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10º
Ano
Tópicos
abordados:
-‐
A
dimensão
pessoal
e
social
da
moral:
-‐
O
egoísmo
ético
e
o
ponto
de
vista
da
moral;
-‐
Estado,
Direito
e
Justiça:
-‐
Filosofia
política:
diferente
da
sociologia
e/ou
ciências
sociais;
-‐
O
problema
da
justificação
do
Estado:
-‐
Teoria
naturalista
de
Aristóteles;
-‐
Teorias
contratualistas
de:
-‐
Thomas
Hobbes;
-‐
John
Locke;
-‐
Teoria
anarquista.
-‐
O
problema
da
Justiça
distributiva:
-‐
Mérito;
-‐
Igualdade:
-‐
Liberalismo
económico;
-‐
Igualitarismo.
1)
A
dimensão
pessoal
e
social
da
moral
Como
já
estudaste
no
capítulo
anterior
as
éticas
kantiana
e
utilitarista
de
Kant
e
de
Mill
respectivamente,
indicam-‐nos
o
caminho
para
viver
moralmente.
Mas
porque
razão
nós
devemos
agir
moralmente?
Não
há
nada
que
nos
impeça
de
agir
contra
a
moral.
Porque
razão
devo
agir
em
prole
dos
outros
e
não
apenas
em
meu
favor?
O
principal
adversário
à
adopção
de
um
ponto
de
vista
ético
é
o
egoísmo.
Segundo
o
egoísmo
cada
um
deve
apenas
interessar-‐se
em
si
mesmo,
não
se
preocupando
com
os
outros.
O
egoísmo
é
apresentado
de
duas
formas:
-‐
Egoísmo
psicológico
ou
descritivo
–
que
diz
que
todos
somos
egoístas
por
natureza
e
que
todas
as
nossas
acções
são
motivadas
por
interesses
pessoais;
-‐
Egoísmo
ético
–
afirma
que
todas
as
nossas
acções
devem
ser
egoístas,
sem
nunca
nos
preocuparmo-‐nos
com
os
outros.
O
oposto
do
egoísmo
psicológico
é
o
altruísmo
psicológico
que
diz
que
em
todas
as
nossas
acções
nós
nos
preocupamos
com
o
bem-‐estar
dos
outros.
Segundo
o
egoísmo
ético
nós
só
nos
devemos
preocupar
com
o
que
as
nossas
acções
nos
fazem
a
nós.
Se
uma
acção
tiver
uma
intenção
má,
mas
na
mesma
nos
trouxer
boas
consequências
então
essa
acção
é
boa.
Esta
teoria
é
do
tipo
consequencialista.
Um
grande
argumento
utilizado
contra
o
egoísmo
ético
é
o
facto
deste
não
servir
para
resolver
conflitos
de
interesses.
Como
cada
um
vai
apenas
recorrer
aos
seus
interesses,
os
conflitos
nunca
se
resolveriam.
2)
Estado,
direito
e
justiça
A
filosofia
política
é
um
ramo
da
filosofia
que
existe
praticamente
desde
os
seus
primórdios.
Esta
disciplina
estuda
a
forma
como
uma
qualquer
sociedade
se
deve
organizar,
independentemente
da
raça,
cultura,
localização,
etc...
E
essa
é
já
uma
distinção
de
disciplinas
como
a
Política,
Sociologia
ou
Ciência
Política:
enquanto
que
o
filósofo
político
pretende
leis
universais
aplicáveis
a
uma
qualquer
sociedade,
um
sociólogo,
político
ou
cientista
político
pretende
apenas
leis
aplicáveis
à
sua
sociedade.
Outra
diferença
é
que
um
político
executa
as
leis
que
compôs
ou
nas
quais
se
inspirou,
enquanto
que
um
filósofo
político
cria
os
princípios
gerais
de
uma
qualquer
sociedade.
Esta
é
a
base
da
filosofia
política.
