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,:),~rutur~s '~lítlc~s tendem a ser multlfuncionais'/:em~r~,o grau,.,
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9~: multlfuncionalidade dependa de numerosos fator,e,s,"',::"


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,:'~-:; . Um exemplo de multifuncionalidade talvez sirvapara elucidar .1. ;
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o problema. Em relação ao sistema polltico, as escolas costumam
'ser encaradas em termos da sua influência na forina.,ção de atltu-
des e na habilitação ocupacional dos jovens. Sem dúvida, essa PODER E DECISÃO
Infiuência representa um dos impactos mais marcantes que as
,struturas educaclqnais produzem no sistema polítlco, Além disso,
:porém,as escolas afetam o recrutamento das elites políticas, expan- .
PETER BACHMCB e MOR'I'ON S. BARATZ(*) " .;:.
'd,inçio ou restringindo as reservas de pessoal habilitado de que ;~
.~ispõe a. sociedade. Ainda; as escolas criam padrõesde .comunlca- i4'
,~~o informal, interelites, através da. formação de 'laços que ligam
I
~'s."ex-alunos, e desempenham papel de relevo no processo de (I
:cõm'unicação em geral, especialmente nos países que não dispõem
i de.melos de comunicação de massa eficientes e independentes. PO\' Em anos recentes, uma verdadeira avalanche de estudos de
1 caso sobre o processo decis6rionas comunidades tem-se combi.
L Jim, desempenham importantes funções de insumo, já. que dão
'9rlgem a comunidades específicas e lançam as bases da organiza- nado com 'vel escasse~ de enenilizações neles baseadas,
'ção de grupos de pressão, As associações de professores são um Há uma râiãO cori'iq(ieli;;a para ta esta o e coiaas : não temos
uma teQriã gerl} ço..m. "ase. ,Di qual se ~Qssa CQDtrllstar e çºro~ril r
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~',t" "1t,,,;,Impacto
•.'.,• "!,)om exemplo, ~s tumultos
prcduaido promovidos.
por outros por es~udantes
grupos hgado$ as escolas,ílustram.
especial-o sistematicamente o.l.QiW:~teLestudos de caso. Entre ~ 9bst~culos
. ,

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ao desenvolvimento de tal teoria, figura um elevado grau de ~ ,I
iruente às universidades,
;, 'L; Embora a multi funcionalidade seja mais evidente nas socie- ª
"fUsão respeito da natureza do p<>derJ daquilo que 'o diferencia
i,o
I
dos conceitos igualmel1te importantes de força, influência e auto·
;f;ldades, simples, pouco difere,nc,iadas , ela é un; fe~ômeno univ,er?al; ridade. Estes termos possuem significados diferentes e relevância
;\ Hconstltul uma ,das, caracterísncas das orgamzaçoes, burocr~tl~~s e variá,vel i entretanto, em quase todos os estudos publicados até .1
1 ;,das cortes de Justiça modernas, bem como dos regimes primitivo, hoje sobre a tomada de decisões nas comunidades, os termos poder i
Ide chefia das sociedades tradicionais, (. , .) e influência são usados de modo Intercambiável, e os termos ,
força e autoridade são negligenciados. Os pesquisadores se encon- :. i

I
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tram, assim, numa posição desvantajosa pois utilizam conceitos 1'\
que são a um tempo demasiado amplos e restritos demais: derna- ri,
,siado am los 01 ue assam r cima......de. importantes distinsõ,E
~, e.~~~~u....!!l.. uencra i restrit2~ emais porque. outros conceitos .-» I'i.
1
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não são levados em consideração - conceitcs-que, aplicados, pode- "'~

