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Rudá
Introdução
O sol estava a iluminar seu rosto, e assim ele levantou para a caça, a busca
de alimento para sua tribo, Piatã, o grande caçador, estava à procura da caça perfeita
para os seus, ao olhar em volta foi até seu cavalo e subiu nele, para ter uma visão
mais nítida da caça, ao olhar a volta, viu sua tribo, as mulheres e as crianças
brincando, sua mãe sentada ao lado de seu pai. Seu pai é um grande lider na tribo, e
a sua idade o fazem ser mais sábio diante de todos e sua mãe grande sacerdotisa,
alguns do povo até acreditam que ela seja filha de Rudá por sua energia espiritual.
- Eu te abençôo meu filho, boa caça!- Disse seu pai Zot, com um olhar de
sabedoria, acenou para seu filho.
Piatã na infância sempre foi o melhor tanto na guerra como na caça, as lendas de
seu povo eram a fonte de energia para as lutas e o aprendizado, ao poucos tomou o lugar
de caçador, na sua décima sétima lua, já era admirado por todos, porem em sua cultura,
o homem para ser reconhecido na sociedade, precisa encontrar uma mulher a quem
pertencer, porem ele jamais se interessou pelas mulheres de sua tribo, não por não
possuírem uma linda estética, ao contrario, Piatã que não queria pertencer a alguma por
não sentir necessidade de pertencer a alguém.
Todos os seus irmãos já pertenciam a seus companheiros, até mesmo sua irmã
mais nova que ele, pertencia a um homem, porem ele não queria pertencer a nenhuma
mulher, o incomodava pensar que ele teria que amar e pertencer a alguma mulher de sua
tribo, nunca possuiu sentimento por nenhuma delas e não podia negar seus sentimentos.
Sua mãe, sacerdotisa Yum, sempre lhe aconselhava, que para os homens da tribo
da guerra, a única forma de mostrar seu valor, era pertencendo a uma mulher, pois
naquele momento ele provou que merecia viver na tribo, pois alguém possuía sua vida,
como o mesmo também a possuía, pois a única forma de um homem lutar e tendo o
equilíbrio do sentimento e de sua ração, mesmo falhas e com acertos, são dominados
pelos sentimentos que os rodeia e pela razão que o domina.
Mas ele somente queria aventuras e hoje mais uma caçada ele estava a praticar,
ao sair da tribo, olhou a sua volta, a riqueza que ele via, estava em cada animal, em cada
pessoa da tribo, a pureza de uma flor se abrir, ou o fato de sua existência em estar
naquele lugar, tudo possuía uma gloria , que os tiranos e que os reis não sentem, pensou
Piatã, pois os reis das outras tribos, como na sua, planejando formas de atacar um ao
outro, conquistar e possuir outros povos.
Sempre existiam rumores que os demônios do povo da sombra encontraram um
meio de dominar seus monstros para atacá-los, mas sempre foram rumores e aos
poucos, o sei povo começou a estudar formas de atacar as outras tribos, e desde entao,
seu rei Ek sempre convocava os guerreiros para o ataque, porem com o imenso mar e
seus animais não eram capazes de ultrapassar o mar que os rodeava.
Porem seus sacerdotes estava a procurar meios de atacar, convocando seus
espíritos, e em todas as caças que ocorriam, os sacerdotes os abençoavam e mostravam
as visões de gloria ou perda, usando a magia e a ciência que esta tribo estava a
desvendar.
Anciões e sacerdotes toda noite criavam seres, unindo os espíritos e a genética
dos animais, todas as experiências foram falhas, assim causando ao povo pavor, por não
ser capaz de atacar outras tribos, enquanto os rumores de que as outras tribos já estavam
a rondar os corações dos seus.
Ele foi correndo a caça, em busca de aventuras, sua mente estava dominado pelo
êxtase da adrenalina, mas ele não percebeu o quão grande o animal era o animal com
seus chifres o encarou e a primeira gota de suor desceu pelo sangue do guerreiro, a
espada que ele empunha trazia o peso das antigas glorias do povo e agora era somente
ele e o animal, Piatã desceu do cavalo e na maneira que desceu, foi correndo ao
encontro do animal, segurou em nos chifres, dois dos quatro chifres, e sua mão ao
poucos foi ficando machucado pelo impacto com o animal, e a força que ele teria que
ter para dominar o animal, o olhar do animal estava enfurecido, tanta perseverança na
sua existência era surreal e Piatã aos poucos foi honrando aquela caça e a vontade de
dominá-la atravessou seu coração.
A espada que ele possuía uma ponta alta e ao tirar uma das mãos do animal,
pegou a espada com uma rapidez que o animal não foi capaz de se proteger, e assim ele
disse:
- Amigo, hoje foi meu dia, que Rudá tome conta de sua alma.
E assim o animal caiu no chão, e aos poucos o olhar vermelho que ele possuía
foi tornando-se vazio como a fim do seu ciclo se fechando, e toda ultima nota de seu
espírito se despedindo do Mundo que ele pertenceu.
Piatã foi á um lago próximo ali, lavar suas mãos que estavam a sangrar, sua pele
possuía cicatrizes de outras caças, porem nenhuma de uma guerra, e ele nunca sentiu
orgulho de possuir tais cicatrizes, pois só mostravam que não era capaz de lutar por seu
povo, assim causando vergonha própria de sua fraqueza em ser dominado e machucado
por animais.
Ao chegar ao lago lavou suas mãos e seu cabelo longo, olhou-se no reflexo da
água e refletiu sobre si mesmo e sobre sua existência.
Qual a razão de eu existir? As guerras não chegam a minha tribo e a mim só me
restam cicatrizes de caças, papai logo não estará entre os meus, pois o ciclo de sua
jornada esta a se fechar, como honrá-lo? , não encontro uma companheira que me
agrade e por essa razão, mamãe esta triste comigo, quero mudar meu destino, mais ele
não me permite dominá-lo.
Pensamentos o rodeavam, tanta coisa havia em sua mente, o peso do sonho, o
peso de ser um guerreiro o dominava, mais não sabia como cuidar de seu próprio
destino, pois as marcas da suas escolhas já o estavam a rodear.
Ao levantar encarou o animal e fez uma prece a Rudá:
Rudá, seu nome é amor, porem como posso amar aquilo que não pertenço, quero
ser um homem, mais as imposições que me cercam estão a dominar meu coração, tome
conta do meu destino querido Rudá, e torne-se o líder da minha existência.
Ele levantou e foi ao animal, chamou seu cavalo Bui, e assim ao levar sua caça a
sua tribo, os pensamentos foram se acalmando e a paz da fé o acalmou.
Pequenos de sua tribo o rodearam, seus olhos sempre o seguiram e hoje é o dia
da sua vigésima primeira lua, era o momento de se tornar um guerreiro, mais as
complicações de sua escolha, já começavam a pesar.
- Piatã meu filho... Hoje seu ciclo de gloria começa- o sacerdote disse com calma
ao ver Piatã chegando à entrada da tribo.
Ele sempre fora um grande amigo para Piatã, mais naquele momento o peso
estava a assediá-lo e a dor de ser um guerreiro incompleto o dominava, e assim deixou o
animal próximo a ala das cozinheiras e disse a seu amigo:
- Zolk meu amigo, o peso esta difícil de caminhar, só me viram agora na hora do
meu ciclo se concretiza.
- Que Rudá o proteja- abençôo o sacerdote.
Quando estava entrando mais fundo na caverna, ouviu barulhos estranhos, soros
de pessoas e rugidos de animais, e um vento frio passava por Piatã. Sua calça de couro
encostava-se a pedras duras e o fogo iluminava sua cintura e seu peitoral, e a cada passo
os sussurros aumentavam, entrando mais o fundo da caverna, o fogo caiu de suas mãos.
Não acreditava no que via imagens na parede da caverna, imagens de todas as
outras tribos, todas elas em união e um ser puro no meio deles com uma aura, era Rudá,
o deus do amor já uniu os povos antes...
Ao olhar as imagens de alegria entre os povos, lembrou das suas lendas, que seu
povo era o mais puro, mais ao olhar aquela imagem, não encontrava nada de errado
entre os povos, todos estavam unidos e era tão impactante para ele, que começou a ouvir
um barulho.
Era seu coração, então ele possuía sentimentos, colocou a mão em seu peito
direito, ouvindo cada batida, lentamente e rapidamente seu coração começava a soar
uma musica para seus ouvidos.
Então o caçador começou a ouvir as notas, e os sussurros se uniram a seu
coração, uma musica se iniciava, e um ser sentou no chão na frente de Piatã.
- Vê seu povo não é o único! E não é o mais puro...
- Quem é você?
Ao olhar o homem a sua frente sentiu medo, seus cabelos eram compridos até a
cintura, e ele possuía um olhar altivo, nunca viu alguém nesse estilo, e o medo do novo
o assustou.
- Sei que você esta pensando, quem é esse que quer conversar comigo? Mas
espere somente irei te explicar... Existem outras tribos e Rudá não agüenta mais a
separação dos povos... Siga em frente, os seus verdadeiros sonhos podem se realizar.
E assim ele sumiu, Piatã ficou com medo, um homem diz às palavras que ele
quer ouvir e no fim ainda some, que magia aquele lugar possuía?
Medo de desconhecido e coragem para descobrir o que aquele lugar possuía,
entrou em conflito em seu coração, porem ao olhar novamente a pintura na parede,
ouviu um sussurro maior que os outros dizendo:
- Estarei contigo Piatã.
E então entrou mais no coração da caverna, as pedras atrapalhavam seu andar e
os sussurros aumentavam e diminuam de volume, quanto mais ele entrava na caverna,
mais imagens viam cada povo, cada símbolo e sempre Rudá entre eles.
Vontade de ter nascido naqueles dias Piatã sentiu, havia paz e não a gloria dos
povos procurando meios de se atacar, todos estavam unidos e Rudá realmente dominava
o coração de todos...
Em seus dias as pessoas só tinham fé em palavras de sacerdotes e não estavam
mais ligados ao grande deus do amor, mais sim ouvindo a voz de homens a procura de
gloria e o seu rei era a prova de que a luxuria dominava o coração dele, pois como um
homem poderia pertencer a milhares de mulheres.
Indigno um homem de esse ser o rei, as mulheres eram víboras prontas para
atacar à presa, e Piatã sentiu novamente a luxuria de estar com uma mulher, lembrando
do corpo e a pele macia que as mulheres possuem.
Porem a mulher que mais o encantou estava somente em seus sonhos, com
aquele olhar meigo e triste pela guerra que seus sonhos possuíam...
Andando e o soro aumentava, e as imagens a cada momento ficavam mais
intensos, cenas então de luta começaram a surgir, um único povo tinha iniciado as
guerras, e esse povo tinha o domínio nas bestas que rodeavam as lendas do povo de
Piatã.
Os homens de outras tribos começaram a querer matar essa tribo, porem os
demônios que eles dominavam acabava com qualquer ser, e cada povo queria sua gloria
e fazendo Rudá afastar-se deles.
Até que na ultima imagem que estava pintada era Rudá colocando os povos cada
um em um lugar e fazendo o mundo ser quadrado para que os homens não se matassem
e que os demônios não dominassem a terra.
Na ultima também havia uma grande lagrima e o caçador sentiu que toda a
história era a verdade e que as lendas de seu povo, de eles serem os escolhidos de Rudá
eram apenas o ego do povo.
Ele encostou a mão na parede, onde a lagrima estava desenhada e sentiu uma
energia diferente ali, algo divino estava naquele lugar, e os sussurros acabaram no
momento que ele tocou na pintura.
E foi tudo tão rápido, ao ele tocar na pintura o silêncio tomou conta e então o
chão abriu e Piatã foi caindo e o bateu o rosto no chão.
Quando levantou o mesmo homem que estava no início das pinturas apareceu e
disse:
- Então viu a historia dos povos... Como se sente?
- Não entendo nada, onde estou.
- Aqui é a casa de Rudá, finalmente ela ouviu suas preces.
- Como assim a casa de Rudá? Aqui é um buraco pare de caçoar de mim
- Não estou brincando
E Piatã levantou do chão olhou ao redor, era um lugar perfeito, arvores
iluminadas com um brilho natural das plantas, animais belos e o homem a sua frente
sorrindo pelo seu encanto.
- Agora acredita onde esta?
- Como vim parar aqui?
- Rudá tem planos para você, mais antes desses planos acontecerem, terá que
passar num teste, lutar contra mim.
- Antes da luta me diga seu nome...
- Terá que lutar comigo pra depois saber.
Piatã estava totalmente confuso, havia caído em um lugar abençoado por Rudá e
ainda teria que lutar com aquele estranho.
- Como posso saber se é verdade o que você fala?
- Olhe ao seu redor e reflita Rudá esta em todo lugar, porem para você chegar até
ele terá que me superar nessa luta.
- Preciso de mais argumentos, não tem razão nenhuma para lutar.
- E se eu disser que a mulher dos seus sonhos, pode estar neste lugar.
A mão de Piatã estava segurando firmemente a espada, não queria derramar
sangue desnesário, aquele homem era um desconhecido que o provocava e isso não era
motivo para machucá-lo.
- Não existe mulher para mim, sou um homem só.
- Você mente ao dizer isso!
- Que razão você dizer que sou mentiroso?
- Conheço seu coração e sei que você já esteve nos braços de uma mulher.
- Todo homem já tocou alguma mulher.
A mulher na qual ele tocou nunca pertenceu a seu coração e isso o machucava,
era seu pecado e aquele homem com naturalidade de um segredo que ninguém sabia.
- Não, eu sei mais do que isso, você foi dominado por ela, e quase teve relações
com ela.
- Como você sabe sobre a minha vida?
- Lute comigo e depois contarei.
- Não vale à pena lutar contigo
- Somente sei Piatã que você estava a honrar seu nome, sendo rijo e vigoroso
quando a mulher começou a beijar seu corpo, você esta impuro para falar com Rudá e
precisa lutar comigo para provar que a luxuria não tomou conta de você.
- Qual o sentido disso tudo?
- Descubra ao lutar comigo.
Piatã estava se enfurecendo com aquele homem, suas palavras revelavam os
momentos mais carnais dele e revelavam que ele era um homem comum como todos os
outros, sendo criados para os prazeres da carne.
Aquele homem estava a dizer tudo o que ele viveu e a raiva de saber que este foi
seu pecado o aprisionava na incerteza de lutar, pois nada sabia da situação que se
encontrava e sim que sua vida estava sendo exposta por um estranho.
- Me diga qual a razão de lutarmos?
- Algo poderá acontecer se você lutar comigo e somente após a luta você vera, se
me vencer.
- Essa luta para mim é desnessario.
O caçador virou de costas tomando outro caminho e deixando o desconhecido
irritado por sua recusa.
- Então você foge de sua tribo e quando sabe que esta perto de Rudá se afasta
que tipo de derrotado é você? Você deixou sua família para viver atolado em seu
pecado? . Eu sei que você ainda sente desejo de tocar aquela mulher novamente,
mesmo sem ter sentimento algum, ela fez você sentir que é um homem muito viril.
O estranho cuspiu no chão, mostrando ao caçador o nojo da atitude que ele havia
tomado, este era seu pecado e não podia negar que a mulher ainda o atormentava e que
seu pecado o fazia querer dessistir de qualquer mulher, ele realmente era um homem
repgnante, pois mesmo sem amar se entregou, mas o desconhecido não era digno de
dizer nada sobre ele, pois Piatã nada queria dele.
Piatã se enfureceu por um homem saber tanto sobre ele, sendo que ele
desconhecia até mesmo o nome deste e avançou para atacá-lo.
Sua espada estava mais afiada do que nunca, pela ultima caçada, e sua
determinação em derrotá-lo era maior que qualquer outro sentimento.
- Esta satisfeito agora?
O estranho sorria e se divertia ao defender os ataques de Piatã, e o caçador
estava cheio de ódio pelo desconhecido sorrir de seus ataques.
As espadas tilintavam, o caçador se enfurecia a cada ataque, desejava ver o
sangue do desconhecido, seu maior segredo estava sendo tido por aquele homem e
somente derrotando-o poderia esquecer seu pecado. O ódio de Piatã guiava sua espada e
ver a derrota daquele homem fazia sua determinação aumentar, ninguém poderia saber
de seu pecado e se fosse nescessario matar aquele homem ele faria.
- Talvez eu estivesse se seus ataques não fossem tão falhos.
E num movimento rápido, foi capaz de tirar as espada do caçador e pegar em
outra mão e disse:
- Você nunca conseguiria lutar comigo, esta possuído pelos seus pecados.
As espadas estavam na mão do estranho e seu sorriso de vencedor era algo
insuportável para Piatã, quem era aquele homem que tirava e sua espada e o desonrava
por uma atitude impura que ele bem sabia ter cometido.
Ao ouvir isso, mais raiva surgiu no coração de Piatã, aquele homem estava a
dizer tudo o que pensava e agia como um superior e ainda tinha pegado sua espada.
Porem Piatã avançou e deu um empurrão no estomago do estranho, o fazendo
cair com as duas espadas e pegou rapidamente a espada:
- Será mesmo que não era capaz de lutar contigo?
- Você conseguiu me vencer, mas e se eu disser a você todas as suas falhas,
estará disposto a andar nos caminhos de Rudá?
- Onde ele está? Mostre-me, pare de dizer do Deus do amor, eu quero, mas nem
sei como cheguei aqui e qual a razão de estar aqui.
- Você pode me ajudar a levantar?
E o estranho estendeu a mão para Piatã e ele o levantou, uma paz encheu o
coração do caçador ao sentir o toque daquele desconhecido, uma fonte de energia
emanava dele, era maior do que tudo que tinha sentido, até mesmo de sua mãe que era
uma grande sacerdotisa e sempre buscava forças de Rudá.
- Você quer ver Rudá? Estara disposto a se arrepender de seus pecados e tomar
uma missao dele?
- Preciso ver a Rudá e depois aceitarei outras imposições.
O desconhecido olhou para um chão com um olhar perdido e disse:
- Somente vendo, acreditaras no Deus do amor?
- A minha fé esta abalada, a minha tribo me deixou e ainda quer que eu acredite
que Rudá quer me ver?
