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INTRODUÇÃO

A aterosclerose caracteriza-se por lesões da íntima, denominadas ateromas ou placas


fibrogordurosa, que fazem protrusão na luz, enfraquecem a média subjacente e sofrem uma
série de complicações. A aterosclerose contribui esmagadoramente para uma taxa de
mortalidade - cerca da metade ou mais de todas as mortes - e morbidade, no mundo ocidental,
que ultrapassa a de qualquer outra doença. (CONTRAN, et.al, 2000)
A aterosclerose afeta primariamente as artérias elásticas (por exemplo, aorta, artérias
carótidas e ilíacas) e as artérias musculares de grande e médio calibre (por exemplo, artérias
coronárias e poplíteas). A doença quase sempre começa na infância; entretanto, os sintomas
só se tornam evidentes na meia-vida ou mais tarde, quando as lesões arteriais precipitam lesão
orgânica. Embora qualquer órgão ou tecido do corpo possa ser afetado, a doença
aterosclerótica sintomática localiza-se mais frequentemente nas artérias que suprem o
coração, o cérebro, os rins, os membros inferiores e o intestino delgado. As principais
conseqüências dessa doença consistem em infarto do miocárdio (ataque cardíaco), infarto
cerebral (acidente vascular cerebral) e aneurismas da aorta. A aterosclerose também é
responsável por outras conseqüências da redução aguda ou crônica da perfusão arterial, como
gangrena das pernas, oclusão mesentérica, morte cardíaca súbita, cardiopatia isquêmica
crônica e encefalopatia isquêmica. (CONTRAN, et.al, 2000)
Os ateromas a princípio exibem distribuição focal e esparsa, porém tornam-se mais
numerosos à medida que a doença evolui, chegando, algumas vezes, a cobrir toda a
circunferência das artérias gravemente afetada. Por conseguinte nas pequenas artérias, os
ateromas são oclusivos, comprometendo o fluxo sanguíneo para órgãos distantes e causando
lesão isquêmica. Além disso, as placas podem sofrer ruptura e precipitar trombos que
obstruem ainda mais o fluxo sanguíneo. Nas artérias de grande calibre, são destrutivas,
invadem a média subjacente e enfraquecem a parede vascular afetada, causando aneurisma ou
ruptura, ou favorecendo o desenvolvimento de trombose. (CONTRAN, et.al, 2000)
A probabilidade de alguma das doenças cardiovasculares ocorrer aumenta na presença
de múltiplos fatores de risco estabelecidos para aterosclerose. Eles podem ser modificáveis e
não-modificáveis. Os não-modificáveis são a idade, o sexo e a história familiar. Os fatores
modificáveis são a dislipidemia, a hipertensão arterial, os hábitos alimentares, o fumo, o
diabete melito, a obesidade e o sedentarismo. (TOLFREY, 2002)
Os riscos para as doenças cardiovasculares crescem com a idade, e a cada dez anos há
uma possibilidade de aumentar em 2,5 vezes a mortalidade por essas doenças. A magnitude
dos fatores de risco e a ocorrência de manifestações clínicas aparecem mais tardiamente em
mulheres do que em homens. (RABELO, 2001)
Com relação à herança genética, a anamnese detalhada da história patológica familiar
revela a suscetibilidade genética para o desenvolvimento de doença aterosclerótica.
(MOURA, et.al,2002 ). No estudo realizado por ROMALDINI e COLS, foi observado que,
das 109 crianças e adolescentes com história familiar de doença cardiovascular prematura,
41,1% apresentaram um ou mais fatores de risco para a aterosclerose.
A obesidade é também um importante preditor das doenças cardiovasculares, e já
foram observadas lesões arteriais nas paredes vasculares de crianças obesas. ( WATTS, 2004).
A prevalência da obesidade na infância e na adolescência traz conseqüências em curto e longo
prazos, por estar associada a um perfil lipídico anormal, com aumento da concentração de
colesterol total, triglicerídeo e LDL, e diminuição de HDL.7 O cigarro, além de ser fator de
risco para o baixo peso ao nascer, para o descolamento prematuro da placenta e para doenças
pulmonares, é um fator de risco importante nas doenças cardiovasculares, por diminuir as