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rlãifn1tterar radtcalmente as conclusões.
~ investigadores têm também pressuposto ep~anQsamSlJte_
ue o der e seus correlatos são~êle' ntos at'v e s6 er .-
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oQ§.ttla .em §itlJaçõe§ d~ tQmada de rjecisÕe/i. Não se aperçe-
I,L .tl:; berarn da ár~a igualmente importante, senão mais importante, do
r~~',.:']~ ~Põderia. chamar de tomada de não-declsões.dsto é, a lll:átic~
~l! :.; i:.'
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:,l"'~ (*) Reprodualdo de fi Decíslolls and 'Non.divlsions: an Analytícal Fra-
:i~ ,~', mework." Am,riccm PolilicalS,;i,nç, R'tJflW, 1993, vol. LVIII, J, pp. 632-($42,.
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:,' °1' Com permissão da Amerlcan Polítlcal'Sclence Anoclation. (Texto ccndensa-
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ht ( do pelos on:ranizadores da colctânt'lI. ,
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. ':.i, • Q.e.- Umltar o ambito da tomada real de decisões a ques~es I do fenômeno .aabentende erroneamente que a pOsse dos instru- fI;,
,,,'i "seguras 11, atraYés da manipulação dos mores,. mitos e institui- mentos de. ,pogeufija equivalente ã Pôsse da pr6i!rio poder. ,
\ ~ões políticas e procedimentos domfnantes \ria<·corriuniet~de. Passar . Algumas ~,.ilu~t~ções talvez esclareçam e assentem melho-r a
; r& cima ái~so é pôr de lado tod~ .uma/,~~c~t;:,d?: poder. ' nossa, posiçlo/~~I.magine·se primeiro uma sentinela militar armada,
:PQr últImo.) os estudos de caso alo muitasc~vezes basea , de 'quem se aproxima,um homem uniformizado, sem arma, A
premfssas inex ressaa e~~..%!1esmo 1ncor;e~s"":ie ·pre eterminam as °
sentinela aponta a arma para intruso e grita: 11Alto, ou atiro I",
esco ertas e at.Q.S". Um sem-numero, edatores afetam a A ordem' é 'prontamente obedecida, ·Pode-se concluir\, dai que a
!r,> tômaaa de decisões: a origemsodal, ~ulturar;~'~~ónõfnlca e política sentinela- possui pOder e o exer.ce? Assim poderia .Jparecer i mas .
dõSparticipantes individuais;' os valores. do' griípoeri.carregadÇ> das as aparências às vezes enganam. Suponha que O intruso obedeceu
decisões, considerado como' uma entidade em "si' mesmo: as pres-
I
não porque se viu forçado a isso em face da sanção de que foi
sões exercidas sobre esse grupo; indrvidual \e côletivamente, por ameaçado, ~ masiporque ele próprio era um soldado treinado, para
partes interessadas, e assim por diante.' .Rizer.. ,como dizem alguns, quem a pronta' obediência à ordem de uma sentinela é parte de um
~ esSes fatores ~ªo de igual importância, •. está ~tão longe da ver- sistema de valores totalmente aceito por ele. Nesse caso, não
, dade quanto. supor, como O· fazem' outros/ que.epenas um deles houve conflito .de obj etivos ou interesses entre os dois particí-
tem a máxima relevância. ,. i ; , ':':', :.' , pantés: a sanção ameaçada pela sentinela era irrelevante e o
- .- O que é _necessário, portanto, é um: m-Q-º~~íÇ; . em termos do resultado teria sido o mesmo se estivesse ele, e não o intruso,
qual se possam avaliar os determinantes tanto' da tomadU~. desarmado; Como o soldado .põe a obediência à ordem. de uma
~cisÕes. quanto da tomada de não-decísões, tendo-se plena cons-
sentinela no âplce de sua 'escala de valores, a ameaça de severas
medidas .não produe efeito em seu comportamento. Em tais cir-
ci.§.ncia dQS-CoJ:lceito's, distintOs de poder".fot.ça~.ncJª_~. auto- cunstâncias, :",não 'se pode dizer que o. guarda exerceu o poder.
rid~Nossa ambição não chega a tanto .neste artigo•. Tentamos,
I