- Ele esta em todo lugar, em cada planta, em cada musica, em cada coração que
pulsa, sua fé é tão pequena que nem mesmo é capaz de acreditar em suas preces a Rudá,
você é um menino que fugiu para viver por si mesmo.
- Mais e se meu coração não tiver sentimentos e a fé é um deles...
- A fé é muito mais do que um sentimento, é uma energia que impulsiona as
pessoas a acreditarem que podem ser melhores, mas somente Rudá pode dar a certeza
de vitória nos corações que pecam a toda manhã.
- Você diz com tanta sabedoria, como se conhecesse a Ele, e não consigo
imaginar um ser tão arrogante capaz de ver a Rudá.
- Minha ignorância é amar os humanos e você esta entre eles...
- Você fala humano, mais então quem você é? Para falar da sua própria espécie.
Piatã estava entrando em conflitos por ouvir tanta sabedoria e tantas palavras
com tantos significados, afinal de contas quem ele era?
- Não sou humano, este é um dos corpos que tenho, mais não sou humano, sou
Nhandeara, já ouviu falar de mim?
- Não...
Então o desconhecido mais uma vez, olhou para o vazio e sorriu para Piatã.
- Poucos me conhecem, porém eu te digo um dia todos saberão quem eu sou, eu
acredito que meu pai me ensinara e me testara se amo a cada ser que respira.
Piatã não entendia nada do que o desconhecido dizia porem o deixou sozinho em
seus pensamentos e foi ver o lugar que o rodeava, a magia que aquele lugar continha era
surreal, seres novos e animais ferozes e dóceis andando juntos, alguns humanos que
emanavam luz e olhou para trás e perguntou a Nhadeara:
- Onde estou?
- O chão onde pisa e os seres que olha são de Khatibu, onde Rudá vive...
Ao dizer estas palavras, um vento forte passou por todos, uma força e uma
velocidade acalmando a todos, menos a Piatã.
- Quem está ai? – ele perguntou assustado.
- Olhe para frente Piatã e vera a glória do Deus do amor.
Quando o caçador virou, viu um ser iluminado, um homem revestido por um
manto vermelho, um cajado que possuía uma grande pedra azul e um olhar penetrante e
este homem chamou Piatã.
- O lugar onde pisas e os seres que o rodeia são um pedaço dos planos para todos
os povos e agora se lembre de tudo o que você viveu e as noticias de ataques de outras
tribos, tudo isso foi o homem que criou e seu coração dominado pela luxuria.
Ao dizer esta ultima palavra, o caçador prostrou ao chão, em seu coração
começou a sentir um grande vazio e lagrimas sem controle caiam de sua face e então
somente foi capaz de dizer:
- Perdoe meu pecado, Rudá, ilumine meu coração
E deu um grito forte de dor e caiu ao chão.
Quando abriu os olhos, um grande aperto no coração Piatã sentiu, suas cicatrizes
haviam sumido e uma tremenda dor de cabeça veio a ele ao lembrar-se de tudo o que
tinha acontecido.
Ao olhar para onde estava, continuou a sentir uma energia espiritual jamais
imaginada e saiu da cabana que estava. Quando saiu viu Nhandeara sorrindo com o
homem majestoso.
- Então levantou caçador.
- Como minhas cicatrizes?
- Tantas perguntas, você não cansa de fazê-las não?
- Somente quando alguém me responder o porquê de eu estar aqui e porque as
minhas cicatrizes saíram.
Nhandeara olhou para o homem majestoso e disse:
- Agora é sua vez, cuide dele grande mestre.
E Piatã olhou confuso para tudo o que ouvia e via e milhares de pensamentos
confusos vieram a sua mente.
- Piatã, a razão de estar aqui é que tenho planos a ti.
O grande mestre que Nhandeara havia chamado possuía um olhar bondoso com
uma tonalidade única, uma mistura de verde com azul que se tornava uma cor
desconhecida e bela para o caçador, seu cabelo era longo, que caia lentamente até o
chão e era escuro, em tom preto.
- Que planos? Não tem plano nenhum para mim, já fui possuído pelo sentimento
da luxuria e vejo a minha derrota estampada em meu corpo.
- Sua cicatriz já se perguntou por que não estão mais em seu corpo?
- Sim... Mas não sei onde encontrar essa resposta.
- Olhe a seu redor, vê os seres que existem todos eles podem te responder, porem
somente a mim você devem perguntar.
- Qual a razão das minhas cicatrizes terem sumido... Grande mestre?
O homem sorriu quando Piatã o chamou de grande mestre e seu sorriso trouxe
paz para o caçador.
- O pecado que corrói o coração dos homens, somente pode ser perdoado por
mim, Rudá, Deus do amor.
Ao Piatã ouvir isso, estremeceu por estar diante do Deus do amor, agora ele
sabia o porquê de haver tantas energias a sua volta.
O homem a sua frente, não era um homem, mais sim o Deus do amor, Rudá,
aquele que ele sempre orava e o busca para ajudar em suas lutas, ele que o deu a vida e
agora ele o caçador estava diante daquele que sempre pedia auxilio.
Seu corpo tremeu todo, ao perceber imponência e a paz ao estar diante de Rudá,
em toda sua vida, nunca pensou ser digno te tal acontecimento, nem mesmo se achava
digno de estar onde estava e o chão que pisava lhe trazia energias para conseguir olhar
para o Deus do amor.
- Qual a razão de estar aqui?
- Podemos caminhar? Preciso me movimenta um pouco...
- Sim, mais quero respostas.
Eles começaram a andar, e Piatã olhava para todas as novidades, cada criatura
peculiar, com traços puros, cada animal unido, sem ter caça somente brincadeiras, todos
se alimentavam dos vegetais e não havia cheiro de sangue naquele lugar.
Um peso em sua consciência veio, ao lembrar os animais que havia matado
todas as caças, que para ele era a única que acreditava para poder alimentar sua tribo, a
lembrança de sangue de animais inocentes o machucava, era tudo que ele sabia fazer,
era um caçador, que sentimentos Rudá deviam ter por ele, por matar as criaturas que ele
criou.
- Acalme-se caçador...
- Qual a razão de estar aqui? Por favor, me responda.
- Quero-te mostrar uma coisa, antes de dizer o porquê de sua presença.
Ao andar, as mesmas energias ele começou a sentir, não podia acreditar que
estava diante de Rudá, aquele lugar era perfeito, havia paz sem procurar, e a presença de
Rudá acalmava qualquer conflito que houvesse em sua mente.
Os passos de Rudá eram leves e seus movimentos eram majestosos, seu cajado
tinha uma bola azul que nas lendas, dizia ter um poder de fazer as almas que tivessem
toda a impureza fossem salvas pela pureza que houvesse em algum lugar do coração da
pessoa.
As lembranças vieram a Piatã de sua tribo e as lendas, a presença de Rudá e as
preces para a benção dos casais, todas as mulheres oravam a Rudá para encontrar um
parceiro, suas preces na maioria das vezes eram respondidas e festas da união deles
sempre havia.
A fé que os homens possuíam quando escolhiam suas parceiras era algo
admirado para todos, puser Piatã foi o único capaz de recusar uma companheira.
Ele não possuía a maior benção do Deus do amor, e uma tristeza veio a seu
coração ao lembrar-se dos dois momentos em que recusou uma mulher, uma tristeza
profunda por não saber o que era o certo a ter feito.
Quando estava a andar, olhou para frente e viu uma cabana gigante, que possuía
ouro em volta dele, e não palha, com uma grande abertura e Rudá disse:
- Entre, quero mostrar algo que este ai dentro.
Dentro da cabana, havia varias armas e no fundo dela havia um lugar que parecia
ser uma pedra grande usada para sacrifícios que os povos faziam para Rudá.
- Vê ao fundo aquela pedra, vá até ela e a toque.
Piatã não entendeu nada, porem foi à pedra e tocou nela, quando a tocou , as
lembranças do seu passado e seus últimos sonhos começaram a surgir na pedra.
- Vês, toda a sua vida
Todas as caçadas, as brincadeiras com seu amigo, sua mãe o abraçando, seu pai
o ensinando a usar o arco e flecha, todas as lembranças estavam diante daquela pedra,
seus olhos se encheram de lagrimas ao sentir a falta de sua antiga vida.
- Por que estou aqui?... Por favor, me responda.
Um choro descontrolado e um aperto em seu coração vieram a ele, toda a sua
vida tomou um rumo desconhecido, o medo de não poder controlar seu futuro o
amedrontava e as lembranças sugavam a vitalidade que ele possuía.
Rudá ergueu seu cajado e tirou a mão do caçador.
- Seu passado lhe condena e te abençoa você não escolheu uma parceira, porem
decidiu viver para sua tribo, ajudando a todos, você tem um coração... Toque mais uma
vez na pedra.
Piatã ficou com medo, porem tocou novamente, e a imagem que viu foi de uma
mulher encantadora, possuía traços meigos e estava rodeada pelas pessoas de sua tribo,
tinha um olhar lindo e uma bondade em cada toque nas pessoas.
- Quem... É esta?
- Sente algo diferente ao ver ela?
- Sinto como se a conhecesse há anos e meu coração esta pulsando de forma
descontrolada... O que é isso?
- Esta é a parceira que escolhi a você, nenhuma mulher de sua tribo, estava
planejada para você.
- Mas quem é ela?
- A destinada ao teu coração.
Ao dizer estas palavras, uma energia impactante veio a Piatã, e a lembrança de
seus sonhos com ela retornou, o sangue e as palavras dela... Então era ela que era sua
companheira.
- Eu sinto meu coração, que toque diferente é esse?
- Este Piatã é o inicio da sua jornada para a busca do amor. Vamos para fora.
Quando saíram um novo homem Piatã sentiu nascer dentro dele, alguma coisa
havia mudado, ele não era um ser sozinho no mundo, era alguém destinada a uma linda
parceira, diferente de todas as mulheres de sua tribo e a sua união possuía a benção de
Rudá.
- Como posso chegar a ela?
- Terás que treinar e fazer uma missão para que assim haja paz completa para
sua união.
A menina levantou da cama, sua cabeça doía e ao olhar ao redor, sentiu cheiros
fortes, como se grandes magias tivessem acontecido ali, e seu olhar encontrou com a da
sacerdotisa.
- Qual a razão de estar aqui?
- Pequena, chamei os espíritos para me ajudar a descobrir se Jelani era seu
marido...
- Porque minha cabeça dói...
- Me ouça, depois pergunte.
- Moema, seus destino não se encontra nesta tribo, os espíritos me disseram que
sua vida não é feliz aqui e nem tão pouco nos braços de Jelani, ele não te ama e você
não o ama, Rudá nunca os abençoara, como metade dos casais dessa tribo. Estamos
amaldiçoados, pois a cada momento os homens de nossa tribo vulgarizam o amor que
nosso Deus tenta ensinar.
Potira a grande sacerdotisa sentia o peso do que estava a dizer, ela mesma já
viveu uma união frustrada e ela bem sabia que todas as mulheres eram infelizes naquela
tribo, não havia amor nas uniões, somente desejos carnais, mas ela sentia que aquela
que estava sentada diante dela era alguém que conseguiria mudar o próprio destino...
Era a fé em Rudá que a fazia ter tal sentimento, mais mesmo assim a tristeza de viver
em um lugar como aquele a machucava e amendontrava, por saber que todos eram seus
companheiros de sobrevivência nas guerras que aconteceram e todas as mulheres eram
tão deprimentes quanto um sol que sofre um eclipse.
A menina nada entendia e continuo a perguntar:
- Para onde irei então?
- Vá para as montanhas daqui dois dias, enquanto isso irei mostrar a você o
porquê o sistema de nossa tribo ser tão falho.
- Mas qual a razão disso tudo?
- Somente Rudá minha pequena poderá responder. Eu sou somente serva dele,
talvez caminhos eu possa mostrar e as respostas que você encontra talvez ajudar, porem
minha pequena índia, seu coração ira mostrar qual a decisão certa a fazer.
Moema sentia um peso enorme por ter desmaiado, todo seu corpo e mente doía,
não sentia vontade de fazer nada, apenas fechar os olhos e esperar que o homem que ela
tanto sonhava retornaria a ela. E deitou novamente, buscando as respostas em seus
sonhos e procurando alguma felicidade para sorrir.
Ela já não era mais uma garotinha, e teria que sair da tribo, ou a morte viria com
as mãos dos homens de sua tribo e o ódio por desonrar os conceitos da mesma.
Possuía um pouco de alivio por saber que Potira estava ali cuidando dela, era
algo supremo poder finalmente ver a grande sacerdotisa e saber que ela estaria a
proteger Moema.
4. Revelações de Potira
Em seus sonhos novamente viu o caçador, ele estava a sorrir, e a dizer que
amava e a cada momento acariciava seu cabelo enquanto ela cantava uma alegria
espontânea, um relacionamento feliz com aquele homem era seu desejo e durante a
noite se envolvia num romance platônico.
Ao amanhecer, as lembranças dos sonhos a encantavam, aquele homem possuía
pureza e uma grandeza de coração que Moema acreditava somente seus sonhos ser
capazes de idealizar tal parceiro.
Um homem imponente somente pela existência e sendo também carinhoso e
prestativo, era impossível para ela aceitar que existisse alguém assim em seu caminho,
pois a cada momento os homens da sua tribo mostravam que somente o contato carnal
era importante e fazendo a união ser frustrante para o casal.
- Finalmente acordou pequena... Tenho lições a você
Potira estava animada e preocupada com a índia, havia algo diferente, a presença
de espírito e um olhar determinado mostravam que Rudá desde o inicio da vida teve
planos para ela, assim acalmando o coração da sacerdotisa para as verdades que diria a
Moema.
- Obrigada por me deixar dormir aqui- disse a menina com simplicidade ao
sentir a energia do lugar onde estava.
- De nada minha pequena, porem na se prenda a estar aqui, eu sinto que Rudá
tem planos para você e você precisa aceita-los, pois somente assim você conseguira
realmente ser feliz.
- Como posso ser feliz? Essa tribo mata aquilo que mais acredito, não há amor e
o único relacionamento que vejo que é feliz é de meus pais, não consigo mais respirar o
ar dessa tribo, pois sinto os homens sempre mostrarem seus domínios e minhas amigas a
chorarem todas as noites por não ter amor ao deitar com seu parceiro.
- É verdade Moema, não há amor em nossa tribo, mais o conceito não muda nas
outras tribos, todos estamos presos a leis que os homens criaram para fazer que o
sistema dependesse da decisão do homem e nada mais.
- Porque existe isso... Grande sacerdotisa?
Lagrimas caíram do rosto da menina ao fazer a pergunta, não era justo viver
naquele mundo, não havia verdadeira felicidade, somente pequenas demonstrações que
algum dia tudo teria opções para a mudança, mas ninguém estava disposto a lutar pelas
mudanças.
- Sistema criado por homens minha pequena, possuí falhas que somente Ruda
poderá mudar e me chame de Potira não há o porquê você chamar por um titulo que
essa tribo colocou em mim, sou como você minha pequena, mas com um pouco mais de
fé.
- Po... Potira, que lindo nome.
Um riso veio à sacerdotisa, ela sentia uma criança sentada a sua frente, uma
criança que seria capaz de mudar a realidade de tudo o que ela já tinha vivido os
espíritos disse a ela no dia em que Moema desmaiou e sua fé em Rudá estava sendo
testada, pois a menina estava em seus cuidados agora.
Aquela pequena índia seria alguém importante, e a única forma de fazê-la ser
isso era testando sua fé e testando seu amor tanto pela vida com para o Deus do amor,
Rudá.
A grande sacerdotisa estava a planejar como transformar aquela índia em uma
guerreira sonhadora para assim poder salvar a todos da tribo e talvez paz novamente a
vida de cada ser.
Um mundo desconhecido estaria a abrir diante daquela pequena e uma nova fé
mais forte surgiria no coração da sacerdotisa, assim mudando o rumo da sua vida, um
momento na qual toda a sua vida esperou e fez uma prece:
Rudá meus passos estão pesados e a morte a cada dia se aproxima, já não sou tão
nova com fui antes, mas somente te peço me ajude nessa missão, me ajude a pelo menos
ver a um mundo melhor antes de morrer, cumpra as suas verdades em minha vida
querido Deus do amor.
Quando terminou a oração algo diferente ela sentiu, um toque de coragem e
ouviu suavemente uma voz dizendo:
- Jamais te deixarei minha serva.
A índia conseguiu ouvir as mesmas palavras e perguntou assustada:
- Que voz é essa?
- Rudá minha pequena esta do nosso lado. Venha até mim deixe eu te tocar e
mostrar as verdades que ainda estão cobertas pela sujeira dos homens,
Moema se aproximou da grande sacerdotisa e Potira colocou suas mãos no rosto
da menina quando ela se ajoelhou a frente de sua cadeira, ao fazer isto foi dizendo
suavemente:
- Liberte-se das prisões que te colocaram saia do lugar de pobreza da alma e veja
o seu passado.
Imagens começaram a vir à menina, pessoas se matando, reis impuros
começando a mandar nos homens, sacerdotes possuindo varias mulheres para seu
prazer, mulheres seduzindo homens para sua luxuria, cenas de impureza e prazer se
desenrolavam na mente da menina, toda a podridão do mundo sendo expostos, os
homens a cada passo mais longe de Rudá e a cada momento mais perto da maldade e da
lei corrosiva que eles a cada momento criavam.
Mas a imagens começaram a mudar e um homem alto, o mesmo de seus sonhos
apareceu nessas visões e a seu lado havia um homem majestoso com um cajado e Potira
tirou as mãos da menina, sorrindo por ainda ter fé e por sentir algo que nunca acreditava
poder existir: fé num mundo melhor.
A menina estava amedrontada com tudo que tinha visto, a humanidade era um
mar de derrotas com pessoas possuídas por sentimentos lúdicos e falsos que a cada dia
estavam a rodear o coração, ninguém queria mais a bondade, todos queriam o prazer
carnal e toques somente fizessem seu corpo sentir sensações e seu coração morrer sem
emoções.
