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Treinamento em

Negócios Internacionais

Conjuntura do Comércio
Exterior

BANCO DO BRASIL S/A - Gerência Regional de Apoio ao Comércio Exterior – GECEX


Treinamento em Comércio Exterior
“Conjuntura do Comércio Exterior”

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Treinamento em Negócios Internacionais
Realização Banco do Brasil

Coordenação e conteúdo
Diretoria de Comércio Exterior

Copyright BANCO DO BRASIL S/A ® 2009:

 Nenhuma parte desta apostila poderá ser reproduzida, sejam quais forem
os meios empregados, sem permissão por escrito do Banco do Brasil.

 Aos infratores se aplicam as sanções previstas no artigo 103, título VII,


cap. II, Sanções Civis, da Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que
altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais.

Nota:

 As considerações deste trabalho se fundamentam em conhecimento


disponível da Diretoria de Comércio Exterior e sites especializados.

 As informações deste estudo não devem ser tomadas como fundamento


único para qualquer decisão, mas como subsídio complementar às ações
de gestão das áreas de interesse.

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Índice

Índice Página
1. Estrutura do Comércio Exterior Brasileiro 05
1.1 Ministério da Fazenda 05
1.2 Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 06
1.3 Atuação do Banco do Brasil por delegação do MDIC 07
2. Mecanismos de Apoio ao Comércio Exterior do Banco do Brasil 08
2.1 Balcão de Comércio Exterior 08
2.2 Proex 08
2.3 Consultoria em Negócios Internacionais 09
2.4 Treinamento em Negócios Internacionais 10
2.5 Digitalização de Documentos 11
2.6 Borderô de exportação eletrônico 11
2.7 Câmbio Internet 12
2.8 Assinatura Digital 12
2.9 Proposta abertura carta de crédito importação 13
3. Histórico Pré-Crise 14
3.1 Abertura das Importações 14
3.2 Plano Real 14
3.3 RMCCI 15
3.4 Exportações em Reais 16
3.5 SML – Sistema de Pagamentos em Moeda Local 17
3.6 PDP – programa de Desenvolvimento Produtivo 18
3.7 Exportação de Serviços 19
3.8 Evolução do câmbio 20
3.9 preço das commodities 20
3.10 Balança comercial 21
3.11 Investimentos estrangeiros 21
3.12 Reservas Cambiais 21
3.13 Brasil – Investment Grade 21
4. Crise Mundial 23
5. perspectivas 24
6. Desafios para os exportadores 27
7. Referências Bibliográficas 31
8. Termos Usuais de Câmbio e Comércio Exterior 32
9. Anexos 34

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1. Estrutura do Comércio Exterior Brasileiro

1.1 Ministério da Fazenda

Receita Federal do Brasil

Órgão subordinado ao Ministério da Fazenda, tem as seguintes atribuições básicas na área


de comércio exterior:

- fiscalizar os embarques relativos às importações e exportações de mercadorias,


procedendo aos despachos de exportação e desembaraços na importação;
- arrecadar os direitos aduaneiros incidentes sobre as operações brasileiras de comércio
exterior;
- fiscalizar a correta utilização dos incentivos fiscais concedidos pela legislação em vigor
às operações de comércio internacional.
- fiscalizar a utilização dos valores de exportação mantidos no exterior

Banco Central do Brasil


Desempenha basicamente na área de comércio exterior as seguintes funções:

- atuar no sentido do funcionamento regular do mercado cambial, da estabilidade relativa


das taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de pagamentos;
- efetuar o controle dos capitais estrangeiros.

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Agentes Autorizados a operar em câmbio pelo Banco Central do Brasil

As autorizações para a prática de operações no Mercado de Câmbio podem ser concedidas


pelo Banco Central a bancos comerciais, bancos múltiplos, bancos de investimento, bancos
de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades corretoras de câmbio ou títulos e valores mobiliários, sociedades
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, agências de turismo e aos meios de
hospedagem de turismo.

Os agentes podem realizar as seguintes operações:

I. bancos, exceto de desenvolvimento: todas as operações previstas para o Mercado de


Câmbio;

II. bancos de desenvolvimento, caixas econômicas: operações específicas autorizadas;

III. sociedades de crédito, financiamento e investimento, corretoras e sociedades


distribuidoras de títulos e valores mobiliários: compra ou venda a clientes de moeda
estrangeira em espécie, cheques e cheques de viagem relativos a viagens internacionais;
compra ou venda de moeda estrangeira em cheques vinculados a transferências unilaterais;
câmbio simplificado de exportação e de importação; operações de compra ou venda, de
natureza financeira, não sujeitas ou vinculadas a registro no Banco Central do Brasil, até o
limite de US$ 10.000,00 ou seu equivalente em outras moedas; operações no interbancário,
arbitragens no País e, por meio de banco autorizado no Mercado de Câmbio, arbitragem
com o exterior;

IV. agências de turismo: compra ou venda de moeda estrangeira em espécie, cheques e


cheques de viagens relativas a viagens internacionais;
V. meios de hospedagem de turismo: exclusivamente compra de clientes de moeda
estrangeira em espécie, cheques e cheques de viagem.

1.2 Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC)

Câmara de Comércio Exterior – CAMEX

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Órgão subordinado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
que tem basicamente as seguintes atribuições:

- defesa comercial
- facilitação do comércio internacional
- financiamento e garantia às exportações
- segurança e comércio internacional

Secretaria de Comércio Exterior – SECEX

Órgão subordinado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)


Que tem basicamente as atribuições relacionadas ao controle comercial:

- emitir as licenças de importação - LI e gerenciar os Registros de Exportação – RE e


registros de Exportação Simplificados - RES;
- exercer, prévia ou posteriormente, a fiscalização de preços, pesos, medidas,
classificação, qualidade e tipos dos produtos declarados nas operações de exportação e
importação;
- elaborar estatísticas de comércio exterior.

1.3 Atuação do Banco do Brasil por delegação do MDIC

O Banco do Brasil representa , através das Gerências Regionais de Apoio ao Comércio


Exterior, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior (MDIC) para
prestação de serviços de comércio exterior:

- Licenciamentos de Importação (LI)


- Emissão de Certificados de Origem Form A
- Emissão de Atos Concessórios de Drawback - Modalidade Isenção

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2. Mecanismos de apoio ao Comércio Exterior do Banco do Brasil

2.1 Balcão de Comércio Exterior

O Balcão de Comércio Exterior é um canal de comércio exterior em meio eletrônico


para a realização de operações comerciais em tempo real entre Vendedores brasileiros e o
mercado global.
O acesso ao Balcão de Comércio Exterior é totalmente on-line via Internet.
Pode ser acessado pelo endereço “trade.bb.com.br”

2.2 Proex

O PROEX é o principal instrumento público de apoio às exportações brasileiras de


bens e serviços. O Banco do Brasil atua com exclusividade como o agente financeiro da
União responsável pela sua gestão.
Criado com o objetivo de conceder às exportações condições equivalentes às do
mercado internacional, o Programa está disponível em duas modalidades operacionais:
financiamento e equalização.

a) Proex Financiamento
Financiamento direto ao exportador brasileiro ou importador, com recursos
financeiros obtidos junto ao Tesouro Nacional. Essa modalidade de apoio está voltada
fundamentalmente para o atendimento às micro, pequenas e médias empresas.
Prazo: de 60 dias a 10 anos. Os prazos são definidos de acordo com o valor agregado da
mercadoria ou a complexidade do serviço prestado.
• Percentual financiado: até 100% do valor da exportação para os financiamentos com
prazo de até dois anos e limitado a US$ 10 milhões anuais, por empresa; e até 85% do
valor da exportação nos demais casos.
• Taxas de juros de mercado internacional.
• Pagamento em parcelas semestrais, iguais e consecutivas.
• Garantias: aval, fiança, carta de crédito de instituição financeira de primeira linha ou
seguro de crédito à exportação.