apenas assentar algumas bases para", um ",mo~elo, procurando .Suponhamos agor~ ~ue um outro homem se aproxime d.a
primeiro, 'esclarecer quais os atributos daquil6 que consideramos sentinela e, como, o prímeíro, receba ordem de parar ou ser fUZI-
conceitos-chave para qualquer ·estudo .eobre tomada de, decisões e lado. Mas esse segundo .estranho ignora a ordem, tenta arremeter
.de . não-decisões e a'S diferenças" essenci~is':;;entre .etes: segundo,
'mostrar como esses conceitos podem,"ser\:mais: sistemática e
.contra o portãçe é d'e imediato fatalmente ferido.." Se supusermos
que a intenção do intruso era sabotar as instalações militares, não !
eficientemente utilizados em estudos de ',casos.;,: :.::: ' teremos dúvida:de que os seus valores e os da sentinela estavam .
em conflito dlreto.. Mesmo assim, o tiro fatal da sentinela não
I
. Ê costume dizer que esta ou aquela 'pê~~~~· ou' grupo "tem
constituiu um exercícloxío poder.' Pois ele não conseguiu obe-
diência à sua ordem - e isso não se deu porque, aparentemente,
'poder 11, sub~~endendo-se que o poder,__éomo..:a,:i. riql1ezat-é...uma o i!ltr-lt$.Q_ºÊovILmais Y.íIJQr~~à.~.sua~.entrada nocquartelcdc...~que à
...E:Qs]?e Que capa,cita O seu possuidor a obter álgumavantag~ futura obediência .ª. ordem da.sendnela . ou ao.seu .próprio.,.be~~e.s.lªr~ ...
. ~ví~ente. OutrlLma~eirn... de expr!tRir· o mesm~ponto de Tista S'up'o~hamos, finalmente,.que um terceiro homem se aproxime
\
e dizer que ~der e_~m~_~propr1.ep_ade....s~s~\( •. .) que pode da guarita da sentinela, este homem deseja morrer, mas não tem
pertencer a uma pessoa ou a um grupoo..cons1,êlerádo em si mesmo". força para levar a cabo o ato de sua pr6pria destruição. Por isso I
,'P~lo :I'ien?s. gortrê,! razões <êise-u'sâ é !Úi~ceitável. Primeira, ele ignora deliberadamente a ordem da sentinela e é morto a tiros,
ele '!l,ão faz distinção clara .ç!Hre.j)Q~er sobre asp.essoas q POML Houve alguém nessa situação que tinha o poder e o exerceu? ,J~o
sqb.re,,~ matéria i ~r, t)S senti o ~~j(.Ol1 J~~ômleó..:.-º~ modo como o vemos,' .foi a "vítima" quem o fez - pois foi" era I
goc~tll), ~9 P9áe,,--ser once CQm..Q--;a:;lai~'t~~_de_produzlr quem, conhecendo (),conflito de valores' entre si própria e o guarda, .
certos efeitos em geral, mas apenas ,aqueles' e{e1tós .que envolvem utilizou a: supos,ta' ~atlção deste~r~_ .....4JgiUs,u ep!.6prio _o.b.ktivo.
outras pessoas. -Segunda, é. errôneaa, ,opinilº}C1,~'~'que ,0 2ojer' de Relterarnos'que:' O er re aClonaLenão_p_oss_uído ou ~'f)Stant~
um~ pessoa seja medigo pelq,.numero ;t~~~U;~e': deseJOS .9.Y.L~!1 São três"as:'suas,i,características relaclonais, Primeira: para que
realiza; não se pode ter poder .no vácuo,ma~ apenas em' relação. exista uma,' relação ',de poder, é necess.ª-rio ~ue hªja um conflito
, a outras pessoas. Terceira e mara importante~'a eoncep~ão comum de interesses: entre duas ou mais pessoas Oll grupos. Tal diver-
."""!'4"JO;'. . ":,;.!;"

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. gência é uma condição necessária" d~: põdef, pois,:,c~~o' já:'suge-


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Ii tudo a justiça(1<t~G.;,;~~Jusa:.n' Ao'· chegarmos: a. este ponto, é digno ' '1,

rimos, se A e_.8._.es.tão_de acordo quanto ª, fins, B. çotlsenti~á' íívre- de nota. que •as' restrições a~eaçàdas são muitas vezes ineficazes, ':. .\':,.\'
"

'(1)
mente nO.-$1Jrs,o.de ação pr~.Ürid.o'por A ;' el'flÜaL.caa.Q;_a.~.situa<;ão pois aquele 'que'desencadeia a ação/ao decidir qual sanção deve ',I 'i-

envolve.ràútorldade, em vez de poder. Segu.nda: $ó.existe uma invocar, projeta. erroneamente' seus próprios valores nas mentes :!~ ',;1

r~ação de poder, se B realmente se curva aos desejos de A. O de seus adversárlcs.: . i. ' .... ;l~
.con flito de' interesses é uma condição insuficiente, uma vez que . d) A pessoa. ,ameaçada .tem que estar convencida de que
, A pode não ser capaz de' fazer com que B mude seu comporta- \ -nãç évã a ameaça' êohtraela, de que seu antagonista não he~.H.aria !I;:

ment~. ~ E. seB não se submete, ás 'intenções de. A. ou Se .tornarão oitl fime a realmente impor sanções. 'Corno ilustração: se um famoso ':;1':'
letr~morta, ou serão executadas através doexerClcioantes.. da \ general calcula. que ao presidente falte apoio popular ou a von-'
((Thrça,'>que do poder. Terceira: uma relação de poder só existe tade de usar suas prerrogativas constitucionais, ele pode ignorar
se uma das partes pode ameaçar aplicação de ~ª-Ilǧf&: o poder é -. até mesmo desafiar' - es instruções políticas do presidente.
"o processo pelo qual se afetam os modos de agir de outrem com O sucesso de um movimento de resistência basado no princípio
auxílio da ameaça de severas restrições, contra a. nãc-ccnícrmldade da não..violência repousa, em. grande parte, na suposição de que
com os propósitos pretendidos", Entretanto deve-se salientar aqueles que podem invocar sanções abster-se-ão de fazê-lo, na
que, conquanto a existência de sanções ..:-. isto é, de qualquer suposição de que os conflitos de valor no íntimo de A o impedirão
de executar sua ameaça contra 'B. :vem a propósito o caso dos
I
recompensa ou penalidade prometida por melo da qual um agente, I