Mas havia alguma chance de pelo menos ela ser feliz, pois nas visões, o homem
que ela sempre sonhava esteve no fim das imagens, uma fé surgiu no coração da menina
e esperança de tentar mudar sua realidade a traziam forças mesmo envolvida com a
tristeza da humanidade e os sentimentos se mesclavam e uma nova criatura começava a
surgir e sentimentos que antes estavam adormecidos estavam a retornar.
Potira levantou e estendeu a mão para levantar Moema e disse:
- Venha menina, ainda tenho muito que te mostrar.
Começaram a caminhar pela cabana da sacerdotisa, muitos cheiros diferentes a
índia sentiu, e a cada passo sentiu energias espirituais que rodeavam os aposentos da
sacerdotisa.
- Esta pagina minha pequena, são ainda poucas verdades reveladas.
E entregou a menina algumas paginas, com ilustrações de batalhas e algumas
frases:
- Elas contem trechos do livro dos guardiões da paz, encontrei na minha
juventude, leia enquanto preparo algo para comermos.
Potira levantou um pouco e beijou a testa de Moema e sorrindo foi cuidar de
algum alimento para elas.
As paginas continham frases perturbadoras e imagens desesperadoras, tudo o
que ela viu antes ao toque da sacerdotisa, estava revendo naquelas folhas, mas as frases
provavam que a cada momento mais verdade e dor a existência corrosiva da
humanidade era real.
A humanidade traiu Rudá
Nessa frase havia sangue e isso começou a incomodar a menina, ao imaginar
quem tinha escrito tais palavras e quão impactantes seria se seu povo descobriu-se a
maldade que cada pessoa estava a viver.
Fé não existe mais nos homens, pois o desejo de
matar os corrói
Luxuria e guerras são as únicas felicidades que estes
seres impuros encontram
Não há mais felicidade em Rudá
E a falsa glória de matar um ao outro mostra que
todos são impuros como os animais que rastejam.
A união pura de um relacionamento esta desonrada
pela existência desses homens e não há mais razoes para
lutar.
A frase que a índia lia mostrava que a cada passo o homem estava em prazeres
carnais e somente seus desejos de ver o sangue inundava de tristeza a fé da menina, toda
a humanidade estava indo para os caminhos desconhecidos da maldade e se afastando
da paz de Rudá.
A imaginação da menina ao ver aquele sangue nas folhas e ao ler as palavras que
algum homem havia escrito a faziam querer mudar logo seu mundo, antes que seu
coração fosse possuído por tudo que os homens vivem.
E ao ler a ultima pagina em suas mãos mais tristeza sentiu
Os povos ficaram distantes, o ódio foi afastando toda a
alegria que os unia, Rudá se arrependeu de criá-los, e a
separação entre eles ocorreu, a união que os mantia foram
à mesma razão que os desuniu.
Todos queriam um rei e no final, homens arrogantes
surgiram, seres que não mereciam pertencer a este posto,
a cada ser vivo, corresponde à razão de cada função e
estes não aceitaram sua existência, e sua presença mesmo
pequena em sua sociedade, causando morte e dor para
chegar a tronos que não eram seus.
Desgraça somente esta a espera desses povos,
desunidos são fracos, inimigos da terra, inimigas da vida,
inimigos de si mesmos, negando a existência do outro, a
gloria não chega mais a eles e mesmo quando eles pensam
que são grandiosos, ao contrario são os animais que
limpam a terra, e nada mais importa, porque está cega pela
sua falsa gloria.
E o sangue escurece as lagrimas que estão a cair... E
as vitorias são apenas lembranças de que ninguém venceu
nada alem do medo, alem da desgraça, somente vidas
separadas pela espada e pela dor.
Huah, nosso mundo foi desunido e as guerras só estão
a começar.
5. A missão
Lembranças e tristeza rodeavam a mente de Piatã, ele havia perdido tudo, sua
família, seu amigo, tudo que ele mais amava estava distante dele, não haveria
escapatória, somente aceitar a missão de Rudá para assim acreditar que a sua realidade
mudaria.
A confusão de aceitar a missão, acreditar que Rudá realmente poderia mudar
tudo e que ele teria que atuar também era algo que o amedrontrava, tudo estava tomando
um rumo diferente e ele nem sabia qual resultado seria.
- Aceitaras a missão?
Os pensamentos do caçador foram cortados pelo Deus do amor, agora era hora
de ele colocar sua fé para ser testada, era o momento de ele decidir se mudaria a sua
realidade ou continuaria como a sua vida estava.
- Tenho que pensar... É tudo muito novo para mim, nada entendo, estou confuso
sobre meus sentimentos, não quero fazer uma escolha que depois me arrependa.
- Te darei 10 dias para pensar, pois a missão que irei te dar desde antes do seu
nascimento te espera.
Piatã saiu da cabana, pensamentos sobre a vida, a missão e a mulher estavam em
sua mente, tudo estava indo tão rápido e mesmo assim ele podia sentir que tudo aquilo
estava planejado muito antes de ele pensar em sair de sua tribo. Era seu destino? Ou
providencia divina?
As pessoas que moravam na cidade de Rudá, o tratavam como se ele fosse um
salvador, para todos, ele era a ultima esperança e tantos sonhos estavam depositados no
caçador que se ele soubesse, não negaria o pedido do Deus do amor. Todos tinham fé
nele, porem Piatã não possuía fé nem em si mesmo.
O homem que perdeu tudo era somente esse pensamento que mais rodeava sua
mente, tudo que ele conseguia enxergar era que somente sua fé poderia mudar sua
realidade, mas também sabia que não possuía fé para lutar por razões desconhecidas.
A mulher que apareceu diante da pedra na cabana, era encantadora e fazia seu
coração pulsar forte, mas desde que ele tocou o corpo de outra mulher, sua mente estava
possuída por outros desejos e ele bem sabia que não havia sentimentos verdadeiros em
seu coração, ele era um pecador e não tinha mais esperanças, quanto à vida e o amor.
Os passos pesavam e o medo de ter que decidir algo que o próprio Rudá estava
pedindo o amedrontava, o Deus do amor estava querendo que ele um selvagem de
coração fizesse uma missão, e para ele não havia sentido nenhum alguém confiar algo
tão grande a ele.
Enquanto caminhava para ver a cidade de Rudá, crianças acenavam para ele e
seus pais vinham cumprimentá-lo, muita responsabilidade estava sendo depositada e
ele, e agora ele teria que decidir qual caminho decidir.
Nada sabia sobre a missão, e a única coisa que ele teria que saber era se sua fé
era forte o suficiente para estar participando de algo tão espiritual e intenso que somente
Rudá poderia planejar.
As lagrimas do conflito que ele se encontrava, começaram a cair de seu rosto, o
medo do desconhecido nunca o amedrontou tanto, e a consciência de sua existência ser
um erro na sociedade o machucava tudo que ele foi um dia acabou no momento que
disse não as mulheres de sua tribo e a incerteza de não saber mais quais caminhos
decidir criavam sentimentos de derrota e desses pero.
Ao caminhar foi se afastando das pessoas, queria ficar distante de todos,
somente queria pensar no que decidir, queria logo que todos esses conflitos de escolha
terminassem, queria logo decidir o que fazer.
Ele sentou embaixo de uma arvore longe de todos, não queria estar perto de
ninguém, somente seus pensamentos eram importantes e as lagrimas de ter que decidir
caia no chão, sentimentos diversos o rodeavam e a incerteza de não saber o que escolher
o fazia temer o que o futuro iria mostrar.
Nhadeara estava andando e viu Piatã encostado na arvore, e o sentimento de
querer ajudar o caçador tocou seu coração, todos tem uma missão ele pensou, e a sua ele
já aceitou.
O caçador chorava e o desespero da escolha o amedrontrava, mas ele viu
chegando Nhadeara e limpou rapidamente suas lagrimas, não queria que aquele que o
tinha provocado visse suas fraquezas.
- Hoje o dia esta lindo não acha?
- Porque você esta aqui?
Piatã não se conteve, queria ficar sozinho, queria pensar e aquele homem se
aproxima dele comentando sobre o dia o irritava, tinha coisas muito mais importantes
para pensar, não tinha tempo para ouvir qualquer coisa de Nhadeara.
- Calma, somente vim ver como você esta.
- A derrota te fez ficar preocupado comigo?
- Vejo que ainda possui orgulho, e como sempre os sentimentos errados te
dominam.
- Você ainda não respondeu minha pergunta... Porque esta aqui?
- Suas lagrimas estão em todo o chão de Khatibu e isso esta atormentando os
espíritos de Rudá.
- Que espíritos são esses?
- Todos que sorriram para você hoje, cada criança e adulto são servos e espíritos
do Deus do amor.
- Mas eles possuem carne e osso como podem ser espíritos?
- Os espíritos de Khatibu podem assumir qualquer forma, são espíritos livres,
Rudá lhe deu a liberdade e assim eles podem escolher serem crianças ou adultos, pois
assumindo qualquer forma, eles podem mostrar qual a pureza de seu coração, sendo
adultos ou crianças, todos são puros aqui.
Tanta coisa estava a aprender, era tudo tão diferente em Khatibu, existia magia e
fé, e Rudá estava no controle de tudo, porem Piatã não entendia como as tribos viviam
distantes, sendo criaturas de um criador que os deixava para trás em suas guerras e que
não ouvia suas preces.
- Porque você esta aqui?
- A pergunta certa não seria, por que você Piatã esta aqui?
- Não pedi para vir você até aqui.
- Eu sou livre Piatã, posso ir onde bem entender.
- Eu estava sozinho aqui e você chegou cortando meus pensamentos.
- Seus pensamentos estão confusos não adianta nada você pensar.
- Não quero ouvir sua opinião.
O caçador estava se enfurecendo com Nhadeara, pois este conhecia tudo sobre
sua vida, e a raiva de saber existir pessoas que conhecem seus pecados o amedrontava,
pois ele não possuía sentimentos puros e nada em sua vida o fazia ser digno de perdão
ou aceitação das pessoas.
- Irei te perguntar somente mais uma vez, por que você esta aqui?
- A pergunta certa é por que o grande caçador esta aqui. Rudá te escolheu não
entende? Eu sempre estive aqui, e agora você esta em um lugar abençoado. A pergunta
certa é por que você Piatã esta aqui, se você achar essa resposta, outras respostas viram
conseqüentemente.
Piatã não tinha argumentos para aquele homem, ele sempre sabia as respostas e
sempre trazia perguntas que o incomodavam, era algo diferente saber que alguém sabia
sobre ele, sendo que ele não dividiu nenhum problema ou alegria com Nhadeara.
O vento levantou o cabelo de Nhadeara e o caçador conseguiu ver uma imagem
em seu pescoço havia uma estrela com diversas pontas, o caçador nunca tinha visto
alguém com imagens em seu corpo e ficou um pouco assustado com o homem, o cabelo
de Nhandeara caiu novamente, deixando o caçador curioso sobre a imagem em sua pele.
- Que imagem é essa em seu pescoço?
- O que você perguntou?
- Que imagem é essa no seu pescoço?
- Conseguiu ver?
Piatã percebeu que Nhandeara ficou assustado ao saber que ele tinha visto a
imagem em seu corpo, e o caçador começou a ficar mais curioso para saber o porquê
daquela imagem estar em seu corpo.
- Esta imagem em meu pescoço é o pacto que fiz com Rudá, tenho uma missão a
cumprir e essa imagem sela um contrato para que eu não me esqueça de cumpri-la.
- Todos que tem missão têm essa imagem?
- Haha, não existem muitos seres envolvidos em missões, somente os escolhidos
e os escolhidos são poucos.
- Aceitando a missão, terei que ter essa imagem em meu corpo?
- Não essa imagem, pois cada um tem uma missão e imagem especifica e todas
as missões têm algo a ensinar para os escolhidos.
- Qual a sua missão?
- Um dia você ira descobrir. Ainda não é a hora de saber sobre mim, mais sim
sobre ti, eu já aceitei a minha missão e você ira aceitar a sua?
- Não sei, estou confuso, tenho muito que pensar.
O caçador levantou e olhou para o horizonte, tudo em sua mente estava confuso,
porem ficou feliz de Nhandeara ter ido falar com ele, assim ele pode não pensar tanto
em seu conflito.
O lugar onde se encontrava, ele bem sabia tinha todo seu futuro e desde a terra
onde ele pisava e os espíritos que ali estavam seriam capazes de mudar tudo o que ele
era. Talvez um novo homem pudesse surgir, ou apenas um ser mais inferior ele se
tornaria, porem ele teria que decidir quem seria a partir da aceitação ou recusa da
missão.
- Vá a sua cabana e descanse.
- Não preciso de suas ordens.
- Acalme-se, é somente um conselho.
Piatã não suportava Nhandeara, tudo que ele dizia era o que ele precisava ouvir e
isso irritava, pois ele sabia que aquele homem escondia e sabia de muitas verdades que
o caçador desconhecia.
O caçador então saiu da presença de Nhadeara, indo para a sua cabana, sua
mente estava a cada momento mais confuso, tantas informações ele estava descobrindo
e assim não estava conseguindo decidir qual a decisão certa a tomar.
A cada passo as pessoas o tratavam com educação e isso a cada momento o
trazia mais consciência de que a sua missão tinha algo em especial, que fazia os
espíritos o tratarem com tal cortesia.
Quando entrou em sua cabana, as lembranças da imagem da mulher na pedra o
fizeram sorrir, ela era tão linda e possuía um olhar tão penetrante e bondoso, e a cada
momento que se lembrava dela, fazia seu coração pulsar em um ritmo diferente, um
sentimento intenso que ele jamais sentiu.
Rudá estava depositando confiança nele, Piatã não podia negar que apesar de
seus conflitos estaria disposto a aceitar a missão se no final encontra-se com a índia que
lhe trazia novas sensações, ele necessitava ter alguém em seu coração, pois desde que
recusou as mulheres de sua tribo, a certeza de não ter ninguém a quem ele amasse
atormentava sua mente e a vida perdiam um pouco do sentido que seus pais sempre o
ensinaram.
A solidão constrangedora o ofendia e a cada momento ele se lembrava de sua
tribo e o amor que havia entre os casais, a união corporal seu pai sempre dizia era
apenas a ligação dos corpos, mas nunca seria maior que a ligação de dois corações que
se amam. A lembrança de seu pai e a mulher que ele agora estava a desejar estava se
condensando em sua mente, tudo que ele aprendeu foi colocado a prova e diante de seu
povo ele foi recusado, mas mesmo com tudo que aconteceu, Rudá ainda quer dar uma
missão a ele, nada fazia sentido.
O caçador sempre buscou aventuras e agora estava entre recusar a maior missão
da sua vida ou recusá-la, o pedido de Rudá era algo que pesava em sua mente, e a
confusão de ter que decidir novamente seu futuro o assediava, conflitos e incertezas
eram os pensamentos de Piatã.
Então ele deitou em sua cama, necessitava limpar a sua mente de toda confusão,
queria somente esquecer-se de seus conflitos por alguns minutos, para tomar a decisão
correta.
Seus olhos foram se fechando, o sono era a única ação que o traria paz, para
assim excluir toda a indecisão que ele sentia porem ao cair no sono, o mundo dos
sonhos retornou, e a lembrança da mulher estava nítida em sua mente, a cada momento
seu olhar e sua meiga voz o encantavam, mas seu sonho tornou pesadelo, quando um
homem se aproximou da índia a obrigando a ter relações com ele.
Piatã acordou assustado, não queria perde-la, mesmo se ela não vivesse, em seus
sonhos ela lhe trazia paz e agora diante de tantos conflitos, ela também o estava a
amendrontrava.
Não havia mais outras opções, era o momento de aceitar sua missão, estava
cansado de seus conflitos e sonhos o atormentando, era o momento de mudar sua
realidade, este sempre foi seu plano, ser alguém importante em seu povo e agora ele
poderia ser importante para Rudá, o criador de sua existência.
Quando saiu de sua cabana, a decisão pulsava em seu coração, não queria ver
mais ninguém sofrer, era o momento de mudar a realidade de todos ou pelo menos dele
mesmo, algo teria que mudar, e isso fazia a sua decisão se tornar a cada momento mais
intenso, estava cansado de conflitos, queria paz e somente com sacrifícios e escolhas ele
poderia encontrar.
Os espíritos não o cumprimentaram na sua saída da cabana, todos estavam
sentindo que algo estava a mudar, uma nova era começaria com aquele que estava em
sua terra, e todos sabiam dos planos de Rudá para o caçador.
Um novo homem, uma nova terra, uma nova fé, todos estavam depositando seus
sonhos nos passos decididos de Piatã, e agora eles podiam novamente acreditar que em
algum momento, haveria uma nova nação e não povos divididos por glórias falsas.
Piatã começou a procurar Rudá em todo lugar, queria aceitar a missão, ele sentia
que era o momento de parar de ser confuso para sua própria segurança mental, e ser
alguém novo, digno de ser o protagonista de uma missão desconhecida que mudaria a
sua visão do mundo que ele pertenceu.
Começou a perguntar aos espíritos onde estava Rudá, porem ninguém o
respondia então em sua mente chamou a Rudá, no momento que o chamou o Deus do
amor se aproximou dele chegando de repente.
- Já era hora de me chamar, estava ficando ansioso para sua resposta- Rudá riu
suavemente, era o momento que ele esperava desde o nascimento de Piatã.
- Eu quero aceitar essa missão, somente me responda uma pergunta.
- Faça
- Qual a razão de você me escolher?
Rudá então levantou seu cajado e tocou no coração de Piatã e então disse:
- Vês meu cajado pode tocar seu coração, você é um homem de caráter puro, em
sua vida mesmo em seus erros, você sempre pensou-nos outros, todas as suas caçadas
você entregou os animais a mim, antes de entregar a seu povo, quando recusou as
mulheres de sua tribo, era necessário acontecer e quando tocou aquela mulher foi seu
instinto e seu medo de perder seu amigo o fez estar com ela, mesmo sem amá-la você
deixou seus sentimentos de lado, para poder fazer seu amigo viver em paz. Seu caráter é
puro, você não se corrompeu com o que viu e continua com a determinação que
coloquei em seu coração quando você nasceu.
