
sujeitos da amostra. Entretanto, há que se ter em conta dois requisitos
fundamentais:

☺ Estabelecer uma definição precisa da população, conformando a


correspondente listagem de todas as unidades de estudo, e;
☺ Eleger e utilizar com rigor o procedimento adequado para a seleção da
amostra, tendo-se em conta:

que seja singelo,


que cumpra a presunção de equiprobabilidade, e;
que se instrumente segundo seu algoritmo próprio, pois caso contrário
estaríamos introduzindo fatores de enviesamento na mostra e se
perderia a equiprobabilidade.

O procedimento mais conhecido de amostragem aleatória simples consiste em


atribuir a cada elemento ou unidade da população um número único, e a partir

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desta listagem se faz um sorteio ou se utiliza uma tabela de números aleatórios,


selecionando os casos até chegar ao tamanho desejado da amostra. Esta via é
longa e tediosa, sobretudo quando a população é grande, ainda que na
atualidade existem softwares estatísticos cuja utilização possibilita suprir o trabalho
manual.

No caso de empregar o sorteio, podem anotar-se em porções idênticas de papel,


os números atribuídos a cada membro da população. Os papéis se dobram e se
introduzem num receptáculo (caixa, pote, vasilhame, ou similar como aqueles em
que são depositados cédulas para votação) extraindo a quantidade
correspondente ao tamanho desejado da amostra.

Amostragem sistemática:

Constitui uma variante do procedimento anterior, mas mais rápido e fácil de


aplicar. Divide-se o número de elementos da população entre o número de
sujeitos que se desejam integrem a amostra. O resultado nos oferece o intervalo
que devemos utilizar, por exemplo:

População: 500
Mostra: 50
ହ଴଴
Intervalo: = 10.
ହ଴

Deste modo, escolher-se-á sistematicamente a cada décimo sujeito da


população (listagem) até chegar à quantidade desejada. O primeiro caso deve
assegurar tomar-se da listagem por sorteio.

Amostragem estratificada:

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Permite assegurar e aumentar a representatividade da amostra a nível de certos


subconjuntos da população estudada. Divide-se à população em determinados
estratos, por exemplo, a) alunos de maior aproveitamento docente, b) alunos de
médio aproveitamento e, c) alunos de baixo aproveitamento, e se obtém
aleatoriamente uma amostra de cada estrato, através de um dos procedimentos
antes descritos. O fundamento desta técnica consiste então em subdividir a uma
população heterogênea em subpopulações ou estratos homogéneos, o que
permite incrementar o grau de representatividade e possibilita utilizar mostras
menores.

Amostragem por conglomerados:

Em vez de selecionar indivíduos, escolhem-se conglomerados, ou seja, grandes


grupos de elementos que podem incluir, por exemplo, grupos de jovens
pertencentes a uma escola, áreas geográficas, municípios, departamentos,
organizações, etc. Estes conglomerados são selecionados aleatoriamente e se
procede a estudar cada um dos elementos que os integram. Se por exemplo,
pretende-se pesquisar o desenvolvimento da linguagem infantil nas zonas rurais,
parte-se de uma listagem de todas as zonas existentes, seleciona-se a amostra
que abarcará as ditas zonas (conglomerados) e finalmente se procede a estudar
a cada uma das pessoas das zonas escolhidas.

Um procedimento mais complexo pode incluir a seleção inicial dos


conglomerados, sua estratificação no suposto caso de que sejam grupos de
grande tamanho (ou se o estudo o requer) e posteriormente se determina a
amostra dentro de cada estrato pelos procedimentos antes mencionados.

TÉCNICAS NÃO PROBABILÍSTICAS

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As técnicas não probabilísticas são aquelas que não asseguram a probabilidade


que tem cada unidade da população de ser incluídas na amostra. Portanto, não
se obtém nestes casos a equiprobabilidade nem a representatividade da
amostra. Com estes procedimentos, tende-se a sobre-representar ou a sub-
representar determinados elementos da população. No entanto, às vezes,
constitui a única forma possível de coletar dados devido às dificuldades e aos
custos das técnicas probabilísticas.

Amostragem acidental:

Incluem-se na amostra todos os elementos ou casos disponíveis, selecionando-os


arbitrariamente sem ter em conta técnica especial alguma, até chegar à
quantidade desejada. Por exemplo, tomam-se as 100 primeiras pessoas que
aceitam ser entrevistadas na via pública.