As vantagens do Proex Financiamento, dentre outras, são as seguintes:

• recebimento à vista das vendas a prazo ao exterior e financiamento ao importador com


taxa de juros internacionais;

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• simplicidade e agilidade;
• inexistência de taxas e comissões;
• aumento da competitividade de seus produtos em razão das taxas de juros compatíveis
com as do mercado internacional;
• inexistência de valor mínimo para a contratação;
• caso o exportador negocie com o importador uma taxa de juros acima da Libor, o que
exceder a Libor será repassado ao exportador.

b) Proex Equalização
A exportação brasileira é financiada pelas instituições financeiras estabelecidas no
País ou no exterior e o PROEX arca com parte dos encargos financeiros incidentes, de
forma a tornar as taxas de juros equivalentes às praticadas internacionalmente:
• As características do financiamento (prazo e percentual financiável, taxa de juros e
garantias) podem ser livremente pactuadas entre as partes, e não necessariamente
devem coincidir com as condições de equalização.
• Prazo de equalização – de 60 dias a dez anos, definidos de acordo com o valor
agregado da mercadoria ou a complexidade dos serviços prestados.
• Percentual equalizável – até 85% do valor da exportação, limitado ao valor do
financiamento.
• Beneficiário da equalização – a instituição financiadora da exportação brasileira,
estabelecida no Brasil ou no exterior.
• Forma de pagamento – a equalização é paga ao financiador, nas mesmas datas de
vencimentos das parcelas de juros do financiamento, por intermédio da emissão de
Notas do Tesouro Nacional, da Série I (NTN-I).

2.3 Consultoria em Negócios Internacionais

O serviço de consultoria coloca à disposição das Empresas toda a experiência e


credibilidade do Banco do Brasil nas áreas técnica, operacional e financeira do comércio
exterior.
A Consultoria oferece os seguintes serviços dentre outros personalizados de acordo
com as necessidades de cada cliente:
• Registros no SISBACEN: Cadastro de Empresas, ROF e Cadastramento de nº de
IED.
• Análise do Tratamento Administrativo da Exportação e da Importação.
• Formação de preços na exportação e cálculo custo importação.

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• Consultorias Customizadas em Registro de Operações Financeiras (ROF),
Drawback, Importação , Exportação e Câmbio Financeiro.
• Drawback Isenção e Suspensão: registro de dados, confecção, pedido e
gerenciamento.
• Assessoria na condução de processos junto a órgãos reguladores do comércio
exterior.
• Preenchimento de documentos de comércio exterior: Licenças de Exportação e de
Importação, Certificados de Origem, Registro de Exportação: RE e RES, Registros
de Venda – RV, Comunicados de Compra, Registro de Operação Crédito – RC, e
Documentos Comerciais.

2.4 Treinamento em Negócios Internacionais

Os Treinamentos em Negócios Internacionais do BB reúnem 8 módulos de ensino


com conhecimento prático sobre comércio exterior e câmbio:

a) Exportação de Serviços: este treinamento propõe-se a ampliar as informações sobre


a dinâmica da exportação de serviços, com destaque para os aspectos cambiais e
tributários, instituições de apoio e promoção, bem como aos instrumentos de crédito
existentes.

b) Exportação I: apresenta uma visão geral das exportações brasileiras e fornece as


informações essenciais com o objetivo de facilitar a compreensão das fases do processo
de exportação, permitindo a operacionalização segura das vendas para o exterior.

c) Exportação II: o segundo módulo sobre exportação aprofunda conhecimentos através


da simulação de diversas situações de câmbio e comércio exterior no dia-a-dia de uma
empresa exportadora. Ao final, o empresário será capaz de analisar as possíveis
conseqüências das decisões tomadas nas operações de exportação.

d) Práticas cambiais: tem como objetivo a compreensão da sistemática da contratação


das operações de câmbio, permitindo ao empresário atuar com maior segurança no
mercado cambial.

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e) Drawback: este módulo trata do regime aduaneiro especial de incentivo ao comércio
exterior, permitindo uma análise segura para utilização do Drawback nas operações de
exportação e de importação realizadas pela empresa.

f) Importação: este módulo abrange tudo o que o empresário precisa saber sobre as
fases do processo de importação. Apresenta a política e a estrutura brasileira para
importação e fornece os conhecimentos básicos necessários para operacionalizar com
maior segurança as compras no exterior.

g) Carta de Crédito: o empresário será capaz de analisar as condições que envolvem as


negociações internacionais de uma carta de crédito: regulamentação, fluxo, principais
características e possibilidades de utilização.

h) Financiamento à Exportação: prepara o empresário para reconhecer as


características dos principais financiamentos à Exportação e identificar a melhor
alternativa de crédito para sua Empresa.

i) Proteção Financeira em Câmbio e Comércio Exterior: permite identificar os riscos


associados às operações de câmbio e comércio exterior e utilizar os instrumentos
básicos de proteção financeira existentes.

2.5 Digitalização de Documentos

A Digitalização de Documentos é um serviço pioneiro que o Banco do Brasil oferece


para sua empresa enviar os documentos que amparam suas operações de câmbio com o
Banco do Brasil.
Pelo Gerenciador Financeiro, sua empresa envia a documentação de forma digital. O
sistema do BB capta a imagem do documento e a disponibiliza para sua Gerência Regional
de Comércio Exterior, que cuida de classificar e analisar a qualidade da imagem, o conteúdo
e a validade desses documentos.

2.6 Borderô de Exportação Eletrônico

O borderô de exportação é o documento que consolida todas as informações e


instruções necessárias para que o Banco possa remeter ao exterior os documentos
referentes a uma venda externa, independente da modalidade de pagamento.

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Com interface amigável, o serviço está disponível pelo Gerenciador Financeiro –
canal de auto-atendimento eletrônico que o BB oferece para empresas. O cliente tem duas
opções: digitar os dados ou enviar um arquivo “txt”. Nesse último caso, a vantagem é a
utilização do borderô já gerado para controle interno do exportador, sem necessidade de
redigitação.
Todos os documentos de exportação podem ser anexados e enviados digitalmente
para composição do dossiê da operação. Nas remessas diretas, está dispensada a entrega
dos papéis na agência. Além disso, o cliente consegue consultar pelo Gerenciador
documentos de exportação, contrato de câmbio, número do courier, carta remessa enviada
ao banqueiro, aviso de crédito e mensagem Swift.
A solução atende micro, pequenas, médias e grandes empresas, que passam a ter
mais comodidade e a reduzir custos em suas operações internacionais.

2.7 Câmbio Internet

Esta solução permite a cotação, edição, contratação e impressão de contratos de


câmbio de importação e exportação através da Internet, no site do Banco do Brasil S/A:

www.bb.com.br

2.8 Assinatura Digital

Em tempos de Internet, segurança é assunto recorrente. Certificado digital é um


documento cifrado, criptografado, com arquivo em computador que identifica o titular pessoa
física ou jurídica, em operações na rede virtual, que surge como quesito básico para conferir
tranqüilidade às transações eletrônicas.

O certificado digital é, na verdade, como se fosse um documento de identidade para


transações eletrônicas - ou seja, uma garantia da integridade das informações que trafegam
na Internet e o reconhecimento de sua origem e destino. No caso de transmissão de uma
mensagem ou de um documento importante, o aplicativo de software do certificado emite
uma assinatura digital indicando quem é o remetente e assegura que o e-mail não seja
adulterado entre o envio e o recebimento.

No Brasil, a certificação digital foi regulamentada pelo governo federal por meio da
medida provisória n.º 2.200, de 24/08/2001, que instituiu a infra-estrutura de Chaves
Públicas Brasileiras (ICP-Brasil) para atestar a autenticidade, integridade e validade jurídica
de documentos em forma eletrônica. A medida disciplina a garantia extensiva às aplicações

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de suporte que utilizem certificados digitais e permitam realizar transações eletrônicas
seguras.

2.9 Proposta para Abertura de Carta de Crédito de Importação

A Carta de Crédito de Importação é uma modalidade de pagamento em que o Banco, a


pedido de seu cliente importador, emite documento garantindo ao exportador estrangeiro o
recebimento pela venda externa, desde que atendidas todas as condições e os prazos
estipulados na carta de crédito. O serviço garante segurança na realização de negócios
entre exportadores e importadores.

Pedido de Abertura de Carta de Crédito de Importação

Solicitação de abertura de Crédito Documentário de Importação – IC, via Internet, disponível


no Gerenciador Financeiro, menu “Internacional”.

O serviço proporciona mais agilidade e simplifica o processo de abertura de crédito


documentário de importação.

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3. Histórico – “Pré-Crise”

Para que possamos entender o atual cenário do comércio exterior e as


principais oportunidades e desafios para quem oferta seus produtos no mercado
internacional são necessários, antes, que conheçamos os principais fatos históricos
e seus reflexos na economia brasileira e mundial.

Neste capítulo se pretende expor e analisar de forma simples, sem esgotar os


assuntos, os principais acontecimentos da economia brasileira e mundial nas últimas
duas décadas, bem como as mudanças na legislação relacionados ao câmbio e
comércio exterior.