Quando o caçador olhou para o cajado, lembrando das lendas de sua tribo, nunca
pensou que ele algum poderia ser considerado alguém de bondade e coração bondoso
para ser aceito pelo poder de Rudá, e agora ao estar diante do Deus do amor e sentir que
era aceito por seu criador, a certeza de aceitar a sua missão era a felicidade que agora
ele sentia.
Então o caçador se ajoelhou diante de Rudá e finalmente com decisão disse:
-Aceito a missão, afinal não tenho nada a perder.
E assim os dois sorriram o Deus do amor e sua criação agora estavam para
iniciar uma nova era, era o momento de ser alguém novo, de mudar os povos e somente
o caçador, Rudá sabia, teria capacidade para tal missão.
- Levante-se, e vá se banhar, à noite terá uma festa em comemoração a sua
escolha.
Piatã foi á uma cachoeira que tinha nos arredores de Khabitu, lembrando assim
de Nhadeara o dizendo no dia em que ele chegou a esse novo mundo, quando ele estava
começando a acordar no dia que desmaiou.
Ao chegar à cachoeira tanta alegria e paz de ter aceitado a sua missão o
animou, agora ele poderia ser digno de algum voltar a seu povo, pois agora ele estava
em missão com Rudá, o Deus que todos os povos adoravam.
Ao anoitecer ele saberia qual missão seria e mesmo sem saber o que o futuro o
reservava, ele estava dedicado a lutar, não queria mais viver em uma dor que não
poderia ter cura, não queria mais viver preso no passado da suas escolhas, mas sim lutar
pelo presente que o caçador podia sentir estava reservando surpresas.
Quando saiu da cachoeira, a lembrança do sonho o machucou, ele queria lutar
por aquela mulher, queria conhecê-la e um dia talvez pertencer somente a ela, talvez ele
estivesse apenas carente, mas ele não podia negar que a beleza daquela mulher era
diferente, ela possuía uma doçura que trazia paz aos conflitos de Piatã.
Tanta coisa em sua vida mudou desde que recusou as mulheres de sua tribo, que
ele não se reconhecia mais, ele mudou muito, sua escolha o trouxe mais certeza de que
ele não seria mais um homem preso aos conceitos, mais sim um homem livre até
mesmo dos conceitos que ele mesmo se prendia.
Piatã andou na cidade, tantas coisas belas ele pode ver, que quando estava em
conflitos, não foi capaz de enxergar e agora que as suas decisões tomavam mais
intensidade, ele podia ver o lugar onde estava e não se arrepender de quem ele era.
Os espíritos olhavam para ele e estavam animados com a decisão dele, todos
tinham esperança que a missão de Rudá mudaria não somente a realidade do caçador,
mas sim mudaria a realidade de todos.
- Piatã que felicidade você trouxe a nós, aceitando essa missão.
Nhadeara chegou com alguns espíritos-crianças, todos os espíritos foram
correndo abraçá-lo e Nhadeara abraçou o caçador.
- Somente com as crianças você quer se aproximar de mim? Esta com medo
agora que aceitei a missão?
- Não, somente trouxe as crianças que te admiram. Não tenho medo de você,
nem de sua missão.
- Como soube que aceitei a missão?
- Rudá avisou a todos da festa de sua aceitação a missão, todos estão preparando
o melhor de cada função que são bons.
Uma das crianças-espiritos, puxou a mão de Piatã e o chamou para baixo e disse:
- Agradeço muito, você não sabe a felicidade que trouxe a mim.
Quando disse isso, beijou o rosto do caçador, e uma força espiritual Piatã pode
sentir, aquele lugar trazia paz, ele não podia negar e as pessoas que o rodeavam, até
mesmo Nhadeara o traziam conhecimento e aceitação de quem ele era.
- Posso conversar a sós com Nhadeara crianças?
- Te esperamos na festa a noite, grande caçador.
Então todas as crianças o abraçaram, quando elas se afastaram Nhadeara
perguntou:
- O que quer falar comigo?
- Sobre a missão, você sabe qual a minha missão?
- Sei, mas não posso dizer a noite Rudá te contara.
- Mas... Porque tenho que esperar, todos sabem estou sentindo isso, e eu que
aceitei a missão não sei de nada.
- Ao anoitecer, as palavras serão ditas pelo Deus do amor e não espíritos
inferiores, como eu e todos que vivem neste lugar.
O caçador começou a acalmar sua curiosidade, não havia o porquê fazer mais
perguntas sobre sua missão era o momento de esperar anoitecer e assim todas as
perguntas seriam respondidas.
- Você já foi aceito por Rudá, em um mundo com o que você vive você
continuou sendo puro, acalme sua curiosidade, deixe Rudá dizer na hora que ele quer
dizer.
Piatã ao anoitecer nasceria de novo, um futuro desconhecido e uma missão
divina ele atuaria, o caçador não seria mais guerreiro, e somente uma nova criatura e um
novo homem nasceria, servindo a Rudá.
- Irei a minha cabana.
- Quando anoitecer vá à cabana de Rudá, a festa acontecera será realizada ali.
- Tudo bem, vou a cabana a noite
Ao se retirar, foi correndo a sua cabana, tanta alegria existiam a o que Rudá
estava a lhe entregar uma missão e somente o caçador da tribo da guerra, pode participar
de algo abençoado por Rudá.
Ao anoitecer, Piatã foi à festa de aceitação a missão e todos os espíritos estavam
reunidos na cabana de Rudá e todos estavam animados pela aceitação do caçador.
A partir daquela noite, as coisas tomariam caminhos desconhecidos, e mesmo
sendo desconhecidos, trazia paz, pois os planos seriam de Rudá e abençoaria as coisas
que viriam desde então.
A cabana de Rudá era a maior de Khabitu, e na festa todos conseguiram ter
lugares para sentar e trazer o alimento que cada um sabia fazer, a casa de Rudá agora
trazia união a todos.
Piatã entrou na cabana, e olhou para todos os detalhes da cabana, desde os
músicos com instrumentos que ele desconhecia e os alimentos exóticos que os espíritos
fizeram. A cabana tinha luzes e uma grande mesa, onde todos podiam sentar e neste
lugar o caçador começou a sentir que queria sempre pertencer ali.
- Piatã você chegou, estávamos te esperando.
Rudá viu Piatã e foi cumprimentar ele.
- Não agüento mais de ansiedade pela minha missão.
- Tudo há seu tempo, grande caçador.
Todos os espíritos vieram abraçar Piatã e a cada abraço, o caçador podia sentir
as energias espirituais, e perceber que quando estavam felizes as intensidades
aumentava e a percepção de somente estar próximo deles, já o fazia sentir a
responsabilidade da alegria dos outros.
- Sente todos, esta na hora da aceitação. Piatã venha aqui.
Rudá retornou para seu trono e chamou Piatã para assim iniciar o processo que
mudaria a realidade que cada pessoa e espírito viviam.
Piatã se aproximou do trono de Rudá, e seu pensamento pessimista que antes ele
sentia, não existia mais em sua mente, e a dor de perder tudo, agora o trazia paz, pois ele
estava a ganhar algo muito mais importante do que a recusa de não ter dormido com
uma mulher.
Rudá levantou e tocou no ombro de Piatã e então disse:
- Agora iniciaremos o processo de aceitação de Piatã.
Quando disse isso, abraçou o caçador e depois pegou seu cajado com Nhadeara,
e olhando para todos começou a fazer algumas perguntas:
- Piatã, você aceita a missão que vira?
- Sim aceito.
- Aceita as lutas e a dor que sentira?
- Estou disposto a sofrer.
- Ira seguir seu coração puro e não seus impulsos de seu corpo pecador?
- Sim irei.
- Buscara a paz acima de tudo e evitara sangue desnesario?
- Evitarei.
- Então hoje se inicia uma nova era para nossos corações, a sua missão Piatã será
unir todos os povos e trazer paz a este mundo.
Ao ouvir sua missão o caçador ficou assustado, teria que ir a todos os povos e
até mesmo retornar ao seu, seria impossível conseguir tal ato, nenhum povo estava
aberto a estrangeiros e ele bem sabia que não existia criaturas capazes de levá-lo a todas
as tribos.
- Mas como irei unir os povos. Sou incapacitado e serei estrangeiro, nenhuma
tribo aceita desconhecidos.
- Você esta recusando sua missão?- Rudá disse então e olhando para o caçador,
somente esperanças ele estava a sentir.
- Não estou, aceitei a missão, mais não conseguirei sozinho.
- Você terá ajuda, Nhadeara ira te acompanhar nessa missão.
- Eu disse que aceitei a missão e não me arrependo da minha decisão.
- Então se aproxime grande caçador, seu renascimento começa hoje.
Piatã se aproximou de Rudá e então o cajado do Deus do amor tocou em seu
coração, e então ele começou a dizer:
- A partir de hoje, a sua missão será sua vida e partir de hoje a sua vida eu irei
cuidar.
E assim o cajado começou a soltar luzes e essas luzes foram indo em direção a
Piatã, as luzes vieram com tanta intensidade que ele se ajoelhou, muito dor estava a
sentir e então quando a luzes chegaram a seu coração, um desenho foi se formando na
pele do caçador, o desenho começou a formar e assim em seu coração outras energias
foram dominando seu corpo. Enquanto a tatuagem era feita, Piatã foi então puxado para
o alto, seus pés não estavam mais a tocar o chão e a imagem que estava a surgir em seu
corpo, começava a se tornar um desenho, o desenho que sempre o lembraria de sua
missão.
Na pele onde seu coração estava a pulsar, a imagem foi se transformando em um
sol e dentro desse sol, possuía um nome, um nome desconhecido ao caçador, mas que
algum dia seria revelado à razão desse nome.
A pele do caçador estava sendo cortada pelas luzes e a imagem em seu corpo, foi
se tornando mais intensa e detalhada, e todos então puderam confirmar em seus
corações que uma nova era se iniciava.
- Hoje meus amigos estão vendo o inicio de um verdadeiro guerreiro, que lutara
para o bem de todos. Essa tatuagem que se inicia em seu corpo, será a lembrança para
Piatã, para que a cada luta lembrar que sua missão é de paz e que sangue desnesario não
devera ter.
Piatã então foi abaixando, as luzes que fizeram a tatuagem em seu coração
retornaram ao cajado de Rudá e então o caçador se ajoelhou diante do Deus do amor e
disse:
- Irei cumprir a minha missão e serei seu servo.
Então todos os espíritos de Khabitu gritaram em alegria o nome do caçador, e a
alegria que tanto estavam esperando sentir, veio mais intensa do que em seus sonhos de
ter a paz futura.
Um novo homem surgiu e agora o caçador podia sentir que queria que todos os
povos pudessem viver como ele estava a viver ali. Pertencendo a Rudá e servindo a
missão sua vida estava encontrando um novo sentido, uma razão para sonhar que um dia
tudo poderia mudar.
6. Um novo caminho
Quando amanheceu, a índia estava com mais fé e estava confiante que Rudá a
ajudaria, pois agora ela somente dependia dele e se não houvesse fé, nada mais ela
conquistaria.
A solidão ela ganhou quando recusou se casar com Jelani, e agora ela era quem
teria que amadurecer na solidão que a sua missão traria agora ela era uma viajante, não
teria lugares fixos, pois estava a serviço de Rudá e somente teria descanso no fim desta.
Ela foi até o cavalo e o abraçou dizendo:
- Somente você será meu companheiro agora, que tal um nome para você?
Moema o abraçou ternamente e o acariciou, transmitindo toda a solidão de
somente ter um animal como companheiro.
- Dunsimi será seu nome, agora cuidaremos um do outro.
E beijou o focinho do animal, e se afastou dele, saindo da caverna para caçar
algo para o alimento, estava com muita fome, pois tinha se alimentado muito pouco na
noite anterior.
Ao amanhecer Moema estava mudada, queria ser feliz, queria olhar para todas as
coisas com um olhar positivo, estava cansada de conflitos que não estavam a acontecer
rodeando a sua mente, era o momento de ser feliz, era ela quem agora escolheria e ela
não queria mais olhar o lado negativo da responsabilidade.
Sua caça, seu alimento, sua saúde seriam todos cuidados que ela tomaria sozinha
e suas lutas teriam a ajuda de Rudá, ela não poderia perder a fé no presente e no futuro,
pois agora ela era serva de Rudá.
Agora somente poderia confiar em sua fé e em tudo que aprendeu em sua tribo e
seus pais, tudo que eles a ensinaram, na solidão ela teria que ultizalas e os problemas
que viriam, seriam somente conseqüências de ter aceitado a missão de Rudá.
Quando saiu da caverna o sol a iluminava, um novo dia surgiria e a sua vida
seria entregue a Rudá, esse era o único meio de ela viver feliz, se ela vivesse somente
por suas escolhas e seus pensamentos, seria infeliz, pois não teria com quem
compartilhar os problemas e as alegrias que viriam.
Fora da caverna, pequenos animais estavam andando e Moema somente teve que
pegar a espada na bainha que estava perto de onde ela estava deitada para pegar a caça.
Havia animais pequenos para a caça e isso era o suficiente, sendo o necessário para ela
se alimentar, e alimentar o cavalo.
Um pequeno coelho passou próximo a ela e Moema não excitou em caçá-lo, mas
ele corria rápido e então ela subiu no cavalo para a caça ter mais velocidade, finalmente
à índia estava se sentindo viva, aquilo para ela era um momento de descontração, pois
estava a acreditar que as coisas seriam melhores nesse dia.
Ela caçou o animal e fez novamente a fogueira para se alimentar, deixando o
coelho esquentando e depois foi para o lago se banhar, para depois se alimentar.
Logo após se banhar, retornou a caverna e se alimentou e deixou o cavalo na
frente da caverna para se alimentar da grama que aquele terreno possuía, e enquanto se
alimentava começou a pensar em qual caminho teria que tomar para chegar a Rudá.
Ela queria muito fazer a vontade de Rudá, queria ser testada a aprovada por ele,
queria ter fé nas lendas de seu povo, e mesmo se fossem mentiras, queria ela mesma
fazer a sua historia com o Deus do amor, queria que a sua presença fosse mais marcante
no mundo e somente servindo ao seu criador ela poderia fazer tal ato.
O fogo que antes estava esquentando o coelho na qual ela estava se alimentando
começou a soltar uma pequena chama que saiu da pequena fogueira que ela fez, a
pequena chama começou a fazer imagens diversas e começou a se distanciar da
fogueira.
Moema ficou assustada pensando estar louca, mas não era sua loucura, o fogo
estava a chamando e essa chama começou a ter movimentos e ir para o fundo da
caverna, a menina então pegou a madeira que estava usando para comer o coelho e
rasgou um pedaço da sua camisa para fazer um fogo, para levá-la onde a pequena chama
estava indo.
Entrando no fundo da caverna, o fogo que estava na madeira foi sumindo e indo
para a pequena chama a fazendo a aumentar, e a chama foi tomando uma forma estranha
e mesmo assim a menina continuava a seguir.
A curiosidade de saber se aquela chama era realmente algo vivo a fazia seguir e
o fogo que ela trouxe na madeira a cada momento sumia e a pequena chama tomava
forma e aumentava.
Moema foi entrando a cada momento mais e mais no fundo da caverna e então
houve um momento que a chama sugou toda a luz que a madeira que ela havia trazido e
tudo escureceu.
Depois de alguns segundos a chama que estava frente dela, tomou a forma do
mundo como estava hoje, o mundo desunido pelos homens, um mundo quadrado,
trazendo distancia para os povos.
E a menina ouviu uma voz:
- Esse é o mundo onde vive, sua realidade é sua solidão e agora você me
pertence.
- Quem este ai?
- Sou Rudá, quero que me ajude a construir um mundo melhor.
- Deixe-me vê-lo, por favor.
Então o fogo mudou de forma e tomou o formato de um homem.
- Vê esse homem, ele esta escolhido a você, se me seguir, poderá fazer com que
a união de vocês seja realmente feliz, em um mundo que eu irei construir novamente.
- Deus do amor, deixe-me vê-lo.
- Moema entre nessa caverna e o seu pedido será atendido, tenha fé em mim e eu
a ajudarei.
O fogo então retornou para a madeira que ela estava segurando, deixando
Moema com a decisão de confiar no que Rudá havia dito através do fogo, ela não
poderia mais perder tempo com a sua indecisão, agora sua fé estava sendo testada,
precisava aceitar o que Rudá a estava pedindo.
Ela foi indo para o fundo da caverna, assim entregando seus passos ao Deus do
amor, para assim realmente ela ser digna de vê-lo.
Sua fé continuava pequena, porem sua coragem estava aumentando, seus passos
estavam desconhecidos, nada sabia do lugar onde estava somente acreditando em Rudá
poderia encontrar o caminho certo, e mesmo sem fé, a sua coragem teria que levar seus
passos.
A caverna estava a cada momento mais escuro, somente a luz da madeira
iluminava um pouco do seu caminho, e dentro da caverna não havia som
amendrontrando mais ainda quando ela tocava em alguma pedra no chão.
A coragem e a fé estavam sendo testada, sua vida dependia de seus sentimentos
e qualquer pensamento negativo tiraria sua meta de chegar a Rudá.
A escuridão da caverna estava a cada momento tomando conta e a luz que antes
existia no inicio dela, e agora somente a madeira com o fogo que ela trouxe, iluminava
vagamente seu caminho.
Seu medo seria sua maior escuridão, pois se ela permitisse o medo tomar conta
de seu coração, retornaria rapidamente para o inicio da caverna, e não voltaria mais para
aquele lugar.
Mas Moema estava sozinha e somente com o Deus do amor ela poderia
sobreviver no mundo, famílias e amigos estavam contra ela e sua escolha, ela teria que
ser forte e sozinha ela bem sabia que não seria capaz.
Enquanto caminhava na escuridão e seus passos eram guiados pela pouca luz
que possuía, sua mente voltou às lembranças de Potira, sua grande amiga. Moema ficou
emocionada ao lembrar-se do que a grande sacerdotisa disse:
Ninguém tem fé suficiente, mais quando falta à fé, é necessário ter coragem
pra se arriscar.