Por suposto, esta amostragem não garante a representatividade da amostra, mas


pode utilizar-se em casos onde esta questão não constitua um requisito, ainda
que não podemos esquecer que se se utiliza uma amostra acidental, somente
pode desejar-se que o engano não seja demasiado grande.

Amostragem intencional ou deliberada:

A tese básica que a sustenta consiste em que o bom juízo possibilitaria escolher os
integrantes da amostra: o pesquisador seleciona explicitamente certo tipo de
elementos ou casos representativos, típicos ou com possibilidades de oferecer
maior quantidade de informação. Os casos se determinam a partir de uma
população dada, até chegar à quantidade estimada como necessária.

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A experiência demonstra que, sem ter uma experiência objetiva prévia para
emitir os juízos, esta técnica não oferece resultados confiáveis, portanto se faz
necessário dispor de alguns dados e comprovações externas que demonstrem a
suposta representatividade. Por exemplo, nas enquetes eleitorais se emprega
muitas vezes a amostragem intencional, selecionando um determinado número
de pequenos distritos eleitorais cujos resultados em anos anteriores se
aproximaram aos do estado, e se entrevistam então a todos os possíveis eleitores
que votariam naquela sigla de partido ou cansidato.

Amostragem por quotas:

Emprega-se quando se conhecem as características específicas da população,


tratando de incluir todos os indicadores representativos a estudar. Desta forma se
incorporam à amostra todas aquelas pessoas que se consideram pertencem às
categorias do objeto de estudo, fixando uma quota para cada subgrupo.

Por exemplo: se a população está constituída por 51% de mulheres e 49% de


homens, seleciona-se uma amostra integrada pelas respectivas quantidades
proporcionais; neste caso, parte-se do suposto de que a característica que vai
estudar está estreitamente relacionada com o pertencente a um sexo, daí a
importância de considerar a composição por sexos.

A amostragem por quotas tem como condição básica que os diferentes grupos
apareçam na amostra segundo as proporções corretas, sendo imprescindível
apoiar-se em investigações precedentes que ofereçam dados gerais a respeito
da composição da população, caso contrário é impossível estabelecer as
quotas.

Esta técnica é uma variante da acidental, já que uma vez determinado cada
estrato, bem como a proporção e quantidade de casos, as unidades são eleitas
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acidentalmente, já que o único fim é conseguir a correspondente quota;


portanto, não se recomenda seu emprego quando se requer grande precisão
nos resultados, mas pode resultar de utilidade para atingir metas práticas e
conclusões globais.

Tamanho da amostra:

Esta é uma questão essencial que preocupa a todos os pesquisadores, e para o


qual não existe uma resposta exata na que concordem critérios unânimes; no
entanto, existem alguns pontos nos quais todos concordam: em primeiro lugar, o
critério para determinar o tamanho da amostra deve ser no fundamental
qualitativo, ou seja, que deve analisar-se as características da população e os
objetivos propostos.

Se a população é muito heterogênea, impõe-se uma amostra maior do que


quando se é homogênea. Se nosso estudo só procura um conhecimento global,
que não requeira grande precisão nas generalizações, então pode também
realizar-se numa amostra mais restrita. Mas se precisamos maior segurança e
exatidão para fazer generalizações significativas, deve ser maior.

Estatisticamente, estabelecem-se limites percentuais na proporção que deve


guardar a amostra em relação com o tamanho da população; em termos gerais,
considera-se que o limite mínimo de confiabilidade se situa nos 10% da
população. Abaixo deste valor, considera-se que a amostra não é representativa,
ainda que se selecione com técnicas probabilísticas. Acima dos 10%, a
confiabilidade aumenta, ainda que nunca será realmente alta quando se
trabalha com amostras não probabilísticas.

Do mesmo modo, em populações muito heterogêneas se requer incrementar a


proporção, e pelo contrário, a homogeneidade possibilita uma amostra menor.

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ESTRATÉGIA INVESTIGATIVA

Segundo enfatizamos, o método científico é a estratégia geral que orienta e


permite organizar globalmente a atividade científica, e sobre tais fundamentos se
seleciona em cada investigação uma estratégia contextualizada de acordo com
as condições específicas predominantes, atendendo à história do problema e o
conhecimento acumulado com respeito a este, bem como aos fins propostos.

