O próprio fato de Geertz qualificar de ficções os esquemas
explicativos vigentes em antropologia representa um reconhecimento de que as origens são insondáveis e de que “vivemos” nesse “hiato de informação”.
O próprio texto é pontuado por lacunas e hiatos que têm de ser
negociados no ato da leitura.
Na teoria iseriana, o inconsciente permanece como simples lacuna ou
hiato a ser preenchido.
Seres humanos transformam a si mesmos naquilo que são tanto
social quanto culturalmente.
O texto literário como pluralidade de ficções está inteiramente
permeado de hiatos que não podem mais ser negociados pelos procedimentos das ficções explicativas.
A pluralidade lúdica do texto literário não representa nada localizado
fora do texto.
A intertextualidade, ou seja, a memória do texto, é o caminho para a
satisfação desse tipo de anseio, pois permite que os receptores se transponham para dentro das operações das intrigas interligadas que organizam as relações deslizantes dessa rede, fazendo-os passar pela experiência de uma presença que jamais havia sido real ou de fato presente para eles.
A transformação chega à plena fruição pela participação imaginativa
do receptor nos jogos realizados.
Quanto mais o leitor é atraído pelos procedimentos de jogar os jogos
do texto, tanto mais é ele também jogado pelo texto.
Estética da negatividade
Ao texto formulado e verbalizado corresponde uma dimensão não
formulada, não escrita.
Não pode ser deduzida das realidades referenciais por ela
questionadas e não pode ser vinculada a uma idéia substancialista que ela anunciara.
Solapar qualquer forma de determinismo e determinação.
Fortemente influenciado pela fenomenologia de Husserl.
Categoria de leitor implícito, que individual, empírico ou ideal, do
texto literário, mas às estratégias de comunicação. Questões de Costa Lima à estética da recepção iseriana
Literatura, ficção e fictício.
Recusa da aproximação ente a imaginatio com a semelhança e da
mímesis com a imitatio.
A falência do objetivismo é a do historiador à medida que é de toda
cultura humana.
O método crítico o impede de ver a interferência dos efeitos de sua
posição no mundo em sua pretensa objetividade.
O texto, literário e artístico tem, pois como primeiro efeito converter
o habitualizado em estranho.
O estranho, o indeterminado não são exclusividade do texto literário,
mas nele se acentuam, encarnam a condição elementar do efeito.
Suplementá-los e não complementá-los (os vazios do texto), pois ao
contrário de um quebra-cabeças, não há uma única forma de fazê-lo.
Caráter retórico e sofístico do texto de Iser.
Gumbrecht: “É importante reconhecer os limites da validade da
presente teoria do efeito estético para a sua aplicação na filologia clássica, na medievalística e na pesquisa das literaturas não européias”.
A ênfase no efeito deveria ser capaz de se ajustar a momentos
históricos, sem reduzir a pergunta pelo leitor à vacuidade.
É necessário buscar operadores suplementares que combinem mais
estreitamente os elementos universais e os históricos.