Sua fé a levaria a sua derrota ou a sua vitória, mas antes da fé ela precisaria de
coragem, foi isso desde o inicio, desde o momento que ela orou para Rudá quando
estava indo se casar com Jelani, e a partir dessa situação a vida dela mudou.
Ela conheceu Potira, a pessoa na qual a ajudou em seus conflitos e ela viu toda a
maldade dos povos, viu documentos e imagens do tempo presente na qual a sua geração
estava a participar, mas que nenhum dos seus sabia a maldade dos reis e a derrota dos
verdadeiros reis que era puro de coração.
Você precisa de fé, mais antes dela precisa de coragem para se arriscar.
Se arriscar, era a decisão que levaria Moema para um lugar desconhecido, mais
também era o que a traria paz, tudo em sua vida mudou radicalmente e desde que
ocorreram as mudanças, ela sempre estava se arriscando. Porém na caverna onde estava
ali ela teria que arriscar tudo, para assim poder vencer na missão que Rudá a entregaria.
A sua decisão traria paz ou tristeza a si mesma, ela poderia ser usada para os
outros povos e ajudar que algum dia tudo voltasse a ser como era, mas nada iria adiantar
se não começasse por ela a coragem para vencer.
Com essa escolha, novos caminhos se abrirão e novos conflitos se iniciarão.
A lembrança de Potira a emocionava, suas palavras sábias a ajudavam a
continuar andar na escuridão e seguir em frente para onde Rudá estava, era o momento
de entrega para a escuridão e ter coragem para acreditar que o melhor viria, seu
negativismo teria que ser esquecido e a entrega seria o início para as coisas novas que
estavam a vir.
Tudo ou nada eram as conseqüências de sua escolha, tudo que Rudá poderia
entregá-la se ela se entregasse e o nada de pertencer a um mundo derrotado como o seu,
antigamente ela vivia no vazio da sua tribo, mas mesmo assim ela conseguia ser feliz
por pertencer a sua família e amigos, porem agora nada disso ela possuía, estava
sozinho num mundo dominado pela maldade de homens sem glórias verdadeiras, pois
todos que estavam comandando os povos eram homens sem fé, homens querendo glória
a qualquer custo.
Você será usada por ele, até que nosso mundo retorne a ser o que era.
Essa foi a ultima frase de Potira antes que Jelani entrasse na cabana da
sacerdotisa, as últimas palavras de Potira sempre faziam Moema se entregar mais e mais
a Rudá e a certeza de que o destino de todos poderia estar em sua mão a fazia ficar feliz,
pois o Deus do amor estava querendo usá-la para o bem de todos. A sua existência não
era apenas existir, mais sim lutar por todos.
O fogo na madeira estava iluminando seu caminho, mas de repente o fogo sumiu
e a escuridão tomou conta de tudo ao redor, ela não poderia voltar atrás, pois não sabia
qual caminho tomar e a escuridão ao seu redor impediam que ela andasse para frente.
Então uma voz disse:
- Ande na escuridão.
A voz era a mesma que ela tinha ouvido no fogo, e sua coragem a impulsionava
a andar. A entrega ao desconhecido este era seu caminho e não poderia mais desistir do
que faltava pouco para acontecer.
Seu encontro com Rudá era isso que ela mais esperava, todas as suas perdas
seriam pequenas se pudesse estar com o Deus do amor, tudo teria sentido, sua fé e sua
coragem seriam suas aliadas, pois seus passos a levariam para onde a paz e a pureza
pudessem ocorrer.
Enquanto andava na escuridão, seus olhos foram se adequando ao escuro, e
assim ela pode pelo menos andar com mais segurança.
- Vá em frente.
A voz continuava a dizer, e sua fé continuava sendo testada, o inicio de uma
nova pessoa surgiria na escuridão, um coração mais puro nasceria para a menina que a
cada momento amadurecia para se tornar mulher.
Ela não seria uma mulher no olhar de seu povo e isso era conseqüência de sua
escolha, mais uma nova mulher com fé surgiria e mesmo que o povo nunca a aceitasse
novamente, ela tinha mudado, ela estava sendo moldada por Rudá e isso poucos
poderiam entender.
Os passos tomavam mais determinação, seus pensamentos estavam a ajudando a
lutar contra o medo e sua fé estava aumentando, algo novo surgiria em sua vida, ela
estava ansiosa para estar com Rudá, queria abraçá-lo e agradecer por ter tirado da
infelicidade da união, queria agradecê-lo por ter criado alguém tão especial como Potira,
queria estar logo com ele, queria sorrir com ele e aceitar tudo que ele disse.
Então foi tudo tão rápido, o fogo surgiu novamente e a imagem que surgiu
dentro dele foi do homem que ela sonhava e ela ouviu o fogo dizer:
- Seus passos estão te levando para um lugar desconhecido, poucas pessoas o
viram e você esta sendo escolhida por mim para ver um novo mundo que eu quero criar.
Se entregue a mim e mudarei sua vida, se jogue para a escuridão e eu cuidarei de você.
Moema começou a ficar assustada, porem a sua coragem não a permitiu se
amedrontrar, era seu ultimo testa antes de ver Rudá, não queria perder a única chance de
ser feliz.
Continuou andando e quando sentiu que não havia mais chão para andar, ela se
jogou no vazio, seus olhos se fecharam e sua fé iluminou seu coração e ao se entregar
não havia mais passado, somente a sua entrega a faria mudar tudo que o mundo estava a
aprisionar, o Deus do amor a ajudaria, sua fé e sua coragem a faziam acreditar que ele a
ajudaria.
Quando ela se jogou não sentiu mais medo do que viria e então quando estava a
tocar o chão, algumas luzes a envolveram e a fizeram sentir paz por sua entrega.
As luzes envolviam seu corpo e não deixaram sentir o impacto de cair no chão,
às luzes a envolviam faziam seus sentimentos a cada momento ficarem mais positivos, e
quando as luzes a deixarão tocar o chão, ela sentiu uma mão tocando a sua.
A mesma luz que estava em seu coração foi à mesma que tocou sua mão, seus
olhos abriram-se e um homem de cabelos longos e um cajado estava sorrindo para ela.
- Bem vinda Moema, estava a sua espera.
Moema não evitou e o abraçou, era Rudá ela sentia em cada parte do seu coração
que aquele era seu Deus, ela estava diante dele, tudo que ela passou teve um sentido,
tudo não a machucava mais. Rudá estava com ela.
Lagrimas e sorrisos começaram no rosto da menina, os sentimentos de felicidade
dominavam seu coração, realmente sua fé a trouxe no lugar de paz, sua coragem a fez
entregar a Rudá.
- Obrigado Rudá.
- Vamos, limpe essas lagrimas, estou do seu lado.
Então Rudá levantou a mão e limpou o rosto de Moema, as lagrimas que caiam,
ele as limpava e olhou para Moema e disse:
- Não há razão para chorar, você mostrou que merece lutar ao meu lado, e
realmente você é minha criação, provou ser minha quando caiu no vazio.
- Obrigado Rudá.
Moema pegou a mão de Rudá que estava a limpar suas lagrimas e a beijou, e a
tocou novamente em seu rosto, a felicidade estava incontida, tudo que Potira disse
realmente aconteceu e agora ela era uma serva do Deus do amor.
Somente a presença de Rudá a trazia paz, e seu coração e sua mente traziam toda
a pureza que um dia em sua infância ela possuía.
- Venha comigo Moema, quero te mostrar uma pessoa.
Rudá segurou a mão dela e sorriu ao encontro com a felicidade, era isso que
Moema sentia, mas não foi isso que aconteceu.
Enquanto andavam Moema reparou em cada peculiaridade que havia no lugar
onde Ruda estava e Rudá a guiou para uma parede grossa de gelo e ele disse:
- Consegue enxergar alguém além dessa barreira?
- Você só pode estar de brincadeira, mais testes?
- É só esse eu garanto.
E Rudá sorriu, o riso do Deus do amor foi o necessário para Moema se acalmar,
ela estava com ele, o pior já tinha passado. Ela se concentrou no que estava à frente da
barreira de gelo, olhou muitas vezes, abrindo e fechando o olho, esperando ver alguma
coisa, porém nada via.
- Não consegue enxergar?
- Me desculpe mais não.
- Tente novamente, mais dessa vez coloque a sua mão no gelo.
Moema obedeceu a Rudá e quando tocou no gelo, ela sentiu que outra pessoa
estava a sua frente, e essa pessoa também acalmava seu coração, mais não era como
Rudá, era outro sentimento, um sentimento desconhecido.
A mão que ela viu começou a passar toda a energia da pessoa à frente dela, e
então ela viu em sua mente, o homem na qual ela sempre sonhava estava do outro lado
da barreira.
Tudo que ele viveu para chegar ali ela estava vendo, a fé, o medo, a coragem,
todos os conflitos que ela passou, ele passou, mas de forma diferente, o homem que ela
sempre desejou estava diante dela, e isso a fez chorar novamente.
A barreira começou a se dissolver, a pessoa que ela sempre esperou em suas
noites de sonho, estava a sua frente, e o homem sorriu quando o gelo desapareceu.
- Oi.
Ele disse sorrindo, a beleza que ela antes via, imaginando que nunca poderia
encontrar, estava sorrindo para ela, e ao ver tudo que ele sofreu a fezela respeitá-lo
mais, pois ele era como ela, um viajante sem rumo, apenas guiado por Rudá.
- Oi.
Foi somente o que ela pode dizer, pois ele veio até ela e a abraçou cortando seus
pensamentos, o homem que ela sempre desenhou em sua mente era real, não era sua
loucura, era real, ela podia tocá-lo e sentir que ele também possuía sentimentos por ela.
Seu toque e seu sorriso a traziam a certeza de que Rudá estava os unindo, tudo estava
mudando em sua vida e tudo naquele lugar a fazia sorrir.
7. Encontro
8. Passos de Preocupação
Piatã estava andando de mãos dadas com Moema, para ele o simples toque dela
já o acalmava, mas a preocupação de si distanciar novamente dela o amedrontava, não
queria perder ela, eles se conheciam tinha pouco tempo, e saber que ele talvez nunca
mais a visse o atormente, Moema era a escolhida em seu coração e a perda dela seria
uma dor insuportável para ele.
- Você esta bem? – Moema perguntou, cortando os pensamentos do caçador.
- Sim, só estou preocupado com a missão.
Piatã sorriu suavemente ao responder a pergunta, algo em seu coração estava
atormentando e ele não estava conseguindo fingir seus sentimentos.
- Eu também estou para qual tribo vamos ir?
- Rudá me disse que vai falar a tribo quando você aceitasse a missão, então
imagino que em breve vamos saber.
Piatã soltou a mão de Moema e tocou em seu rosto, ele nunca havia sentido
medo, nem mesmo nas caças de grandes animais, mas ao ver Moema frágil e meiga fez
com que o medo todo o medo fosse maior, perder aquela que acalmou seu coração seria
um suicídio de seu coração.
Moema estava ansiosa para a missão, queria ser alguém útil para Rudá e para
Piatã, ela nunca quis ser como as mulheres de sua tribo que apenas viviam para os
prazeres de seus parceiros, ela queria ser alguém importante e queria cumprir a missão e
poder viver em paz, pois ela estava tudo que ela era na missão de Rudá.
9. Teste de Rudá
Moema abriu seus olhos, a luz batia em seu rosto e seu corpo doía por ela estar
sentada na cadeira onde Rudá se sentou, os pesadelos estavam ainda gravados em sua
mente, tudo o que Rudá disse seria testado hoje e Moema temia qual a resposta que
teria.
Novas descobertas Rudá lhe mostraria e o teste final para ela e Piatã receberem a
missão juntos era o ultimo passo para a missão ser realizada.
Em seu coração Moema temia qual o resultado do ultimo teste de Rudá, a noite
anterior ela e Piatã mostraram que ainda não estão prontos para ficar juntos e o que
Rudá testaria, talvez fizesse eles se afastarem mais ainda em seus corações e seus
desejos.
Ela sempre quis ser independente, mas sempre que via o caçador algum
sentimento a impulsionava a querer ser dependente dele e amar ele, mas os seus
sentimentos de ser livre e não depender de ninguém estava retornando e a fazendo entrar
em áreas de conflito que ela não se sentia preparada para enfrentar.
Moema ouviu uns barulhos do quarto de Piatã e se entristeceu pelo que tinha
feito antes com ele, não foi correto, mesmo que eles não dessem certo, ela foi uma
menininha querendo ser mulher, ela machucou o corpo do caçador e isso a machucou
pois ela não queri machucá-lo.
Piatã abriu as cortinas de seu quarto e sorriu calmamente para Moema e disse:
- Bom dia, esta preparada para hoje?
- Não sei e você esta? – Ela respondeu
- Pensei muito sobre ontem à noite, mal consegui fechar meus olhos, não da pra
saber o futuro, talvez agente nunca devesse ficar juntos e tudo aquilo não passou de uma
ilusão... Mas também a possibilidade de Rudá querer nos unir para sempre, eu
sinceramente não sei o que eu quero, mas que o melhor seja decidido.
- Você é tão sincero comigo, tem horas que isso me assusta.
- Moema, eu não posso mentir para você, independente de darmos certos ou não,
eu aceitei essa missão e você também, eu quero concluir essa missão com você ou sem
você, mas eu quero conclui-la e um dia saber que eu ajudei o mundo que nós vivemos.
Moema se enconstou na madeira da entrada da cabana, esse era o homem na
qual ela sempre sonhou, e tudo estava mudando e o sentimento de não querer pertencer
a ele aos poucos crescia, pois a cada resposta ele machucava a ela e a sua sinceridade
mostrava que ele só estava a pensar em si mesmo, mas ela não podia negar que o
sentimento de pensar em si mesma também estava em seu coração.
Ela sempre fez tudo sozinha, por que agora teria que depender de um caçador?
Piatã era um homem encantador, ela não podia negar, mas ela não negaria que
nunca quis depender de ninguém, essa era a sua diferença de todas as mulheres da tribo,
esse era seu orgulho e ao lado de Piatã a fraqueza de depender de alguém sempre
retornava e isso a enfurecia.
Moema sentiu um leve toque em seu braço e virou para trás e seus olhos se
encontraram com o de Piatã:
- Eu posso estar errado Moema, mas sei que nós dois temos conflitos, Rudá
mecheu comigo e com você, eu era um homem livre e agora me sinto preso a seu olhar,
mas em minha razão sinto que não devo pertencer a você e meu coração responde
totalmente diferente, ele quer pentencer a você...
Moema estava a cada momento mais assustada com a sinceridade de Piatã,
porem a todo o momento ela não mostrava emoção nenhuma pelo que ele dizia.
- Piatã, somos tão diferentes, olhe para você, você é o exemplo de homem que
sempre quis ser sozinho e eu sempre quis ficar sozinha, essa é nossa única semelhança,
mas não temos mais semelhanças, eu sou o que sou e não sei se quero ficar com você e
sentir fraqueza de depender de um homem.
- Então você também sente fraqueza?
- Claro que sinto, e quando estou do seu lado, sinto muita fraqueza.
Piatã sorriu ao ouvir a resposta de Moema e disse:
- Seu chute ontem não mostrou nenhuma fraqueza.
Os dois sorriram, toda a tensão precisava sair de suas mentes, eles não poderiam
decidir nada com tantos conflitos, era impossível ter uma decisão correta, quando a
confusão estava nitidamente em suas decisões.
- Você não vê Piatã, somos diferentes.
- Que bom que somos diferentes, não agüentaria uma mulher igual a mim, eu
sou cheio de defeitos, alguém com os mesmos defeitos que eu seria insuportável.
Piatã estava sendo sincero e o orgulho de Moema aos poucos estava perdendo
espaço em sua mente, algo ao anoitecer mecheu com Piatã e isso estava animando
novamente Moema.
- Aconteceu alguma coisa à noite, você esta mais feliz, por quê?
- Andei pensando muito Moema, eu não vou mudar e você como você mesma
disse, também não, é isso que somos, mas mesmo assim estamos aqui, talvez eu e você
não vamos ficarar juntos, isso é real, mas temos que cumprir uma missão, é nosso dever
e eu não quero te fazer sofrer por quem eu sou o você me machucar, por quem você é,
então pensei ontem a noite, por que eu não aceito você como você é? Isso é o certo, esse
é o primeiro passo para me aceitar, é te aceitando. Rudá sabe o que é melhor para você e
para mim, então quero esperar a resposta dele.
- A sua confiança me assusta.
Os olhos de Moema e Piatã se encontraram novamente e eles sorriram.
- Tem tanta coisa que ainda você tem que descobrir de mim...
- Se ficarmos juntos, eu quero descobrir tudo sobre você.
Moema beijou o rosto de Piatã e disse:
- Vamos se encontrar com Rudá?
- Sim, não agüento mais tantos conflitos, que hoje ele decida o melhor.
- Me desculpe por ter te machucado ontem...
- Esqueça Moema, o que passou, passou.
Moema e Piatã saíram da cabana, decididos que nunca mais poderiam olhar para
trás, a incerteza de ficarem juntos não faria mais efeito em suas decisões, o orgulho não
poderia mais comandar suas decisões, eles teriam que mudar os erros do passado e a
única forma de acertar era mudando o presente, ao lado um do outro, ou separados.
Os seus passos tinham o peso de suas escolhas, eles estavam a cada momento
mudando, tanto em personalidade e em amadurecimento, seus sentimentos errados e
suas incertezas teriam que sumir, era o dever deles mudar o mundo com todos os erros e
acertos que seu caráter tinha.
A cabana dos guerreiros era uns dos lugares mais distantes de Khabitu e
enquanto andavam, pensava em tudo o que teria que decidir o silêncio entre eles, era o
barulho em sua mente, seus pensamentos teriam que tomar uma decisão e enquanto
chegavam á cabana a decisão deveria ser tomada.
Enquanto andavam, admiravam cada arvore e cada animal que ali estava à
riqueza e a pureza que existia em Khabitu os acalmava, não era momento de sofrer e a
decisão correta seria dita por Rudá, esse era o destino deles e nada mudaria o que estaria
por vir.
