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As guerras de

Rudá
Introdução

Os povos ficaram distantes, o ódio foi afastando


toda a alegria que os unia, Rudá se arrependeu de
criá-los, e a separação entre eles ocorreu, a união
que os mantia foram à mesma razão que os
desuniu.
Todos queriam um rei e no final, homens
arrogantes surgiram, seres que não mereciam
pertencer a este posto, a cada ser vivo, corresponde
à razão de cada função e estes não aceitaram sua
existência, e sua presença mesmo pequena em sua
sociedade, causando morte e dor para chegar a
tronos que não eram seus.
Desgraça somente esta a espera desses povos,
desunidos são fracos, inimigos da terra, inimigas da
vida, inimigos de si mesmos, negando a existência
do outro, a gloria não chega mais a eles e mesmo
quando eles pensam que são grandiosos, ao
contrario são os animais que limpam a terra, e nada
mais importa, porque são atraídos pela sua falsa
gloria.
E o sangue escurece as lagrimas que estão a
cair... E as vitorias são apenas lembranças de que
ninguém venceu nada alem do medo, alem da
desgraça, somente vidas separadas pela espada e
pela dor.
Huah, nosso mundo foi desunido e as guerras
só estão a começar.

Pagina do Livro dos Guardiões da Paz, parágrafo 3


Cap. 1. Curiosidade de um guerreiro

O sol estava a iluminar seu rosto, e assim ele levantou para a caça, a busca
de alimento para sua tribo, Piatã, o grande caçador, estava à procura da caça perfeita
para os seus, ao olhar em volta foi até seu cavalo e subiu nele, para ter uma visão
mais nítida da caça, ao olhar a volta, viu sua tribo, as mulheres e as crianças
brincando, sua mãe sentada ao lado de seu pai. Seu pai é um grande lider na tribo, e
a sua idade o fazem ser mais sábio diante de todos e sua mãe grande sacerdotisa,
alguns do povo até acreditam que ela seja filha de Rudá por sua energia espiritual.
- Eu te abençôo meu filho, boa caça!- Disse seu pai Zot, com um olhar de
sabedoria, acenou para seu filho.
Piatã na infância sempre foi o melhor tanto na guerra como na caça, as lendas de
seu povo eram a fonte de energia para as lutas e o aprendizado, ao poucos tomou o lugar
de caçador, na sua décima sétima lua, já era admirado por todos, porem em sua cultura,
o homem para ser reconhecido na sociedade, precisa encontrar uma mulher a quem
pertencer, porem ele jamais se interessou pelas mulheres de sua tribo, não por não
possuírem uma linda estética, ao contrario, Piatã que não queria pertencer a alguma por
não sentir necessidade de pertencer a alguém.
Todos os seus irmãos já pertenciam a seus companheiros, até mesmo sua irmã
mais nova que ele, pertencia a um homem, porem ele não queria pertencer a nenhuma
mulher, o incomodava pensar que ele teria que amar e pertencer a alguma mulher de sua
tribo, nunca possuiu sentimento por nenhuma delas e não podia negar seus sentimentos.
Sua mãe, sacerdotisa Yum, sempre lhe aconselhava, que para os homens da tribo
da guerra, a única forma de mostrar seu valor, era pertencendo a uma mulher, pois
naquele momento ele provou que merecia viver na tribo, pois alguém possuía sua vida,
como o mesmo também a possuía, pois a única forma de um homem lutar e tendo o
equilíbrio do sentimento e de sua ração, mesmo falhas e com acertos, são dominados
pelos sentimentos que os rodeia e pela razão que o domina.
Mas ele somente queria aventuras e hoje mais uma caçada ele estava a praticar,
ao sair da tribo, olhou a sua volta, a riqueza que ele via, estava em cada animal, em cada
pessoa da tribo, a pureza de uma flor se abrir, ou o fato de sua existência em estar
naquele lugar, tudo possuía uma gloria , que os tiranos e que os reis não sentem, pensou
Piatã, pois os reis das outras tribos, como na sua, planejando formas de atacar um ao
outro, conquistar e possuir outros povos.
Sempre existiam rumores que os demônios do povo da sombra encontraram um
meio de dominar seus monstros para atacá-los, mas sempre foram rumores e aos
poucos, o sei povo começou a estudar formas de atacar as outras tribos, e desde entao,
seu rei Ek sempre convocava os guerreiros para o ataque, porem com o imenso mar e
seus animais não eram capazes de ultrapassar o mar que os rodeava.
Porem seus sacerdotes estava a procurar meios de atacar, convocando seus
espíritos, e em todas as caças que ocorriam, os sacerdotes os abençoavam e mostravam
as visões de gloria ou perda, usando a magia e a ciência que esta tribo estava a
desvendar.
Anciões e sacerdotes toda noite criavam seres, unindo os espíritos e a genética
dos animais, todas as experiências foram falhas, assim causando ao povo pavor, por não
ser capaz de atacar outras tribos, enquanto os rumores de que as outras tribos já estavam
a rondar os corações dos seus.
Ele foi correndo a caça, em busca de aventuras, sua mente estava dominado pelo
êxtase da adrenalina, mas ele não percebeu o quão grande o animal era o animal com
seus chifres o encarou e a primeira gota de suor desceu pelo sangue do guerreiro, a
espada que ele empunha trazia o peso das antigas glorias do povo e agora era somente
ele e o animal, Piatã desceu do cavalo e na maneira que desceu, foi correndo ao
encontro do animal, segurou em nos chifres, dois dos quatro chifres, e sua mão ao
poucos foi ficando machucado pelo impacto com o animal, e a força que ele teria que
ter para dominar o animal, o olhar do animal estava enfurecido, tanta perseverança na
sua existência era surreal e Piatã aos poucos foi honrando aquela caça e a vontade de
dominá-la atravessou seu coração.
A espada que ele possuía uma ponta alta e ao tirar uma das mãos do animal,
pegou a espada com uma rapidez que o animal não foi capaz de se proteger, e assim ele
disse:
- Amigo, hoje foi meu dia, que Rudá tome conta de sua alma.
E assim o animal caiu no chão, e aos poucos o olhar vermelho que ele possuía
foi tornando-se vazio como a fim do seu ciclo se fechando, e toda ultima nota de seu
espírito se despedindo do Mundo que ele pertenceu.
Piatã foi á um lago próximo ali, lavar suas mãos que estavam a sangrar, sua pele
possuía cicatrizes de outras caças, porem nenhuma de uma guerra, e ele nunca sentiu
orgulho de possuir tais cicatrizes, pois só mostravam que não era capaz de lutar por seu
povo, assim causando vergonha própria de sua fraqueza em ser dominado e machucado
por animais.
Ao chegar ao lago lavou suas mãos e seu cabelo longo, olhou-se no reflexo da
água e refletiu sobre si mesmo e sobre sua existência.
Qual a razão de eu existir? As guerras não chegam a minha tribo e a mim só me
restam cicatrizes de caças, papai logo não estará entre os meus, pois o ciclo de sua
jornada esta a se fechar, como honrá-lo? , não encontro uma companheira que me
agrade e por essa razão, mamãe esta triste comigo, quero mudar meu destino, mais ele
não me permite dominá-lo.
Pensamentos o rodeavam, tanta coisa havia em sua mente, o peso do sonho, o
peso de ser um guerreiro o dominava, mais não sabia como cuidar de seu próprio
destino, pois as marcas da suas escolhas já o estavam a rodear.
Ao levantar encarou o animal e fez uma prece a Rudá:
Rudá, seu nome é amor, porem como posso amar aquilo que não pertenço, quero
ser um homem, mais as imposições que me cercam estão a dominar meu coração, tome
conta do meu destino querido Rudá, e torne-se o líder da minha existência.
Ele levantou e foi ao animal, chamou seu cavalo Bui, e assim ao levar sua caça a
sua tribo, os pensamentos foram se acalmando e a paz da fé o acalmou.
Pequenos de sua tribo o rodearam, seus olhos sempre o seguiram e hoje é o dia
da sua vigésima primeira lua, era o momento de se tornar um guerreiro, mais as
complicações de sua escolha, já começavam a pesar.
- Piatã meu filho... Hoje seu ciclo de gloria começa- o sacerdote disse com calma
ao ver Piatã chegando à entrada da tribo.
Ele sempre fora um grande amigo para Piatã, mais naquele momento o peso
estava a assediá-lo e a dor de ser um guerreiro incompleto o dominava, e assim deixou o
animal próximo a ala das cozinheiras e disse a seu amigo:
- Zolk meu amigo, o peso esta difícil de caminhar, só me viram agora na hora do
meu ciclo se concretiza.
- Que Rudá o proteja- abençôo o sacerdote.

Piatã estava com o conflito de seu sentimento, ao escurecer seria à hora de


escolher sua parceira, mais nenhuma lhe agradava, sua vida estava presa por uma única
linha, que ele não estava disposto a andar.
Toda a sua existência estava sendo decidida por esta situação, mais como aceitar
sentimentos e uma situação que corroia sua paz interior e sua fé até mesmo nos
conceitos de seu povo.
Ele se deitou, as últimas imagens de seu dia vieram a sua mente, antes de
descansar suas ultimas inseguranças, para os dramas que estavam a cercá-lo, ser
guerreiro é a meta mais impossível para o grande caçador, e as lagrimas de saber de
uma derrota nítida para sua idade o estavam a massacrá-lo.
Seus olhos se fecharam e o mundo do imaginário assim ele começou a entrar, as
imagens da imaginação surgiram e um grito ecoa ao longe e uma voz sussurrou:
- Pouco tempo te resta, e o sangue que você tanto pede para honrar as suas
cicatrizes vira o mais rápido do que espera.
E o um grito ecôo, imagens distorcidas e o sangue de seus familiares caindo, o
fizeram sair do inconsciente, porque sonhei isso? Pensou Piatã e saiu rapidamente de
seu aposento, indo para o ultimo momento de paz, indo para a o seu acerto de contas
com a sua cultura.
E a determinação o atacou com tal vitalidade que mesmo a dor mais imensa não
o derrotaria por sua escolha, um grande caçador nunca volta atras, e agora era hora de
encontrar com os lideres que dominariam o rumo de sua historia.
Ao sentar ao lado de sua mae, o olhar da responsabilidade o cercou, o fogo e as
danças estavam a acontecerem, as pessoas estava em alegria pelo grande dia, porem
quem era o motivo da festa, estava a ser entregue a um destino que os outros
desconheciam.
O grande sacerdote Chacymun levantou e olhou para cada pessoa, seu olhar
estava a admirar cada um dos seus e uma lagrima caiu a olhar Piatã, e assim ele
começou seu discurso:
- Homens e mulheres, mais uma noite se inicia para um dos nossos e a glória de
ser um guerreiro o este a cercar, palavras sabias poderia dizer, mais não é o necessário,
pois a emoção que nos rodeia é maior que as palavras ditam de velho.
Algumas risadas ecoaram e uma paz entre todos ocorreu, o sacerdote pegou a
taça que estava diante do rei, e colocou um liquido grosso, a cor era um roxo escuro, e
apontou para Piatã e disse:
- Venha, beba o inicio de sua gloria.
Piatã ficou um pouco apreensivo, a ansiedade o rodeava como era possível
terminar o ciclo? Sem uma parceira, confusão e medo, estavam em sua mente, porem
mesmo assim bebeu o liquido e assim o povo começou a gritar de felicidade, pois para
todo povo, um novo guerreiro estava a surgir.
Após beber, o grande sacerdote apontou para as mulheres e disse:
- Escolha a que for do seu coração.
Piatã olhou para todas, nada sentiu, todas possuíam uma beleza, cada uma tinha
suas qualidades, ele mesmo tinha que admitir, mais mesmo assim, nenhuma pertencia a
seu coração.
- Então qual é do seu agrado?
- Nenhuma
O povo não acreditou, muitas mulheres começaram a rasgar suas roupas e os
homens a tirar suas espadas da bainha.
- Como ousa dizer tal ofensa? Você esta possuído por alguma cegueira?
Trouxemos as mulheres mais lindas do reino. Por que não as quer?
- Meu coração me diz que nenhuma o corresponde, não posso aceitar estar com
nenhuma.
Gritos do povo começaram a ecoar e uma revolta de todos ocorreu, o grande
caçador cuspiu em suas crenças e assim a revolta de todos surgiu, Piatã não terá mais
chances de ser um guerreiro. A tribo Gahiji agora possuía um traidor de suas leis, um
rapaz que para todos tinha potencial para ser um grande líder, agora era um homem sem
regras no coração e sem amor por seu povo.
As gotas de chuva começaram a cair e cada um do povo foi se afastando de
Piatã, sua mãe estava frustrada com sua atitude, seu pai estava com um olhar vazio e o
seu amigo sacerdote estava com um olhar confuso para ele, as conseqüências de sua
escolha só estavam começando e as cartas do destino estavam virando novamente e
todos no povo estavam a massacrá-lo com seus olhares negativos e ninguém ousava
falar com ele.
Seu pai o chamou e suas únicas palavras foram:
- Não apareça mais em minha casa, sua chance de participar da tribo se foi e
junto com ela, sua parte nessa família...
Nitidamente Piatã viu uma lagrima cair de um olho de seu pai, e sua mãe
somente lhe deu um beijo em seu rosto e disse:
- Que Rudá proteja suas decisões!
E se afastou dele com um olhar furioso e melancólico, o inicio da
responsabilidade só estava a começar e Piatã esta disposto a levar todas elas com uma
coragem que poucos viram.
Sua mãe ao entrar na cabana, e disse:
- Espere, irei pegar algumas roupas para você, vá para as montanhas, La estará
seguro.
Piatã estava tão preocupado com o que aconteceria com a sua mãe na sua
ausência, que algumas lágrimas caíam de seus olhos, a responsabilidade de seus atos,
estava trazendo conseqüências para a quem ele ama, ao ele virar um pouco o olhar viu a
luz em seu quarto, lembrando dos momentos que sua mãe lhe colocava para deitar, ou
as lendas que seu pai contava do povo, sua vida estava naquele lugar e mesmo assim a
sua escolha trouxe a separação do que ele mais ama.
A cada lembrança de seu passado, a dor somente vinha, sua infância, suas
pequenas lutas para ser reconhecido na tribo, sua vida e seu coração estavam em cada
pessoa e em sua cultura cada pessoa pertencia à outra, todas as vidas eram unidas por
um único laço, não de sangue, mais de companheirismo, onde mesmo que a morte
buscasse a vida de alguem, o amor do outro seria a força para lutar e continuar a viver.
A mãe de Piatã ao entrar em seu quarto, somente chorou um choro contido com
as lagrimas da derrota, sua criação traiu sua tribo e agora a sua conseqüência era se
afastar do povo. O sistema do povo era muito claro, a pessoa que se afasta da pureza e
das leis de Rudá não pode mais viver entre os seus e mesmo que a própria família o
queira perto, terá que se afastar, pois como os sacerdotes dizem, é uma doença
contagiosa para o povo e seus conceitos.
Yum com seus cabelos grisalho e seu coração puro, jamais imaginou ver seu
filho se afastar de sua visão, longe dela, sua dor seria muito maior, nada ela poderia
fazer e a consciência e o peso de saber que não educou seu filho de maneira sábia esta a
machucar seu coração que a cada momento que pega algumas roupas para seu menino, e
as lagrimas se perdem ao cair no chão, puser não em seu sentimento, pois a essência da
dor e o sentimento de perda talvez nunca saiam de seu pequeno coração.
O pai de Piatã e a raiva de ter educado um filho como esse chegou a seu coração,
o desprezo de si mesmo, por possuir alguém de sua linhagem indigno de viver entre sua
tribo o massacrava, pois seu sangue traiu a ele, uma mistura de sentimentos o rodeava e
ao ele bater na mesa ouviu um choro forte de sua pequena Yum e então neste momento
sua raiva acalmou-se e a certeza de que não estava só nessa dor o acalmou.
- Meu sol, como você esta?
As lagrimas de Yum caiam descontroladamente ao Zot entrar no quarto de seu
filho, sua dor agora ela podia perceber no olhar de seu marido, eram compartilhadas,
pois a falha de educar um filho sem respeito ao povo era a dor, a verdadeira dor da
perda, e mais do que tudo, a consciência da derrota.
- As lagrimas caem, e meu coração já não toca mais os ritmos de alegria, nosso
filho terá que ir embora e não há nada que possamos fazer.
- Minha querida, acalme-se, foi o caminho que ele escolheu e não há mais nada
que se possa fazer toda a tribo esta enfurecida e somos velhos, nossos conselhos podem
ter efeito, mais não pode mover os corações do que já estão enfurecidos.
O sentimento da dor, como é difícil suportar, mesmo quando os que amamos nos
protegem, mesmo assim nunca é capaz de suportar, o vazio que esta a sentir, Yum
tentava controlar seus sentimentos, porem não conseguia e não queria seu pequeno
Piatã, sangue do seu sangue, o menino caçador se afastaria de seu coração, se afastaria
de sua vida e a sua perda era maior que todas as derrotas que um dia a vida lhe trouxe.
- Ele terá que virar sozinho, agora ele não tem mais ligação com esse povo, não
é mais um caçador, é um homem perdido em seu mundo e ele escolheu que o povo e
nós não fizéssemos parte do povo.
Zot e suas palavras duras, de alguma forma trouxeram novamente a consciência
de sua amada, e assim ela deu um beijo em seu marido e disse:
- A tristeza me corrói, mais sinto que Rudá tem outros planos para Piatã e não
podemos fazer sofrer mais...
- Acalme-se minha rainha, meu coração está partido mais sabe que Rudá sempre
planos, teremos que esperar quais viram.
E assim o casal saiu de sua cabana, ao olhar ao seu redor, vira o povo, cada um
com medo de aproximar de seu filho, e todos
Piatã estava sentado no chão, olhando para seu povo, tanta historia havia ali e
agora era hora de partir:
- Suas roupas meu querido, fuja, antes que o povo queira bater em você
- Papai, mamae, eu... Eu sinto muito, meu coração não pertence a nenhuma delas
e não entendo o porquê... Perdoem-me, sou um erro como filho... - a voz de Piatã era
como um sussurro, como se somente ele quisesse ouvir o fracasso de não pertencer a
alguém.
- O seu coração ira pertencer a alguém meu pequeno, vá e não olhe para trás!
Yum estava a limpar as ultimas lagrimas que caia de seu filho e Zot abraçou
rapidamente seu filho e disse em seu ouvido:
- É a vida que você escolheu... Mais saiba sempre te amarei...
E assim Piatã foi para seu destino, aceitando assim a perda de seus amados e a
ausência que teria na sua vida desde então, só estavam a começar...
Os guerreiros chegaram a Piatã, os homens que cuidavam da entrada e saída do
povo começaram a disser:
- O rei lhe convoca sua presença nessa tribo, depende dele.
- Estou de saída, não tenho nada a falar com ele. Não importa a visão ou as
palavras de Ek...
O guerreiro chefe ao ouvir essas palavras, deu uma tapa no rosto de Piatã, e
olhou para ele com olhar de reprovação:
- Não piore a situação, todo o povo esta assutadado com sua atitude, vá e fale
com o rei.
Assim, o guerreiro amarrou os braços de Piatã, seus pertences estavam com um
dos guerreiros inferiores, todo o povo olhava para aquela cena apavorada, o grande
caçador a quem todos admiravam desonrou sua linhagem e sua tribo, e o pavor de
pessoas como ele existirem amedrontava o povo.
A chuva estava a cada momento mais forte, e o povo foi entrando em suas
cabanas, os olhares das crianças e a confusão de ver uma desonra dessas machucavam a
cada pessoa, pois a fé em seus princípios era o que mantinha o povo unido a Rudá.
Ao entrar na cabana do rei, a primeira visão de Piatã foi o rei Ek, sentado e
rodeado por mulheres, cada uma a beijar as partes de seu corpo, Piatã nada entendeu,
pois na cultura de seu povo, o homem deveria pertencer a somente uma mulher, e o rei
estava rodeado de seis mulheres que ele conseguiu ver, e ainda tinham outras, que
estavam tentando seduzi-lo com seus olhares sedutores e toques umas nas outras.
- Vê o que recusastes?
- Sim, eu vejo porem mais do que isso, vejo um rei desonrando seu povo.
- Haha, a nossa cultura não impõe limites, e sim o povo e suas crendices...
- Como você consegue possuir tantas? Seu coração pertence a todas?
O rei ao ouvir aquelas palavras, riu e suas companheiras começaram a rir de
Piatã, o grande caçador era um emotivo, pensou Ek, ele é guiado pelo coração, como
consegue? O rei ao ouvir olhou para Piatã como um menino que estava aprendendo a
sonhar, tanto tinha que aprender...
- Piatã, meu coração pertence somente a mim mesmo e ao povo, essas mulheres
são meus objetos e não há sentimentos por elas, somente meu desejo carnal de dominá-
las
- Como? Por que faz isso? Um rei é o exemplo do povo...
- Se ninguém ver, ninguém pode saber.
- Mais e quanto a mim... Terei que sair da tribo não é?
- Tenho duas opções para você, a primeira escolha uma das mulheres daqui, a
que mais te agradar e entre em meus aposentos e se entregue a ela, e eu a darei a você,
porem a segunda opção é você sair agora e nunca mais voltar a seu povo. E então qual
vai ser?
- Mais meu coração não pertence a elas, como posso decidir isso?
- Então a segunda opção é a sua escolha?
Pensamentos e pensamentos vieram à mente de Piatã, como poderia escolher tão
rapidamente uma mulher que estava ali, era impossivel, nunca haveria sentimentos
verdadeiros por nenhuma delas.
- Vou dar a você 5 segundos, escolha ou saia!
- Espere, não posso escolher isso...
O rei olhou para um dos guerreiros e trouxe o amigo sacerdote, Zolk, seu olhar
estava amendrontrado e um dos guerreiros apontou a espada no pescoço dele.
- E então iras decidir agora?
A decisão de ter que escolher alguma mulher o massacrava, todas eram tão
belas, cada uma com uma beleza especial, mais nenhuma chamava seu coração...
E a cada momento seu amigo estava com os minutos contados da vida, se ele
não decidisse alguém para estar.
As lembranças de seu amigo sempre o ajudando nas lutas e sempre o ensinando
sobre Rudá vieram ao caçador, seu amigo e companheiro, estava ali por não ser capaz
de escolher uma parceira, e era tudo culpa de seu coração que não pulsava ao olhar para
nenhuma delas.
A decisão era somente para ter alguém que ele pertencesse, não havia sentido
aquela escolha, ele era um caçador e não havia mulher alguma que pudesse encantar seu
coração a ponto de ficar para sempre em seus braços.
Mulheres engatadoras havia ali, ele bem sabia disso, mas a beleza para ele
sempre foi encarado como algo passageiro, que o destino sempre iria retirar, sua mente
estava em conflito.
Devia salvar seu amigo, era algo que era necessário, porem dormir com uma
mulher sem sentimentos era a morte dele e de seus conceitos, ele trairia tudo que
acreditava e todas as lendas que sua tribo contava seria apenas ilusões para encantar
quando se é criança.
Sua fé em Rudá estava ficando abalada, como um Deus de amor, poderia colocá-
lo em tal situação, seu amigo era seu servo, e ele estava com a vida sendo decidida por
um caçador, era injusta e impura.
U m homem que matava animais ter que salvar um homem que andava nos
conceitos da fé e mais do que isso, seu verdadeiro amigo na tribo, que sempre andou
com ele, por ele ser simplesmente quem ele era.
- Você tem 3 segundos, faça logo sua decisão
Os conflitos estavam ficando mais intensos, teria que escolher uma mulher, pela
vida de seu amigo, não haveria sentimentos por ela, mas teria que fazer, se o destino
estava impondo, para salvar a vida do seu amigo, ele teria que ceder.
Pouco tempo restava e ao olhar rapidamente a sua volta, viu uma índia, com um
olhar penetrante e uma presença de espírito que poucas mulheres tinham, mas mesmo
assim ela não possuía seu coração e aceitando que somente assim poderia salvar seu
amigo aproximou-se dela, ofereceu sua mão para levantá-la do chão e disse:
- Escolho esta!
Sua escolha machucava seu coração, mais já havia escolhido e agora seu amigo
poderia viver e ele teria que pertencer àquela mulher sem possuir nenhum sentimento.
- Então entre em meus aposentos e só volte quando a união estiver selada.
Os guerreiros indicaram a Piatã onde era o quarto do rei, e alguns começaram a
caçoar dele, por ter escolhido a mulher mais selvagem do rei, todos estavam si
divertindo com aquela situação menos o grande caçador e seu amigo Zolk foi libertado,
porem o rei disse a ele antes de sair:
- Se disser algo do que viu aqui, seu sangue escorrera pelo chão da nossa terra.
Piatã ao entrar no quarto do rei, viu tanto ouro que nunca foi capaz de imaginar,
ouro em cada parte, e a mulher que ele escolheu não esperou sua admiração pela riqueza
e começou a beijá-lo, iniciou pela sua nuca, e foi tocando seu peito, cada músculo ela
passava a mão e o olhava com um olhar possuidor.
Piatã ao sentir pela primeira vez aquelas sensações começou a ser dominado pela
luxuria, não havia sentimentos em seu coração, porem todo seu corpo reagia a toque
daquela mulher.
Ela então ao perceber as reações de Piatã começou a dizer palavras sedutoras em
seu ouvido e assim novas sensações o caçador sentiu, a ela chegar a seus lábios
começou a sussurrar coisas que seu ouvido um dia desejou ouvir de alguma mulher.
E um sorriso sedutor ela começou a soar, incitava ele a cada momento para
sentir prazer e começou a levá-lo a cama, com o toque leve de sua mão, ele ao sentir o
que estava a acontecer começou a ficar inseguro e procurar sentimentos para se
entregar...
Piatã a olhou e sua luxuria o dizia para se entregar, cada parte do seu corpo
queria se entregar, mais a consciência de saber que não a amava tocavam seu coração,
uma mistura de luxuria e consciência se misturava em suas decisões e a mulher
continuou a beijar cada parte de seu corpo e dar leves mordidas, e assim a luxuria, foi
tomando conta dele.
Ao se aproximar dela, ele começou a beijar em seu pescoço, sentimento de
possessão o estava a rodear, mais havia algo errado, tudo estava errado, mais estava sem
forças para lutar, entregar seu corpo talvez fosse o amor que as pessoas tanto falavam.
Ele chegou a seus lábios e disse:
- Estará comigo pela eternidade?
- Depende de quanto esta noite você me tratar... - e assim ela sorriu
maliciosamente.
Quando ouviu aquelas palavras, o caçador sentiu estar sendo a própria caça, e
olhou nos olhos da mulher, tanto desejo que a cada momento ele queria se entregar,
mais também sabia que era um caminho sem volta, sabia que não teria outra mulher a
não ser aquela.
E então ele gritou:
- Pare tudo, não quero estar contigo, afaste-se!
- Disse algo que não te agradou?
O olhar confuso da mulher e o sentimento de saber não pertencer a ela o
dominava, ele sabia, não era ela a quem queria estar...
E assim os guerreiros entraram no aposento, ao verem Piatã com um olhar
confuso e a mulher mostrando-se rejeitada o levarão ao rei.
- É essa sua escolha? Sabe que seu caminho será só.
- É meu destino, então irei aceita-lo
O rei ao ver a determinação daquele homem sentiu um pouco de inveja e ao
mesmo tempo raiva por existir alguém que conseguisse resistir aos conflitos da luxuria e
do prazer.
Cada momento o rei sentia uma energia diferente de Piatã, algo mais forte, uma
força mística, alguns acreditavam que o rei era grande em espiritualidade e por essa
razão Rudá o escolheu como rei, porem ao ver o homem a sua frente e sua
determinação, lhe fez tremer pela hipótese de perder seu trono e sua gloria.
Piatã estava a cada momento triste por sua decisão, mais era o que o futuro lhe
reservava que mais o assustava, pois sabia que no momento que saísse da presença do
rei, não saberia mais o que ocorreria.
Mas a determinação de saber que não havia mulher que se acalma seu coração
sempre lhe trouxe a certeza de que mesmo sem amar, Rudá não o deixaria.
Ao rei imaginar o homem majestoso que Piatã poderia ser no futuro, o
sentimento de inveja tomou conta de si e assim para afastar qualquer possibilidade de
perder seu trono, disse:
- Terás de sair de nossas terras, vá para o deserto ou para as montanhas, mas se
você retornar, a minha espada ira te cortar.
Os guerreiros ao ouvir aquela mensagem ficaram assustados, pois nunca viram
seu rei dizer tais palavras a ninguém e o pavor de todos veio.
A tribo Hamza, perdeu um guerreiro, um guerreiro que todos admiravam e
idolatravam, Piatã o grande caçador não pertencia mais a eles, e as disgraças a tribo
começariam a cair sobre eles se Piatã continuasse em suas terras.
- E digam a todos os homens da tribo, se algum ousar recusar alguma mulher
será executado, Piatã será o único homem que andara sozinho e quanto aos outros a
morte vira.
- Sim meu lorde- todos os guerreiros concordaram, apesar de não entenderem a
atitude de seu rei.
- Retirem Piatã daqui e quando as pessoas perguntarem onde ele esta, responda
ele morreu. Espero Piatã que entenda a bondade que estou tendo contigo.
- Obrigado Ek
Os homens do rei ficaram enfurecidos ao ouvir Piatã dizer o nome do rei, pois
nenhum homem é digno de pronunciar este nome, para eles o rei era filho de Rudá e
acreditavam que ele era o escolhido para eles conseguirem matar os outros povos.
- Ande logo, você não tem mais serventia aqui
Piatã estava a olhar seu povo, e na chuva algumas lagrimas da rejeição caíram, e
a mistura de chuva e lagrimas foram trazendo uma depressão profunda ao caçador.
- Saia e viva o destino que escolheu!
Um guerreiro cuspiu no rosto de Piatã e jogaram seus pertences, e assim
fecharão a muralha que envolvia a tribo, e restou a Piatã o vazio de um mundo que
agora ele teria que desvendar.
Ao levantar do chao, procurou algum lugar seguro, porem havia duas opções
para ele, ir para o deserto ou para as montanhas e nesses dois lugares havia bestas e
seres demoníacos e naquele momento Piatã fez uma prece:
- Rudá, a minha escolha foi essa, agora as conseqüências estão vindas, não estou
reclamando, somente peço, cuide dessa jornada e escolha qual caminho devo ir.
Quando ele abril os olhos, viu uma pequena borboleta vermelha passar diante
dele e voar para as montanhas, e assim ele entendeu a mensagem de Rudá.
Em seu povo existia uma lenda, onde contava de uma borboleta vermelha que
Rudá há havia abençoado com sua paz, todo homem que a visse teria uma jornada a
trilhar, porem haveria felicidade no final, Piatã apoiou sua fé nisso e seguiu em frente.
A cada passo, via a diferença da mata com a sua tribo, sons estranhos e olhos
grandes na floresta e estava a anoitecer e o caçador assustado começava a ficar pelos
mistérios e problemas que sua decisão havia trazido.
Seus passos tinham um peso, o peso de ser um homem sem os conceitos da tribo,
o peso de não pertencer a ninguém e o peso maior, pensar que talvez seu coração tenha
ficado duro e que não há ninguém que ele queira pertencer.
No pôr-do-sol algumas aves começaram a voar, e na visão do desconhecido, o
caçador encontrou alguma paz para sobreviver, sua vida dependia somente dele, e não
havia mais ninguém para apoiá-lo, mais do que nunca ele seria o guerreiro de sua
própria existência, sem as leis da tribo, um homem livre como o vento, foi o que ele
pensou e assim encontrou algo para sorrir.
Andando pela floresta, arvorem gigantescas e inseto diferente diante de sua
visão, uma magia ali contida, Rudá estava em todo lugar, e a borboleta que estava a sua
frente tocou a sua espada, algo diferente veio ao espírito de Piatã, uma energia
desconhecida que o impulsionava a querer ver o resultado das suas conseqüências.
A sua fé agora ele sabia seria testada, um novo ser teria que nascer pelas
escolhas que decidiu um homem maligno ou um ser digno de viver nasceria pelos
conflitos que se seguiriam a partir dali, e assim ele começou a aprender a ser alguém
com a presença de Rudá. E iniciou uma prece:
- Rudá, aqui estou mais uma vez, um ser sem lei, não tenho mais fé nas leis da
tribo e estou só agora, se de alguma forma, a minha fé trazer alguma alegria a Ti, me
traga sua luz e me mostre por quais caminhos seguir a partir da decisão que teve que
tomar.
Um rugido surgiu quando ele abril os olhos, um ser grotesco estava na sua
frente, com dentes afiados e um pelo escuro, para o povo esse animal era uma das
maldiçoes de Rudá, mais o caçador não ligou para tal lembrança e assim buscou um
meio de se salvar.
Não adiantava mais Piatã ficar preso aos conceitos do povo, um ser o estava
atacando, e a sua existência era a única coisa que importava, um monstro da terra o
cercava e não havia razoes para ficar preso em suas lembranças, agora era ele e o
animal, uma luta que somente um sairia vivo.
O animal rugiu novamente, mostrando seus dentes, e afiando suas garras na
terra, o olhar furioso da besta fera, impactava o coração do guerreiro, mas era à hora de
lutar, somente sua vida importava e nada mais.
E então o animal avançou, pulou nele, e Piatã tentou tirar a espada de sua
bainha, mais o impacto no chão e o animal em cima dele, estava atrapalhando os
movimentos de sua mão, a espada estava ficando difícil de pegar e o animal começava a
cortá-lo.
Suor escorria em seu rosto, sua vida dependia de conseguir pegar a espada,
porem ele não conseguia e o animal começava a cortá-lo, rasgou seu braço e tentava
avançar em seu pescoço, porem o caçador sempre se defendia.
Ao olhar para o lado encontrou uma caverna, e não teve outro jeito a não ser tirar
o animal de cima dele para poder salvar-se, e então foi tudo tão rápido, ele empurrou o
animal com toda a força que restava , correu. Não olhando para trás, o rugido do animal
ecoava em toda a floresta e Piatã somente conseguiu pegar sua espada quando parou de
correr, assim cortando a garganta do animal.
Naquele dia, suas lagrimas caíram descontroladamente, estava cansado de matar
os seres, tudo estava contra ele e ainda tinha que lutar com os animais. Nada mais fazia
sentido para o caçador, até mesmo a vitoria numa caça não tinha mais a mesma emoção,
já estava cansado de sujar suas mãos com sangue de seres irracionais.
Estava com sede de luta, sempre quis batalhas, em sua infância imaginava em
guerras e o companheirismo e o sangue dos inimigos espalhados pela terra que sempre
retornam esse sempre foi seu maior sonho, porem tudo estava contra Piatã e seu sonho
não teria mais efeito, pois nunca poderia acontecer.
Ao lembrar-se de seu passado, viu suas aventuras de menino, tanta coisa
aconteceu, seus treinamentos com o grande guerreiro, a arte de usar a espada, o pequeno
caçador todos o chamavam e sempre o seu orgulho subia a sua cabeça, era criança mal
sabia controlar seus sentimentos e hoje mesmo adulto, não era capaz de ter sentimentos,
grande caçador me tornei, e sorriu melancolicamente com a sua lembrança.
Ele sentou no chão e fez fogo, unindo o galho de uma arvore outro galho torto e
um pouco de mato seco, em menos de 5 minutos estava preparada a fogueira e o animal
que ele tinha matado começou a esquentar para se alimentar.
Olhou ao redor, somente a escuridão o rodeava e somente a fogueira era a luz
daquele lugar, então percebeu que ele era aquela luz no mundo dele, a sua diferença
traria algo a seu povo, o que ele não poderia dizer, porem ele sabia, estava vivo, e Rudá
o permitiu viver, pois foi o único homem a não obedecer aos conceitos da tribo e
mesmo assim estava vivo. Alguma razão teria que ter, pois se não a sua vida não
passaria de um simples abrir e fechar de olhos, uma sobrevivência sem lutas.
Piatã foi se alimentar e ao comer aquele animal, em seu coração havia tristeza da
morte sem razão de um ser, era sua culpa, ele bem sabia e a cada momento que comia o
animal, lagrimas dele caiam, quantos animais teria que matar? E quantas lutas não iriam
enfrentar? Raiva de si mesmo foi o sentimento que veio no caçador, nada mais
importava e se possuísse valor, então era hora de depositar sua fé em Rudá.
Quando ele foi deitar, encostou a cabeça na pedra e fez uma ultima prece:
- Rudá esteja comigo, não me abandone, não sei qual caminho seguir, estou
inseguro, cuide de mim.
E foi para o mundo dos sonhos, onde ali os seres não morreriam e onde ele
poderia viver em paz.
Piatã teve um sonho, o sonho de ter encontrado uma bela mulher, seus cabelos
eram lisos e possuía um olhar meigo, que poucas mulheres tinham, ela tinha olhos
verdes escuro, era tão lindo, um rosto de um ser puro, intocado pela maldade dos
homens.
Ele então foi até ela, porem quando aproximou viu que povos estavam a lutar,
atrás dela, e a carnificina estava ocorrendo e então ela disse:
- Era sangue que você queria, queria honrar essas cicatrizes, então honre a si
mesmo agora, o pedido você fazia a Rudá esta acontecendo e sangue de inocentes
começa a descer por terra.
Seu coração começou a ficar cheio de magoa, ele era culpado de tudo, nenhum
sonho era realmente feliz, sua felicidade se baseava somente em sangue, nada mais
tinha valor.
E então acordou e ainda estava escuro, mas ele não conseguia mais fechar os
olhos, a imagem da mulher e a mensagem foram impactantes a ele, então olhou ao
redor, somente o escuro e sua pequena fogueira estavam ali, algo em sua mente lhe
dizia, entre nessa caverna, e então ele foi entrando, imaginando por que seus pés
estavam queriam levá-lo ali.

2. Caverna dos espíritos

Quando estava entrando mais fundo na caverna, ouviu barulhos estranhos, soros
de pessoas e rugidos de animais, e um vento frio passava por Piatã. Sua calça de couro
encostava-se a pedras duras e o fogo iluminava sua cintura e seu peitoral, e a cada passo
os sussurros aumentavam, entrando mais o fundo da caverna, o fogo caiu de suas mãos.
Não acreditava no que via imagens na parede da caverna, imagens de todas as
outras tribos, todas elas em união e um ser puro no meio deles com uma aura, era Rudá,
o deus do amor já uniu os povos antes...
Ao olhar as imagens de alegria entre os povos, lembrou das suas lendas, que seu
povo era o mais puro, mais ao olhar aquela imagem, não encontrava nada de errado
entre os povos, todos estavam unidos e era tão impactante para ele, que começou a ouvir
um barulho.
Era seu coração, então ele possuía sentimentos, colocou a mão em seu peito
direito, ouvindo cada batida, lentamente e rapidamente seu coração começava a soar
uma musica para seus ouvidos.
Então o caçador começou a ouvir as notas, e os sussurros se uniram a seu
coração, uma musica se iniciava, e um ser sentou no chão na frente de Piatã.
- Vê seu povo não é o único! E não é o mais puro...
- Quem é você?
Ao olhar o homem a sua frente sentiu medo, seus cabelos eram compridos até a
cintura, e ele possuía um olhar altivo, nunca viu alguém nesse estilo, e o medo do novo
o assustou.
- Sei que você esta pensando, quem é esse que quer conversar comigo? Mas
espere somente irei te explicar... Existem outras tribos e Rudá não agüenta mais a
separação dos povos... Siga em frente, os seus verdadeiros sonhos podem se realizar.
E assim ele sumiu, Piatã ficou com medo, um homem diz às palavras que ele
quer ouvir e no fim ainda some, que magia aquele lugar possuía?
Medo de desconhecido e coragem para descobrir o que aquele lugar possuía,
entrou em conflito em seu coração, porem ao olhar novamente a pintura na parede,
ouviu um sussurro maior que os outros dizendo:
- Estarei contigo Piatã.
E então entrou mais no coração da caverna, as pedras atrapalhavam seu andar e
os sussurros aumentavam e diminuam de volume, quanto mais ele entrava na caverna,
mais imagens viam cada povo, cada símbolo e sempre Rudá entre eles.
Vontade de ter nascido naqueles dias Piatã sentiu, havia paz e não a gloria dos
povos procurando meios de se atacar, todos estavam unidos e Rudá realmente dominava
o coração de todos...
Em seus dias as pessoas só tinham fé em palavras de sacerdotes e não estavam
mais ligados ao grande deus do amor, mais sim ouvindo a voz de homens a procura de
gloria e o seu rei era a prova de que a luxuria dominava o coração dele, pois como um
homem poderia pertencer a milhares de mulheres.
Indigno um homem de esse ser o rei, as mulheres eram víboras prontas para
atacar à presa, e Piatã sentiu novamente a luxuria de estar com uma mulher, lembrando
do corpo e a pele macia que as mulheres possuem.
Porem a mulher que mais o encantou estava somente em seus sonhos, com
aquele olhar meigo e triste pela guerra que seus sonhos possuíam...
Andando e o soro aumentava, e as imagens a cada momento ficavam mais
intensos, cenas então de luta começaram a surgir, um único povo tinha iniciado as
guerras, e esse povo tinha o domínio nas bestas que rodeavam as lendas do povo de
Piatã.
Os homens de outras tribos começaram a querer matar essa tribo, porem os
demônios que eles dominavam acabava com qualquer ser, e cada povo queria sua gloria
e fazendo Rudá afastar-se deles.
Até que na ultima imagem que estava pintada era Rudá colocando os povos cada
um em um lugar e fazendo o mundo ser quadrado para que os homens não se matassem
e que os demônios não dominassem a terra.
Na ultima também havia uma grande lagrima e o caçador sentiu que toda a
história era a verdade e que as lendas de seu povo, de eles serem os escolhidos de Rudá
eram apenas o ego do povo.
Ele encostou a mão na parede, onde a lagrima estava desenhada e sentiu uma
energia diferente ali, algo divino estava naquele lugar, e os sussurros acabaram no
momento que ele tocou na pintura.
E foi tudo tão rápido, ao ele tocar na pintura o silêncio tomou conta e então o
chão abriu e Piatã foi caindo e o bateu o rosto no chão.
Quando levantou o mesmo homem que estava no início das pinturas apareceu e
disse:
- Então viu a historia dos povos... Como se sente?
- Não entendo nada, onde estou.
- Aqui é a casa de Rudá, finalmente ela ouviu suas preces.
- Como assim a casa de Rudá? Aqui é um buraco pare de caçoar de mim
- Não estou brincando
E Piatã levantou do chão olhou ao redor, era um lugar perfeito, arvores
iluminadas com um brilho natural das plantas, animais belos e o homem a sua frente
sorrindo pelo seu encanto.
- Agora acredita onde esta?
- Como vim parar aqui?
- Rudá tem planos para você, mais antes desses planos acontecerem, terá que
passar num teste, lutar contra mim.
- Antes da luta me diga seu nome...
- Terá que lutar comigo pra depois saber.
Piatã estava totalmente confuso, havia caído em um lugar abençoado por Rudá e
ainda teria que lutar com aquele estranho.
- Como posso saber se é verdade o que você fala?
- Olhe ao seu redor e reflita Rudá esta em todo lugar, porem para você chegar até
ele terá que me superar nessa luta.
- Preciso de mais argumentos, não tem razão nenhuma para lutar.
- E se eu disser que a mulher dos seus sonhos, pode estar neste lugar.
A mão de Piatã estava segurando firmemente a espada, não queria derramar
sangue desnesário, aquele homem era um desconhecido que o provocava e isso não era
motivo para machucá-lo.
- Não existe mulher para mim, sou um homem só.
- Você mente ao dizer isso!
- Que razão você dizer que sou mentiroso?
- Conheço seu coração e sei que você já esteve nos braços de uma mulher.
- Todo homem já tocou alguma mulher.
A mulher na qual ele tocou nunca pertenceu a seu coração e isso o machucava,
era seu pecado e aquele homem com naturalidade de um segredo que ninguém sabia.
- Não, eu sei mais do que isso, você foi dominado por ela, e quase teve relações
com ela.
- Como você sabe sobre a minha vida?
- Lute comigo e depois contarei.
- Não vale à pena lutar contigo
- Somente sei Piatã que você estava a honrar seu nome, sendo rijo e vigoroso
quando a mulher começou a beijar seu corpo, você esta impuro para falar com Rudá e
precisa lutar comigo para provar que a luxuria não tomou conta de você.
- Qual o sentido disso tudo?
- Descubra ao lutar comigo.
Piatã estava se enfurecendo com aquele homem, suas palavras revelavam os
momentos mais carnais dele e revelavam que ele era um homem comum como todos os
outros, sendo criados para os prazeres da carne.
Aquele homem estava a dizer tudo o que ele viveu e a raiva de saber que este foi
seu pecado o aprisionava na incerteza de lutar, pois nada sabia da situação que se
encontrava e sim que sua vida estava sendo exposta por um estranho.
- Me diga qual a razão de lutarmos?
- Algo poderá acontecer se você lutar comigo e somente após a luta você vera, se
me vencer.
- Essa luta para mim é desnessario.
O caçador virou de costas tomando outro caminho e deixando o desconhecido
irritado por sua recusa.
- Então você foge de sua tribo e quando sabe que esta perto de Rudá se afasta
que tipo de derrotado é você? Você deixou sua família para viver atolado em seu
pecado? . Eu sei que você ainda sente desejo de tocar aquela mulher novamente,
mesmo sem ter sentimento algum, ela fez você sentir que é um homem muito viril.
O estranho cuspiu no chão, mostrando ao caçador o nojo da atitude que ele havia
tomado, este era seu pecado e não podia negar que a mulher ainda o atormentava e que
seu pecado o fazia querer dessistir de qualquer mulher, ele realmente era um homem
repgnante, pois mesmo sem amar se entregou, mas o desconhecido não era digno de
dizer nada sobre ele, pois Piatã nada queria dele.
Piatã se enfureceu por um homem saber tanto sobre ele, sendo que ele
desconhecia até mesmo o nome deste e avançou para atacá-lo.
Sua espada estava mais afiada do que nunca, pela ultima caçada, e sua
determinação em derrotá-lo era maior que qualquer outro sentimento.
- Esta satisfeito agora?
O estranho sorria e se divertia ao defender os ataques de Piatã, e o caçador
estava cheio de ódio pelo desconhecido sorrir de seus ataques.
As espadas tilintavam, o caçador se enfurecia a cada ataque, desejava ver o
sangue do desconhecido, seu maior segredo estava sendo tido por aquele homem e
somente derrotando-o poderia esquecer seu pecado. O ódio de Piatã guiava sua espada e
ver a derrota daquele homem fazia sua determinação aumentar, ninguém poderia saber
de seu pecado e se fosse nescessario matar aquele homem ele faria.
- Talvez eu estivesse se seus ataques não fossem tão falhos.
E num movimento rápido, foi capaz de tirar as espada do caçador e pegar em
outra mão e disse:
- Você nunca conseguiria lutar comigo, esta possuído pelos seus pecados.
As espadas estavam na mão do estranho e seu sorriso de vencedor era algo
insuportável para Piatã, quem era aquele homem que tirava e sua espada e o desonrava
por uma atitude impura que ele bem sabia ter cometido.
Ao ouvir isso, mais raiva surgiu no coração de Piatã, aquele homem estava a
dizer tudo o que pensava e agia como um superior e ainda tinha pegado sua espada.
Porem Piatã avançou e deu um empurrão no estomago do estranho, o fazendo
cair com as duas espadas e pegou rapidamente a espada:
- Será mesmo que não era capaz de lutar contigo?
- Você conseguiu me vencer, mas e se eu disser a você todas as suas falhas,
estará disposto a andar nos caminhos de Rudá?
- Onde ele está? Mostre-me, pare de dizer do Deus do amor, eu quero, mas nem
sei como cheguei aqui e qual a razão de estar aqui.
- Você pode me ajudar a levantar?
E o estranho estendeu a mão para Piatã e ele o levantou, uma paz encheu o
coração do caçador ao sentir o toque daquele desconhecido, uma fonte de energia
emanava dele, era maior do que tudo que tinha sentido, até mesmo de sua mãe que era
uma grande sacerdotisa e sempre buscava forças de Rudá.
- Você quer ver Rudá? Estara disposto a se arrepender de seus pecados e tomar
uma missao dele?
- Preciso ver a Rudá e depois aceitarei outras imposições.
O desconhecido olhou para um chão com um olhar perdido e disse:
- Somente vendo, acreditaras no Deus do amor?
- A minha fé esta abalada, a minha tribo me deixou e ainda quer que eu acredite
que Rudá quer me ver?
- Ele esta em todo lugar, em cada planta, em cada musica, em cada coração que
pulsa, sua fé é tão pequena que nem mesmo é capaz de acreditar em suas preces a Rudá,
você é um menino que fugiu para viver por si mesmo.
- Mais e se meu coração não tiver sentimentos e a fé é um deles...
- A fé é muito mais do que um sentimento, é uma energia que impulsiona as
pessoas a acreditarem que podem ser melhores, mas somente Rudá pode dar a certeza
de vitória nos corações que pecam a toda manhã.
- Você diz com tanta sabedoria, como se conhecesse a Ele, e não consigo
imaginar um ser tão arrogante capaz de ver a Rudá.
- Minha ignorância é amar os humanos e você esta entre eles...
- Você fala humano, mais então quem você é? Para falar da sua própria espécie.
Piatã estava entrando em conflitos por ouvir tanta sabedoria e tantas palavras
com tantos significados, afinal de contas quem ele era?
- Não sou humano, este é um dos corpos que tenho, mais não sou humano, sou
Nhandeara, já ouviu falar de mim?
- Não...
Então o desconhecido mais uma vez, olhou para o vazio e sorriu para Piatã.
- Poucos me conhecem, porém eu te digo um dia todos saberão quem eu sou, eu
acredito que meu pai me ensinara e me testara se amo a cada ser que respira.
Piatã não entendia nada do que o desconhecido dizia porem o deixou sozinho em
seus pensamentos e foi ver o lugar que o rodeava, a magia que aquele lugar continha era
surreal, seres novos e animais ferozes e dóceis andando juntos, alguns humanos que
emanavam luz e olhou para trás e perguntou a Nhadeara:
- Onde estou?
- O chão onde pisa e os seres que olha são de Khatibu, onde Rudá vive...
Ao dizer estas palavras, um vento forte passou por todos, uma força e uma
velocidade acalmando a todos, menos a Piatã.
- Quem está ai? – ele perguntou assustado.
- Olhe para frente Piatã e vera a glória do Deus do amor.
Quando o caçador virou, viu um ser iluminado, um homem revestido por um
manto vermelho, um cajado que possuía uma grande pedra azul e um olhar penetrante e
este homem chamou Piatã.
- O lugar onde pisas e os seres que o rodeia são um pedaço dos planos para todos
os povos e agora se lembre de tudo o que você viveu e as noticias de ataques de outras
tribos, tudo isso foi o homem que criou e seu coração dominado pela luxuria.
Ao dizer esta ultima palavra, o caçador prostrou ao chão, em seu coração
começou a sentir um grande vazio e lagrimas sem controle caiam de sua face e então
somente foi capaz de dizer:
- Perdoe meu pecado, Rudá, ilumine meu coração
E deu um grito forte de dor e caiu ao chão.