pode manter controle efetivo sobre os modos de agir - seja uma índios norte-americanos, que se sentavam nos trilhovtla estrada
\ condição necessária do poder/não lhe ~ uma condição. sufldem.e. de ferro em. desafio aos ,ingleses e sempre levavam a melhor, pois ,
S, necessária eirnplcsmente.iporque é a ameaça de sanções que (como os ~ndios' beinsabiam) os ingleses davam maior valor à ! '.
diferencia poder de influência i é insuficiente porque a existência vida humana que à obediência às suas ordens.. - - -
de sanções só confere poder a A sobre B se forem satisfeitas as Podemos agora reunir os diversos elementos de nossa. concep-
\ seg,\.;lJn.teu;~mdi.ções : )ção de poder. Existe 'uma relação de poder quando (c) existe
I a) A pessoa ameaçada tem consciência daquilo que dela. se lentre A e B um conflito sobre valores ou cursos de ação; (b)
I espera, Em uma situação de poder é preciso haver evidente
comunicação entre a pessoa que inicia uma ação e a. pessoa que
:B aquiesce aos desejos de A. e (c) ele assim procede por temer
que A o prive de algum valor ou valores, que ele,B, coloca em
. <'I,

posição mais alta queequeles que seriam alcançados através da


deve obedecer. Se nossa sentinela imaginária interpela um homem não-aquiescência. . '","':' ,\ ..
\'\ que não entende sua língua ou que talvez seja surdo, sentinelaa .- Com relação a .. esta.·~efiniçãol d_evem='sl;: Jdsar__Yá.do.s.p,Q.nt..Qs.
i
i
....;. pelo menos no momento em que dá sua ordem - não tem
Primeirc, ao falar: em rela9ões de' poder, deve-se tO.m.ªL~1J.i.ºad9· .
"

I poder. Em outras palavras, o poder tem um atributo racional:


para nãO exagerar '6 caJlQ, dlZ~~d<?/,.. por e~~mp.loL que dt~.n:L P'Qg~X
I para que ele exista, a pessoa ameaçada precisa compreender as '(:,

alternativas com que se defronta na escolha entre obediência e sobre B simplesmente porq\.1.e. B,_ansiosopor evitar..senções, se ,

não-obediência. submete. ll. .uma ,d{t:~i.mhiªgª,_RQJ1~tçª, .de A. Tal descrição de suas :i\:
I1 relações pode muito bem. -ser inexata, uma vez que o ~der de L1
,
b)' A sanção ameaçada é de fato considerada,como uma ;m relação a ~ ~~vâz: seta extre~a~ente 1~l"ll~t~5~Ç .sm âmbito,
,
'1 r~strição pelã'-'pessoa que recebe a ...ameaça. Se o 'presidentê Isto ·e, em amphtude e va ores a retãOõ s. ASsim, o poder de um
.;
~ ameaçasse de fi expurgo 11 um membro ,:do Congresso por não apoiar guarda de trânsito .sobre um cidadão pode restringir-se às ativi-
',~

