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Publicado em 04/1998
Tal assertiva decorre, como dizem, do fato de que a limitação, por ser uso genérico do
poder de polícia, restringe o uso, gozo e fruição do direito de propriedade, de modo a
relativilizá-los. E essa relatividade decorre do princípio da função social da propriedade.
Nesse sentido se estende a limitação administrativa que, vista à tábua rasa, acinta o
preceito constitucional insculpido do inc. XIX, art. 5º (matéria fora de alcance até de
emenda constitucional), mas que se coaduna perfeitamente, na análise teleológica da
norma fundamental, com o já citado princípio da função social da propriedade.
Cabe aqui um parêntesis para discordar do conceito dado pelo insigne prof. Hely
Lopes, no tocante ao destinatário do ato de limitação pois, do modo como expõe
seu pensamento, crê-se que apenas os particulares estariam sob o campo de
incidência da limitação. A limitação, pelo seu caráter genérico, também se impõe
aos bens e atividades públicos. Em matéria ambiental, apenas para citar exemplo,
a limitação que é imposta aos automóveis que trafegam na cidade de São Paulo
(sob o regime de rodízio de veículos) obriga tanto aos administrados quanto à
própria administração; seus carros não podem sair à rua (sem o risco de multa)
tanto quanto o de qualquer cidadão. Inverso modo, as ambulâncias que fazem
parte do serviço público têm livre circulação garantida, como toda e qualquer
ambulância particular.
2. da Indenização
O preço se forma, basicamente, pelo seu custo, pela margem de lucro e pela
potencialidade neste objeto (concreto ou não) incluído. Como bem diz de Plácido e
Silva,
Em síntese aplicada, uma área rural que custava, antes da limitação, 100 (70,
terreno + 30, árvores), instituída a reserva ambiental, sem possibilidade de uso
desse terreno para outro fim senão o da manutenção dos ecossistemas ali
existentes, passará a custar 70. Então a coletividade terá se apropriado de 30 do
patrimônio do proprietário do terreno limitado, caracterizando verdadeiro
empobrecimento ilícito. E mais ainda: a instituição de certas formas de áreas de
proteção ambiental não deixam o proprietário aproveitar, daí em diante, em nada
sua propriedade (nos santuários ecológicos, por exemplo). Até o acesso a essas
áreas são geralmente restritas a pesquisadores que mesmo assim necessitam de
uma autorização específica. Ora, como negar, diante de caso concreto desse, que o
imóvel foi desapropriado? O seu proprietário não usa, goza ou dispõe livremente
de qualquer porção ou parte se seu bem; daí as fundadas decisões que têm se
repetido no Tribunais do país. Até porque na análise do texto legal, o exegeta
extrai a norma com dupla atenção: uma para a conformação técnico-jurídica; e
uma para a atuação política do direito na sociedade, como bem explicita a profa.
Cristiane Derani em seu Direito Ambiental Econômico. (2)
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RECURSO ESPECIAL
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1. O poder público pode criar parques (art. 5., lei 4771/65), ficando
resguardado o direito de propriedade, com conseqüente reparação
patrimonial, quando ilegalmente afetado. As "limitações
administrativas", quando superadas pela ocupação permanente, vedando o
uso, gozo e livre disposição da propriedade, desnaturam-se
conceitualmente, materializando verdadeira desapropriação. Impõe-se,
então, a obrigação indenizatória justa e em dinheiro, espancando
mascarado "confisco".
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O que à primeira vista entrava tal analogia é (a) a evocação da máxima que não
obriga a reparação do dano em tese e (b) do caráter genérico (não individual ou
não específico) da limitação administrativa.
NOTAS
1. SEITZ, Steven Thomas. in "Bueaucracy, the police and the public.". 1.ed. -
Saint Louis : The C.V. Mosly Company, 1978.
Sobre o autor