Quando abriu os olhos, um grande aperto no coração Piatã sentiu, suas cicatrizes
haviam sumido e uma tremenda dor de cabeça veio a ele ao lembrar-se de tudo o que
tinha acontecido.
Ao olhar para onde estava, continuou a sentir uma energia espiritual jamais
imaginada e saiu da cabana que estava. Quando saiu viu Nhandeara sorrindo com o
homem majestoso.
- Então levantou caçador.
- Como minhas cicatrizes?
- Tantas perguntas, você não cansa de fazê-las não?
- Somente quando alguém me responder o porquê de eu estar aqui e porque as
minhas cicatrizes saíram.
Nhandeara olhou para o homem majestoso e disse:
- Agora é sua vez, cuide dele grande mestre.
E Piatã olhou confuso para tudo o que ouvia e via e milhares de pensamentos
confusos vieram a sua mente.
- Piatã, a razão de estar aqui é que tenho planos a ti.
O grande mestre que Nhandeara havia chamado possuía um olhar bondoso com
uma tonalidade única, uma mistura de verde com azul que se tornava uma cor
desconhecida e bela para o caçador, seu cabelo era longo, que caia lentamente até o
chão e era escuro, em tom preto.
- Que planos? Não tem plano nenhum para mim, já fui possuído pelo sentimento
da luxuria e vejo a minha derrota estampada em meu corpo.
- Sua cicatriz já se perguntou por que não estão mais em seu corpo?
- Sim... Mas não sei onde encontrar essa resposta.
- Olhe a seu redor, vê os seres que existem todos eles podem te responder, porem
somente a mim você devem perguntar.
- Qual a razão das minhas cicatrizes terem sumido... Grande mestre?
O homem sorriu quando Piatã o chamou de grande mestre e seu sorriso trouxe
paz para o caçador.
- O pecado que corrói o coração dos homens, somente pode ser perdoado por
mim, Rudá, Deus do amor.
Ao Piatã ouvir isso, estremeceu por estar diante do Deus do amor, agora ele
sabia o porquê de haver tantas energias a sua volta.
O homem a sua frente, não era um homem, mais sim o Deus do amor, Rudá,
aquele que ele sempre orava e o busca para ajudar em suas lutas, ele que o deu a vida e
agora ele o caçador estava diante daquele que sempre pedia auxilio.
Seu corpo tremeu todo, ao perceber imponência e a paz ao estar diante de Rudá,
em toda sua vida, nunca pensou ser digno te tal acontecimento, nem mesmo se achava
digno de estar onde estava e o chão que pisava lhe trazia energias para conseguir olhar
para o Deus do amor.
- Qual a razão de estar aqui?
- Podemos caminhar? Preciso me movimenta um pouco...
- Sim, mais quero respostas.
Eles começaram a andar, e Piatã olhava para todas as novidades, cada criatura
peculiar, com traços puros, cada animal unido, sem ter caça somente brincadeiras, todos
se alimentavam dos vegetais e não havia cheiro de sangue naquele lugar.
Um peso em sua consciência veio, ao lembrar os animais que havia matado
todas as caças, que para ele era a única que acreditava para poder alimentar sua tribo, a
lembrança de sangue de animais inocentes o machucava, era tudo que ele sabia fazer,
era um caçador, que sentimentos Rudá deviam ter por ele, por matar as criaturas que ele
criou.
- Acalme-se caçador...
- Qual a razão de estar aqui? Por favor, me responda.
- Quero-te mostrar uma coisa, antes de dizer o porquê de sua presença.
Ao andar, as mesmas energias ele começou a sentir, não podia acreditar que
estava diante de Rudá, aquele lugar era perfeito, havia paz sem procurar, e a presença de
Rudá acalmava qualquer conflito que houvesse em sua mente.
Os passos de Rudá eram leves e seus movimentos eram majestosos, seu cajado
tinha uma bola azul que nas lendas, dizia ter um poder de fazer as almas que tivessem
toda a impureza fossem salvas pela pureza que houvesse em algum lugar do coração da
pessoa.
As lembranças vieram a Piatã de sua tribo e as lendas, a presença de Rudá e as
preces para a benção dos casais, todas as mulheres oravam a Rudá para encontrar um
parceiro, suas preces na maioria das vezes eram respondidas e festas da união deles
sempre havia.
A fé que os homens possuíam quando escolhiam suas parceiras era algo
admirado para todos, puser Piatã foi o único capaz de recusar uma companheira.
Ele não possuía a maior benção do Deus do amor, e uma tristeza veio a seu
coração ao lembrar-se dos dois momentos em que recusou uma mulher, uma tristeza
profunda por não saber o que era o certo a ter feito.
Quando estava a andar, olhou para frente e viu uma cabana gigante, que possuía
ouro em volta dele, e não palha, com uma grande abertura e Rudá disse:
- Entre, quero mostrar algo que este ai dentro.
Dentro da cabana, havia varias armas e no fundo dela havia um lugar que parecia
ser uma pedra grande usada para sacrifícios que os povos faziam para Rudá.
- Vê ao fundo aquela pedra, vá até ela e a toque.
Piatã não entendeu nada, porem foi à pedra e tocou nela, quando a tocou , as
lembranças do seu passado e seus últimos sonhos começaram a surgir na pedra.
- Vês, toda a sua vida
Todas as caçadas, as brincadeiras com seu amigo, sua mãe o abraçando, seu pai
o ensinando a usar o arco e flecha, todas as lembranças estavam diante daquela pedra,
seus olhos se encheram de lagrimas ao sentir a falta de sua antiga vida.
- Por que estou aqui?... Por favor, me responda.
Um choro descontrolado e um aperto em seu coração vieram a ele, toda a sua
vida tomou um rumo desconhecido, o medo de não poder controlar seu futuro o
amedrontava e as lembranças sugavam a vitalidade que ele possuía.
Rudá ergueu seu cajado e tirou a mão do caçador.
- Seu passado lhe condena e te abençoa você não escolheu uma parceira, porem
decidiu viver para sua tribo, ajudando a todos, você tem um coração... Toque mais uma
vez na pedra.
Piatã ficou com medo, porem tocou novamente, e a imagem que viu foi de uma
mulher encantadora, possuía traços meigos e estava rodeada pelas pessoas de sua tribo,
tinha um olhar lindo e uma bondade em cada toque nas pessoas.
- Quem... É esta?
- Sente algo diferente ao ver ela?
- Sinto como se a conhecesse há anos e meu coração esta pulsando de forma
descontrolada... O que é isso?
- Esta é a parceira que escolhi a você, nenhuma mulher de sua tribo, estava
planejada para você.
- Mas quem é ela?
- A destinada ao teu coração.
Ao dizer estas palavras, uma energia impactante veio a Piatã, e a lembrança de
seus sonhos com ela retornou, o sangue e as palavras dela... Então era ela que era sua
companheira.
- Eu sinto meu coração, que toque diferente é esse?
- Este Piatã é o inicio da sua jornada para a busca do amor. Vamos para fora.
Quando saíram um novo homem Piatã sentiu nascer dentro dele, alguma coisa
havia mudado, ele não era um ser sozinho no mundo, era alguém destinada a uma linda
parceira, diferente de todas as mulheres de sua tribo e a sua união possuía a benção de
Rudá.
- Como posso chegar a ela?
- Terás que treinar e fazer uma missão para que assim haja paz completa para
sua união.

3. Fugindo dos conceitos

- Acorde Moema tem mais um candidato a casar com você.


Sua mãe a cutucava e a chamava, a índia estava perdida nas lembranças do seu
sonho, que sempre a perturbava toda noite, estava tentando voltar a lembrar do sonho,
pois mesmo sendo conflitantes algumas imagens, de certa forma a traziam paz.
- O que é mamãe?
- Acorde, tem um lindo guerreiro querendo casar com você.
- Outro? Já não estão cansados de ver tantos homens fugindo de casa?
- Comporte-se e ninguém vai fugir.
- Espere a pessoa certa que vai me aceitar e não fique trazendo homens a nossa
casa toda manhã
- Tenha mais respeito...
- Já estou me levantando
- Tem um vestido que eu usei quando conheci seu pai, use-o hoje.
- Mas...
- Nada de mais, não quero uma filha solteira, esta na hora de você sair de casa,
de casar e me dar netos.
Ao dizer estas palavras, a mãe de Moema saiu do seu quarto, a cabana estava a
cada dia mais sufocante para ela, sempre ela ouvia sua mãe lhe dizer que tinha
pretendes, homens que não atraiam a nada a índia.
Seu pai estava sempre chorando, por imaginar que se sua filha não se casasse
talvez fosse alguma praga de algum pecado que ele cometeu no passado e sua mãe
estava a cada dia mais irritada, pois o modo peculiar de como Moema pensava sobre a
vida e sobre homens a irritava e a deixava frustrada.
Ela começou a vestir-se, era o vestido mais lindo que já tinha usado e teria que
admitir que esse fosse um dos truques que a mãe dela usou para conquistar seu pai, mas
e ela? Encontraria alguém tão bom como seu pai? Seria feliz no amor?
Essas respostas ela nunca conseguia responder, seu pai para ela é o exemplo de
homem, na sua juventude participou das guerras que as tribos das sombras vinham para
atingir seu povo, ele sempre foi um grande guerreiro e agora em idade mais avançada,
ajudava aos outros homens a lutar e muitas vezes ao luar ensinava Moema a usar a
espada e alguns golpes de luta.
Sua mãe sempre o olhava de modo encantador, era um casal perfeito, ela sempre
admitiu, mais a cada momento, ela não conseguia encontrar o seu parceiro para ter as
mesmas felicidades dos seus pais.
- Ande minha filha, o guerreiro esta a sua espera.
Quando ela terminou de se vestir, viu seu reflexo num pequeno material que
poderia ver seu reflexo, quando viu seu rosto, a mulher que refletia era algo que ela
nunca pensou que seria.
Seus traços eram suaves e seu cabelo longo possuía uma trança, sua franja estava
em seu olho esquerdo e seus olhos verdes davam o contraste em sua pele bronzeada.
Ela era feliz com tudo que tinha porem teria que se casar, para seus pais serem
felizes, mas ela não estava feliz, pois nunca houve sentimentos de amor por nenhum dos
homens de sua tribo.
Ao sair de seu quarto, um guerreiro imponente estava sentado no banco de palha
de seus pais, ele a olhava com um possessivo no momento em que ela entrou e a
começou seguir com seu olhar.
- Este querida é Jelani, ele quer ter você como parceira.
- O. Oi - a voz da índia mal sai ao ver o olhar possuidor daquele homem, havia
algo que a incomodava, não estava interessada nele.
- Ola, seus pais me disseram que você tem muitos talentos, e quero me casar
com você.
Aquele homem possuía traços belos, ela tinha que admitir, tinha um olhar
imponente, seus olhos possuíam a cor mel e seu corpo era todo detalhado e possuía
algumas marcas de brigas entre os seus companheiros, seu cabelo era curto e tinha uma
pequena traça na parte de trás do cabelo.
Mas mesmo com esses traços, não havia sentimento nenhum a Moema.
- Cante pra mim, ouvi dizer que sua voz é tão bela quanto à dos pássaros.
- Mamãe de novo não.
Moema olhou chateada para sua mãe, todas as vezes que vinha pretendentes ela
sempre dizia para eles que ela cantava e todas às vezes, algo ruim acontecia...
- Cante, não deixe o rapaz esperando Moema.
O seu pai sempre mandava na índia, e a cada momento isso começava a irritá-la
mais e mais, ele a cada dia estava mudando seu comportamento e não estava mais sendo
seu amigo, como era antigamente.
Moema sempre quis alguém como seu pai, porem nestes últimos anos, a partir
do momento em que ela completou a décima quinta lua, a idade inicial para uma mulher
se casar, seu pai a cada dia tornou-se um homem duro e rígido, e os momentos de paz
entre eles estavam ficando mais curtos.
Ela começou a cantar a musica que sua mãe lhe ensinou ainda quando era
pequena, e que mãe tinha usado para conquistar o pai dela, todos os truques que a mãe
de Moema usava, ela usava para satisfazer as vontades de sua mãe.
Halili sua mãe sempre a ensinou que os modos de conquistar um homem são
fáceis, porem tem que haver amor no coração da mulher para amá-lo da forma como ele
era, independente de seus defeitos e assim selar a união.
- Eu quero me casar com você.
Jelani tocou nos lábios de Moema e olhou para os pais dela,
- Não a mais nada que ela tenha que me mostrar, eu a quero como minha
companheira para a eternidade.
Moema não entendeu nada, tudo tinha sido tão rápido, aquele homem a sua
frente decidiu ter ela como esposa de uma forma tão estranha que ela não estava a
entender nada.
Então o amor é rápido nos homens?
Ela pensou, e um medo de saber que um homem estava interessado nela, tudo
estava tão rápido...
Qual a intenção dele escolhê-la?
Sua vida estava tomando um caminho desconhecido e o pior de tudo é que ela
sabia que dependia daquele homem para ser feliz...
Mas como? Mal o conhecia... Era um estranho, com um olhar imponente e com
escolhas rápidas e provavelmente impulsivas.
Seu destino havia mudado finalmente alguém a aceitou, sem nem mesmo
conhecê-la inteiramente, e o medo e a confusão de pertencer a um desconhecido a
amedrontava.
Seu pai começou a chorar de felicidade e a mãe de Moema foi abraçar o futuro
genro, porem ela continuava intacto. Não conseguia definir suas emoções, ela sempre
foi esnobada pelos homens e agora este homem a escolheu.
Logo após sua mãe abraçar Jelani, correu para abraçá-la e disse em seu ouvido:
- Não disse que ia se casar, a música atrai os homens.
E deu um beijo na bochecha dela, sorrindo como uma criança que ganhou uma
espada de pau, Moema somente sabia... Tudo estava tão rápido.
- Minha pequena, hoje é o dia mais feliz para seu pai.
Seu pai a abraçou ternamente, havia tanto tempo que ela não sentia um abraço
dele dessa forma, havia tanto sentimento, ele estava transportando de alegria, mas ela
não sentia emoção nenhuma, tanto negativa quanto positiva. Apenas o sentimento de
confusão pairava sua mente e a incerteza de viver um relacionamento a amendontrava.
Jelani então veio até ela e sussurrou no seu ouvido:
- Prepara-se ao anoitecer você será minha.
Ao ouvir aquelas palavras estremeceu-se, algo de ruim iria acontecer na sua
vida, e ela não poderia mudar nada do que o destino emposse.
- A festa do casamento, que dia podemos marcar?
- Hoje à noite
- Nossa quanta rapidez...
- Desde que vi sua filha, me apaixonei... Quero pertencer a ela e somente a ela.
Jelani tentou beijá-la, mas ela se esquivou e sorriu.
- O beijo é somente depois do casamento.
- Não faça isso com o rapaz Moema.
Halili disse constrangida, porem Jelani olhou para a índia e disse:
- Tudo bem, à noite estaremos unidos para sempre.
Ao sair olhou para o pai de Moema e disse:
- Watende prepare sua filha, não esperarei mais do que o anoitecer.
Watende começou a correr para arrumar Moema, Hallili colocou enfeites no
vestido e desenrolou a trança, assim fazendo seu cabelo longo cair em seu corpo, uma
mulher surgiria esta noite, era o que seus pais acreditavam.
- Irei falar com o sacerdote, esteja preparada querida.
E beijou seu rosto e olhou ternamente, deixando a índia com seus conflitos.
Alguns momentos de liberdade restavam a Moema, um homem iria a possuir,
era somente nisso que a vida das mulheres se resumia, não havia guerreiras em sua
tribo, somente mulheres que viviam para o lar, mas a índia não aceitava essas regras,
queria aventuras e agora a sua única aventura seria dizer sim a um homem possuidor e
impulsivo.
- Minha querida, este é o maior presente que você poderia me dar.
Lagrimas caiam de Halili, finalmente sua pequena pertenceria a um homem, e o
ultimo ciclo para tornar uma mulher em sua tribo iniciaria esta noite, ao arrumar sua
filha, esperanças de ver seus netos fazia as lagrimas cair e o coração da mulher
simplesmente sorrir.
Porem a menina estava em seus conflitos, não queria Jelani como seu marido,
não queria pertencer a ninguém da sua tribo, havia somente algumas imagens em seus
sonhos do homem ideal, mas eram somente sonhos... Não havia ninguém para poder
amá-la, pois a única coisa que os homens pensavam, ela bem sabia, era no sexo, a união
física dos corpos e a separação da família, assim podendo ser livres de qualquer
problema familiar e tendo alguém para dominar.
Sua mãe a todo o momento passava as pinturas no rosto e nos seios, para
valorizar a união, pois as lendas diziam que quanto mais pintada à mulher estivesse,
mais disposta ela estaria para amar.
Uma nova mulher nasceria, mas a que custo?
- Pequena, encontrei o sacerdote, ele ficou muito animado para o casamento,
estão avisando a todos da tribo.
Watende chegou todo animado, finalmente sua filha se casaria, não havia alegria
maior para um pai, um homem a amaria para sempre, era nisso que ele acreditava, pois
a sua união com Halili foi exatamente com esses sentimentos, amor para a eternidade e
respeito em cada toque e aceitação a cada discussão, mas ele não podia negar que havia
alguma coisa estranha no rapaz, mas a felicidade era tanta que emoções negativas
passavam rapidamente em seu coração.
- Você esta encantadora minha pequena, Jelani será muito feliz te escolhendo.
Mas e eu?
Pensou a pequena índia, e sua felicidade onde estaria? Nos braços daquele
homem ela sentia a todo o momento que não seria mais mesmo assim não poderia tirar a
felicidade de seus pais, era um momento mágico e esperado para eles e ao mesmo
momento trágico, pois era a hora de ser mulher e cuidar da casa.
Suas aventuras de menina acabariam, suas travessuras e as brigas de brincadeira
com seu pai seriam realmente exiladas para sua memória e somente uma dona de casa
nasceria.
Tristeza e vazio eram os sentimentos da menina, ela estava sozinha em seus
conflitos e ninguém poderia apoiá-la, seus sorrisos em resposta a que seus pais estavam
falsos e o sentimento verdadeiro era ser obrigada a pertencer a Jelani.
Não havia ninguém que pudesse ajudá-la, pensou alguns instantes nos sacerdotes
e teve uma pequena lembrança da grande sacerdotisa, quando a viu em sua infância,
porem admitiu, não havia razão nenhuma para nenhum deles a ajudar.
- A Moema não sabe a felicidade que esta nos dando – os olhos de Hallili
brilharam ao ver sua indiazinha vestida para o casamento.
- Esta na hora... - Watende abraçou fortemente a sua pequena e ao dizer estas
palavras deu um beijo na testa.
- Obrigado por tudo papai.
- Estaremos sempre com você
Ao terminar o abraço, ele tocou em seu rosto, olhando cada traço de sua menina,
hoje ela seria uma mulher, ao anoitecer uma nova criatura nasceria e a criança que antes
deitava em seu colo, pertenceria a um homem.
Mas Moema continuava em seus conflitos, tanta indecisão, tanto medo do
futuro, ela não queria se casar, e agora não havia escolha, pois um homem a pediu em
casamento e quando isso acontece, a mulher nunca pode dizer não, ou seria morta pelas
pessoas da tribo.
Na sua tribo os casamentos eram bem claros, se o homem escolhe-se a mulher,
era sinal de que estava sendo usado por Rudá para amar, mas na pratica, essa essência
do amor estava perdendo nas noites dos casais, onde ninguém poderia vê-los e onde o
homem seria capaz de mostrar todo o seu domínio, mostrando ser o único a mandar no
relacionamento.
Sempre havia boatos de mulheres que tentavam fugir, mas elas sempre
voltavam, e se não retornassem a tribo toda iria matá-la por traição a cultura do povo e
ao amor de Rudá.
A vida a cada momento estava perdendo o sentido para Moema e o inicio da
depressão esta cercando seu coração, não haveria mais liberdade para ela, seus sonhos
acabariam naquela noite, sua vida acabava ao dizer sim.
Zuwena amiga de Moema soube pelas pessoas da tribo e foi correndo ver sua
amiga:
- Que felicidade minha amiga, finalmente Rudá esta te dando o dom do amor.
A amiga a levantou e beijou o rosto de Moema, mas somente a índia sabia que
sua amiga estava tão triste quanto ela, pois a união dela era uma das mais tristes que a
menina sabia.
Unaí esposo de Zuwena era um dos homens mais rígidos da tribo, e que não
aceitou que houvesse cerimônia para a união, somente pediu aos pais dela e durante a
noite, todos na tribo ouviram alguns gritos dele se impondo para ela deitar com ele.
Uma das únicas uniões que Moema sabia ser feliz era de seus pais, que ela a
todo dia convivia, ambos eram apaixonados e mesmo com os defeitos, nunca ouviu
brigas entre eles, mas ela tinha fé que outros relacionamentos da tribo também eram
felizes, mas não tinha idéia de quais casais eram realmente felizes.
O sacerdote Ogonna chamou a Watende e disse:
- Esta tudo preparado, traga sua filha, a união acontecera agora.
Ao sair da cabana, toda a tribo estava à espera deles, as mulheres sorriam e
alguns homens puxavam suas mulheres para beijá-las, as crianças sorriam e acenavam e
os mais velhos mostravam-se indiferentes por mais uma união estar acontecendo.
Quando chegaram à cabana maior, Ogonna abraçou Moema e olhou ternamente
para ela:
- Esta preparada?
- Acredito que sim.
Ela entrou na cabana maior, Jelani estava a esperando com um riso e um olhar
possessivo, e os pais dele estavam ao lado esquerdos dele com uma felicidade incontida
e as bênçãos dos sacerdotes estavam sendo ditas, antes que a menina chega-se a seu
destino: ser mulher.
Os pés da menina estavam começando a pesar, uma pessoa surgiria, mas ela não
queria encontrar essa novidade, não ao lado daquele homem, mais não havia escolhas,
era seu destino.
E então fez uma prece a Rudá:
- Rudá cuide dessa união, eu não o amo, não há nada em meu coração que me
faça estar ao lado dele, me ajude Deus do amor, se esta união deve acontecer então
acalme meu coração.
Quando terminou a oração, imagens distorcidas vieram à mente de Moema, as
lembranças do homem na qual ela sempre teve sonhos, aquele fazia seu coração pulsar,
mais ele não existia...
A dor e a aflição rodeavam a mente da menina, e não agüentando mais tanta dor,
caiu no chão, e suas ultimas palavras foram:
- Watende me perdoe...
Todos na tribo ficaram assustados a ver aquela índia caindo ao chão, nunca
havia acontecido algo daquela forma, nenhuma mulher desmaiou no caminho da união e
esta índia estava desmaiada, pedindo desculpas a seu pai.
A tribo começou a ficar confusa e os pais de Jelani foram aos sacerdotes,
implorando mais bênçãos para que assim a menina acorda-se, e os pais da menina
correram para cuidar dela.
Mas a grande sacerdote chegou à cabana maior:
- Quê alvoroço todo esse?
- Grande sacerdote, minha filha desmaiou, e hoje é o dia da sua união com
Jelani...
- Acalmem, mande ela para a minha cabana.
Os homens colocaram a menina numa maca e a levaram a cabana da grande
sacerdotisa, e assim ela mandou:
- Saiam todos, irei cuidar desta pequena.

A menina levantou da cama, sua cabeça doía e ao olhar ao redor, sentiu cheiros
fortes, como se grandes magias tivessem acontecido ali, e seu olhar encontrou com a da
sacerdotisa.
- Qual a razão de estar aqui?
- Pequena, chamei os espíritos para me ajudar a descobrir se Jelani era seu
marido...
- Porque minha cabeça dói...
- Me ouça, depois pergunte.
- Moema, seus destino não se encontra nesta tribo, os espíritos me disseram que
sua vida não é feliz aqui e nem tão pouco nos braços de Jelani, ele não te ama e você
não o ama, Rudá nunca os abençoara, como metade dos casais dessa tribo. Estamos
amaldiçoados, pois a cada momento os homens de nossa tribo vulgarizam o amor que
nosso Deus tenta ensinar.
Potira a grande sacerdotisa sentia o peso do que estava a dizer, ela mesma já
viveu uma união frustrada e ela bem sabia que todas as mulheres eram infelizes naquela
tribo, não havia amor nas uniões, somente desejos carnais, mas ela sentia que aquela
que estava sentada diante dela era alguém que conseguiria mudar o próprio destino...
Era a fé em Rudá que a fazia ter tal sentimento, mais mesmo assim a tristeza de viver
em um lugar como aquele a machucava e amendontrava, por saber que todos eram seus
companheiros de sobrevivência nas guerras que aconteceram e todas as mulheres eram
tão deprimentes quanto um sol que sofre um eclipse.
A menina nada entendia e continuo a perguntar:
- Para onde irei então?
- Vá para as montanhas daqui dois dias, enquanto isso irei mostrar a você o
porquê o sistema de nossa tribo ser tão falho.
- Mas qual a razão disso tudo?
- Somente Rudá minha pequena poderá responder. Eu sou somente serva dele,
talvez caminhos eu possa mostrar e as respostas que você encontra talvez ajudar, porem
minha pequena índia, seu coração ira mostrar qual a decisão certa a fazer.
Moema sentia um peso enorme por ter desmaiado, todo seu corpo e mente doía,
não sentia vontade de fazer nada, apenas fechar os olhos e esperar que o homem que ela
tanto sonhava retornaria a ela. E deitou novamente, buscando as respostas em seus
sonhos e procurando alguma felicidade para sorrir.
Ela já não era mais uma garotinha, e teria que sair da tribo, ou a morte viria com
as mãos dos homens de sua tribo e o ódio por desonrar os conceitos da mesma.
Possuía um pouco de alivio por saber que Potira estava ali cuidando dela, era
algo supremo poder finalmente ver a grande sacerdotisa e saber que ela estaria a
proteger Moema.

4. Revelações de Potira

Em seus sonhos novamente viu o caçador, ele estava a sorrir, e a dizer que
amava e a cada momento acariciava seu cabelo enquanto ela cantava uma alegria
espontânea, um relacionamento feliz com aquele homem era seu desejo e durante a
noite se envolvia num romance platônico.
Ao amanhecer, as lembranças dos sonhos a encantavam, aquele homem possuía
pureza e uma grandeza de coração que Moema acreditava somente seus sonhos ser
capazes de idealizar tal parceiro.
Um homem imponente somente pela existência e sendo também carinhoso e
prestativo, era impossível para ela aceitar que existisse alguém assim em seu caminho,
pois a cada momento os homens da sua tribo mostravam que somente o contato carnal
era importante e fazendo a união ser frustrante para o casal.
- Finalmente acordou pequena... Tenho lições a você
Potira estava animada e preocupada com a índia, havia algo diferente, a presença
de espírito e um olhar determinado mostravam que Rudá desde o inicio da vida teve
planos para ela, assim acalmando o coração da sacerdotisa para as verdades que diria a
Moema.
- Obrigada por me deixar dormir aqui- disse a menina com simplicidade ao
sentir a energia do lugar onde estava.
- De nada minha pequena, porem na se prenda a estar aqui, eu sinto que Rudá
tem planos para você e você precisa aceita-los, pois somente assim você conseguira
realmente ser feliz.
- Como posso ser feliz? Essa tribo mata aquilo que mais acredito, não há amor e
o único relacionamento que vejo que é feliz é de meus pais, não consigo mais respirar o
ar dessa tribo, pois sinto os homens sempre mostrarem seus domínios e minhas amigas a
chorarem todas as noites por não ter amor ao deitar com seu parceiro.
- É verdade Moema, não há amor em nossa tribo, mais o conceito não muda nas
outras tribos, todos estamos presos a leis que os homens criaram para fazer que o
sistema dependesse da decisão do homem e nada mais.
- Porque existe isso... Grande sacerdotisa?
Lagrimas caíram do rosto da menina ao fazer a pergunta, não era justo viver
naquele mundo, não havia verdadeira felicidade, somente pequenas demonstrações que
algum dia tudo teria opções para a mudança, mas ninguém estava disposto a lutar pelas
mudanças.
- Sistema criado por homens minha pequena, possuí falhas que somente Ruda
poderá mudar e me chame de Potira não há o porquê você chamar por um titulo que
essa tribo colocou em mim, sou como você minha pequena, mas com um pouco mais de
fé.
- Po... Potira, que lindo nome.
Um riso veio à sacerdotisa, ela sentia uma criança sentada a sua frente, uma
criança que seria capaz de mudar a realidade de tudo o que ela já tinha vivido os
espíritos disse a ela no dia em que Moema desmaiou e sua fé em Rudá estava sendo
testada, pois a menina estava em seus cuidados agora.
Aquela pequena índia seria alguém importante, e a única forma de fazê-la ser
isso era testando sua fé e testando seu amor tanto pela vida com para o Deus do amor,
Rudá.
A grande sacerdotisa estava a planejar como transformar aquela índia em uma
guerreira sonhadora para assim poder salvar a todos da tribo e talvez paz novamente a
vida de cada ser.
Um mundo desconhecido estaria a abrir diante daquela pequena e uma nova fé
mais forte surgiria no coração da sacerdotisa, assim mudando o rumo da sua vida, um
momento na qual toda a sua vida esperou e fez uma prece:
Rudá meus passos estão pesados e a morte a cada dia se aproxima, já não sou tão
nova com fui antes, mas somente te peço me ajude nessa missão, me ajude a pelo menos
ver a um mundo melhor antes de morrer, cumpra as suas verdades em minha vida
querido Deus do amor.
Quando terminou a oração algo diferente ela sentiu, um toque de coragem e
ouviu suavemente uma voz dizendo:
- Jamais te deixarei minha serva.
A índia conseguiu ouvir as mesmas palavras e perguntou assustada:
- Que voz é essa?
- Rudá minha pequena esta do nosso lado. Venha até mim deixe eu te tocar e
mostrar as verdades que ainda estão cobertas pela sujeira dos homens,
Moema se aproximou da grande sacerdotisa e Potira colocou suas mãos no rosto
da menina quando ela se ajoelhou a frente de sua cadeira, ao fazer isto foi dizendo
suavemente:
- Liberte-se das prisões que te colocaram saia do lugar de pobreza da alma e veja
o seu passado.
Imagens começaram a vir à menina, pessoas se matando, reis impuros
começando a mandar nos homens, sacerdotes possuindo varias mulheres para seu
prazer, mulheres seduzindo homens para sua luxuria, cenas de impureza e prazer se
desenrolavam na mente da menina, toda a podridão do mundo sendo expostos, os
homens a cada passo mais longe de Rudá e a cada momento mais perto da maldade e da
lei corrosiva que eles a cada momento criavam.
Mas a imagens começaram a mudar e um homem alto, o mesmo de seus sonhos
apareceu nessas visões e a seu lado havia um homem majestoso com um cajado e Potira
tirou as mãos da menina, sorrindo por ainda ter fé e por sentir algo que nunca acreditava
poder existir: fé num mundo melhor.
A menina estava amedrontada com tudo que tinha visto, a humanidade era um
mar de derrotas com pessoas possuídas por sentimentos lúdicos e falsos que a cada dia
estavam a rodear o coração, ninguém queria mais a bondade, todos queriam o prazer
carnal e toques somente fizessem seu corpo sentir sensações e seu coração morrer sem
emoções.
Mas havia alguma chance de pelo menos ela ser feliz, pois nas visões, o homem
que ela sempre sonhava esteve no fim das imagens, uma fé surgiu no coração da menina
e esperança de tentar mudar sua realidade a traziam forças mesmo envolvida com a
tristeza da humanidade e os sentimentos se mesclavam e uma nova criatura começava a
surgir e sentimentos que antes estavam adormecidos estavam a retornar.
Potira levantou e estendeu a mão para levantar Moema e disse:
- Venha menina, ainda tenho muito que te mostrar.
Começaram a caminhar pela cabana da sacerdotisa, muitos cheiros diferentes a
índia sentiu, e a cada passo sentiu energias espirituais que rodeavam os aposentos da
sacerdotisa.
- Esta pagina minha pequena, são ainda poucas verdades reveladas.
E entregou a menina algumas paginas, com ilustrações de batalhas e algumas
frases:
- Elas contem trechos do livro dos guardiões da paz, encontrei na minha
juventude, leia enquanto preparo algo para comermos.
Potira levantou um pouco e beijou a testa de Moema e sorrindo foi cuidar de
algum alimento para elas.
As paginas continham frases perturbadoras e imagens desesperadoras, tudo o
que ela viu antes ao toque da sacerdotisa, estava revendo naquelas folhas, mas as frases
provavam que a cada momento mais verdade e dor a existência corrosiva da
humanidade era real.
A humanidade traiu Rudá
Nessa frase havia sangue e isso começou a incomodar a menina, ao imaginar
quem tinha escrito tais palavras e quão impactantes seria se seu povo descobriu-se a
maldade que cada pessoa estava a viver.
Fé não existe mais nos homens, pois o desejo de
matar os corrói
Luxuria e guerras são as únicas felicidades que estes
seres impuros encontram
Não há mais felicidade em Rudá
E a falsa glória de matar um ao outro mostra que
todos são impuros como os animais que rastejam.
A união pura de um relacionamento esta desonrada
pela existência desses homens e não há mais razoes para
lutar.

A frase que a índia lia mostrava que a cada passo o homem estava em prazeres
carnais e somente seus desejos de ver o sangue inundava de tristeza a fé da menina, toda
a humanidade estava indo para os caminhos desconhecidos da maldade e se afastando
da paz de Rudá.

Minha luta foi contra a minha guerra carnal


E a cada momento as mulheres tocavam meu corpo
querendo me fazer seu servo do prazer
Sentimento impuro eu senti
Não sou digno da presença de Rudá

A imaginação da menina ao ver aquele sangue nas folhas e ao ler as palavras que
algum homem havia escrito a faziam querer mudar logo seu mundo, antes que seu
coração fosse possuído por tudo que os homens vivem.
E ao ler a ultima pagina em suas mãos mais tristeza sentiu
Os povos ficaram distantes, o ódio foi afastando toda a
alegria que os unia, Rudá se arrependeu de criá-los, e a
separação entre eles ocorreu, a união que os mantia foram
à mesma razão que os desuniu.
Todos queriam um rei e no final, homens arrogantes
surgiram, seres que não mereciam pertencer a este posto,
a cada ser vivo, corresponde à razão de cada função e
estes não aceitaram sua existência, e sua presença mesmo
pequena em sua sociedade, causando morte e dor para
chegar a tronos que não eram seus.
Desgraça somente esta a espera desses povos,
desunidos são fracos, inimigos da terra, inimigas da vida,
inimigos de si mesmos, negando a existência do outro, a
gloria não chega mais a eles e mesmo quando eles pensam
que são grandiosos, ao contrario são os animais que
limpam a terra, e nada mais importa, porque está cega pela
sua falsa gloria.
E o sangue escurece as lagrimas que estão a cair... E
as vitorias são apenas lembranças de que ninguém venceu
nada alem do medo, alem da desgraça, somente vidas
separadas pela espada e pela dor.
Huah, nosso mundo foi desunido e as guerras só estão
a começar.

Lagrimas começaram a cair do rosto de Moema, Rudá não tinha mais fé na


criatura que criou toda a maldade corroí as esperanças do Deus do amor e nem ele mais
acreditava na sua criação.
Potira chegou ao lado da menina e limpou as lagrimas, tirando as folhas de
sangue de Moema:
- Vê a maldade do homem?
- Rudá não tem mais fé, estamos num mundo fracassados.
- Não diga tais palavras, ele te livrou de um relacionamento indesejado, então fé
em você eu acredito que o Deus do amor deve possuir.
- Por que eu? Não sou ninguém, sou tão fraca e impura, como posso ser
escolhida por Rudá para alguma atitude?
- Somente sei que ele tem plano a você e suas perguntas não devem ser feitas a
mim, mais sim ao Deus do amor, entende minha pequena?
- Tenho muito que aprender Potira, por favor, me ensine.
- Amanha você terá que ir para as montanhas, o povo não agüenta mais suspense
e sua presença aqui ira te causar morte.
- E meus pais como ficaram?
- Rudá ira cuidar deles.
- Como... Como a tribo esta?
- Conflitos, os sacerdotes estão sempre vindos aqui e eu sempre os mando
embora, todos querem logo ver seu casamento e sei bem que não será feliz nesse
relacionamento.
- E Jelani apareceu aqui?
- Sim, quase quis levá-la a força quando você estava descansando.
- Qual a razão de tudo isso Potira?
- Ouça novamente minha pequena, Rudá tem plano a você e eu nem imagino
quais serão, porem enquanto você estiver nessa tribo eu irei cuidar de você... Eu sinto
como se fosse uma missão que em toda a minha vida imaginei e é você que me trouxe
esta missão, não sabe quanta felicidade me traz menina.
O medo do desconhecido a assombrava, Rudá possuía planos a ela, mas seria
fora de suas terras, teria que ver a maldade e a impureza em outras terras, onde não
possuíam nem a falsa paz de sua tribo.
Apesar de tudo, a sua tribo era um lugar de paz, uma falsa paz, criada por
homens ela bem sabia, mais não podia negar que era ali onde seus pais estavam os
únicos que a amam de verdade.
Mas nada iria adiantar ela estar ali, seus pais ficariam depressivos e ela não
poderia colocar os pés para fora da tribo sem se casar com Jelani, aquele homem
impulsivo e arrogante.
- Tenho pouco tempo e muito a te ensinar minha pequena, por favor, não me
faça perguntas enquanto te ensino o sistema e as ações de Rudá.
Potira conclui estas palavras, sentindo a responsabilidade que agora estava a
sentir, aquela que estava diante de seus olhos, poderia trazer paz ou mais guerras à tribo,
pois somente a sacerdotisa podia sentir que as ações daquela menina eram livres de
qualquer conceito... O único espírito livre da tribo.
A única pessoa que foi capaz de Rudá querer ter planos, Moema era especial e
peculiar, havia magia em seu olhar e mesmo quando ela estava assustada, seus olhos
traziam confiança, os olhos verdes de uma criança destinada aos planos do Deus do
amor, Potira estava emocionada com a missão de Rudá, e somente poderia agradecer
desde então por aquela pequena estar em sua cabana.
Muito teria que ensinar e em pouco tempo, e todas as informações que possua,
teria que ensinar de forma muito mais pratica, para que a menina assim decidisse o
caminho da paz na missão que iria enfrentar.
Moema tinha o destino da tribo e isso assustava a Potira, em todo o tempo
esperou ver alguém destinado por Rudá e hoje era o momento de ela ser testada, era o
momento de sua fé e suas lições serem tão importantes para a menina que teria que ficar
a madrugada ensinando-a para poder sair o mais rápido possível dos domínios da tribo.
-Alimente-se antes Moema, pois hoje o dia será somente de lições e as verdades
desse mundo.
Moema estava preocupada, ela nunca pensava estar diante da grande sacerdotisa,
todos na tribo a tratavam honrosamente e sua presença possuía sensações de que
espíritos há rodeavam o tempo todo e por esta razão ela ser a pessoa mais forte
espiritualmente na tribo. Sua idade amendontrava ainda mais, pois era uma das únicas
mulheres que duraram após a guerra com a tribo das sombras, a guerra das sombras
tinha sido um dos momentos mais dramáticos da tribo, pois todos os guerreiros da tribo
morreram e somente os sacerdotes com a sua força espiritual foram capazes de lutar
contra os espíritos demoníacos da tribo das sombras.
A tribo das sombras foi à única capaz de chegar perto de sua tribo, pois os
demônios que eles possuíam voavam a distancia onde sua tribo se encontrava as
ilustrações feitas por alguns pintores da época, amedrontavam sonhos dos pequenos e
lembrava a derrota de grandes guerreiros por um povo sem coração, somente
determinado a lutar.
- Potira... Como foi a luta com a tribo das sombras?
A menina estava inquieta, havia tantas informações em sua mente, as lembranças
e as historias que seus pais contavam sobre todos os sacerdotes a traziam medo e
respeito por ser tão espirituais viverem em sua tribo e hoje a grande sacerdotisa estava a
sua frente, querendo ensiná-la sobre as verdades da tribo.
- Alimente-se depois conversamos.
Potira deixou um pão e algumas frutas à menina, deixando-a sem respostas e
milhares de pensamentos confusos sobre o que iria aprender, apesar de desejar as
respostas estava amedrontada, pois um conhecimento desconhecido seria revelado,
envolvida no medo do que iria acontecer orou a Rudá:
Tu que sabes tudo de minha existência, Deus do amor, me de forças para aceitar
e compreender o ensino que vou aprender me faça ser mais digna de fazer a missão que
Potira diz, me ajude a ser digna de sua presença e ter coragem Rudá.
Ao concluir sua prece, sentiu espíritos em todo o lugar, alguns sussurravam e
outros diziam de uma forma que ela foi capaz de entender:
- Rudá esta com você
Era hora da fé de Moema ser testada, não havia mais solução, passos distantes da
tribo ela sentia a cada momento que era os passos que deveria traçar, era os planos de
Rudá e somente a fé poderia ajudá-la nas aflições que viriam.
Um barulho na entrada da cabana assustou Moema e foi ver onde Potira estava
ela se abaixou e ficou próximo a uma das cadeiras que a grande sacerdotisa sentava, ao
olhar quem estava falando com Potira ficou assustada, era Jelani, tentando entrar na
cabana.
- Me deixe entrar, minha noiva esta aqui.
- Não vai entrar, ela esta em repouso.
- Todas as vezes que venho aqui, a senhora me diz estas mesmas palavras, e isso
esta me enfurecendo.
- Não tenho nada a dizer, você não pode entrar aqui, então se retire antes que eu
me enfureça.
- Sua velha estúpida- ao dizer isso, Jelani deu um tapa no rosto da grande
sacerdotisa.
- Virei amanha e não quero mais desculpas sobre eu ver a minha noiva.
Potira nada disse e fechou a cortina da entrada de sua casa, e passou a mão onde
Jelani tinha a machucado, dizendo algumas palavras desconhecidas, e sorriu ao terminar
de sussurrar as palavras.
- Me desculpe Potira.
- Pelo que minha pequena?
- Jelani a machucou.
A menina estava ajoelhada diante da sacerdotisa, chorava descontroladamente ao
pedir desculpas, era sua culpa aquele homem machucar alguém tão honrável como
Potira.
- Não há o porquê de eu te desculpar, você não fez nada.
- Mas Jelani...
- Esqueça, são conseqüências de ter aceitado a missão de Rudá.
- E quando eu sair? Como à senhora ficara?
- Somente o Deus do amor poderá responder minha pequena, agora chega dessas
perguntas, tenho muito que te ensinar, e suas perguntas irão atrapalhar o rumo das
lições.
Potira estendeu a mão para Moema e sorriu quando sentiu um pouco de
preocupação da menina, pelas suas palavras. A grande sacerdotisa nunca teve filhos,
pois seu marido não possuía a benção de Rudá para abençoar uma família, porem
quando viu Moema sentiu que esta talvez fosse sua filha... Uma filha concedida por
Rudá e sua fé.
Uma criança que não possuía seu sangue, mas uma criança com a mesma fé em
Rudá e com o mesmo sonho de mudar o mundo e as maldades da tribo.
- Venha Moema, pegue estas paginas e vamos revelar os segredos da tribo.
Potira sentou na cadeira onde Moema estava escondida e a menina sentou num
banco de palha próximo onde a sacerdotisa estava sentada.
Ambas se olharam, admiração e respeito estavam em seus olhares, o futuro uma
e da outra estava nas decisões que cada uma iria tomar Potira agora não era mais a
sacerdotisa, não com essa menina, mais sim uma conselheira e reveladora, Moema não
era mais a noiva de Jelani, mais sim a mulher que seria capaz de mudar a realidade do
povo, se realmente decidisse seguir os planos de Rudá.
-Me deixe tocar em seu rosto novamente, os espíritos atuaram agora através de
mim, em tudo o que você vera.
- Tenho medo do que verei.
- Eu sei Moema, porem eu sente que somente este é a sua missão, acredite em
Rudá, se entregue a ele pelo menos uma vez na sua vida.
Moema então aproximou rapidamente seu rosto às mãos de Potira iniciaram
imagens na mente da menina, guerras e casamentos infelizes ela viu novamente, porem
agora a grande sacerdotisa começou a dizer com uma voz de um homem no fundo da
sua própria voz:
- Vê a maldade do homem? Sente agora porque eu ti vi que separar cada povo,
os humanos só tem felicidade na dor, são seres desprezíveis , quando os criei, imaginei
um mundo onde eles pudessem viver em paz...
A imagem mais nítida para Moema foi de um rei rodeado de mulheres, cada uma
beijando e mordendo seu corpo, e a menina perguntou:
- Por que o coração dele não esta batendo de forma rápida? Esse é um dos
sentimentos de Rudá não é?
- Não há amor no coração dos lideres das tribos, somente desejos carnais e
desejo de sangue, desejo de superar a outro, somente jorrando sangue inocente.
A menina começou a chorar, tanta maldade existia e ela pensava que sua tribo
era impura, de fato havia coisas ruins em sua tribo, o desrespeito ao amor é umas das
falhas que ela já havia sentido e vivido, porem havia mais maldade em todas as tribos,
não havia mais paz, um mundo sugado por corações impuros, essa era a realidade.
As imagens começaram a mostrar monstros, seres criados pelos próprios seres
humanos com alguns espíritos rebeldes, espíritos que fugiram da presença de Rudá, as
cenas mostravam homens fazendo experimentos com magia e ciência para superar as
outras tribos, não tinha mais esperança.
Cenas de união impura entre casais, união sem amor, união corporal, com outros
desejos e nenhum sentimento verdadeiro, era essa a desgraça da humanidade nada disso
era os planos de Rudá.
Luxuria, ira, sangue, falsos reis comandando um povo que não era seu, a cada
momento indo para o fundo da maldade, esquecendo o valor do outro, matando por
matar.
Lagrimas caiam do rosto de Moema, havia muita maldade naquelas cenas, era
horrível existir em um mundo sem amor, um desejo de mudar tudo aquilo começou a
iniciar em seu coração, algo teria que mudar, não havia mais nada a sentir, somente o
sentimento de mudar a sua realidade atuava em seu coração.
- Veja Moema e sinta toda a vontade de mudar esse mundo, pois é a este mundo
que você pertence, sua vida começara a mudar no momento em que aceitar a minha
missão.
Potira ainda continuava a dizer com a segunda voz de um homem, e ao dizer
essa frase, seus olhos começaram a ficar brancos e uma ultima imagem veio à mente de
Moema. A imagem mostrava o homem na qual ela sempre sonhava um homem
cabeludo, em seu rosto havia traços de cansaço de incerteza, mas mesmo assim ele era
encantador, possuía algo a mais que a menina não podia descrever e ao lado dele estava
outro homem, porem com mais idade e possuía um cajado, este homem lembrava o que
as antigas lendas diziam como Rudá era na forma humana.
No coração de Moema o sentimento que ela sempre sentia ao ver aquele homem
veio novamente a ela, uma paz e um desejo de estar com aquele homem a fazia sonhar
com um futuro diferente, algo mais puro, sem luxuria, somente a união pelo amor.
Era um sentimento impossível e ela sempre lutava contra seus sentimentos, não
havia mais alegria naquelas imagens, nunca teria alguém e se esse homem existisse seria
totalmente intocável por pertencer à outra tribo.
O outro homem, no entanto a trazia paz, somente olhando para ele, havia um
sentimento de paz completa, como nunca sentiu, era a energia mais intensa e mesmo
assim a acalmava e a fazia ter coragem pra enfrentar a missão.
- Seu destino está em suas mãos, decida os caminhos que ira a partir das imagens
que viu. - a grande sacerdotisa disse lentamente e ainda a segunda voz acompanhava
essa ultima frase.
Potira tirou a mão do rosto da menina, estava cansada, toda a sua pouca
vitalidade tinha sido puxada e agora um cansaço apoderou-se dela, tudo estava diferente
ao rever aquelas imagens com uma criança que poderia mudar a realidade de todos.
Moema estava com sentimentos confusos, entre o amor e ódio de todas as
imagens que viu, a lembrança de ver aquele homem encantava seu coração, porém as
outras lembranças de guerra e união impura a amendrontrava e a fazia tremer por
pertencer a este Mundo.
- Terá que mudar este mundo, esta disposta Moema?
- Eu tenho medo do que vira
- Acredite em Rudá e todos seus caminhos serão de acordo com a vontade dele.
- E o homem que apareceu em meus sonhos e novamente nestas imagens, porque
os espíritos quiseram mostrar pra mim uma pessoa ilusória?
- Porque minha pequena, não é ilusória, ele estava andando com Rudá, e sinto
que o Deus do amor tem planos para ambos, mas vocês só serão felizes mudando esse
mundo.
- Como posso acreditar no que você fala?
- Não sei Moema, terás que acreditar se quiser, mas se não então você não é a
pessoa escolhida por Rudá para ajudar todas as tribos.
As imagens transformavam seus sentimentos, fé e vontade de lutar, lutavam
contra o desses pero e angustia de viver, era pesado demais saber todas as verdades
escondidas, a ignorância antes era saudável e a fazia não estar presa nessa
responsabilidade, mas ao mesmo tempo saber todas as verdades a fazia mudar sua
realidade e aceitar a missão de Rudá.
- Estas imagens são as verdades do nosso mundo, mas para aceita-las você
precisa ter fé, pois mesmo se um dia você não conseguir mudar nossa realidade, ainda
essa verdade e é será até que alguém a mude.
As palavras de Potira trouxeram à menina a realidade, ela estava sendo escolhida
por Rudá e agora era sua vez de provar se merecia estar algum dia diante dele ou
somente descobrir realidades que nunca teria mudança.

