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Galileu Galilei

1564 - 1642
Matemático, Astrónomo e Físico Italiano
Um pouco de sua história
Galileu Galilei nasceu na cidade de Pisa em 15 de Fevereiro de 1564, mesmo ano da
morte do pintor e escultor Michelangelo e do nascimento do dramaturgo William
Shakespeare. Filho de Vicenzo Galilei, músico, desde cedo, demonstrou ser bom
estudante. Sua família mudou-se para Florença em 1574 e Galileu foi educado pelos
monges do mosteiro de Camaldolese, em uma cidade vizinha. Em 1581, com apenas 17
anos de idade, Galileu começou a estudar Medicina na Universidade de Pisa. Seu
interesse pela Medicina nunca evoluiu. Porém era grande seu interesse pela Física e
matemática. Finalmente, em 1585, Galileu abandonou a Medicina...
Galileu e a Teoria de Copérnico
A partir daí deu várias palestras na Academia de Florença por alguns anos. Fez também
experimentos utilizando bolas, barcos de brinquedo, pêndulos e outros objectos,
observando como eles caíam, flutuavam e oscilavam. Media e marcava o tempo de seus
movimentos, e tentava imaginar explicações matemáticas para eles. Em 1533, o
matemático e astrónomo polónio Nicolau Copérnico publicara sua grande obra - Sobre
as Revoluções dos Corpos Celestes - defendendo a teoria de que a Terra se move em
torno do Sol e não o contrário. Essa teoria seria defendida e desenvolvida por Galileu e
seu contemporâneo Johannes Kepler, que descreveu a trajectória elíptica dos planetas. A
síntese desse trabalho foi a Teoria da Gravitação Universal, formulada pelo físico inglês
Isaac Newton que por coincidência nasceu em 1642, o mesmo ano em que Galileu
morreu. Por ter afirmado que a Terra se move em torno do Sol, Galileu, um dos génios
da revolução científica do século 17, foi preso e obrigado à uma retratação humilhante.

Aos 17 anos, assistindo à uma cerimónia na catedral de Pisa, observou um lustre que
oscilava no teto. Controlando o tempo pelos seus próprios batimentos cardíacos,
verificou que o intervalo entre cada oscilação era sempre o mesmo, não importando a
amplitude do movimento. Repetiu a experiência mais tarde, e sugeriu que essa
característica do pêndulo poderia tornar os relógios mais precisos.

Galileu, ao abandonar a Faculdade de Medicina, foi leccionar em Florença. Durante os


quatro anos em que trabalhou ali, publicou um trabalho em que descrevia a balança
hidrostática, uma invenção sua. Graças a esse trabalho, tornou-se aos 25 anos, professor
de Matemática, e foi leccionar na Universidade de Pisa. Em Pádua, onde viveu dezoito
anos - de 1592 a 1610 - leccionando matemática, já estava convencido do acerto das
teorias de Copérnico sobre a movimentação dos astros, mas em suas aulas continuava a
ensinar que a Terra era o centro do Universo, e em torno dela giravam planetas e
estrelas. Não tinha medo da Inquisição ainda, pois nessa época a Igreja não dava
importância ao assunto. Conforme confessou numa carta escrita à Kepler, datada de
1597, temia ser ridicularizado. E tinha razão. A imobilidade da Terra não era apenas
uma teoria defendida pela tradição da escola de Aristóteles, mas sobretudo parecia
perfeitamente de acordo com o senso comum. Qualquer pessoa pode observar,
diariamente, que o Sol, a Lua e as estrelas se movimentam; no entanto, nada havia, na
época, que pudesse mostrar o movimento da Terra, sugerido apenas teoricamente em
complicados cálculos matemáticos.
O Telescópio
Por volta de 1600, surgiram os primeiros telescópios, na Holanda, e logo se espalharam
perto da Europa. Galileu construiu seu próprio telescópio sem nunca ter visto um.
Bastou-lhe a descrição do instrumento que aparecera em Veneza. O grande mérito de
Galileu foi apontar o seu telescópio para o céu. Descobriu, assim, tantas coisas novas
que em poucos meses escreveu e publicou o Sidereus Nuncius (O Mensageiro das
Estrelas), com apenas 24 páginas, mas rico em revelações. Relatou que a Lua não tem
superfície lisa, mas está cheia de irregularidades, como a Terra. Percebeu que a Via
Láctea não era constituída, como dizia Aristóteles, por "exalações celestiais", mas era
um aglomerado de estrelas. Viu uma quantidade muito maior de estrelas do que era
possível a olho nu. E descobriu, também, quatro satélites girando em torno de Júpiter.