3.1 Abertura das Importações

No início dos anos 90, o governo do presidente Fernando Collor implementou


um programa de liberalização financeira externa e de eliminação de barreiras
protecionistas contra a importação, resultando assim em crescentes importações.

O programa de eliminação de barreiras consistiu na extinção ou redução da


cobertura de barreiras não tarifárias, tais como reservas de mercado, quotas e
proibições, diminuição no nível médio das tarifas de importação e redução do grau
de dispersão na estrutura tarifária.

A abertura das importações causou uma significativa mudança na cultura de


consumo do brasileiro, que passou a buscar produtos com maior qualidade e preços
competitivos. Como resposta, as indústrias nacionais se reorganizaram de forma a
melhorar sua competitividade, incorporando novas tecnologias que pudessem
aumentar a qualidade de seus produtos e ao mesmo tempo suportar a pressão dos
preços baixos de muitos produtos importados.

3.2 Plano Real – alguns impactos no câmbio e comércio exterior

Desde a implementação do Plano Real, na metade da década de 1990, o


Brasil vem procedendo a mudanças estruturais na sua economia, buscando,

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principalmente, a redução e controle da inflação e criando condições para
crescimento sustentável de longo prazo.

Nos últimos 15 anos o Brasil vem diversificando a composição da sua pauta


de comércio com outros países, bem como os destinos de suas exportações e as
origens de suas importações buscando evitar ficar dependente de poucos produtos e
problemas regionais que porventura aconteçam nas economias de alguns países
específicos.

Além das recentes mudanças na macroeconomia brasileira, como por


exemplo a adoção do câmbio flutuante pelas autoridades monetárias, o País vem
modificando sua legislação cambial e de comércio exterior visando desburocratizar e
reduzir os custos para os exportadores e importadores, tornando os produtos
brasileiros mais competitivos no mercado internacional.

Recentemente, têm sido constantes as discussões voltadas para o aumento


da competitividade do Brasil no comércio internacional e a desburocratização do
mercado de câmbio no país.

Encontram-se na pauta do dia algumas propostas para reduzir o Custo Brasil


e, consequentemente, aumentar a participação do país no comércio mundial.

Dentre essas propostas encontram-se as mudanças recentes na legislação


cambial brasileira, que vêm ocorrendo desde 2005 com a criação do Regulamento
do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais – RMCCI, que trataremos a seguir.

3.3 RMCCI

As novas normas permitem que todas as pessoas, físicas ou jurídicas,


exportadoras de bens ou serviços mantenham as receitas obtidas com as vendas
externas em conta corrente no exterior, em moeda estrangeira. A conta deve ser do
próprio exportador em banco no exterior.

Os recursos podem ser utilizados para a realização de investimentos,


aplicações financeiras ou de pagamentos de obrigações próprias (inclusive
importações), vedada a realização de empréstimo ou de mútuo de qualquer
natureza.
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As instituições financeiras devem fornecer mensalmente por intermédio de
mecanismo eletrônico, relatórios consolidados por tipo de contrato liquidado, moeda
e natureza da operação com CNPJ ou CPF dos vendedores das divisas.

O exportador deve apresentar a Declaração sobre a Utilização dos Recursos


sem Moeda Estrangeira Decorrentes do Recebimento de Exportações (Derex), com
informações sobre a origem e a utilização dos recursos relativos:

I. ao recebimento de exportações não ingressado no Brasil;

II. às operações simultâneas de compra e venda de moeda estrangeira,


contratadas na forma prevista no art. 2º da Lei nº 11.371, de 2006, e

III. aos rendimentos auferidos no exterior decorrentes da utilização dos


recursos mantidos fora do País.

A Derex deverá ser apresentada até o último dia útil do mês de junho, em
relação ao ano-calendário imediatamente anterior, em meio digital, mediante a
utilização de aplicativo disponibilizado na página da SRF na Internet, no endereço
eletrônico http://www. Receita. Fazenda. Gov. br.

A pessoa física ou jurídica que deixar de apresentar a Derex, ou que a


apresentar com incorreções ou omissões, sujeitar-se-á a aplicação de multas.

Os documentos comprobatórios das operações realizadas no exterior,


relativas à origem e à utilização dos recursos decorrentes do recebimento das
exportações, deverão ser guardados pela empresa para apresentação à autoridade
fiscal da SRF, quando solicitado.

3.4 Exportações em Reais

Desde abril de 2007 está autorizada a opção de pagamento das exportações


brasileiras de bens e serviços em moeda nacional, ou seja, em reais, com a edição
da Resolução nº 12, de 25/04/2007 pelo Conselho de Ministros da Câmara de
Comércio Exterior (Camex).
Com a sua publicação, as empresas brasileiras que exportam bens ou
serviços podem optar por receber o pagamento dessas vendas em reais, sem
necessidade de utilizar outras moedas, como dólar ou euro, por exemplo. Estão

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enquadradas exportações realizadas para todos os países em qualquer modalidade
de pagamento – à vista ou a prazo.
Antes, esse tipo de pagamento só era permitido em situações especiais.
Restringia-se a Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai no caso de comércio
fronteiriço, para um conjunto determinado de produtos, e deveria ser feito por
empresas cujas sedes estivessem em cidades da fronteira relacionadas pela
Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (MDIC).
O RMCCI 1-11-1, já permitia que as exportações brasileiras de bens e de
serviços pudessem ser realizadas mediante recebimento em Reais, desde que
previsto no respectivo RE no Siscomex. A possibilidade de emissão de RE em reais
consta da Portaria 35 da Secex (Título III, Capítulo III), tendo sido incluída através da
Portaria Secex nº 07, de 03/05/2007.
O uso da moeda local oferece como vantagens a redução dos custos
financeiros das exportações de bens e serviços, maior agilidade no processo de
exportações com diminuição de burocracias e maior inserção de micro e pequenas
empresas no comércio internacional.
Pode-se ainda somar a estas vantagens a redução do risco cambial, uma vez
que permite maior previsibilidade de receitas. Ou seja, se a empresa brasileira
exportadora adquire a maioria de seus insumos no mercado interno e paga seus
fornecedores em Reais, poderá controlar melhor seu fluxo de caixa, sem se
preocupara com as oscilações do dólar ou outra divisa.

3.5 SML - Sistema de Pagamentos em Moeda Local

O SML, Sistema de Pagamentos em Moeda Local, é um sistema de


pagamentos transfronteiriço integrado aos sistemas de pagamentos locais Brasil e
Argentina, por meio dos sistemas: SPB – Sistemas de Pagamentos Brasileiro e
MEP – Medio Electrónico de Pagos.

A Resolução nº 3608 de 11 de setembro de 2008, dispõe em seu Art. 1o:

“A presente Resolução dispõe sobre o funcionamento do sistema de


Pagamentos em Moeda Local (SML), no âmbito do convênio bilateral firmado

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entre o Banco Central do Brasil e o Banco Central da República Argentina,
com o objetivo de possibilitar a liquidação das operações comerciais entre os
dois países nas suas respectivas moedas. “

Na prática, o SML permite que os recursos debitados do importador sejam


creditados diretamente em conta do exportador, em suas respectivas moedas.
Exportador brasileiro recebe Reais, exportador argentino recebe Pesos. Importador
brasileiro paga Reais, importador argentino paga Pesos.
Com o novo sistema temos o fim da conversão tanto do Real quando do Peso
em Dólar a cada exportação e importação entre Brasil e Argentina. O Banco Central
do Brasil fará a consolidação diária dos valores relativos aos pagamentos e
recebimentos processados por meio do SML como Banco Central da República
Argentina, pelo seu equivalente em dólares dos Estados Unidos, apurando o valor
líquido a ser transferido pelo banco central devedor.

3.6 PDP – Programa de Desenvolvimento Produtivo

O governo lançou em maio de 2008 a Política de Desenvolvimento Produtivo


(PDP), política industrial, que tem como objetivo principal dar sustentabilidade ao
ciclo de expansão da economia brasileira.

Os principais pontos do PDP dizem respeito à elevação do investimento, das


exportações e da participação do Brasil no comércio mundial. O plano define quatro
macrometas a serem atingidas até 2010, a saber:

1. Elevação do investimento fixo para 21% do PIB até 2010, o que exigirá um
crescimento médio anual de 11,3% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF),
segundo informações do MDIC. Na projeção considerada de crescimento do
PIB de 5% ao ano, o valor do investimento atingirá R$ 620 bilhões em 2010,
contra os aproximadamente R$ 450 bilhões, equivalente a 17,6% do PIB do
ano passado. Em 2006, o percentual foi de 16,5%, com cerca de R$ 390
bilhões investidos.