5. A missão

Lembranças e tristeza rodeavam a mente de Piatã, ele havia perdido tudo, sua
família, seu amigo, tudo que ele mais amava estava distante dele, não haveria
escapatória, somente aceitar a missão de Rudá para assim acreditar que a sua realidade
mudaria.
A confusão de aceitar a missão, acreditar que Rudá realmente poderia mudar
tudo e que ele teria que atuar também era algo que o amedrontrava, tudo estava tomando
um rumo diferente e ele nem sabia qual resultado seria.
- Aceitaras a missão?
Os pensamentos do caçador foram cortados pelo Deus do amor, agora era hora
de ele colocar sua fé para ser testada, era o momento de ele decidir se mudaria a sua
realidade ou continuaria como a sua vida estava.
- Tenho que pensar... É tudo muito novo para mim, nada entendo, estou confuso
sobre meus sentimentos, não quero fazer uma escolha que depois me arrependa.
- Te darei 10 dias para pensar, pois a missão que irei te dar desde antes do seu
nascimento te espera.
Piatã saiu da cabana, pensamentos sobre a vida, a missão e a mulher estavam em
sua mente, tudo estava indo tão rápido e mesmo assim ele podia sentir que tudo aquilo
estava planejado muito antes de ele pensar em sair de sua tribo. Era seu destino? Ou
providencia divina?
As pessoas que moravam na cidade de Rudá, o tratavam como se ele fosse um
salvador, para todos, ele era a ultima esperança e tantos sonhos estavam depositados no
caçador que se ele soubesse, não negaria o pedido do Deus do amor. Todos tinham fé
nele, porem Piatã não possuía fé nem em si mesmo.
O homem que perdeu tudo era somente esse pensamento que mais rodeava sua
mente, tudo que ele conseguia enxergar era que somente sua fé poderia mudar sua
realidade, mas também sabia que não possuía fé para lutar por razões desconhecidas.
A mulher que apareceu diante da pedra na cabana, era encantadora e fazia seu
coração pulsar forte, mas desde que ele tocou o corpo de outra mulher, sua mente estava
possuída por outros desejos e ele bem sabia que não havia sentimentos verdadeiros em
seu coração, ele era um pecador e não tinha mais esperanças, quanto à vida e o amor.
Os passos pesavam e o medo de ter que decidir algo que o próprio Rudá estava
pedindo o amedrontava, o Deus do amor estava querendo que ele um selvagem de
coração fizesse uma missão, e para ele não havia sentido nenhum alguém confiar algo
tão grande a ele.
Enquanto caminhava para ver a cidade de Rudá, crianças acenavam para ele e
seus pais vinham cumprimentá-lo, muita responsabilidade estava sendo depositada e
ele, e agora ele teria que decidir qual caminho decidir.
Nada sabia sobre a missão, e a única coisa que ele teria que saber era se sua fé
era forte o suficiente para estar participando de algo tão espiritual e intenso que somente
Rudá poderia planejar.
As lagrimas do conflito que ele se encontrava, começaram a cair de seu rosto, o
medo do desconhecido nunca o amedrontou tanto, e a consciência de sua existência ser
um erro na sociedade o machucava tudo que ele foi um dia acabou no momento que
disse não as mulheres de sua tribo e a incerteza de não saber mais quais caminhos
decidir criavam sentimentos de derrota e desses pero.
Ao caminhar foi se afastando das pessoas, queria ficar distante de todos,
somente queria pensar no que decidir, queria logo que todos esses conflitos de escolha
terminassem, queria logo decidir o que fazer.
Ele sentou embaixo de uma arvore longe de todos, não queria estar perto de
ninguém, somente seus pensamentos eram importantes e as lagrimas de ter que decidir
caia no chão, sentimentos diversos o rodeavam e a incerteza de não saber o que escolher
o fazia temer o que o futuro iria mostrar.
Nhadeara estava andando e viu Piatã encostado na arvore, e o sentimento de
querer ajudar o caçador tocou seu coração, todos tem uma missão ele pensou, e a sua ele
já aceitou.
O caçador chorava e o desespero da escolha o amedrontrava, mas ele viu
chegando Nhadeara e limpou rapidamente suas lagrimas, não queria que aquele que o
tinha provocado visse suas fraquezas.
- Hoje o dia esta lindo não acha?
- Porque você esta aqui?
Piatã não se conteve, queria ficar sozinho, queria pensar e aquele homem se
aproxima dele comentando sobre o dia o irritava, tinha coisas muito mais importantes
para pensar, não tinha tempo para ouvir qualquer coisa de Nhadeara.
- Calma, somente vim ver como você esta.
- A derrota te fez ficar preocupado comigo?
- Vejo que ainda possui orgulho, e como sempre os sentimentos errados te
dominam.
- Você ainda não respondeu minha pergunta... Porque esta aqui?
- Suas lagrimas estão em todo o chão de Khatibu e isso esta atormentando os
espíritos de Rudá.
- Que espíritos são esses?
- Todos que sorriram para você hoje, cada criança e adulto são servos e espíritos
do Deus do amor.
- Mas eles possuem carne e osso como podem ser espíritos?
- Os espíritos de Khatibu podem assumir qualquer forma, são espíritos livres,
Rudá lhe deu a liberdade e assim eles podem escolher serem crianças ou adultos, pois
assumindo qualquer forma, eles podem mostrar qual a pureza de seu coração, sendo
adultos ou crianças, todos são puros aqui.
Tanta coisa estava a aprender, era tudo tão diferente em Khatibu, existia magia e
fé, e Rudá estava no controle de tudo, porem Piatã não entendia como as tribos viviam
distantes, sendo criaturas de um criador que os deixava para trás em suas guerras e que
não ouvia suas preces.
- Porque você esta aqui?
- A pergunta certa não seria, por que você Piatã esta aqui?
- Não pedi para vir você até aqui.
- Eu sou livre Piatã, posso ir onde bem entender.
- Eu estava sozinho aqui e você chegou cortando meus pensamentos.
- Seus pensamentos estão confusos não adianta nada você pensar.
- Não quero ouvir sua opinião.
O caçador estava se enfurecendo com Nhadeara, pois este conhecia tudo sobre
sua vida, e a raiva de saber existir pessoas que conhecem seus pecados o amedrontava,
pois ele não possuía sentimentos puros e nada em sua vida o fazia ser digno de perdão
ou aceitação das pessoas.
- Irei te perguntar somente mais uma vez, por que você esta aqui?
- A pergunta certa é por que o grande caçador esta aqui. Rudá te escolheu não
entende? Eu sempre estive aqui, e agora você esta em um lugar abençoado. A pergunta
certa é por que você Piatã esta aqui, se você achar essa resposta, outras respostas viram
conseqüentemente.
Piatã não tinha argumentos para aquele homem, ele sempre sabia as respostas e
sempre trazia perguntas que o incomodavam, era algo diferente saber que alguém sabia
sobre ele, sendo que ele não dividiu nenhum problema ou alegria com Nhadeara.
O vento levantou o cabelo de Nhadeara e o caçador conseguiu ver uma imagem
em seu pescoço havia uma estrela com diversas pontas, o caçador nunca tinha visto
alguém com imagens em seu corpo e ficou um pouco assustado com o homem, o cabelo
de Nhandeara caiu novamente, deixando o caçador curioso sobre a imagem em sua pele.
- Que imagem é essa em seu pescoço?
- O que você perguntou?
- Que imagem é essa no seu pescoço?
- Conseguiu ver?
Piatã percebeu que Nhandeara ficou assustado ao saber que ele tinha visto a
imagem em seu corpo, e o caçador começou a ficar mais curioso para saber o porquê
daquela imagem estar em seu corpo.
- Esta imagem em meu pescoço é o pacto que fiz com Rudá, tenho uma missão a
cumprir e essa imagem sela um contrato para que eu não me esqueça de cumpri-la.
- Todos que tem missão têm essa imagem?
- Haha, não existem muitos seres envolvidos em missões, somente os escolhidos
e os escolhidos são poucos.
- Aceitando a missão, terei que ter essa imagem em meu corpo?
- Não essa imagem, pois cada um tem uma missão e imagem especifica e todas
as missões têm algo a ensinar para os escolhidos.
- Qual a sua missão?
- Um dia você ira descobrir. Ainda não é a hora de saber sobre mim, mais sim
sobre ti, eu já aceitei a minha missão e você ira aceitar a sua?
- Não sei, estou confuso, tenho muito que pensar.
O caçador levantou e olhou para o horizonte, tudo em sua mente estava confuso,
porem ficou feliz de Nhandeara ter ido falar com ele, assim ele pode não pensar tanto
em seu conflito.
O lugar onde se encontrava, ele bem sabia tinha todo seu futuro e desde a terra
onde ele pisava e os espíritos que ali estavam seriam capazes de mudar tudo o que ele
era. Talvez um novo homem pudesse surgir, ou apenas um ser mais inferior ele se
tornaria, porem ele teria que decidir quem seria a partir da aceitação ou recusa da
missão.
- Vá a sua cabana e descanse.
- Não preciso de suas ordens.
- Acalme-se, é somente um conselho.
Piatã não suportava Nhandeara, tudo que ele dizia era o que ele precisava ouvir e
isso irritava, pois ele sabia que aquele homem escondia e sabia de muitas verdades que
o caçador desconhecia.
O caçador então saiu da presença de Nhadeara, indo para a sua cabana, sua
mente estava a cada momento mais confuso, tantas informações ele estava descobrindo
e assim não estava conseguindo decidir qual a decisão certa a tomar.
A cada passo as pessoas o tratavam com educação e isso a cada momento o
trazia mais consciência de que a sua missão tinha algo em especial, que fazia os
espíritos o tratarem com tal cortesia.
Quando entrou em sua cabana, as lembranças da imagem da mulher na pedra o
fizeram sorrir, ela era tão linda e possuía um olhar tão penetrante e bondoso, e a cada
momento que se lembrava dela, fazia seu coração pulsar em um ritmo diferente, um
sentimento intenso que ele jamais sentiu.
Rudá estava depositando confiança nele, Piatã não podia negar que apesar de
seus conflitos estaria disposto a aceitar a missão se no final encontra-se com a índia que
lhe trazia novas sensações, ele necessitava ter alguém em seu coração, pois desde que
recusou as mulheres de sua tribo, a certeza de não ter ninguém a quem ele amasse
atormentava sua mente e a vida perdiam um pouco do sentido que seus pais sempre o
ensinaram.
A solidão constrangedora o ofendia e a cada momento ele se lembrava de sua
tribo e o amor que havia entre os casais, a união corporal seu pai sempre dizia era
apenas a ligação dos corpos, mas nunca seria maior que a ligação de dois corações que
se amam. A lembrança de seu pai e a mulher que ele agora estava a desejar estava se
condensando em sua mente, tudo que ele aprendeu foi colocado a prova e diante de seu
povo ele foi recusado, mas mesmo com tudo que aconteceu, Rudá ainda quer dar uma
missão a ele, nada fazia sentido.
O caçador sempre buscou aventuras e agora estava entre recusar a maior missão
da sua vida ou recusá-la, o pedido de Rudá era algo que pesava em sua mente, e a
confusão de ter que decidir novamente seu futuro o assediava, conflitos e incertezas
eram os pensamentos de Piatã.
Então ele deitou em sua cama, necessitava limpar a sua mente de toda confusão,
queria somente esquecer-se de seus conflitos por alguns minutos, para tomar a decisão
correta.
Seus olhos foram se fechando, o sono era a única ação que o traria paz, para
assim excluir toda a indecisão que ele sentia porem ao cair no sono, o mundo dos
sonhos retornou, e a lembrança da mulher estava nítida em sua mente, a cada momento
seu olhar e sua meiga voz o encantavam, mas seu sonho tornou pesadelo, quando um
homem se aproximou da índia a obrigando a ter relações com ele.
Piatã acordou assustado, não queria perde-la, mesmo se ela não vivesse, em seus
sonhos ela lhe trazia paz e agora diante de tantos conflitos, ela também o estava a
amendrontrava.
Não havia mais outras opções, era o momento de aceitar sua missão, estava
cansado de seus conflitos e sonhos o atormentando, era o momento de mudar sua
realidade, este sempre foi seu plano, ser alguém importante em seu povo e agora ele
poderia ser importante para Rudá, o criador de sua existência.
Quando saiu de sua cabana, a decisão pulsava em seu coração, não queria ver
mais ninguém sofrer, era o momento de mudar a realidade de todos ou pelo menos dele
mesmo, algo teria que mudar, e isso fazia a sua decisão se tornar a cada momento mais
intenso, estava cansado de conflitos, queria paz e somente com sacrifícios e escolhas ele
poderia encontrar.
Os espíritos não o cumprimentaram na sua saída da cabana, todos estavam
sentindo que algo estava a mudar, uma nova era começaria com aquele que estava em
sua terra, e todos sabiam dos planos de Rudá para o caçador.
Um novo homem, uma nova terra, uma nova fé, todos estavam depositando seus
sonhos nos passos decididos de Piatã, e agora eles podiam novamente acreditar que em
algum momento, haveria uma nova nação e não povos divididos por glórias falsas.
Piatã começou a procurar Rudá em todo lugar, queria aceitar a missão, ele sentia
que era o momento de parar de ser confuso para sua própria segurança mental, e ser
alguém novo, digno de ser o protagonista de uma missão desconhecida que mudaria a
sua visão do mundo que ele pertenceu.
Começou a perguntar aos espíritos onde estava Rudá, porem ninguém o
respondia então em sua mente chamou a Rudá, no momento que o chamou o Deus do
amor se aproximou dele chegando de repente.
- Já era hora de me chamar, estava ficando ansioso para sua resposta- Rudá riu
suavemente, era o momento que ele esperava desde o nascimento de Piatã.
- Eu quero aceitar essa missão, somente me responda uma pergunta.
- Faça
- Qual a razão de você me escolher?
Rudá então levantou seu cajado e tocou no coração de Piatã e então disse:
- Vês meu cajado pode tocar seu coração, você é um homem de caráter puro, em
sua vida mesmo em seus erros, você sempre pensou-nos outros, todas as suas caçadas
você entregou os animais a mim, antes de entregar a seu povo, quando recusou as
mulheres de sua tribo, era necessário acontecer e quando tocou aquela mulher foi seu
instinto e seu medo de perder seu amigo o fez estar com ela, mesmo sem amá-la você
deixou seus sentimentos de lado, para poder fazer seu amigo viver em paz. Seu caráter é
puro, você não se corrompeu com o que viu e continua com a determinação que
coloquei em seu coração quando você nasceu.
Quando o caçador olhou para o cajado, lembrando das lendas de sua tribo, nunca
pensou que ele algum poderia ser considerado alguém de bondade e coração bondoso
para ser aceito pelo poder de Rudá, e agora ao estar diante do Deus do amor e sentir que
era aceito por seu criador, a certeza de aceitar a sua missão era a felicidade que agora
ele sentia.
Então o caçador se ajoelhou diante de Rudá e finalmente com decisão disse:
-Aceito a missão, afinal não tenho nada a perder.
E assim os dois sorriram o Deus do amor e sua criação agora estavam para
iniciar uma nova era, era o momento de ser alguém novo, de mudar os povos e somente
o caçador, Rudá sabia, teria capacidade para tal missão.
- Levante-se, e vá se banhar, à noite terá uma festa em comemoração a sua
escolha.
Piatã foi á uma cachoeira que tinha nos arredores de Khabitu, lembrando assim
de Nhadeara o dizendo no dia em que ele chegou a esse novo mundo, quando ele estava
começando a acordar no dia que desmaiou.
Ao chegar à cachoeira tanta alegria e paz de ter aceitado a sua missão o
animou, agora ele poderia ser digno de algum voltar a seu povo, pois agora ele estava
em missão com Rudá, o Deus que todos os povos adoravam.
Ao anoitecer ele saberia qual missão seria e mesmo sem saber o que o futuro o
reservava, ele estava dedicado a lutar, não queria mais viver em uma dor que não
poderia ter cura, não queria mais viver preso no passado da suas escolhas, mas sim lutar
pelo presente que o caçador podia sentir estava reservando surpresas.
Quando saiu da cachoeira, a lembrança do sonho o machucou, ele queria lutar
por aquela mulher, queria conhecê-la e um dia talvez pertencer somente a ela, talvez ele
estivesse apenas carente, mas ele não podia negar que a beleza daquela mulher era
diferente, ela possuía uma doçura que trazia paz aos conflitos de Piatã.
Tanta coisa em sua vida mudou desde que recusou as mulheres de sua tribo, que
ele não se reconhecia mais, ele mudou muito, sua escolha o trouxe mais certeza de que
ele não seria mais um homem preso aos conceitos, mais sim um homem livre até
mesmo dos conceitos que ele mesmo se prendia.
Piatã andou na cidade, tantas coisas belas ele pode ver, que quando estava em
conflitos, não foi capaz de enxergar e agora que as suas decisões tomavam mais
intensidade, ele podia ver o lugar onde estava e não se arrepender de quem ele era.
Os espíritos olhavam para ele e estavam animados com a decisão dele, todos
tinham esperança que a missão de Rudá mudaria não somente a realidade do caçador,
mas sim mudaria a realidade de todos.
- Piatã que felicidade você trouxe a nós, aceitando essa missão.
Nhadeara chegou com alguns espíritos-crianças, todos os espíritos foram
correndo abraçá-lo e Nhadeara abraçou o caçador.
- Somente com as crianças você quer se aproximar de mim? Esta com medo
agora que aceitei a missão?
- Não, somente trouxe as crianças que te admiram. Não tenho medo de você,
nem de sua missão.
- Como soube que aceitei a missão?
- Rudá avisou a todos da festa de sua aceitação a missão, todos estão preparando
o melhor de cada função que são bons.
Uma das crianças-espiritos, puxou a mão de Piatã e o chamou para baixo e disse:
- Agradeço muito, você não sabe a felicidade que trouxe a mim.
Quando disse isso, beijou o rosto do caçador, e uma força espiritual Piatã pode
sentir, aquele lugar trazia paz, ele não podia negar e as pessoas que o rodeavam, até
mesmo Nhadeara o traziam conhecimento e aceitação de quem ele era.
- Posso conversar a sós com Nhadeara crianças?
- Te esperamos na festa a noite, grande caçador.
Então todas as crianças o abraçaram, quando elas se afastaram Nhadeara
perguntou:
- O que quer falar comigo?
- Sobre a missão, você sabe qual a minha missão?
- Sei, mas não posso dizer a noite Rudá te contara.
- Mas... Porque tenho que esperar, todos sabem estou sentindo isso, e eu que
aceitei a missão não sei de nada.
- Ao anoitecer, as palavras serão ditas pelo Deus do amor e não espíritos
inferiores, como eu e todos que vivem neste lugar.
O caçador começou a acalmar sua curiosidade, não havia o porquê fazer mais
perguntas sobre sua missão era o momento de esperar anoitecer e assim todas as
perguntas seriam respondidas.
- Você já foi aceito por Rudá, em um mundo com o que você vive você
continuou sendo puro, acalme sua curiosidade, deixe Rudá dizer na hora que ele quer
dizer.
Piatã ao anoitecer nasceria de novo, um futuro desconhecido e uma missão
divina ele atuaria, o caçador não seria mais guerreiro, e somente uma nova criatura e um
novo homem nasceria, servindo a Rudá.
- Irei a minha cabana.
- Quando anoitecer vá à cabana de Rudá, a festa acontecera será realizada ali.
- Tudo bem, vou a cabana a noite
Ao se retirar, foi correndo a sua cabana, tanta alegria existiam a o que Rudá
estava a lhe entregar uma missão e somente o caçador da tribo da guerra, pode participar
de algo abençoado por Rudá.
Ao anoitecer, Piatã foi à festa de aceitação a missão e todos os espíritos estavam
reunidos na cabana de Rudá e todos estavam animados pela aceitação do caçador.
A partir daquela noite, as coisas tomariam caminhos desconhecidos, e mesmo
sendo desconhecidos, trazia paz, pois os planos seriam de Rudá e abençoaria as coisas
que viriam desde então.
A cabana de Rudá era a maior de Khabitu, e na festa todos conseguiram ter
lugares para sentar e trazer o alimento que cada um sabia fazer, a casa de Rudá agora
trazia união a todos.
Piatã entrou na cabana, e olhou para todos os detalhes da cabana, desde os
músicos com instrumentos que ele desconhecia e os alimentos exóticos que os espíritos
fizeram. A cabana tinha luzes e uma grande mesa, onde todos podiam sentar e neste
lugar o caçador começou a sentir que queria sempre pertencer ali.
- Piatã você chegou, estávamos te esperando.
Rudá viu Piatã e foi cumprimentar ele.
- Não agüento mais de ansiedade pela minha missão.
- Tudo há seu tempo, grande caçador.
Todos os espíritos vieram abraçar Piatã e a cada abraço, o caçador podia sentir
as energias espirituais, e perceber que quando estavam felizes as intensidades
aumentava e a percepção de somente estar próximo deles, já o fazia sentir a
responsabilidade da alegria dos outros.
- Sente todos, esta na hora da aceitação. Piatã venha aqui.
Rudá retornou para seu trono e chamou Piatã para assim iniciar o processo que
mudaria a realidade que cada pessoa e espírito viviam.
Piatã se aproximou do trono de Rudá, e seu pensamento pessimista que antes ele
sentia, não existia mais em sua mente, e a dor de perder tudo, agora o trazia paz, pois ele
estava a ganhar algo muito mais importante do que a recusa de não ter dormido com
uma mulher.
Rudá levantou e tocou no ombro de Piatã e então disse:
- Agora iniciaremos o processo de aceitação de Piatã.
Quando disse isso, abraçou o caçador e depois pegou seu cajado com Nhadeara,
e olhando para todos começou a fazer algumas perguntas:
- Piatã, você aceita a missão que vira?
- Sim aceito.
- Aceita as lutas e a dor que sentira?
- Estou disposto a sofrer.
- Ira seguir seu coração puro e não seus impulsos de seu corpo pecador?
- Sim irei.
- Buscara a paz acima de tudo e evitara sangue desnesario?
- Evitarei.
- Então hoje se inicia uma nova era para nossos corações, a sua missão Piatã será
unir todos os povos e trazer paz a este mundo.
Ao ouvir sua missão o caçador ficou assustado, teria que ir a todos os povos e
até mesmo retornar ao seu, seria impossível conseguir tal ato, nenhum povo estava
aberto a estrangeiros e ele bem sabia que não existia criaturas capazes de levá-lo a todas
as tribos.
- Mas como irei unir os povos. Sou incapacitado e serei estrangeiro, nenhuma
tribo aceita desconhecidos.
- Você esta recusando sua missão?- Rudá disse então e olhando para o caçador,
somente esperanças ele estava a sentir.
- Não estou, aceitei a missão, mais não conseguirei sozinho.
- Você terá ajuda, Nhadeara ira te acompanhar nessa missão.
- Eu disse que aceitei a missão e não me arrependo da minha decisão.
- Então se aproxime grande caçador, seu renascimento começa hoje.
Piatã se aproximou de Rudá e então o cajado do Deus do amor tocou em seu
coração, e então ele começou a dizer:
- A partir de hoje, a sua missão será sua vida e partir de hoje a sua vida eu irei
cuidar.
E assim o cajado começou a soltar luzes e essas luzes foram indo em direção a
Piatã, as luzes vieram com tanta intensidade que ele se ajoelhou, muito dor estava a
sentir e então quando a luzes chegaram a seu coração, um desenho foi se formando na
pele do caçador, o desenho começou a formar e assim em seu coração outras energias
foram dominando seu corpo. Enquanto a tatuagem era feita, Piatã foi então puxado para
o alto, seus pés não estavam mais a tocar o chão e a imagem que estava a surgir em seu
corpo, começava a se tornar um desenho, o desenho que sempre o lembraria de sua
missão.
Na pele onde seu coração estava a pulsar, a imagem foi se transformando em um
sol e dentro desse sol, possuía um nome, um nome desconhecido ao caçador, mas que
algum dia seria revelado à razão desse nome.
A pele do caçador estava sendo cortada pelas luzes e a imagem em seu corpo, foi
se tornando mais intensa e detalhada, e todos então puderam confirmar em seus
corações que uma nova era se iniciava.
- Hoje meus amigos estão vendo o inicio de um verdadeiro guerreiro, que lutara
para o bem de todos. Essa tatuagem que se inicia em seu corpo, será a lembrança para
Piatã, para que a cada luta lembrar que sua missão é de paz e que sangue desnesario não
devera ter.
Piatã então foi abaixando, as luzes que fizeram a tatuagem em seu coração
retornaram ao cajado de Rudá e então o caçador se ajoelhou diante do Deus do amor e
disse:
- Irei cumprir a minha missão e serei seu servo.
Então todos os espíritos de Khabitu gritaram em alegria o nome do caçador, e a
alegria que tanto estavam esperando sentir, veio mais intensa do que em seus sonhos de
ter a paz futura.

Um novo homem surgiu e agora o caçador podia sentir que queria que todos os
povos pudessem viver como ele estava a viver ali. Pertencendo a Rudá e servindo a
missão sua vida estava encontrando um novo sentido, uma razão para sonhar que um dia
tudo poderia mudar.

6. Um novo caminho

Moema sentia toda a responsabilidade das palavras de Potira, o mundo não


mudaria até que alguém a aceitasse mudá-lo e saísse do conformismo que todas as
tribos possuiam. A fé que a grande sacerdotisa era algo lúcido demais para a pequena
índia, sua fé estava abalada por tudo que viveu e por todas as experiências que viu da
sua tribo.
As pessoas perderam o respeito por Rudá e agora Huah, o mundo na qual ela
pertencia, agora era comandado por homens impuros e que conquistaram seus tronos
com sangue impuro e causando dores a todos.
As imagens ainda estavam a rodear a mente da menina, tanta maldade existia em
seu mundo, um mundo dominado pelo poder e não pelo amor, um mundo que desonrou
o seu criador.
Agora ela entendia o porquê de as uniões de sua tribo ser tão infelizes, os
homens estavam sendo controlados pela possessão e por ganância, os relacionamentos
de sua tribo sempre foram infelizes, porque sempre foram unidos por razões ridículas e
egocêntricas. O amor não existia e foi os povos que o perderam, quando Rudá estava
disposto a entregar tudo que ele era,o Deus do amor.
- Você terá que sair da tribo e terá que seguir Rudá, esse é o destino que ele
planejou para você. Vai aceitar ou vai ser como os homens da nossa tribo, dominados
por si mesmos?
- Irei seguir a Rudá, porem estou a sentir medo do que vira.
Potira estava a se entregar mais e mais aquela menina, pois em tudo ela lhe
trazia paz que somente um filho poderia trazer, a menina na qual ela estava a olhar era
uma escolhida de Rudá e a grande sacerdotisa um dia também foi escolhida para ser a
escolhida de Rudá para seu povo, há muito tempo atrás, quando o rei era outro e quando
a tribo das sombras não o atacava.
Moema estava assustada com tudo que viu e estava querendo decidir se
realmente seria capaz de seguir Rudá e se sua fé era forte para suportar os problemas
que aceitar o que Rudá pedisse.
A pequena índia se tornaria uma mulher diante de Rudá, porem ela não sabia
estar disposta a estar com o Deus do amor que ela nunca viu e seguir cegamente para
onde ele a direcionasse.
- Pequena você esta realmente decidida a seguir Rudá?
- Não sei Potira, não sei si tenho fé.
- Ninguém tem fé suficiente, mais quando falta à fé, é necessário ter coragem pra
se arriscar. Os lideres de todas as tribos estão corrompidos porque tiveram coragem no
lado negativo da humanidade, esquecendo de quem os criou e a missão que cada pessoa
leva quando nasce você pode mudar isso, mudar a sua realidade. Você precisa de fé,
mais antes dela precisa de coragem para se arriscar.
- Preciso de um tempo para pensar.
- Estarei esperando sua resposta.
Então a índia foi deitar, sua mente estava em conflitos sobre tudo que Potira
havia dito, sua cabeça doía e sua vida estava sendo colocada em risco em qualquer
resposta, pois tanto aceitando ou recusando, coisas negativas viriam a ela.
Rudá eu não tenho coragem para confiar em ti, me ajude a te servir, prove para
mim que não me deixara, preciso ter coragem para ter fé em ti, porem não sinto possuir
nem fé, nem coragem.
Moema fez uma prece a Rudá, seus conflitos a estavam a atormentando e
precisava de uma ajuda maior, ajuda do seu criador.
Pequena, seus passos antes mesmo de nascer, foram vistos por mim, seu futuro e
seu passado eu os conheço, sei dos seus medos, mais também sei que enquanto você não
se entregar a mim, não poderei atuar em sua vida.
A menina então começou a chorar, querendo encontrar coragem para se entregar,
e então em sua mente vieram todos os conflitos que as tribos possuíam e a sua tribo,
todos os conflitos causados por homens sem fé, ela não queria possuir esse destino, era
hora de ela mudar, mudar pelo menos a sua realidade.
Então em seu coração algo começou a mudar e sensações diferentes ela começou
a sentir, um novo sentimento, talvez a coragem para ter fé estivesse começando a tomar
conta de suas decisões.
Moema pegou uma folha de couro que Potira tinha e começou a escrever todos
os seus sentimentos, tudo o que ela estava a sofrer e o que o futuro estava reservando
para ela, tudo o que ela sentia estava naquela folha e quando terminou escreveu no final:
Para meus pais, aqueles que eu amarei até o fim.
Ela segurou em suas mãos a carta e foi tentar descansar, queria iniciar um novo
começo em sua vida, e o medo e a coragem estavam em confronto em seu coração e as
cosias em sua vida a cada momento iriam mudar mais e mais.
Moema não queria mais viver na realidade que estava sendo imposta, não queria
ficar presa a conceitos de homens sem coragem para acreditar em Rudá e não queria
fazer parte da prisão emocional que as uniões da sua tribo possuiam. Era o momento de
ela mudar a realidade, aceitar a Rudá, seria o primeiro passo e o inicio para iniciar novas
lutas, porem pertencendo ao lado correto da vida.
Então ela se levantou e foi até Potira, não queria mais olhar para trás, era o
momento de escolha para mudar sua realidade, e a menina estava satisfeita, pois sentiu a
presença do Deus do amor a ela aceitar a missão que ela estava destinada.
- Irei à missão. Não quero mais ficar presa aos conceitos das tribos, irei lutar,
mesmo que morra, vou lutar por Rudá
Potira limpou as ultimas lagrimas do rosto da pequena e assim a sua fé começou
a aumentar mais e mais ao ver que aquela que estava em seus braços mudaria a
realidade que tanto massacrava a todos os inocentes.
A grande sacerdotisa fez uma pequena prece a Rudá entregando o futuro de
Moema em suas mãos, e em sua prece o inicio da uma nova era, ela estava sentindo,
todos os conflitos estavam a terminar, e a menina que agora estava diante de seus olhos,
agora era a escolhida para a missão do Deus que tudo criou uma pessoa escolhida pelo
próprio Rudá para lutar pelos conceitos dele.
- Com essa escolha, novos caminhos se abrirão e novos conflitos se iniciarão. O
caminho que escolhestes trará a paz aos povos, este é o plano de Rudá e você será usada
por ele, até que nosso mundo retorne a ser o que era.
- Não irei recusar o que ele me pedir, vou lutar e assim fazer a vontade de Rudá.
Potira se levantou e foi até uma grande caixa e a abriu, retirou então uma espada
com um grande cabo fino e nesse cabo possuía duas cores, a cor roxa e a preta, dentro
da lamina da espada estava uma linha grossa roxa que se unia ao cabo. E entregou à
índia a espada e disse:
- Esta espada Moema, possui o sangue de muitos, antes mesmo de eu possuía, a
história do sangue que ela traz é contada em todas as gerações, esta espada foi entregue
ao primeiro sacerdote e hoje estou a entregá-la a você te peço não desonre a espada que
o próprio Rudá entregou aos homens, ela um dos poucos materiais que ainda mostram
que Rudá ama seu povo e ela é ainda a ligação do homem e o criador para fazer a justiça
necessária.
Moema tocou o cabo da espada, e a certeza de que haveria sangue em seu
caminho a incitou a sair logo do lugar onde estava e fazer a vontade de Rudá, seus olhos
estavam a brilhar, pois sabia que o destino de muitos dependia dela e da espada que
agora ela empunha.
O sangue que aquela espada trouxe e traria era sangue impuro de pecadores que
não pedem perdão e era necessário retirar o sopro de sua vida, para assim as pessoas de
outras tribos pudessem pertencer a Rudá e não a homens sem fé.
- Irei lutar por Rudá e não irei desistir até que tudo esteja terminado.
Potira sentiu uma onda de emoções, pois a índia que estava diante dela, agora
era uma serva de Rudá e somente Rudá agora poderia mostrar a ela o caminho e as
escolhas certas a fazer.
- Moema é hora de você sair da tribo, o povo esta em conflito querendo
descobrir logo se terá casamento ou não, Jelani chamou os guerreiros para entrarem a
força em minha cabana, você precisa ir embora, antes que todos a vejam.
A menina então se aproximou da grande sacerdotisa e beijou o rosto e então
disse:
- Obrigado por tudo que fez por mim, você me deu uma missão e fé, quando
tudo acabar, quero estar com você servindo a Rudá.
Potira então chorou, era o momento de despedida, e o momento de deixar
Moema livre para seguir os passos do Deus do amor, assim iniciando um novo mundo
para todos que ainda possuem fé no poder de Rudá.
Moema a abraçou fortemente e então disse:
- Vou lutar para que um dia você possa ver Rudá diante de seus olhos, esta é
minha promessa.
- Um novo caminho se inicia para você minha pequena, lute por Rudá e ele não a
deixara.
Então se abraçaram novamente, e as duas choraram, pois o destino estava
separando-as, foram pouco tempo juntas, porem o que as unia era eterno e intenso, pois
Rudá estava atuando na união da amizade delas.
Potira levou Moema para os fundos da cabana, e a cortina que a entrada dos
fundos a grande sacerdotisa abriu, um grande garanhão negro estava à espera da índia e
a grande sacerdotisa disse:
- É meu melhor cavalo, esta entregue a você, cuide dele como um dos meus
pertences mais preciosos.
E novamente abraçaram, a separação estava machucando seus corações, elas
tinham tanto que aprender uma com a outra, porem o tempo não estava permitindo, era
o momento de Moema mudar o destino de todos e Potira novamente ficaria sozinha
acreditando no Deus do amor.
Moema entregou uma carta para Potira e disse:
- Entregue aos meus pais, quando a guerra chegar, e mostre a eles o porque de eu
fugir sem me despedir.

A cortina da entrada da cabana da grande sacerdotisa fez um barulho e a voz de


um homem as duas ouviram.
- Suba logo no garanhão, talvez seja Jelani.
- Mas e você não pode ir comigo?
- Não Moema, seu destino esta fora dessa tribo, o meu esta aqui.
Potira amarrou umas roupas no cavalo com uma corda e disse:
- Troque de roupa para assim não ficar presa aos movimentos da roupa do
casamento, agora vá e não perca sua fé.
A índia então subiu rapidamente no cavalo, e os passos que estavam dentro da
cabana começaram a se aproximar delas, a voz de um homem então elas ouviram:
- Onde esta minha noiva?
Moema então começou a galopear no cavalo, fugindo de Jelani e olhou para trás
vendo Jelani batendo em Potira e pegando um cavalo indo atrás da índia.
O cavalo que Potira a entregou era o mais rápido, mas Jelani batia com tanta
força no cavalo que pegou da sacerdotisa, que a velocidade estava se igualando ao
cavalo da índia.
Jelani estava com um olhar de ódio e a força que ele estava batendo no cavalo, o
casco do animal batiam no chão de uma forma intensa que o som fazia pensar que
estava ficando machucado e isso irritava mais a Moema ao ver que um homem de um
nível tão inferior a escolheu como parceira.
Moema começou a implorar para que o cavalo fosse mais rápido, porem o
guerreiro se aproximou dela e a puxou para o chão. A raiva de ter perdido do guerreiro a
fazia querer fazer justiça com as próprias mãos e a estava que ela estava a segurar a
fazia desejar mais do que nunca o sangue do guerreiro impulsivo.
- Você não pode fugir você me pertence.
- Não pertenço a você, mais sim a Rudá.
Jelani então começou a rir ironicamente para a índia e disse:
- Rudá não existe, é apenas uma lenda para os tolos que precisam de fé para
viver.
- Os mais tolos são aqueles que não acreditam.
- Você é ridícula Moema, nunca nenhum homem da tribo a aceitou e no
momento em que eu a aceito como minha companheira, você foge.
O guerreiro então cuspiu no chão, desprezo e ódio eram nítidos na visão da
índia, mas ela bem sabia que ele não poderia atrapalhar seu destino, e ela não estava
disposta a perder tempo com alguém como ele.
- Você ira voltar comigo para nossa tribo e não ira fugir mais.
- Nem estamos casados e já esta impondo coisas a mim. Você é somente um
menino impulso querendo correr do colo da mamãe.
- Você me pertence, e não quero perder mais tempo com seu falatório
desnesario.
- Eu não pertenço a Ti, você não entende esta perdendo seu tempo comigo, não
tenho o mínimo de interesse em um menininho como você.
O guerreiro então desceu do cavalo e avançou na menina, e a espada de ambos
começou a se tocar, o ódio que estava empunhar suas espadas e o desejo de ser superior
estava no coração de ambos.
Jelani a atacava ferozmente, como se somente o sangue dela o trouxesse paz e a
menina estava a defender e atacar o homem que ela nunca quis pertencer.
Moema então deu um soco no rosto do guerreiro e cortou a mão de Jelani, o
fazendo cair no chão.
O guerreiro caiu no chão e a puxou para o chão ferozmente, tentando atacá-la
com a outra mão que estava segurando a espada, sangue e defesa a menina estava a
olhar e fazer, aquele homem não era digno de viver, ela bem sabia, mais mesmo assim
não era ela quem fazia a justiça e sim Rudá.
- Sua vadia, olhe o que você fez comigo.
- Nada mais do que você não merecia.
Jelani ficou furioso e pegou a espada rapidamente e fez um corte na perna da
índia, ela não viu a rapidez que ele a machucou, mas quando sentiu a espada cortando
sua pele, não evitou e fez um corte na costa dele.
- Não temos mais nada a resolver.
Ao dizer essas palavras a índia levantou em seu cavalo, a perna ainda estava
doendo pelo corte que Jelani havia feito porem ela não poderia parar, este foi somente o
inicio das lutas que sua decisão a trouxe, a perna que agora sangrava era somente o
início das dores que teria na missão por Rudá.
Jelani estava no chão furioso, mas ele não gritava, pois seria desonroso para ele,
as pessoas verem um guerreiro perdendo para uma índia inofensiva, ainda mais essa
índia ser a sua noiva.
Todo o orgulho do guerreiro estava por terra, pois uma mulher o derrotou e esta
mulher era quem ele havia escolhido para dominar, era desonrosa sua derrota e tudo que
agora ele possuía era o ódio e vontade de matar aquela que o humilhou.
- Irei me vingar de você Moema e mesmo que você algum dia retorne ao povo,
eu mesmo farei questão de matá-la.
- Faça alguma coisa às pessoas que eu amo e não vai ser somente a sua mão que
eu irei tirar.
- Você não poderá mais voltar à tribo para saber as coisas que irão acontecer.
- Talvez eu nunca saiba mais Rudá ira fazer justiça por mim.
Quando terminou de dizer cuspiu no rosto de Jelani e pisou no corte da costa,
deixando ele prostrado no chão e então somente disse:
- Curta sua derrota Jelani, pois somente isso o espera se mexer com os que eu
amo e desonrar o meu nome.
Moema subiu no cavalo e o fez galopear deixando o guerreiro a odiando por sua
derrota, um novo caminho estava iniciando para a índia e sangue e lutas ela teria que
travar, para assim Rudá atuar novamente em seu mundo.
Quando saiu do território da tribo, foi para o território das montanhas, o único
lugar onde poderia descansar e se alimentar, ela guardou a espada na bainha e começou
a olhar para tudo que a rodeava, ainda estava preocupada se algum guerreiro viria atrás
dela e ela não queria mais lutar nesse dia.
A espada de Moema ainda estava com o sangue de Jelani e não queria mais lutas
no dia da sua fuga, ela estava cansada e não teria mais forças para lutar.
Nas montanhas ela pode encontrar um pouco de paz nas lindas flores e os
pequenos animais que ali passavam, ela não agüentava mais ver sangue, precisava
encontrar um lago para lavar a espada ensangüentada e assim também se lavar.
Porem ela ainda teria que caçar o seu alimento, pois somente tinha se alimentado
de manhã e agora estava a anoitecer e a fome estava retornando.
Nenhum dos seres da montanha que ela viu, deu vontade de comer, e então para
pelo menos poder descansar sem fome, foi em uma das arvores e pegou uma fruta e no
chão pegou alguns insetos para alimentar-se.
A índia começou a ouvir um som de água e esse som estava próximo de onde ela
estava a pegar as frutas e os insetos, e levou o cavalo próximo onde estava a água.
Então a menina tirou a espada da bainha e a lavou a um lago, a purificação de
sangue impuro era necessária, ela não queria ter o peso de olhar sempre para a
lembrança de Jelani.
Quando terminou de limpar a espada a colocou novamente na bainha e tirou o
vestido que estava usando e foi se banhar, queria tirar todas as lembranças negativas do
dia, queria somente estar purificada novamente e sentir a fé em seu coração para assim
descansar em paz.
Ao banhasse, as lembranças das imagens que Potira a mostrou a faziam querer
resolver logo os conflitos do mundo, mas ela sabia que teria que esperar o tempo de
Rudá para assim atuar de acordo com a vontade do Deus do amor. Ela não era mais a
menina que somente fugiu de seu noivo, mais sim a mulher que estava destinada a fazer
a vontade de Rudá, seu destino estava traçado e ela somente teria que aceitar as
vontades do Deus do amor, assim fazendo sua fé e sua coragem crescerem a ponto de
não ter mais medo dos mistérios que o mundo esconde
Moema saiu do lago e vestiu uma calça de couro bege e uma camisa que Potira
amarrou no cavalo para que a índia pudesse se movimentar melhor.
Então ela levantou no cavalo e continuou subindo a montanha, até o momento
que achou um buraco na montanha aonde ela pudesse descansar, Moema amarrou o
cavalo em uma das rochas que estavam ali e usou a roupa que era do casamento para
fazer uma fogueira.
Ela pegou alguns matos secos e duas pedras e as uniu com força para iniciar o
fogo, demorou um pouco para acender, mais quando ele surgiu, ela se esquentou e
começou a descansar no chão.
Precisava de um descanso e queria esquecer-se do dia que teve, não queria mais
as lembranças a atormentando, somente queria apagar as memórias dos últimos dias
para assim poder continuar lutando com Rudá, através da fé que ela estava a sentir.
Tudo estava mudando para Moema, a realidade e os sonhos estavam se
distanciando mais e mais, e a missão que Rudá a entregaria a assustava, pois ela não
sabia qual seria sua atitude ao atuar em algo tão importante para todas as tribos.
O medo da falha e a vontade de ser alguém melhor travavam uma batalha em seu
coração, tudo que ela viveu até agora não se compara com o que Rudá planeja afinal ele
era o Deus do amor, sua vida estava nas mãos dele, mas ainda a sua coragem precisava
aumentar para ter fé nos caminhos que ele escolhesse.
Os conflitos só aumentaram desde o momento que ela aceitou a missão, os
problemas de sua vida cresceram tanto que agora ela não estava mais entre os seus, os
caminhos de sua vida tomaram um caminho que ela nunca pensou participar, o caminho
de uma missão desconhecida do Deus do amor, para muito isso seria suicídio, pois
poucas pessoas realmente possuíam fé naquilo que não viam.
Moema estava contra todos, acreditando em Rudá, pois todos os povos
mostravam ter fé em Rudá, porem não era o Deus que os criou que os comandava e eles
não buscavam a presença do Deus do amor para as suas escolhas, eram pessoas
dominadas por sua luxuria, esse era seu deus, e a morte do semelhante era o preço para
conseguir as metas que nunca estiveram planejadas quando Rudá os criou.
Os passos que agora ela daria, teriam que ser totalmente entregues a Rudá, pois
se não houvesse entrega, ela poderia escolher caminhos que não estava nos planos do
criador, os conflitos e as batalhas que travaria, teriam que ser por Rudá, se não ela teria
sangue inocente em suas mãos e também estaria perdida em suas escolhas e perderia o
controle próprio.
Quando ela deitou para dormir, não conseguia fechar o olho, pensando em tudo
que estava acontecendo em sua vida, agora ela não pertencia mais a sua tribo e não
poderia talvez nunca voltar a ver seus pais, ela estava sozinha, e seria guiada por um
Deus que nem sempre ela acreditava.
Teria que ter entrega, mesmo com medo, ela teria que ter fé, era difícil saber que
agora a sua vida somente dependeria das suas escolhas, antes, sua tribo e sua família
não ouviam suas opiniões, então para ela não fazia muita questão de fazer escolhas, pois
sempre existia alguém que decidia por ela, e agora ela estava entregue a suas próprias
escolhas, ninguém escolheria seus passos, ninguém a protegeria dos problemas, somente
a sua fé em Rudá poderia salva-la das lutas que teria.
Somente ela tinha o destino e a escolha a fazer agora, e o comodismo que antes
ela tinha teria que sumir de suas decisões, pois agora ela estava sozinha, agora ela era
uma serva de Rudá e teria que acreditar naquilo que ela não via.
Um novo caminho estava se abrindo para Moema, um caminho rodeado de
conflitos e decisões com conseqüências imediatas e conseqüências futuras com
impactos que somente ela sentiria, pois agora ela estava somente sendo guiado por
Rudá, o Deus do amor que ela nunca viu porem aquele que a estava entregando uma
missão.
Pensamentos positivos e negativos a impediam de dormir, a responsabilidade de
seu caminho a amedrontava e ao mesmo tempo a fazia querer lutar pelo que viria o
impacto se saber que agora ela era quem fazia as escolhas, a tornava forte e fraca, pois
no mesmo instante em que ela tomava às decisões na mesma intensidade as
conseqüências de sua escolha viriam de diversas formas. Moema não sabia se era
madura suficiente para suportar o que viria, puser somente vivendo as suas escolhas as
conseqüências a ensinariam.
Agora era o momento de amadurecer, e assim mudar a realidade dos outros
povos, mas antes ela teria que começar a mudar a ela mesma, para assim quando ela
tivesse que lutar pelos outros não se tornasse mesquinha por cumprir uma missão que
Rudá a estava entregando.
Moema não queria ser dominada por seu orgulho, queria somente que as suas
lutas fossem para o bem de todos, mas também sentia que sua imaturidade a assustava,
pois ela se desconhecia em momentos de vitoria, pois em sua vida nunca ganhou coisas
por conta própria e agora as vitorias seriam as suas conquistas e ninguém estaria ali para
dividir o que ela ganharia o orgulho ou reconhecimento, alguns desses dois sentimentos
a dominariam e trariam paz ou escuridão em seu coração.
Em tudo era ela que comandaria sua vida, pois Rudá a ajudaria a decidir os
caminhos, mas as escolhas somente dela, agora uma mulher surgiria e a menina que
antes brincava com o pai com espadas, agora lutaria para a sua sobrevivência e para a
paz futura que Rudá a entregaria no fim de tudo que teria que lutar.
O único pensamento que a fez esquecer-se de seus conflitos, foi o homem que
em seus sonhos sempre estava, as lembranças do sonho a acalmavam e a faziam querer
encontrá-lo, a única pessoa que a trazia paz era alguém que talvez nunca estivesse com
ela, pois antes de encontrá-lo, lutas intensas ela teria que travar e fé ela teria que
depositar no que Rudá escolhesse para ela.
Moema, descanse, esqueça seus conflitos, os conflitos vão vir, você não precisa
pensar naquilo que não aconteceu, deixe que o tempo a ensine e não se amedrontre eu
estarei com você.
A voz falou tão calmamente em sua mente que acalmou seus conflitos, ela
realmente precisava descansar os dias que viriam trariam o mal de cada um deles e ela
não poderia impedir nada do que a vida determinasse a ela.