Galileu observou as irregularidades na superfície da lua ao apontar seu telescópio para o


céu. Não havia, ainda, nenhuma prova conclusiva do acerto do sistema heliocêntrico
proposto por Copérnico. Mas já ficava difícil admitir que a Terra era o centro do
Universo, se havia corpos girando ao redor de Júpiter. E como acreditar no dogma de
que as estrelas haviam sido criadas para deleite dos homens, se a maior parte delas era
invisível a olho nu?
Verificou que a terra gira em torno do sol
Quando a professora de Ciências escreve no quadro que a Terra se move ao redor do Sol
e de seu próprio eixo, ninguém mais fica assustado. Afinal, hoje, o movimento da Terra
em torno do Sol, chamado translação, é bem conhecido. Também é sabido que os dias e
as noites derivam do movimento de rotação - aquele em que a Terra faz ao redor de si
mesma, do seu próprio eixo.

Mas você sabia que nem sempre se pensou assim? Até o início do século 17, acreditava-
se que a Terra ficava imóvel no centro do Universo e que o Sol, os planetas e as estrelas
giravam ao seu redor. Na época, pensava-se até que, se a Terra girasse, os animais
acabariam tontos! A hipótese de que o nosso planeta estava no centro do Universo
constava nas escrituras sagradas e era defendida pelos padres. Como eles eram os
maiores detentores de conhecimento, quem ousaria duvidar?

O cientista que imaginou um universo diferente do que a Igreja pregava foi o astrónomo
polónio Nicolau Copérnico (1473-1543). Segundo sua teoria, o Sol estava no centro do
Universo e os planetas giravam ao seu redor. Na época, Copérnico não conseguiu
provar que o universo se organizava dessa maneira. Mesmo assim, foi advertido pela
Igreja por estar se intrometendo em assuntos religiosos. Quem primeiro verificou que o
Universo era bem diferente daquele que a Igreja aceitava foi o cientista italiano Galileu
Galilei (1564-1642). Isso fez com que cada vez mais cientistas mudassem sua maneira
de pensar, chegando a provar, finalmente, que era a Terra que se movia.

Mas como Galileu fez isso? Bom, tudo começou quando ele conheceu um instrumento
inventado na Holanda, chamado luneta. Era o ano de 1609, e Galileu decidiu aperfeiçoá-
la. Em um ano, ele conseguiu melhorar a capacidade de aumento e aproximação do
instrumento em 20 vezes! Nascia ali o telescópio moderno. Na época, acreditava-se que
todos os corpos celestes eram esferas perfeitas e imutáveis. Mas com seu instrumento de
observação, Galileu conseguiu ver as formas acidentadas da Lua. Ele viu também
manchas escuras se movendo na face do Sol, e percebeu que o planeta Vénus tinha fases
como a Lua. Suas observações levavam a crer que Nicolau Copérnico estava certo
quando disse que a terra girava ao redor do Sol. Por isso, Galileu foi repreendido pela
Igreja Católica em 1616.

Acatando as ordens da Igreja, Galileu silenciou sobre o tema por sete anos. Logo ele,
que declamava suas ideias em alto e bom som em jantares e debates, teve que se calar.
Mas não parou de produzir! Galileu pesquisou coisas que afrontassem menos as ideias
da Igreja, como colocar os satélites de Júpiter a serviço da navegação para ajudar os
marinheiros a calcular a longitude das embarcações no mar.