Piatã evitava pensar em si mesmo, não queria ficar a vida inteira preso em seu
ego e suas pequenas vitoriras de caça, ele não queria mais ser um caçador, seu passado
somente lhe mostrava as caças e seu futuro tinha possibilidades de mostrar um mundo
melhor, seu coração dizia para ele ficar ao lado de Moema e seu ego a cada momento
estava a sumir, não havia razão para ficar preso a ele mesmo, se não fosse para ser preso
por alguém por amor, então nada teria sentido.
A razão de ele estar em Khabitu era que Rudá o havia escolhido, Rudá o Deus
do amor o havia escolhido, se ele não lutasse por amor nada teria sentido, seu amor pelo
seu povo e por Moema seria testado, seu amor em sua fé seria a flehca que o
impulsionaria a lutar e continuar a acreditar num mundo melhor, esse era seu destino, e
o desconhecido futuro mesmo amedontrando não o afetava tanto quanto o passado e as
escolhas erradas que antes tomou.
Piatã esteve nos braços de outra mulher, mas quando esteve com Moema foi
diferente, ela era diferente, Moema possuía um brilho e uma pureza de coração que
somente Piatã podia sentir, ela antes era uma menina, mas desde que colocou os pés em
Khabitu, uma mulher surgiu e essa mulher encantou a Piatã.
- Estamos quase chegando- Disse Moema
Os pensamentos de Piatã foram cortados pela meiga voz da mulher que Rudá
escolheu.
- Não agüentava mais andar. - Ele sorriu e seus olhos viram a grande cabana dos
guerreiros.
A cabana era a maior de Khabitu, havia guerreiros dentro e fora da mesma e
todos estavam olhando para Piatã e Moema, os escolhidos de Rudá.
Alguns guerreiros sentiram raiva deles, pois eles sempre quizeram fazer a
missão, eles eram destinados a isso pelos seus cargos em Khabitu, pelo menos era isso
que eles acreditavam, mas não era esse o plano de Rudá.
Ums dos guerreiros se aproximou deles e sua imponência começou a inquietar a
Piatã:
- Como vocês estão? Estão preparados para o teste final ou querem voltar atrás?
- Quem você pensa que é para falar assim? – Moema respondeu enfurecida
- Sou o comandante Muruthi, e quem você pensa que é para falar comigo assim
menina?
O camandante enconstou seu rosto próximo ao de Moema e seus olhos cheios de
fúria se encararam, Piatã não agüentou o fato de um homem como aquele ser o
comandante.
A presença do comandante fazia o ego de Piatã crescer e sua vontade de ser
superior aumentar em seu coração.
- Se afaste dela, não quero te machucar.
- Piatã acalme-se- Rudá apareceu a todos
O Deus do amor afastou Muruthi de Moema e disse:
- Quero conversar com você depois comandante. Agora Moema e Piatã estão
preparados para o teste? Ou querem as respostas primeiras?
- Eu quero as respostas
- Eu quero o teste.
Moema e Piatã disseram ao mesmo tempo coisas diferentes e os guerreiros
ficaram mais enfurecidos pela resposta separada dos dois.
- Vê Rudá o que você escolheu? Eles não estão nem conectados e nem tem o
mesmo pensamento, o relacionamente dos dois é um fracasso. - Muruthi cuspiu no chão
O ego de Piatã foi machucado e ele avançou furiosamente para o comandante, e
todos os golpes que ele dava, o comandante se esquivava e sorria com superioridade.
- Parem os dois- Rudá gritou fortemente e toda a terra tremeu – Vocês estão
agindo como crianças, qual o problema de vocês? Eu os escolhi e vocês querem se
matar, vocês está agindo como cachorroros que querem proteger seu ridículo espaço.
Moema tocou delicadamente nas mãos de Piatã e sussurou:
- Não se desgaste Piatã, ele não é nosso teste.
Piatã aceitou o toque de Moema e sussurou em seu ouvido:
- Vamos nos unir nessa missão, vamos passar nesse teste, esqueça tudo o que
passou me promete?
- Por que isso?- Moema respondeu assustada, mas também sussurou em
resposta.
- É pro nosso bem Moema, quero fazer muito essa missão e preciso da sua ajuda,
vamos testar nossos sentimentos e concluir logo esse testet final.
- Esta bem, esta bem, mas quero que saiba que ainda estou confusa sobre meus
sentimentos.
- Então esta na hora de tirar essa confusão não acha? – Rudá disse e todos
olharam assustado para ele. – Venha Moema, venha Piatã e vejam seu teste final.
O confuso casal estava na entrada da cabana dos guerreiros e quando Rudá disse
essas palavras, o chão começou a tremer, mas não era por Rudá, ele nem tinha gritado,
era algo de fora que fazia a terra tremer o tempo todo.
Um ser grande estava vindo, e o chão tremia seguindo a pulsação dos corações
assustados de Moema e Piatã, todos os guerreiros estavam animados e ficavam
caçoando do rosto assustado de Moema.
- Não disse Rudá ela não vai agüentar.
- Fiquem quietos todos vocês- Rudá gritou novamente
Os passos do ser que estava vindo a cada momento tremiam e mais o chão e
atrás da cabana saiu um grande lagarto com fúria em seu olhar e estava preso por um
grande numero de guerreiros.
- Este Piatã e Moema são a missão de vocês. Vocês terão que mata-lo ou doma-
lo, isso vocês dois terão que decidir, essa é a ultima fase para a luta que terão que
enfrentar.
O lagarto estava furioso e machucava todos os guerreiros, a cor desse animal era
branca e possuía grandes asas, as suas asas cobriam todos os homens e seus olhos
possuiam uma cor vermelha que lembrava o sangue, esse era o teste final.
- Entreguem espadas aos dois- Rudá disse á alguns guerreiros.
Moema pegou a espada que Potira a havia entregado e a energia que aquela
espada possuía a acalmou, era o momento de lutar, seus sonhos poderiam ser realizados,
sua missão poderia ser concluída, mas para isso teria que domar a fera que estava diante
de seus olhos.
A espada que ela segurava em suas mãos a lhe traziam as vozes de Potira, as
palavras sabias, e a bondade e coragem nas lutas, Potira tinha avisado a ela de que teria
um árduo caminho a seguir se quisesse pertencer a Rudá e cumprir a missão, ela sempre
soube disso.
Moema lutaria com aquela fera que estava em sua frente e não a mataria, não era
seu plano ter o sangue de um animal que Rudá trouxe a ela para testar, sangue que Rudá
escolheu em sua espada não era seu plano.
Um guerreiro entregou uma grande espada a Piatã, a espada tinha que ser
segurada nas duas mãos, pois possuía uma grande lamina, na lamina existia pequenos
desenhos de antigos guerreiros e símbolos de algumas tribos que alguns casais foram
testados.
Nhadeara estava atrás dos guerreiros e se aproximou de Piatã:
- Como se sente?
- Preparado para lutar. - Piatã respondeu olhando para a fera que estava a sua
frente.
- Boa sorte Piatã, que suas escolhas sejam sabias para com Moema e nesse teste.
- Obrigado Nhadeara. Esta pronta Moema?
- Estou
Moema segurava intesamente à espada e seus olhos brilhavam com as réstias da
espada em seu rosto, Piatã se encantou pela determinação de Moema e sua coragem se
intesificou, ele concluiria essa missão e ele e Moema voltariam a ser felizes como antes,
antes de Rudá mostrar seu passado, ele provaria a ela que cuidaria dela.
Moema olhou para Piatã e seus olhos se encontraram, ela sorriu levemente e a
fera que estava diante deles rugiu, todos os guerreiros se afastaram e o casal ficou na
frente da fera.
Um grande espaço ficou aberto e todos os guerreiros se distanciaram do grande
lagarto, agora Piatã e Moema lutariam sozinhos, este era seu ultimo teste, e falhas não
poderiam existir.
O grande lagarto soltava fogo de sua boca e seu rugido assustava a todos, o casal
estava assustado, mas teriam que lutar se não lutassem provavelmente não seriam mais
as diferenças teriam apenas o fracasso.
A espada estava pesando na mão de Moema, seu destino dependeria do que ele
fizesse com aquele lagarto, sua missão iniciaria se ela vencesse aquele grande animal.
Uma nova vida os esperaria se concluíssem esse ultimo teste, Piatã e Moema
iniciariam sua missão e a união deles nessa missão iria depender nesse teste, seus
antigos erros não afetariam a decisão de Rudá, mas para isso eles teriam que provar se
mereciam a missão juntos.
- Que comece o teste- Rudá gritou e todos os guerreiros se calaram.
Piatã começou a andar próximo do lagarto, porem a fera avançou e quase tirou
seu braço.
- Você esta louco? Temos que atacar juntos e domar esse dragão. - Moema disse
enfurecida e ao mesmo tempo preocupada com Piatã
- D-domar? Eu quero matar e não domar.
- Por que matar? Você é obcecado por sangue?
- Temos que mata-lo, olhe para ele, somente matando...
- Pare com isso, eu não quero sujar as minhas mãos com o sangue dele.
Piatã estava se enfurecendo com Moema, eles tinham que lutar e matar, era isso
o que ele sempre aprendeu fazer, não poderia simplesmente domar um animal daquele
tamanho, seria impossível para ele somente domar.
Moema não queria matar, ela nunca havia matado nada em sua vida, ela somente
machucou Jelani e nada mais, imaginar o sangue inocente em suas mãos a fazia se sentir
pecadora e não era isso o que ela queria.
- Vamos ter que entrar em um acordo. - Moema disse.
- Não tem acordo, temos que matar e pronto! , você não quer concluir logo esse
teste?
- Quem te disse que somente com sangue você vence?
- A vitoria tem que ter sangue, pois é ele que mostra o vencedor.
- Belas palavras Piatã, mais são somente pelas palavras.
Moema estava enfurecida, um homem como aquele estava vivendo somente de
sangue e suas vitorias eram somente pela morte, para ela a vitória não vinha com
sangue, mas sim com sabedoria e calma para dominar o oponente.
Mas o seu passado a estava atormentando, ela conseguiu fugir de sua tribo
conseguindo sangue de Jelani e não pela paz, ela errou em seus próprios conceitos e não
queria falhar novamente neles.
O ataque em Jelani, o sangue que escorreu de seu corpo, ela causou isso em seu
sentimento de libertação, ela buscou todas as formas de se libertar e somente o
machucando conseguiu se libertar, mas somente com o preço do sangue dele e nada
mais.
Ela não era diferente de Piatã, seu passado mostrava que ela não era capaz de
vencer sem sangue e também provava que ter sabedoria para vencer o inimigo não se
aplicava a ela.
- Vão ficar namorando ai é?- Um dos guerreiros começou a zoar deles e os
outros guerreiros começaram a rir de Moema e Piatã
- Vamos lutar logo Moema.
- Calma, me deixa pensar em um plano.
- Que planos? Você esta louca, não quero pensar- Piatã entao disse- vou avançar
sozinho
Piatã avançou novamente no dragão e a espada que ele empunha comçou a
machucar o animal, e a alegria de Piatã por acreditar que estava vencendo fazia sua
espada entrar mais fundo na carne do dragão.
Moema ficou assustada e preocupada com Piatã, ele estava machucando o
dragão, mas a força do dragão poderia machucá-lo muito mais.
- Vê Moema é assim que se vence. – Piatã gritou e sua espada foi entrando mais
profundo na carne do animal.
A espada estava entrando na carne do animal, quando de repente o dragão deu
uma patada em Piatã e este foi aremessado e parou nos pés de Moema.
Moema ajudou Piatã a levantar e disse:
- Consegue ficar de pé?
- Consigo, me solte logo.
Piatã se distanciou de Moema, não queria tocar nela e nem ouvir sua voz, ela não
poderia estar certa, um dragão não pode ser domadao, mas sim ser morto, esse era o
teste de Rudá.
O dragão continuava a soltar fogo e o sentimento de ser derrotado frustava Piatã,
ela nunca perdeu nada na vida e não seria agora que iria perder.
Os guerreriros continuavam a rir do caçador, ele era o motivo da alegria, pois ele
foi o tolo que tentou atacar o dragão, sendo que nenhum dos guerreiros conseguiu
domar, e Rudá e Nhadeara foram os únicos que conseguiram lutar e vencer o dragão.
- Piatã, Piatã, tem outras formas de vencer, tente ouvir o que Moema quer dizer.-
Nhadeara gritou.
Os guerrerios riram mais ainda e o comandante disse:
- Então o nosso futuro guerreiro depende da ajuda de uma mulher para vencer
um dragão, que ridículo.
Todos continuaram a rir e a fúria de Piatã foi aumentando, ele era o motivo do
riso, ele era a diversão para os guerreiros, a cada momento sua vontade de matar
aumentatava e o desejo de provar a todos que ele era um ótimo guerreiro o fazia querer
agir sozinho na luta contra o dragão.
- Moema fique aqui, vou atacar de novo.
- Você esta louco? Você esta machucado não pode lutar sozinho de novo-
Moema disse preocupada com ele.
- Já venci muitas lutas, vou vencer essa também.
Piatã avançou novamente e gritou quando foi atacar o dragão, sua espada iria
machucar a mesma pata do animal, mas o dragão deu uma patada muito mais forte em
Piatã que fez ele para próximo de onde Rudá estava.
- Você não consegue esperar para lutar junto com Moema?- Rudá disse
calmamente para Piatã.
Piatã estava com no chão, o impacto da patada do dragão fez seu corpo sentir
todo o peso de sua derrota, mas ele se apoiou na espada e começou a levantar
lentamente.
- Tudo ok Piatã?- Moema gritou de preocupação e raiva por Piatã ter atacado
sozinho novamente.
- Estou bem.
Os guerreiros riam mais e mais de Piatã, ele era um derrotado, tudo o que ele
fazia era motivo de risos, ele não era um guerreiro, mas era um caçador impulsivo que
fazia todos os guerreiros se divertirem à custa de seu erro.
Rudá ajudou Piatã a se levantar e o Deus do amor disse baixinho no ouvido dele:
- Não siga sempre seus instintos, eles podem te trazer derrota, e sua
impulsividade pode causar a derrota de todos.
As palavras sábias de Rudá começaram a fazer Piatã ficar mais calmo, ele não
poderia atacar o animal sozinho, e agora que estava todo machucado nescessitaria ainda
mais de Moema.
- Ouça a garota, ela tem bons planos. - Rudá disse e piscou para o caçador- Seja
um sábio guerreiro e não um impulsivo caçador.
Piatã foi até Moema, e todos os guerreiros riam mais e mais dele, os seus erros
estavam fazendo os outros se divertirem a sua custa, ele era o motivo do riso, e sua
impulsividade era o motivo de ter sido derrotado pelo dragão.
Os guerreiros tinham feito uma grande roda para o teste de Moema e Piatã, e
enquanto Piatã ia se encontrar com Moema, todos o empurravam para o dragão, mas ele
sempre retornava e se aproximava de Moema.
Quando se aproximou de Moema, ela disse duramente:
- Cansou de apanhar? Agora posso dizer qual o meu plano?
- Diga logo então. - Piatã sorriu para Moema, não queria mais falhar.
- Sempre querendo ser o centro das atenções, que pessoa mesquinha você é. -
Moema disse enfurecida.
- Já aprendi e sei meu erro, agora, por favor, me diga seu plano.
- Como você esta machucado, você vai ter que avançar novamente embaixo do
animal e eu vou subir na cabana para pegar o cipó que esta na arvore próxima ao dragão
e quando eu jogar o cipó para você, você passa pelas pernas do dragão, enquanto eu vou
prender a boca dele com outro pedaço de cipó. Consegue fazer isso para mim?
- Claro que consigo... E você consegue fazer a sua parte?
- O plano é meu, vou fazer tudo correto. Ouça bem Piatã, quando eu subir na
cabana, você começa a ir até os pés do dragão, se ele te machucar você o machuca com
a espada, mas não o mate.
- Vai ser difícil para mim, mas vou me esforçar.
- Tente não falhar de novo Piatã.
Moema guardou a espada na bainha e avançou para a cabana, ela corria a cada
momento mais rápido querendo logo concluir a sua missão.
Moema começou a subir na cabana e Piatã começou a avançar para atacar
novamente o dragão, não iria machucá-lo se ele não o machucasse, ele teria que seguir o
plano de Moema, não poderia falhar novamente.
A cabana era dificil para Moema subir, mas ela não queria dessistir, essa era a
dificuldade de seu plano, sua derrota e sua vitória iriam depender inteiramente dela, pois
Piatã estava apenas seguindo o plano que ela criou.
A cabana tinha algumas partes salientes que Moema começou a segurar, não
poderia falhar, seria imperdoável mais um erro nesse teste, Piatã falhou duas vezes, ela
não queria falhar e enquanto subia ela começou a se machucar pelo material rústico que
a cabana possuía.
Sua roupa começou a ser cortada e sua pele começou a ter leves cortes, esse era
o preço da sua missão e ela não voltaria atrás.
Piatã estava embaixo do dragão e o dragão tentava pega-lo mais seu tamanho
impedia que ele chegasse perto do caçador.
Moema foi subindo no topo da cabana e quando chegou ao topo, ela não pensou
em nada e pulou na árvore, mas quase foi pega pelas chamas que o dragão soltou
quando viu ela se aproximando dele.
O tronco da avore que ela conseguiu segurar foi sendo queimado pelo fogo do
dragão e ela teve que avançar rapidamente até a parte central da arvore.
Quando chegou a parte central ela começou a subir mais alto na arvore, pois o
dragão continuava a lançar fogo e fez uma queimadura em seu braço, enquanto ela
tentava subir.
- Estou precisando de uma ajudinha Piatã. - Moema gritou.
Piatã começou a machucar o dragão, sua espada estava machucando a parte de
baixo do dragão e o dragão tentava ataca-lo, mas não conseguia, pois Piatã estava
embaixo dele.
Moema pegou os cipós grossos que a arvore tinha e ela jogou alguns no chão e
disse:
- Pegue alguns cipós Piatã e amarre as patas do dragão.
- Vou pegar agora.
Piatã correu para pegar o cipó e sua o dragão começou a soltar fogo, mas ele
começou a correr e se defendeu com a espada, e o fogo queimou um pouco de sua
espada.