2. Incremento do investimento privado em Pesquisa e Desenvolvimento


(P&D) para 0,65% do PIB, o que significará, projetando uma taxa de
crescimento do PIB de 5% ao ano, investimentos de R$ 18,2 bilhões em 2010.

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Para isso, o crescimento médio anual dos investimentos em P&D deverá ficar
em torno de 9,8% ao ano, até 2010 – mesma taxa verificada entre 2003 e
2005. Em 2006, o setor privado investiu R$ 11,9 bilhões em P&D ou 0,51% do
PIB.

3. Ampliação em 10% do número de Micro e Pequenas Empresas (MPE)


exportadoras, o que representará aproximadamente 13 mil MPE exportadoras
em 2010.

4. Elevação da participação das exportações brasileiras para 1,25% do


comércio mundial em 2010, o que representa alcançar US$ 208,8 bilhões
exportados dentro de dois anos. A meta prevê a inserção internacional das
empresas brasileiras por duas vias: (i) exportações e (ii) investimentos diretos
no exterior para instalação de representações comerciais ou unidades
produtivas (internacionalização). Isso vai requerer um crescimento médio anual
das exportações brasileiras de 9,1% entre 2007 e 2010.

3.7 Exportação de Serviços

O setor de serviços responde por 60% da riqueza mundial e representa cerca


de 2/3 da produção da maioria das nações que lideram o cenário econômico
internacional. Quanto mais desenvolvido é o país, mais pujante é o seu segmento
terciário, que impulsiona o crescimento e a melhoria dos níveis de emprego e renda.

Nas últimas cinco décadas, os serviços são a área que mais cresce, tanto no
âmbito interno como no externo. No Brasil, o setor gera a maior parte dos empregos
e remunera com os melhores salários, por intermédio de empresas de todos os
portes, presentes em todo o território nacional.

O comércio exterior de serviços também vem apresentando notável


desempenho, apesar de ainda ser inferior ao de bens e mercadorias na pauta
nacional. Nos últimos cinco anos, as exportações brasileiras de serviços tiveram
incremento superior ao das vendas externas de mercadorias.

Ampliar o setor de serviços no Brasil e suas exportações pode gerar grandes


benefícios para o País, com o crescimento do intercâmbio comercial de bens e
mercadorias, a absorção de tecnologias, o aumento da produtividade das empresas

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nacionais, o incremento da participação das micro, pequenas e médias empresas
nas exportações brasileiras, dentre outros.

Consciente do potencial do setor, o Governo Brasileiro criou, em setembro de


2005, a Secretaria de Comércio e Serviços - SCS, vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. Em agosto de 2007, a SCS
e o Banco do Brasil firmaram acordo de cooperação técnica cujos objetivos
principais são a difusão da cultura exportadora de serviços, a capacitação de
empresários e a identificação de oportunidades para o desenvolvimento de ações
que visem dinamizar as exportações brasileiras de serviços.

O primeiro resultado dessa parceria conjunta foi a elaboração do módulo de


Treinamento em Negócios Internacionais - Exportação de Serviços, que contou com
a participação dos servidores da SCS.

Através dessa iniciativa, o Banco do Brasil, na condição de principal


instituição financeira no apoio ao comércio exterior brasileiro, contando com a
elevada qualificação técnica e profissional de seus funcionários, especialistas na
área de comércio exterior, contribui efetivamente para o desenvolvimento da cultura
exportadora de serviços no País.

3.8 Evolução do Câmbio

Ao final do ano de 2004 a taxa de câmbio iniciou um processo de valorização.


Parte desse movimento do câmbio foi explicado pela política monetária restritiva,
cujo principal objetivo foi e continua sendo o cumprimento da meta de inflação. Em
2006 o Real iniciou o ano com uma valorização nominal em relação ao Dólar
Americano superior a 12%. A valorização do Real no mercado de câmbio continuou
até meados de 2008 e reflete a consolidação da estabilidade econômica da última
década, com a conseqüente entrada de investimentos externos no Brasil.

3.9 Preço das Commodities

Os preços de exportação das Commodities agrícolas produzidas no Brasil


aumentaram significativamente nos últimos meses, segundo dados da Secretaria de

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Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
(Secex/Mdic), refletindo a forte demanda internacional. A exportação de
Commodities foi um fator decisivo para a manutenção dos superávites, pois mesmo
com a valorização do Real, o aumento do preço das Commodities em Dólares
manteve a atratividade e a margem de lucro para os exportadores.

3.10 Balança Comercial

De 2002 a 2007 balança comercial apresentou saldos positivos crescentes -


inicialmente devido à redução das importações. Em 2004 as exportações bateram
recordes chegando a quase US$ 100 bilhões, gerando o saldo positivo na balança
comercial de aproximadamente US$ 33bilhões. Os sucessivos superávits da balança
comercial, reduziu a dependência do Brasil do capital externo e tornou a economia
brasileira menos vulnerável aos problemas das economias internacionais.

3.11 Investimentos Estrangeiros

Com a liberalização financeira externa, por sua vez, a economia brasileira


integrou-se aos fluxos de capitais em busca de fontes de aplicação rentáveis em
países em desenvolvimento.

3.12 Reservas Cambiais

De acordo com o Banco Central do Brasil, devido às exportações e à forte


entrada de recursos estrangeiros no país, pela primeira vez na história do Brasil, em
2008, as reservas internacionais do país superaram o valor da dívida externa.

3.13 BRASIL – Investment Grade

Recentemente foi atribuído ao Brasil pelas agências internacionais de


avaliação de risco Standard & Poor's e Fitch o “Investment Grade”. Significa que na
avaliação destas agências o risco de credito foi reduzido e elevou-se a percepção da
solidez da economia brasileira. Assim as perspectivas de investimento externos no

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Brasil foram multiplicadas juntamente com o volume dos recursos internacionais à
disposição dos empreendedores brasileiros.

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4. Crise Mundial

Para efeitos didáticos, estabelecemos dois períodos distintos para a atual


crise financeira mundial, com a primeira etapa tendo iniciado quando o aumento da
inadimplência no setor imobiliário americano subprime começou a ter impactos
negativos sobre a precificação de títulos atrelados a esses empréstimos nos
mercados globais.

Essa fase culminou na quebra do banco Lehman Brothers em setembro de


2008. Uma das características dessa etapa foi a considerável perda de liquidez nos
mercados financeiros das principais economias mundiais.

A segunda fase da crise se inicia quando os indicadores de nível de atividade


começam a ser afetados pelas turbulências nos mercados financeiros. O que torna
mais grave essa crise se comparada às recessões globais anteriores é que os
problemas relativos à primeira fase ainda não foram solucionados. Com isso, a
deterioração do nível de atividade nas principais economias avançadas torna a saída
da atual crise um problema nada trivial. Isso porque com a desaceleração
econômica o desemprego aumentará ainda mais intensificando a inadimplência nas
instituições financeiras, principalmente bancos, no crédito imobiliário e nas demais
formas de endividamento das famílias, especialmente nos Estados Unidos (EUA).

Nesse período, os bancos centrais das principais economias passaram a usar


intensamente a política monetária, conduzindo a taxa de juros aos menores
patamares históricos. Apesar disso, o uso desse instrumento não foi suficiente para
reverter a forte deterioração na atividade econômica global.

Nesse ambiente, ganha relevância o uso da política fiscal visando elevar a


demanda agregada, via, entre outros, aumento do consumo das famílias e do
governo, na linha das recomendações de caráter tipicamente keynesiano.

No mercado de moedas, mantém-se elevada a volatilidade, especialmente do


dólar frente ao euro. Apesar da forte desaceleração da atividade econômica
americana e da reduzida taxa de remuneração dos títulos de longo prazo do tesouro
americano, o país ainda tem sido “porto seguro” para investimentos em nível global.
A explicação para esse movimento é que mesmo estando no epicentro da crise, a
economia dos EUA deverá ser a primeira a se recuperar da recessão entre as

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avançadas. Em relação ao iene e euro, avaliamos que, pelo menos até o final de
2010, o dólar manterá tendência de apreciação.

Quando da deterioração da crise financeira internacional (set/08), a grande


incógnita era tentar identificar os canais e mensurar a magnitude de seus efeitos
sobre o Brasil. Em que pese a maior resiliência do País a choques adversos, o setor
externo parecia ser o principal canal de contágio, caracterizado pela expectativa de
retração no comércio mundial e dos preços internacionais das Commodities.
Passados aproximadamente sete meses do início das turbulências, pode-se verificar
que a crise ganhou uma proporção bem maior do que a prevista originalmente e
suas conseqüências para o Brasil também serão maiores e mais prolongadas.