Mas uma pessoa fez Galileu voltar a estudar os movimentos dos planetas...
Problemas com a Igreja...
Galileu é julgado e condenado por apresentar teoria de que a Terra não é imóvel. No
verão de 1623, um novo papa subiu ao trono de São Pedro, em Roma. Urbano VIII era
completamente diferente dos papas anteriores: ele se interessava pela pesquisa
científica! Isso encorajou Galileu Galilei a escrever um livro em que apresentava as
duas teorias rivais da cosmologia: sistemas heliocêntricos (o Sol como centro do
universo) e geocêntricos (a Terra como centro do universo). Assim, ele poderia falar da
teoria heliocêntrica como uma hipótese não comprovada.
Galileu e os Diálogos
Em 1632, Galileu publicou os Diálogos sobre os dois maiores sistemas do mundo -
Ptolomeu e Copérnico. A obra reproduz uma conversa entre três personagens: Salviati,
que defende as teses de Copérnico; Sagredo, um observador neutro; e Simplicius,
defensor de Aristóteles e Ptolomeu. Salviati é sempre brilhante, Sagredo logo abandona
a imparcialidade e passa a apoiá-lo com entusiasmo e Simplicius é pouco mais que um
idiota, ridicularizado do princípio ao fim. Os Diálogos acabaram proibidos, Galileu foi
interrogado diversas vezes, e mesmo sob ameaça de tortura, não confessou que
acreditava mesmo no que dizia Copérnico. Galileu não confessou, e recebeu a sentença:
os Diálogos ficaram proibidos, Galileu obrigado a negar a publicamente a teoria
copernicana. E ainda condenaram-no à prisão domiciliar.
Várias autoridades, inclusive o papa, leram o Diálogo sobre os dois principais sistemas
do mundo: o ptolemaico e o copernicano antes de sua publicação em 1632 e sugeriram
modificações. Porém, quando o livro foi divulgado... foi uma confusão! Os inimigos de
Galileu, como os padres jesuítas de Roma, disseram que o livro glorificava Nicolau
Copérnico e insultavam a Igreja.

Resultado: a circulação do livro foi proibida e Galileu foi intimado a comparecer diante
do Santo Oficio da Inquisição, o tribunal da Igreja Católica, em de Outubro de 1632. Na
época, Galileu não queria viajar para Roma, pois estava doente e tinha já 70 anos de
idade. Em Novembro e Dezembro, o cientista caiu de cama. O papa ficou furioso!
Ordenou que uma junta médica examinasse Galileu. Os médicos disseram que sua saúde
permitia que ele viajasse. Portanto, ele deveria ir, por livre e espontânea vontade, a
Roma - ou seria detido e arrastado para lá a força.

Na primavera de 1633, aconteceu o julgamento de Galileu Galilei. Seu crime? Heresia,


ou seja, fazer ou dizer algo contrário às leis da Igreja. Galileu prestou depoimento a
apenas dois funcionários e um secretário.
Mas seu julgamento foi retratado em diversas pinturas como se tivesse ocorrido em um
auditório cheio de padres (como no exemplo abaixo).

Sua condenação parecia inevitável. Como último recurso, Galileu tomou a decisão de
dizer que errou e foi longe demais ao escrever sobre as duas teorias. No tribunal, o
cientista contou que decidiu reler seu livro, pois queria saber se tinha escrito algo
ofensivo. Disse que ficou surpreso ao notar que apresentou como verdadeiras duas
teorias que não tinham prova alguma. Disse que seu objectivo era apenas mostrar que a
teoria da Terra como centro do Universo tinha falhas. Porém, Galileu afirmou que
escreveu suas ideias de tal forma que o leitor podia acreditar que a teoria heliocêntrica
era incontestável. Então, o cientista disse que aceitava como verdadeira e indiscutível a
estabilidade da Terra e o movimento do Sol.
Mal sabia Galileu que o papa havia dito aos cardeais que ele deveria cumprir pena de
prisão e fazer penitência. Ele seria humilhado publicamente para advertir a todos que
desobedecer às ordens da Igreja e contestar a Bíblia era loucura.
A condenação de Galileu
Italiano passou últimos de sua vida impedido de debater ideias científicas. O papa
Urbano VIII, que ordenou que Galileu cumprisse pena de prisão e fizesse penitência.
Em 22 de Junho de 1633, saiu a sentença de Galileu Galilei: ele foi considerado culpado
por crimes abomináveis. A pena seria cumprida nas masmorras do Santo Ofício. Galileu
vestiu uma túnica branca, se ajoelhou e fez uma jura de que sempre acreditaria nos
ensinamentos da Igreja, abandonaria a ideia do movimento da Terra ao redor do Sol e
jamais diria tais coisas novamente. Histórias nunca confirmadas dizem que, quando se
levantou, Galileu murmurou baixinho: "eppur si muove" ("e, no entanto, ela se move").