O caçador pegou o cipó e correu para enrolar as patas do dragão, enquanto ele
corria, alguma parte de sua costa foram queimadas e sua espada começava a queimar a
sua mão, mas ele não dessistiria mesmo machucado.
Moema viu que Piatã pegou o cipó e pegou um gande pedaço de cipó para ela, e
enrolou em seu braço, ela pulou no dragão e o animal começou a querer morder
Moema, mas ela fez um grande corte nos olhos do dragão.
- Vamos vencer juntos Piatã- Moema gritou e começou a atacar o dragão.
A espada de Moema começou a machucar os olhos do dragão, pois ele estava a
atacando, e ela pegou rapidamente o cipó do seu braço e foi até o animal.
Ela foi subindo no pescoço do dragão e as escamas do dragão a ajudaram e a
machucaram na subida até ela chegar aos olhos do dragão.
Quando ela chegou aos olhos do dragão, ela enrolou nos olhos do animal todo o
cipó que ela tinha pegado.
O dragão começou a soltar fogo em todo o lugar e o topo da cabana começou a
queimar e enquanto isso Piatã enrolava a ultima pata do dragão e ele gritou:
- Só falta você Moema, aqui eu já conclui.
Moema estava sendo sacudida pelo dragão, mas ela conseguiu segurar
firmemente nas escamas do animal e amarou o cipó nos olhos do dragão.
- Puxe o cipó Piatã. - Moema gritou e pulou no chão.
Piatã foi atrás do dragão e puxou o cipó que estava segurando os outros cipós, o
dragão continuava a soltar mais fogo queimando mais a cabana.
Todos os guerreiros começaram a ficar enfurecidos com Moema e Piatã, pois
eles estavam conseguindo domar o dragão e estavam prejudicando a cabana deles.
- Venha me ajudar Moema.
Moema estava caída no chão, mas conseguiu levantar e foi ajudar Piatã a puxar o
cipó que estava segurando o dragão.
Eles estavam usando toda a força que restava e o dragão começou a cair, pois
não conseguia enxergar nada e suas patas estavam presas pelo cipó que Piatã havia
enrolado nele.
O dragão caiu no chão e a vitoria limpa de Piatã e Moema ocorreu, nenhum
guerreiro comentou nada, mais todos tiveram que aceitar que o casal tinha vencido.
10. A missão
11. Esperança
Moema estava indo com o rei Apuã para sua cabana, nunca tinha visto um, sua
cabana era a maior de todas, e possuía ouro em cada parte, não era feita de palha, mais
sim com ouro.
- Esta a admirar a cabana?- perguntou o rei
- Sim, como vocês fizeram isso?
- Eu convoquei todos os homens, desde guerreiros aos que não tinham profissão
e os convoquei para ajudar a construir a cabana, os homens que mais me ajudaram
foram os ferreiros que conheciam como moldar o ouro, todos eles derreteram o ouro, e
fez um feno de ouro e os outros guerreiros me ajudaram a construir a cabana.
- Nossa quanta dedicação.
- Os homens de Waweru são dedicados, não tenho nada a reclamar. Agora entre
na cabana e veja a belez que ela é dentro.
Quando entrou na cabana, o ouro reluzia tudo e os símbolos estavam intensos
com outras pedras preciosas.
- Gostou?-perguntou o rei rindo.
- Muito, é incrível.
- Aqui é onde mostro meu poder e onde encontro paz, meu povo já sofreu muitas
vezes e desde que me tornei rei prometi a todos que não teria mais dor. Desde então
nunca teve dor aqui em meu reino, porem agora a guerra nos convoca e tenho medo que
o povo não agüente a separação com os guerreiros.
Moema estava olhando cada detalhe da cabana e virou para o rei:
- Porque me diz tudo isso? Sou apenas uma mulher, nunca estive em guerra e
você me diz tudo o que seu povo passou e esta passando.
- Moema, meu povo sofreu antes, pois nós fomos os primeiros a ser atacado pela
tribo dos demônios de Ceci, meu povo perdeu muita gente amada e eu tentei reconstruir
esse reino. Moema, você é a esperança de muitos e a minha também. Somente estou
desabafando com a minha esperança.
Moema nada pode dizer, apenas sorriu para o rei, mas a cada momento ela sentia
a responsabilidade de sua escolha, a cada momento o peso de ser a escolhida de Rudá se
tornava nítido para ela, pois todas as pessoas depositavam suas esperanças nela.
O rei foi á seu trono e pegou algo com uma grande capa cobrindo e entregou a
Moema.
A mulher nada entendeu porem ao tirar a capa, ela viu um grande escudo:
- O que é isso?
- É o escudo de Rudá, meu povo teve uma guerreira que lutou na antiga guerra,
mas ela não conseguiu completar a missão. Esse escudo Moema- apontou Apuã para o
escudo- é a sua função nessa luta, o povo precisa de proteção, mas você ira proteger
Piatã, esse escudo ira proteger todos aqueles que estiverem atrás dele, esse é seu dever
nessa missão.
Moema pegou o escudo, ele era grande, e rústico, era um pedaço de uma
madeira e no centro do escudo estava a tatuagem de Moema mostrando o símbolo dela.
- Este escudo te pertence, cuide dos que você ama com ele.
- Como posso proteger as pessoas que amo? Nem sei me proteger, eu vou
precisar de uma espada para protegê-los.
O rei sorriu levemente para Moema e disse:
- Moema não se protege apenas com espada, você é o escudo e Piatã é a espada,
ele ira matar os demônios e você ira protege-lo, cada um tem uma função, e é seu dever
encontrar o equilíbrio nesse conflito.
- Não sei si vou conseguir.
Apuã olhou para Moema e perguntou:
- Acredita que é fácil proteger as pessoas que você ama? É difícil Moema,
apenas as amando de verdade, não por seus talentos, mas apenas amando as pessoas,
sem querer nada em troca, acha isso fácil?
- Não.
- Então comece a pensar que é fácil, pois muitos vão depender de você e se você
não os ama-los, você fará a desgraça cair novamente em nós- Disse Apuã irritado.
Moema olhou novamente para o escudo, seu mundo seria libertado por ela, sua
vida poderia ter uma chance de ser feliz novamente, mas dependeria de ela proteger a
muitos, essa era sua missão.
O rei foi se acalmando e disse:
- Apenas entenda Moema, muitos dependem de você, Piatã, eu, Nhadeara, todos
os guerreiros, homens e mulheres, todos dependem de você e o seu dever é cuidar deles,
se conseguir fazer isso, conseguira fazer um novo mundo para todos.
- Não tenho nada a dizer Apuã...
- Não diga, apenas faça o que Rudá te pedir.
Moema colocou o escudo nas costas, pois ele possuía um couro que segurava em
seu corpo.
- Pode se retirar Moema. E não se esqueça de sua missão.
- Obrigao Rei Apuã.
Piatã foi até o quarto e viu Moema deitada, queria tanto que ela sentisse que ele
a amava, queria tanto mostrar a ela que a amava, não sabia como fazer isso, mais queria
estar com ela.
Com ela ele estava a aprender tantos mistérios sobre a vida e sobre ele mesmo,
ela iniciou algo novo em sua vida e teria que ter ela sempre em seus braços.
O guerreiro olhava cada detalhe do corpo de Moema, era tão belo e encantador,
uma beleza rara e intacta, como se as cicatrizes de ter domado o dragão apenas fizessem
com que acentuasse sua beleza selvagem.
Talvez Moema ficasse furiosa com ele por ter tocado em seu corpo, porém Piatã
não sentia culpa, pois para ele foi um dos únicos meios de mostrar que amava a ela.
Ele antes foi um caçador e agora era um guerreiro, os sentimentos sobre amor
sempre foram sentimentos distantes para ele, e somente Moema foi capaz de retirar de
seu coração algo diferente de adrenalina de estar dominando algum animal ou lutando
em guerra.
Ao tocar no corpo de Moema ele pode sentir a delicadeza que ela possuía, ele
pode confirmar que ela dependia dele para protegê-la, seu corpo era delicado e apesar
de ela mostrar ser forte, sempre teria que alguém a proteges.
Piatã estava a pensar em milhares de formas de provar a ela que a amava, mas
nada sabia como provar o amor que sentia, não poderia ficar sem ela, mas fazer com que
ela tivesse certeza do amor dele dependeria também dela.
Ele queria ir deitar ao lado dela, mais iria respeitá-la e dormiu em uma das
cadeiras que a cabana possuía.
12. Inicio da missão
13. Morte
14. Sincronia
Ao sair da cabana um novo homem Piatã tinha se tornado, seu choro ainda
marcava seu rosto, mas sua espada estava em suas mãos como se ela sempre pertencesse
às mãos do guerreiro.
Todos os guerreiros estavam assustados, mas Apuã, Nhadeara e Muhuthi
estavam sem emoções, não havia surpresa, nem tão pouca piedade.
- Vamos lutar- Gritou Piatã.
Seu grito nunca tinha sido tao forte e ele nunca tinha erguido sua espada tão
intensamente.
- Vamos honrar o sangue dessa terra, e matar aqueles malditos. - disse Piatã.
Os guerreiros não falavam nada e Piatã começou a se enfurecer mais e mais.
- O sangue dessa terra precisa ser honrado, se vocês não forem lutar comigo...
Apuã olhou para Nhadeara e eles mecheram a cabeça no mesmo tempo,
afirmando algo que ninguém mais sabia.
- O sangue dessa terra vai ser honrado Piatã, mas para isso você e Moema
precisam de treinamento. - Disse Apuã
- Não me venha com treinamento, precisamos sair logo daqui, talvez à tribo de
Moema esteja sendo atacada. - Disse Piatã.
- Então vocês dois lutem comigo, se mostrar que conseguem encontrar a sintonia
entre o ataque e a defesa, não vamos treinar vocês. – Disse Apuã.
Piatã ergueu a espada em modo de ataque e Moema tirou seu escudo, a
determinação no olhar dos dois era nítida, mas numa guerra nem sempre a determinação
faz jus aos que estão lutando.
- Venha e me ataque- Disse Apuã.
O guerreiro correu e tentou atacar o rei, mas o rei se defendeu, e quando o rei
tentou atacar o guerreiro, uma guerreira surgiu com seu escudo e o protegeu.
- Só tenho eu lutando como vocês, que tal mais homem?
- Tudo bem, coloque mais homens- Disse Moema
O rei sorriu e gritou para alguns guerreiros se aproximar de Moema e Piatã,
vieram poucos homens, mas era o numero nescessario para o rei.
Dez homens rodearam o guerreiro e a guerreira, um círculo se fez entre eles, um
circulo de homens determinados a atacar.
- Ataque quando quizer- disse Apuã.
Piatã ergueu a espada novamente e com um grito foi até o rei, outros guerreiros
começaram a atacá-lo, mas ele tirava as espadas das mãos deles ou então Moema o
defendia.
Algum corte Piatã teve pelas espadas dos guerreiros, mas ele pulou rapidamente
em cima de um guerreiro que estava em sua frente e sua espada tocou o corpo do rei.
- Não preciso de treinamento... Preciso do sangue daqueles malditos guerreiros
de Ceci em minha espada.
O rei olhou para Piatã, o olhar do guerreiro o preocupava, pois nunca tinha visto
nenhum homem com tal olhar determinado.
- Olhe para trás- Disse Apuã.
Moema estava rodeada dos homens e um deles estava a segurando, Piatã olhou
novamente para o rei e gritou:
- Moema liberte-se.
O rei não entendeu o que Piatã queria fazer, mas deixou que Piatã fizesse o que
bem quisesse.
- Moema liberte-se - Gritou novamente Piatã.
Piatã olhou novamente para Moema, o olhar de Piatã demonstrava a Moema
muita sentimentos negativos, ele queria vingança e ela teria que ajuda-lo na matança.
Moema segurou o escudo e o bateu nos guerreiros, alguns guerreiros tentaram a
atacar novamente, mas ela conseguia se defender.
- Viu, conseguimos ter sincronia, agora vamos logo para a guerra.
Apuã riu para Piatã e disse:
- Primeiro faça os mortos ter uma morte digna.
Piatã guardou a espada em sua bainha e disse:
- Enquanto não houver vingança e sangue dos demônios, os mortos não vão
descansar em paz.
Nhadeara chamou Piatã para andar e os outros guerreiros começaram a juntar os
corpos dos mortos junto com Apuã.
- Eu entendo sua dor Piatã, mas de tempo ao tempo.
- Não posso dar esse tempo, o pouco tempo que fiquei em Khabitu me fez perder
meus familiares e meus amigos, olhe ao seu redor Nhadeara, eu pudia estar nessa
batalha e não estive.
Nhadeara tocou o ombro de Piatã e disse:
- Por que você não estava aqui?
- Que pergunta tola essa.
- Me responda Piatã.
Piatã estava com pensamentos de vingança, mas a pergunta de Nhadeara tirou
um pouco a vingança de sua mente.
- Por que não tinha mulher para mim nessa tribo.
- Está certo, mas tem outra resposta junto com essa. - Disse Nhadeara.
- Não tenho tempo para isso. - Disse Piatã e ficou de costas para Nhadeara.
- Então vou responder para você, você foi escolhido por Rudá, isso significa que
você é um servo dele e isso significa que os demônios de Ceci irá te perseguir até o fim,
eles querem seu sangue e querem você marcado na sua espada, como mais um
guerreiro, é por isso que você foi escolhido.
Piatã virou para Nhadeara e começou a gritar:
- Meus amigos morreram, os grandes sacerdotes morreram, todos morreram e
você ainda me diz que a culpa é minha?
- Você me ouviu? A culpa não é sua, mas um fato é as escolhas vem junto com
conseqüências.
Piatã pegou Nhadeara pelo pescoço e começou a enforcá-lo.
- Eles não tinham que morrer, olhe quantas crianças inocentes morreram. Muitos
morreram.
- Rudá sabe o momento certo de todos... –Disse Nhadeara.
- São lindas palavras, mas faz efeito quando você esta diante dos mortos- Disse
Piatã e cuspiu em seguida.
Nhadeara olhou para Piatã, tanta coisa ele tinha mudado, o ódio estava
dominando seu coração, mas Nhadeara sabia que isso passaria, a dor amadurece os
homens é o único meio de amadurecer verdadeiramente.
Antes Piatã era um caçador que estava afogado em ego, mas desde que ele fugiu
da tribo teve que amadurecer na fé e teve que diminuir seu ego até o momento em que
todo seu ego se dissipou quando ele perdeu do dragão.
- Você se lembra de como você era antes? Um menino cheio de ego, o seu ego
sempre te impediu de olhar para os outros e agora você olha para todos aqueles que
você perdeu, seu ego se dissipou de você.
- Do que adianta você me dizer isso?
- Você mudou Piatã, por isso que Rudá te escolheu.
Piatã ficou em silêncio, seus pensamentos estavam em uma onda de vingança e
amadurecimento, o sangue dos demônios teriam que estar em sua espada e ele não
dessistiria disso e parou de enforcar Nhadeara
Piatã ouviu um grito e ele e Nhadeara correram para ver o que estava
acontecendo.
E quando chegaram perto dos outros guerreiros viram o que jamais pensaram
que existia.
Um grande demônio com três olhos e maior que a muralha que protegia a tribo
de Piatã, o demônio tinha um grande boca na barriga e tinha bocas no centro das mãos.
O demônio tinha pegado Moema e estava rasgando sua roupa e começou a
gritar:
- Estava sentindo falta de um corpo feminino, as mulheres dessa tribo tem o
mesmo jeito, a moçinha aqui tem o estilo de ser mais selvagem, que tal brincarmos um
pouco?
Algo parecido com um órgão masculino saiu do demônio e as bocas da mão do
demônio começaram a morder a Moema.
- Porque vocês não a protegeram? – Gritou Piatã.
Apuã olhou para Piatã e disse:
- Ela se afastou de nós, depois que você se afastou com Nhadeara.
Piatã pegou a espada e gritou:
- A culpa é minha, vou matar esse demônio sozinho.
A espada que ele segurava nunca tinha tido tanto peso e a vida da pessoa que ele
amava não corria risco, Moema não morreria por aquele demônio, Piatã estava
determinado.
- Quem você pensa que é seu menininho? – Gritou o demônio- Nem pense em
cortar meu momento de prazer com essa linda mulher.
- Te cortar concerteza eu irei- disse Piatã empunhando a espada.
Moema gritou novamente e o demônio começou a colocar seus órgãos genitais
na mulher, sangue começou a escorrer do corpo dela, ela estava toda machucada.
- Piatã me ajude. - Ela gritou.
Piatã estava furioso e alguns homens começaram a se aproximar dele, mas ele
gritou:
- Ele é meu, ninguém vai lutar com ele.
- Piatã me ajude- Moema gritou novamente.
O demônio olhou para Piatã e gritou:
- Vou fazer ela gritar meu nome, ou pelo sentimento de desejo ou por ódio, mas
ela vai gritar.
- Piatã- Dizia Moema.
O monstro começou a rasgar mais e mais a roup, até o momemto em que poucas
partes do corpo dela ainda possuía pano.
- Eu vou te matar.
Piatã levantou a espada e correu para atacar o monstro, sua espada começou a
fazer sua mão sangrar e a determinação em seu olhar fazia o demônio rir.
- Pensa que pode me matar?
Piatã correu para o monstro e fez um corte em uma de suas pernas.
- Vou te matar e não vou nem pensar, o seu sangue vai ficar na minha espada.
O demônio começou a rir e começou a tocar os seios de Moema, as línguas de
suas mãos começaram a morder e a beijar o corpo dela.
Sangue e cortes estavam marcados em sua pele, o demônio se divertia com seu
olhar de dor e o seu órgão genital começava a entrar no corpo dela.
- Grite meu nome, grite o nome de Zool e eu vou te fazer ser minha.
- Piatã- Moema gritou novamente e seus olhos começaram a se fechar.
Piatã atacou novamente o monstro, mas o demônio o empurrou para longe, todos
os guerreiros estavam pasmos, mas nenhum o ajudava.
Nhadeara ajudou Piatã a se levantar e disse:
- Essa batalha é sua, proteja Moema.