Quando amanheceu, a índia estava com mais fé e estava confiante que Rudá a
ajudaria, pois agora ela somente dependia dele e se não houvesse fé, nada mais ela
conquistaria.
A solidão ela ganhou quando recusou se casar com Jelani, e agora ela era quem
teria que amadurecer na solidão que a sua missão traria agora ela era uma viajante, não
teria lugares fixos, pois estava a serviço de Rudá e somente teria descanso no fim desta.
Ela foi até o cavalo e o abraçou dizendo:
- Somente você será meu companheiro agora, que tal um nome para você?
Moema o abraçou ternamente e o acariciou, transmitindo toda a solidão de
somente ter um animal como companheiro.
- Dunsimi será seu nome, agora cuidaremos um do outro.
E beijou o focinho do animal, e se afastou dele, saindo da caverna para caçar
algo para o alimento, estava com muita fome, pois tinha se alimentado muito pouco na
noite anterior.
Ao amanhecer Moema estava mudada, queria ser feliz, queria olhar para todas as
coisas com um olhar positivo, estava cansada de conflitos que não estavam a acontecer
rodeando a sua mente, era o momento de ser feliz, era ela quem agora escolheria e ela
não queria mais olhar o lado negativo da responsabilidade.
Sua caça, seu alimento, sua saúde seriam todos cuidados que ela tomaria sozinha
e suas lutas teriam a ajuda de Rudá, ela não poderia perder a fé no presente e no futuro,
pois agora ela era serva de Rudá.
Agora somente poderia confiar em sua fé e em tudo que aprendeu em sua tribo e
seus pais, tudo que eles a ensinaram, na solidão ela teria que ultizalas e os problemas
que viriam, seriam somente conseqüências de ter aceitado a missão de Rudá.
Quando saiu da caverna o sol a iluminava, um novo dia surgiria e a sua vida
seria entregue a Rudá, esse era o único meio de ela viver feliz, se ela vivesse somente
por suas escolhas e seus pensamentos, seria infeliz, pois não teria com quem
compartilhar os problemas e as alegrias que viriam.
Fora da caverna, pequenos animais estavam andando e Moema somente teve que
pegar a espada na bainha que estava perto de onde ela estava deitada para pegar a caça.
Havia animais pequenos para a caça e isso era o suficiente, sendo o necessário para ela
se alimentar, e alimentar o cavalo.
Um pequeno coelho passou próximo a ela e Moema não excitou em caçá-lo, mas
ele corria rápido e então ela subiu no cavalo para a caça ter mais velocidade, finalmente
à índia estava se sentindo viva, aquilo para ela era um momento de descontração, pois
estava a acreditar que as coisas seriam melhores nesse dia.
Ela caçou o animal e fez novamente a fogueira para se alimentar, deixando o
coelho esquentando e depois foi para o lago se banhar, para depois se alimentar.
Logo após se banhar, retornou a caverna e se alimentou e deixou o cavalo na
frente da caverna para se alimentar da grama que aquele terreno possuía, e enquanto se
alimentava começou a pensar em qual caminho teria que tomar para chegar a Rudá.
Ela queria muito fazer a vontade de Rudá, queria ser testada a aprovada por ele,
queria ter fé nas lendas de seu povo, e mesmo se fossem mentiras, queria ela mesma
fazer a sua historia com o Deus do amor, queria que a sua presença fosse mais marcante
no mundo e somente servindo ao seu criador ela poderia fazer tal ato.
O fogo que antes estava esquentando o coelho na qual ela estava se alimentando
começou a soltar uma pequena chama que saiu da pequena fogueira que ela fez, a
pequena chama começou a fazer imagens diversas e começou a se distanciar da
fogueira.
Moema ficou assustada pensando estar louca, mas não era sua loucura, o fogo
estava a chamando e essa chama começou a ter movimentos e ir para o fundo da
caverna, a menina então pegou a madeira que estava usando para comer o coelho e
rasgou um pedaço da sua camisa para fazer um fogo, para levá-la onde a pequena chama
estava indo.
Entrando no fundo da caverna, o fogo que estava na madeira foi sumindo e indo
para a pequena chama a fazendo a aumentar, e a chama foi tomando uma forma estranha
e mesmo assim a menina continuava a seguir.
A curiosidade de saber se aquela chama era realmente algo vivo a fazia seguir e
o fogo que ela trouxe na madeira a cada momento sumia e a pequena chama tomava
forma e aumentava.
Moema foi entrando a cada momento mais e mais no fundo da caverna e então
houve um momento que a chama sugou toda a luz que a madeira que ela havia trazido e
tudo escureceu.
Depois de alguns segundos a chama que estava frente dela, tomou a forma do
mundo como estava hoje, o mundo desunido pelos homens, um mundo quadrado,
trazendo distancia para os povos.
E a menina ouviu uma voz:
- Esse é o mundo onde vive, sua realidade é sua solidão e agora você me
pertence.
- Quem este ai?
- Sou Rudá, quero que me ajude a construir um mundo melhor.
- Deixe-me vê-lo, por favor.
Então o fogo mudou de forma e tomou o formato de um homem.
- Vê esse homem, ele esta escolhido a você, se me seguir, poderá fazer com que
a união de vocês seja realmente feliz, em um mundo que eu irei construir novamente.
- Deus do amor, deixe-me vê-lo.
- Moema entre nessa caverna e o seu pedido será atendido, tenha fé em mim e eu
a ajudarei.
O fogo então retornou para a madeira que ela estava segurando, deixando
Moema com a decisão de confiar no que Rudá havia dito através do fogo, ela não
poderia mais perder tempo com a sua indecisão, agora sua fé estava sendo testada,
precisava aceitar o que Rudá a estava pedindo.
Ela foi indo para o fundo da caverna, assim entregando seus passos ao Deus do
amor, para assim realmente ela ser digna de vê-lo.
Sua fé continuava pequena, porem sua coragem estava aumentando, seus passos
estavam desconhecidos, nada sabia do lugar onde estava somente acreditando em Rudá
poderia encontrar o caminho certo, e mesmo sem fé, a sua coragem teria que levar seus
passos.
A caverna estava a cada momento mais escuro, somente a luz da madeira
iluminava um pouco do seu caminho, e dentro da caverna não havia som
amendrontrando mais ainda quando ela tocava em alguma pedra no chão.
A coragem e a fé estavam sendo testada, sua vida dependia de seus sentimentos
e qualquer pensamento negativo tiraria sua meta de chegar a Rudá.
A escuridão da caverna estava a cada momento tomando conta e a luz que antes
existia no inicio dela, e agora somente a madeira com o fogo que ela trouxe, iluminava
vagamente seu caminho.
Seu medo seria sua maior escuridão, pois se ela permitisse o medo tomar conta
de seu coração, retornaria rapidamente para o inicio da caverna, e não voltaria mais para
aquele lugar.
Mas Moema estava sozinha e somente com o Deus do amor ela poderia
sobreviver no mundo, famílias e amigos estavam contra ela e sua escolha, ela teria que
ser forte e sozinha ela bem sabia que não seria capaz.
Enquanto caminhava na escuridão e seus passos eram guiados pela pouca luz
que possuía, sua mente voltou às lembranças de Potira, sua grande amiga. Moema ficou
emocionada ao lembrar-se do que a grande sacerdotisa disse:
Ninguém tem fé suficiente, mais quando falta à fé, é necessário ter coragem
pra se arriscar.
Sua fé a levaria a sua derrota ou a sua vitória, mas antes da fé ela precisaria de
coragem, foi isso desde o inicio, desde o momento que ela orou para Rudá quando
estava indo se casar com Jelani, e a partir dessa situação a vida dela mudou.
Ela conheceu Potira, a pessoa na qual a ajudou em seus conflitos e ela viu toda a
maldade dos povos, viu documentos e imagens do tempo presente na qual a sua geração
estava a participar, mas que nenhum dos seus sabia a maldade dos reis e a derrota dos
verdadeiros reis que era puro de coração.
Você precisa de fé, mais antes dela precisa de coragem para se arriscar.
Se arriscar, era a decisão que levaria Moema para um lugar desconhecido, mais
também era o que a traria paz, tudo em sua vida mudou radicalmente e desde que
ocorreram as mudanças, ela sempre estava se arriscando. Porém na caverna onde estava
ali ela teria que arriscar tudo, para assim poder vencer na missão que Rudá a entregaria.
A sua decisão traria paz ou tristeza a si mesma, ela poderia ser usada para os
outros povos e ajudar que algum dia tudo voltasse a ser como era, mas nada iria adiantar
se não começasse por ela a coragem para vencer.
Com essa escolha, novos caminhos se abrirão e novos conflitos se iniciarão.
A lembrança de Potira a emocionava, suas palavras sábias a ajudavam a
continuar andar na escuridão e seguir em frente para onde Rudá estava, era o momento
de entrega para a escuridão e ter coragem para acreditar que o melhor viria, seu
negativismo teria que ser esquecido e a entrega seria o início para as coisas novas que
estavam a vir.
Tudo ou nada eram as conseqüências de sua escolha, tudo que Rudá poderia
entregá-la se ela se entregasse e o nada de pertencer a um mundo derrotado como o seu,
antigamente ela vivia no vazio da sua tribo, mas mesmo assim ela conseguia ser feliz
por pertencer a sua família e amigos, porem agora nada disso ela possuía, estava
sozinho num mundo dominado pela maldade de homens sem glórias verdadeiras, pois
todos que estavam comandando os povos eram homens sem fé, homens querendo glória
a qualquer custo.
Você será usada por ele, até que nosso mundo retorne a ser o que era.
Essa foi a ultima frase de Potira antes que Jelani entrasse na cabana da
sacerdotisa, as últimas palavras de Potira sempre faziam Moema se entregar mais e mais
a Rudá e a certeza de que o destino de todos poderia estar em sua mão a fazia ficar feliz,
pois o Deus do amor estava querendo usá-la para o bem de todos. A sua existência não
era apenas existir, mais sim lutar por todos.
O fogo na madeira estava iluminando seu caminho, mas de repente o fogo sumiu
e a escuridão tomou conta de tudo ao redor, ela não poderia voltar atrás, pois não sabia
qual caminho tomar e a escuridão ao seu redor impediam que ela andasse para frente.
Então uma voz disse:
- Ande na escuridão.
A voz era a mesma que ela tinha ouvido no fogo, e sua coragem a impulsionava
a andar. A entrega ao desconhecido este era seu caminho e não poderia mais desistir do
que faltava pouco para acontecer.
Seu encontro com Rudá era isso que ela mais esperava, todas as suas perdas
seriam pequenas se pudesse estar com o Deus do amor, tudo teria sentido, sua fé e sua
coragem seriam suas aliadas, pois seus passos a levariam para onde a paz e a pureza
pudessem ocorrer.
Enquanto andava na escuridão, seus olhos foram se adequando ao escuro, e
assim ela pode pelo menos andar com mais segurança.
- Vá em frente.
A voz continuava a dizer, e sua fé continuava sendo testada, o inicio de uma
nova pessoa surgiria na escuridão, um coração mais puro nasceria para a menina que a
cada momento amadurecia para se tornar mulher.
Ela não seria uma mulher no olhar de seu povo e isso era conseqüência de sua
escolha, mais uma nova mulher com fé surgiria e mesmo que o povo nunca a aceitasse
novamente, ela tinha mudado, ela estava sendo moldada por Rudá e isso poucos
poderiam entender.
Os passos tomavam mais determinação, seus pensamentos estavam a ajudando a
lutar contra o medo e sua fé estava aumentando, algo novo surgiria em sua vida, ela
estava ansiosa para estar com Rudá, queria abraçá-lo e agradecer por ter tirado da
infelicidade da união, queria agradecê-lo por ter criado alguém tão especial como Potira,
queria estar logo com ele, queria sorrir com ele e aceitar tudo que ele disse.
Então foi tudo tão rápido, o fogo surgiu novamente e a imagem que surgiu
dentro dele foi do homem que ela sonhava e ela ouviu o fogo dizer:
- Seus passos estão te levando para um lugar desconhecido, poucas pessoas o
viram e você esta sendo escolhida por mim para ver um novo mundo que eu quero criar.
Se entregue a mim e mudarei sua vida, se jogue para a escuridão e eu cuidarei de você.
Moema começou a ficar assustada, porem a sua coragem não a permitiu se
amedrontrar, era seu ultimo testa antes de ver Rudá, não queria perder a única chance de
ser feliz.
Continuou andando e quando sentiu que não havia mais chão para andar, ela se
jogou no vazio, seus olhos se fecharam e sua fé iluminou seu coração e ao se entregar
não havia mais passado, somente a sua entrega a faria mudar tudo que o mundo estava a
aprisionar, o Deus do amor a ajudaria, sua fé e sua coragem a faziam acreditar que ele a
ajudaria.
Quando ela se jogou não sentiu mais medo do que viria e então quando estava a
tocar o chão, algumas luzes a envolveram e a fizeram sentir paz por sua entrega.
As luzes envolviam seu corpo e não deixaram sentir o impacto de cair no chão,
às luzes a envolviam faziam seus sentimentos a cada momento ficarem mais positivos, e
quando as luzes a deixarão tocar o chão, ela sentiu uma mão tocando a sua.
A mesma luz que estava em seu coração foi à mesma que tocou sua mão, seus
olhos abriram-se e um homem de cabelos longos e um cajado estava sorrindo para ela.
- Bem vinda Moema, estava a sua espera.
Moema não evitou e o abraçou, era Rudá ela sentia em cada parte do seu coração
que aquele era seu Deus, ela estava diante dele, tudo que ela passou teve um sentido,
tudo não a machucava mais. Rudá estava com ela.
Lagrimas e sorrisos começaram no rosto da menina, os sentimentos de felicidade
dominavam seu coração, realmente sua fé a trouxe no lugar de paz, sua coragem a fez
entregar a Rudá.
- Obrigado Rudá.
- Vamos, limpe essas lagrimas, estou do seu lado.
Então Rudá levantou a mão e limpou o rosto de Moema, as lagrimas que caiam,
ele as limpava e olhou para Moema e disse:
- Não há razão para chorar, você mostrou que merece lutar ao meu lado, e
realmente você é minha criação, provou ser minha quando caiu no vazio.
- Obrigado Rudá.
Moema pegou a mão de Rudá que estava a limpar suas lagrimas e a beijou, e a
tocou novamente em seu rosto, a felicidade estava incontida, tudo que Potira disse
realmente aconteceu e agora ela era uma serva do Deus do amor.
Somente a presença de Rudá a trazia paz, e seu coração e sua mente traziam toda
a pureza que um dia em sua infância ela possuía.
- Venha comigo Moema, quero te mostrar uma pessoa.
Rudá segurou a mão dela e sorriu ao encontro com a felicidade, era isso que
Moema sentia, mas não foi isso que aconteceu.
Enquanto andavam Moema reparou em cada peculiaridade que havia no lugar
onde Ruda estava e Rudá a guiou para uma parede grossa de gelo e ele disse:
- Consegue enxergar alguém além dessa barreira?
- Você só pode estar de brincadeira, mais testes?
- É só esse eu garanto.
E Rudá sorriu, o riso do Deus do amor foi o necessário para Moema se acalmar,
ela estava com ele, o pior já tinha passado. Ela se concentrou no que estava à frente da
barreira de gelo, olhou muitas vezes, abrindo e fechando o olho, esperando ver alguma
coisa, porém nada via.
- Não consegue enxergar?
- Me desculpe mais não.
- Tente novamente, mais dessa vez coloque a sua mão no gelo.
Moema obedeceu a Rudá e quando tocou no gelo, ela sentiu que outra pessoa
estava a sua frente, e essa pessoa também acalmava seu coração, mais não era como
Rudá, era outro sentimento, um sentimento desconhecido.
A mão que ela viu começou a passar toda a energia da pessoa à frente dela, e
então ela viu em sua mente, o homem na qual ela sempre sonhava estava do outro lado
da barreira.
Tudo que ele viveu para chegar ali ela estava vendo, a fé, o medo, a coragem,
todos os conflitos que ela passou, ele passou, mas de forma diferente, o homem que ela
sempre desejou estava diante dela, e isso a fez chorar novamente.
A barreira começou a se dissolver, a pessoa que ela sempre esperou em suas
noites de sonho, estava a sua frente, e o homem sorriu quando o gelo desapareceu.
- Oi.
Ele disse sorrindo, a beleza que ela antes via, imaginando que nunca poderia
encontrar, estava sorrindo para ela, e ao ver tudo que ele sofreu a fezela respeitá-lo
mais, pois ele era como ela, um viajante sem rumo, apenas guiado por Rudá.
- Oi.
Foi somente o que ela pode dizer, pois ele veio até ela e a abraçou cortando seus
pensamentos, o homem que ela sempre desenhou em sua mente era real, não era sua
loucura, era real, ela podia tocá-lo e sentir que ele também possuía sentimentos por ela.
Seu toque e seu sorriso a traziam a certeza de que Rudá estava os unindo, tudo estava
mudando em sua vida e tudo naquele lugar a fazia sorrir.

7. Encontro

Piatã a abraçava e um sentimento intenso se apossou dele, a mulher que antes o


atormentava em seus sonhos, estava a sua frente, ela foi escolhida por Rudá, o
sentimento de felicidade por ter recusado as mulheres de sua tribo o emocionavam.
Aquela que estava em seus braços era a escolha certa, ela era a escolhida para seu
coração.
Quando tocou a sua mão no gelo foi capaz de ver todo o passado de Moema, ele
viu todos os conflitos e seus desafios, o sangue nas mãos e as lagrimas da escolha a
missão, ela sofreu e superou a dor, ela estava onde Rudá estava ela era digna da
presença de Rudá.
Piatã viu o sangue de Jelani e o sangue das cartas, viu novamente os reis
indignos em seus tronos, viu Potira limpando as lagrimas de menina, tudo que ele viu o
fazia querer cuidar daquela que estava em seus braços, à dor dela era a mesma dele, e
eles somente poderiam lutar juntos, pois eles eram os únicos a ter esse tipo de dor.
Desde o inicio de suas vidas eles nunca se conformaram com o que os reis
impunham, eram almas livres, e agora eram almas guiadas por Rudá, o futuro estaria na
mão dele e eles eram seus servos, escolhidos por ele mesmo.
O caçador já estava decidido e determinado sobre a missão de Rudá, não queria
mais olhar para seu passado e queria cumprir a vontade do Deus do amor, e sabendo que
alguém também estaria com ele nessa missão o animava, pois a que estava em seus
braços fazia seu coração pulsar intensamente.
- Vou me retirar, Piatã apresente Khatibu a Moema, eu estarei em minha cabana,
quando terminar de mostrá-la, leve-a á minha cabana.
Piatã soltou o abraço de Moema e Rudá se aproximou deles e deu um beijo na
testa de Moema e sorriu para Piatã.
- Cuidarei dela Rudá. - Disse Piatã sorrindo para Rudá.
- Eu sei que vai.
Ele saiu então, deixando Piatã tomando conta daquela que poderia ser a sua
escolhida, o caçador apesar de todo o sentimento que sentiu ainda não sabia se ela
realmente estaria disposta a aceita-lo e o mistério da aceitação o fazia achar divertido.
Durante sua vida ele sempre soube que ele um dia teria que escolher uma mulher,
porem quando abraçou Moema ele sentiu que não era ele quem escolhia mais sim ela,
pois o sentimento que ela teria por ele os uniria ou separaria, ela era a escolhida por
Rudá para ele, mais será que ela estaria disposta a aceita-lo?
O seu passado o acusava e se ela tivesse visto a luxuria tomando conta de seu
coração, provavelmente ela não confiaria nele e nem nos sentimentos que ele estaria a
sentir por ela.
- Você esta bem?- perguntou Moema sorrindo.
- Sim, me desculpe estava perdido em meus pensamentos. Então aceita ver esse
mundo de Rudá comigo?
- Estava esperando essa pergunta. Com certeza que sim
Eles sorriram e começaram a andar, Piatã queria ensinar a ela tudo que tinha
aprendido ali desde a sua chegada, queria ajudar ela a não passar pelos conflitos que ele
passou , queria fazê-la sentir-se bem em qualquer momento.
O sentimento que ele teve a tocá-la foi tão puro que ele não queria parar de
sentir mais, era real aquela que estava em seus sonhos, tudo em sua vida estava sendo
planejado por Rudá e a gratidão e o amor o faziam ser feliz, mesmo com os problemas
que a missão que ele aceitou traria.
- Como foi chegar aqui? – Piatã perguntou a Moema.
- Foi mágico, fui testada desde o momento que deixei a minha tribo e agora
saber que estou no lugar onde Rudá esta me faz pensar que nenhum sacrifício é tão
grande a ponto de não fazer o que Rudá pede.
- Eu entendo.
Moema trazia a Piatã tanta paz, ela era alguém diferente, sua pele era macia,
seus olhos possuíam um brilho que nunca se apagava e ele sentia que somente a ela ele
poderia pertencer.
Enquanto andavam Piatã mostrava a ela cada parte de Khabitu, os espíritos, a
paz do lugar, Moema estava se encantando a cada momento por tudo que via, tanta paz
havia naquele lugar, aquele lugar era perfeito, e realmente todas as dores que ela sentiu
não eram nada comparadas ao lugar onde estava e com quem estava.
- Quando você chegou aqui?- Moema perguntou para Piatã.
- Faz alguns dias.
- Como é viver aqui?
- Olhe ao seu redor, vê cada espírito, cada criatura, cada planta, tudo isso me
assustou no momento que cheguei aqui, mas quando vi os planos de Rudá me encantei
por tudo que este lugar possui. Tudo em minha vida mudou e Rudá me acolheu, não
posso negar que aqui é o lugar onde sempre quis pertencer.
Uma pequena lagrima caiu do olho esquerdo do caçador, as lembranças de tudo
que viveu naquele lugar o faziam ser forte e agora que ele estava a lado daquela que foi
destinada a ele o emocionava e o fazia querer mudar o Mundo que eles viviam, para
assim ficarem juntos.
Moema viu a lagrima de Piatã caindo e tocou em seu rosto, limpando a lagrima
que caiu e disse:
- Você sofreu muito para estar aqui, não sofra mais, Rudá te escolheu e isso é
motivo suficiente para ser feliz.
Moema começou a fazer cócegas nele, fazendo-o sorrir e ela começou a correr, o
fazendoele ir atrás dela. Sorrisos e diversão eles sentiam, tudo tinha valido a pena e a
dor que antes eles sentiam era pequena, comparada com a presença um do outro.
Enquanto brincavam, foram se distanciando dos espíritos, indo para a árvore
onde Piatã esteve uma vez com Nhadeara e Piatã puxou a mão de Moema fazendo os
dois cair no chão.
Mas quando eles caíram no chão, Piatã caiu em cima de Moema a fazendo ficar
envergonhada e os dois riram novamente. Rudá estava os unindo, era real o sentimento,
não possuía nada lúdico no que estavam a sentir, era necessária somente a coragem de
se entregar um ao outro.
- Desculpe – Piatã disse e saiu de cima de Moema
- Tudo bem.
Eles sentaram embaixo da arvore e Piatã perguntou:
- Esta feliz com o que conquistou com a sua coragem?
- Não tive coragem, Rudá me ajudou o tempo todo, não tenho mérito nenhum de
estar aqui, foi ele que me ajudou e não sou digna de estar em um lugar como esse.
- Você lutou contra tudo, você tem mérito sim.
Moema sorriu e fazia Piatã sentir necessidade de fazê-la sorrir mais e mais, ela
era encantadora, e isso era o que o caçador sempre procurou em uma companheira, eles
teriam que se distanciar para fazer a missão e isso chateava Piatã. Ao contrario dela que
ainda não sabia de quase nada do que iria acontecer, ele sabia de tudo, desde o momento
em que aceitou a missão, a certeza de que talvez nunca pudesse vê-la machucava seu
coração e sua razão.
- Não tem mais nada para me mostrar?
- Não, aqui é pequeno, Rudá fez esse mundo somente para proteger os seres
antes que eu e você chegássemos aqui.
Moema viu a tatuagem no corpo de Piatã e perguntou:
- O que é isso?
- É a marca de que eu aceitei a missão de Rudá.
- Eu vou ter uma dessas?
- Todos que aceitam a missão de Rudá têm tatuagem, mais as imagens variam,
pois as tatuagens são feitas para lembrar a missão que a pessoa ou o espírito aceitou.
Moema tocou a tatuagem, passando a mão em cada detalhe e viu nome na
tatuagem de Piatã e ficou assustada.
- Meu nome esta na sua tatuagem.
- Sim, você faz parte da minha missão.
Moema se levantou, era assustado saber que pertencia a Piatã, tudo estava
planejado, Rudá sempre atuou na vida deles, e a tatuagem no corpo de Piatã afirmava
que o Deus do amor estava unindo eles.
- Esta tudo bem?
Piatã levantou, não queria assustá-la, se ela não o quisesse ele sofreria, mas ele
tinha plena convicção de que não queria machucá-la.
- Estou, é que tudo esta indo tão rápido. Antes fui escolhida por um homem
horrível da minha tribo, logo após isso conheci a grande sacerdotisa e me tornei amiga
dela e agora aqui estou do seu lado. Eu sempre sonhei com você e sempre achei que
fosse loucura, e a cada momento vejo que na verdade Rudá que estava planejando tudo.
Isso me assusta e me faz feliz.
- Eu passei o mesmo Moema,sofri,lutei, chorei, e agora estou do seu lado, sei
que não sou perfeito, mais, por favor, vamos sonhar juntos, Rudá nos uniu, alguma
coisa ele deve ter para nos ensinar, unindo um ao outro.
- Você acredita que ele nos uniu?
- Você esta aqui, então acredito.
Moema deu um sorriso meigo, estava tão feliz por ter encontrado Piatã, mas não
podia negar que estava assustada com tudo que estava acontecendo. Sua fé e sua vida
ficaram em conflitos durante os momentos antes de chegar a Khabitu e agora era o seu
sentimento que estava sendo testado, pois agora ela precisava ter fé, coragem e amor
para lutar ao lado de Piatã.
- Você... Aceita a missão?- Piatã estava preocupado com a resposta que viria,
mas não podia ficar sem resposta.
- Lutei muito para estar aqui, sofri e me superei, o que Rudá pedir para eu fazer,
farei, não quer fugir do que ele quer me ensinar.
- Estarei com você, quando precisar de mim, me chame e irei te ajudar.
- Irei chamá-lo.
Piatã tocou a costa da mão no rosto de Moema, a pele delicada, o olhar meigo,
um leve sorriso foi o que ele viu e aquela que estava diante dele, era escolhida por
Rudá, ela era a mulher que ele sempre sonhou e se ela o aceitasse, nenhuma dor seria
tão intensa e nenhuma tristeza superaria a certeza de ter ela em seus braços.
- Pode me levar a cabana de Rudá?
- Me esqueci totalmente de levá-la. Desculpe
- Esta tudo bem
Piatã não queria assustar ela, pensando que ele queria que a união acontecesse
logo, porem não podia negar que queria logo pertencer inteiramente a Moema. Ele a
escolheu, e não queria mais deixá-la e não queria a fazer sofrer.
Enquanto Piatã guiava Moema para a cabana, Moema tocou a mão dele, unindo
as duas mãos e sorrindo para ele.
- Eu quero aceitar a missão, e quero aceitar, mais você pode esperar eu aceitar
que estou aqui?
- Tudo bem, eu passei por isso quando cheguei aqui.
- Que bom então você entende o que estou passando.
Piatã sorriu, era tudo novo para ela, tudo que ele passou ela agora passaria e
queria estar apoiando-a em tudo que ela escolhe-se, pois para ele a existência de Moema
já era necessária para ser feliz.
O caçador bateu na madeira fina da cabana de Rudá e Rudá abriu a cortina da
entrada da cabana, sorrindo para o casal que ele uniria.
- Entre Moema, preciso conversar com você.
- E Piatã não vai entrar?
- Tenho assuntos a tratar com você, Piatã chame Nhadeara, quero apresentá-lo a
Moema.
- Estou indo.
Moema estava ansiosa para o que Rudá a diria ou mostraria, a cada momento
que vivia naquele lugar, somente alegrias ela sentia, e esperava que Rudá a ensinasse a
ser feliz.
- Entre Moema.
Rudá a convidou a entrar e disse:
- Sente em uma alguma cadeira, temos muito que conversar.
Moema sentou na cadeira e Rudá sentou em uma cadeira próxima a ela, e a índia
perguntou:
- Qual a minha missão Rudá?
Rudá riu com a rapidez da pergunta e respondeu:
- Minha pequena Moema, tanta coisa mudou desde que eu comecei a atuar em
sua vida, tudo em sua vida eu sempre estive atuando e de todos os meus servos, você foi
à única que não caiu em tentação, tudo que você viveu somente me fez ter mais orgulho
de ter criado alguém como você.
Moema ficou emocionada ao ouvir Rudá a elogiando, aquelas palavras eram o
suficiente para fazê-la lutar por qualquer coisa se fosse por Rudá, ela queria ser alguém
digno de Rudá e nesse momento ela sentia que tudo possuía uma razão e que nenhuma
lagrima caiu em vão.
- Tudo valeu à pena Rudá.
- Eu sei que sim, mais agora minha pergunta é: Você esta preparada para a sua
missão?
- Estou aqui e não volto atrás.
- Então que assim seja ao anoitecer volte a minha cabana e teremos uma
celebração por sua decisão.
Rudá levantou e Moema também, e o Deus do amor a abraçou e disse em seu
ouvido:
- Não tenha medo de se entregar a Piatã, a união de vocês esta planejada antes
mesmo de sua existência.
Então alguém bateu na madeira da cabana e Rudá foi atender, ao abrir a cortina
da cabana estava Piatã e um homem de cabelos longos brancos que Moema
desconhecia.
- Entrem rapazes, Nhadeara vou apresentar você a alguém.
Eles entraram e abraçaram Rudá ao entrar, a alegria que havia entre eles fazia
Moema sentir que queria pertencer mais e mais aquele lugar, nunca pensou pertencer e
amar alguém e Piatã estava diante de seus olhos, ela nunca pensou que um dia veria o
Deus do amor e ele estava a apoiando e confiando nela a ponto de entregar uma missão.
O homem que estava junto deles era para ela um desconhecido, mas mesmo assim para
ela não importava, pois ele estava no lugar onde Rudá estava e isso já era o suficiente
para não ter medo ou receio dele.
- Moema esse Nhadeara.
Nhadeara estendeu a mão para Moema e sorriu quando ela estendeu a mão e
disse:
- Você fez a melhor escolha Piatã, esperando por essa linda mulher.
Moema ficou envergonhada, pois não sabia que todos já sabiam dela e de Piatã e
nem tão pouco sabia que Nhadeara sabia sobre a união dos dois.
- Não se envergonhe minha pequena.
Rudá a abraçou e sorriu para ela.
- Todos já sabem dos meus planos, Khabitu pertence a mim e todos que vivem
aqui sabem dos meus planos, não se envergonhe o amor não é algo para se envergonhar.
Piatã aproximou de Nhadeara sorrindo para a situação que Moema estava e Rudá
disse:
- Meus queridos, retornem ao anoitecer, a nossa pequena aceitou a missão.
Nhadeara abraçou Moema junto com Rudá e sorriram, pois a missão agora
poderia acontecer.
- Estarei com você Moema. - Rudá sussurrou no ouvido de Moema e sorriu para
ela.
Piatã estendeu a mão para Moema e perguntou:
- Posso te mostrar um pouco mais de Khabitu?
- Achava que já tinha me mostrado tudo.
- Faltou somente um lugar.
Nhadeara e Rudá pararam de abraçá-la e Rudá colocou a mão de Moema em
cima da mão Piatã e disse:
- Vá, ao anoitecer não se esqueçam de retornar aqui.
Moema e Piatã saíram da cabana de Rudá, o caçador estava ansioso para saber o
porquê de Moema aceitar a missão.
- Quero te mostrar cada pedacinho de Khabitu.
- Você estava escondendo de mim algum lugar.
- Não estava somente me esqueci ouvindo seu sorriso.
Moema ficou com o rosto corado e Piatã se encantou mais e mais pela mulher
que Rudá estava a entregá-lo, talvez ele realmente nunca tivesse nascido para ficar
sozinho, era nescesario somente tempo e fé para obedecer a Rudá.
Enquanto andavam Moema perguntou:
- Qual a sua missão?
- Não posso te contar, somente quando a festa da sua aceitação acontecer, você
poderá saber.
Moema estava inquieta, odiava surpresas e segredos, não era da sua
personalidade esperar pelo que viria no futuro. Tudo em sua vida tinha sido tão rápido,
por que responder essa pergunta teria que esperar?
- Porque não pode me dizer qual a sua missão?
- Quando você aceitar a missão na festa você sabera, não fique ansiosa.
Piatã pegou a mão de Moema e continuaram andando para o lugar onde o
caçador queria mostra-la, os sonhos dele estavam se realizando e seus sentimentos
estavam respondendo aquela mulher, era verdadeiro seu sentimento e queria a fazer ter
certeza de que ele não estava brincando com seus sentimentos.
A cachoeira estava linda, a água caia com intensidade e a água estava com um
azul limpo podendo refletir o reflexo dos dois:
- Sera que esse reflexo é verdadeiro? – Piatã perguntou.
- Não entendi a pergunta.
- Sera que ficaremos juntos mesmo?
Moema ficou assustada com a pergunta, Piatã estava fazendo a pergunta que ela
nunca conseguiu achar a resposta, a pergunta que sempre a fazia pensar que ele era
apenas um sonho e que nunca um dia estaria com ele.
- Não sei Piatã...
Piatã entao sorriu levemente e pegou a mão de Moema dizendo:
- Me desculpe se estou sendo apressado. Minhas perguntas devem estar te
atormentando.
- Não, ao contrario, tem perguntas que são nescessarias serem feitas, mais
somente vivendo que poderemos responder essas questões.
Piatã abraçou Moema e seus lábios se aproximaram no primeiro momento a
índia exitou porem o caçador disse:
- Me ajude a responder essas perguntas.
Piatã foi se aproximando novamente e seus lábios se tocaram, as respostas
começaram a ser respondido, o passado do caçador era pequeno comparado com os
sentimentos que ele estava a sentir pela índia, e toda luxuria que ele sentiu antes, não fez
efeito em seeu coração, pois ele somente queria fazer ela feliz, da todas as maneiras
possíveis. Não importava o quanto teria que lutar para estar com ela em seus braços
novamente, somente importava ter ela novamente beijando e sorrindo para ele.
Moema estava acariciando rosto de Piatã, seu lábio agora pertencia a Piatã e seus
sentimentos a levavam a se perder na realização do seu sonho, o homem na qual ela
sempre desejou estava em seus braços, ele sempre foi o que ela amou muito antes de
conhecê-lo, seu coração pertencia a ele e ninguém poderia tirar o sentimento puro que
ela sentia.
Ela estava se tornando mulher, estava entregando seu coração a um homem e
tudo agora em sua vida estava novamente mudando, ela nunca tocou nos lábios de
nenhum homem e Piatã a trazia paz e vontade de lutar por tudo para finalmente estar
com ele novamente.
Os lábios se separaram e Moema perguntou:
- Enquanto viver você vai ficar comigo?
- Estarei sempre com você, mesmo que não esteja presente em muitas situações
em sua vida, sempre vou estar com você. Estarei aqui.
Piatã tocou o coração de Moema e disse:
- Estarei aqui.
Seus lábios voltaram a se tocar, o toque de Piatã fazia Moema pertencer mais e
mais a ele, seu coração estava mudado, pois o sentimento que antes era ilusão agora era
real, a vida mudaria a partir desse beijo, mais a maior mudança era seu sentimento
tornar-se intenso e verdadeiro de uma maneira que ela nunca pensou sentir.
O tempo estava parando para Piatã, os lábios de Moema o encantava, o toque de
seus lábios o faziam ser capaz de viver a eternidade nos braços de Moema, a realidade e
os sonhos estavam em seu coração e sua mente, sua razão a todo o momento dizia que
não existiria mulher igual a Moema e que era seu dever protegê-la, seu coração pulsava
com batidas rápidas e a entrega que ele nunca pensou poder fazer estava acontecendo
em sua vida.
Piatã segurou no rosto de Moema e disse:
- Estarei sempre com você, mesmo distante estarei com você.
A pureza de seus sentimentos era indescritível, eles pertenciam um ao outro,
seus corações estavam pertencendo um ao outro, seus sentimentos e suas ações everiam
sempre ser pensadas para proteger ao amado, era dever deles cuidar um do outro, Rudá
estava unindo eles e desonrar a união que o Deus do amor fez seria desonroso e infeliz,
pois a vida deles era o amor que os impulsionavam a continuar a lutar.
- Vamos para a festa?- Piatã perguntou com um sorriso
- Vamos, não agüento mais suspense pela minha missão.
Piatã levantou Moema em seus braços e a abraçou fortemente, queria sempre
estar com ela, ela era sua vida e seu coração, sua existência possuía um sentido, ele não
era apenas um caçador, mas um guerreiro que a protegeria enquanto respirase.
Quando a abaixou pegou em suas mãos e começaram a andar de mãos dadas
para se encontrar com Rudá, a festa de aceitação de Moema iria acontecer, e o ultimo
passo para o inicio da missão iria acontecer. A peça que estava faltando tinha chegado e
Moema era a peça que concluiria a missão.
Ao chegarem à cabana de Rudá, todos os espíritos ficaram felizes por Moema
estar com Piatã, para os espíritos as promessas do Deus do amor estava realizando e os
sinais de que ele estaria na frente da missão se provavam a cada ação do casal que agora
estava com eles.
Nhadeara se aproximou deles e disse para Piatã:
- Quanta rapidez, é tanto medo de perdê-la?
-Só quero aproveitar o pouco tempo que vou ter com ela, antes que tenha que me
separar novamente.
- É real seu sentimento por ela? – Nhandeara perguntou a Piatã.
O caçador acariciou a pequena mão de Moema e respondeu a Nhadeara:
- Mais real do que qualquer outro sentimento.
Nhadeara se alegrou ao ouvir a resposta de Piatã, a união de Rudá nunca era
falha e isso estava provando no casal que ele via, Piatã e Moema eram os escolhidos por
Rudá para a missão, mais eles somente participariam da missão se eles se entregassem
um ao outro, pois em seus corações tanto ela como ele deveriam ser o escolhido no
coração deles. Moema viu Rudá conversando com os espíritos e sotou a mão de Piatã
para ir conversar com o Deus do amor.
- Vejo que esta muito feliz minha pequena. - Disse Rudá ao ver ela se aproximar
dele.
- Sim, estou muito.
Moema sorriu e Rudá se aproximou dela e disse:
- O amor é o sentimento mais puro e quando os humanos sentem, esse
sentimento é uma das forças que impulsiona sua vida, eu a uni com Piatã, pois sempre
soube que em seus corações vocês nunca se conformaram com as leis que suas tribos
faziam, eu estou entregando minha criação para você e você ele, espero que você saiba
cuidar do seu sentimento.
- Não entendo o porquê de o senhor falar comigo assim. - Moema ficou ofendida
do modo como Rudá falou com ela, ela sabia o valor dos sentimentos, não havia razão
ele explicar a ela.
- Minha pequena, o amor somente pode durar se você cuidar, você aceitou a
missão e sabe que ira sofrer, eu quero que você fique ciente de que seu sentimento é real
e que se em algum momento você dessistir de Piatã, uma das razões de sua missão ira
perder. Consegue entender?
- Sim entendo.
Rudá abraçou Moema e sussurou em seu ouvido:
- Uma vida nova você vai ter, esqueça seu passado e não pense no futuro, eu a
protegerei, mas para isso você somente precisa entregar tudo o que você é a mim.
- Cuide de mim Rudá.
Moema abraçou Rudá e as lagrimas começaram a cair de seu rosto, tinha tanto
medo de falhar com alguém novamente, em sua vida sempre foi à pessoa que sempre
falhou com as outras, e não queria perder Piatã e nem Rudá, sua vida dependia deles e
suas decisões seriam para eles.
- Não chore Moema, as lagrimas vão impedir de sorrir, hoje é sua festa,
aproveite-a e viva a vida que eu estou te dando.
- Cuide Piatã, não quero viver sem ele.
- Vou cuidar de vocês dois e vocês são meus pequenos, não a razão pra temer.
Rudá parou de abraçar Moema e piscou para ela:
- Agora aproveite a festa, em breve você ira saber a sua missão.
Piatã estava conversando com Nhadeara e quando viu Moema se afastando de
Rudá e viu algumas lagrimas descendo de seu rosto e quando ela o viu sorriu e se
aproximou dele.
- Por que esta chorando? – Piatã estava assustado achando que fez alguma coisa
que a machucou.
- Conversei com Rudá e fiquei emocionada com o que ele disse.
Piatã a aproximou perto de seu corpo e beijou sua testa dizendo:
- Não sei o que ele disse, e não quero saber, somente saiba minha Moema,
estarei com você e se as suas lagrimas caíram por mim, sempre esperei você e não vou
deixar que nada nos atrapalhe.
Moema estava a cada momento sentindo que tudo não estava passando de um
sonho, sua vida antes era de uma pessoa fracassada, mas desde que chegou a Khabitu
sua vida mudou intensamente, ela estva amando e iria lutar ao lado de Rudá, para ela
isso nunca poderia acontecer, e agora ela estava realizando um sonho que ela nunca
pensou poder realizar.
- Estamos todos aqui para a celebração de Moema, hoje iniciara um novo sonho
para todos nós e ela e Piatã irão nos ajudar a realizar. Se aproxime de mim Moema.
Rudá estendeu a mão para Moema e juntos eles subiram a escada pra chegar ao
torno do Deus do amor, Rudá disse:
- Você aceita a missão?
Moema ficou insegura, mas sua insegurança não poderia a fazer realizar seu
sonho, enquanto olhava para os espíritos seus olhos se encontraram com o de Piatã e ela
disse:
- Aceito a missão.
- Sua missão Moema será unir os povos, você e Piatã irão para tribos diferentes,
e os dois deverão ir pegar objetos sagrados para que os povos possam ver que vocês
estão me servindo.
- Tenho medo do que ira acontecer, mas aceito a missão.
- A partir de hoje tudo mudara Moema e eu quero que você me ajude a mudar o
mundo que os homens destruíram. Que essa missão seja o inicio da paz para todos os
povos.
Rudá foi perto de seu trono e pegou o cajado que estava apoiado no braço do
trono, ele chegou perto de Moema e tocou o cajado com a parte da pedra tocando o
coração da índia.
- Que você pertença a sua missão e que ela molde sua vida para que um dia a paz
possa existir em seu coração e em todos os povos.
Luzes começaram a sair do cajado, e uma energia começou a impulsionar
Moema, seu corpo estava sendo envolvido pelas forças sobrenaturais, os sentimentos
negavitos que antes ela sentia começaram a se distanciar de seu coração e a pureza de
espírito foi a acalmando.
As luzes levantaram a camisa de couro que ela estava usando e o seio esquerdo
começou a ser cortardo por essas luzes,uma estrela foi feita em seu seio e seu coração
começou a sentir paz, pois ela não conseguia sentir dor, era sua entrega e nada a fazia
sofrer.
A estrela que formou em seu seio foi modificando a maldade que havia em sua
vida, todo o seu passado não a machucava, mas a fazia querer lutar pelo seu povo, a
raiva de Jelani foi se afastando e a maldade que antes ela sentia estava diminuindo, a
pureza que seu coração sempre teve foi tomando lugar da maldade que antes ela
pertmitia sentir.
Dentro da estrela um nome foi escrito e o nome era:
Piatã
Quando o nome do caçador foi escrito em seu seio, o medo de falhar e o medo
de perdê-lo se dissiparam, ele era seu, o presente de Rudá para ela lutar por tudo era
Piatã e marca em seu corpo mostrava que ela pertenceria a ele.
- Uma nova criatura nasce e o espírito fraco de antes perde para a bondade do
coração puro.
Rudá tocou o cajado no chão e Moema foi retornando ao chão pelas luzes, a
força sobrenatural estavam acalmando a maldade que ela algum sentiu e uma nova
Moema estava nascendo, uma nova mulher escolhida por Rudá, uma serva do Deus do
amor.
As luzes fecharam sua camisa de coro e a marca estaria guardada para somente
ela sentir a responsabilidade e a paz de espírito por estar do lado de Rudá.
Seus pés tocaram o chão e Rudá abraçou e disse:
- Bem vinda de volta.
Moema o abraçou e somente pode agradecer pelo que estava a acontecer em sua
vida:
- Obrigado Rudá por cuidar de mim e mudar as maldades de meu coração.
- Estarei sempre com você Moema.
Moema abraçou Rudá fortemente e se afastou, e o Deus do amor levantou a mão
da pequena dizendo a todos os espíritos:
- O que passou, passou... Moema é uma nova criatura seu passado nunca mais
será lembrado com tristeza, pois todos os caminhos que ela decidiu forao para chegar a
nós. A bondade de seu coração agora esta presente e a maldade de antes foi dissipada
quando ela aceitou a missão.
Todos os espíritos começaram a gritar de feliciade, nada mais estava faltando
para a realização dos planos de Rudá, todos estava sentindo que as mudanças viriam e
que somente dependeria de Moema e Piatã para os povos se entregarem a bondade de
Rudá.
Porem para Piatã algo estava faltando, o medo de perder Moema o assustava,
não queria perder ela nas missões, se nescessario a protegeria, mas para isso teria que
pedir para Rudá a permissão de fazer a missão juntos.
Moema desceu às escadas, todos a olhavam com admiração e alegria, a peça que
faltava estava agora entre eles, e a fé que eles tinham era que em breve tudo voltaria ao
normal e Rudá voltaria a abençoar a todos novamente.
Todos os sonhos e desejos estavam sendo depositados em Piatã e Moema, eles
eram os escolhidos de Rudá e seria a chave para muitas coisas que os homens estavam
errando, eles foram às únicas pessoas que não aceitaram as leis da tribo que pertencia e
foram os únicos que conseguiram chegar a Khabitu, eles eram os escolhidos e somente
eles poderiam mudar o coração cheio de maldade de outros povos.
Piatã se aproximou de Moema e pegou gentilmente sua mão e se aproximou de
seu rosto, e sussurou em seu ouvido:
- Quer sair um pouco da festa?
- Não seria uma má idéia. - Moema sorriu em resposta.
Piatã pegou a mão de Moema e eles foram se escondendo atrás da mesa onde
estavam os alimentos e saíram da festa, o caçador estava preocupado com o pouco
tempo que teria com Moema, não queria perder o tempo que eles teriam.