Alguns
dos
problemas
estudados
na
filosofia
política
são,
por
exemplo,
“Porque
existe
o
Estado?”
(Problema
da
Justificação
do
Estado),
“Como
deve
ser
distribuída
a
riqueza
numa
sociedade?”
(Problema
da
Justiça
distributiva)
ou
“Que
liberdade
devemos
ter?”
(Problema
da
Liberdade
Política).
Neste
guia
iremos
abordar
os
dois
primeiros.
Problema
da
Justificação
do
Estado
–
Porque
é
que
existe
o
Estado?
Ao
longo
dos
séculos
os
filósofos
políticos
debateram-‐se
nesta
questão
da
existência
do
Estado,
algo
nunca
experienciado,
visto
que,
desde
a
Pré-‐História
que
os
Homens
se
organizam
em
comunidades
e
escolhem
um
ou
mais
homens
para
os
liderar.
Este
problema
da
existência
do
Estado
teve
a
primeira
resposta
considerada
plausível
praticamente
quando
surgiu
a
filosofia
devido
à
grande
necessidade,
com
Aristóteles
que
propôs
uma
teoria
naturalista.
Segundo
Aristóteles
o
Estado
existe
porque
existe,
este
justifica-‐se
a
si
próprio,
não
necessitando
de
outra
justificação:
é
natural
a
existência
do
Estado.
Não
existir
o
Estado
é
impensável.
Mais
tarde
Thomas
Hobbes
surgiu
com
uma
nova
teoria.
Hobbes
fez
várias
“experiências
cerebrais”
na
tentativa
de
imaginar
como
seria
a
vida
humana
sem
um
Estado
para
a
governar.
Quando
terminou
concluiu
que,
para
a
própria
segurança
dos
seres
humanos,
o
Estado
tem
que
existir.
Hobbes
baseou-‐se
nas
guerras
que
se
viviam
na
altura
e
começou
a
pensar
como
seria
se
o
Estado
fosse
abolido.
O
caos
era
total.
Ele
assumiu
que
o
Homem
era
mau
por
natureza,
e
que
sem
o
Estado
todos
vivíamos
em
constante
medo,
temendo
a
nossa
segurança.
A
nossa
existência
não
passaria
de
uma
a
duas
gerações
e
viveríamos
atormentados
toda
a
nossa
curta
vida.
Esta
é
a
principal
razão
que
Hobbes
dá
para
a
existência
do
Estado:
a
segurança.
Sem
o
Estado
não
há
segurança.
Hobbes
defende
que
cada
um
deve
ter
o
Nota:
Estado de Natureza – estado
direito
de
voto,
mas
assim
que
vota
abdica
anterior à constituição da
irrevogavelmente
da
sua
liberdade
a
favor
de
um
e
sociedade.
apenas
um
soberano
que
deve
governar.
Caso
este
governe
mal,
ninguém
tem
o
direito
de
revogar
a
sua
liberdade
e
de
voltar
a
eleger
o
líder.
A
partir
do
momento
em
que
se
abdica
da
liberdade,
passa-‐se
a
ser
coautor
de
todas
as
acções
que
o
líder
fizer.
A
esta
teoria
damos
o
nome
de
Teoria
Contratualista
de
Hobbes.
Depois
de
Hobbes
veio
John
Locke
com
uma
Nota:
nova
teoria
muito
na
linha
da
teoria
de
Hobbes.
Locke
Contratualismo – experiência
mental de um “contracto”
viveu
num
período
seguinte
ao
de
Locke
no
qual
as
realizado com a sociedade.
guerras
já
não
eram
tão
acentuadas,
mas
sim
a
vivência
social
ou
particular
de
cada
um.
Locke
não
tinha
experienciado
o
que
Hobbes
tinha,
ou
se
tinha
ainda
era
muito
pequeno,
por
isso
não
achava
que
o
Homem
fosse
mau
de
natureza.