Neste sentido, diferenciam-se três estratégias fundamentais, que de acordo com


G. Osipov, possibilitam estruturar o correspondente plano estratégico de corte
exploratório, descritivo ou experimental:

TIPO DE DESCRITIVA EXPLORATORIA EXPERIMENTAL


ESTRATÉGIA EXPLICATIVA
Conhecimentos Suficiente para Insuficiente (pouca Suficiente para
precedentes a propor uma hipótese ou nenhuma propor uma
respeito do a nível descritivo. literatura científica). hipótese a nível
problema:
explicativo.
Representação Clara no referente à Não clara. Clara no referente
do problema: caracterização do aos nexos internos
fenômeno em seus do fenômeno.
aspectos externos.

Objetivos da Estabelecimento Formulação Estabelecimento


investigação: de caracterizações precisa do de vínculos
estruturais e problema, causais, leis,
funcionais, a hipótese, mecanismos
correlações, os métodos e internos de
classificações. procedimentos. funcionamento.

MÉTODOS, TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS:

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Como parte do desenho metodológico é necessário determinar os métodos, as


técnicas e os procedimentos a empregar pelo pesquisador. Como é conhecido,
existem os métodos teóricos e os empíricos, todos os quais detalharemos mais
adiante.
Os aspectos fundamentais a considerar no momento de selecionar os métodos
são os seguintes:

☺ Correspondência com o desenho teórico.;


☺ Estratégia investigativa selecionada;
☺ Características da mostra (idade, gênero, fatores socioeconômicos e
condições para a aplicação da metodologia).;
☺ Emprego dos necessários, essenciais e suficientes para obter as evidências
significativas, utilizando para sua seleção um critério de sistema;
☺ Desenho de cada um dos métodos e técnicas, atendendo a:

objetivos específicos (segundo os indicadores a avaliar);


procedimentos de aplicação;
consignação ou demanda de cooperação;
redação dos instrumentos (roteiro);
condições de aplicação.

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Parte 3 – Projeto de Teses

Tese

Instrumento que contém as linhas básicas, as idéias principais da pesquisa que se


tem em mente; não há necessidade de estender-se em minúcias, apresentar um
plano completo de trabalho (ANDRADE, 2002:99)

Segundo ANDRADE(2002) as informações necessárias para um projeto de


pesquisa são:

☺ título, ainda que provisório;


☺ delimitação do assunto;
☺ objetivos gerais e específicos;
☺ objeto da pesquisa;
☺ metodologia;
☺ cronograma, orçamento, bibliografia básica.

Esquema básico para Projeto de Pesquisa


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1. Título do trabalho – corresponde ao tema e deve obedecer aos critérios de


relevância, viabilidade e originalidade.
2. Delimitação do assunto – determinar o tipo de enfoque, bem como sua
extensão e profundidade.
3. Objetivos – esclarecer o que se pretende, quais os resultados que se espera
obter.
4. Justificativa – por que foi escolhido o tema, qual sua relevância e
contribuição.
5. Objeto da pesquisa/universo da pesquisa – a que se refere o trabalho, qual
seu objeto, quais os sujeitos que serão investigados (no caso da pesquisa de
campo)
6. Metodologia – quais os métodos e técnicas que serão utilizados na
pesquisa. É aconselhável incluir um roteiro com as principais etapas da pesquisa.

7. Cronograma – qual o tempo necessário, aproximadamente, para desenvolver


cada etapa da pesquisa; discriminar quantas semanas ou meses serão destinados
a cada etapa.

8. Orçamento – especificar os recursos humanos e materiais indispensáveis para a


execução do projeto, com uma estimativa dos custos, quando este item for
necessário.

9. Bibliografia básica – lista bibliográfica que contenha obras referentes aos


pressupostos teóricos do tema, ou a seu embasamento teórico. Esta bibliografia
não precisa ser exaustiva, completa, mas deverá ser organizada de acordo com
as normas da ABNT.

Para SEVERINO (2002), a pesquisa deverá conter vários elementos, que comporão
o seguinte roteiro:

☺ Título da tese;
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☺ Delimitação do tema e do problema;


☺ Apresentação das hipóteses;
☺ Explicitação do quadro teórico;
☺ Indicação dos procedimentos metodológicos e técnicos;
☺ Cronograma do desenvolvimento;
☺ Referências bibliográficas básicas.

Para MINAYO(1994, 35), o projeto de pesquisa é o mapeamento de um caminho


a ser seguido durante a investigação. Um dos modelos operacionais, segundo a
autora, incide:

1)Primeira página

☺ na margem superior, o nome do projeto;


☺ no centro, o nome do autor do projeto;
☺ na margem inferior, os dizeres “Projeto de Pesquisa Apresentado (nome da
instituição) Como Requisito Parcial à Obtenção (de título tal, de
financiamento)”.
☺ no extremo da margem inferior, o local, o mês e o ano.