Os efeitos da crise financeira sobre o setor externo da economia brasileira já


puderam ser sentidos de maneira mais intensa nesses primeiros meses de 2009. A
balança comercial, apesar de superavitária, revela uma significativa redução no fluxo
de importações e exportações com consequente queda na corrente de comércio.

Além da piora na demanda externa, a retração da atividade interna também


tem afetado o desempenho do setor externo da economia brasileira. Nos três
primeiros meses do ano, o País registrou superávit comercial de US$ 3,0 bilhões,
ante US$ 2,8 bilhões registrado no mesmo período do ano passado, uma elevação
de 9,4%. Apesar desse aumento, a corrente de comércio, que representa o
somatório das exportações e importações, registrou queda de 20,5% no mesmo
período. A crise internacional é o principal motivo desse resultado. A escassez de
crédito, aliada à queda abrupta da demanda externa e a estabilidade/diminuição
marginal nos preços internacionais das Commodities vem contribuindo para que
nossas vendas ao exterior tenham recuado 19,4% no acumulado do ano (jan-mar)
perante período homólogo de 2008. Já as compras, vêm sendo fortemente
impactadas pela desvalorização cambial (42% entre agosto/08 e março/09) e pelo
recuo na atividade econômica doméstica.

5. Perspectivas

A expectativa predominante é que a economia mundial apresentará


crescimento negativo em 2009, com diversas economias avançadas e em
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desenvolvimento apresentando recessão. Espera-se uma retomada gradual do
crescimento econômico mundial ao longo de 2010.

Leilões Bacen

Com a redução das fontes externas de financiamento ao comércio exterior


brasileiro, em especial o funding para ACC/ACE, o Banco Central, desde o final de
2008 vem realizando leilões de divisas para financiar as exportações do País.
Mesmo com a deflagração da crise no segundo semestre do ano passado, o Banco
do Brasil continua com recursos em suas linhas de financiamento de ACC/ACE,
Proex, BNDES-Exim, etc.

Commodities

Os preços médios das commodities devem andar em sincronia com o ciclo de


crescimento da economia mundial, mas ainda em patamares acima da média
histórica (1981/2002).

Brasil

Acredita-se numa maior resiliência, mas não imunidade, da economia


brasileira a choques externos, na manutenção do ambiente político sem ruptura
institucional. Também espera-se que não haverá mudança na atual arquitetura da
política macroeconômica doméstica: câmbio flutuante, metas para a inflação (âncora
nominal) e disciplina fiscal, implicando redução gradual e consistente da DLSP/PIB.

Balança Comercial

Para 2010, com a perspectiva de recuperação gradativa do comércio mundial


e da atividade doméstica, estabilidade/valorização marginal da taxa de câmbio, o
País deverá voltar a apresentar elevação da corrente de comércio, porém com leve
recuo no saldo comercial.

Mesmo com a expectativa de redução no saldo comercial, o déficit em


transações correntes deverá arrefecer em 2009. A piora dos indicadores de
atividade refletidos em um menor fluxo produtivo contribuirá para uma retração
significativa na conta de serviços e rendas, com destaque para o desaquecimento na
remessa de lucros e dividendos e o recuo em viagens internacionais.

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Fluxo de Capitais

Quanto ao fluxo de capitais, nossa expectativa é de retorno gradual ao longo


do biênio 2009/10, com ingresso de recursos externos, tanto via investimento
estrangeiro direto (média de US$ 22,5 bilhões no período) como capitais de curto
prazo. O montante de divisas que deverá ingressar no País seria mais do que
suficiente para cobrir o déficit em transações correntes. Isso, aliado ao diferencial de
juros e à premissa de aumento da liquidez internacional ao longo do período de
projeção, contribuirão para que a taxa de câmbio apresente trajetória de valorização.

Câmbio

Deve permanecer estável nos próximos dois anos, com ligeira valorização do
Real frente a moeda americana.

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6. Desafios para os exportadores

crescente velocidade das mudanças e a interligação cada vez maior entre os


diferentes mercados no mundo, a internacionalização tem se tornado um fator de
sobrevivência às empresas. Porém esta internacionalização requer uma postura
profissional, com planejamento e estratégias bem definidos. A empresa não pode
mais simplesmente pensar em vender o excedente de sua produção. Deve conhecer
as oportunidades de mercado e planejar a longo prazo.

Planejamento

No mundo globalizado, com crescente necessidade de internacionalização


por parte das empresas, o planejamento assume uma posição relevante. Esse
planejamento deve-se originar de um detalhado diagnóstico dos recursos, da
capacidade da empresa e de seus objetivos.

Muitas empresas ingressam na atividade de exportação sem obter


informações prévias sobre os mercados mais promissores e as melhores maneiras
de acessá-los. Essas empresas podem obter um certo sucesso, mas com certeza
deixam de alcançar os melhores resultados possíveis.

Um dos segredos para desenvolver um planejamento de sucesso é o


envolvimento de todo o pessoal que irá participar da exportação. Todos os aspectos
do projeto de exportação devem ser conhecidos por aqueles que irão colocá-lo em
prática.

Um bom planejamento deve procurar responder a quatro questões básicas:


 Por que exportar?
 que exportar?
 Para onde exportar?
 Como exportar?

As razões que levam uma empresa a tomar a decisão de destinar seus


serviços ao mercado internacional são diversas. Além dos motivos óbvios que
recomendam essa decisão, como, por exemplo, o aumento das receitas
operacionais, alguns outros podem ser considerados, em função das características
e das peculiaridades das empresas. Entre eles, podemos citar:
 melhorias financeiras;
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 marketing e status;
 qualidade e operacionalidade;
 redução da instabilidade e diluição de risco;
 ampliação de mercado e economia de escala, etc.

Quanto aos produtos e serviços destinados à exportação, deve-se levar em


consideração as exigências do importador e as peculiaridades do mercado a que se
destinam. É indispensável observar os padrões de qualidade e outras especificações
exigidas pelo mercado importador.

Além disso, no planejamento internacional, é necessário realizar


levantamentos que permitam identificar e conhecer os aspectos do novo mercado
descritos a seguir.

Aspectos comerciais
 Especificações técnicas.
 Produtos e serviços mais comercializados.
 Sistema de distribuição.
 Concorrência local.
 Estrutura de custos operacionais.
 Níveis de preços praticados.
 Legislação de importação do país de destino.
 Leis de proteção ao consumidor.

Aspectos políticos e econômicos


 Dados geográficos, econômicos, sociais e políticos.
 Paridade cambial das moedas.
 Mudanças tecnológicas.
 Mudanças políticas.
 Questões ambientais.

Informações sobre o importador


 Cadastro.
 Hábitos de pontualidade.
 Limite recomendado para negócios.
 Canal de distribuição.

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Outros
 Tendências internacionais.
 Tecnologia de produção.
 Meios de comunicação.

Desafios

Finalizando o capítulo, segue um resumo dos principais desafios das


empresas que desejam inserir seus produtos no mercado internacional:

 A empresa deve buscar mecanismos para conseguir exportar independente da


cotação do dólar;

 Aumentar o número de empresas importadoras: empresas que importam e


exportam possuem hedge natural, podendo inclusive manter conta em moeda
estrangeira;

 Adequação ao mercado globalizado: deve-se conhecer o mercado, a empresa,


se inserir e adaptar o seu produto à cultura local;

 Aumento da concorrência: além de conhecer a concorrência no mercado


interno, as empresas devem conhecer seus concorrentes externos (formas de
produção, preços praticados, diferenciais mercadológicos, etc.);

 Logística: as empresas brasileiras sofrem com a infra-estrutura de transporte


disponível, que pode tornar os prazos de entrega maiores em relação a
concorrência ou até mesmo encarecer seus produtos;

 Carga tributária na importação de insumos: o valor dos impostos podem chegar


a 100% do valor importado. No entanto, empresas que exportam podem contar
com o benefício fiscal de drawback e ganhar competitividade no mercado
externo;

 Crédito e regularidade fiscal: para que as empresas possam se beneficiar dos


incentivos governamentais não pode haver qualquer pendência fiscal ou
tributária;

 Garantias: dificuldade em obtenção de garantias do importador. Uma


alternativa é a utilização dos seguros de crédito às exportações;

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 Sustentabilidade e Responsabilidade Socioambiental: as empresas que agem
de forma socialmente responsável ganham diferencial competitivo;

 Gestão dos recursos humanos: o Comércio Exterior requer profissionais


preparados, que possam atuar com eficiência nos diversos segmentos
relacionados a exportação e importação. Após a abertura de mercado, o fluxo
com o setor externo cresceu significativamente, exigindo dos que trabalham na
área maior aperfeiçoamento e entendimento adequado dos variados aspectos
e normas que regem a matéria.