:j
° programa legislativo do governo, sua ameaça não. teria' efeito, dades deste último comO"'1mdtorista. e não passar disso. Além do r",
caso o legisla~o.r julgasse que -suas probabilidades de reeleição mais , ao avaliar' relaç6~fde poder, deve-se levar em conta o peso,
1
j aumentariam em vez de diminuir, com a intervenção presidencial. do poder, isto é, o grau em-que os valores são afetados e a 'sua
i c) A pessoa ameaçada tem' que ter mais 'estima pelo v!lor amplitude, ou seja, o .número de pessoas afetadas. Por exemplo,
1 que seria sacrificado se ela desobedecesse, do que por um OUU0 o poder do presidente da comissão orçamentária do Congresso nos
a que ,seri.a promovida caso desoº~~ç~sse. o temor dos"mãus-
·1
~ EUA limita-se principalmente a assuntos fiscais; mas dentro de
i trãtos físicos não dissuadia os negros do Sul dos Estados Unidos, . tal âmbito, ele exerce poder na determinação da política tnbutária
partic~pantes do movimento abolicionista, que punham acima de
:1
~
e dos gastos federais (extensão)" que afeta vasto número de
§
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.. (domínlo).
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Finalmente, deve-se levar em conta ag~il~lque.Friedrich inti,:,
ber, c:l$tayel..~-1ong~~o tempo. 'l!s pluXal1~ta~,.~\,l.?lentam que ,0
.2QM~.tá',hgãCIO:a ,questões.polítlca.s.e estas podem, ser transí-
t6tias Q_u_P-.~r.~Jst~rites;; provocando coalisões entre grupos de lnte-
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tulou ,"prip~J(L~ª,~ __ re?-.çª'e.~_~~~~iP~~-~~~.:;l;,.q::~P~9.b;lie~a:,~olócado re~s~. e ,c~~adã~;~~,que' ,yari~m em sua ?Uração. de ~o;nentâ~ea~' a
nesse fenomeno é o seguínter. uma.,:m~est1ga,çl~.:,~poderla' revelar semlpermanentesf~~,:.Presum1r que o conjunto de coahsoes existente:
que, ~uitCl emb9!..~_.S. c0n.~ordc~~orin~e~~é:.~êo.;n;Í'~~9~~so· de ação:
pre.f~r!do. .por A.. I ~~=não:....~~~.:.p.o.4.e~.jºs::J.~t~":'$~.~.r.:.f.-.B..-.J~p..Q.rgue 'AI
ja. comunidade·,~t~iií':' qu~lqu~r momento ~o t:n:P.P. é u.m .aspecto'
ntem~or.al.me.nt~?;~.s ..~~vel qa estrutura, social, e. tntr.odueir Incorre- •.
com. a mesma.~_~~~l~~ããcle,: ~o~la: suasI ~gêncr~~ -em relação ~. " I çees slstemát1ca~ tna-' de~crlção .da reahdad~ ~oclal; ... ~,
~J segundo dimensões que ele Ju~ga.,_ser~o,r.~~~it~Qr':B; Como:Q.~e,rcetr-a~lca ao modelo elitista e que ele, erro- .
il~raÇãoÇse: êi prêsidente 'suomete ao, ,Congres_soc,~~;enãã aq~eles I nean;et~te,,~t;i~ar~~poder reputa,QQcom pcder real. Se a.principal ..
projetos de lei que provavelmente parecerão palàtávels' aos legisla- \ função ,de '~mi;ndlvíduo ,6 a de ser banqueiro, os pluralistas pre-
dores; dificilmente se poderá ditei", que. ele ;tem poder sobre o ! sumem que: ele,' passará seu tempo no banco e não manipulando
Congresso s6 porque toda.s as suas proposituras são' transformadas I as decisões'da-comunldade. Esta suposição se mantém até que
em leis. ,,::: :,:';' ,:' ' as atividades e participações do banqueiro indiquem o contrário,
,, ' Se presumimos 'abstratamente que o banqueiro está empenhado em
x
dirigir a comunidade, não há praticamente maneira alguma de i
II .••. o.· refutar esta afirmação, mesmo se ela for totalmente errônea. Por I
o conceito de poder mantém-se indefinJv~~ 'apes~r dos recentes
e inúmêro's estudos de caso sobre poder.' nas comunidades. Sua
outro lado, é fácil localizar o 'banqueiro que realmente dirige os
negócios da ,comunidade, quando presumimos que ele não·o faz, \
indefinição é dramaticamente demonstrada" pela.'regularidade de
porque'suas' atividades tornarão este fato evidente. (. , , ) I
,OspluraHst~s·concent:am sua atenção, não nas fontes de \
desacordos entre sociólogos e cientistas' 'poUdcos'-'que tentaram ~der, mas' em.seuexercício. Poder, para eks.J sign.iJica "parti- ~
determinar o locws do poder nas comunidades'\·Pesquisado.t~
Iormação sociol6gica têm slstematlcamente aft~mado .queo_p.9..d.e.t..
e
,cípação__.na.elaboração ..de.decisões" pod~ . -:seranalisado :"somente
c.l.~--ºliLde._./~,um~exame cuidadoso' de .uma série de decisões" 'con-
é altamente centralizado, e~qul\nto que esp~~ja1ist~ia cretas". Conseqüentemente...« . pluralista não se .Jnteressa pelos
política concluíram, com a mesma regularidade, ql!.e_em l/suas" inC!!YJ..4M.Lsupostamente.. poderosos. Ao..i~v~.L disso, . preocupa-se'
comunidades o poder é amplamente difuso. Presumivelmente, isto em: a) selecíonarpara estudo um certo número de decisões poli-
explica 'porque o último grupo se chama 'a si mesmo "pluralista" ,ticas "chave'Ivem r-oposição às l/rotineiras"; b) identHiça.r...as
11 I' ,
e a seus opositores,