Obs: o título deve ser a síntese da investigação proposta.

2) Na segunda parte deverá constar um índice com os capítulos ou itens e as


respectivas páginas.

3) Da terceira página deverão constar os temas:

☺ Delimitação do problema;
☺ Objetivos;
☺ Justificativa;
☺ Base Teórica e Pressupostos Conceituais e Hipóteses (ou questões e
pressupostos);
☺ Metodologia;

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☺ Cro
onograma
a;
☺ Esttimativa de
d Custos;
☺ Bib
bliografia;
☺ An
nexos.

Pode-se ainda utilizar a estrrutura indiicada pella ABNT:

Elem
mentos
Pré-te
extuais

Elementos
Elemenntos
P
Pós-
Textuais
tex
xtuais

Elemento
os Pré-texttuais:

☺ Falsa folha de
d rosto;
☺ Follha de rossto;
☺ Listtas: tabela
as, gráfico
os, símbolos, figurass;
☺ Resumo.

Elemento
os Textuaiss:

☺ Intrrodução;
☺ De
esenvolvim
mento;
☺ Co
onclusão;
☺ Referências bibliográficas.

Elemento
os Pós-tex
xtuais:

SEM
MINÁRIO DE
D METODO
OLOGIA DA
A INVESTIG
GAÇÃO - MII
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☺ Bibliografia;

☺ Anexos

Estrutura:

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Como citar as Referências Bibliográficas na Pesquisa (ABNT):

Livros:
Ë Até 3 autores:
ARAÚJO, Fernando; MEDEIROS, Cláudio; MOTTA, Luís. A criança e a escola. Porto
Alegre: Duplex, 2001. 78 p.

Ë Mais de 3 autores:
CORREA, Marcelo. et al. Como interpretar o choro do bebê. Porto Alegre: Luzes,
2000.

Ë Organizador – Coordenador - Compilador – Editor:


BROOKESMITH, Peter (org). O impossível acontece. São Paulo: Círculo do Livro,
1984.

MELO, M.H. (coord). Meu encontro comigo mesma. Porto Alegre: Continental,
2000.

FIGUEIREDO, A.(comp); COUTINHO, R.; FREITAS,D. Os segredos de nosso diário.


Caxias do Sul: Moacara, 2001.

COUTINHO, H.(ed); SODRÉ,C.;WEBER,M. A construção do saber. Campinas:


Mundial, 1992.

Ë Sem autoria:
TÍTULO (a 1ª palavra escrita em letras maiúsculas, incluindo partículas)

A GRANDE Magia do Circo. São Paulo: Contrex, 1987.

OS DESENCONTROS de dois irmãos de sangue. Rio de Janeiro: Santana, 1988.

PELOS CAMINHOS do Pago. Osório: Candeias, 1999.

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Ë Autor Entidade:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e
documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro: 2000.

BRASIL. Ministério da Justiça. Relatório de atividades do ano de 2000. Brasília,


Imprensa Nacional, 2000. 125p.

BIBLIOTECA NACIONAL. Relatório da Diretoria Geral.Rio de Janeiro, 1999.

Ë Congressos – Simpósios – Seminários, etc


TÍTULO DO EVENTO, n° do evento (arábico), local e data do evento. ano.

SEMINÁRIO GAÚCHO DE CRIADORES DE ABELHAS, 4, Porto Alegre, 18 jan. 1999. (...)

CONGRESSO BRASILEIRO DE ESCRITORES, 3, São Paulo, 25 fev. 2000. (...)

Ë Imprenta
Local: Editora, ano.
Na falta do local: [s.l.] → ... [s.l.]: Artmedia, 2000.
Na falta da editora: s.n. ou s.ed. → ... Porto Alegre:[s.ed.], 2000.
Na falta da data: s.d. → ... Porto Alegre: Artmedia, [s.d.]

Periódico:
INFORMAÇÃO E CULTURA. Porto Alegre: Diretório Estadual de Cultura, 1976 – 1989.
GLOBO RURAL, São Paulo: Rio Gráfica, 1985 - . → publicação ainda em vigor.

Ë Volumes:
RONDON, M; RICHTER,A. Trabalho repetitivo:pavor ou paranóia? São Paulo:
Viegas, 1983. 3v.

Ë Parte de uma obra:


WORM, G. Reprogramando atitudes. In: Coletânea de Atitudes Positivas. Santos:
Fulgor, 1998. p.31-43.