concentrações sangüíneas de HDL. ( RABELO, 2001)
A hipertensão arterial é um fator de risco modificável considerado bastante importante
para a doença cardiovascular, em ambos os sexos, independentemente do grupo étnico e da
faixa etária. Porém, as crianças com níveis de pressão arterial mais elevados tendem a evoluir
ao longo da vida mantendo uma pressão arterial mais elevada que as demais e apresentando
maior probabilidade de se tornar um adulto hipertenso. (SALGADO; CARVALHAES, 2003)
Segundo RABELO, a dislipidemia, alteração dos níveis de lipídeos ou de lipoproteínas
circulantes, é causada pelas alterações na produção, no catabolismo ou no clearence, em
conseqüência de fatores genéticos e/ou ambientais, dieta inadequada e/ou sedentarismo. De
acordo com o Programa Nacional de Educação sobre o Colesterol 7, a hipercolesterolemia, em
particular o aumento do LDL, é o principal preditor das doenças cardiovasculares, porque as
partículas de LDL contêm 70% de colesterol no sangue, sendo o principal alvo de intervenção
médica.
Níveis séricos aumentados de HDL diminuem o risco relativo para a doença
cardiovascular. O mecanismo para esse efeito protetor ocorre pela habilidade de o HDL fazer
o transporte reverso do colesterol, ou seja, de removê-lo das células e transportá-lo para o
fígado para posterior excreção. O HDL também previne a oxidação e agregação das partículas
de LDL na parede arterial, diminuindo o potencial aterogênico dessa lipoproteína.
(GIULLUM, 2000)
O diabete melito constitui um dos mais importantes problemas de saúde pública no
mundo, principalmente nos países em desenvolvimento. (GIULLUM, 2000; SARTORELLI;
FRANCO,2003) Seus fatores de risco são a hiperglicemia, as alterações lipoprotéicas e a
hipertrigliceridemia, que causam modificações na biologia vascular e aceleram os eventos
moleculares e celulares que levam à aterosclerose. ( RABELO, 2001)
O estudo de McGILL e COLS sugere que a exposição passiva ao tabaco está
relacionada a baixos níveis plasmáticos de HDL, o que está associado a uma disfunção
endotelial significativa. Em relação aos efeitos diretos, há evidências de que leve obstrução
nas vias aéreas e retardo de crescimento da função pulmonar em adolescentes estão
relacionados ao tabagismo. ( GOLD, et.al, 1996)
No Brasil, de todas as mortes estimadas para o ano de 1997, a aterosclerose
correspondia a 34,10%, ocupando o primeiro lugar entre os diversos tipos de mortalidade,
segundo estimativa do Ministério da Saúde, (KLUTHCOUSKI; PORTO, 1999) e anualmente,
cerca 300 mil brasileiros são vítimas de aterosclerose e suas complicações (COSTA, 2002).
O fato mais preocupante é que as pessoas tem sido atingidas cada vez mais cedo na
vida. Anteriormente, considerada doença de idoso, hoje a doença vascular aterosclerótica tem
sido observadas em faixas etárias cada vez menores. Está bem estabelecido que as lesões
aterosclerótica são evidentes no leito vascular a partir da adolencência e a hiperlipidemia
constitui um fator preponderante e remediável para este desenvolvimento.( PRAPTI, et. al,
2002)

OBJETIVOS
Produzir um questionário relacionado aos principais fatores de riscos da aterosclerose
e compará-los com dados laboratoriais de 30 jovens de faixa etária entre 12 e 19 anos.

METODOLOGIA

Submeter jovens de ambos os sexos com idade entre 17 e 21 anos a um questionário para
avaliação da qualidade alimentar e comparar com dados laboratoriais como : níveis de
colesterol LDL, HDL e total; triglicerídeos e glicose. Estes testes serão realizados em um
laboratório particular (BIOLAB – FIP).
Referências Bibliográficas

1. CONTRAN, R.S.; KUMAR, V.; COLINS, T. Robbins Patologia estrutural e


funcional. 6 ª ed. Guanabara Koogan, 2000.

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4. MOURA, E.C.; CASTRO, C.M.; MELLIN, A.S.; FIGUEIREDO, D.B. Perfil lipídico
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