8. Passos de Preocupação

Piatã estava andando de mãos dadas com Moema, para ele o simples toque dela
já o acalmava, mas a preocupação de si distanciar novamente dela o amedrontava, não
queria perder ela, eles se conheciam tinha pouco tempo, e saber que ele talvez nunca
mais a visse o atormente, Moema era a escolhida em seu coração e a perda dela seria
uma dor insuportável para ele.
- Você esta bem? – Moema perguntou, cortando os pensamentos do caçador.
- Sim, só estou preocupado com a missão.
Piatã sorriu suavemente ao responder a pergunta, algo em seu coração estava
atormentando e ele não estava conseguindo fingir seus sentimentos.
- Eu também estou para qual tribo vamos ir?
- Rudá me disse que vai falar a tribo quando você aceitasse a missão, então
imagino que em breve vamos saber.
Piatã soltou a mão de Moema e tocou em seu rosto, ele nunca havia sentido
medo, nem mesmo nas caças de grandes animais, mas ao ver Moema frágil e meiga fez
com que o medo todo o medo fosse maior, perder aquela que acalmou seu coração seria
um suicídio de seu coração.
Moema estava ansiosa para a missão, queria ser alguém útil para Rudá e para
Piatã, ela nunca quis ser como as mulheres de sua tribo que apenas viviam para os
prazeres de seus parceiros, ela queria ser alguém importante e queria cumprir a missão e
poder viver em paz, pois ela estava tudo que ela era na missão de Rudá.

Enquanto andavam foram para a cachoeira e Moema pulou na água e chamou


Piatã:
- Venha aqui comigo.
A atitude Moema foi tão inusitada que Piatã se assustou, mas quando a viu na
cachoeira, tão linda, não ressistiu e pulou na água. Piatã foi se aproximando de Moema
e a beijou, seus lábios estavam suaves e ela tocou o rosto de Piatã acariciando sua face,
o amor estava tomando conta de seus corações e o sentimento estava modificando os
pensamentos impuros que Piatã sentiu.
- Estou com você Moema.
Piatã a abraçou e juntos foram embaixo da cachoeira, e novamente a beijou, o
caçador estava perdido naqueles lábios e o sentimento que ele estava a sentir o
impulsionava a lutar por ela a cada momento.
Os toques de Moema em seu rosto o faziam sonhar que um dia poderia pertencer
a ela para sempre, mas ele não conseguia esquecer que a missão poderia uni-los ou
separa-los para sempre, se Moema moresse ele jamais se perdoaria, pois ela foi à única
que o fez sentir algo desconhecido em seu coração.
A cada toque Moema se entregava mais e mais a Piatã, seu coração que antes
possuía um vazio agora pulsava ao lado do caçador, um sentimento que antes seus
sonhos a faziam sentir que a realidade e os sonhos estavam se misturando e cada
momento ela estava se apaixonando.
Piatã nunca acreditou que poderia amar, nem mesmo quando Rudá mostrou
Moema na pedra, ele não conseguiu acreditar verdadeiramente que alguém estaria
destinado a ele, porem ao tocar Moema, as palavras de Rudá vinham a sua mente o
tempo todo.
A destinada ao teu coração.
O caçador não conseguia esquecer as palavras de Rudá sobre Moema, ela era a
sua escolhida, a destinada, porem ele não conseguia ficar inteiramente feliz, pois o
mistério de não saber se Rudá os uniria ou os separaria para fazer a missão o assustava.
Piatã parou de beijar Moema e seu olhar ficou perdido em seu medo de perdê-la.
- O que aconteceu?- Moema perguntou confusa.
- Estou preocupado.
Moema abaixou o rosto, os pensamentos negativos voltaram e o sentimento de
saber que Piatã não a quissese mais a deixava triste, e quando se lembrou do que Jelani
disse sobre nenhum a aceitar e somente ele a aceitar a assustou e a entristeceu. Talvez
Piatã não a quissese e pensar nessa hipótese machucava seu coração.
- Você não me quer mais?
- Quero claro que quero, por que essa pergunta inusitada?- Piatã olhou assustado
para Moema, não era essa pergunta que ele achou que teria.
- Você disse estar preocupado... Pensei que não me quissese mais.
- Pare de pensar besteiras, minha preocupação é te perder e não eu te deixar.
- Por que me perder?
- A missão que Rudá destinou a mim e a você é a mesma, mas nós não somos os
primeiros a fazer essa missão.
- Desde quando Rudá faz isso?
- Ele sempre testou diversos casais, desde o momento em que falsos reis
comçaram a dominar as tribos e agora eu e você estamos sendo testasdos, mas existe um
problema nisso tudo. Os casais de antigamente, pelo menos a maioria sempre se
separavam e cada um ia fazer a missão em tribos diferentes, mas nenhum conseguiu e
alguns foram mortos e outros perderam a fé em tudo que viram, assim deixando o
amado ou a amada sem amor nenhum.
- Então nenhum casal conseguiu até agora?
- Não nenhum.
A água da cachoeira caia em cima de Piatã e a preocupação estava nítida em seu
rosto:
- Não quero viver sem você Moema, sei que estamos pouco tempo juntos, mas
sinto que pertenço a você e mesmo que eu e você nunca de certo, eu quero cuidar de
você e saber que nessa missão cada um pode ir para algum lugar me assusta, pois eu já
cedi a luxuria e quase me entreguei a uma mulher sem possuir sentimentos e por você é
diferente, não consigo definir o que sinto, só posso dizer que quero cuidar de você.
Moema começou a chorar, nunca pensou ouvir de alguém algo tão puro, mesmo
se eles nunca ficassem juntos, Piatã estava dizendo que a amaria e cuidaria dela, era
apenas palavras, mas ela nunca ouviu algo tão romântico de alguém.
Piatã se aproximou de Moema e limpou suas lagrimas e disse:
- Não chore nada foi decidido ainda, amanhã quando a aurora raiar eu vou falar
com Rudá e pedir para que ele não nos separe nessa missão.
Quando Piatã tocou o rosto de Moema pode perceber que ela estava tão
assustada quanto ele, a separação, a missão e o sentimento estavam em seus corações e
a incerteza do que iria acontecer não os acalmava.
Os sentimentos estavam vivos em seus corações e impedia que a razão não
atuasse o medo de nunca mais se verem novamente era o ápice da tristeza, pois o
desconhecido estava diante deles e o futuro nunca foi tão difícil de ver.
- Moema... Haja o que houver, saiba que você é uma pessoa encantadora e que
nenhum outro homem vai te admirar e sentir o que eu sinto por você.
Piatã foi saindo de baixo da cahoeira e Moema saiu logo após ele, o caçador
estava perdido, não sabia que escolha tomar, não queria deixa-la, porem não queria
falhar na missão com Rudá, ele foi escolhido pelo Deus do amor e falhar seria algo
imperdoável, mas fazer a missão sabendo que Moema poderia morrer a qualquer
momento o inquieta. Ela era diferente de todas as mulheres que ele conheceu, era
encantadora, era meiga e corajosa, desde o momento em que os dois tocaram naquele
gelo, tudo que cada um viveu foi revelado e Moema era a prova de que o Mundo teria
outra chance de ser diferente, mas a separação deles não traria felicidade, nem paz a
nenhum dos dois.
O futuro nunca foi tão desconhecido e o sentimento nunca foi real como estava
sendo agora, a vida dos dois estava nas mãos de Rudá e a separação ou a união seria
escolha do Deus do amor.
Piatã sentou embaixo da arvore que estava próxima a cachoeira e colocou seu
rosto nos braços que estavam encostados na perna, seus pensamentos estavam o
atormentando, era impossível para ele pensar que se separaria de Moema, queria
conhecer tanta coisa sobre ela, queria decorar cada atitude e ouvir seu sorisso, por que
quando ele finalmente estava sentindo algo diferente em seu coração, algo desconhecido
estava diante dele, seu futuro sem Moema era algo impossível de se permitir.
Moema se aproximou de Piatã e sentou ao lado dele, tudo estava tão confuso,
não queria perde-lo, sua vida estava mudando e tomando um rumo que ela temia perder
o único homem que correspondia ao seu coração não a permitia sorrir.
- Posso te pedir um favor? – Piatã perguntou para Moema e seu olhar estava
perdido revelando a mesma tristeza que ela estava a sentir.
- Sim, peça o que quiser.
- Me abrace, quero sentir seu toque mais uma vez antes que eu fale com Rudá.
Piatã estava sentado e Moema foi abraçá-lo, o abraço dela o acalmou, era ela
quem ele pertencia, era verdadeiro o sentimento, mesmo sem saber o que iria acontecer
no futuro, à presença dela era o nescessario para ele lutar.
Moema estava abraçando Piatã e seu coração pulsava intensamente a cada
momento que ela estava em seus braços, ela lutaria e sofreria para estar ao lado dele, se
na missão eles tivessem que se separar, ela enfrentaria os problemas para encontrá-lo
novamente.
- Estou com você Moema.
- Estou com você Piatã.
Quando disseram essas palavras, seus corações e suas incertezas começaram a se
acalmar, o sentimento da separação ainda os machucava, mas a presença e as palavras
que um dizia ao outro provavam que algo diferente eles estavam a sentir.
- Vamos lutar Piatã, eu quero estar com você e não quero falhar nessa missão,
mesmo que Rudá nos mande para lugares diferentes, vamos continuar juntos em nossos
corações.
Moema beijou Piatã e o sentimento de que tudo poderia mudar a acalmava,
juntos eles poderiam fazer um mundo melhor, essa era a missão deles e mesmo na
separação os dois lutariam para se ver novamente.
As lutas viriam e os problemas aumentariam de proporção, eles eram os servos
de Rudá e todo aquele que seguisse ao Deus do amor era perseguido, a missão seria
difícil, mas essa era a missão deles.
Piatã não era mais um caçador, mas sim um guerreiro que lutaria para proteger
Moema e todas as pessoas que quisessem mudar o mundo para melhor, essa era a
batalha que ele aceitou, esse foi o caminho que Rudá escolheu para ele e não era
momento de exitar.
- Quando amanhecer eu irei falar com Rudá e depois irei a cabana onde você
estiver.
Piatã beijou a testa de Moema e a abraçou fortemente, talvez esse fosse o ultimo
momento de paz para eles antes de começarem a missão, as coisas mudariam na vida
deles e esse era o caminho que eles aceitaram.
- Vou proteger você Moema, essa é minha promessa.
- Eu sempre estarei com você Piatã.
Moema abraçou novamente Piatã, e se aconchegou em seus braços, ele sempre
estaria no coração dela, não era uma ilusão tudo que ela estava sentindo, era real e era
por Piatã, o guerreiro que ela sempre sonhou.
Na missão que teriao que enfrentar todos os sentimentos e a razão serião
testados, pois para realizar a missão, eles teriam que lutar contra tudo e todos para ter o
sonho de estar juntos novamente realizados.
O amor seria testado e a fé, um mundo novo poderia ser construído, mas para
isso eles teriam que superara e lutar contra as barreiras que os reis estavam impondo,
eles teriam que provar se mereciam um ao outro e se o sentimento que Rudá colocou em
seus corações continuaria vivo, mesmo depois de toda a lutar que enfrentariam.
Piatã e Moema sempre foram diferentes de suas tribos, e somente nos braços um
do outro eles encontraram alguém para se igualar, a coragem de lutar contra os reis,
lutar contra a família e testar a sua fé, as suas semelhanças estavam em seus atos, mas
até onde eles conseguiriam ser tao diferentes dos outros?
O mundo estava rodeado de desunião e falsidade e eles estavam lutando para ser
puros e desde que chegaram a Khabitu e antes disso, foram testados, a missão dependia
deles e do sentimento e razão que possuiam, eles poderiam ser o ultimo casal que Rudá
tentasse usar para unir os povos, mas eles podiam também ser somente, mas umas
pessoas que ainda não foram testadas intesamente e que ainda estavam acomodados em
seu coração.
Piatã tocou o rosto de Moema e a olhou nos olhos, queria sempre estar com esse
olhar brilhante qu agora ele estava a olhar, queria sempre ter ela ao seu lado, mas as
coisas iriam mudar e os conflitos que eles sofreriam mudariam para sempre sua vida.
O caçador não era mais o mesmo de antigamente, os passos que Rudá estava
escolhendo para ele, estava o fazendo sentir todos os sentimentos que ele nunca sentiu,
sua vida mudou desde que saiu de sua tribo, mas a maior mudança foi quando aceitou a
missão e decidiu se tornar um guerreiro de Rudá.
A cada toque eles estavam se entregando, talvez eles nunca mais se vissem
talvez este fosse o ultimo momento de paz, antes de se encontrarem novamente com
Rudá e ir para a missão, talvez este fosse o único momento na qual a entrega seria pura
e verdadeira.
- O que te faz feliz Moema?- Piatã estava encantado com a beleza de Moema,
ele queria descobrir tudo sobre ela.
- Desafios, conquistas, paz, tudo isso me faz feliz, desde pequena sinto que sou
diferente dos outros, e isso sempre foi um desafio para mim, a minha conquista até
agora foi de estar no mesmo lugar onde Rudá esta e a paz eu estou encontrando em seus
braços Piatã. E você Piatã, o que faz você feliz?
- A aventura, a fé e a vitória, todos esses sentimentos sempre me impulsionaram
a dar o melhor de mim, eu sou extremamente falho, errei no amor e fracassei nele, mas
em todas as minhas aventuras sempre me dediquei, a minha fé ainda esta pequena e não
sei qual o limite dela e a minha vitoria só vai acontecer quando tudo acabar e o mundo
ter paz novamente. A minha felicidade depende desses três e eu preciso ser muito mais
forte para conseguir realizar a minha felicidade.
Moema tocou o rosto de Piatã e estava encantada com ele, as suas respostas e
seu modo de ver a vida a encantavam, ele não era um homem sedento de seu próprio
orgulho, ele era um homem digno que sabia que a vida tinha muito a ensinar.
- Eu quero mudar esse mundo Moema, quero ser feliz como quando eu era
pequeno em que tudo em minha mente era puro e eu não tinha a maldade em meu
coração, eu quero ser feliz e quero ser um homem digno de Rudá me abençoar.
Desculpe-me por dizer isso... É que é somente um desabafo.
Piatã olhou nos olhos de Moema, aqueles olhos encantadores que antes estavam
presentes em seus sonhos e as lagrimas do desabafo caíram de seu rosto, era tão
diferente seu sentimento, era algo forte e suave em seu coração e tudo que ela fazia ele
sentia em seu coração e sua razão que era ela que Rudá sempre planejou para ele.
Ele queria dar o seu melhor nessa missão, mas temia falhar novamente e se
entregar a outra mulher, Moema o fazia sentir emoções e sensações diferentes, mas ele
não sabia se era real esse sentimento ou se a qualquer momento falharia novamente com
outra pessoa.
O desejo carnal era algo que sempre esteve em sua vida, o desejo de dominar
uma mulher e a fazer ser sua por um minuto de desejo, o sentimento o assustava, pois
não era esse sentimento que ele sentia por Moema, ele não queria ter ela por somente
alguns minutos de desejo, mas queria ter ela para sempre, queria abraça-la e fazer ela
feliz.
- Não chore Piatã, vai dar tudo certo.
Moema limpou as lagrimas de Piatã, e ele sorriu em resposta de seus cuidados:
- Não quero mais falhar Moema, eu toquei o corpo de outra mulher, quase me
entreguei a ela e me perdi em meu desejo carnal, sou falho e mesquinho e temo falhar
nessa missão e com você.
- Erros todos têm, é isso que nos torna humanos, eu tenho falhas também, sou
cheia de erros de personalidade, mas Rudá nos escolheu e isso me acalma, pois mesmo
com todas as minhas falhas ele ainda nos aceita e esta dando uma chance de mudar esse
mundo falho que conhecemos.
Desde o momento em que aceitou a missão, Piatã foi testado, mas com Moema
ele não se sentia fraco para lutar, mas ele sentia que o mundo poderia ser melhor, pois
ele sentia uma bondade e dedicação em tudo o que Moema dizia, como se ela sempre
quisesse cuidar dele, não se importando com o que ele falhou.
- Vamos falar com Rudá? Eu quero muito que nós dois possamos fazer a missão
juntos, para assim eu cuidar de você.
Moema deu um leve sorisso e disse:
- Talvez eu não precise de tantos cuidados.
Ela levantou e Piatã a seguiu, o destino deles mudaria novamente, Rudá
permitiria ou recusaria que os dois fizessem a missão juntos, mas de nada adiantaria não
tentar e não se esforçar para merecer a aceitação de Rudá.
As decisões a cada passo tomavam mais intensidade e a vontade de lutar e
ajudar o mundo os motivava a não ter medo da recusa e a não sofrer da resposta que
viria, eles queriam ser o ultimo casal a serem testados por Rudá e tudo que atrapalhasse
a missão, eles enfrentariam.
A festa na cabana de Rudá ainda estava acontecendo e todos os espíritos estavam
em alegria, para todos esses era o momento especial da vida, e Moema e Piatã eram a
chave para o que iria acontecer.
Rudá e Nhadeara estavam conversando e sorrindo e quando viram que Piatã e
Moema tinham retornado, chegaram a eles e os abraçaram e Rudá disse:
- Onde vocês estavam? Vocês são os motivos da festa.
- Queria mostrar a cachoeira para Moema. - Piatã respondeu
- Agora entendo o porquê de vocês estarem molhados. - Nhadeara sorriu para
Piatã.
Eles sorriram e paz que aquele lugar possuía acalmava a Piatã e Moema, a
missão aconteceria a qualquer momento, mas os momentos de paz ao lado de Rudá
eram momentos únicos e somente a paz eles sentiam ao estar na presença do Deus do
amor.
- Vocâs perderam as danças em comemoração – Nhadeara disse
- Não vai ter mais dança? – Moema perguntou triste, pois em sua tribo ela
sempre pariticipava das danças.
- Sim, vai ter mais dança, mas todos estão descansando, logo vamos voltar a
dançar
Rudá respondeu Moema e foi aos instrumentistas e pediu para tocassem a
musica para todos voltar a dançar.
- Quero dançar, vamos Piatã?
- Vamos.
Piatã estava alegre em Khabitu, mesmo quando as lagrimas caíram quando
estava sozinho com Moema, em todos esses momentos, aquele lugar o trazia paz, era
algo superior a qualquer tristeza ou derrota que ele sentiu antigamente, o sentimento de
felicidade era mais intenso, mesmo se a dor viesse a seu coração a alegria sempre era
mais forte naquele lugar.
As danças eram empolgantes e as frutas que os espíritos traziam a eles eram
doces e suaves, em tudo que Rudá estava adiante era abençoado e a paz que aquele
lugar possuía acalmava e animava o caçador.
A roda da dança estava com muitos espíritos, todos dançando e celebrando a
missão do casal, independente do que acontecessem, eles nunca perderiam a esperança,
pois Rudá sempre estatari com eles e o mundo sempre teria chances de um dia ser
melhor como no passado, onde o amor era verdadeiro e o sangue era apenas lendas
sobre Rudá.
A alegria acalmava o coração de Moema e a fazia querer dar o seu melhor, ela
queria proteger todos esses espíritos e cuidar de Piatã, esse era seu maior desejo e
enquanto eles dançavam e ela sentia as mãos de Piatã nas suas, ela sentia que a missão
valeria à pena, pois um dia ela voltaria a ter a mesma felicidade que agora ela estava a
sentir.
- Vamos divirtam-se, a missão ocorrera em breve.
Rudá disse e sentou em seu trono, ele sorria a todos e a paz estava
neles, o Deus do amor voltaria a ajudar as pessoas de coração puro e o casal que
respeitasse o Deus do amor teria paz, mesmo com turbulências e sofrimentos, pois Rudá
estaria sempre ao lado deles.
Os espíritos dançavam e se divertiam com Piatã e Moema e enquanto todos
dançavam a esperança de as coisas serem melhores nasciam em seus corações, à vida
teria outra chance e os problemas teriam possibilidades de solução.
A dança continuava e a ansiedade de saber a resposta de Rudá sobre a missão
aumentava para Piatã, seu desejo era de lutar junto com Moema e esse desejo fazia
aumentar a ansiedade da resposta.
Piatã queria proteger Moema e qualquer esforço seria grande se ela não estivesse
ao seu lado, ele sentia que era seu dever protegê-la e evitar que ela sofresse, e quando a
musica parou de tocar ele se retirou da roda e foi conversar com Rudá.
O caçador lembrou-se de seus irmãos e o sentimento que eles sempre lhe
passavam para proteger suas esposas, Piatã estava a sentir o mesmo sentimento com
Moema, ela era quem ele devia proteger, era seu dever como homem, independente de
ela estar em seu coração ou não.
E então ele fez uma prece a Rudá, para que ninguém ouvisse o seu pedido:
Rudá me permita cuidar de Moema, sou cheio de erros, mas não quero que eles
me impeçam de cuidar dela, por favor, vá a minha cabana quando a festa acabar.
Os olhos do caçador e do Deus do amor se encontraram e Rudá movimentou a
cabeça aceitando o pedido de Piatã, a resposta viria no fim da festa e Moema foi até
Piatã e o abraçou.
No toque de Moema, Piatã começou a acreditar que o Deus do amor não iria
separá-los e o abraço que ela estava dando a ele o fazia querer ser mais forte para cuidar
dela, Rudá não poderia separá-los, o caçador esperou tanto por uma mulher que seu
coração aceitasse e simplesmente ouvindo a voz de Moema, já fazia seu coração a
aceita-la inteiramente.
- Você não quer mais dançar? – Perguntou Moema
- Não mais, fiquei cansado depois que pulamos na cachoeira. Mas dance, você
gosta tanto.
- Como você sabe? – Moema ficou um pouco desconcertada pela resposta de
Piatã
- Lembra quando tocamos aquela barreira de gelo, todas as suas lembranças
vieram a mim e as minhas estão com você, tecnicamente sei tudo sobre você.
- Por que tecnicamente?
- Ora, porque falta muito mais pra eu descobrir a mulher que você é hoje e não a
do passado. O passado é apenas parte do que você é, quero descobrir quem você é em
todos os momentos.
Piatã beijou a testa de Moema e a abraçou:
- Tenho muito que descobrir da mulher que o Deus do amor me escolheu.
- Então você vai conhecer todos os meus defeitos...
- E eu os seus, porque quero ficar contigo sempre, você é incrível Moema, se seu
passado me mostra o quão forte você, o meu futuro ao seu lado eu tenho certeza só vai-
me mostar mais vitorias.
Moema tocou o rosto de Piatã e eles sorriram meigamente, a vida tinha outro
sentido quando sorriam juntos, quando estavam juntos se sentiam fortes e fracos, era a
união pura que sentiam em seu coração, Rudá teria que ajuda-los. À distância e o medo
de perder um ao outro não os ajudariam a concluir a missão, eles sentiam nitidamente
em seus corações, pois em seus corações eles estavam abraçando a pessoa que amavam.
Moema, Piatã me encontrem na cabana de Piatã, vamos conversar logo.
A voz de Rudá soa na mente dos dois e eles olharam para Rudá em seu trono, e o
Deus do amor deu um leve sorriso e apontou para fora da cabana.
O caçador e a índia saíram da cabana de Rudá e foram para a cabana onde Piatã
estava hospedado, a resposta do Deus do amor seria o que acalmaria e traria alegria a
eles, mas esperar a resposta fazia ansiedade aumentar muito mais. As forças para lutar
seriam somente ao lado um do outro e Rudá teria que permitir a união da missão.
Quando chegaram à cabana onde Piatã estava hospedado e abriram as cortinas
para entrar na cabana, viram Rudá sentado na cadeira maior que a cabana de Piatã
possuía.
- Sentem meus pequenos, temos muito que conversar em pouco tempo.
Eles se assustaram quando virão Rudá dentro da cabana antes mesmo de eles
entrarem, mas teriao que se acostumar, pois como dizia a as antigas lendas, Rudá esta
em todo o lugar e nós somos presos ao lugar que estamos.
Moema sentou em uma pequena cadeira e Piatã no chão próximo a ela e então
Rudá disse:
- Desde o momento que vocês chegaram a Khabitu, eu senti que vocês não iriam
querer se separar e mesmo quando vocês se afastaram de todos na festa, reafirmei que
vocês não querem se separar. Eu os uni, e sei bem o sentimento que estão a sentir agora,
mas a minha pergunta é, vocês vão conseguir estar juntos enfrentar essa missão? Isso é
o que vocês desejam, mas a pergunta é vocês vão conseguir fazer junta essa missão?
Responda-me primeiro você Piatã
- Eu sinto que quero sempre ficar com Moema, quero cuidar dela, esse é meu
dever como homem.
- Você entende o que esta dizendo? – Rudá perguntou a Piatã
As lembranças de seu erro começaram a voltar na mente de Piatã e ele começou
a entender a pergunta de Rudá, ele queria mesmo fazer a missão com Moema ou queria
ter ela longe? Essa era a pergunta de Rudá e quando o caçador viu em sua mente as
lembranças do passado ficou um pouco preocupado, pois não sabia qual resposta dar.
Piatã antigamente sempre foi sozinho, pois acreditava que em si mesmo poderia
vencer, mas com Moema o sentimento de derrota e vitória se misturava, ele queria
vencer a missão, mas também queria estar com Moema e cuidar dela, tudo estava tao
confuso e o caçador deu leves tremidas com medo de sua resposta.
- Eu quero cuidar de Moema e quero servir a missão na qual fui ordenado.
Somente você Rudá pode saber qual o melhor caminho para mim.
Rudá olhou para Moema e perguntou:
- E você minha pequena, quer fazer a missão com Piatã?
Moema sentiu todas as suas lembranças retornarem, desde pequena sempre quis
ser uma mulher independente, isso sempre a diferenciou das outras mulheres, mas
somente ela sentia que queria amar alguém, ela sempre lutou contra o sentimento de
solidão, pois sempre teve sua família ao seu lado, mas agora sozinha, o sentimento de
ser independente e agora ela sentia que queria entregar seu coração a Piatã e a confusão
a dominou.
- Rudá, estou desconhecendo meus sentimentos, somente tu Deus do amor sabe
o que realmente desejo, cumpra a sua vontade.
- Vejo que vocês dois estão em conflito, esse era o sentimento que eu sempre
senti em vocês e que me fez escolhe-los para serem meus servos nessa missão, mas
vocês terão que sair dessa confusão e decidir o que querem, quando amanhecer amanha
quero os dois dentro da cabana dos espíritos guerreiros, e entao irá testá-los para ver se
vocês merecem fazer a missão juntos.
Piatã e Moema se olharam e encontraram confusão no olhar um do outro, eles
não sabiam qual era a resposta para seus próprios conflitos e isso era assustador.
- Vocês vão enfrentar grandes e pequenas batalhas, dentro e fora de vocês, vocês
vão lutar com besta e demônios e terão que provar a cada moemnto que vocês têm fé,
vocês estão preparados para isso? – Rudá falou seriamente para eles
Rudá pegou o cajado que sempre estava com ele e tocou no chão, quando o
cajado tocou o chão, um lugar amaldiçoado foi mostrado a eles, homens e demônios
lutando, sangue em todo o lugar, escuridão e morte em todo o lugar.
- Essa é uma das tribos que terão que enfrentar a tribo de Ceci, a tribo onde
todos os prantos estão ali e onde à maldade reina no coração de todos. Vocês querem
fazer essa missão, entao estejam preparados para tudo que vai acontecer. Essa tribo é a
única que possui somente seres maldosos, vocês terão que ir la para lutar com ela, não
há salvação para essa tribo, querem mesmo fazer essa missão?
- Estou assustada Rudá.
- Amanha quero respostas, eu posso ajudá-los, mas nem sempre vou estar com
vocês para responder seus conflitos.
Quando olharam novamente para ver Rudá, não o encontraram e assim deixando
eles perdidos em seus conflitos.
- Vou a minha cabana, até amanhã Piatã.
Moema levantou da cadeira, não queria mais ficar ao lado de Piatã, queria
decidir o que ela realmente sentia, pois quando as lembranças retornaram a sua mente,
todo o antigo orgulho que ela sempre sentiu retornou a fazendo ficar mais confusa ainda
sobre o que ela sentia por Piatã.
- Calma Moema, eu quero conversar um pouco com você, posso?
- Piatã... Agora eu não quero, por favor, não complique as coisas.
Piatã começou a se enfurecer, pois Moema estava o evitando.
- É assim que você resolve as coisas, fugindo? – Disse Piatã furioso
- É assim que você resolve os problemas? Em cima das pessoas? – Moema saiu
da cabana quando disse isso.
- O seu jeito de resolver as coisas é fugindo? Quão criança você é. – Piatã pegou
fortemente no braço de Moema.
- Me solte, quero pensar sozinha, me solte.
Moema chutou a parte de baixo de Piatã e disse:
- Me desculpe, fui impulsiva.
Ela saiu correndo, culpando-se por seus conflitos, antes de Rudá a fazer sentir
suas antigas emoções, ela desejou estar com Piatã, mas as lembranças começaram a
afetar sobre o que ela realmente queria e até onde seus sentimentos por Piatã eram fortes
e duradouros.
O amor sempre foi algo que ela sempre desejou, e ao lado de Piatã ela sentiu um
leve sentimento do amor, mas seu orgulho retornou com as lembranças e a vontade de
fazer a coisa sozinha retornou, mas os sentimentos estavam lutando em sua mente e seu
coração, parte dela queria ser independente, mas outra queria depender de Piatã, e o que
ela mais temia era sua decisão final.
Piatã era o homem dos seus sonhos e seu orgulho o sentimento que a fazia
lutarm encontar o equilíbrio para os dois estava fazendo a cada momento ficar mais
confusa, quando ela chegou a Khabitu o caçador estava fazendo ela feliz, mas quando
Rudá lembrou seu passado os antigos sentimentos retornaram e somente a confusão de
não saber de nada a atormentava.
A antiga e a atual Moema lutavam em sua escolha, e somente ao amanhecer ela
teria paz, pois seria quando Rudá a testaria e mostraria a realidade de seus sentimentos e
qual deles iria vencer em seu coração.
Nhadeara viu Moema andando sozinha e se aproximou dela:
- Esta tudo bem?- ele perguntou
- Nhadeara estou confusa e não sei onde vou descansar-me, leve a cabana onde
vou ficar, preciso refletir.
- Aconteceu alguma coisa entre você e Piatã?
- Me mostre onde é minha cabana, não quero responder, pode respeitar?
- Calma, calma, claro que posso, sua cabana é a mesma de Piatã, tem outros
quartos na cabana é aonde vocês devem ficar.
- Não acredito, por que temos que ficar no mesmo lugar?
- Foi Rudá que decidiu.
Moema ficou constrangida, pois teriam que retornar a cabana e ver Piatã, eles
tinham acabado de brigar, não era justo Rudá fazer isso.
Piatã levantou do chão e a dor que sentia na parte onde Moema tinha chutado
ainda doía, ela tinha mudado, mas ele também mudou, seu desejo de ser um guerreiro
retornou e a confiança de conseguir fazer tudo sozinho estava em seu coração, mas algo
havia mudado desde que ele soube que Moema era sua destinada, algo mudou em sua
vida e somente ela era quem fazia sentir emoções desconhecidas.
O caçador deitou em sua cama e todo o passado e o presente estavam em sua
mente, à vitória sozinha ou ao lado de Moema? Ele temia a resposta dessa pergunta,
pois seus sentimentos e sua razão lutavam entre si, o fazendo sentir o peso das escolhas
que ainda fez.
Piatã fechou seus olhos, precisava descansar e esquecer-se de tudo o que tinha
passado a dor em seu corpo não era maior que a dor da confusão, seus sentimentos
travavam uma luta incansável em sua mente e seu coração, sua razão estava o
confundindo e se ele não descansasse a loucura o acompanharia para a escuridão do
enloquecer.
As perguntas de Rudá atormentavam a Piatã, suas palavras vieram como um
vulcão em fúria retirando toda a paz que antes o caçador sentia, as lembranças o
afetaram e a incerteza de não saber quem ele era agora o machucava, antes ele sentia
que um novo homem nascia, um guerreiro que seguisse a Rudá, porem as lembranças o
fizeram lembrar de que ele sempre quis andar só e era isso que o fazia feliz.
Houve um barulho nas cortinas da entrada da cabana e Piatã levantou-se para ver
quem era, e ficou assutado quando viu Moema entrando na cabana onde ele estava:
- Por que esta aqui?
- Rudá falou que essa cabana pertence a nós dois, entao vou dormir aqui nesse
chão e você continue dormindo onde estava. - Moema respondeu com um olhar furioso.
- Tem espaço pra mais um na cama, não quer ir la, você vai passar frio aqui...
- Não quero, amanha quero saber logo as respostas de Rudá e não quero me
aproximar de você novamente, até saber o que ele sabe sobre nós.
- Esta bem, então faça tudo de acordo a sua vontade- Piatã disse furiosamente.
O caçador voltou a sua cama e seus pesadelos retornaram a razão de ele estar
naquele lugar e conhecer uma mulher tao incrível e determinada como Moema o fazia
se acalmar, mas o seu orgulho e seu desejo de fazer tudo o sozinho estava retornando
desde que ele conversou com Rudá.