Concluindo, para estar à frente destas mudanças é necessário informação!

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7. Referências bibliográficas e fontes de pesquisa
Lei N° 11.371, de 28 de Novembro de 2006.

Instrução Normativa SRF nº 726, de 28 de fevereiro de 2007.

Resolução 3548 de 12 de março de 2008.

Dicionário sobre Comércio Exterior. São Paulo, Edições Aduaneiras.

RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. São Paulo, Edições Aduaneiras

SUZUKI, Ana Lúcia e outros. Exportar e Importar: Acredite nesta idéia. SEBRAE.

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8. Termos Usuais de Câmbio e Comércio Exterior

ACC – Adiantamento sobre Contrato de Câmbio – É a antecipação total ou


parcial do valor, em moeda nacional do contrato de câmbio fechado com banco
autorizado.

ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues – Financiamento total ou


parcial por desconto de cambiais a liquidar. O ACE ocorre a partir da negociação
até a liquidação do câmbio. O financiamento ficará a cargo do banco em que foi
fechado o contrato de câmbio.

AWB – AIRWAY BILL – Conhecimento de embarque aéreo.

BACEN – Banco Central do Brasil – controla o fluxo de caixa do país. Fiscaliza


os pagamentos e recebimentos em moeda estrangeira, realizados através dos
bancos autorizados a operar em câmbio.

BL – Bill of Lading – Conhecimento de embarque marítimo.

CARTA DE CRÉDITO – Ordem de pagamento, sob condições, que o


importador abre, no seu país, em favor do exportador.

CONDIÇÕES DE NEGOCIAÇÃO, VENDA OU ENTREGA – Regras


internacionais que determinam responsabilidades das partes num contrato
internacional, bem como o momento em que termina a responsabilidade do
exportador, relativamente ao objetivo transacionado.

CONHECIMENTO DE EMBARQUE – Documento de transporte emitido pela


companhia de transporte, atestando o recebimento da carga, as condições de
transporte e a obrigação de entregar as mercadorias no porto de destino
preestabelecido, ao destinatário legal.

DESPACHO ADUANEIRO (Exportação) – Procedimento fiscal mediante o


qual se processa o desembaraço aduaneiro de mercadoria destinada ao exterior,
seja ela exportada a título definitivo ou não.

DESPACHO ADUANEIRO (Importação) – Conjunto de atos e formalidades


através dos quais se processa o desembaraço de mercadoria procedente do exterior.

DI – Declaração de Importação – documento informatizado que contém o


conjunto de informações gerais de uma determinada operação de importação,
com as informações específicas de cada mercadoria.

FATURA COMERCIAL – (Commercial Invoice) – Documento emitido pelo


vendedor para o comprador, contendo todas as características da transação
efetuada - mercadoria, quantidade, preço, data de pagamento. Documento de
longa utilização no comércio internacional.

FATURA PRO FORMA – Fatura emitida em caráter preliminar com todas as


características da fatura definitiva. Não implica pagamento por parte do comprador.
É geralmente emitida para atender a determinações de autoridades aduaneiras.

INCOTERMS - International Commercial Terms – São regras de âmbito

BANCO DO BRASIL S/A - Gerência Regional de Apoio ao Comércio Exterior – GECEX 32


internacional e de caráter facultativo, que definem responsabilidades (comprador
e vendedor) quanto ao pagamento de frete, seguro e despesas portuárias.

INVOICE – Commercial Invoice (fatura comercial) – Documento emitido


pelo vendedor para o comprador, contendo todas as características da transação
efetuada – mercadoria, quantidade, preço, data de pagamento. Documento de
longa utilização no comércio internacional.

LICENÇA DE IMPORTAÇÃO – LI – Documento obtido através do SISCOMEX,


exigido para mercadorias sujeitas a controles especiais ou anuências prévias de
outros órgãos.

MODALIDADE DE PAGAMENTO – Maneira pela qual o exportador receberá


o pagamento por sua venda ao exterior.

PACKING LIST – (Romaneio) – Lista com as características dos diferentes


volumes que compõem um embarque: número, peso, marca etc..

PROEX – Programa de Apoio às Exportações – Criado pelo Governo


Brasileiro, o PROEX, tem por objetivo proporcionar ao Exportador brasileiro
condições de financiamento compatíveis com as praticadas no mercado
internacional. Os recursos desse programa são provenientes do Orçamento Geral
da União constituindo-se o Banco do Brasil S.A ., o seu agente financeiro.

RE – Registro de Exportação – Documento obtido através do SISCOMEX, e


contém o conjunto de informações de natureza comercial, cambial e fiscal que
caracteriza a operação de exportação de uma mercadoria e definem seu
enquadramento.

SISBACEN – Sistema Integrado de Registro de Operações de Câmbio –


sistema informatizado criado para acompanhar diariamente as operações de
câmbio realizadas pelos bancos e outros agentes autorizados a operar em câmbio.

SWIFT – A Society for Worldwide Interbank Financial Telecomunication


(Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias
Internacionais), com sede em Bruxelas, Bélgica, foi fundada em 1973 por
um grupo de 239 bancos europeus, norte-americanos e canadenses, como
uma empresa cooperativa, sem fins lucrativos. O Brasil associou-se ao sistema
em 1982 e foi conectado à rede mundial em 1984.

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8. Anexos
8.1 Lei N° 11.371, de 28 de Novembro de 2006

Dispõe sobre operações de câmbio, sobre registro de capitais estrangeiros, sobre o


pagamento em lojas francas localizadas em zona primária de porto ou aeroporto, sobre a
tributação do arrendamento mercantil de aeronaves, sobre a novação dos contratos
celebrados nos termos do § 1o do art. 26 da Lei no 9.491, de 9 de setembro de 1997, altera
o Decreto no 23.258, de 19 de outubro de 1933, a Lei no 4.131, de 3 de setembro de 1962, o
Decreto-Lei no 1.455, de 7 de abril de 1976, e revoga dispositivo da Medida Provisória no
303, de 29 de junho de 2006.
Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida Provisória nº 315, de 2006,
que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Renan Calheiros, Presidente da Mesa do
Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a
redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, combinado com o art. 12 da Resolução nº
1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei:

Art. 1o Os recursos em moeda estrangeira relativos aos recebimentos de exportações


brasileiras de mercadorias e de serviços para o exterior, realizadas por pessoas físicas ou
jurídicas, poderão ser mantidos em instituição financeira no exterior, observados os limites
fixados pelo Conselho Monetário Nacional.
§ 1o O Conselho Monetário Nacional disporá sobre a forma e as condições para a aplicação
do disposto no caput, deste artigo, vedado o tratamento diferenciado por setor ou atividade
econômica.
§ 2o Os recursos mantidos no exterior na forma deste artigo somente poderão ser utilizados
para a realização de investimento, aplicação financeira ou pagamento de obrigação próprios
do exportador, vedada a realização de empréstimo ou mútuo de qualquer natureza.
Art. 2o O Conselho Monetário Nacional poderá estabelecer formas simplificadas de
contratação de operações simultâneas de compra e de venda de moeda estrangeira,
relacionadas a recursos provenientes de exportações, sem prejuízo do disposto no art. 23
da Lei no 4.131, de 3 de setembro de 1962.
Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, os recursos da compra e da venda da
moeda estrangeira deverão transitar, por seus valores integrais, a crédito e a débito de
conta corrente bancária no País, de titularidade do contratante da operação.

BANCO DO BRASIL S/A - Gerência Regional de Apoio ao Comércio Exterior – GECEX 34


Art. 3o Relativamente aos recursos em moeda estrangeira ingressados no País referentes
aos recebimentos de exportações de mercadorias e de serviços, compete ao Banco Central
do Brasil somente manter registro dos contratos de câmbio.
Parágrafo único. O Banco Central do Brasil fornecerá à Secretaria da Receita Federal os
dados do registro de que trata o caput deste artigo, na forma por eles estabelecida em ato
conjunto.
Art. 4o O art. 23 da Lei no 4.131, de 1962, passa a vigorar acrescido do seguinte § 7o:

"Art. 23.........................................................................