Logo
sem
o
Estado,
Locke
imaginava
que
as
pessoas
não
se
tentariam
aniquilar,
mas
sim
viver
sem
ser
em
sociedade,
no
entanto
respeitando
os
outros.
O
único
problema
do
Estado
de
Natureza
era
a
não
existência
de
propriedade.
É
essa
a
função
do
Estado
segundo
Locke:
proteger
a
propriedade
de
cada
um.
Locke
defende
que
cada
um
deve
votar
e
eleger
os
seus
representantes,
abdicando
da
liberdade,
mas
podendo
revoga-‐la
caso
os
representantes
não
estejam
a
representá-‐los
da
forma
desejada.
A
esta
teoria
damos
o
nome
de
Teoria
Contratualista
de
Locke.
Mais
perto
dos
dias
de
hoje
surgiu
uma
nova
perspectiva
que
simplesmente
diz
que
não
há
justificação
para
o
Estado,
logo
este
deve
ser
abolido
ou
reduzido
ao
mínimo
das
funções.
Esta
teoria
é
o
Anarquismo.
Esta
teoria
confia
totalmente
no
ser
humano.
Problema
da
Justiça
distributiva
–
Como
é
que
deve
ser
distribuída
a
riqueza?
O
problema
da
justiça
distributiva
é
o
que
mais
preocupa
e
preocupou
os
filósofos
desde
sempre:
Como
podemos
distribuir
a
riqueza
de
uma
forma
justa
dentro
de
uma
sociedade?
Existem
dois
principais
ramos
sobre
os
quais
as
respostas
tendem:
o
mérito
ou
a
igualdade.
A
justiça
como
utilidade
social:
é
justo
o
que
é
socialmente
útil.
Este
ramo
defende
que
o
que
for
mais
útil
para
a
sociedade
deve
receber
uma
maior
parte
da
riqueza
produzida
por
esta,
porque
de
certa
forma
contribui
mais
para
a
construir.
A
igualdade
é
uma
má
forma
de
distribuir
a
riqueza,
porque
pessoas
que
não
merecem
ficam
com
o
mesmo
que
as
que
merecem.
Um
exemplo
é
entre
uma
doméstica
e
um
gestor.
Quem
ganha
mais?
Qualquer
pessoa
diria
um
gestor,
e
isso
é
correcto?
Segundo
o
mérito
sim,
porque
o
gestor
esforçou-‐se
para
ter
o
cargo
e
mesmo
que
a
doméstica
também
o
tenha,
não
traz
tanto
benefício
para
a
sociedade,
não
produz
tanta
riqueza.
E
aqui
riqueza
não
se
tire
apenas
dinheiro,
mas
bens
também.
A
justiça
como
igualdade:
todos
devem
receber
o
mesmo.
Segundo
esta
tese
nada
importa
se
não
a
igualdade.
Todos
devem
receber
o
mesmo,
independentemente
do
cargo
ou
função
na
sociedade
que
desempenhem.
Voltando
ao
exemplo
do
gestor
e
da
doméstica:
é
justo
que
o
gestor
receba
mais
do
que
a
doméstica?
Não,
todos
devem
receber
o
mesmo.
Mas
devemos
“tirar
aos
ricos
para
dar
aos
pobres”
para
igualar
a
sociedade?
Surgem
duas
diferentes
teses
no
âmbito
deste
problema.
A
decisão
de
retirar
aos
ricos
para
dar
A
igualdade
é
importante
e
o
Estado
é
aos
pobres
não
deve
ser
feita
pelo
o
único
organismo
que
a
mantém.
O
Estado,
mas
sim
pelas
pessoas
Estado
transfere
riqueza
dos
mais
individuais.
Caso
as
pessoas
queiram
ricos
para
os
mais
pobres
para
evitar
dar,
podem
utilizar
instituições
de
desigualdades
que
tragam
violência.
caridade.
Serviços
públicos
como
hospitais
não
devem
ser
oferecidos.
O
Estado
realiza
o
mínimo
possível.