9. Teste de Rudá

Moema abriu seus olhos, a luz batia em seu rosto e seu corpo doía por ela estar
sentada na cadeira onde Rudá se sentou, os pesadelos estavam ainda gravados em sua
mente, tudo o que Rudá disse seria testado hoje e Moema temia qual a resposta que
teria.
Novas descobertas Rudá lhe mostraria e o teste final para ela e Piatã receberem a
missão juntos era o ultimo passo para a missão ser realizada.
Em seu coração Moema temia qual o resultado do ultimo teste de Rudá, a noite
anterior ela e Piatã mostraram que ainda não estão prontos para ficar juntos e o que
Rudá testaria, talvez fizesse eles se afastarem mais ainda em seus corações e seus
desejos.
Ela sempre quis ser independente, mas sempre que via o caçador algum
sentimento a impulsionava a querer ser dependente dele e amar ele, mas os seus
sentimentos de ser livre e não depender de ninguém estava retornando e a fazendo entrar
em áreas de conflito que ela não se sentia preparada para enfrentar.
Moema ouviu uns barulhos do quarto de Piatã e se entristeceu pelo que tinha
feito antes com ele, não foi correto, mesmo que eles não dessem certo, ela foi uma
menininha querendo ser mulher, ela machucou o corpo do caçador e isso a machucou
pois ela não queri machucá-lo.
Piatã abriu as cortinas de seu quarto e sorriu calmamente para Moema e disse:
- Bom dia, esta preparada para hoje?
- Não sei e você esta? – Ela respondeu
- Pensei muito sobre ontem à noite, mal consegui fechar meus olhos, não da pra
saber o futuro, talvez agente nunca devesse ficar juntos e tudo aquilo não passou de uma
ilusão... Mas também a possibilidade de Rudá querer nos unir para sempre, eu
sinceramente não sei o que eu quero, mas que o melhor seja decidido.
- Você é tão sincero comigo, tem horas que isso me assusta.
- Moema, eu não posso mentir para você, independente de darmos certos ou não,
eu aceitei essa missão e você também, eu quero concluir essa missão com você ou sem
você, mas eu quero conclui-la e um dia saber que eu ajudei o mundo que nós vivemos.
Moema se enconstou na madeira da entrada da cabana, esse era o homem na
qual ela sempre sonhou, e tudo estava mudando e o sentimento de não querer pertencer
a ele aos poucos crescia, pois a cada resposta ele machucava a ela e a sua sinceridade
mostrava que ele só estava a pensar em si mesmo, mas ela não podia negar que o
sentimento de pensar em si mesma também estava em seu coração.
Ela sempre fez tudo sozinha, por que agora teria que depender de um caçador?
Piatã era um homem encantador, ela não podia negar, mas ela não negaria que
nunca quis depender de ninguém, essa era a sua diferença de todas as mulheres da tribo,
esse era seu orgulho e ao lado de Piatã a fraqueza de depender de alguém sempre
retornava e isso a enfurecia.
Moema sentiu um leve toque em seu braço e virou para trás e seus olhos se
encontraram com o de Piatã:
- Eu posso estar errado Moema, mas sei que nós dois temos conflitos, Rudá
mecheu comigo e com você, eu era um homem livre e agora me sinto preso a seu olhar,
mas em minha razão sinto que não devo pertencer a você e meu coração responde
totalmente diferente, ele quer pentencer a você...
Moema estava a cada momento mais assustada com a sinceridade de Piatã,
porem a todo o momento ela não mostrava emoção nenhuma pelo que ele dizia.
- Piatã, somos tão diferentes, olhe para você, você é o exemplo de homem que
sempre quis ser sozinho e eu sempre quis ficar sozinha, essa é nossa única semelhança,
mas não temos mais semelhanças, eu sou o que sou e não sei se quero ficar com você e
sentir fraqueza de depender de um homem.
- Então você também sente fraqueza?
- Claro que sinto, e quando estou do seu lado, sinto muita fraqueza.
Piatã sorriu ao ouvir a resposta de Moema e disse:
- Seu chute ontem não mostrou nenhuma fraqueza.
Os dois sorriram, toda a tensão precisava sair de suas mentes, eles não poderiam
decidir nada com tantos conflitos, era impossível ter uma decisão correta, quando a
confusão estava nitidamente em suas decisões.
- Você não vê Piatã, somos diferentes.
- Que bom que somos diferentes, não agüentaria uma mulher igual a mim, eu
sou cheio de defeitos, alguém com os mesmos defeitos que eu seria insuportável.
Piatã estava sendo sincero e o orgulho de Moema aos poucos estava perdendo
espaço em sua mente, algo ao anoitecer mecheu com Piatã e isso estava animando
novamente Moema.
- Aconteceu alguma coisa à noite, você esta mais feliz, por quê?
- Andei pensando muito Moema, eu não vou mudar e você como você mesma
disse, também não, é isso que somos, mas mesmo assim estamos aqui, talvez eu e você
não vamos ficarar juntos, isso é real, mas temos que cumprir uma missão, é nosso dever
e eu não quero te fazer sofrer por quem eu sou o você me machucar, por quem você é,
então pensei ontem a noite, por que eu não aceito você como você é? Isso é o certo, esse
é o primeiro passo para me aceitar, é te aceitando. Rudá sabe o que é melhor para você e
para mim, então quero esperar a resposta dele.
- A sua confiança me assusta.
Os olhos de Moema e Piatã se encontraram novamente e eles sorriram.
- Tem tanta coisa que ainda você tem que descobrir de mim...
- Se ficarmos juntos, eu quero descobrir tudo sobre você.
Moema beijou o rosto de Piatã e disse:
- Vamos se encontrar com Rudá?
- Sim, não agüento mais tantos conflitos, que hoje ele decida o melhor.
- Me desculpe por ter te machucado ontem...
- Esqueça Moema, o que passou, passou.
Moema e Piatã saíram da cabana, decididos que nunca mais poderiam olhar para
trás, a incerteza de ficarem juntos não faria mais efeito em suas decisões, o orgulho não
poderia mais comandar suas decisões, eles teriam que mudar os erros do passado e a
única forma de acertar era mudando o presente, ao lado um do outro, ou separados.
Os seus passos tinham o peso de suas escolhas, eles estavam a cada momento
mudando, tanto em personalidade e em amadurecimento, seus sentimentos errados e
suas incertezas teriam que sumir, era o dever deles mudar o mundo com todos os erros e
acertos que seu caráter tinha.
A cabana dos guerreiros era uns dos lugares mais distantes de Khabitu e
enquanto andavam, pensava em tudo o que teria que decidir o silêncio entre eles, era o
barulho em sua mente, seus pensamentos teriam que tomar uma decisão e enquanto
chegavam á cabana a decisão deveria ser tomada.
Enquanto andavam, admiravam cada arvore e cada animal que ali estava à
riqueza e a pureza que existia em Khabitu os acalmava, não era momento de sofrer e a
decisão correta seria dita por Rudá, esse era o destino deles e nada mudaria o que estaria
por vir.
Piatã evitava pensar em si mesmo, não queria ficar a vida inteira preso em seu
ego e suas pequenas vitoriras de caça, ele não queria mais ser um caçador, seu passado
somente lhe mostrava as caças e seu futuro tinha possibilidades de mostrar um mundo
melhor, seu coração dizia para ele ficar ao lado de Moema e seu ego a cada momento
estava a sumir, não havia razão para ficar preso a ele mesmo, se não fosse para ser preso
por alguém por amor, então nada teria sentido.
A razão de ele estar em Khabitu era que Rudá o havia escolhido, Rudá o Deus
do amor o havia escolhido, se ele não lutasse por amor nada teria sentido, seu amor pelo
seu povo e por Moema seria testado, seu amor em sua fé seria a flehca que o
impulsionaria a lutar e continuar a acreditar num mundo melhor, esse era seu destino, e
o desconhecido futuro mesmo amedontrando não o afetava tanto quanto o passado e as
escolhas erradas que antes tomou.
Piatã esteve nos braços de outra mulher, mas quando esteve com Moema foi
diferente, ela era diferente, Moema possuía um brilho e uma pureza de coração que
somente Piatã podia sentir, ela antes era uma menina, mas desde que colocou os pés em
Khabitu, uma mulher surgiu e essa mulher encantou a Piatã.
- Estamos quase chegando- Disse Moema
Os pensamentos de Piatã foram cortados pela meiga voz da mulher que Rudá
escolheu.
- Não agüentava mais andar. - Ele sorriu e seus olhos viram a grande cabana dos
guerreiros.
A cabana era a maior de Khabitu, havia guerreiros dentro e fora da mesma e
todos estavam olhando para Piatã e Moema, os escolhidos de Rudá.
Alguns guerreiros sentiram raiva deles, pois eles sempre quizeram fazer a
missão, eles eram destinados a isso pelos seus cargos em Khabitu, pelo menos era isso
que eles acreditavam, mas não era esse o plano de Rudá.
Ums dos guerreiros se aproximou deles e sua imponência começou a inquietar a
Piatã:
- Como vocês estão? Estão preparados para o teste final ou querem voltar atrás?
- Quem você pensa que é para falar assim? – Moema respondeu enfurecida
- Sou o comandante Muruthi, e quem você pensa que é para falar comigo assim
menina?
O camandante enconstou seu rosto próximo ao de Moema e seus olhos cheios de
fúria se encararam, Piatã não agüentou o fato de um homem como aquele ser o
comandante.
A presença do comandante fazia o ego de Piatã crescer e sua vontade de ser
superior aumentar em seu coração.
- Se afaste dela, não quero te machucar.
- Piatã acalme-se- Rudá apareceu a todos
O Deus do amor afastou Muruthi de Moema e disse:
- Quero conversar com você depois comandante. Agora Moema e Piatã estão
preparados para o teste? Ou querem as respostas primeiras?
- Eu quero as respostas
- Eu quero o teste.
Moema e Piatã disseram ao mesmo tempo coisas diferentes e os guerreiros
ficaram mais enfurecidos pela resposta separada dos dois.
- Vê Rudá o que você escolheu? Eles não estão nem conectados e nem tem o
mesmo pensamento, o relacionamente dos dois é um fracasso. - Muruthi cuspiu no chão
O ego de Piatã foi machucado e ele avançou furiosamente para o comandante, e
todos os golpes que ele dava, o comandante se esquivava e sorria com superioridade.
- Parem os dois- Rudá gritou fortemente e toda a terra tremeu – Vocês estão
agindo como crianças, qual o problema de vocês? Eu os escolhi e vocês querem se
matar, vocês está agindo como cachorroros que querem proteger seu ridículo espaço.
Moema tocou delicadamente nas mãos de Piatã e sussurou:
- Não se desgaste Piatã, ele não é nosso teste.
Piatã aceitou o toque de Moema e sussurou em seu ouvido:
- Vamos nos unir nessa missão, vamos passar nesse teste, esqueça tudo o que
passou me promete?
- Por que isso?- Moema respondeu assustada, mas também sussurou em
resposta.
- É pro nosso bem Moema, quero fazer muito essa missão e preciso da sua ajuda,
vamos testar nossos sentimentos e concluir logo esse testet final.
- Esta bem, esta bem, mas quero que saiba que ainda estou confusa sobre meus
sentimentos.
- Então esta na hora de tirar essa confusão não acha? – Rudá disse e todos
olharam assustado para ele. – Venha Moema, venha Piatã e vejam seu teste final.
O confuso casal estava na entrada da cabana dos guerreiros e quando Rudá disse
essas palavras, o chão começou a tremer, mas não era por Rudá, ele nem tinha gritado,
era algo de fora que fazia a terra tremer o tempo todo.
Um ser grande estava vindo, e o chão tremia seguindo a pulsação dos corações
assustados de Moema e Piatã, todos os guerreiros estavam animados e ficavam
caçoando do rosto assustado de Moema.
- Não disse Rudá ela não vai agüentar.
- Fiquem quietos todos vocês- Rudá gritou novamente
Os passos do ser que estava vindo a cada momento tremiam e mais o chão e
atrás da cabana saiu um grande lagarto com fúria em seu olhar e estava preso por um
grande numero de guerreiros.
- Este Piatã e Moema são a missão de vocês. Vocês terão que mata-lo ou doma-
lo, isso vocês dois terão que decidir, essa é a ultima fase para a luta que terão que
enfrentar.
O lagarto estava furioso e machucava todos os guerreiros, a cor desse animal era
branca e possuía grandes asas, as suas asas cobriam todos os homens e seus olhos
possuiam uma cor vermelha que lembrava o sangue, esse era o teste final.
- Entreguem espadas aos dois- Rudá disse á alguns guerreiros.
Moema pegou a espada que Potira a havia entregado e a energia que aquela
espada possuía a acalmou, era o momento de lutar, seus sonhos poderiam ser realizados,
sua missão poderia ser concluída, mas para isso teria que domar a fera que estava diante
de seus olhos.
A espada que ela segurava em suas mãos a lhe traziam as vozes de Potira, as
palavras sabias, e a bondade e coragem nas lutas, Potira tinha avisado a ela de que teria
um árduo caminho a seguir se quisesse pertencer a Rudá e cumprir a missão, ela sempre
soube disso.
Moema lutaria com aquela fera que estava em sua frente e não a mataria, não era
seu plano ter o sangue de um animal que Rudá trouxe a ela para testar, sangue que Rudá
escolheu em sua espada não era seu plano.
Um guerreiro entregou uma grande espada a Piatã, a espada tinha que ser
segurada nas duas mãos, pois possuía uma grande lamina, na lamina existia pequenos
desenhos de antigos guerreiros e símbolos de algumas tribos que alguns casais foram
testados.
Nhadeara estava atrás dos guerreiros e se aproximou de Piatã:
- Como se sente?
- Preparado para lutar. - Piatã respondeu olhando para a fera que estava a sua
frente.
- Boa sorte Piatã, que suas escolhas sejam sabias para com Moema e nesse teste.
- Obrigado Nhadeara. Esta pronta Moema?
- Estou
Moema segurava intesamente à espada e seus olhos brilhavam com as réstias da
espada em seu rosto, Piatã se encantou pela determinação de Moema e sua coragem se
intesificou, ele concluiria essa missão e ele e Moema voltariam a ser felizes como antes,
antes de Rudá mostrar seu passado, ele provaria a ela que cuidaria dela.
Moema olhou para Piatã e seus olhos se encontraram, ela sorriu levemente e a
fera que estava diante deles rugiu, todos os guerreiros se afastaram e o casal ficou na
frente da fera.
Um grande espaço ficou aberto e todos os guerreiros se distanciaram do grande
lagarto, agora Piatã e Moema lutariam sozinhos, este era seu ultimo teste, e falhas não
poderiam existir.
O grande lagarto soltava fogo de sua boca e seu rugido assustava a todos, o casal
estava assustado, mas teriam que lutar se não lutassem provavelmente não seriam mais
as diferenças teriam apenas o fracasso.
A espada estava pesando na mão de Moema, seu destino dependeria do que ele
fizesse com aquele lagarto, sua missão iniciaria se ela vencesse aquele grande animal.
Uma nova vida os esperaria se concluíssem esse ultimo teste, Piatã e Moema
iniciariam sua missão e a união deles nessa missão iria depender nesse teste, seus
antigos erros não afetariam a decisão de Rudá, mas para isso eles teriam que provar se
mereciam a missão juntos.
- Que comece o teste- Rudá gritou e todos os guerreiros se calaram.
Piatã começou a andar próximo do lagarto, porem a fera avançou e quase tirou
seu braço.
- Você esta louco? Temos que atacar juntos e domar esse dragão. - Moema disse
enfurecida e ao mesmo tempo preocupada com Piatã
- D-domar? Eu quero matar e não domar.
- Por que matar? Você é obcecado por sangue?
- Temos que mata-lo, olhe para ele, somente matando...
- Pare com isso, eu não quero sujar as minhas mãos com o sangue dele.
Piatã estava se enfurecendo com Moema, eles tinham que lutar e matar, era isso
o que ele sempre aprendeu fazer, não poderia simplesmente domar um animal daquele
tamanho, seria impossível para ele somente domar.
Moema não queria matar, ela nunca havia matado nada em sua vida, ela somente
machucou Jelani e nada mais, imaginar o sangue inocente em suas mãos a fazia se sentir
pecadora e não era isso o que ela queria.
- Vamos ter que entrar em um acordo. - Moema disse.
- Não tem acordo, temos que matar e pronto! , você não quer concluir logo esse
teste?
- Quem te disse que somente com sangue você vence?
- A vitoria tem que ter sangue, pois é ele que mostra o vencedor.
- Belas palavras Piatã, mais são somente pelas palavras.
Moema estava enfurecida, um homem como aquele estava vivendo somente de
sangue e suas vitorias eram somente pela morte, para ela a vitória não vinha com
sangue, mas sim com sabedoria e calma para dominar o oponente.
Mas o seu passado a estava atormentando, ela conseguiu fugir de sua tribo
conseguindo sangue de Jelani e não pela paz, ela errou em seus próprios conceitos e não
queria falhar novamente neles.
O ataque em Jelani, o sangue que escorreu de seu corpo, ela causou isso em seu
sentimento de libertação, ela buscou todas as formas de se libertar e somente o
machucando conseguiu se libertar, mas somente com o preço do sangue dele e nada
mais.
Ela não era diferente de Piatã, seu passado mostrava que ela não era capaz de
vencer sem sangue e também provava que ter sabedoria para vencer o inimigo não se
aplicava a ela.
- Vão ficar namorando ai é?- Um dos guerreiros começou a zoar deles e os
outros guerreiros começaram a rir de Moema e Piatã
- Vamos lutar logo Moema.
- Calma, me deixa pensar em um plano.
- Que planos? Você esta louca, não quero pensar- Piatã entao disse- vou avançar
sozinho
Piatã avançou novamente no dragão e a espada que ele empunha comçou a
machucar o animal, e a alegria de Piatã por acreditar que estava vencendo fazia sua
espada entrar mais fundo na carne do dragão.
Moema ficou assustada e preocupada com Piatã, ele estava machucando o
dragão, mas a força do dragão poderia machucá-lo muito mais.
- Vê Moema é assim que se vence. – Piatã gritou e sua espada foi entrando mais
profundo na carne do animal.
A espada estava entrando na carne do animal, quando de repente o dragão deu
uma patada em Piatã e este foi aremessado e parou nos pés de Moema.
Moema ajudou Piatã a levantar e disse:
- Consegue ficar de pé?
- Consigo, me solte logo.
Piatã se distanciou de Moema, não queria tocar nela e nem ouvir sua voz, ela não
poderia estar certa, um dragão não pode ser domadao, mas sim ser morto, esse era o
teste de Rudá.
O dragão continuava a soltar fogo e o sentimento de ser derrotado frustava Piatã,
ela nunca perdeu nada na vida e não seria agora que iria perder.
Os guerreriros continuavam a rir do caçador, ele era o motivo da alegria, pois ele
foi o tolo que tentou atacar o dragão, sendo que nenhum dos guerreiros conseguiu
domar, e Rudá e Nhadeara foram os únicos que conseguiram lutar e vencer o dragão.
- Piatã, Piatã, tem outras formas de vencer, tente ouvir o que Moema quer dizer.-
Nhadeara gritou.
Os guerrerios riram mais ainda e o comandante disse:
- Então o nosso futuro guerreiro depende da ajuda de uma mulher para vencer
um dragão, que ridículo.
Todos continuaram a rir e a fúria de Piatã foi aumentando, ele era o motivo do
riso, ele era a diversão para os guerreiros, a cada momento sua vontade de matar
aumentatava e o desejo de provar a todos que ele era um ótimo guerreiro o fazia querer
agir sozinho na luta contra o dragão.
- Moema fique aqui, vou atacar de novo.
- Você esta louco? Você esta machucado não pode lutar sozinho de novo-
Moema disse preocupada com ele.
- Já venci muitas lutas, vou vencer essa também.
Piatã avançou novamente e gritou quando foi atacar o dragão, sua espada iria
machucar a mesma pata do animal, mas o dragão deu uma patada muito mais forte em
Piatã que fez ele para próximo de onde Rudá estava.
- Você não consegue esperar para lutar junto com Moema?- Rudá disse
calmamente para Piatã.
Piatã estava com no chão, o impacto da patada do dragão fez seu corpo sentir
todo o peso de sua derrota, mas ele se apoiou na espada e começou a levantar
lentamente.
- Tudo ok Piatã?- Moema gritou de preocupação e raiva por Piatã ter atacado
sozinho novamente.
- Estou bem.
Os guerreiros riam mais e mais de Piatã, ele era um derrotado, tudo o que ele
fazia era motivo de risos, ele não era um guerreiro, mas era um caçador impulsivo que
fazia todos os guerreiros se divertirem à custa de seu erro.
Rudá ajudou Piatã a se levantar e o Deus do amor disse baixinho no ouvido dele:
- Não siga sempre seus instintos, eles podem te trazer derrota, e sua
impulsividade pode causar a derrota de todos.
As palavras sábias de Rudá começaram a fazer Piatã ficar mais calmo, ele não
poderia atacar o animal sozinho, e agora que estava todo machucado nescessitaria ainda
mais de Moema.
- Ouça a garota, ela tem bons planos. - Rudá disse e piscou para o caçador- Seja
um sábio guerreiro e não um impulsivo caçador.
Piatã foi até Moema, e todos os guerreiros riam mais e mais dele, os seus erros
estavam fazendo os outros se divertirem a sua custa, ele era o motivo do riso, e sua
impulsividade era o motivo de ter sido derrotado pelo dragão.
Os guerreiros tinham feito uma grande roda para o teste de Moema e Piatã, e
enquanto Piatã ia se encontrar com Moema, todos o empurravam para o dragão, mas ele
sempre retornava e se aproximava de Moema.
Quando se aproximou de Moema, ela disse duramente:
- Cansou de apanhar? Agora posso dizer qual o meu plano?
- Diga logo então. - Piatã sorriu para Moema, não queria mais falhar.
- Sempre querendo ser o centro das atenções, que pessoa mesquinha você é. -
Moema disse enfurecida.
- Já aprendi e sei meu erro, agora, por favor, me diga seu plano.
- Como você esta machucado, você vai ter que avançar novamente embaixo do
animal e eu vou subir na cabana para pegar o cipó que esta na arvore próxima ao dragão
e quando eu jogar o cipó para você, você passa pelas pernas do dragão, enquanto eu vou
prender a boca dele com outro pedaço de cipó. Consegue fazer isso para mim?
- Claro que consigo... E você consegue fazer a sua parte?
- O plano é meu, vou fazer tudo correto. Ouça bem Piatã, quando eu subir na
cabana, você começa a ir até os pés do dragão, se ele te machucar você o machuca com
a espada, mas não o mate.
- Vai ser difícil para mim, mas vou me esforçar.
- Tente não falhar de novo Piatã.
Moema guardou a espada na bainha e avançou para a cabana, ela corria a cada
momento mais rápido querendo logo concluir a sua missão.
Moema começou a subir na cabana e Piatã começou a avançar para atacar
novamente o dragão, não iria machucá-lo se ele não o machucasse, ele teria que seguir o
plano de Moema, não poderia falhar novamente.
A cabana era dificil para Moema subir, mas ela não queria dessistir, essa era a
dificuldade de seu plano, sua derrota e sua vitória iriam depender inteiramente dela, pois
Piatã estava apenas seguindo o plano que ela criou.
A cabana tinha algumas partes salientes que Moema começou a segurar, não
poderia falhar, seria imperdoável mais um erro nesse teste, Piatã falhou duas vezes, ela
não queria falhar e enquanto subia ela começou a se machucar pelo material rústico que
a cabana possuía.
Sua roupa começou a ser cortada e sua pele começou a ter leves cortes, esse era
o preço da sua missão e ela não voltaria atrás.
Piatã estava embaixo do dragão e o dragão tentava pega-lo mais seu tamanho
impedia que ele chegasse perto do caçador.
Moema foi subindo no topo da cabana e quando chegou ao topo, ela não pensou
em nada e pulou na árvore, mas quase foi pega pelas chamas que o dragão soltou
quando viu ela se aproximando dele.
O tronco da avore que ela conseguiu segurar foi sendo queimado pelo fogo do
dragão e ela teve que avançar rapidamente até a parte central da arvore.
Quando chegou a parte central ela começou a subir mais alto na arvore, pois o
dragão continuava a lançar fogo e fez uma queimadura em seu braço, enquanto ela
tentava subir.
- Estou precisando de uma ajudinha Piatã. - Moema gritou.
Piatã começou a machucar o dragão, sua espada estava machucando a parte de
baixo do dragão e o dragão tentava ataca-lo, mas não conseguia, pois Piatã estava
embaixo dele.
Moema pegou os cipós grossos que a arvore tinha e ela jogou alguns no chão e
disse:
- Pegue alguns cipós Piatã e amarre as patas do dragão.
- Vou pegar agora.
Piatã correu para pegar o cipó e sua o dragão começou a soltar fogo, mas ele
começou a correr e se defendeu com a espada, e o fogo queimou um pouco de sua
espada.
O caçador pegou o cipó e correu para enrolar as patas do dragão, enquanto ele
corria, alguma parte de sua costa foram queimadas e sua espada começava a queimar a
sua mão, mas ele não dessistiria mesmo machucado.
Moema viu que Piatã pegou o cipó e pegou um gande pedaço de cipó para ela, e
enrolou em seu braço, ela pulou no dragão e o animal começou a querer morder
Moema, mas ela fez um grande corte nos olhos do dragão.
- Vamos vencer juntos Piatã- Moema gritou e começou a atacar o dragão.
A espada de Moema começou a machucar os olhos do dragão, pois ele estava a
atacando, e ela pegou rapidamente o cipó do seu braço e foi até o animal.
Ela foi subindo no pescoço do dragão e as escamas do dragão a ajudaram e a
machucaram na subida até ela chegar aos olhos do dragão.
Quando ela chegou aos olhos do dragão, ela enrolou nos olhos do animal todo o
cipó que ela tinha pegado.
O dragão começou a soltar fogo em todo o lugar e o topo da cabana começou a
queimar e enquanto isso Piatã enrolava a ultima pata do dragão e ele gritou:
- Só falta você Moema, aqui eu já conclui.
Moema estava sendo sacudida pelo dragão, mas ela conseguiu segurar
firmemente nas escamas do animal e amarou o cipó nos olhos do dragão.
- Puxe o cipó Piatã. - Moema gritou e pulou no chão.
Piatã foi atrás do dragão e puxou o cipó que estava segurando os outros cipós, o
dragão continuava a soltar mais fogo queimando mais a cabana.
Todos os guerreiros começaram a ficar enfurecidos com Moema e Piatã, pois
eles estavam conseguindo domar o dragão e estavam prejudicando a cabana deles.
- Venha me ajudar Moema.
Moema estava caída no chão, mas conseguiu levantar e foi ajudar Piatã a puxar o
cipó que estava segurando o dragão.
Eles estavam usando toda a força que restava e o dragão começou a cair, pois
não conseguia enxergar nada e suas patas estavam presas pelo cipó que Piatã havia
enrolado nele.
O dragão caiu no chão e a vitoria limpa de Piatã e Moema ocorreu, nenhum
guerreiro comentou nada, mais todos tiveram que aceitar que o casal tinha vencido.

10. A missão

- O teste foi concluído- disse Rudá


O dragão que antes estava tentando se soltar parou onde estava e não fez
nenhum movimento, Piatã e Moema o derrotaram e a ultima fase antes de iniciar a fase
tinha sido concluída.
- Moema e Piatã, vocês foram sábios em não matar esse dragão, Meoma você
mostrou ser capaz de pensar e refletir sobre a escolha certa, mesmo quando todos estão
contra você. Piatã sua vida ficou em risco nessa missão, mas você nos demonstrou que
quando esta em uma missão, você esta nela com todo o seu corpo e coração. A escolha
de não ter matado o dragão foi sábia e essa escolha concluiu o teste de vocês.Por
favor,venham aqui.
Os dois se afastaram do dragão e foram até Rudá e o Deus do amor disse:
- Ajoelhen-se, Piatã me entregue sua espada.
Piatã estava machucado e mal conseguia segurar a espada, mas com um pouco
de esforço ele conseguia entregar a espada a Rudá.
- Pegue a espada Deus do amor- Disse Piatã.
O corpo de Piatã doía inteiramente, e ao tentar se ajoelhar suas pernas
começaram a tremer pela dor das feridas que o dragão lhe havia causado.
- A espada que você usou Piatã, é a espada sagrada de Khabitu, essa espada foi
usada por muitos guerreiros, mas ela sempre retornou para mim, pois nenhum dos
guerreiros foi capaz de concluir a missão que o destinei.
Rudá viu seu reflexo na espada, enquanto a segurava, essa espada possuía o
sangue de muitos e a derrota de todos os antigos guerreiros, Piatã seria mais um
guerreiro, e Rudá teria que confiar novamente na bondade do guerreiro.
- Essa espada possui dor e sangue, todo aquele que a possui tem que estar ciente
do que carrega, ela é sagrada e conhece o coração de quem a usa, se uma maldade tocar
no seu coração e te dominar, a espada voltara para mim e terei que usar outro guerreiro.
Piatã esta espada agora é sua, é meu presente a você para essa missão que ira começar.
A partir de hoje você é meu guerreiro e é sua responsabilidade manter sua mente e
coração puros para assim essa espada ser sua e te ajudar nessa missão.
Rudá tocou a espada nos ombros de Piatã e disse a todos:
- Meus amigos, um novo guerreiro nasce em Khabitu, que ele seja fiel e leal a
essa missão, esses são meus votos sinceros.
Moema olhou para Piatã, ela estava orgulhosa por ele, o sonho de ele ser
guerreiro tinha se realizado, e talvez o sonho dela também.
- Acalme-se Moema, não me esqueci de ti. - Disse Rudá e sorriu para ela.
- Irei me acalmar Rudá. - Moema abaixou o rosto e esperou a vontade de Rudá
em sua vida.
- Todos os guerreiros aqui viram o quão sábia essa moça pode ser ela é especial
nesse mundo que somente busca sangue, ela evitou ao máximo o sangue do dragão e
não se afetou pela opniao do nosso guerreiro impulsivo.
Todos riram quando Rudá disse de Piatã, mas Rudá retornou a Moema.
- Moema você é a guerreira que eu escolhi desde que chegou aqui, você foi
capaz de aceitar as coisas que viam a você e hoje quero que aceite e seja a minha
guerreira nessa missão. Você aceita?
- Sim Deus do amor.
Rudá tocou a espada nos ombros de Moema e disse:
- Levantem-se e cumpram a sua missão.
Piatã coemçou a levantar, seu corpo todo doía, mas mesmo assim conseguiu
ficar de pé, seu orgulho de ser um guerreiro de Rudá o impulsionava a superar a sua dor
e ser honrado por todos aqueles que antes estavam a caçoar dele.
Moema levantou e sorriu para todos os guerreiros, não havia mais nada do que
ela queria a não ser, ser reconhecida, ela se esforçou nesse teste e ser a guerreira de
Rudá era motivo suficiente para sorrir o resto do dia.
- Pegue sua espada Piatã- Rudá entregou a Piatã a espada.
O peso da espada fez Piatã começar a cair, mas ele colocou a espada como apoio
no chão e continuou a olhar firmemente para todos os guerreiros.
Moema viu que Piatã quase caiu e se preocupou, ele estava todo ferido, ela
queria cuidar dele e limpar as feridas que o dragão havia causado.
Alguns guerreiros bateram palmas para Moema e Piatã, porem o comandante
ficou de braços cruzados e ficou olhando furiosamente para os novos guerreiros de
Rudá.
- Moema, Piatã acredito que vocês precisam descansar vocês dois voltem para a
cabana, tenho assuntos a resolver com os outros guerreiros.
- Obrigado Rudá por esse teste. - Moema abraçou fortemente Rudá e beijou o
rosto do Deus do amor.
- Venha Moema, temos que descansar- Disse Piatã
Enquanto saiam da presença de Rudá, o sentimento de orgulho e vitoria
aumentava o coração de Moema e Piatã, eles haviam concluído seu teste, eles eram
oficialmente guerreiros de Rudá.
O corpo de Piatã doía inteiramente, mas seu coração estava satisfeito, e esta
vitoria para ele tinha sido a mais feliz do mundo, pois não foi somente mérito seu, mas
de Moema que foi sábia na escolha do que o teste simbolizava.
Moema estava olhando para Piatã, e o medo de ele cair a qualquer momento a
estava deixando inquieta, porem ela não queria cuidar dele se ele não permitisse.
Piatã estava andando e o peso da espada estava aumentando a dor de seu corpo
ferido, seus passos estavam mais pesados e seus braços não conseguiam segurar a
espada.
A espada estava impulsionando a Piatã a cada momento ir mais para o chão, mas
ele continuava a andar firmemente com todo o orgulho de ser um novo guerreiro.
Todos os espíritos viram a espada de Piatã e se alegraram, pois a missão estaria a
cada momento mais próxima de ser realizado, um final diferente eles ansiavam para a
missão que Rudá destinou.
- Moema, por favor, me ajude a andar, não sei o quanto mais eu agüento esse dor
em meu corpo.
Moema pegou o braço que não segurava a espada e colocou em volta de seu
pescoço, e ela colocou a mão dela na cintura de Piatã para levá-lo até a cabana.
- Como você esta Piatã- perguntou Moema preocupada.
- Machucado- ele riu quando respondeu- Ai,ai...meu corpo dói, não posso nem
rir direito que ele dói mais ainda.
- Fique quieto então, vamos chegar logo na cabana.
Piatã estava a admirar a Moema, aquela mulher mostrou uma sabedoria em uma
luta que ele nunca conseguiria ser capaz de resolver sem lutar, e essa sabedoria fez ele
ser um guerreiro, ele sempre seria grato a Moema, pois ela quem havia sido a razão de
ele estar em Khabitu e lutar por Rudá.
Moema levava Piatã e a determinação de querer cuidar dele estava aumentando,
ela queria cuidar sempre dele, e sorrir ao lado dele, o sentimento de vitória era intenso,
mas somente era intenso porque Piatã estava ao lado dela.
- Você foi incrível Moema, a minha admiração por você esta muito maior do que
antes, você me ajudou a ser um gurreiro e não um caçador que somente pensa em matar,
você me ensinou muita coisa Moema, obrigado.
Quando Moema ouviu o agradecimento de Piatã seu coração palpitou
intesamente, ele era um homem respeitado e honrado e ele estava a agradecer a ela, o
agradecimento de Piatã foi para Moema a garantia de que ela havia feito a escolha certa
de fugir da tribo.
Eles chegaram à cabana e Moema colocou Piatã na cama e pegou a espada que
ele segurava e a colocou próximo a Piatã.
Moema estava saindo do quarto, mas Piatã disse:
- Fique aqui comigo, por favor.
- Eu irei voltar, irei pegar algumas ervas para cuidar de você.
- Não demore- Piatã riu suavemente para Moema e seus olhos se encontraram.
Sentimentos retornaram com mais intensidade a seus corações, seus conflitos
desde o inicio tinham mudado suas escolhas, e o sentimento de querer pertencer
somente um ao outro inundavam em seus corações.
Piatã antes nunca quis pertencer a nenhuma mulher, mas a Moema ele sentia a
nescessidade de se entregar inteiramente a ela, ela era uma mulher sábia e bela, sua
beleza fazia Piatã sentir que nennhuma outra seria importante para ele e sua sabedoria o
fazia querer aprender mais e mais sobre ela.
Enquanto Moema estava a busca de ervas para cuidar de Piatã, o passado e o
presente ficaram em sua mente, a diferença entre Piatã e Jelani era nítida, Piatã podia
ser impulsivo porem reconhecia que errava, enquanto Jelani era um impulsivo
orgulhoso.
Moema viu alguns espíritos e perguntou a eles:
- Onde eu encontro ervas para cuidar de Piatã?
- Próximo a cachoeira você vai encontrar. - respondeu um dos espíritos
Moema foi correndo para a cachoeira e encontrou as ervas para cuidar de Piatã,
o corpo dela ainda doía, mas ela bem sabia que não tanto quanto o corpo de Piatã,
cuidar dele era o imporante agora e depois de seu corpo.
Ela pegou cada erva e foi até a cabana, quando olhou para Piatã deitado na cama
ele sorriu para ela e disse:
- Você esta machucada, não precisa cuidar de mim.
- Vou cuidar, suas feridas foram muto maiores que as minhas.
Ela o ajudou a sentar na cama e tirou a camisa toda cortada pelas garras do
dragão, seu corpo estava todo ferido e ela passou cuidadosamente as ervas em Piatã.
- Nossa isso dói. - Disse Piatã
- É o preço por ser impulsivo- Respondeu Moema sorrindo.
- Nem me fale meu corpo esta todo dolorido, como fui tolo pensando em matar
um animal daquele tamanho.
- Você era um caçador, esses impulsos são normais.
- É eu era um caçador, não acredito que eu e você agora somos guerreiros, isso é
surreal para mim.
Moema continuou a cuidar de Piatã, suas mãos passavam levemente por seu
corpo, sua costa tinha sido a parte que mais tinha sido machucado e possuía as marcas
das garras do dragão.
- Eu não acredito também, eu nunca acreditei que um dia eu poderia ser
guerreira, isso é minha tribo seria algo desonravel para uma mulher, e agora estou sendo
guerreira de Rudá, isso para mim era intocável e agora eu posso ter a certeza de que eu
não estava errada quando era menina e queria lutar.
O corpo de Piatã estava todo dolorido e as ervas que Moema estava passando em
seu corpo estavam aliviando a dor intensa que ele estava sentindo antes.
O toque das mãos suaves em seu corpo fazia Piatã querer não descansar, mas seu
corpo respondia de forma diferente e seus olhos começaram a se fechar.
- Moema pode parar de passar as ervas, se eu não for muito ridículo para pedir
para que você deite aqui comigo, você esta toda dolorida e eu estou sentindo muito dor
também, se não for pedir muito, deite comigo, eu não vou te desrespeitar enquanto você
estiver deitada, não quero te desrespeitar, somente quero que nós dois possamos
descansar.
- Entendo Piatã, eu vou deitar, essa é minha prova de confiança com você, me
respeite, por favor.
- Confie em mim. - Piatã levantou as mãos confirmando que não faria nada com
Moema.
Piatã foi para o outro lado da cama, deixando um grande espaço para Moema
deitar, ela ao estava com vergonha, mas seu corpo dolorido impedia que ela ficasse com
vergonha por ir deitar ao lado do guerreiro.
- Confie em mim- Disse Piatã- nada vai te acontecer.
Ao dizer essas palavras o guerreiro virou para o outro lado da cama e Moema
deitou na cama, seu corpo doía inteiramente, sendo que antes quando ela estava
cuidando de Piatã ela evitou ao máximo pensar em sua dor para cuidar dele.
Moema virou de costas para Piatã e a dor que sentia em seu corpo foi passando
com as imagens da batalha com o dragão, o teste de Rudá foi algo surpreendente ela não
podia negar, Rudá os testou e mostrou um ao outro a personalidade de cada um da
forma mais nítida possível.
A decisão de ficarem juntos na missão iria depender da aceitação um do outro e
aceitação deles próprios sobre o caráter e os defeitos de cada um.
Rudá mostrou a Moema à capacidade que ela tinha em ser sábio e a Piatã a
qualdidade de querer lutar e vencer, o Deus do amor foi realista e expôs para eles o que
cada um tinha de bom e ruim, mas isso era somente o inicio, pois ambos ainda possuem
muitas falhas e mesmo Moema que acertou na missão estava errada em seus
sentimentos.
Eles descobriram os defeitos um do outro e a escolha de ficarem juntos era deles,
pois um sabia do defeito um do outro, sendo que antes eles somente sabiam das antigas
lembranças do outro.
Rudá é muito sábio
Pensou Moema e sorriu levemente, esperando suas dores e sua vitória se
aquietarem em seu corpo e seu coração para assim finalmente descansar.
As lembranças começaram a se aquietar e o cansaço foi tomando conta de seu
corpo, a manhã tinha sido agitada, e os dias que viriam seriam muito mais agitados, pois
a missão iniciaria e o verdadeiro teste de compromisso com Rudá iniciaria.
Os olhos de Moema se fecharam e um sono sem sonhos ela começou a ter.

O corpo de Piatã continuava a doer porem a energia estava se recompondo, seus


olhos abriram suavemente e seus olhos viram Moema deitada ao seu lado.
Moema dormia suavemente e Piatã estava encantado com a mulher ao seu lado,
ela era incrível, e ele queria pertencer somente a ela, seus sonhos construírem com ela e
se entregar inteiramente para ela.
Mas depois do teste, Piatã não sabia se Moema ainda o aceitaria, ele falhou e
teve atitudes infantis em um momento em que ele devia ter pensado e refletidas sobre
qual atitude tomar.
Ele falhou e podia ter afetado toda a missão se Moema pensase igual a ele, os
dois nunca fariam a missão de Rudá e mais um casal fracassado teria no mundo Huah.
Piatã teria que mudar muita coisa nessa missão, pois sua atitude impulsiva
poderia causar a morte de Moema, pois ele no momento em que atacou o dragão pensou
somente nele mesmo e não buscou a opnião de Moema, agindo como um animal atrás
da caça.
Eu falhei
Pensou Piatã e em seu coração o sentimento de não falhar mais começou a
aumentar em seu coração, cuidar de Moema e de todas as pessoas puras que ele salvaria
seriam suas prioridades, seu sentimento de ser o melhor seria tirado para ser um novo
homem, ele não precisava ser o melhor, mas precisava ser aquele que iria cuidar de
todos.
Ele iria cuidar de muitos e pensar somente em aumentar seu orgulho com
atitudes impulsivas trariam a derrota e o atraso de um mundo melhor.
O sol estava a iluminar a cabana e Piatã se afastou de Moema e fez poucos
movimentos para que ela não acordasse.
Quando saiu do quarto, Nhadeara estava sentado em uma das cadeiras e soriu ao
ver Piatã.
- O que você esta fazendo aqui?
- Vim ver como meus amigos estão – respondeu Nhadeara sorridente
- Já viu? Agora pode sair.
- Calma Piatã e vim também para conversar com você.
- Não podia ser outra hora, acabei de me levantar.
- Sente ao meu lado, por favor.
Os olhos de Nhadeara e Piatã se encontraram, Piatã queria recusar a se sentar,
mas quando olhou para Nhadeara percebeu que era algo de extremo importância, pois
seus olhos estavam profundos e fixos como se ele estivesse querendo contar alguma
informação muito importante.
Piatã sentou em um dos boncos que ali tinha e Nhadeara agradeceu levemente
com a cabeça a Piatã.
- Você sabe o porquê de os guerreiros serem humano como você?
- Vai começar com perguntas, não acredito Nhadeara, eu acabei de levantar,
apenas diga o nescessário.
- Calma Piatã, tudo bem então irei direto ao ponto. Os guerreiros são humanos
porque eles já participaram da antiga união dos casais e estiveram presentes na guerra
em que o guerreiro se matou ao ver que na visão dele não tinha solução de vencer o
espírito que estava atacando a guerreira.
Piatã se assustou ao ouvir o que Nhadeara disse, ele sabia que o antigo guerreiro
tinha falado, mas que tinha se suicidado foi algo horrível para Piatã pensar que ele
também estaria vulnerável a essa situação.
- Mas como foi à guerra de antes?- Perguntou Piatã
- Foi horrível Piatã, a chacina e o ódio que os espíritos da tribo possuiam eram
assustadores, eles não pensavam em nada e somente atacavam, eles eram frios, agiam
como demônios e o sangue para eles era motivo de felicidade.
- Eles foram os sobreviventes então?
- Sim, aqui tem homens de todas as tribos, menos da tribo Ceci, os homens que
estavam caçoando de você e de Moema já enfrentaram coisas muito piores que um
simples dragão. Vocês somente tiveram que domalo enquanto eles enfrentaram a morte
frente a frente e perderam pessoas importantes. Esses guerreiros são a esperança para o
mundo melhor, mas alguns deles estão com inveja de você, pois você foi o escolhido
por Rudá.
Piatã ficou preocupado, grandes gurreiros tinham inveja dele e eles eram
guerreiros que enfrentaram problemas maiores que o dele.
- Por que Rudá me escolheu então? Tem tantos homens aqui, ele podia ter
escolhido qualquer um.
- Poderia mais isso não mostraria que ele esta dando outra chance aos humanos.
- Mas os guerreiros são humanos, escolher iria mostrar da mesma forma que ele
esta dando chance aos humanos.
Nhadeara sorriu e disse:
- Pensa que é fácil assim escolher? Rudá não pode fazer isso, é uma regra que
ele criou no passado, mas que poucos sabem.
Piatã tocou sua testa, sua cabeça estava começando a latejar com tantos
problemas que o estavam rodiando, e o problema de saber que os guerreiros não
gostavam dele estavam começando a atormentá-lo.
- Os guerreiros são servos de Rudá, e eles foram escolhidos de outra maneira
pelo Deus do amor, mas eles não estavam esperando que fosse você o escolhido. Todos
em Khabitu sabem dos pecados do escolhido, pois quando você chega aqui, todas as
suas informações são passadas para todos.
- Então todos sabem do meu passado?
- Sim todos.
As mãos de Piatã começaram a fechar, queria bater em qualquer coisa, era
horrível para ele saber que todos sabiam do seu passado, ele queria esconder o passado
no fundo abismo, mas todos sabiam de seu erro e não deixariam esquecer.
- Mas eu fui perdoado por Rudá. Ele fez a festa da minha aceitação, sou uma
nova pessoa.
- O que você diz esta certa, mas Rudá é Deus e os guerreiros são homens que
sofreram em batalha, entende a diferença? O rancor de alguma forma esta no coração
deles e eles são homens que não querem perder de novo. Se você falhar nessa missão,
ou você ira causar sua própria morte se matando ou eles irão te perseguir até o fim do
mundo para te matar.
- De qualquer forma a morte quer bater em meu coração. - Disse Piatã
desanimado.
Nhadeara sorriu para Piatã e disse:
- Não desanime, tudo vai se acertar, eu tenho fé em você e Moema também tem
fé em você.
- Mesmo depois de eu ter falhado na missão ela cuidou de mim. Tenho que
agradecer muito a Rudá por escolher ela para mim.
- Haha, isso mesmo Piatã, os guerreiros também estão com inveja de você,
porque Moema é escolhida para você. Todos os homens desejaram Moema, desde o
momento que ela foi escolhida por Rudá.
Piatã não podia negar, Moema era bela tanto em físico quanto mentalmente, ela
possuía bondade e determinação, não tinha maldade e sua beleza era angelical e ela era
a escolhida para o guerreiro.
- Moema é linda mesmo, ela tem traços fortes de temperamento e é sábia nas
horas de lutar.
- Piatã, você é homem de sorte, todos querem ficar no seu lugar, mas você é o
escolhido, cuide do que Rudá esta te dando, evite falhas, cuide de Moema, cuide das
tribos que tem coração puro, cuide de seu orgulho e o modere. A chance de ter um
mundo diferente depende de você.
- É tanta responsabilidade que isso me assusta.
- Você é o escolhido, cumpra a sua tarefa e não pense no peso que ela te traz.
Piatã estava a lembrar de tudo o que aconteceu em sua vida, tanto, conflito e a
alegria para ele somente foi caçando, mas quando encontrou Moema, uma felicidade
diferente se apossou de seu coração. Estar ao lado de Moema não era excitante como
uma caçada de algum animal grande, era um sentimento muito mais intenso e que não
era preciso esforço para sentir.
Quando os olhos de Moema se encontravam com o dele o coração de Piatã
pulsava intensamente e quando ela tocou seus lábios pela primeira vez, seus desejos
carnais foram acalmados, pois ele não possuiu o sentimento de possesao ao estar com
ela em seus braços.
- Talvez eu tenha sorte- Disse Piatã baixinho.
- Não é sorte, é escolha, Rudá te escolheu e você aceitou e escolheu estar com
ele, é somente escolha e a falha ou a conclusão dessa missão também ira ser uma
escolha.
Nhadeara levantou da cadeira e foi até a cortina da entrada da cabana:
- Não ligue para o que os guerreiros dizem ou pensam de você Piatã, tenha foco
e pense em proteger os seus desejos e seu coração. As guerras não são como caça que
você escolhe para matar, a guerra não escolhe os mortos e a morte não espera você
resolver tudo em sua vida para depois vir. Entenda Piatã, os homens são fracos e os
demônios que você ira enfrentar serão somente capaz de matá-los com determinação, é
sua essa missão, a agarre e cuide do que Rudá esta te dando.
Piatã levantou e foi junto de Piatã e o abraçou.
- Obrigado pelos conselhos, admito que você esta me ensinando muita coisa
aqui, espero poder te ensinar alguma coisa.
- Você já me ensinou, foi quando você não foi orgulhoso quando Moema disse o
que devia fazer e você fez. Você provou para mim que nem o homem mais orgulhso
para de escutar a mulher que ama.
Nhadeara se afastou de Piatã e disse:
- Cuidem dela guerreiro, muitos a querem e se você morrer em guerra, ela vai ter
muitos predentens.
Os dois sorriram e Nhadeara disse:
- Vou sair, espero que você e Moema possam ficar as maiores partes do tempo
que têm felizes.
- Obrigado Nhadeara.
Piatã foi ao quarto e viu Moema deitada, seu corpo estava machucado pelo
esforço que ela fez, quando foi fazer o teste, mas mesmo seu corpo ferido, Piatã via
beleza em tudo nela, uma mulher que ele sempre sonhou estava agora no mesmo
aposento que ele, e essa mulher eram a escolhida de Rudá.
As falhas e as alegrias eram responsabilidade de Piatã, os sorrisos de Moema e
as lagrimas que cairiam de sua face era a responsabilidade do guerreiro, nada mais
importava se ela não estivesse bem.
Moema abriu os olhos e Piatã sorriu à vela acordada.
- Bom dia Moema- Disse Piatã brincando com Moema.
- Dormi tanto assim? – ela perguntou bocejando.
- Não tanto, mas e seu corpo como está?
- Ainda dói mais descansar aliviou as dores.
- E-Eu posso cuidar de você?
- Iria agradecer muito se você passa-se as ervas em minha costa. Fiqeu de costa,
por favor.
Piatã virou e Moema tirou a parte de cima da roupa e deitou na cama para que
Piatã não visse seu corpo.
- Pode virar.
Piatã olhou a costa de Moema, estava toda machucada e ele pegou as ervas para
passar em seu corpo.
- Moema seu corpo esta horrível.
- Então nós dois estamos horríveis- Ela sorriu.
Piatã estava passando as ervas no corpo de Moema, as curvas e a pele macia o
faziam querer mais e mais ao lado dela, proteger aquele corpo e matar qualquer um que
a machucasse.
- Obrigado por ter passado as ervas em mim Moema, meu corpo esta muito
melhor, e se eu te machucar com essas mãos de caçador, me desculpe.
Moema sorriu e disse:
- Cuide de mim e não irei reclamar de suas mãos pesadas.
Piatã queria abraça-la e poder beijá-la novamente, mas não sabia o que fazer
depois do teste, ele queria estar com ela novamente em seus braços, queria ter outra
chance para estar com ela.
- Sobre o teste, me desculpa Moema, a minha escolha poderia ter prejudicado
nós dois.
- Ainda bem que pudi resolver- Ela riu ironicamente.
Piatã passava as mãos no corpo machucado de Moema, queria cuidar dela, mas
ele não sabia se ela seria feliz ao lado dele, suas falhas estavam tanto no passado quanto
no presente, mas de formas diferentes.
- Piatã, você errou, mais isso que nos faz humanos, você antes era um caçador,
não posso ficar te culpando pelo que você é... - Disse Moema
O guerreiro ficou em silêncio, era horrível se sentir culpado, não queria feri-la,
não queria mais ser impulsivo, ela é alguém especial para ele, não poderia ficar sem ela.
Piatã estava passando a mão no corpo machucado de Moema e cada curva de seu
corpo possuía grandes cortes, alguns profundos e outros menores, mas todos mostravam
a Piatã que se ele falhasse de novo a morte de Moema poderia acontecer o mais rápido
que ele nem pudesse imaginar.
- Obrigado Moema, o Nhadeara veio aqui...
- É eu ouvi outra voz quando acordei o que ele queria falar?
- Sobre nossa missão...e sobre você.
- Sobre mim? O que vocês dois falaram?
- N-nada, nada de mais.
As ultimas palavras de Nhadeara cutucaram o coração do caçador, todos os
homens queriam possuir Moema, mas ele foi o escolhido para ela através de Rudá.
- Você esta escondendo alguma coisa de mim... - Disse Moema- pode parar de
passar as ervas.
- Moema esta tudo bem com você?
- Eu sinto que você esta escondendo alguma coisa de mim. Vire de costas, vou
vestir minha camisa.
Moema colocou a camisa com o corpo ainda dolorido, não queria mais mentiras
e nada mais escondido entre ela e Piatã, mas ele tinha gaguejado e isso mostrava que ele
não estava confiando nela.
- Você não quer contar para mim Piatã?
- Não tenho nada a contar...
- Pode se virar.
Os olhos de Moema e Piatã se encontraram e Moema confirmou que Piatã estava
escondendo alguma coisa dela, seu semblante estava preocupado e sua perna estava
agitada, comportamentos que ele não tinha antes.
Moema tocou o rosto de Piatã e os olhos de Piatã se encontraram com os seus:
- Tem algo a me contar Piatã?
- N-ão Moema.
- Certeza?
Moema sorriu para ele e seus lábios se tocaram e ela sussurou em seu ouvido:
- Quando estiver preparado me conte.
Moema saiu da cabana, deixando Piatã com seus pensamentos, ela precisava
esquecer os problemas e estar em paz, pois para ela o ultimo teste foi o que mais a
afetou.
Seu corpo estava todo dolorido e apesar de Piatã ter passado as erva em seu
corpo, ela ainda sentia fortes dores.
Enquanto andava lembrava-se da expressão de Piatã, algo estava o machucando
muito e isso preocupava Moema, ver ele com aquele olhar vazio a fez pensar se estava
fazendo ele se sentir inferior pelo último teste.
Ela foi para a cachoeira e tirou toda a roupa cortada que estava usando, precisava
se limpar, apagar tudo o que aconteceu na missão e esquecer-se da expressão de Piatã,
em nada ela queria pensar, seu corpo e sua mente estavam cansados e ela não queria
mais ficar presa a problemas que ela não pudesse resolver.
Sua mente começou a ficar vazia, nada mais ela pensou o passado e o futuro não
faziam mais efeito nela, seu corpo cansado e as dores das marcas da cabana estavam
diminuindo, pois a água estava limpando as feridas que ela tinha.

11. O dragão Akanke

Piatã continuou confuso se dizia ou não a Moema, porem Nhadeara apareceu na


cabana novamente e disse:
- Venha até a cabana dos guerreiros tenho algo a te mostrar.
- Ok.
- E Moema onde está?
- Ela saiu... O que você quer me mostrar?
- Não quer falar sobre ela, tudo bem.
Nhadeara tocou no ombro de Piatã e sorriu para ele e Piatã não conseguiu ficar
sem evitar a contar para Nhadeara.
- Tenho medo de perder Moema.
- Ela é sua, pare de ser tolo.
- Mas outros a querem.
- Então lute por ela e prove que a ama, não tem o porque ela te recusar.
Piatã continuava a andar com Nhadeara, queria desabafar tudo que estava
sentindo, mas não tinha coragem para falar.
Eles foram até a cabana dos guerreiros e os homens estavam treinando entre
si,alguns treinavam com as espadas, outro lutavam com o corpo e ainda tinha outros
guerreiros que lutavam mentalmente e machucavam o adversário.
- Não pense nada negaitvo Piatã, esqueça tudo e deixe te mostrar Akanke.
O dragão com grandes asas estavam na frente de Piatã, o animal estava calmo e
não atacou Piatã, como tinha feito antes.
- Esse dragão tem nome?
- Sim, Akanke, ele será o seu dragão e de Moema na missão. Passe a mão nela.
O dragão se ajoelhou diante de Piatã e a mão de Piatã tocou, as mãos do
guerreiro tremiam e o dragão sentiu seu medo e se afastou dele.
- Você não esta bem mesmo, não consegue nem tocar em Akanke.
Nhadeara tocou Akanke e o dragão e o carinhou, o animal estava calmo e não se
afastou nenhum momento dele.
- Como você consegue?
- Akanke sente quando tem medo dele e se afasta para não atacar.
- Mas como ele sente?
- Ele é sagrado, sentimentos que não são puros ou felizes, o faz querer atacar.
Não tenha medo e toque nele de novo.
Piatã aos poucos foi tomando coragem, ao ver como Nhadeara carinhava o
dragão ele sentia uma imensa de ter esse contato com o dragão.
As mãos de Piatã tocaram o dragão e evitou o sentimento de medo, quando ele
tocou o dragão nada ele fez.
- Viu ela viu mais calma.
- Ela?
- Akanke é fêmea, você vai ter que cuidar de duas meninas Piatã- Nhadeara soriu
e bateu no ombro de Piatã.
To ferrado
Piatã pensou, e o dragão lambeu suas mãos e olhou meigamente para o
guerreiro.
Rudá apareceu na frente de todos:
- Onde esta Moema, Piatã?
- Não sei, ela saiu da cabana e não a vi mais.
- Nhadeara a chame, a procure, é urgente. - Rudá estava com um olhar
apreensivo e vazio.
Nhadeara saiu correndo e Piatã perguntou a Rudá:
- O que esta acontecendo?
- Uma tribo foi atacada, vocês têm que ir logo para a missão, se não mais mortes
irão acontecer.
- Que tribo?- disse Piatã.
- Não quero entrar em detalhes Piatã, apenas quero que você e Moema vão direto
para a missão, não tem mais tempo.
- Que tribo é?
- Não vou te falar. Acalme-se.
Rudá olhou duramente para Piatã e nada mais ele pode fazer, teria que aceitar as
ordens do Deus do amor.
Mas o medo de sua tribo ser atacada o assustava, antes de ele sair eram somente
rumores, e imaginar sua família morta por espíritos malignos o estristecia, ele teria que
ser forte pra lutar, era seu dever.

Moema estava colocando sua roupa, quando Nhadeara chegou.


- Me desculpe. - Disse Nhadeara envergonhado ao ver ela se vestir.
- O que você quer?
- Rudá quer falar com você é urgente.
- Espere eu me trocar.
- Há tudo bem.
Nhadeara se virou, porem Moema ficou enfurecido por ele a ver nua.
- Não podia ter esperado? Eu estou na cachoeira, provavelmente tomand o
banho, não acha?- Disse Moema furiosa.
- Me desculpe, mais é urgente.
- Tudo bem, pode se virar.
Nhadeara olhou para Moema, realmente ela era uma mulher linda, ele não sentia
inveja de Piatã a possuir, mas a beleza dela era inegável para qualquer um.
- O que esta olhando? Não era tão urgente, então vamos logo.
- Estou olhando nada. Vamos logo- Nhadeara parou de olhar para Moema.
Os passos de Moema e Nhadeara estavam longe um do outro, ela estava indo à
frente, querendo chegar logo e Nhadeara continuava a admirá-la e a ficar feliz por Piatã
a pertencer.
A cabana dos guerreiros estava agitada, todos os guerreiros olhavam inquietos
para Rudá, e o medo de a missão de Piatã e Moema não ter mais função estava
assustando a todos.
Moema e Nhadeara chegaram à cabana, a ansiedade estava diante deles, pois
todos os guerreiros temiam o que podia acontecer se alguma tribo tivesse sido destruída.
- O que aconteceu Rudá?- perguntou Moema
- Alguma tribo foi atacada, não temos mais tempo, vocês vão ter que ir hoje para
a outra tribo, buscar os guerreiros, a luta está próxima.
- Q-que tribo foi atacada?- Perguntou Moema tremendo de medo.
- Não posso dizer Moema, vocês irão descobrir quando chegar a hora. -
Respondeu Rudá.
- Por que não pode dizer? – Perguntou Piatã.
- À hora certa vai chegar e vocês vão saber qual a tribo, enquanto isso cumpra a
sua missão.
- Que tribo deveu ir primeira então?- Perguntou Moema frustrada por não ter a
resposta de qual tribo era.
- A tribo dos Waweru, vocês devem ir até eles e lá irão ter mais guerreiros, mas
deixem que Nhadeara fale com eles, não digam nada até que tudo se resolva. Agora vão
e não olhem para trás, a missão de vocês começa agora.
Dois guerreiros trouxeram o cavalo de Moema e depois de tanto tempo ele ainda
continuava belo a seus olhos.
-Dunsimi, meu rapaz não pude te ver antes.
- Se despesa dele Moema e va para a missão- Disse Rudá
- Por que não o vi antes?
- Você estava no teste e os guerreiros o buscaram e cuidaram dele, eu irei cuidar
dele enquanto você estiver na missão.
- Adeus Dunsimi, eu retornarei e iremos cavalgar novamente.
Moema olhou para o dragão e nada mais pode refletir, a sua missão estava a
começar e o dragão seria o seu guia nessa viagem e os ajudaria a viajar para todas as
tribos, as lembranças da viajem com o cavalo voltaram a sua mente, estava a sentir falta
do animal, pôr seu destino estava a levando a outro lugar. Algumas lágrimas caíram de
seu rosto, mas limpou rapidamente seu rosto.
- Moema o nome do dragão é Akanke... - Disse Nhadeara- Ou seja, cuide dela é
a ame-a.
- Ela? O dragão é fêmea?
- Sim, espero que agora você tenha uma amiga. - Disse Nhadeara e sorriu.
- Não vejo graça nenhuma nisso.
Moema se afastou de Nhadeara e tocou o dragão, o dragão não reagiu quando ela
tocou e ficou feliz quando as mãos dela tocaram seu fucinho.
- Ola menina, vamos viajar para as outras tribos?- Disse Moema acariciando o
dragão.
O dragão deu leves mordidos na mão de Moema em resposta ao que ela
perguntou.
- Boa menina.
Rudá sorriu para Moema e olhou para todos os guerreiros:
- Todos vocês que estão aqui hoje, tem uma razão para todos estarem aqui, uma
nova era se inicia, e vocês irão construir essa era, vocês, meus guerreiros irão mudar o
mundo, lutem com toda a fúria e sejam firmes em seus conceitos, pois eu nunca vou
deixar vocês. Muruthi cuide deles, todos os guerreiros serão seus e você terá todo o
domínio sobre eles.
Muruthi sorriu orgulhoso e Piatã se enfureceu, pois aquele homem o trazia
desconfiança, não queria estar submisso as suas ordens.
- Todos estaram submissos a mim?
- Todos Muruthi, até mesmo Moema e Piatã.
Piatã se enfureceu e disse:
- Porque devo seguir esse homem?
- Eu o escolhi, aceite. - Respondeu Rudá e olhou intensamente para Piatã.
O guerreiro nada mais disse porem sua mente estava rodeada de raiva, não
aceitaria ordens de um comandante que fica zoando da derrota dos outros, e o mesmo
comandante que tem o desejo de possuir Moema, Piatã não aceitaria ordens de alguém
que tinha inveja dele.
- Guerreiros peguem suas aves a viajem começa agora. - Disse Rudá
Todos os guerreiros saíram e foram para fora da cabana, todos chamaram as aves
grandes que eles dominavam, cada uma por seu nome.
Grandes corvos estavam voando no céu e chegou a seus guerreiros, nenhum
guerreiro tinha medo e todos tratavam os corvos com carinho.
Cada corvo possuía um nome e todos eles eram carinhosos com os guerreiros,
cada guerreiro trazia consigo um pedaço de carne e os corvos se alimentavam.
- Se inicia a viajem, Moema e Piatã vocês irão juntos em Akanke, decidam quem
vai cuidar do dragão.
Moema estava com o dragão e ela disse:
- Eu quero cuidar do dragão, se importa Piatã?
- Não, fique a vontade.
Rudá pegou a espada de Piatã e entregou a ele e disse:
- Essa espada ira te proteger, é seu dever proteger Moema com ela. Moema você
não possuira a espada, terá outro instrumento sagrado para proteger a você e a Piatã,
quando chegarem a tribo, você ira receber Moema, cuide Piatã com esse objeto.
Moema subiu no dragão e se juntou aos outros guerreiros, e Rudá disse:
- Voem e obedeçam ao que seu coração dizer, Muruthi estará comandando
vocês, mas se algo der errado, obedeçam a seus corações e eu estarei com vocês.
Moema ajudou a Piatã a subir no dragão e o dragão ficou um pouco agitado, pois
Piatã sentia medo dele.
- Esta com medo Piatã?- Perguntou Moema.
- N-não, n-nenhum um pouco.
O dragão rugiu fortemente e levantou vôo, os guerreiros seguiram a eles e
Nhadeara subiu em seu corvo e Rudá disse:
- Cuide deles Nhadeara, sinto que muitos problemas virão.
- Cuidarei, grande mestre.
Os corvos voavam, e o corvo de Muruthi bicou uma parte de Khabitu, toda a
terra caiu e um grande buraco foi aberto.
Todos subiram vôo para cima e o dragão de Moema subiu junto com eles, a
terrra em volta deles e a ultima imagem de Khabitu fez Meoma se emocionar.
Tudo tinha sido tao rápido, mas a ensinou tanta coisa, ela e Piatã ainda não
estavam juntas, alguma coisa faltava no relacionamento dos dois, mas estavam juntos e
ela foi capaz de ver a glória de Rudá, cada um ensinou a ela alguma coisa e ela levaria
para sempre a esperança de todos para a missão.
Quando chegaram a ultima parte da terra, todas as aves fizeram um barulho
ensurdecedor e saíram da terra, os guerreiros e Piatã e Moema estava a sentir novamente
o ar de Huah, o mundo na qual eles pertencem.
- Bem vindo de volta Piatã- Disse Moema sorrindo para ele.
O sol clareava as escamas de Akanke, sua cor roxa escuro iluminava tudo ali, e
os corvos estavam felizes pela libertação.
Os guerreiros respiravam profundamente o ar, algo novo se iniciava para todos,
todos teriam a chance de mostrar que mereciam ser melhor e que o fracasso das outras
missões poderia acontecer.
- Guerreiros vão voar para Waweru, temos dois para chegar lá, e nós não
teremos paradas.
- Temos que buscar alimento para nós, não vamos conseguir viajar sem
alimento.
- Não temos tempo para isso, vamos agora, não percam tempo com alimentação.
- Disse Muruthi.
Piatã a cada momento se enfurecia ao ouvir a voz dele, mas teria que respeita-lo,
Rudá ordenou que ele comandasse os guerreiros e isso incluía Piatã e Moema.
Os corvos subiram mais altos e o dragão ficou mais acima, indo em direção as
nuvens, o guerreiro Piatã continuava com medo, mas ao ver aquela linda imagem se
entregou inteiramente para a paz da situação, ele estava voado com Moema e a missão
que ele tanto desejava estava a começar.
Moema ficou pensando em tudo o que Rudá havia dito, ela não possuiria uma
esapda, mais cuidaria de Piatã, como isso iria acontecer? As respostas não vinham até
ela, mas ela teria que aceitar o que Rudá escolheu para ela.
- Você esta bem Moema?- Perguntou Patã.
- Estou somente estou a pensar em como vamos entrar nessa missão se eu nem
possuo espada para lutar.
- Eu achei isso estranho também, mas Rudá sabe o que faz, temos que acreditar
nele.
- Isso é difícil Piatã, nem sempre é fácil confiar nele.
- Nem me diga Moema.
Os dois sorriram e Nhadeara se aproximou deles e perguntou:
- Estao preparados para o que vai vir?
- Não- respondeu Moema sorrindo.
- Tudo bem, pelo menos vocês não ficam ansiosos para o que vira no futuro.
- Pelo menos não é?- riu Piatã- mais tenho outra pergunta, por que Rudá
escolheu Muruthi como o líder da missão e não você?
- Ou você não é Piatã? Isso é fácil Piatã, ele foi o escolhido, como você também
foi, cada um tem uma funação nessa missão e é nosso dever aceitar.
- Mas você é muito mais qualificado- respondeu Piatã.
- Não sou Piatã, esse não é o plano de Rudá para mim, então não sou capacitado
para isso, é o plano dele, apenas siga.
- Mesmo assim eu não entendo.
- Não é para entender, é pra aceitar. Será que você não aprendeu nada todo o
tempo em que ficou em Khabitu? Aceite e tenha fé em Rudá, ele sabe o melhor para
todos nós.
- Você semprea aceitou tudo o que Rudá disse?- Perguntou Moema.
- Sempre, eu nasci em Khabitu, sou um servo de Rudá, desde pequeno ele me
ensinou a obedecer e seguir, eu admito, algumas vezes segui meus caminhos, mas
somente tivi feridas, então hoje eu aceito tudo o que ele diz.
- Tanta fé que isso me assusta- susurrou Piatã.
- A sua missão ira te assustar e não as palavras de um pequeno servo de Rudá. -
respondeu Nhadeara.
Os guerreiros estavam conversando, todos estava feliz pela missão, algo novo
viria a eles, um mundo novo começaria e eles seriam esse começo.
- Guerreiros, haja o que houver estejam preparados para qualquer luta, alguma
tribo foi atacada, entao já sabemos que os demônios de Ceci são capazes de voar com
animais que eles mesmos criaram. Estejam preparados, pois a guerra virá da terra, do ar
e do mar, estejam preparados. - gritou Muruthi.
Todos os guerreiros gritaram e pegaram suas espadas, cada qual com uma
espada diferente e cada qual com seus sonhos a superar, cada um iria lutar por seus
ideais, mas todos lutariam por Rudá.
- Não quero saber de sua dor, se for para morrer, morra por Rudá e se vencer,
vença por Rudá, todos estão em missão e os riscos irão acontecer a todo tempo. Estejam
preparados, e cuidem uns dos outros. - continuou gritando Muruthi.
As espadas continuavam levantadas e as palavras do comandante faziam os
guerreiros ter mais fé e desejo de lutar e vencer a missão faltava muita coisa pra eles
verem o final de sua batalha, mas nada os impediria de conseguir vencer.
Piatã foi o único que não levantou a sua espada e não fez nada, pois para ele as
palavras de Muruthi não possuiam efeito algum sobre ele.
- Não este animado Piatã? – perguntou Moema.
- Não, não confio nele- disse Piatã e apontou para Muruthi.
- Não entendo seu ódio por ele.
- É assunto pessoal Moema, não quero dizer a você.
- Tudo bem, fique com seus problemas. - Respondeu Moema.
Ao dizer isso ela tocou no dragão e o dragão deu um giro fazendo Piatã ficar
enjoado.
- Porque fez isso?
- Assim você para de pensar em seus problemas internos. - sorriu Moema.
- Concerteza, mas estou zonzo agora.
Piatã ficou chateado com Moema, mas não podia brigar com ela, eles ainda não
estavam bem e ele não queria machuca-la com palavras brutas e desneçarias.
Todos os guerreiros riram de Piatã, mas ele não brigou com nenhum deles, não
queria perder tempo com eles, ele fez Moema sorrir e isso que importava.
- Vamos à frente guerreiros e que as asas de nossas aves e que o dragão Akanke
nos leve ao lugar onde Rudá deseja. - disse Muruthi.
As aves começaram a voar com mais rapidez, todos os guerreiros olhavam
intensamente para o horizonte, o que viria no futuro seria marcado por este inicio que
agora acontecia em suas vidas.
Os guerreiros continuavam com a espada levantada, seus olhares distantes e sua
decisão de lutar por Rudá se aprofundavam em seus corações, lutar por um mundo
melhor, esse era o desejo de todos e Piatã e Moema seriam os que concluiriam isso.
Apesar de alguns guerreiros não aceitarem a Piatã, eles teriam que conviver com
ele, pois ele foi o escolhido de Rudá, essa era a decisão do Deus do amor e nada mais
tinham importância.
Os dias se passaram, e eles ainda não tinham chegado à tribo, e um dos
guerreiros perguntou:
- Não era para chegarmos a Waweru?
Todos estavam cansados, não tinham comido tinha 3 dias e não tinham chego a
Waweru, e Muruthi respondeu:
- Olhem mais adiante, estamos chegando.
Todos os guerreiros olharam com mais esforço para frente e puderam finalmente
ver uma tribo a frente deles.
As nuvens começaram a dissipar e a majestade da tribo foi mostrada, todos
ficaram felizes e Piatã disse:
- Finalmente chegamos, não agüentava mais ficar sentado em Akanke.
O dragão soltou uma fumaça e olhou furiosmente para Piatã.
- Não que eu esteja chateado por você Akanke.
- Fique quieto Piatã, ela esta ficando chateada- Disse Moema.
Piatã ficou quieto e sua admiração por Moema aumentava mais e mais, seus
olhares se encontraram e ela ficou rosada ao ver ele.
- Você continua linda Moema.
Moema virou seu rosto pra Piatã e o guerreiro tocou seu rosto delicadamente e
disse:
- Me de mais uma chance para mostrar que te mereço.
- Seja sincero comigo e sua chance ira começar.
- Tudo bem, quando chegarmos a Waweru irei te contar.
Moema beijou o rosto de Piatã e continuou a olhar para frente.
- Guerreiros deixem que Nhadeara diga com o povo dessa tribo, nada vamos
falar até que ele tenha falado com eles. Essa é a ordem de Rudá, todos obedeçam.- Disse
Muruthi.
Os guerreiros levantaram suas espadas e disseram:
- As ordens de Rudá sempre estarão em nosso coração.
Os corvos começaram a abaixar o vôo e estavam chegando na terra, estavam
chegando em Waweru, e a primeira fase da missão deles iniciaria.
Nhadeara chegou perto Muruthi e perguntou:
- Esta feliz pela missão?
- Sim, mas não os escolhidos de Rudá, eles me dão raiva, não confio neles.
- Neles? Ou em Piatã?
- Que seja Nhadeara, ela esta com ele, então não tem mais valor para mim.
Nhadeara olhou profundamente nos olhos de Muruthi, alguma coisa o fazia
sentir que tudo daria errado, mas não sabia como explicar isso, talvez fosse algum
pensamento negativo dele, mas teria que aceitar as ordens de Rudá.
- Espero que mude de idéia durante a missão.
- Veremos Nhadeara, veremos. – respondeu Muruthi e saiu de perto de
Nhadeara.
A terra a vista se tornou a esperança dos homens, nenhum deles tinha se
alimentando já fazia 3 dias, e todos estavam cansados pela viagem, mas suas esperanças
de um mundo melhor continuava intenso em seus corações.
Enquanto desciam dos corvos, os homens gritavam de alegria por ter chegado à
terra firme, Moema e Piatã gritaram com os outros e enquanto gritavam os homens da
tribo Waweru apareceram para rescepiciona-los.
Nhadeara foi o primeiro a descer e abraçou fortemente um homem com uma
coroa e com grande cabelo longo vermelho e os outros homens seguiram a Nhadeara e
todos desceram, mas nenhum abraçou o rei da tribo, somente Nhadeara.
- Seja bem vindo meu amigo, o que os ventos te trazem aqui?
- Viemos para buscar ajuda, alguma tribo foi atacada pela tribo Ceci e a guerra
esta prestes a começar. - Disse Nhadeara.
- Seria muito bom se viesse pelo menos uma vez com boas noticias...
- Desculpe Apuã, a única forma de eu vir aqui sem guerras, vai ser quando tudo
isso acabar.
- Eu entendo Nhadeara, entre com seus homens na minha tribo e sintan-se a
vontade.
Quando eles chegaram a Waweru estava escurecendo e todos puderam ver o por-
do-sol antes de ir para a cabana que Apuã escolheria para eles.
- Mais um dia se vai, espero que agente consiga resolver logo essa guerra. -
Disse Piatã.
- Tudo há seu tempo Piatã- Disse Moema.
Piatã olhou para Moema, ela era sábia, não era impulsiva, diferente dele e a cada
momento o encantava mais e mais.
Nhadeara estava a conversar com Apuã, quando o rei da tribo gritou a todos:
- Homens de Rudá, sintam-se a vontade em meu reino, aproveitem o tempo de
descanso, pois amanhã iremos para as outras tribos.
Apuã foi chegando perto de Moema e disse:
- As lendas não mentem quando dizem que você é bela.
O rei levantou a mão e ajudou a Moema a descer do dragão:
- Espero que aproveite bem o tempo que terás aqui, por favor, antes de descansar
vá a meu castelo.
Piatã ficou com ciúmes, porém nada disse, ele e Moema ainda não estava
totalmente bem para ele ficar mostrando a opnião e até mesmo o ciúme.
O guerreiro desceu do dragão e o rei sorriu para ele:
- Você é o sortudo que está com ela, muitos homens têm inveja de você. Você
sabia?
- Sim, isso me persegue o tempo todo.
Os dois riram e Piatã controlou seu ciúme, não poderia ficar aprisionando
Moema a ele, talvezo rei quisesse mostrar a ela algo que fosse ajudar na guerra, e se não
fosse, Piatã não exitaria em machucá-lo.
Nhadeara abraçou Piatã e disse baixo em seu ouvido:
- Controle seus sentimentos, todos sabem que Moema te pertence.
- Como você sabe o que estou sentindo?
- Intuição, é só olhar nos seus olhos e eu encontro a verdade dos seus
sentimentos.
Piatã soltou o abraço de Nhadeara e disse:
- Pare de fazer isso, está me irritando.
- Pare de ser visível em seus sentimentos, todos os homens sentem o seu
sentimento, esconda seus sentimentos.
O rei sorriu para todos os homens e disse:
- Não exitem em pedir nada a meus homens, eles irão te servir, estejam
preparados para a viagem amanhã e que Rudá nos guie.
Todos os homens foram indo para os aposentos que os guerreiros de Apuã
estavam a mostrar a eles.
Piatã foi levado por um dos guerreiros e o guerreiro perguntou:
-Alguns dizem que você vai nos salvar, outros dizem que você não vai fazer
nada. E você o que diz?
- Nada, quero mostrar meu valor na guerra, se eu morrer na guerra, será como os
outros que disseram que não sou capaz, mas se vencer, apenas quer fazer felizes os que
me apoiaram.
- Mostre seu valor Piatã, muitos dependem de você. Aqui está sua cama e seu
aposento, você e Moema vão ficar aqui, temos falta de quarto, foram muitos guerreiros
que vieram de Rudá e o espaço é pequeno.
Quando Piatã olhou para sua cabana era perfeita, tinha ouro em cada detalhe,
desenhos de antigos guerreiros e os símbolos das coroas dos antigos reis e ele
perguntaram:
- Esse aposento foi de quem no passado?
- Dos antigos reis, antes não tinha cabana maior em nosso reino, e os reis
ficavam aqui, porém o rei Apuã entrou no reinado e ele junto de todos os homens
construíram um castelo para mostrar a gloria do nosso povo.
- Obrigado por me permtir ficar aqui.
- Aproveite sua estadia e mostre seu valor.
O homem que guiou Piatã se retirou da cabana e Piatã subiu à cabana, pois ela
possuía um espaço onde podia ver as estrelas e o guerreiro orou:
- Rudá cuide de mim nessa missão, cuidem minhas decisões, eu quero acreditar
que tudo que passei tem um valor, me ajude a mostrar meu valor.

11. Esperança

Moema estava indo com o rei Apuã para sua cabana, nunca tinha visto um, sua
cabana era a maior de todas, e possuía ouro em cada parte, não era feita de palha, mais
sim com ouro.
- Esta a admirar a cabana?- perguntou o rei
- Sim, como vocês fizeram isso?
- Eu convoquei todos os homens, desde guerreiros aos que não tinham profissão
e os convoquei para ajudar a construir a cabana, os homens que mais me ajudaram
foram os ferreiros que conheciam como moldar o ouro, todos eles derreteram o ouro, e
fez um feno de ouro e os outros guerreiros me ajudaram a construir a cabana.
- Nossa quanta dedicação.
- Os homens de Waweru são dedicados, não tenho nada a reclamar. Agora entre
na cabana e veja a belez que ela é dentro.
Quando entrou na cabana, o ouro reluzia tudo e os símbolos estavam intensos
com outras pedras preciosas.
- Gostou?-perguntou o rei rindo.
- Muito, é incrível.
- Aqui é onde mostro meu poder e onde encontro paz, meu povo já sofreu muitas
vezes e desde que me tornei rei prometi a todos que não teria mais dor. Desde então
nunca teve dor aqui em meu reino, porem agora a guerra nos convoca e tenho medo que
o povo não agüente a separação com os guerreiros.
Moema estava olhando cada detalhe da cabana e virou para o rei:
- Porque me diz tudo isso? Sou apenas uma mulher, nunca estive em guerra e
você me diz tudo o que seu povo passou e esta passando.
- Moema, meu povo sofreu antes, pois nós fomos os primeiros a ser atacado pela
tribo dos demônios de Ceci, meu povo perdeu muita gente amada e eu tentei reconstruir
esse reino. Moema, você é a esperança de muitos e a minha também. Somente estou
desabafando com a minha esperança.
Moema nada pode dizer, apenas sorriu para o rei, mas a cada momento ela sentia
a responsabilidade de sua escolha, a cada momento o peso de ser a escolhida de Rudá se
tornava nítido para ela, pois todas as pessoas depositavam suas esperanças nela.
O rei foi á seu trono e pegou algo com uma grande capa cobrindo e entregou a
Moema.
A mulher nada entendeu porem ao tirar a capa, ela viu um grande escudo:
- O que é isso?
- É o escudo de Rudá, meu povo teve uma guerreira que lutou na antiga guerra,
mas ela não conseguiu completar a missão. Esse escudo Moema- apontou Apuã para o
escudo- é a sua função nessa luta, o povo precisa de proteção, mas você ira proteger
Piatã, esse escudo ira proteger todos aqueles que estiverem atrás dele, esse é seu dever
nessa missão.
Moema pegou o escudo, ele era grande, e rústico, era um pedaço de uma
madeira e no centro do escudo estava a tatuagem de Moema mostrando o símbolo dela.
- Este escudo te pertence, cuide dos que você ama com ele.
- Como posso proteger as pessoas que amo? Nem sei me proteger, eu vou
precisar de uma espada para protegê-los.
O rei sorriu levemente para Moema e disse:
- Moema não se protege apenas com espada, você é o escudo e Piatã é a espada,
ele ira matar os demônios e você ira protege-lo, cada um tem uma função, e é seu dever
encontrar o equilíbrio nesse conflito.
- Não sei si vou conseguir.
Apuã olhou para Moema e perguntou:
- Acredita que é fácil proteger as pessoas que você ama? É difícil Moema,
apenas as amando de verdade, não por seus talentos, mas apenas amando as pessoas,
sem querer nada em troca, acha isso fácil?
- Não.
- Então comece a pensar que é fácil, pois muitos vão depender de você e se você
não os ama-los, você fará a desgraça cair novamente em nós- Disse Apuã irritado.
Moema olhou novamente para o escudo, seu mundo seria libertado por ela, sua
vida poderia ter uma chance de ser feliz novamente, mas dependeria de ela proteger a
muitos, essa era sua missão.
O rei foi se acalmando e disse:
- Apenas entenda Moema, muitos dependem de você, Piatã, eu, Nhadeara, todos
os guerreiros, homens e mulheres, todos dependem de você e o seu dever é cuidar deles,
se conseguir fazer isso, conseguira fazer um novo mundo para todos.
- Não tenho nada a dizer Apuã...
- Não diga, apenas faça o que Rudá te pedir.
Moema colocou o escudo nas costas, pois ele possuía um couro que segurava em
seu corpo.
- Pode se retirar Moema. E não se esqueça de sua missão.
- Obrigao Rei Apuã.

Moema se retirou da cabana do rei e um dos guerreiros dele disse:


- Posso te levar a seu aposento?
- Por favor, preciso descansar.
O guerreiro nada disse enquanto caminhavam e Moema não fez questão de
conversar com ela, as palavras do rei ainda pesava em sua mente, ela teria amor a todos?
Poderia proteger a todos?
As perguntas rodeavam sua mente e ela não sabia se encontraria a resposta, ela
não sabia nem se amava realmente Piatã, e Piatã era o homem escolhido por Rudá,
então como poderia ter certeza se amava a outros, que ela nem conhecia.
Ao chegar a cabana o guerreiro disse:
- Todos estão felizes por você e Piatã estarem aqui.
O guerreiro cortou os pensamentos de Moema e ela perguntou:
- O que disse?
- Todos estão felizes por vocês estarem aqui, especialmente você e Piatã.
Moema sorriu e disse:
- Onde Piatã está?
- Na mesma cabana que você.
- Ah, O-obrigado.
Moema não se conformava, em todos os lugares aonde ia, ela tinha que ficar
com Piatã, não que fosse algo ruim, mas ela sentia estar perdendo um pouco de seu
espaço, e isso a irritava.
- Está bem Moema?
- Sim estou, obrigado por me trazer aqui.
- Não há de que.
O guerreiro saiu da presença de Moema e ela entrou na cabana, tudo que ela
estava pensando saiu de sua mente quando olhou a cabana, era linda e acalmava seus
conflitos.
- Então, como foi lá?- Perguntou Piatã
- O rei me entregou o escudo sagrado, essa é a minha missão- Moema foi
abaixando a voz e sussurou com medo- cuidar de todos.
Moema tirou o escudo e colocou próxima a espada de Piatã.
- Como assim proteger?
Moema apontou para o escudo e disse:
- Está vendo o escudo... Pra que serve um escudo Piatã?- Disse Moema
aumentando a voz.
- Mas é meu dever te proteger.
- Não, seu dever é matar o inimigo e o meu é proteger a você e a muitos, esse
escudo é a minha missão e proteger a todos é a missão.
- Não entendo... Por que você protege?
- Não sei as respostas- disse Moema e começou a chorar.
Piatã a abraçou e limpou suas lágrimas e disse:
- Não chore, estou com você.
- Estou com medo Piatã, tenho medo, não sei si consigo proteger a todos.
- Não tema Moema, Rudá te escolheu.
Moema começou a chorar mais profundamente e a soluçar, suas lagrimas
estavam se perdendo no peitoral de Piatã e os sentimentos confusos atormentavam seu
coração.
- E se ele fez a escolha errada? E se eu não sou boa o suficiente?
- Eu me pergunto isso o tempo todo Moema, mas mesmo assim, quero encontrar
a resposta. Que tal encontrarmos a resposta juntos?
Piatã limpou as lágrimas de Moema e a beijou, seus lábios se envolveram com o
dela e seu coração pulsava intensamente, teria que protegê-la.
Quando se beijavam um guerreiro entrou na cabana com alimento, mas Piatã
abriu o olho e apontou onde ele devia deixar a comida e o guerreiro se retirou
rapidamente.
- Ouvi algum barulho- disse Moema se separando de Piatã envergonhada.
Piatã estava encantado por sua beleza e tocou seu rosto com as mãos:
- Não tinha ninguém, quer se alimentar?
Piatã desceu sua mão a encontro com a mão de Moema e foram se sentar em um
tapete de palha onde estava o alimento.
- Quem trouxe isso?
- Pare de perguntas Moema, venha se sentar.
Eles sentaram e Piatã a cada momento se encantava mais com Moema e disse:
- Não se preocupe agora com quem você deve cuidar, siga seu caminho, Rudá
nos deu uma missão e eu quero ir até o final e você?
- Pensei que as perguntas tinham acabado... - Moema disse e sorriu.
- Só me responda isso... E não vou mais fazer perguntas.
- Tudo bem, não vou dessistir, quero saber o que vai acontecer no final de tudo,
e quero ser forte pra continuar do lado certo.
Piatã olhou nos olhos de Moema, ele sentia que ela estava insegura, algo em seu
olhar não confirmava o que ela dizia como se estivesse assustada.
O guerreiro pegou uma fruta que trouxeram e entregou a Moema, ela apenas
sorriu levemente, mas seu sorriso escondia o que ela sentia.
Piatã colocou sua mão em cima da mão de Moema que estava em cima da coja
dela e sorriu para ela:
- Estou com você, pode ser sincera comigo, não esconda seus sentimentos.
- P-Piatã você entende tudo que estou passando? Rudá não me contou que meu
objeto era um escudo, não disse nada e agora sei que devo proteger a todos e amar a
todos, isso é difícil pra mim, não sou uma pessoa que consegue amar a todos... - Moema
então sussurou- Não confio nas pessoas.
Piatã podia entender tudo o que ela sentia, pois ele sentia o mesmo sentimento,
mas ele não poderia dizer a ela que sentia o mesmo, isso a afetaria a desistir, não podia
dizer tal coisa a ela, mas deveria cuidar dela e ajudar ela a aceitar a missão, mesmo que
ele não aceitasse com o que Rudá entregou a ela.
- Moema, você não pode cobrar sentimentos que ainda estão a começar, o amor
não nasce da noite pro dia, eu te amo, mas Rudá me ensinou a te amar, diferente das
outras pessoas, Rudá também vai te ensinar a amá-las, mas tudo há seu tempo.
- Pare de mentir, você não me ama. - Moema olhou intensamente para Piatã.
- Eu sei o que eu sinto e sei que não mentiria para você.
- Você mente! tudo o que você diz é mentira...
Piatã se aproximou de Moema e tocou seu rosto:
- Se eu mentisse não faria isso.
O guerreiro começou a beijar a mão da guerreira e olhar intensamente para ela.
- Ou faria isso.
Ele começou a beijar o braço e foi ao pescoço.
- Pare Piatã- Disse Moema.
- Se eu não te amasse meus lábios não tocariam os seus.
Piatã colocou o lábio próximo ao dela e sussurou:
- Você não quer ver que eu te amo, é você que não permite ser amada, ou amar.
Quando Piatã disse, a confusão de Moema se intensificou, o passado e o presente
se entrelaçaram os homens de sua tribo sempre a recusaram, e Jelani a aceitou somente
para possui-la.
- Me prove que me ama. - sussurou Moema
Piatã beijou o pescoço de Moema e suas mãos começaram a tocar sua coja, ele a
olhou encantadoramente.
- Estou com você, em meu físico e meu coração, falta você acreditar.
Piatã tocou a cintura de Moema e os dois deitaram no chão, o guerreiro começou
a possui-la e beijar sua cintura.
- Estou com você, não esqueça que mesmo que você não me ame, eu te amo, é
real meu sentimento.
A mão de Piatã começou a subir a veste de Moema ao mesmo tempo ele seguiu
tocando seus seios. Moema gemeu rapidamente e disse:
- P-pare Piatã.
- Vou te mostrar que te amo.
Piatã subiu o rosto e seu rosto se encontrou com o de Moema.
- Olhe no fundo dos meus olhos e se você encontrar mentira em meu olhar, então
eu não te amo, mas se encontro a verdade, eu a amo.
Moema nada conseguia dizer, seu coração pulsava intensamente, mas a confusão
e o medo passavam em sua mente, ela queria se entregar a Piatã, mas a incerteza de
amá-lo a assustava.
- O que encontra em meu olhar Moema?
Piatã apertou levemente o seio de Moema e disse:
- Me responda o que encontra?
- Eu não sei- Disse Moema e gemeu em seguida.
Piatã abaixou a mão e tocou em outras partes do corpo de Moema.
- Não minta para mim, o que você encontra?
Moema estava confusa, nunca nenhum a tocou com tal delicadeza, ou a olhou
tão profundamente.
- Eu... Encontro- Moema gemeu novamente.
- Encontra o que?- Piatã parou de passar a mão em Moema.
- Encontro alguém que eu não sei se amo.
Piatã voltou a tocar no corpo de Moema e sorriu dizendo:
- Quando você for sincera consigo mesma, me diga novamente o que você sente.
Piatã levantou e Moema levantou em seguida, arrumando a roupa.
- Vou me retirar- Disse Moema.
Moema foi para o quarto e deitou na cama, seus pensamentos se confundiam,
nenhum homem tocou ela e disse com tanta sinceridade que a amava, era assustador e
encantador ao mesmo tempo.
Piatã era tudo o que ela tinha sonhado, mais ainda faltava algo nela para se
entregar, ela sabia que ele tocou outra mulher, mas não fez nada do que fez com ela e
nem tão pouco disse palavras tão sinceras.
Moema ainda sentia a mão de Piatã em seu corpo, como se ele ainda estivesse
com ela e fosse sincera com ela.
Sua mente e seu coração estavam duelando, pois cada momento, seu coração
pulsava ao lembrar-se de Piatã, mas sua mente a impedia de se entregar trazendo todas
as lembranças e tudo o que Jelani havia tido e o que mais retornava a sua mente era
Jelani dizendo que nenhum homem seria capaz de amá-la.
Moema colocou a mão em seu coração e sussurou:
- Porque você não para de bater por Piatã?
Ao dizer isso, seus olhos se fecharam e ela começou a ter sonhos de esperança
com Piatã em sua vida, não tendo mais guerra.

Piatã foi até o quarto e viu Moema deitada, queria tanto que ela sentisse que ele
a amava, queria tanto mostrar a ela que a amava, não sabia como fazer isso, mais queria
estar com ela.
Com ela ele estava a aprender tantos mistérios sobre a vida e sobre ele mesmo,
ela iniciou algo novo em sua vida e teria que ter ela sempre em seus braços.
O guerreiro olhava cada detalhe do corpo de Moema, era tão belo e encantador,
uma beleza rara e intacta, como se as cicatrizes de ter domado o dragão apenas fizessem
com que acentuasse sua beleza selvagem.
Talvez Moema ficasse furiosa com ele por ter tocado em seu corpo, porém Piatã
não sentia culpa, pois para ele foi um dos únicos meios de mostrar que amava a ela.
Ele antes foi um caçador e agora era um guerreiro, os sentimentos sobre amor
sempre foram sentimentos distantes para ele, e somente Moema foi capaz de retirar de
seu coração algo diferente de adrenalina de estar dominando algum animal ou lutando
em guerra.
Ao tocar no corpo de Moema ele pode sentir a delicadeza que ela possuía, ele
pode confirmar que ela dependia dele para protegê-la, seu corpo era delicado e apesar
de ela mostrar ser forte, sempre teria que alguém a proteges.
Piatã estava a pensar em milhares de formas de provar a ela que a amava, mas
nada sabia como provar o amor que sentia, não poderia ficar sem ela, mas fazer com que
ela tivesse certeza do amor dele dependeria também dela.
Ele queria ir deitar ao lado dela, mais iria respeitá-la e dormiu em uma das
cadeiras que a cabana possuía.
12. Inicio da missão

A aurora começou a raiar e os olhos de Piatã começaram a abrir, seu corpo


estava doído pela forma de como se sentou, mas seu coração estava aliviado, à noite o
acalmou e a certeza de proteger Moema se intensificava a cada momento em seu
coração.
- Piatã venha para fora.
Apareceu Muruthi entre as cortinas da entrada da cabana e Piatã saiu da cabana.
- Por que me chama tão cedo?
- Não temos muito tempo, o rei Apuã quer falar com você e com Moema antes
de partir.
- Aconteceu alguma coisa de errado?
- Eu não sei, mas se apresse logo para saber a resposta.
Muruthi se retirou rapidamente e Piatã foi até Moema para acordá-la, o rei não
poderia esperá-los e nem a missão.
Piatã tocou o rosto de Moema e disse:
- Acorde... Moema acorde, o rei esta nos chamando.
Moema se virou para o outro lado e disse baixinho:
- Eu já falei com o rei.
Piatã conteve o riso e disse:
- Eu sei, mas agora a conversa é com nós dois.
Moema falou baixinho:
- Então vá lá e me diga o que ele falou.
Piatã não estaa mais gostando de Moema assim, era um assunto com o rei, era
falta de respeito, mesmo que ela já tivesse falado com ele, agora era um assunto dos
dois.
- Moema se levante e vamos talvez aos iremos hoje para as outras tribos... Ande
logo.
Piatã puxou Moema para perto dele e disse:
- Vamos logo, você nem sabe qual tribo foi atacada, se foi a minha ou a sua ou
qualquer outra, talvez o rei tenha descoberto que tribo é... Voce não quer descobrir?
Moema levantou rapidamente e disse:
- Por que você não me falou logo que podia ser isso?
- Se você não estivesse dormindo, talvez você conseguisse pensar nessa
hipótese.
Moema olhou seriamente para Piatã e disse:
- Me desculpe então, moço que sabe tudo.
Piatã conteve o riso novamente e disse:
- Apenas quero saber qual tribo é, estou ansioso desde que saímos de Khabitu e
se for esse o assunto a ser tratado, não tem o porquê eu demorar ou você demorar pra ir
falar com o rei.
Moema olhou para a sua roupa toda cortada da missão e olhou para Piatã com a
roupa no mesmo estado que ela e disse:
- Nossa roupa está um lixo, tomara que o rei nos de alguma coisa para usar, não
da pra lutar com uma roupa toda rasgada que nem a nossa.
- Desde que chegamos estamos com essa roupa, o rei não vai ligar.
Piatã foi para as cortinas da entrada da cabana e disse:
- Vamos logo, não quero demorar.
- Tudo bem, tudo bem. - disse Moema impaciente.
Enquanto caminhavam Piatã pegou a mão de Moema e disse:
- Posso segurar a sua mão?
- P-pode- disse Moema com o rosto vermelho.
- Não quero te perder de novo.
Moema parou de andar e olhou para Piatã:
- O que aconteceu?- disse ele assustado.
- Nunca diga que não quer me perder de novo, eu quase te perdi quando você
quis matar aquele dragão, o nosso dragão, então não me diga de perdas.
Piatã tentou contestar, mas depois ficou em silêncio, Moema estava certa, ele
errou e ela sabe o sentimento de perda, ele sentiu que ainda tinha muito que mudar para
protegê-la.
Piatã não tocou mais em Moema enquanto caminhavam e o silencio entre os dois
estava intenso, como se eles estivessem perdidos em seus próprios pensamentos,
esquecendo da companhia um do outro.
Moema estava lembrando-se do que Piatã disse de cuidar dela, e a cada
momento lembrava-se do que o rei dizia que ela teria que proteger a Piatã, tudo estava
tão confuso para ela, e quando o guerreiro disse a ela que todos estavam felizes da
presença dela e de Piatã, para ela isso estava sendo sufocante, pois todos a viam como
pertencente à Piatã e ele a ela, ela sentia que não tinha seu próprio espaço e sentia que
Piatã queria protege-la, mas ele não sabia nem proteger a ele mesmo.
Piatã estava se sentindo culpado, lembrando de suas imprudências e de quase ser
morto por sua impulsividade, era horrível ser como ele era, ele não estava feliz com as
atitudes que estava tomando, ele amava Moema queria mostrar a ela que sempre estaria
com ela, mas como ele poderia estar com ela, sendo que tudo fazia com que ela se
afastase dele, ele a tocou na noite anterior, suas mãos ainda sentiam o seu corpo
delicado e ainda ouvia os gemidos, mas nada corporal teria valor se ele não pudesse
provar que a amava sem o físico.
Quando chegaram à cabana, todos olhavam para eles, alguns guerreiros ainda os
repudiavam com olhar, outros sorriam, mas os que sorriam para eles eram da tribo do
rei Apuã, e eles não aliviavam muito para Moema e Piatã.
O rei estava sentado em seu trono e levantou para e olhou para Moema e Piatã e
disse:
- Guerreiro hoje nos iniciará a missão de Rudá, vamos às outras tribos e vamos
matar aqueles demônios da tribo Ceci, mas nós não podemos mandar Moema e Piatã
nesse estado não acham?
Todos os guerreiros começaram a rir e Moema ficou com o rosto queimando,
não queria ser motivo de risos, ainda mais porque sua roupa mostrava o que ela fez para
passar no ultimo teste de Rudá.
- Mas, não vamos rir deles, eles lutaram para estar aqui, e eu como rei de
Waweru, irei entregar a eles roupas para lutar, guerreiros não podem entrar em guerra
com roupas nesse estado.
Alguns servos trouxeram as roupas para Moema e Piatã. As roupas eram de um
couro mais ressistente e era na cor da roupa que eles estavam usando, Moema ganhou
um vestido um pouco curto que possuía um corte que fazia ficar um lado maior da perna
dela, enquanto o outro lado da perna ficava um pouco nu.
Piatã e uma calça ressistente, ele não ficou tão emocionado em receber os
presentes, mas era nescessario para lutar e ele não negaria o presente do rei Apuã.
- Piatã, seus físico vai ficar exposto, é nescessario que a marca de Rudá se
mostre em seu corpo, por isso que não te entreguei a parte de cima.Tudo bem para
você?
- Claro, não tem problema nenhum.
- Que bom, não gostaria de fazer você ficar chateado ou com stress.
- Não ficaria bravo por causa de uma roupa.
- Então ainda tenho muito que aprender sobre você.
- Obrigado rei- Disse Moema.
O rei ficou em silencio, Piatã estava olhando para a roupa que tinha recebido,
mas não tinha emoção nenhuma em seu rosto e ele disse:
- Obrigado rei Apuã
O rei foi até eles e os abraçou e gritou para todos os guerreiros:
- Agora todos se despeçam de seus familiares, daqui alguns minutos iremos para
a guerra, e seja o que Rudá quizer. - o rei disse a Moema e Piatã- vão se trocar, pois irão
daqui a pouco para a missão.
Moema e Piatã saíram da cabana de Apuã e foram para a cabana deles, e
enquanto andava, Moema olhou para trás e viu todos os guerreiros se despedindo de
suas famílias.
As lagrimas do rosto de Moema começaram a cair e ela sussurou:
- Não tivi ninguém para me despedir.
Piatã puxou a mão dela e a abraçou:
- Nós nem sabemos que tribo foi atacada, talvez você veja seus familiares de
novo e mostre a eles que escolheu o caminho certo.
- Mas e se não foi a minha, então foi a sua?
- Não sei Moema, não vamos pensar em perguntas que ainda não tem respostas.
- Mas...
- Não Moema, se for pra pensar pense em algo de bom, não em derrota, calma,
Rudá esta na frente, ele sabe o melhor.
Piatã olhou profundamente nos olhos de Moema e disse:
- Independente do que acontecer vou estar com você. Você vai ser aquela que
sempre vou proteger.
Piatã beijou o rosto de Moema e continuou a andar, ela estaria com o escudo,
essa era a função dela, mas com a espada ele a protegeria e estaria com ela, essa era sua
função, cuidar de Moema e nada o impedirira de cuidar dela.
Os pensamentos de Moema estavam rodeados de todos os sentimentos, o amor, a
luta, o medo, todos esses sentimentos estavam em conflito, tudo em sua vida havia
mudado e o medo de falhar e não amar as pessoas a perseguia, pois como ela poderia
proteger sem amar?
Era impossível isso para qualquer um, e para ela dificuldade era ainda maior,
pois nunca foi de se apegar as pessoas, seus sentimentos sempre foram para poucas
pessoas, enquanto as outras não faziam importância para ela.
Seus pais eram os que estavam em seu coração, e sua amiga e Piatã, todos esses
estavam em seu coração, mas teria que proteger a muitos e isso para ela era cada
momento mais e mais difícil de aceitar.
Quando ela saiu de sua tribo, Potira lhe entregou uma espada e Moema sempre
acreditou que aquela espada seria usada por ela, porem no fim, ela recebeu de Apuã um
escudo, totalmente rústico e que ela teria que usar para proteger a muitos, não era
somente ela e Piatã, mas a muitos, isso se tornava a cada momento mais impossível para
ela.
Aceitar a realidade que Rudá estava a planejar a ela, estava se tornando a cada
momento mais impossível, e o medo de errar e a confusão de saber que teria que amar a
muitos a fazia cada momento ter mais medo do que o futuro estaria a planejar.
Ela entrou na cabana e Piatã em seguida, somente o silencio estava entre eles,
não havia dialogo, seus olhares se encontravam porem Moema permanecia o tempo
todo em silencio e seus pensamentos a evitavam pensar nas alegrias que Rudá poderia
planejar.
- Vou me trocar no quarto. - Disse Moema.
Quando ela tirou a roupa, pode ver o quanto estava cortado sua roupa, mais
aqueles cortes não a traziam tristeza, era o seu orgulho que estava marcado, sua vitoria
perante Akanke, e a certeza de que ela era capaz de controlar suas emoções em
momentos e situações desconhecidas.
Ao colocar a roupa que o rei deu a ela, a diferença foi nítida em seu corpo, o
couro era mais duro e mais ressistente, parecia que nada a machucaria, e um pouco de
coragem foi ficando em seu coração, era sua missão e ela aceitou, não podia voltar atrás,
mas ela bem sabia que o amor demoraria a nascer em seu coração por outras pessoas.
Piatã entrou no quarto e disse:
- Você esta linda, a roupa se encaixou perfeitamente em você.
O rosto de Moema começou a esquentar os elogios de Piatã sempre a deixava
sem jeito, e ela sempre sentia vergonha.
Piatã sorriu levemente e disse:
- Eu acho lindo quando você fica com vergonha...
- Não fale, você fala essas coisas para me deixar assim. - Ela sorriu em resposta.
- Quero sempre ver você assim.
Piatã beijou o rosto de Moema e a abraçou:
- Quando vai perceber que me ama?
- Quando você parar de falar que eu te amo...
- Ok, eu paro de falar agora.
Moema deu algumas risadas e disse:
- Você não existe.
- Existo sim.
- Me prove. – Moema deu um sorriso maroto e olhou para Piatã.
- Você que pediu.
Piatã puxou o rosto de Moema para se encontrar com o dele e seus lábios se
tocaram, todas as sensações se mesclavam para Moema e somente um sentimento estava
em seu coração.
O amor fazia seu coração pulsar intensamente, e cada momento que seus lábios
se encontravam com o de Piatã, a incerteza de amá-lo se dissipava.
Seu orgulho e tudo o que ela pensava não fazia sentido, a confusão que ela sentia
não fazia jus ao sentimento que sempre esteve em seu coração e que desde que Piatã
falhou no teste a fez se afastar dele.
O sentimento era intenso e viver com a falsa confusão em seu coração era a
maior mentira que ela faria.
Não fazia sentido ela negar seu sentimento, a guerra estaria a começar e ela
poderia perder Piatã, ela não recusaria mais o sentimento, mas sim lutaria para estar
com Piatã sempre.
- Eu te amo- Moema sussurou.
Piatã a abraçou fortemente e disse:
- Não me negue mais seus sentimentos, preciso de você.
E seus lábios voltaram a se tocar.
O amor o sentimento mais puro do mundo, agora era sentido por Moema, ela
não negaria mais o sentimento, não lutaria mais contra si mesma.
A guerra em breve começaria e a chance de ter um mundo melhor para ela e
para Piatã somente aconteceria se eles lutassem juntos.
Nhadeara entrou na cabana e disse:
- Moema, Piatã, saiam logo, logo nós iremos para a sua tribo Piatã.
Moema parou de beijar Piatã e sussurou:
- Você esta com sorte, vão para a sua tribo.
- Quando chegarmos lá vou te apresentar meus pais, e eu tenho certeza de que
eles não vão negar você.
Moema riu e eles ouviram novamente Nhadeara gritando:
- Saíam logo daí.
Piatã e Moema saíram do quarto de Nhadeara comentou:
- Moema você esta linda...
Piatã abraçou Moema e beijou sua testa e disse:
- Minha linda.
Nhadeara riu e disse:
- Vejo que estão bem de novo, que bom, eu não agüentava mais vocês dois
separados.
Moema olhou para Nhadeara e disse:
- Por que não agüentava mais?
- Se Rudá não tivesse escolhido você para Piatã, tenho certeza que muitos
homens dariam em cima de você e eu me irritaria, pois todos os guerreiros são brutos e
péssimos em cantadas.
Piatã riu e lembrou-se de tudo o que Nhadeara tinha tido antes sobre os
guerreiros, cuidar de Moema era o que importava agora, e provar a ela que a merecia era
algo crucial para ele.
- Ninguem vai dar em cima de Moema, ela é minha e somente minha.
Moema olhou um pouco brava para Piatã e virou para Nhadeara:
- Já esta se achando- Ela disse.
Moema e Nhadeara começaram a rir e Piatã ficou sem jeito e Piatã disse:
- Chega, já riram de mim, agora vamos logo sair.
Eles saíram da cabana e Piatã pegou a mão de Moema.
- Não solte de mim, nunca.
Moema olhou profundamente nos olhos de Piatã e beijou seu rosto:
- Estamos juntos para sempre, não tem como eu fugir de você.
Nhadeara foi indo na frente, diexando os dois sozinhos, era um dos últimos
momentos que teriam de paz antes de entrar na guerra, a paz teria inicio atravéz deles e
o mundo seria melhor com o amor que um teria pelo outro.
Quando chegaram à cabana de Apuã, todos os guerreiros ainda abraçavam as
suas famílias, as crianças choravam nos braços dos pais e casais apaixonados se
beijavam intensamente.
Esposas abraçavam seus maridos intensamente e as lagrimas caíam do rosto de
todos, até mesmo os guerreiros temiam o que viria para eles na guerra e o medo de ser o
ultimo momento com suas famílias amedontrava seus corações.
Piatã e Moema não tinham há quem se despedir, mas algumas esposas chegaram
perto deles e os abraçaram, algumas desejando boa sorte, outras implorando para que
trouxesse seus maridos de volta.
Apuã girtou a todos:
- Subam em seus corvos, não temos mais tempo para ficar aqui.
Novamente todos os casais começaram a se beijar e crianças choravam agarradas
em seus pais, ninguém era capaz de dizer até logo, todos estavam com medo do que o
futuro destinaria, todos estavam com medo e esse medo os impedia de sorrir na
despedida.
Apuã subiu em seu corvo e todos os outros guerreiros em seguida, alguns
guerreiros começaram a chorar quando subiam no corvo e outros ficavam com olhares
perdidos para as pessoas amadas.
Todos tinham medo do futuro, ninguém sabia o que o futuro faria, mais o medo
de não saber nada os inquietava e amedontrava.
- Vamos homens e que Rudá nos proteja.
Moema e Pitatã subiram em Akanke e deram uma ultima olhada na tribo de
Apuã, as pessoas eram belas e a natureza ela impecável, eles teriam que voltar ali, não
em um mundo rodeado em guerra, mas sim um mundo dominado pela paz de Rudá.
As aves começaram a voar, e tudo o que os guerreiros sentiam era medo, Apuã
sentindo o medo dos homens girtou:
- Não tema, essa vai ser nossa ultima guerra, nos vamos terminar essa história,
lutem por suas famílias, lutem por vocês mesmos, mas nunca se esqueçam que é Rudá
que vai nos entregar a vitória.
Um dos guerreiros perguntou:
- Por que Rudá vai nos entregar a vitória?
- Porque esse é nosso momento, muitos passaram aqui e falharam... É nossa hora
de acertar tudo. - Respondeu Apuã.
Os guerreiros ainda temiam porem seus corações comeaçaram a ter mais
esperança, era a chance deles e dependeria deles concluir a guerra e voltar para suas
famílias.
O desconhecido se abria a eles e a vitória era o que trariam eles de volta para
casa, muitos homens começaram a fazer preces por proteção e vitória e enquanto outros
pediam para voltar para casa o mais rápido possível.