Piatã olhou para todos os lados, o sangue que caia de seu rosto e o ódio de sentir
que estaria a perder Moema se não fizesse nada se acumulava em seu coração, ele
perdeu tudo na vida, não poderia perdê-la. Ele não iria perdê-la
Piatã começou a subir a arvore e a espada estava presa a bainha de suas costas, o
sangue de seu corpo estava o fazendo cair um pouco da arvore, porem sua mente gritava
para ele:
- Continue você não vive sem ela. Sem ela não.
O guerreiro subia a arvore, todo ferido ele continuava, o sangue não o impedia
de subir, o sangue estava em seu rosto e alguma parte de seu corpo, mas ele não
dessistiria até matar o demônio.
- Eu vou a fazer dizer meu nome e você não vai poder fazer nada. – Disse o
demônio e começou a gritar.
Moema abriu os olhos e olhou para Piatã e gritou:
- Socorro Piatã.
- Diga meu nome vadia- Gritava o demônio.
- Salve-me Piatã- Moema gritou.
Piatã pulou para o demônio e ficou atrás de seu pescoço, o sangue caia sobre o
demônio e ele começava a lamber o sangue que caia em seu corpo.
- Tenho dois sangues, assim fica mais delicioso matar. - Gritou o demônio
sorrindo.
Piatã se grudou no pescoço do demônio e disse:
- Eu vou te matar, o seu sangue vai ser o primeiro de muitos.
O demônio começou a rir mais e mais e disse:
- Tente seu tolo.
Piatã ergueu a espada e fez um corte profundo no demônio, sua espada estava
rasgando os pelos do demônio e o sangue que agora caia era do ser das trevas.
O demônio gritou e soltou Moema no chão, e pegou Piatã e o jogou longe.
Apuã correu para buscar Moema, ela estava toda ferida, seu corpo estava nu e
seus olhos se abriam levemente e ela sussurou:
- Ele conseguiu me salvar.
Ao dizer isso ela sorriu levemente e desmaiou, e Apuã gritou aos homens:
- Leve ela para longe, eu vou ficar aqui com Piatã.
Piatã levantou e olhou para o demônio e gritou:
- Seu sangue fica na minha espada.
O guerreiro começou a correr e ele pegou o escudo de Moema no chão e gritou
novamente:
- Uso por você esse escudo Moema.
Ele avançou rapidamente e cortou a parte que tinha ferido no demônio, o sangue
do demônio começou a cair e uma perna dele estava faltando.
Sangue caia dos dois e o demônio gritou:
- Ainda vou te matar...
Piatã avançou novamente e fez um corte profundo no estomago do demônio.
- Akanke venha- Gritou Piatã.
O dragão pegou Piatã pela boca e o colocou em cima dele e vôo para o alto.
Piatã levantou a espada novamente e o dragão abaixou para dar uma investida
em no demônio.
O demônio gritava e tentava puxar o dragão, mas ele não conseguia e Piatã se
afastava dele aos poucos e retornava e atacava ele novamente.
Piatã avançou mais uma vez com o dragão e pulou no chão, e avançou no
demônio e gritou para o dragão:
- Akanke cuspa fogo.
Akanke cuspiu fogo e Piatã avançou no demônio quando o dragão parou de
soltar fogo nele.
A espada estava sangrando mais e mais sua mão, mas ele não soltava da espada
e gritou:
- Esse é seu ultimo respiro demônio.
O guerreiro pulou e a atacou a cabeça do demônio e não cessou até ter cortado
toda a cabaça do demônio.
O demônio caiu no chão, não respirou mais, e o sangue que agora estava
enchendo toda a terra era do demônio.
Um sangue estranho com uma cor roxa da mesma cor do que Piatã tinha bebido
quando iria se tornar guerreiro em sua tribo.
Piatã caiu no chão, seu corpo todo doía, mas ele não queria ficar sem ver Moema
e Apuã o ajudou a se levantar e o colocou no dragão Akanke e disse ao dragão:
- Leve-o onde ela esta.
Apuã subiu em seguida em seu corvo e ele pegou o escudo de Moema no chão e
juntos voaram para outro lugar, porem próxima a tribo de Piatã.
Piatã se apoiou no dragão e conseguiu voar com Akanke sem temer nada, e
pensou:
Só assim para eu conseguir voar nela.
O guerreiro abraçou o dragão, seu corpo todo doía o sangue ainda caia de seu
corpo e os cortes estavam expostos em sua pele.
Apuã se aproximou dele com seu corvo e olhou admirado para Piatã, nunca tinha
visto um homem lutar sozinho contra um demônio.
Um guerreiro mais forte que os outros estavam a surgir, um guerreiro destemido
e que estava lutando pelo amor que sentia por uma mulher que Rudá tinha escolhido.
No passado alguns homens tinham falhado nesse mesmo quesito, a espada de
Piatã mostrava muitos homens falhando na luta contra o demônio, mas esse guerreiro
conseguiu lutar sozinho.
Admiração foi o sentimento de Apuã e quando olhou para trás viu Nhadeara
subindo junto com eles e perguntou para ele:
- Onde esta Muhuthi?
- Ele disse que vai queimar o demônio e depois vai se juntar conosco no
acampamento. Você sabe que ele ainda não superou que Piatã é o escolhido e hoje foi à
prova de que Rudá fez a escolha certa.
- Piatã mostrou seu valor hoje não foi?
- Ele é diferente dos outros guerreiros, não podemos negar sua determinação, sua
vingança e o amor que ele sente por Moema, esses três sentimentos vão nos levar a
vitoria. Eu posso sentir.
Apuã olhou vagamente para Akanke e Piatã e disse:
- Que Rudá nos proteja, não quero mais guerra. Não agüento mais.
- Ninguem mais agüenta meu amigo. - Disse Nhadeara
Muhuthi retornou ao acampamento, algo estava diferente nele, mais não era algo
nítido nem para ele mesmo, o ódio que ele sentia por Piatã sempre esteve presente dele
e ter esse sentimento de forma mais intensa não mudava nada para ele.
Ele desceu do corvo e Apuã perguntou:
- Queimou o demônio?
- Sim. Moema e Piatã onde estão?
- Descansando na pequena cabana que fizeram para eles.
Muhuthi viu Nhadeara e Nhadeara correu para abraçá-lo.
- Como você está?
Muhuthi recebeu o abraço de Nhadeara mais algo em sua mente o fazia querer
acabar com Nhadeara, seus sentimentos estavam muito intensos e isso o assustava cada
vez mais, mas ao mesmo fazia ele se sentir mais forte e mostrava para ele memso que
sens sentimentos não iriam mudar.
- Estou bem. Solte-me, por favor.
Muhuthi foi até a fogueira que os guerreiros estavam fazendo, o fogo estava
perdido em seu olhar, e seus pensamentos estava em morte, morte de um dos guerreiros,
ele queria ver sangue e esse desejo se intensificava a cada momento.
O por-do-sol estava a começar, o dia tinha terminado, mas as chamas de ódio no
coração do comandante se intensificavam a cada momento, o sangue estava sendo
construído em sua mente e formas de matar estavam em cada pensamento.
Alguns dias se passaram, e todo o acampamento estava recuperando as forças
para a luta, muitos tinham medo, medo de tudo o que tinham visto na luta de Piatã.
Muitos não teriam coragem para lutar da forma como ele fez, e muitos correriam
ao lutar com um demônio, nem todos estavam preparados para a guerra e isso
preocupava a Apuã
- Os homens estão com medo, isso não vai ajudar na guerra. - Disse Apuã
- Todos estão com medo do que pode acontecer, o demônio assustou a todos-
Disse Nhadeara.
- O clima esta muito pesado no nosso acampamento e eu temo o que pode
acontecer.
- Rudá vai nos guiar- Disse Nhadeara
Apuã e Nhadeara estavam perdidos, algo de ruim iria acontecer, eles sentiam
pelo clima do acampamento, mais tinha algo que estava incomodando mais a Nhadeara.
- Muhuthi está mais estranho que o normal- Comentou Nhadeara.
- Você tem que parar de abraçá-lo, ele odeia isso você sabe. - Disse Apuã
Nhadeara não queria admitir, mas sentiu algo diferente, algo na alma de
Muhuthi, algo que traria o mal para perto deles.
- Apuã, você não sentiu nenhuma energia negativa dele?
- A todo tempo eu sinto- Respondeu Apuã e riu em seguida.
- Estou falando sério!
- Nhadeara pare com isso, todos os homens estão cansados e você fica falando
do comandante, pare com isso.
O rei e Nhadeara estavam próximos a pequena cabana de Piatã e ao ouvir o que
Apuã estava a dizer, se levantou.
Tudo o que envolvesse Muhuthi o guerreiro tinha vontade de saber, queria saber
cada falha de Muhuthi para não ser mais humilhado por ele diante de todos os
guerreiros e também queria fazer um meio de afastá-lo de Moema.
Piatã levantou e olhou para Moema, ela estava a deitar, ele lembrou tudo o que
tinha acontecido e sempre lembrava o que Nhadeara tinha lhe tido sobre os guerreiros.
O guerreiro lutaria até o fim, e nunca deixaria nenhum outro pertencer a sua guerreira.
O guerreiro saiu da pequena cabana, seu corpo ainda doía, mas sua cabeça não
latejava mais, queria saber com detalhes o que Nhadeara estava a dizer e não dessistira
até ouvir tudo sobre o comandante.
- O que há de errado? – Disse Piatã e saiu da cabana.
Nhadeara o ajudou a sair da cabana e disse:
- Só Muhuthi que está estranho.
- O que aconteceu?
- Nada Piatã, Nhadeara pare de falar de Muhuthi. - Disse Apuã.
Piatã se soltou de Nhadeara e disse:
- Porque ele não pode falar?
Apuã sentiu um pouco de raiva e disse:
- Cuidado com o que vocês falam.
O rei se retirou, deixando o guerreiro e Nhadeara em sua conversa, e enquanto o
sol estava a se por Piatã novamente perguntou:
- O que aconteceu?
Nhadeara olhou preocupado para o guerreiro e disse:
- Sinto uma energia estranha em Muhuthi, algo negativo vira dele, não que ele
seja mal, mas ele vai trazer algo de ruim a nós.
Piatã ficou preocupado e assustado, não queria perder essa guerra e qualquer
pessoa que atrapa-lhe precisaria voltar para Khabitup para assim não estragar a missão.
- O que você sentiu?
- Não sei Piatã, mas algo de bom não vira, não dele.
Alguns guerreiros estavam assustados ao ouvir o que Nhadeara estava a dizer e
estavam ficando assustados, pois todos temiam a Muhuthi.
- Não tem como evitar?
- Se eu soubesse, eu diria como evitar, mas eu não sei o que vai acontecer. -
Disse Nhadeara- Só sei que algo de ruim vai vir.
Quando Nhadeara disse isso, Muhuthi se aproximou dele e agarrou a veste dele.
- Tem algo contra mim?
Muhuthi segurou firmemente em Nhadeara e bateu nele.
- Não tenho nada, calma comandante.
- Calma?...Eu sinto que meus guerreiros estão ouvindo tudo o que você esta
dizendo, como se eu estivesse emdemoniado ou algo do tipo, me diga logo qual o
problema?
Muhuthi levantou Nhadeara do chão e ia bater nele de novo quando Piatã
atrapalhou os dois e empurrou o comandante para longe.
- Não entre onde não é chamado, seu moleque.
O comandante ia bater em Piatã, mas todos os homens o seguraram, seu olhar
estava cheio de ódio, algo tinha sido mudado no comandante.
- Me soltem seus idiotas.
O comandante saiu da presença de todos, ninguém mais sabia o que pensar sobre
ele, mas ao ver a atitude dele, tiveram mais certeza de que ele realmente estava
diferente.
- Voltem ao que estavam fazendo, não tem mais para ver aqui- Disse Nhadeara.
Piatã se aproximou de Nhadeara, enquanto os outros guerreiros voltavam as suas
atitudes.
- Algo de ruim virá, tudo o que sei- Disse Nhadeara novamente.
Piatã olhou perdido para o acampamento, ele sabia que muitos homens temiam o
que a guerra lhes reservaria, mas não tinha como treinar ou ensinar eles a não ter medo,
o tempo estava cada vez mais diminuindo e os ataques estavam sendo intensos.
Apuã chegou perto deles e disse:
- Estive fazendo preces a Rudá para proteger nosso acampamento e senti uma
mensagem dele me dizendo para sairmos logo e ir para a tribo de Moema.
- Vou chamar os guerreiros, não podemos perder mais tempo. - Disse Nhadeara.
- Vou chamar Moema- Disse Piatã
Piatã foi até a cabana e viu Moema começando a se levantar, as dores em seu
corpo tinham aliviado e ela finalmente tinha forças para levantar.
- Finalmente acordou- brincou Piatã.
Moema passou as mãos no rosto e sorriu para Piatã.
- Quantos dias eu dormi?
- 3 dias
Moema olhou assustada para ele e disse:
- Por que não me levantou?
- Você estava tão linda descansando, não podia te acordar.
Piatã passou a mão no rosto de Moema e a puxou para perto dele.
- Agora vamos a sua tribo, esteja preparada pra abraçar seus familiares. - Disse
Piatã e beijou em seguida a testa dela.
- Tenho medo do que vou ver.
- Não tenha medo, deixe as coisas acontecerem naturalmente.
Piatã abraçou fortemente Moema e sussurou em seu ouvido:
- Foi lindo ver você dormir, não estrague tudo falando de medos.
Moema beijou Piatã e seus lábios se entregaram um ao outro, a entrega e a
ternura entre eles a cada momento aumentava.
- Eu pertenço a você Piatã. - Disse ela
Eles se beijaram novamente e Piatã disse:
- Eu sou seu.
Seus olhos se encontraram e seus sentimentos a cada momento aumentavam a
entrega entre eles se tornava mais sincera, e a vida estava tomando rumos diferentes.
- Agora se arrume logo, vamos para a sua tribo.
Moema passou as mãos no rosto novamente e puxou Piatã para dentro da
cabana, ele caiu em cima dela e ela disse:
- Você esta melhor?
Piatã riu e disse:
- Tenho muito que melhorar, ainda me sinto perdido sem meus parentes, mas
vou honra-los na guerra e a morte deles não vai ser em vão.
Moema beijou Piatã novamente e disse:
- Vou estar sempre com você e vamos lutar juntos nessa guerra.
Piatã tocou no rosto de Moema e olhou profundamente para ela e os
pensamentos de perda retornaram a ele.
- Eu vou cuidar de você, por favor, não se afaste de mim na guerra, não vou
agüentar mais perdas.
- Calma Piatã, não vou me afastar de você
Ao dizer isso, Moema o abraçou fortemente e sussurou:
- Eu não vou me afastar de você, nunca.
Piatã a beijou novamente e disse:
- Vamos se levante, todos estão nos esperando.
Quando saíram da cabana todos estavam olhando admirados para Moema e
Piatã, a fé em Rudá ainda estava pequena para muitos, mas eles queriam estar presente
na luta, mesmo com medo, pois o casal que estava com eles se mostrava forte.
A presença de Piatã no acampamento fazia os homens ter o sentimento de
superação, e a presença de de Moema fazia os homens sentir algo meigo em um
acampamento onde só tinha homens preparados para lutar.
O comandante estava diferente, a atitude de avançar em Nhadeara foi o que
confirmou que ele tinha mudado, mas ninguém ousava dizer a ele o que estava a
acontecer.
Quando Moema e Piatã saíram da cabanam alguns homens os seguiram e Aouã
disse a todos:
- Estejam preparados para a guerra, estejam preparados para a morte, hoje vai ser
o nosso ultimo dia de paz, antes que nossas espadas cortem aqueles monstros, ao
anoitecer iremos para a tribo de Moema.
Muitos dos homens começaram a fazer preces, alguns faziam as preces em suas
mentes, outros falavam e todos sentiam a pressão de ir para uma guerra que talvez eles
não fossem o fim.
A fé de todos se fortalecendo desde que Piatã matou o demônio, mas o medo
vinha todos, não acreditavam em si mesmos, a espada que eles seguravam tinha o peso
de retornar a família e de matar todos os demônios que estavam destruindo milhares de
famílias.
Piatã estava andando com Moema e sua mente a cada momento retornava para
as palavras de seu amigo, ele tinha traído seu povo, se esqueceu dos princípios, não era
verdade, mas ele se sentia culpado, ele deixou seu povo e sua família, os corpos de seus
pais ele não encontrou, e o medo de os demônios terem feito alguma maldade o
amedontrava toda noite.
Apesar de Rudá ter tido que perdôo as falhas dele, ainda faltava algo em sua
vida, a morte do passado era impossível para ele, sua vida estava mudando tao
rapidamente que aceitar o que o Deus do amor dizia se tornava a cada momento
impossível.
Os únicos momentos que ele esquecia tudo o que tinha vivido era quando estava
sozinho com Moema, pois ele encontrava refugio em seu olhar.
Moema sentiu que Piatã estava estranho, pois seu olhar estava perdido, talvez ele
nunca supere pensou ela, mas ela sabia que se visse sua tribo no mesmo estado que
estava a dele também não agüentaria.
- Estou com você- Disse Moema e apertou fortemente a mão do guerreiro.
Os pensamentos de Piatã foram cortados ao ouvir a voz de Moema, e ele olhou
ternamente para ela e olhou para todos os guerreiros, cada um tinha uma diferença, uma
especialdiade, mas todos tinham algo em comum, o medo, esse era o sentimento de
todos.
Piatã, o escolhido de Rudá estava com medo, mas ele queria honrar sua família,
honrar o seu povo.
Nhadeara se aproximou do casal e disse:
- A noite será nosso ultimo momento de paz, estão preparados para a luta?
- Não- Respondeu Moema rapidamente.
Piatã estava olhando para cada pedaço do acampamento, o medo de perder os
guerreiros o medo de não ser capaz de proteger Moema, o medo de morrer e não poder
honrar sua tribo o atormentava.
O medo da derrota e o medo de ser um fracasso, como no passado quando quase
deitou com a mulher mais linda do rei, ele tinha errado em sua escolha, não podia falhar
novamente, a vida de muitos estava em sua espada e a espada dele colocaria o fim em
tudo.