“§ 7o A utilização do formulário a que se refere o § 2o deste artigo não é


obrigatória nas operações de compra e de venda de moeda estrangeira de
até US$ 3,000.00 (três mil dólares dos Estados Unidos da América), ou do
seu equivalente em outras moedas.” (NR)

Art. 5o Fica sujeito a registro em moeda nacional, no Banco Central do Brasil, o capital
estrangeiro investido em pessoas jurídicas no País, ainda não registrado e não sujeito a
outra forma de registro no Banco Central do Brasil.
§ 1o Para fins do disposto no caput deste artigo, o valor do capital estrangeiro em moeda
nacional a ser registrado deve constar dos registros contábeis da pessoa jurídica brasileira
receptora do capital estrangeiro, na forma da legislação em vigor.
§ 2o O capital estrangeiro em moeda nacional existente em 31 de dezembro de 2005, a que
se refere o caput deste artigo, deverá ser regularizado até 30 de junho de 2007, observado o
disposto no § 1o deste artigo.
§ 3o A hipótese de que trata o caput deste artigo, contabilizada a partir do ano de 2006,
inclusive, deve ter o registro efetuado até o último dia útil do ano-calendário subseqüente ao
do balanço anual no qual a pessoa jurídica estiver obrigada a registrar o capital.
§ 4o O Banco Central do Brasil divulgará dados constantes do registro de que trata este
artigo.
§ 5o O Conselho Monetário Nacional disciplinará o disposto neste artigo.
Art. 6o A multa de que trata a Lei no 10.755, de 3 de novembro de 2003, não se aplica às
importações:
I - cujo vencimento ocorra a partir de 4 de agosto de 2006; ou
II - cujo termo final para a liquidação do contrato de câmbio de importação, na forma do
inciso II do art. 1o da Lei no 10.755, de 2003, não tenha transcorrido até 4 de agosto de
2006.
Art. 7o As infrações às normas que regulam os registros, no Banco Central do Brasil, de
capital estrangeiro em moeda nacional sujeitam os responsáveis à multa de R$ 1.000,00
(mil reais) a R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais).
BANCO DO BRASIL S/A - Gerência Regional de Apoio ao Comércio Exterior – GECEX 35
Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional estabelecerá a gradação da multa a que
se refere o caput deste artigo e as hipóteses em que poderá ser dispensada.
Art. 8o A pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País que mantiver no exterior
recursos em moeda estrangeira relativos ao recebimento de exportação, de que trata o art.
1o desta Lei, deverá declarar à Secretaria da Receita Federal a utilização dos recursos.
§ 1o O exercício da faculdade prevista no caput do art. 1o desta Lei implica a autorização do
fornecimento à Secretaria da Receita Federal, pela instituição financeira ou qualquer outro
interveniente, residentes, domiciliados ou com sede no exterior, das informações sobre a
utilização dos recursos.
§ 2o A pessoa jurídica que mantiver recursos no exterior na forma do art. 1o desta Lei fica
obrigada a manter escrituração contábil nos termos da legislação comercial.
§ 3o A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo.
Art. 9o A inobservância do disposto nos arts. 1o e 8o desta Lei acarretará a aplicação das
seguintes multas de natureza fiscal:
I - 10% (dez por cento) incidentes sobre o valor dos recursos mantidos ou utilizados no
exterior em desacordo com o disposto no art. 1o desta Lei, sem prejuízo da cobrança dos
tributos devidos;
II - 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês-calendário ou fração incidente sobre o valor
correspondente aos recursos mantidos ou utilizados no exterior e não informados à
Secretaria da Receita Federal, no prazo por ela estabelecido, limitada a 15% (quinze por
cento).
§ 1o As multas de que trata o caput deste artigo serão:
I - aplicadas autonomamente a cada uma das infrações, ainda que caracterizada a
ocorrência de eventual concurso;
II - na hipótese de que trata o inciso II do caput deste artigo:
a) reduzidas à metade, quando a informação for prestada após o prazo, mas antes de
qualquer procedimento de ofício;
b) duplicada, inclusive quanto ao seu limite, em caso de fraude.
§ 2o Compete à Secretaria da Receita Federal promover a exigência das multas de que trata
este artigo, observado o rito previsto no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972.
Art. 10. Na hipótese de a pessoa jurídica manter os recursos no exterior na forma prevista
no art. 1o desta Lei, independe do efetivo ingresso de divisas a aplicação das normas de que
tratam o § 1o e o inciso III do caput do art. 14 da Medida Provisória no 2.158-35, de 24 de
agosto de 2001, o inciso II do caput do art. 5o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002,
e o inciso II do caput do art. 6o da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003.
Art. 11. O art. 3o do Decreto no 23.258, de 19 de outubro de 1933, passa a vigorar com a
seguinte redação:
BANCO DO BRASIL S/A - Gerência Regional de Apoio ao Comércio Exterior – GECEX 36
“Art. 3o É passível de penalidade o aumento de preço de mercadorias
importadas para obtenção de coberturas indevidas.” (NR)

Art. 12. As infrações aos arts. 1o, 2o e 3o do Decreto no 23.258, de 1933, ocorridas a partir de
4 de agosto de 2006, serão punidas com multas entre 5% (cinco por cento) e 100% (cem
por cento) do valor da operação.
§ 1o O Conselho Monetário Nacional disciplinará o disposto nos arts. 1o, 2o e 3o do Decreto
no 23.258, de 1933, podendo estabelecer gradação das multas a que se refere o caput deste
artigo.
§ 2o Sujeitam-se às penalidades do art. 6o do Decreto no 23.258, de 1933, as sonegações de
cobertura nos valores de exportação ocorridas até 3 de agosto de 2006.
Art. 13. O caput do art. 15 do Decreto-Lei no 1.455, de 7 de abril de 1976, passa a vigorar
com a seguinte redação:

“Art. 15. Na zona primária de porto ou aeroporto poderá ser autorizado, nos
termos e condições fixados pelo Ministro de Estado da Fazenda, o
funcionamento de lojas francas para venda de mercadoria nacional ou
estrangeira a passageiros de viagens internacionais, na chegada ou saída do
País, ou em trânsito, contra pagamento em moeda nacional ou estrangeira.

...............................................................................” (NR)

Art. 14. Fica o Banco Central do Brasil dispensado de inscrever em dívida ativa e de
promover a execução fiscal dos débitos provenientes de multas administrativas de sua
competência, considerados de pequeno valor ou de comprovada inexeqüibilidade, nos
termos de norma por ele estabelecida.
Parágrafo único. Para os efeitos do disposto no caput deste artigo, o Banco Central do Brasil
poderá, mediante ato fundamentado, efetuar o cancelamento de débitos inscritos e requerer
a desistência de execuções já propostas.
Art. 15. Fica a União autorizada a pactuar, com o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social - BNDES, a novação dos contratos celebrados ao amparo do § 1o do
art. 26 da Lei no 9.491, de 9 de setembro de 1997, visando dar-lhes forma de instrumento
híbrido de capital e dívida, conforme definido pelo Conselho Monetário Nacional, mantida,
no mínimo, a equivalência econômica das condições alteradas.
Art. 16. Fica reduzida a 0 (zero), em relação aos fatos geradores que ocorrerem até 31 de
dezembro de 2013, a alíquota do imposto de renda na fonte incidente nas operações de que
trata o inciso V do art. 1o da Lei no 9.481, de 13 de agosto de 1997, na hipótese de
pagamento, crédito, entrega, emprego ou remessa, por fonte situada no País, a pessoa
jurídica domiciliada no exterior, a título de contraprestação de contrato de arrendamento

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mercantil de aeronave ou dos motores a ela destinados, celebrado por empresa de
transporte aéreo público regular, de passageiros ou de cargas, até 31 de dezembro de 2008.
Art. 17. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.
Art. 18. Fica revogado o inciso IV do art. 7o da Medida Provisória no 303, de 29 de junho de
2006.
Congresso Nacional, em 28 de novembro de 2006; 185o da Independência e 118o da
República
Senador Renan Calheiros
Presidente da Mesa do Congresso Nacional

Este texto não substitui o publicado no DOU de 29.11.2006.

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8.2 Instrução Normativa SRF nº 726, de 28 de fevereiro de 2007

Dispõe sobre operações de câmbio e a manutenção de recursos no exterior, em moeda


estrangeira, relativos a exportações de mercadorias e serviços, e institui a Declaração sobre
a Utilização dos Recursos em Moeda Estrangeira Decorrentes do Recebimento de
Exportações (Derex).