13. Morte

Passaram-se cinco dias desde que saíram de Wanweru, os guerreiros tinham


levado alimento, mas estava começando a ficarem em falta, todos queriam chegar logo à
tribo de Piatã.
Piatã estava ansioso, e todos os dias fazia preces para a chegada a sua tribo, e
todo o dia pedia para que Rudá cuidasse de todos da tribo Hamza.
A saudade de sua terra e a vontade de mostrar a todos que tinha feito a escolha
certa por ter recusado a mulher fazia a vontade de chegar a casa aumentar mais e mais.
Durante a viagem ele abraçava a Moema, e dizia a ela tudo o que sua tribo
possuía e contava sobre os grandes guerreiros e caçadores que sua tribo possuía.
Moema ao ouvir sobre as histórias dos guerreiros fazia aumentar mais e mais o
desejo de conhecer a tribo do homem na qual ele amava.
Mas o momento em que Piatã mais se emocionava era quando dizia de seu pai
Zot e sua mãe Yum e a sabedoria e amor que eles emavam fez com que Piatã recusasse
as mulheres de sua tribo.
Piatã contava com intensidade e algumas vezes começavam a cair algumas
lágrimas em seu rosto de lembrar-se de seus pais, a saudade e a vontade de mostrar a
eles que tudo poderia dar certo fazia suas esperanças se intensificarem e a certeza de
lutar por todos aumentava em sua mente e coração.
O rei Apuã começou a ver a inquietação dos guerreiros, todos estavam ansiosos
para chegar à tribo Hamza, todos estavam cansados e não estavam com força para mais
nada.
- Estamos chegando guerreiros, tenha calma- Disse Apuã, porem ele mesmo
estava inquieto.
- Quanto tempo mais para chegar à sua tribo Piatã?- girtou um dos guerreiros.
- Estamos próximos.
As nuvens que estavam a cobrir a visão de todos começaram a dissipar e todos
viram a tribo de Piatã, mais algo estava errado, a tribo estava em silencio e os corpos
vistos de cima pelos guerreiros se mostravam intactos.
- Tem algo errado- sussurou Moema.
- Desça rápido Moema...
- Temos que esperar ordens para descer.
- Ande logo- Gritou Piatã
Moema disse a Akanke:
- Vamos descer menina.
Akanke foi cortando o céu e chegou rapidamente à tribo de Piatã, eles foram os
primeiros a chegar, mais queriam ser os últimos a ver o que estavam a ver.
Corpos despeçados, cabeças em no chão e as outras partes do corpo
despeadaças, todas as pessoas da tribo Hamza tinham morrido, todos da tribo estava
mortos e não havia mais a alegria do passado de Piatã.
Os outros guerreiros desceram em seguida e todos estavam amedrontados pelo
que viam.
Piatã correu para a cabana de seus pais, e viu que ainda o fogo queimava a
cabana de seus pais.
O guerreiro entrou na cabana e gritava o tempo todo por seus pais, a tristeza se
apoderava de seu coração e a vontade de não lutar mais por Rudá se intensificava.
Moema se aproximou de Piatã e tocou seu ombro e disse:
- Sinto muito.
- Não sinta, não quero que você sinta dó de mim...
Ao dizer isso o guerreiro caiu por terra, e o todo o seu corpo não tinha mais
controle, seus joelhos tocaram o chão e o olhar perdido da derrota estava nele.
- Não sinta... Dó de... Mim- disse Piatã novamente.
Lágrimas que antes ele sonhou ser de alegria ao ver sua tribo novamente agora
se intensificavam pela perda e derrota e Moema o chegou até ele e o abraçou
ternamente.
- Estou com você- Disse ela.
- Não tem mais ninguém comigo- disse Piatã chorando.
O choro de Piatã era intenso, Moema queria mostrar que estava com ele, mas as
lágrimas de Piatã cortavam seu coração.
-Esou com você Piatã.
Piatã olhou para Moema e disse:
- Olhe para minha tribo, não sobrou ninguém, como ousa dizer que você esta
comigo.
- Eu estou com você. – Disse ela novamente.
Piatã chorava intensamente, o ódio da perda e o sentimento de derrota era o que
ele mais sentia, queria destruir os guerreiros de Ceci, e queria afastar todos os que
tivessem o sentimento de dó por ele.
- Você não esta comigo.
Piatã gritou e saiu correndo, foi a todas as cabanas e a cada cabana via os
mortos, homens, mulheres e crianças de sua tribo, todos estavam mortos, e a tristeza se
intensificava mais e mais a ao guerreiro.
O guerreiro foi até a tribo dos sacerdotes, onde ele tinha recusado as mulheres e
a cena que viu foi assustadora.
Corpos de muitos guerreiros e sacerdotes amarrados na parte de cima da cabana,
sangue e corpos destruídos estavam a cada parte da tribo, todos estavam mortos.
Piatã estava perdido no sangue que via, e um vento forte passou sobre ele,
fazendo com que ele visse os rostos de muitos guerreiros e sacerdotes que antes estavam
virados.
Um sacerdote ainda estava respirando e viu a Piatã.
- Você voltou- o sacerdote começou a sussurar.
Piatã ouvui a voz e gritou:
- Quem está ai?
O sacerdote sussurou:
- Olhe para mim.
Piatã ergueu seus olhos e viu o sacerdote olhando para ele.
- Como vai meu amigo?- disse o sacerdote.
O guerreiro se assustou, era seu amigo Zolk, o sacerdote, aquele que sempre
esteve com ele e sempre deu conselhos sábios.
- Zolk... Não acredito você estava vivo. - Disse Piatã um pouco feliz.
- Por pouco tempo.
Piatã olhou ao redor, querendo encontrar algo que o ajudasse a tirar seu amigo
daquela situação.
- Piatã olhe para mim- disse Zolk.
- Quero tirar você daí meu amigo.
- Apenas olhe para mim.
Piatã olhou para seu amigo, era horrível ver ele naquele estado, a morte estava
em todo o lugar, mais ainda não tinha tirado seu amigo de perto dele.
- Diga Zolk.
- Perdemos muitos, e acredito que tenha alguns vivos.
- Não, só tem você vivo.
- Piatã me ouça... - a voz de Zolk começou a falhar e ele sussurou- você fez o
certo em fugir, mas estamos todos amaldiçoados por você;
Piatã não acreditava o que estava a ouvir, a derrota e o medo de ter falhado com
sua tribo nascia em seu coração, tantos sentimentos se envolviam nesse, mas todos os
sentimentos eram de erro e perda.
Zolk sussurou:
- Você nos trouxe maldição, não ter ficado com nenhuma mulher... Não ter
simplesmente dormido com uma mulher... Você é a depressão da nossa nação.
O sacerdote cuspiu no rosto de Piatã e olhou furiosamente para ele.
- Tudo o que você vê aqui é conseqüência da sua escolha... Você é quem devia
morrer.
Piatã olhou para o sacerdote, o amigo da sua infância estava dizendo a ele tudo o
que ele sempre temeu ouvir.
A morte veio a sua tribo e ele não estava com o povo para protegê-los, apenas
seguiu seus instintos.
- Calma Zolk, eu trouxe guerreiros comigo, todos vamos lutar.
Zolk sorriu e sangue caiu em Piatã, pois o sacerdote estava todo cortado.
- Não adianta mais Piatã, Rudá nos esqueceu e você nem mesmo ajudou... - Zolk
respirou profundamente e gritou- Você nos traiu.
Zolk não disse mais nada e Piatã disse:
- Fale comigo Zolk.
O silêncio estava na cabana, e Piatã viu seu amigo morto, seus olhos ainda
estavam abertos, porém não tinha mais respiração.
Piatã não agüentava mais ver tanta morte, todos os seus amados, seus amigos,
sua família estavam mortos, não tinha mais felicidade em sua tribo.
As crianças que antes brincavam, não respiravam mais, os grandes sacerdotes
que diziam suas bênçãos, agora não tinham mais vida, todos da tribo morreram e Piatã
era o único sobrevivente.
Mas ele estava vivo porque fugiu, não porque lutou até o fim para proteger sua
tribo, ele não era digno de pisar naquelas terras mais, ele não deveria pertencer mais aos
que ele amava.
Moema foi até Piatã, pois tinha ouvido um grito na grande cabana.
Piatã olhou para Moema, o olhar dela estava assustado e ele tinha nojo de tudo o
que ele era não queria mais ela perto.
-Se afaste Moema.
- Não me repudie- disse ela.
-Se afaste, não quero ninguém perto de mim.
Moema não queria mais se afastar de Piatã, tudo o que tinham vivido em
Khabitu e Wanweru a fazia querer estar do lado dele, cuidar e ajudar ele a superar a dor
da perda.
- Não me repudie- disse ela novamente.
Piatã olhou friamente para Moema e disse:
- Me deixe sozinho.
Moema tocou o rosto de Piatã e disse:
- Estou com você.
Piatã não se conteve e as lágrimas começaram a cair, Moema o abraçou
rapidamente e a morte nunca machucou tanto a Piatã.
- Perdi muito Moema, não faz sentido você ficar comigo.
Toda a fúria de Piatã estava em suas lágrimas, todo o ódio e dor faziam seu
coração pulsar com dor.
A dor de perder seus amigos, o fazia querer dessistir de tudo, não queria mais
viver, não queria mais lutar por Rudá.
- Estou com você, estou com você- disse Moema.
Piatã olhou para cima e ele viu todos os corpos, morte era tudo o que ele via, não
tinha mais vida, não tinha mais glória futura, a derrota e a perda de seus amigos e
familiares.
Ele não lutou por eles e fugiu, foi mesquinho e não era digno de viver.
- Não sou digno Moema, sou um fracassado, não mereço viver.
As lágrimas caiam de seu rosto, derrota e dor, nada mais ele sentia, o abraço de
Moema não o acalmava mais e morrer ali naquele lugar era o que ele pensava o tempo
todo.
- Você não sabia que isso ia acontecer. - disse Moema trazendo o rosto de Piatã
perto dela.
- Eu devia protegê-los e não ficar com Rudá.
- Você foi escolhido por Rudá, não diga algo assim. - disse Moema
Piatã estava a lembrar de todo seu passado em sua tribo, as brincadeiras e as
pequenas caçadas da infância, se lembrou de seus pais e a sabedoria que eles
transmitiam tudo se perdeu.
- Mas a que preço eu fui escolhido?
- Não tem preço, Rudá te escolheu, não tem mais nada.
Piatã chorava o tempo todo, a depressão estava em sua mente, mais algo em sua
mente o impedia de perder a razão, a vontade de matar a todos.
O guerreiro nunca sentiu tanta dor, a dor da perda, a dor do medo, a derrota
estava exposta em seu rosto, mas ele não podia voltar atrás, ele aceitou a missão, agora
sua espada tinha uma razão de ser empunhada.
- Essa guerra vai ter que parar. - Disse Piatã
Piatã levantou e Moema o ajudou a se levantar:
- Eu vou terminar essa guerra. - Disse Piatã e ele tirou sua espada da bainha que
estava em sua costa.
A espada refletia a história das derrotas, todos os antgos guerreiros fracassaram
Piatã não poderia falhar, pois as gerações futuras não podiam sentir o que ele estava a
sentir.
Esse massacre teria que terminar e eles fariam isso.

14. Sincronia

Ao sair da cabana um novo homem Piatã tinha se tornado, seu choro ainda
marcava seu rosto, mas sua espada estava em suas mãos como se ela sempre pertencesse
às mãos do guerreiro.
Todos os guerreiros estavam assustados, mas Apuã, Nhadeara e Muhuthi
estavam sem emoções, não havia surpresa, nem tão pouca piedade.
- Vamos lutar- Gritou Piatã.
Seu grito nunca tinha sido tao forte e ele nunca tinha erguido sua espada tão
intensamente.
- Vamos honrar o sangue dessa terra, e matar aqueles malditos. - disse Piatã.
Os guerreiros não falavam nada e Piatã começou a se enfurecer mais e mais.
- O sangue dessa terra precisa ser honrado, se vocês não forem lutar comigo...
Apuã olhou para Nhadeara e eles mecheram a cabeça no mesmo tempo,
afirmando algo que ninguém mais sabia.
- O sangue dessa terra vai ser honrado Piatã, mas para isso você e Moema
precisam de treinamento. - Disse Apuã
- Não me venha com treinamento, precisamos sair logo daqui, talvez à tribo de
Moema esteja sendo atacada. - Disse Piatã.
- Então vocês dois lutem comigo, se mostrar que conseguem encontrar a sintonia
entre o ataque e a defesa, não vamos treinar vocês. – Disse Apuã.
Piatã ergueu a espada em modo de ataque e Moema tirou seu escudo, a
determinação no olhar dos dois era nítida, mas numa guerra nem sempre a determinação
faz jus aos que estão lutando.
- Venha e me ataque- Disse Apuã.
O guerreiro correu e tentou atacar o rei, mas o rei se defendeu, e quando o rei
tentou atacar o guerreiro, uma guerreira surgiu com seu escudo e o protegeu.
- Só tenho eu lutando como vocês, que tal mais homem?
- Tudo bem, coloque mais homens- Disse Moema
O rei sorriu e gritou para alguns guerreiros se aproximar de Moema e Piatã,
vieram poucos homens, mas era o numero nescessario para o rei.
Dez homens rodearam o guerreiro e a guerreira, um círculo se fez entre eles, um
circulo de homens determinados a atacar.
- Ataque quando quizer- disse Apuã.
Piatã ergueu a espada novamente e com um grito foi até o rei, outros guerreiros
começaram a atacá-lo, mas ele tirava as espadas das mãos deles ou então Moema o
defendia.
Algum corte Piatã teve pelas espadas dos guerreiros, mas ele pulou rapidamente
em cima de um guerreiro que estava em sua frente e sua espada tocou o corpo do rei.
- Não preciso de treinamento... Preciso do sangue daqueles malditos guerreiros
de Ceci em minha espada.
O rei olhou para Piatã, o olhar do guerreiro o preocupava, pois nunca tinha visto
nenhum homem com tal olhar determinado.
- Olhe para trás- Disse Apuã.
Moema estava rodeada dos homens e um deles estava a segurando, Piatã olhou
novamente para o rei e gritou:
- Moema liberte-se.
O rei não entendeu o que Piatã queria fazer, mas deixou que Piatã fizesse o que
bem quisesse.
- Moema liberte-se - Gritou novamente Piatã.
Piatã olhou novamente para Moema, o olhar de Piatã demonstrava a Moema
muita sentimentos negativos, ele queria vingança e ela teria que ajuda-lo na matança.
Moema segurou o escudo e o bateu nos guerreiros, alguns guerreiros tentaram a
atacar novamente, mas ela conseguia se defender.
- Viu, conseguimos ter sincronia, agora vamos logo para a guerra.
Apuã riu para Piatã e disse:
- Primeiro faça os mortos ter uma morte digna.
Piatã guardou a espada em sua bainha e disse:
- Enquanto não houver vingança e sangue dos demônios, os mortos não vão
descansar em paz.
Nhadeara chamou Piatã para andar e os outros guerreiros começaram a juntar os
corpos dos mortos junto com Apuã.
- Eu entendo sua dor Piatã, mas de tempo ao tempo.
- Não posso dar esse tempo, o pouco tempo que fiquei em Khabitu me fez perder
meus familiares e meus amigos, olhe ao seu redor Nhadeara, eu pudia estar nessa
batalha e não estive.
Nhadeara tocou o ombro de Piatã e disse:
- Por que você não estava aqui?
- Que pergunta tola essa.
- Me responda Piatã.
Piatã estava com pensamentos de vingança, mas a pergunta de Nhadeara tirou
um pouco a vingança de sua mente.
- Por que não tinha mulher para mim nessa tribo.
- Está certo, mas tem outra resposta junto com essa. - Disse Nhadeara.
- Não tenho tempo para isso. - Disse Piatã e ficou de costas para Nhadeara.
- Então vou responder para você, você foi escolhido por Rudá, isso significa que
você é um servo dele e isso significa que os demônios de Ceci irá te perseguir até o fim,
eles querem seu sangue e querem você marcado na sua espada, como mais um
guerreiro, é por isso que você foi escolhido.
Piatã virou para Nhadeara e começou a gritar:
- Meus amigos morreram, os grandes sacerdotes morreram, todos morreram e
você ainda me diz que a culpa é minha?
- Você me ouviu? A culpa não é sua, mas um fato é as escolhas vem junto com
conseqüências.
Piatã pegou Nhadeara pelo pescoço e começou a enforcá-lo.
- Eles não tinham que morrer, olhe quantas crianças inocentes morreram. Muitos
morreram.
- Rudá sabe o momento certo de todos... –Disse Nhadeara.
- São lindas palavras, mas faz efeito quando você esta diante dos mortos- Disse
Piatã e cuspiu em seguida.
Nhadeara olhou para Piatã, tanta coisa ele tinha mudado, o ódio estava
dominando seu coração, mas Nhadeara sabia que isso passaria, a dor amadurece os
homens é o único meio de amadurecer verdadeiramente.
Antes Piatã era um caçador que estava afogado em ego, mas desde que ele fugiu
da tribo teve que amadurecer na fé e teve que diminuir seu ego até o momento em que
todo seu ego se dissipou quando ele perdeu do dragão.
- Você se lembra de como você era antes? Um menino cheio de ego, o seu ego
sempre te impediu de olhar para os outros e agora você olha para todos aqueles que
você perdeu, seu ego se dissipou de você.
- Do que adianta você me dizer isso?
- Você mudou Piatã, por isso que Rudá te escolheu.
Piatã ficou em silêncio, seus pensamentos estavam em uma onda de vingança e
amadurecimento, o sangue dos demônios teriam que estar em sua espada e ele não
dessistiria disso e parou de enforcar Nhadeara
Piatã ouviu um grito e ele e Nhadeara correram para ver o que estava
acontecendo.
E quando chegaram perto dos outros guerreiros viram o que jamais pensaram
que existia.
Um grande demônio com três olhos e maior que a muralha que protegia a tribo
de Piatã, o demônio tinha um grande boca na barriga e tinha bocas no centro das mãos.
O demônio tinha pegado Moema e estava rasgando sua roupa e começou a
gritar:
- Estava sentindo falta de um corpo feminino, as mulheres dessa tribo tem o
mesmo jeito, a moçinha aqui tem o estilo de ser mais selvagem, que tal brincarmos um
pouco?
Algo parecido com um órgão masculino saiu do demônio e as bocas da mão do
demônio começaram a morder a Moema.
- Porque vocês não a protegeram? – Gritou Piatã.
Apuã olhou para Piatã e disse:
- Ela se afastou de nós, depois que você se afastou com Nhadeara.
Piatã pegou a espada e gritou:
- A culpa é minha, vou matar esse demônio sozinho.
A espada que ele segurava nunca tinha tido tanto peso e a vida da pessoa que ele
amava não corria risco, Moema não morreria por aquele demônio, Piatã estava
determinado.
- Quem você pensa que é seu menininho? – Gritou o demônio- Nem pense em
cortar meu momento de prazer com essa linda mulher.
- Te cortar concerteza eu irei- disse Piatã empunhando a espada.
Moema gritou novamente e o demônio começou a colocar seus órgãos genitais
na mulher, sangue começou a escorrer do corpo dela, ela estava toda machucada.
- Piatã me ajude. - Ela gritou.
Piatã estava furioso e alguns homens começaram a se aproximar dele, mas ele
gritou:
- Ele é meu, ninguém vai lutar com ele.
- Piatã me ajude- Moema gritou novamente.
O demônio olhou para Piatã e gritou:
- Vou fazer ela gritar meu nome, ou pelo sentimento de desejo ou por ódio, mas
ela vai gritar.
- Piatã- Dizia Moema.
O monstro começou a rasgar mais e mais a roup, até o momemto em que poucas
partes do corpo dela ainda possuía pano.
- Eu vou te matar.
Piatã levantou a espada e correu para atacar o monstro, sua espada começou a
fazer sua mão sangrar e a determinação em seu olhar fazia o demônio rir.
- Pensa que pode me matar?
Piatã correu para o monstro e fez um corte em uma de suas pernas.
- Vou te matar e não vou nem pensar, o seu sangue vai ficar na minha espada.
O demônio começou a rir e começou a tocar os seios de Moema, as línguas de
suas mãos começaram a morder e a beijar o corpo dela.
Sangue e cortes estavam marcados em sua pele, o demônio se divertia com seu
olhar de dor e o seu órgão genital começava a entrar no corpo dela.
- Grite meu nome, grite o nome de Zool e eu vou te fazer ser minha.
- Piatã- Moema gritou novamente e seus olhos começaram a se fechar.
Piatã atacou novamente o monstro, mas o demônio o empurrou para longe, todos
os guerreiros estavam pasmos, mas nenhum o ajudava.
Nhadeara ajudou Piatã a se levantar e disse:
- Essa batalha é sua, proteja Moema.
Piatã olhou para todos os lados, o sangue que caia de seu rosto e o ódio de sentir
que estaria a perder Moema se não fizesse nada se acumulava em seu coração, ele
perdeu tudo na vida, não poderia perdê-la. Ele não iria perdê-la
Piatã começou a subir a arvore e a espada estava presa a bainha de suas costas, o
sangue de seu corpo estava o fazendo cair um pouco da arvore, porem sua mente gritava
para ele:
- Continue você não vive sem ela. Sem ela não.
O guerreiro subia a arvore, todo ferido ele continuava, o sangue não o impedia
de subir, o sangue estava em seu rosto e alguma parte de seu corpo, mas ele não
dessistiria até matar o demônio.
- Eu vou a fazer dizer meu nome e você não vai poder fazer nada. – Disse o
demônio e começou a gritar.
Moema abriu os olhos e olhou para Piatã e gritou:
- Socorro Piatã.
- Diga meu nome vadia- Gritava o demônio.
- Salve-me Piatã- Moema gritou.
Piatã pulou para o demônio e ficou atrás de seu pescoço, o sangue caia sobre o
demônio e ele começava a lamber o sangue que caia em seu corpo.
- Tenho dois sangues, assim fica mais delicioso matar. - Gritou o demônio
sorrindo.
Piatã se grudou no pescoço do demônio e disse:
- Eu vou te matar, o seu sangue vai ser o primeiro de muitos.
O demônio começou a rir mais e mais e disse:
- Tente seu tolo.
Piatã ergueu a espada e fez um corte profundo no demônio, sua espada estava
rasgando os pelos do demônio e o sangue que agora caia era do ser das trevas.
O demônio gritou e soltou Moema no chão, e pegou Piatã e o jogou longe.
Apuã correu para buscar Moema, ela estava toda ferida, seu corpo estava nu e
seus olhos se abriam levemente e ela sussurou:
- Ele conseguiu me salvar.
Ao dizer isso ela sorriu levemente e desmaiou, e Apuã gritou aos homens:
- Leve ela para longe, eu vou ficar aqui com Piatã.
Piatã levantou e olhou para o demônio e gritou:
- Seu sangue fica na minha espada.
O guerreiro começou a correr e ele pegou o escudo de Moema no chão e gritou
novamente:
- Uso por você esse escudo Moema.
Ele avançou rapidamente e cortou a parte que tinha ferido no demônio, o sangue
do demônio começou a cair e uma perna dele estava faltando.
Sangue caia dos dois e o demônio gritou:
- Ainda vou te matar...
Piatã avançou novamente e fez um corte profundo no estomago do demônio.
- Akanke venha- Gritou Piatã.
O dragão pegou Piatã pela boca e o colocou em cima dele e vôo para o alto.
Piatã levantou a espada novamente e o dragão abaixou para dar uma investida
em no demônio.
O demônio gritava e tentava puxar o dragão, mas ele não conseguia e Piatã se
afastava dele aos poucos e retornava e atacava ele novamente.
Piatã avançou mais uma vez com o dragão e pulou no chão, e avançou no
demônio e gritou para o dragão:
- Akanke cuspa fogo.
Akanke cuspiu fogo e Piatã avançou no demônio quando o dragão parou de
soltar fogo nele.
A espada estava sangrando mais e mais sua mão, mas ele não soltava da espada
e gritou:
- Esse é seu ultimo respiro demônio.
O guerreiro pulou e a atacou a cabeça do demônio e não cessou até ter cortado
toda a cabaça do demônio.
O demônio caiu no chão, não respirou mais, e o sangue que agora estava
enchendo toda a terra era do demônio.
Um sangue estranho com uma cor roxa da mesma cor do que Piatã tinha bebido
quando iria se tornar guerreiro em sua tribo.
Piatã caiu no chão, seu corpo todo doía, mas ele não queria ficar sem ver Moema
e Apuã o ajudou a se levantar e o colocou no dragão Akanke e disse ao dragão:
- Leve-o onde ela esta.
Apuã subiu em seguida em seu corvo e ele pegou o escudo de Moema no chão e
juntos voaram para outro lugar, porem próxima a tribo de Piatã.
Piatã se apoiou no dragão e conseguiu voar com Akanke sem temer nada, e
pensou:
Só assim para eu conseguir voar nela.
O guerreiro abraçou o dragão, seu corpo todo doía o sangue ainda caia de seu
corpo e os cortes estavam expostos em sua pele.
Apuã se aproximou dele com seu corvo e olhou admirado para Piatã, nunca tinha
visto um homem lutar sozinho contra um demônio.
Um guerreiro mais forte que os outros estavam a surgir, um guerreiro destemido
e que estava lutando pelo amor que sentia por uma mulher que Rudá tinha escolhido.
No passado alguns homens tinham falhado nesse mesmo quesito, a espada de
Piatã mostrava muitos homens falhando na luta contra o demônio, mas esse guerreiro
conseguiu lutar sozinho.
Admiração foi o sentimento de Apuã e quando olhou para trás viu Nhadeara
subindo junto com eles e perguntou para ele:
- Onde esta Muhuthi?
- Ele disse que vai queimar o demônio e depois vai se juntar conosco no
acampamento. Você sabe que ele ainda não superou que Piatã é o escolhido e hoje foi à
prova de que Rudá fez a escolha certa.
- Piatã mostrou seu valor hoje não foi?
- Ele é diferente dos outros guerreiros, não podemos negar sua determinação, sua
vingança e o amor que ele sente por Moema, esses três sentimentos vão nos levar a
vitoria. Eu posso sentir.
Apuã olhou vagamente para Akanke e Piatã e disse:
- Que Rudá nos proteja, não quero mais guerra. Não agüento mais.
- Ninguem mais agüenta meu amigo. - Disse Nhadeara

Muhuthi estava a lembrar de quando Rudá escolheu Piatã, todos os espíritos


ficaram em festa, mas ele nunca entendeu porque não foi escolhido, sempre se esforçou
e participou da antiga luta.
O comandante estava perdido em sua derrota, mas ele não queria admitir que
Rudá tivesse feito a escolha certa, ele que devia ter Moema em seus braços e possui-la e
não aquele moleque.
Não era nescessario ele queimar o demônio, mas ele quis ficar para trás, não
queria ver todos os guerreiros idolatrando Piatã, não queria ver o auge da admiração de
todos, apesar de que quando ele retornasse ao acampamento ele bem sabia que todos os
homens iriam comentar com ele.
- Eu podia ter te matado. - Disse Muhuthi e depois cuspiu e chutou o demônio –
A honra seria minha e não dele.
Um grande riso ecoa um riso assustador.
- Quem esta aí?- Perguntou Muhuthi
- Quer me matar?
Muhurhi nada entendia, mas o medo tomava conta dele e ele tirou a espada da
bainha.
- Se mostre, tem medo de lutar comigo?
- Me diga você, se você tem medo de lutar!!
Apareceu diante de Muhuthi, um homem surgiu na frente dele, mas esse homem
era feito de vento, como se fosse um espirito e sorriu para ele.
- Quer lutar ainda?
Muhuthi pensou:
Piatã não o matou, é minha chance.
O homem sorriu e disse:
- Pensa que pode me matar? Então venha e ataque.
O comandante nada pensou e avançou no vento, mas algo em seu corpo mudou e
seus pensamentos começaram a ficar negativos, algo em sua vida tinha mudado.
Uma maldade desconhecida estava dentro dele, algo diferente, e o homem a sua
frente tinha sumido.
Apuã e Nhadeara tiraram Piatã de Akanke e o pergutaram aos guerreiros onde
Moema estava.
Uma pequena barraca de palha estava montada para Moema e Piatã, mas era o
suficiente para o casal machucado.
Apuã colocou Piatã deitado ao lado de Moema e deixou os dois sozinhos.
Piatã abriu os olhos, tinha descansado em Akanke e ao abrir os olhos viu Moema
com um pano cobrindo seu corpo.
O guerreiro tinha perdido quase tudo em sua vida, perdeu sua família e seus
amigos, ele perdeu todos aqueles que o ajudaram a escrever seu passado. Mas Moema
estava vida, ela estava machucada, mas estava viva e para Piatã o sentimento de
proteção aumentou mais ainda em seu coração.
Piatã tocou a mão no rosto de Moema e disse:
- Não me assuste mais, não quero te perder.
Moema abriu levemente os olhos e viu Piatã a seu lado, o homem de sua vida
estava ao lado dela, ela demorou tanto para admitir algo que sempre esteve em seu
coração, esteve a ponto de perdê-lo e a ponto de enloquecer de tanta dor com aquele
demônio.
Ela sentia no corpo o toque do demônio, era algo que ela não conseguia
esquecer, a assustava e amedontrava, mas quando ela abriu os olhos e viu Piatã, esses
sentimentos foram se acalmando.
- Fique comigo Piatã, não se afaste mais de mim- Moema sussurou.
Piatã olhou intensamente para ela e sorriu.
- Eu estava te pedindo isso agora.
- Mas eu estou te implorando Piatã, por favor, não me deixe.
Moema agarrou a veste de Piatã e disse mais uma vez:
- Não me deixe.
Piatã passou a mão no cabelo de Moema e aproximou os lábios aos dela e
sussurou:
- Quando vai entender que sou seu?
Moema ficou em silencio por um tempo, mas depois ela começou a chorar e
disse:
- Por que tudo isso teve que acontecer? Estou me sentindo imunda, meu corpo
dói, minha vida parece estar em pedaços, aquele demônio desonrou meu corpo na frente
dos guerreiros, me sinto suja.
- Não chore, isso é uma guerra, não chore, vou te proteger. - Disse Piatã.
Moema chorava e as lagrimas a faziam se sentir mais e mais depressiva, ela não
queria ter iniciado suas relações com um demônio, pois o demônio tinha começado a
tocar seu corpo, ela tinha sido exposta e tocada por um demônio e não por Piatã, o
homem na qual Rudá escolheu.
- Você me perdoa?
- Pelo que Moema?- Perguntou Piatã.
- Eu fui tocada por outro e não por você, fui tocada pelo demônio, me perdoe, eu
não queria esse destino.
Piatã se aproximou de Moema e deitou em cima dela.
- Olhe no fundo dos meus olhos, eu sei mais do que ninguém que você não
queria isso, você foi desonrada, mas eu fui aquele que te tocou primeiro, seu corpo me
pertence e meu corpo é seu, não tem o porquê se desculpar, aquele demônio não é nada.
O meu amor por você é maior do que tudo o que tenha acontecido.
Moema abraçou fortemente Piatã e finalmente conseguiu dar um sorriso meigo,
um sorriso na qual Piatã tanto se apaixonou.
- Piatã eu te amo.
Piatã passou a mão no rosto de Moema e a beijou ternamente, quando terminou
de beijá-la, os dois sorriram e Piatã voltou a deitar ao lado dela.
- Eu te amo Moema.
Moema passou as mãos no cabelo de Piatã e em seu rosto, tanto ele tinha
mudado, e a cada momento ela o amava mais, ela pertencia a ele e na guerra que viriam
eles dariam um inicio a um novo mundo comandado por Rudá.
Piatã fechou os olhos, o esforço de ter que matar o demônio e a alegria de estar
ao lado de Moema o estava cansando, precisava de descanso.
- Piatã, obrigado por cuidar de mim. – Disse Moema.
O guerreiro sorriu e os dois começaram a descansar, o cansaço da vitória os
acalmava para continuar a lutar, eles tinham chance de mudar o mundo, uma nova era
começaria, e eles eram o inicio.

15. Nas asas de Akanke

Muhuthi retornou ao acampamento, algo estava diferente nele, mais não era algo
nítido nem para ele mesmo, o ódio que ele sentia por Piatã sempre esteve presente dele
e ter esse sentimento de forma mais intensa não mudava nada para ele.
Ele desceu do corvo e Apuã perguntou:
- Queimou o demônio?
- Sim. Moema e Piatã onde estão?
- Descansando na pequena cabana que fizeram para eles.
Muhuthi viu Nhadeara e Nhadeara correu para abraçá-lo.
- Como você está?
Muhuthi recebeu o abraço de Nhadeara mais algo em sua mente o fazia querer
acabar com Nhadeara, seus sentimentos estavam muito intensos e isso o assustava cada
vez mais, mas ao mesmo fazia ele se sentir mais forte e mostrava para ele memso que
sens sentimentos não iriam mudar.
- Estou bem. Solte-me, por favor.
Muhuthi foi até a fogueira que os guerreiros estavam fazendo, o fogo estava
perdido em seu olhar, e seus pensamentos estava em morte, morte de um dos guerreiros,
ele queria ver sangue e esse desejo se intensificava a cada momento.
O por-do-sol estava a começar, o dia tinha terminado, mas as chamas de ódio no
coração do comandante se intensificavam a cada momento, o sangue estava sendo
construído em sua mente e formas de matar estavam em cada pensamento.
Alguns dias se passaram, e todo o acampamento estava recuperando as forças
para a luta, muitos tinham medo, medo de tudo o que tinham visto na luta de Piatã.
Muitos não teriam coragem para lutar da forma como ele fez, e muitos correriam
ao lutar com um demônio, nem todos estavam preparados para a guerra e isso
preocupava a Apuã
- Os homens estão com medo, isso não vai ajudar na guerra. - Disse Apuã
- Todos estão com medo do que pode acontecer, o demônio assustou a todos-
Disse Nhadeara.
- O clima esta muito pesado no nosso acampamento e eu temo o que pode
acontecer.
- Rudá vai nos guiar- Disse Nhadeara
Apuã e Nhadeara estavam perdidos, algo de ruim iria acontecer, eles sentiam
pelo clima do acampamento, mais tinha algo que estava incomodando mais a Nhadeara.
- Muhuthi está mais estranho que o normal- Comentou Nhadeara.
- Você tem que parar de abraçá-lo, ele odeia isso você sabe. - Disse Apuã
Nhadeara não queria admitir, mas sentiu algo diferente, algo na alma de
Muhuthi, algo que traria o mal para perto deles.
- Apuã, você não sentiu nenhuma energia negativa dele?
- A todo tempo eu sinto- Respondeu Apuã e riu em seguida.
- Estou falando sério!
- Nhadeara pare com isso, todos os homens estão cansados e você fica falando
do comandante, pare com isso.
O rei e Nhadeara estavam próximos a pequena cabana de Piatã e ao ouvir o que
Apuã estava a dizer, se levantou.
Tudo o que envolvesse Muhuthi o guerreiro tinha vontade de saber, queria saber
cada falha de Muhuthi para não ser mais humilhado por ele diante de todos os
guerreiros e também queria fazer um meio de afastá-lo de Moema.
Piatã levantou e olhou para Moema, ela estava a deitar, ele lembrou tudo o que
tinha acontecido e sempre lembrava o que Nhadeara tinha lhe tido sobre os guerreiros.
O guerreiro lutaria até o fim, e nunca deixaria nenhum outro pertencer a sua guerreira.
O guerreiro saiu da pequena cabana, seu corpo ainda doía, mas sua cabeça não
latejava mais, queria saber com detalhes o que Nhadeara estava a dizer e não dessistira
até ouvir tudo sobre o comandante.
- O que há de errado? – Disse Piatã e saiu da cabana.
Nhadeara o ajudou a sair da cabana e disse:
- Só Muhuthi que está estranho.
- O que aconteceu?
- Nada Piatã, Nhadeara pare de falar de Muhuthi. - Disse Apuã.
Piatã se soltou de Nhadeara e disse:
- Porque ele não pode falar?
Apuã sentiu um pouco de raiva e disse:
- Cuidado com o que vocês falam.
O rei se retirou, deixando o guerreiro e Nhadeara em sua conversa, e enquanto o
sol estava a se por Piatã novamente perguntou:
- O que aconteceu?
Nhadeara olhou preocupado para o guerreiro e disse:
- Sinto uma energia estranha em Muhuthi, algo negativo vira dele, não que ele
seja mal, mas ele vai trazer algo de ruim a nós.
Piatã ficou preocupado e assustado, não queria perder essa guerra e qualquer
pessoa que atrapa-lhe precisaria voltar para Khabitup para assim não estragar a missão.
- O que você sentiu?
- Não sei Piatã, mas algo de bom não vira, não dele.
Alguns guerreiros estavam assustados ao ouvir o que Nhadeara estava a dizer e
estavam ficando assustados, pois todos temiam a Muhuthi.
- Não tem como evitar?
- Se eu soubesse, eu diria como evitar, mas eu não sei o que vai acontecer. -
Disse Nhadeara- Só sei que algo de ruim vai vir.
Quando Nhadeara disse isso, Muhuthi se aproximou dele e agarrou a veste dele.
- Tem algo contra mim?
Muhuthi segurou firmemente em Nhadeara e bateu nele.
- Não tenho nada, calma comandante.
- Calma?...Eu sinto que meus guerreiros estão ouvindo tudo o que você esta
dizendo, como se eu estivesse emdemoniado ou algo do tipo, me diga logo qual o
problema?
Muhuthi levantou Nhadeara do chão e ia bater nele de novo quando Piatã
atrapalhou os dois e empurrou o comandante para longe.
- Não entre onde não é chamado, seu moleque.
O comandante ia bater em Piatã, mas todos os homens o seguraram, seu olhar
estava cheio de ódio, algo tinha sido mudado no comandante.
- Me soltem seus idiotas.
O comandante saiu da presença de todos, ninguém mais sabia o que pensar sobre
ele, mas ao ver a atitude dele, tiveram mais certeza de que ele realmente estava
diferente.
- Voltem ao que estavam fazendo, não tem mais para ver aqui- Disse Nhadeara.
Piatã se aproximou de Nhadeara, enquanto os outros guerreiros voltavam as suas
atitudes.
- Algo de ruim virá, tudo o que sei- Disse Nhadeara novamente.
Piatã olhou perdido para o acampamento, ele sabia que muitos homens temiam o
que a guerra lhes reservaria, mas não tinha como treinar ou ensinar eles a não ter medo,
o tempo estava cada vez mais diminuindo e os ataques estavam sendo intensos.
Apuã chegou perto deles e disse:
- Estive fazendo preces a Rudá para proteger nosso acampamento e senti uma
mensagem dele me dizendo para sairmos logo e ir para a tribo de Moema.
- Vou chamar os guerreiros, não podemos perder mais tempo. - Disse Nhadeara.
- Vou chamar Moema- Disse Piatã
Piatã foi até a cabana e viu Moema começando a se levantar, as dores em seu
corpo tinham aliviado e ela finalmente tinha forças para levantar.
- Finalmente acordou- brincou Piatã.
Moema passou as mãos no rosto e sorriu para Piatã.
- Quantos dias eu dormi?
- 3 dias
Moema olhou assustada para ele e disse:
- Por que não me levantou?
- Você estava tão linda descansando, não podia te acordar.
Piatã passou a mão no rosto de Moema e a puxou para perto dele.
- Agora vamos a sua tribo, esteja preparada pra abraçar seus familiares. - Disse
Piatã e beijou em seguida a testa dela.
- Tenho medo do que vou ver.
- Não tenha medo, deixe as coisas acontecerem naturalmente.
Piatã abraçou fortemente Moema e sussurou em seu ouvido:
- Foi lindo ver você dormir, não estrague tudo falando de medos.
Moema beijou Piatã e seus lábios se entregaram um ao outro, a entrega e a
ternura entre eles a cada momento aumentava.
- Eu pertenço a você Piatã. - Disse ela
Eles se beijaram novamente e Piatã disse:
- Eu sou seu.
Seus olhos se encontraram e seus sentimentos a cada momento aumentavam a
entrega entre eles se tornava mais sincera, e a vida estava tomando rumos diferentes.
- Agora se arrume logo, vamos para a sua tribo.
Moema passou as mãos no rosto novamente e puxou Piatã para dentro da
cabana, ele caiu em cima dela e ela disse:
- Você esta melhor?
Piatã riu e disse:
- Tenho muito que melhorar, ainda me sinto perdido sem meus parentes, mas
vou honra-los na guerra e a morte deles não vai ser em vão.
Moema beijou Piatã novamente e disse:
- Vou estar sempre com você e vamos lutar juntos nessa guerra.
Piatã tocou no rosto de Moema e olhou profundamente para ela e os
pensamentos de perda retornaram a ele.
- Eu vou cuidar de você, por favor, não se afaste de mim na guerra, não vou
agüentar mais perdas.
- Calma Piatã, não vou me afastar de você
Ao dizer isso, Moema o abraçou fortemente e sussurou:
- Eu não vou me afastar de você, nunca.
Piatã a beijou novamente e disse:
- Vamos se levante, todos estão nos esperando.
Quando saíram da cabana todos estavam olhando admirados para Moema e
Piatã, a fé em Rudá ainda estava pequena para muitos, mas eles queriam estar presente
na luta, mesmo com medo, pois o casal que estava com eles se mostrava forte.
A presença de Piatã no acampamento fazia os homens ter o sentimento de
superação, e a presença de de Moema fazia os homens sentir algo meigo em um
acampamento onde só tinha homens preparados para lutar.
O comandante estava diferente, a atitude de avançar em Nhadeara foi o que
confirmou que ele tinha mudado, mas ninguém ousava dizer a ele o que estava a
acontecer.
Quando Moema e Piatã saíram da cabanam alguns homens os seguiram e Aouã
disse a todos:
- Estejam preparados para a guerra, estejam preparados para a morte, hoje vai ser
o nosso ultimo dia de paz, antes que nossas espadas cortem aqueles monstros, ao
anoitecer iremos para a tribo de Moema.
Muitos dos homens começaram a fazer preces, alguns faziam as preces em suas
mentes, outros falavam e todos sentiam a pressão de ir para uma guerra que talvez eles
não fossem o fim.
A fé de todos se fortalecendo desde que Piatã matou o demônio, mas o medo
vinha todos, não acreditavam em si mesmos, a espada que eles seguravam tinha o peso
de retornar a família e de matar todos os demônios que estavam destruindo milhares de
famílias.
Piatã estava andando com Moema e sua mente a cada momento retornava para
as palavras de seu amigo, ele tinha traído seu povo, se esqueceu dos princípios, não era
verdade, mas ele se sentia culpado, ele deixou seu povo e sua família, os corpos de seus
pais ele não encontrou, e o medo de os demônios terem feito alguma maldade o
amedontrava toda noite.
Apesar de Rudá ter tido que perdôo as falhas dele, ainda faltava algo em sua
vida, a morte do passado era impossível para ele, sua vida estava mudando tao
rapidamente que aceitar o que o Deus do amor dizia se tornava a cada momento
impossível.
Os únicos momentos que ele esquecia tudo o que tinha vivido era quando estava
sozinho com Moema, pois ele encontrava refugio em seu olhar.
Moema sentiu que Piatã estava estranho, pois seu olhar estava perdido, talvez ele
nunca supere pensou ela, mas ela sabia que se visse sua tribo no mesmo estado que
estava a dele também não agüentaria.
- Estou com você- Disse Moema e apertou fortemente a mão do guerreiro.
Os pensamentos de Piatã foram cortados ao ouvir a voz de Moema, e ele olhou
ternamente para ela e olhou para todos os guerreiros, cada um tinha uma diferença, uma
especialdiade, mas todos tinham algo em comum, o medo, esse era o sentimento de
todos.
Piatã, o escolhido de Rudá estava com medo, mas ele queria honrar sua família,
honrar o seu povo.
Nhadeara se aproximou do casal e disse:
- A noite será nosso ultimo momento de paz, estão preparados para a luta?
- Não- Respondeu Moema rapidamente.
Piatã estava olhando para cada pedaço do acampamento, o medo de perder os
guerreiros o medo de não ser capaz de proteger Moema, o medo de morrer e não poder
honrar sua tribo o atormentava.
O medo da derrota e o medo de ser um fracasso, como no passado quando quase
deitou com a mulher mais linda do rei, ele tinha errado em sua escolha, não podia falhar
novamente, a vida de muitos estava em sua espada e a espada dele colocaria o fim em
tudo.

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