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RESUMO
O presente artigo tem por objetivo fazer uma breve introdução ao pensamento
hegeliano, afirmando a necessidade da interpretação do capítulo IV da
Fenomenologia do Espírito de Hegel onde se situa a dialética do senhor e do
escravo como uma parábola da filosofia ocidental, e não em sua simples literalidade.
Para alcançar o objetivo proposto, após a síntese de conceitos aplicados à dialética
hegeliana, será exposta a relação entre senhor e escravo enquanto construção do
reconhecimento da consciência cindida em consciência de si e consciência para si,
que inverte-se enquanto formação do indivíduo para o saber no discurso.
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Mestranda em Teoria do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas
e especialista em Direito Material do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro
– UCAM-RJ.
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Mestranda em Teoria do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC
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Assim, Hegel defende que todo homem sabe qual é seu dever e seu direito,
porque não os aprende consultando a lógica da sua razão, mas a moralidade
objetiva adquirida pela educação, pela integração a um todo social concreto. Se a
ideia de bem moral, a moralidade subjetiva, corresponde ao objeto da vontade,
expressão consumada da dialética do espírito subjetivo, em compensação a verdade
da ideia moral requer o ponto de vista do espírito objetivo, da moralidade objetiva –
“vida ética”, costumes, valores – que se prende às três esferas do espírito objetivo:
família, a sociedade civil e o Estado. No Estado, a vontade se torna livre em e para
si, no qual se reconciliam o universal e o particular.
O absoluto só pode alcançar o saber de si sob a única forma que lhe convém,
a de um sistema (modo de desenvolvimento científico racional, e não puramente
formal, dotado de uma realidade interna) que construa a totalidade do saber como
“saber absoluto”, sem outro fundamento além de si mesmo e compreendido por si
mesmo como autoprodução da razão.
O sistema absoluto que Hegel constrói, porque sua época o torna possível e o
pede, integra todas as doutrinas do passado como momentos parciais que compõem
a essência imperecível do espírito e, a esse respeito, não envelheceram, pois o
objeto da história da filosofia não envelhece, está atualmente vivo.
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• Universal
• Particular
• Singular
• Em si
• Ser aí
• Para si
• Absoluto (a cultura).
Hegel pretende mostrar que a abstração na qual o mundo é visto sem história,
como na mecânica newtoniana, em que conceitos como força são utilizados como
pressupostos de univocidade, o sujeito igualmente “aparece” nas formas acabadas
das categorias do Entendimento, como um momento baseado na certeza sensível
do aqui e do agora, que não pode ser dissociado do sujeito. Hegel parte da situação
histórico-dialética do sujeito que é fenômeno para si mesmo em sua construção do
saber através da experiência. A perspectiva hegeliana do processo de formação do
sujeito para a ciência é, portanto, uma originalidade da Fenomenologia.
- filosófica, definida pela pergunta que situa Hegel em face de Kant (o que
significa a consciência experimentar-se a si mesma através de sucessivas formas de
saber que são assumidos e julgados por essa forma suprema que chamamos
ciência ou filosofia?);
luta de vida ou morte não poderia se dar com a morte de um dos oponentes, o que
resultaria na eliminação de qualquer possibilidade de avanço no reconhecimento do
outro. Através dessa luta, uma consciência escraviza outra. Uma consciência de si,
na sua independência, escraviza outra, mantendo-a em sua dependência. Então
surge a relação entre senhor e escravo.
Enfim, para Hegel, senhor e escravo não são personagens de uma espécie
de situação arquetipal da qual procederia a história, são apenas figuras de uma
parábola com as quais ele pretende designar momentos dialéticos entrelaçados
rigorosamente no discurso que expõe a formação do indivíduo para o saber.
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CONCLUSÃO
O Espírito, por sua vez, possui três figuras: o espírito subjetivo, vida interior
individual, cuja alma sensitiva, a dialética eleva à liberdade e à vontade; o espírito
objetivo, realização da vontade livre na História, no mundo das instituições jurídicas
em que as leis asseguram a passagem do Universal ao individual, encontrando sua
forma acabada no Estado; o espírito absoluto, no qual o espírito ultrapassa os
pontos de vista separados da subjetividade e da objetividade, para conceber a
unidade substancial de ambos. Torna-se, então, o espírito em si e para si, o absoluto
como espírito, puro saber de si da Ideia. Seus três momentos são a arte, a religião e
a filosofia.
O sistema absoluto que Hegel constrói, porque sua época o torna possível e o
pede, integra todas as doutrinas do passado como momentos parciais que compõem
a essência imperecível do espírito e, a esse respeito, não envelheceram, pois o
objeto da história da filosofia não envelhece, está atualmente vivo.
dialético, que demonstra a necessidade de se passar por etapas diferentes para que
ao fim se alcance o desvelamento total do sentido do caminho, é o fio que une o
caminho das experiências na história.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS