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“PADRONIZAÇÃO DE PAINÉIS EM LIGHT STEEL FRAME”

ANITA OLIVEIRA LACERDA - anitalic@terra.com.br


PEDRO AUGUSTO CESAR DE OLIVEIRA SÁ - pedrosa@npd.ufes.br

1. INTRODUÇÃO

O Light Steel Frame (LSF) é um sistema construtivo apropriado a


edificações leves, cujos elementos são painéis reticulados constituídos por
perfis de aço formados a frio com revestimento metálico.

Estes painéis se constituem nas paredes da edificação e podem ser


estruturais ou simplesmente de vedação. Os painéis estruturais fazem o
papel dos pilares e das vigas, de forma similar ao sistema de alvenaria
estrutural. Os painéis não estruturais ou de vedação apenas fazem o papel
das paredes ou divisórias. A figura 1 exemplifica o sistema.

Figura 1: Exemplo de edificação utilizando o sistema LSF


(Fonte: Arq. Augusto Alvarenga, arquivo Nexem/UFES.)

Este sistema existe há mais de 50 anos, porém somente chegou ao Brasil


no final da década de 1990 e é utilizado em residências unifamiliares,
pequenos edifícios residenciais, pequenos comércios, postos de saúde,
clínicas, igrejas, escolas, etc.

As principais vantagens deste sistema são: construção industrializada com


as peças fabricadas em série e conseqüente rapidez na montagem, baixo
peso e conseqüente facilidade de execução e, principalmente, baixo custo
sem redução de qualidade e durabilidade da obra.

Os perfis podem ser obtidos em perfiladeiras ou em dobradeiras. Os mais


comuns são os perfis U simples e U enrijecido, mostrados na figura 2. Os
perfis simples são utilizados como guias, ou seja, elementos horizontais do
painel, situados nos seus limites superior e inferior, enquanto os perfis
enrijecidos são utilizados como montantes, ou seja, elementos verticais que
recebem as cargas das lajes e da cobertura. O princípio de formação dos
painéis é mostrado na figura 3.

MONTANTES: GUIAS:
Perfil Ue 90x40x12x0.8 Perfil U 92x38x0.8

Figura 2: Perfis formados a frio utilizados na confecção dos painéis do sistema LSF.
(Arquivo pessoal)

Figura 3: Formação dos painéis.


(Arquivo pessoal)

A construção com o sistema LSF pode ser feita de três formas distintas: a
partir dos perfis isolados, formando as paredes no canteiro de obras, a partir
de painéis pré-fabricados ou a partir de módulos volumétricos, que são
recintos pré-fabricados.

O processo construtivo é como o de um jogo de montar; as peças isoladas


ou os painéis ou os módulos chegam ao canteiro de obras e, então, são
acoplados uns aos outros definindo a edificação. Outros elementos tais
como telhas, instalações e revestimentos em geral são utilizados,
complementando a obra.

Como dito, este sistema é largamente utilizado na América do Norte, na


Europa e no Japão, porém, no Brasil, apesar de seu uso ser crescente,
ainda é utilizado quase que exclusivamente em edificações de alto padrão,
a partir de projetos arquitetônicos usuais, de caráter exclusivista. Neste
trabalho, pretende-se propor uma metodologia de projeto baseada em
painéis padronizados, com o intuito de tornar o uso do sistema acessível a
qualquer padrão de construção, inclusive de baixa renda.

2. OS PAINÉIS PADRONIZADOS

Os painéis do sistema LSF são, em geral, revestidos internamente com


placas de gesso acartonado e externamente com placas ou painéis de
materiais variados tais como de madeira do tipo OSB, cimentícios,
metálicos, etc.

Neste trabalho, foi considerado o revestimento interno usual (gesso


acartonado) e o externo com placas de OSB, em função do menor custo
deste tipo de revestimento. Os painéis propostos são classificados de três
formas distintas:

2.1. Quanto ao tamanho:


Como as chapas de gesso são fabricadas com 1,20m de comprimento, foi
definido que os painéis seriam formados com montantes distantes, no
máximo, 60 cm um do outro. Suas medidas seriam múltiplas de 20 cm,
fazendo com que houvesse grande flexibilidade no projeto, isto é, as
dimensões a serem utilizadas não se diferenciariam de mais de 20 cm.
Foram definidos, então, os seguintes tamanhos de painéis: 1,00m – 1,20m
– 1,40m – 1,60m – 1,80m – 2,00m. Para compor paredes com medidas
superiores a 2,00m, serão utilizados dois ou mais painéis.
A altura dos painéis foi definida igual 2,65m, de modo a poder receber vigas
sem que o pé-direito seja excessivo. Em princípio, os perfis que compõem
os painéis foram pensados com as dimensões mostradas na figura 2.

2.2. Quanto às aberturas:


Os painéis podem ser de dois tipos: os painéis cegos, nos quais inexistem
quaisquer aberturas (portas ou janelas), e os painéis com aberturas, que
são classificados de acordo com o tipo de porta e/ou janela que possuírem
e de acordo com a posição destas aberturas, que podem estar no centro do
painel (painel centralizado) ou em uma das extremidades (painel de
extremidade).

2.3. Quanto à forma de conexão:


Em função das possibilidades de conexão entre si, os painéis podem ser
dos tipos: interno (SS), com perfis simples nas extremidades, intermediário
(SD), com perfil simples numa extremidade e duplo na outra, e externo
(DD), com perfis duplos nas duas extremidades. As figuras abaixo
esclarecem a função de cada tipo de painel, mostrando as conexões em
que podem ser utilizados.

No Anexo A, serão mostrados exemplos dos painéis construídos a partir


dos princípios acima descritos.

Figura 4: Painel SS
(Arquivo pessoal)

O painel do tipo SS apresenta acabamento simples em ambas as


extremidades, ou seja, apenas um perfil metálico fazendo o fechamento do
painel. Desde modo, permite a conexão com outros painéis, tanto na
colocação lado a lado, como perpendicularmente, como mostra a figura 4.
Por este motivo, é utilizado, na maioria das vezes, como um painel interno.

Figura 5: Painel SD
(Arquivo pessoal)

Já painel do tipo SD apresenta acabamento simples em uma extremidade, e


duplo em outra extremidade. Desde modo, permite diferentes conexões
com outros painéis, sendo utilizado em diferentes situações.

Figura 6: Painel DD
(Arquivo pessoal)

O painel DD apresenta acabamento duplo em ambas extremidades, o que


propicia o encaixe perpendicular com outros painéis. É utilizado, na maioria
das vezes, para fechamento externo de um ambiente.

Para permitir uma variedade de encaixes e usos para os painéis ilustrados


acima, foram criadas as seguintes conexões:

Figura 7: Conexão 1
(Arquivo pessoal)

Conexão 1: Trata-se do encaixe lateral entre duas extremidades simples,


sendo utilizada, por este motivo, entre painéis SS ou SD

Figura 8: Conexão 2
(Arquivo pessoal)
Conexão 2: Trata-se do encaixe perpendicular entre duas extremidades,
uma simples e uma dupla. É utilizada em “quinas” e pode ocorrer entre os
três tipos de painéis descritos.

Figura 9: Conexão 3
(Arquivo pessoal)

Conexão 3: Trata-se do encaixe perpendicular entre três extremidades. Esta


conexão será amplamente usada quando houver o encontro perpendicular
entre duas paredes, sem que elas formem uma “quina” como no caso
anterior. Esta conexão acontecerá entre uma extremidade dupla (de um
painel SD ou DD) e duas extremidades simples (de painéis SS ou SD).

3. METODOLOGIA DO PROJETO

Para se projetar com estes painéis, é necessária uma metodologia que


facilite a elaboração do projeto, buscando resultados rápidos e eficientes. A
seguir, é mostrada uma metodologia que, de acordo com as
experimentações realizadas, atinge este objetivo.

1° passo: Definir a planta baixa da edificação (paredes com 9,2cm de


espessura – largura do perfil utilizado nas guias).

Figura 10.a: Planta Baixa


(Arquivo pessoal)
2° passo:

Com a planta baixa definida, traçar linhas de prolongamento das quinas e


dos encontros de paredes, até a extremidade oposta do ambiente ou dos
ambientes.

Figura 10.b: Definição das áreas de ocorrência da malha de modulação


(Arquivo pessoal)

Os espaços delimitados formarão as áreas de ocorrência da malha de


modulação e ajudarão a definir os painéis ideais para cada situação.
3° passo:

Traçar a malha moduladora, nos espaços delimitados no 2º passo; a malha


permitirá módulos com dimensões de 20, 40 ou 60 cm.

Figura 10.c: Configuração da malha


(Arquivo pessoal)

A partir deste momento, tem-se uma subdivisão modulada dos espaços


internos, que servirá para que, no próximo passo, sejam definidos os tipos
de painéis a serem utilizados nesta planta.
4° passo:
Subdividir as paredes nas dimensões dos painéis padronizados e posicionar
os perfis (montantes) nos eixos da malha, de acordo com os tipos de painel
(DD, SD ou SS).

Figura 10.d: Locação dos perfis e definição dos painéis


(Arquivo pessoal)

Após definidos os painéis, se houver sobras de dimensões inferiores a 20


cm, estas podem ser supridas por faixas de acabamento feitas na obra. O
ideal, no entanto, é que o projetista evite tais sobras.
ANEXO A
Painel 120cm – SS Painel 120cm - DD

Painel 120cm - SD
4. CONCLUSÕES

Um catálogo contendo todos os painéis a serem padronizados está sendo


elaborado. Após um trabalho de verificação da capacidade de carga de
cada um deles em função das distâncias entre painéis estruturais e da
sobrecarga do piso ou da cobertura sobre eles, serão definidos critérios de
uso prático para elaboração dos projetos.

De posse dessas informações, os projetistas, engenheiros ou arquitetos,


poderão, em cada caso, especificar os tipos e quantidades de painéis que,
se forem fabricados em série, poderão proporcionar sensível redução de
custo nas obras de pequeno porte.

Do catálogo também constará uma série de exercícios práticos de uso dos


painéis e da metodologia de projeto, a fim de facilitar a compreensão do
processo por parte dos projetistas.

5. BIBLIOGRAFIA

CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO EM AÇO; SINDICATO DA


INDÚSTRIA E DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO;
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL: Sistema Construtivo utilizando perfis
estruturais formados a frio de aços revestidos – Steel Framing :
Requisitos e Condições Mínimas para Financiamento pela Caixa. São
Paulo, 2003. 25p.

CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO EM AÇO: Manual da Construção


em Aço - Steel Framing: Arquitetura. São Paulo, 2006. 121p.

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