e Itlstas.
U ()
.~ . .." •,.i.:\ ..'
. .
pessoas que tomam parte. ativa na elaboração de decisões j c) [
Acreditamos que os pluralistas não captaram toda a verdade obter' um ,r~Iª~I.io-i.omp1eto de seu comportamento durante o I
da questão; Enquaritojuas crlticas .a9_:(~fiti~tã.s".sio_CQ.úe.ta!Çeles, ~do:.do em que ~'oconflito político estava sendo resolvido e d)
corno os._eH~.i~.t~ ,-!~il!z.am um tipp ,de ab()rd~gêmo e.de prem1SSãs determinar e analisaroresultadc 'específico do conflito,
que _w_edeterini'nam.suas conclusões. Nosso argumento decorre da As vantagens desta abordagem, com relação à alternativa
seg'-úmte tese central: Q..'p'ºd,er.Jem -duas faces; .nenhuma das quais elitista, dlspensàm' c6inentários.. Entretanto, 'o mesmo não pode
é vis~ p~10.L~~~i610go's e la~~nas' U:11l~pe~os .ci~*ista.s políti.çp-ª•• ser dito sobre seus def~ito,s - dois dos quais nos parecem de \
Contra_a...aOOI.dagem. .eht1~;a muítae cl'ltlcas, podem ser e foram . fundamental importâncià. Um é que o modelo não, considera o !
levantadas.Uina, refere-se ,i sua pre~i§$~"bási~, de que em fíÜ.uo--que. o pcderpode ser, e freqüentemente o é, exercldo PAr
torl-ª.c-Jn:stituição humana existe umsisteina,/ ~e ...poder or~enado; meio da. limitação: de' elaboração de decisões a questões relativa~
uma "estrutura de poder" que é uma.pa-rte::mtegtª,l e·a Imagem. mente <1/ $eguras'~~:ii,:,O:'outro é que o modelo não fornece Critério
espelhada da estratificação da organizaç~9- 'sbcià1t!r~Os;' pluralistas objetivo':·à.lgum"pa~a:.oistinguir. entre questões "Importantés" e
enfatlcamente - e, em nossa opinião, córretãmente - . rejeitam' 11 nãc-ímpcrtantee" .que surgem na arena política.

este postulado. ., •.; ;,.. , '.,....::.;:;,'),", ,,:" , "', , Não .' estamos negando que as análises baseadas inteiramente
. Igualmente refutável para osplurabstas;~'7e para, nós -:' no que é' específico .e .vlsível ao observador podem ser mais
J: a hip6tese ~ci6logos de que a estrutura 'de "poder-tende a 11 científicas" d~ que aquelas 'que se baseiam em pura especulação.

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cotoca-se, contudo, a questão de" saber,:'como:.;p'odemos'. estar estar!s'empre' prep'àr~do::'P~ra;'êxamina~as forças qu~ ~ 'produzem ;:~,~'~
(", certos, numa dada situação, de que os elementos,:,!nvlS;veis'e por- e a. mantem? I,' ,Pode(el~!:$eguramente Ignorar a posslbilldade, por .~.l'
":::~i:
tanto não-mensuráveis, não têm uma .importâtl'cià't'deéisiva? Em exemplo" de. que::númi'comunidade, um individuo ou grupo par- -.',

outras palavras, pode um conceito correto' de" poder,';,:ser;', baseado ticipe mais vigorosamente, "apoia.ndo o processo d-e tomada de não-
na suposição de que o poder é totalmente incorporado e se reflete deelsões, do ~ue "participando' em 'decisões efetivamente tomadas?
plenamente em li decisões concretas" ou na atividade'diretamente Dito .de outr(J,mo~q;tPgge("opesquisadornegligenciar a possibili-
relacionada à elaboração destas decisões? ' j ;" • ',:",,' ;,;: ' ' dade . de alguma! pessoi'rí~U associação limitar a elaboração- de
.-'pensamos que não. Claro que-c poder é, exercido quando' A decisões' a assuntoS:',relativamente não controvertidos, influenciando
,part~1>Ipa" na elaboração de decisões que afetam B,; Mas o poder os valores, os: procedimentospoliticos e os rituais, embora. o
é também exercido quando A devota. suas energias 'para criar ou contexto, social ,contenha'; conflitos de podersérios, mas la.tentes?
Fazer isto é, em nossa' opinião, .negllgencíar a face do poder 'que
\
I
reforçar valores políticos e sociais e práticas' institucionais, que é menos visível, mas, não obstante, 'extremamente importante.
limitam o âmbito do processo político a apenas o exame daquelas
questões que são comparativamente in6cuas para' A.,' Na medida Em sua crltlca- ao "modelo da elite dirigente", o professor
em que A consegue fazer isto, B é -praticamente impedido de tra- Dahl argumenta que "a hipótese de existência de uma. elite diri-
.zer à tona qualquer questão que possa ser, em. sua resolução, gente só pode ser estritamente testada se houver uma amostra
satisfatória de casos que envolvàm decisões políticas cruciais, nas '.: ;
:~ ~
seriamente ...
prejudicial às preferências de A, :; quais as preferências, da. ;'hipotética elite dirigente vão contra ~.~-: ~l
'," '
..
'."':'

