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por
Luiz
Otavio
da
Silva
Nascimento
Analisando
o
varejo
brasileiro,
vemos
que
ao
longo
das
últimas
décadas
milhares
de
empresas
varejistas
fecharam
suas
portas
devido
à
falta
de
capital
de
giro.
Não
suportando
os
impactos
da
elevada
carga
tributária
associada
aos
sempre
altos
juros
praticados
pelo
mercado
financeiro,
tais
organizações
sucumbiram
e
muitas
outras
ainda
lutam
diariamente
com
dificuldades.
Para
aumentar
os
obstáculos
enfrentados,
surgiu
o
SPED
–
Sistema
Público
de
Escrituração
Digital
que
está
formalizando
e
informatizando
a
fórceps
o
varejo
brasileiro,
e
mais
recentemente
a
taxa
Selic
voltou
a
subir
a
título
de
tentar
frear
uma
inflação
em
aceleração.
Além
disso,
dia
sim
dia
não,
autoridades
e
parlamentares
da
base
aliada
falam
em
ressuscitar
a
CPMF.
1
Médico,
alquimista,
físico
e
astrólogo
suíço
(1493
–
1541)
Quase
todo
profissional
do
varejo
há
muito
sabe
que
o
fluxo
de
caixa
de
sua
empresa
é
como
um
eletrocardiograma
da
saúde
financeira
dela.
Recorrer
a
bancos
é
um
remédio
que
-‐
dependendo
da
dose
-‐
pode
se
tornar
um
veneno.
Por
isso,
muitos
desenvolveram
modelos
onde
privilegiaram
o
aumento
do
giro
das
mercadorias
e
a
geração
de
caixa,
mesmo
sob
pena
de
uma
eventual
ruptura
no
abastecimento
e
consequente
perda
de
vendas.
Ainda
mais
no
segmento
de
confecções,
onde
várias
mercadorias
são
sazonais
e/ou
dependem
de
ter
grades
completas.
Por
outro
lado,
também
há
algum
tempo
existe
no
Brasil
um
padrão
de
medidas
que
poucos
utilizaram.
Infelizmente
é
comum
que
a
calça
tamanho
38
de
um
determinado
fabricante
seja
dimensionalmente
diferente
da
calça
de
mesmo
tamanho
de
outro
fornecedor.
Existem
até
mesmo
casos
de
diferenças
de
medidas
entre
calças
do
mesmo
tamanho
e
da
mesma
confecção.
E
isto
leva
o
consumidor
ao
provador,
atrasa
a
venda
e
dificulta
a
oferta
pela
internet.
A
Abravest,
ao
invés
de
reconhecer
a
realidade
brasileira
e
criar
mecanismos
para
estimular
a
adoção
majoritária
do
padrão
existente,
resolveu
criar
um
novo
modelo
que
obrigará
os
varejistas
a
carregarem
estoques
de
2
a
3
vezes
maiores,
que
mais
rapidamente
ficarão
com
grades
“furadas”,
e
tudo
isto
certamente
comprometerá
a
performance
financeira
da
grande
maioria.
Que
estudo
foi
realizado
por
esta
associação
a
este
respeito?
O
que
leva
seus
dirigentes
a
serem
tão
otimistas
e
pensarem
que
os
mesmos
fabricantes
que
não
conseguiram
adotar
um
padrão
tão
simples
de
medidas
como
o
existente,
passarão
adotar
maciçamente
um
padrão
muito
mais
complexo?
É
bom
lembrar
que
no
mercado
norte-‐americano
onde
existe
padrão
semelhante
ao
novo
proposto
pela
Abravest
os
juros
anuais
são
baixíssimos,
a
tal
ponto
que
é
mais
interessante
para
o
varejista
americano
tomar
empréstimos,
fáceis
e
rápidos,
para
formar
e
2
manter
estoques
altos,
do
que
perder
vendas
e
margens.
Sem
falar
que
lá
a
carga
tributária
é
muito
menor.
O
argumento
da
internet
também
não
resiste
a
uma
melhor
análise,
visto
que
no
mercado
americano
onde
existe
padrão
semelhante
ao
novo
da
Abravest,
as
vendas
do
vestuário
pela
internet
não
passam
de
um
percentual
de
um
dígito.
Este
artigo
começou
com
uma
frase
francesa,
mas
é
mais
apropriado
terminá-‐lo
com
um
velho
ditado
brasileiro:
de
boas
intenções,
o
inferno
está
cheio!
Luiz
Otavio
da
Silva
Nascimento.
Engenheiro,
especializado
em
Marketing
pela
Fundação
Getúlio
Vargas.
Mestre
em
Administração
de
Empresas
pela
Universidade
Federal
do
Rio
Grande
do
Sul
(UFRGS),
com
cursos
nos
Estados
Unidos
(Darden Business School da University of Virginia)
e
na
França
(L’École des Hautes Etudes
Commerciales –
HEC
–
Paris).
Tem
mais
de
25
anos
de
experiência
na
geração
de
resultados
e
na
gestão
de
empresas
varejistas
e
industriais,
dentre
as
quais
Perrier,
Cisper-‐Owens
Illinois,
Smuggler,
Carrier
e
Lojas
Renner.
Atualmente
é
Sócio-‐Diretor
Geral
da
Merita
Consultoria
Empresarial,
Sócio-‐Diretor
e
Membro
do
Conselho
de
Administração
da
PBS
–
People
&
Business
Solutions,
Diretor
Comercial
do
Grupo
Simus,
especializado
em
soluções
em
Processos
e
em
Tecnologia
da
Informação
para
o
varejo.
É
membro
do
IBGC
–
Instituto
Brasileiro
de
Governança
Corporativa
e
do
Retail
Council
do
GLG
–
Gerson
Lehrman
Group.
É
professor
da
cadeira
de
Inteligência
Competitiva
e
Conhecimento
do
Consumidor
do
Mestrado
em
Gestão
de
Marketing
em
Serviços
e
Varejo
da
Universidade
Anhembi-‐Morumbi
(Laureate International Universities).
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