O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III
do art. 230 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria
MF n° 30, de 25 de fevereiro de 2005, e tendo em vi sta o disposto nos arts. 1º, 8º, 9º e 10 da
Lei n° 11.371, de 28 de novembro de 2006, e no art. 16 da lei n° 9.779 de 19 de janeiro de
1999, resolve:
Art. 1º Os recursos em moeda estrangeira relativos aos recebimentos de exportações
brasileiras de mercadorias e de serviços para o exterior, realizadas por pessoas físicas ou
jurídicas, poderão ser mantidos em instituição financeira no exterior, observados os limites
fixados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
§ 1º Os recursos mantidos no exterior na forma deste artigo somente poderão ser utilizados
para a realização de investimento, aplicação financeira ou pagamento de obrigação,
próprios do exportador, vedada a realização de empréstimo ou mútuo de qualquer natureza.
§ 2º A pessoa jurídica que mantiver recursos no exterior fica obrigada a manter escrituração
contábil nos termos da legislação comercial, para evidenciar, destacadamente, os
respectivos saldos e suas movimentações, independentemente do regime de apuração do
imposto de renda adotado.
§ 3º A manutenção dos recursos no exterior implica a autorização para o fornecimento à
Secretaria da Receita Federal (SRF), pela instituição financeira ou qualquer outro
interveniente, residente, domiciliado ou com sede no exterior, das informações sobre a
utilização de tais recursos.
Art. 2º A comprovação do ingresso das receitas de exportação, no limite fixado pelo CMN,
será verificada a partir do somatório dos embarques efetuados no período de
acompanhamento, considerando as liquidações de câmbio antecipadas e as liquidações de
câmbio a prazo, realizadas entre as datas estabelecidas pela norma cambial.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, considera-se:

I - embarque efetuado, o constante nos registros do Sistema Integrado de Comércio


Exterior (Siscomex);

II - período de acompanhamento, o período compreendido entre o primeiro e o último


dia de cada mês calendário;
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III - liquidação de câmbio antecipada, a realizada entre a data limite fixada pela
norma cambial e o último dia do período de acompanhamento;

IV - liquidação de câmbio a prazo, a realizada entre o primeiro dia do período de


acompanhamento e a data limite estabelecida pela norma cambial.

§ 2º As liquidações de câmbio antecipadas e a prazo serão as informadas pelas instituições


financeiras ao Banco Central do Brasil e disponibilizadas à SRF na forma do disposto no art.
3º da Lei nº 11.371, de 2006.
Art. 3º A manutenção ou utilização de recursos no exterior em desacordo com o disposto no
art. 1º desta Instrução Normativa acarretará a aplicação de multa de 10% (dez por cento)
incidente sobre o valor desses recursos, sem prejuízo da cobrança dos tributos devidos.
§ 1º A multa de que trata o caput será aplicada autonomamente a cada uma das infrações,
ainda que caracterizada a ocorrência de eventual concurso.
§ 2º A multa de que trata o caput será exigida de acordo com o rito previsto no Decreto nº
70.235, de 6 de março de 1972.
Art. 4º Sobre as receitas mantidas no exterior na forma prevista no art. 1º, decorrentes da
prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior,
não incidem a Contribuição para o PIS/Pasep e a Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins).
Art. 5º Fica instituída a Declaração sobre a Utilização dos Recursos em Moeda Estrangeira
Decorrentes do Recebimento de Exportações (Derex), cuja apresentação é obrigatória pelas
pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no Brasil, que mantiverem no exterior
recursos em moeda estrangeira na forma do art. 1º.
Art. 6º As pessoas físicas e jurídicas de que trata o art. 5º prestarão, por intermédio da
Derex, informações sobre a origem e a utilização dos recursos relativos:

I - ao recebimento de exportações não ingressados no Brasil;

II - às operações simultâneas de compra e venda de moeda estrangeira, contratadas


na forma prevista no art. 2º da Lei nº 11.371, de 2006; e

III - aos rendimentos auferidos no exterior decorrentes da utilização dos recursos


mantidos fora do País.

Parágrafo único. As informações serão prestadas discriminando as aplicações financeiras,


os investimentos e os pagamentos de obrigações próprias do exportador e, no caso de
pagamentos de obrigações próprias no exterior, especificando os valores destinados à
aquisição de bens ou serviços, inclusive relativos a juros e a remuneração de direitos.

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Art. 7º As informações de que trata o art. 6º deverão ser segregadas, mês a mês, por país,
moeda e instituição financeira.
Parágrafo único. Os dados referentes à instituição financeira compreenderão a identificação
das contas bancárias e os respectivos procuradores, representantes ou agentes no exterior,
responsáveis pela sua movimentação.
Art. 8º A Derex deverá ser apresentada até o último dia útil do mês de junho, em relação ao
ano-calendário imediatamente anterior, em meio digital, mediante a utilização de aplicativo a
ser disponibilizado na página da SRF na Internet, no endereço eletrônico http:// www.
receita. fazenda. gov. br.
Parágrafo único. Para a apresentação da declaração de que trata o caput, é obrigatória a
assinatura digital mediante utilização de certificado digital válido.
Art. 9º A pessoa física ou jurídica que deixar de apresentar a Derex, ou que apresentá-la
com incorreções ou omissões, sujeitar-se á a aplicação de multa de 0,5% (cinco décimos
por cento) ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o valor correspondente aos
recursos mantidos ou utilizados no exterior e não informados à SRF no prazo estabelecido
no art. 8º, limitada a 15% (quinze por cento).
§ 1º A multa de que trata o caput será:

I - reduzida à metade, quando a informação for prestada após o prazo, mas antes de
qualquer procedimento de ofício;

II - duplicada, inclusive quanto ao seu limite, em caso de fraude.

§ 2º A multa de que trata o caput será exigida de acordo com o rito previsto no Decreto nº
70.235, de 1972.
Art. 10. O valor base para cálculo das multas de que trata esta Instrução Normativa será
convertido em Reais tomando-se por base a taxa de câmbio da moeda do país de
localização dos recursos, fixada pelo Banco Central do Brasil para a venda, correspondente
ao primeiro dia útil seguinte ao previsto para:

I - o ingresso no país ou a data da utilização indevida, na hipótese do art. 3º;

II - a entrega da Derex, na hipótese do art. 9º.

Parágrafo único. Caso a moeda do país de localização dos recursos não tenha cotação no
Brasil, o seu valor será convertido em dólares dos Estados Unidos da América e, em
seguida, em Reais.
Art. 11. As pessoas físicas e jurídicas de que trata o art. 5º deverão conservar todos os
documentos comprobatórios das operações realizadas no exterior, relativas à origem e à
utilização dos recursos decorrentes do recebimento das exportações.

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Parágrafo único. A documentação de que trata o caput deverá ser apresentada, quando
solicitada, à autoridade fiscal da SRF.
Art. 12. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 13. Fica formalmente revogada, sem interrupção de sua força normativa, a Instrução
Normativa SRF nº 687, de 26 de outubro de 2006.

JORGE ANTONIO DEHER RACHID

Este texto não substitui o publicado no DOU de 28.02.2007.

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8.3 Resolução 3548 de 12 de março de 2008

Altera a Resolução nº 3.389, de 4 de agosto de 2006, que dispõe sobre


o recebimento do valor das exportações brasileiras e dá outras providências.

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro


de 1964, torna público que o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão
extraordinária realizada em 12 de março de 2008, com base no art. 4º, incisos V, VIII e
XXXI, e no art. 57 da referida Lei, e no art. 1º da Lei nº 11.371, de 28 de novembro de 2006,

R E S O L V E U:

Art. 1º O artigo 1º da Resolução 3.389, de 4 de agosto de 2006, passa a vigorar com a


seguinte redação:

"Art. 1º Os exportadores brasileiros de mercadorias e serviços podem manter no exterior a


integralidade dos recursos relativos ao recebimento de suas exportações.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, também, às ocorrências seguintes,


verificadas a partir de 1º de março de 2007:

I - despacho averbado em registro de exportação constante do Sistema Integrado de


Comércio Exterior (Siscomex); e

II - serviços prestados a residentes no exterior." (NR)

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 12 de março de 2008.

Henrique de Campos Meirelles


Presidente

Este texto não substitui o publicado no DOU de 12.03.2008.

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Diretoria de Comércio Exterior

Gerência Regional de Apoio ao Comércio Exterior - GECEX


Rua Rio de Janeiro, 750 – 4° andar
Belo Horizonte (MG)

Equipe de Consultoria
Fone (31) 3217-3299 / e-mail age1616@bb.com.br

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