Ë Séries e Coleções:
CARVALHO, M. Guia Prático do Alfabetizador. São Paulo: Ática, 1994. 95 p.
(Princípios, 243)

MIGLIORI, R. Paradigmas da Educação. São Paulo: Aquariana, 1993. 20 p. (Visão


do Futuro, v.1).

Ë Ordenação das Obras (NBR 6023/2000):


Ordem alfabética de autores; Quando o autor for indicado mais de uma vez, seu
nome pode ser substituído por um traço (de 6 espaços); O mesmo ocorre para
quando o título da obra é repetido.

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JAKOBSON, R. Lingüística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1985.


______. Diálogos. São Paulo: Cultrix, 1985.
______. ______. 3.ed. São Paulo: Cultrix, 1985.

Ë Tradução:
PAWELS, L., BERGIER, J. O Despertar dos Mágicos. Traduzido por Gina de Freitas.
São Paulo: Círculo do Livro, 1985. Tradução de: Le matin dês magiciens.

Ë Monografias – Teses – Dissertações:


SANTANA, Maria Eugênia dos Santos. O Estudo de Textos em Turmas Iniciais de
Segundo Grau em Escolas de Periferia de Porto Alegre: uma experiência em
contextos diferentes. Porto Alegre: UFRGS, 2000. Dissertação (Mestrado em
Educação), Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
2000.

Ë Relatórios de Estágio ou de Pesquisa:


TEDESCO, Paulo Ricardo Oliveira. Conversação: Uma Proposta Alternativa para o
Ensino de Língua Inglesa no Ensino Médio. Porto Alegre: FAPA, 1992. Relatório de
Estágio.

Ë Manuais – Catálogos – Almanaques:


RIO GRANDE DO SUL. Secretaria do Meio Ambiente. Divisão de Planejamento de
Parques Praças e Jardins. Estudo de Impacto Ambiental na Zona Sul da Capital.
Manual de Orientação. Porto Alegre: CORAG, 2000.

Ë Dicionários:
FERREIRA, A.B. de H. Novo Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo:
Melhoramentos, 1973.

Ë Coleção de revistas:
BOLETIM GEOGRÁFICO. Rio de Janeiro: IBGE, 1943 – 1978.

Ë Leis, emendas e afins:


BRASIL. Decreto-lei n. 2423 de 7 de abril de 1988. Estabelece critérios para
pagamento de gratificações e vantagens pecuniárias aos titulares de cargos e
empregos da Administração Federal direta e autárquica e dá outras
providências. In: Diário Oficial da União, Brasília, v.126, n. 66, p. 6009, 8 abr. 1988.
Seção 1.

PORTO ALEGRE. Lei Orgânica do Município. Porto Alegre: Câmara Municipal, 1990.

Ë Anais, Recomendações de Congressos, Seminários, Encontros:

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NOME DO EVENTO, n° do evento (se houver, em arábico), ano, local de


realização do evento. Título. Local de publicação: editor, ano.

CONGRESSO ULTRAMARINO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 5, 1999, Florianópolis, Anais.


Florianópolis: Ed. Sol e Mar, 1999.

Ë Trabalhos publicados em Anais de Eventos:


Autor. Título do trabalho e subtítulo (se houver). In: referência da publicação, ano,
local. Anais. Local: promotor do evento, ano. Pág. Início – fim.

FERNANDES, Maria Helenara. O Analfabetismo como Elemento Responsável pelo


Subdesenvolvimento Brasileiro Atual. In: Congresso Nacional de Educadores e
Sociólogos, 1997, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: ENAFERJ, 1997. p. 232-5.

Ë Constituição:
BRASIL. Constituição. Brasília: Senado Federal, 1988.

Ë Publicação de Órgãos, Entidades e Instituições Coletivas:


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Pró-Reitoria de Graduação.
Departamento de Controle e Registro Discente. Manual de Ingressos
Extravestibular para o Período Letivo 01/1. Porto Alegre: 1997.

Ë Artigos em Revistas ou Periódicos:


FERREIRA, Jefferson. As Abelhas como Elementos de Ligação. Saúde e Vida, Belo
Horizonte, v. 24, n. 1334, p. 23-44, jan-fev. 1988.

Ë N° Especial de Revista:
Título (versal). Título da parte (se houver). Local: editora, n°, ano, volume, data.
ano.

CONJUNTURA ECONÔMICA. As 500 maiores empresas do Brasil. Rio de Janeiro:


FGV, n. 502, ano VII, v. 4, set. 1984.