Situações deste tipo são comuns. Consideremos,' por' exemplo, aquelas de qualquer outro grupo "competidor". Há. duas objeções '? ';
o caso de um professor descontente em uma 'instituiçã-q: acadêrr.ica a esta afirmação. Uma.'já foi discutida: ao supor erroneamente" i;:;r .~
, 1'- Y
'; .~;. ~
dirigida por um di retor conservador. Prejudicado-em" seus inte- que o poder só se' expressa' em decisões concretas, Dah1 exclui
resses o professor resolve, na intimidade de seu "gabinete, ,lançar a possibilidade' de' quevexísta, na comunidade em questão, um
um ataque contra a orientação predominante, na-próxima' reunião grupc capaz de impedir 'que .apareçam disputas sobre as questões ;i"H
do corpo docente. Mas, quando chega o momento: de',:dlzer o que que para ele 'São importantes. Além disso, ao ignorar ~ face do
,:._ J.

pensa, 'ele se cala. Por' quê? Entre as muitas'..ràzões:'.'possíveis, poder menos visível, Dahl 'e os que aceitam sua abordagem plura-
uma ou mais das seguintes podem ter sido de importância' crucial: lista. 'São incapazes 'de :' diferenciar adequadamente uma decisão [,\t
I'!:
a) o professor, teve medo que sua ação íossefnterpretada como política H chave" de uma decisão política rotineira", f{ 1 .:

uma expressão de sua deslealdade à Instituição i b) 'dadas as con- Nelson Polsby, por
exemplo, propõe que f,1 pré-selecionando
i

vícções e atitudes de seus colegas, ele decidiu que quase, certamente corno questões para estudo aqaelas que geralmente são tidas como
ele constituiria uma minoria de um neste debate, ou, c) concluiu significativas, ospluralístas podem testar a teoria. que correlacioná
1 que, dada a natureza do processo legislativo na instituição, suas a. estratificação sóclo-econômíca com a estrutura. de poder". Ele
j propostas seriam permanentemente postas de lado. Mas, seja qual nada diz, entretanto.: sobre'como o pesquisador deve determinar
1 for o caso, o ponto central. é o mes.mo: n~",,~~~!~a. em ~~e.,~,~a quais questões são t'g'eràlmente tidas como significativas" e sobre
\ pessoa ou grupo - conscíente ou inccnscíentemente -cria ou como o pesquisador: deve avaliar a confiabUidade deste entendi-
reforça barreiras à ventilação pública dos conílltos P9JJ~Jcos, esta mento. Ao pressuporqueem qualquer comunidade há. questões
\
'~ pes~9A.__ou.gcupo tem poder. Ou corno disse o professor S,chat=- significativas na arena poHtica, Polsby dá' por certo justamente o
tsclmeider,f,f,toda {CIma de organização política ,te~'um ,yjés em ponto qu~ é duvidós~! ~~.~le aceita como problema real 6 que é . :..... (,
1
~
favor da exploração de alguns tipos de confli~ e
ds. supressão reputado ser problém~;!~.:~;Em·conseqüência, suas descobertas são
pre- determma.
f . • das.:\~'i',,'
'~'Jl",,'r)
,~! ""
.l
de outros, porque ol'ganizaçào é mobilização ClévUs. ~lgum?s ,

I qu.~§IQ~~J_~9. organizadas pela vida política, enquanto que outras A definição das "questões políticas chave", proposta por
só_~xist~mJºiª,_del?". . . ',:, '.-, " - , , Dahl, presta-se à mesma. ,critica. Ele afirma que é uma condição f{

A realidade deste viés não é relevante para, o estudo do necessária, embora possivelmente não suficiente, que as questões
(chave' devem' ser aquelas· que -envolvem divergências reais entre
\ poder? - O estudioso não deveria estar continuamente" alerta p:1.ra '
sua possível existência na instituição humana que ele analisa, dois ou mais grupos". ,Em nossa opinião, esta. é uma caracterização
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OS grúpos podem-ter divergências tanto quanto' a questões não-
importantes) como quanto a questões importantes. [fI
'\ Ageditamos que.,a distinção. entre. quest5és_~antes e
H

nãc-Impcrtantes não pode ser feita na ausência' d~ uma ãná1lse


da 'ti mobllização de viés" na' comunidade:'dos' valore~
e d?s ~~ífuai~ 'e instituições pol{tic~s que 'tendem-~Javorecer A:N'OÇÃO DE ESTADO EM MARX
os-ínteresses constituídos de, um ou mais grupos, rel~1lyamente a .l,
outros. 'De posse deste conhecimento, podel1,'1os.,co,ncluir que qual- NACOS POULANTZAS(*)
queraesafio aos valores predominantes oirAs "regras do jogo"
estabelecidas constitui uma questão ."importante" i o mais é desim- ;~.