Embora condenado à masmorra, o cientista passou os cinco primeiros meses da pena


sob custódia do arcebispo da cidade italiana de Siena. Galileu sofreu muito com a
condenação. Nessa época, a Igreja publicava uma lista com o nome dos livros proibidos
de serem vendidos ou lidos. A obra de Galileu apareceu na lista em 1664, onde ficou
por quase duzentos anos. Mas a publicação era vendida por altos preços fora da Itália,
onde o poder da Igreja era menor.

O tempo passou e Galileu foi aos poucos superando o sofrimento com a condenação.
Começou até a escrever um novo livro! Mas dessa vez, ele deixou de lado os motivos
pelos quais as coisas se moviam e estudou como o faziam. Por exemplo, como os
limões caem dos limoeiros? E como são disparadas as balas de canhões?

Corriam boatos em Roma de que a prisão de Galileu, em Siena, era parecida com férias.
O Santo Ofício decidiu então que ele devia limitar seus contactos sociais e afastar-se
para sempre de qualquer actividade de ensino. Assim, ele podia voltar para Arcetri,
onde tinha uma casa. Lá, ele não podia receber visitas que pudessem discutir ideias
científicas, nem ir a lugar algum (excepto o convento vizinho). O papa também proibiu
a reimpressão dos livros anteriores de Galileu, para garantir que suas obras
desaparecessem aos poucos na Itália. Após sair de Arcetri, Galileu voltou a sua casa em
Florença.

Com o passar do tempo, Galileu ficou cego. Na noite de 8 de Janeiro de 1642, ele
morreu de uma febre acompanhada de dores nos rins. Seu desejo era ser enterrado perto
do pai, na basílica principal da Igreja Franciscana de Santa Croce, onde havia várias
capelas particulares com os túmulos de melhores famílias florentinas. Mas ele foi
enterrado fora da Capela de Noviços da igreja, pois o papa considerou que qualquer
homenagem em relação a Galileu seria uma ofensa à sua autoridade. Só em 1737, após a
morte do papa, os restos mortais de Galileu foram levados para o jazigo de mármore de
um monumento em sua homenagem.

Só em 1822, o Santo Ofício permitiu a publicação de livros que ensinassem o


movimento da Terra, e em 1835, o Diálogo de Galileu foi excluído da lista de obras
proibidas pela Igreja. A forma como o cientista foi tratado pela Igreja começou a ser
revista com a ascensão do papa João Paulo II. Em 1982, ele ordenou a criação de grupos
de estudos para investigar o caso do cientista. Em 1992, o papa endossou publicamente
as descobertas de Galileu e afirmou que houve uma trágica incompreensão mútua entre
a Igreja e o cientista.

Não se pode dizer que fora maltratado materialmente. Sua prisão era um apartamento de
cinco aposentos, com janelas dando para os jardins do Vaticano, criado particular e
mordomo para cuidar das refeições e do vinho. Seus últimos anos de vida, na
companhia dos discípulos Torricelli e Vicenzo Viviani, foram dos mais produtivos. Em
1636 terminou Diálogos relativos há duas novas ciências, obra na qual retoma, de forma
ordenada, observações sobre dinâmica que fora acumulando durante toda a vida. Em 8
de Janeiro de 1642, Galileu morreu. Foi enterrado na Capela de Santa Croce, em
Florença.

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