Ë Fascículo de revista:
TÍTULO: subtítulo (se houver). Local: editora, n°, data. ano.

DINHEIRO: revista semanal de negócios. São Paulo: Ed. Três, n. 148, 28 jun. 2000.

Ë Artigos em jornal, suplementos, cadernos, boletins:


Autor.Título do artigo. Jornal, Local, data (dia, mês, ano).

FALCONONI, V. Uma Oportunidade nos Esportes. Correio do Povo, Porto Alegre, 14


fev. 1997. Folha Esportes. Caderno 8.

Sem autor:

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TAIM será reserva modelo no país. Zero Hora, Porto Alegre, 27 mar. 1993.

Ë Enciclopédia:
Autor. Seção ou capítulo (se houver). Título do verbete, seção ou capítulo. In:
Enciclopédia. Local: editora, ano. Volume, pág. Inicial-final.

MONTEIRO,A. Os Seres Vivos. In: Mundo Novo. São Paulo: Ritter, 1975. V.4, 123-35.

Ë Programas de rádio e TV:


EM BUSCA DAS PEDRAS PRECIOSAS. Fantástico. São Paulo, Rede Globo, 12 mar.
1997. PROGRAMA DE TV

Ë Gravações em discos, fitas cassete, CD:


No todo:
FAGNER, R. Revelação. Rio de Janeiro: CBS, 1988. 1 fita cassete (60 min), 3¾ PPS,
estéreo.

Em partes:
SIMONE. Jura Secreta. Direção artística Marcelo Ramos. In: ______. Face a face.
São Paulo: EMI-Odeon, 1977. 1 CD (4min22seg). Remasterizado em digital.

Ë Fita de vídeo:
TÍTULO. Responsável. Local, data. Produtora, distribuidora, descrição da unidade
física (bobina, cartucho, cassete, colorido, preto e branco, legendado, dublado,
bitola). Sistema de gravação (VHS, PAL-M, NTSC). FITA DE VÍDEO.

ELETRÔNICA. Instituto Universal Brasileiro. São Paulo, 1993. 1 Fita, 75 min, col, son.,
8mm, VHS. FITA DE VÍDEO.

Ë Filmes:
Título (só a 1ª palavra em maiúsculas). Subtítulo. Créditos (Produtor. Diretor.
Realizador. Roteirista e outros). Elenco principal (separados por ;). Local:
produtora, especificação do suporte em unidades físicas e duração.

OS PERIGOS do uso de agrotóxicos. Produção de Jorge Ramos de Andrade.


Coordenação de Maria Izabel Ribeiro. São Paulo: CERAVI, 1983. 1 fita de vídeo
(30min), VHS, son., color.

CENTRAL do Brasil. Direção: Walter Salles Júnior. Produção: Martire de Clermont-


Tonnerre e Arthur Cohn. Roteiro: Marcos Bernstein, João Emanuel Carneiro e
Walter Salles Júnior. Intérpretes: Fernanda Montenegro; Marília Pêra; Vinícius de
Oliveira; Othon Bastos e outros. [s.l.]: Lê Studio Canal; Riofilme, 1988. 1 filme
(106min), son., color. 35mm.

Ë Catálogo:

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COLÉGIO MARISTA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO. Normas e Procedimentos de


Matrícula no ano 2001. Porto Alegre, 2000. CATÁLOGO.

Ë Atas de reunião:
GRUPO ESCOTEIRO MARECHAL RONDON. Porto Alegre. Ata n. 82. Ata de Eleição
da Diretoria Biênio 2000/2002. p. 123-5

Ë Resenha:
MAROBIN, L. Farrapos – Guerra à gaúcha. MARIANTE, H.M. Farrapos – Guerra à
Gaúcha. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1985. 155p.
[ ] resenhista

Ë Internet:
URL – Uniform Resource Locator (Localizador Uniforme de Recursos):
Identificação do Protocolo: <http://
Domínio: www.elogica.com.br
Diretório, subdiretório e arquivo: /users/gmoura/refere.html>

BENSUSAN, H. O pensamento sem estaca zero (A mentalidade externalista e as


razões nossas de cada dia). Kriterion , Belo Horizonte, v. 45, n. 110, 2004 .
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
512X2004000200002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 15/Nov/2007 às 22h29min

Obs: Escolher apenas um para uniformizar, mas todos estão corretos

ALARCÃO, I. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed Editora,


2001.
ALARCÃO, I. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed Editora,
2001.
ALARCÃO, I. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed Editora,
2001.

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