portante. Por certo) julgamentos deste tipo não podem ser Intel- Jl
ramente objetivos. Mas deixar de fazê-los, num estudo do poder,
é tanto l'\.cg-Iigenciar um aspecto altamente significativo do poder, ( ... ) As estruturas polltlcas - o que se designa como
quanto menosprezar a única base sôllda-para discriminar uma superestrutura .política - de um modo de produção e de um(\
decisão 11 chave" de uma decisão 1/ rctlnelra",' Com efeito, os formação social consistem no poder institttcionalizado do Estado, .. ~)

. -pluralístas cometeram estes dois erros: eles começaram sua estru- Com efeito) sempre. que Marx), Engels, Lenin ou Gramsci falam
tura pelo mezanino) sem mostrar-nos os. alicerces) isto é, eles de luta (prática) política distinguindo-a, da luta econômica, C01'l'
ccmeçaram por estudar as questões políticas, em· lugar dos valores sideram expressamente a sua especificidade relativamente ao seu
e vieses embutidos' no sistema político e que, para o estudioso do objetivo particular, que é o Esta<1o enquanto nível específico de
poder) dão significado real àquelas questões que ingressam na umr, formação social. Neste sentido encontramos de fato) nos
arena polltica, ( ... ) clássicos do marxismo) uma. definição geral da política, Trata-se,
Em resumo) sustentamos neste trabalho uma outra abordagem muito precisamente) da concepção indicada da prática política:
do 'estudo do poder, baseada no reconhecimento das duas faces do esta tem por objeto o momento atual) produz as transformações
poder. A partir desta perspectiva o pesquisador começaria - - ou, por outro Iado, a manutenção - da unidade de uma for-
não como faz o sociólogo que pergunta: ,11 Quem manda ?". nem mação) na única medida) contudo exata, em que tem como ponto
como o pluralista que pergunta: /I Será que alguém manda?" - de lrnpacto, como "objetivo" estratégico especifico, as estruturas
mas investigando o tipo particular de 1/ mobilização de Viés ': políticas do Estado.
existente na instituição estudada. Depois. di~~.o, tendo analisado N'este sentido Marx diz: /I O politica.l ?1tOve1M?1t da classe
os valores dominantes) os mitos e os.prôc~im~lltos políticos esta- operária tem•.• como objetipo fi?1al -:- Endzweck - 'a:-' tomada
belecidos e as regras do jogo) faria uma investigação cuidadosa do political power,)) ~ 'também precisamente neste sentido que
sobre que pessoas ou grupos_beneficia:m~se"êom"o-viés exisfel'lte e devemos 'entender a frase de Lenin ~ "Não basta dizer que a
quáÍS sãõ-pre}üdicados por ele. A segulr, investigada a dlnãmlca luta de classes 56 se torna uma luta verdadeira, conseqüente,
da elãbóração de não~d~çl$.õ.es i ou S!)al--êXãmmãfia, a extensão e aberta, no dia em que abrange o domínio da política. Para o
I.

a maneira pela qual aSl pessoas e os gruposco~prometidoS' com o marxismo) a luta de classes só se torna uma luta inteiramente
statuS' quo influenciam aqueles valores comunitários, aquelas lnstl- aberta ao conjunto da nação no dia em .que)' não apenas abrange
tuições políticas que tendem a limitar o âmbit,o. do processo de a poUtica~ mas também se prende ao essencial neste domí,11,ip: a
tornada de decisões a questões 11seguras 11. Flna1rn.ente) usando seu' estrutura ~o poder do Estado.') O que de fato ressalta 'desta
conhecimento da face restritiva do pode~i;,cºmQ. base para sua citação é que: este objetivo do poder de Estado é a condição da
análise e como critério para distinguir entre··decisões políticas
cruciais e rotineiras, o pesquisador analisaria, à maneira dos (*) , Reproduzido de' Powuolr polillque el cla,r.fes soCl'aJes de I'Slal
pluralistas, a participação na elaboração de decisões sobre ques- capilal/sle. Paris, Fran~ols Maspero, 1968, Com permissão do Autor. (Texto
tões concretas. condensado pelos organlzador,es da coletânea.) , ,',
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