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CARVALHO RJV ET AL.

Artigo Original

IGA , IGE E SUBCLASSES DE IGG ANTI-CANDID


ANDIDAA ALBICANS NO SORO E LA
LAVVADO
VAGINAL DE PACIENTES COM CANDIDÍASE VULVOV
VULVOVAGINAL
VOVAGINAL
RICARDO JOSÉ VICTAL DE CARVALHO , CRISTIANE MARTINS C UNHA, D EISE A PARECIDA DE OLIVEIRA SILVA ,
MÔNICA CAMARGO SOPELETE, J ANE EIRE URZEDO, T OMAZ A QUINO M OREIRA,
PAULA DE SOUZA A BREU M ORAES , ERNESTO A KIO T AKETOMI *
Trabalho realizado no ambulatório de Alergia e Ginecologia da Unidade de Pesquisa em Alergia e
Imunologia Clínica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia e Divisão de Alergia
e Imunologia Clínica do Hospital MaterDei, Belo Horizonte, MG.

RESUMO – OBJETIVO. Determinar níveis de anticorpos IgA, IgE, IgG específica foram encontrados no soro e lavado vaginal em ambos os
e subclasses (IgG1, IgG4) específicos a C. albicans no soro e lavado grupos, independente da presença do fungo. Níveis de IgG1 e IgG4
vaginal de mulheres com ou sem candidíase vulvovaginal para específicas foram significativamente maiores somente no lavado
avaliar o papel destes anticorpos na imunopatogênese desta doença. vaginal de mulheres sintomáticas e cultura positiva, com relação
MÉTODOS. Foram selecionadas 30 mulheres com sintomas clíni- IgG1/IgG4 ligeiramente maior, indicando que a resposta de
cos de candidíase vulvovaginal (15 com cultura de secreção vaginal anticorpos IgG1 possa estar predominantemente envolvida na reso-
positiva para C. albicans, 11 com cultura negativa e quatro com lução da infecção fúngica.
cultura positiva para Candida não-albicans) e 12 mulheres controles CONCLUSÕES. Nossos resultados indicam resposta acentuada de
assintomáticas (nove com cultura negativa). Amostras de soro e IgA, IgG1 e IgG4 anti-C. albicans no lavado vaginal de mulheres
lavado vaginal foram obtidas para a detecção de anticorpos anti-C. sintomáticas com cultura positiva, sugerindo importante papel
albicans por ELISA. destes anticorpos na resposta imune local estimulada pela presença
RESULTADOS. Pacientes sintomáticas com cultura positiva apre- do fungo.
sentaram níveis de IgA específicas significativamente maiores no
lavado vaginal e menores no soro do que aquelas com cultura
negativa. Níveis séricos de IgE específica foram extremamente UNITERMOS: Candidíase vulvovaginal. Candida albicans. IgA. IgE. IgG.
baixos em relação ao lavado vaginal. Altos níveis de IgG total IgG1. IgG4. Imunopatogênese.

INTRODUÇÃO Candidíase vulvovaginal é uma entidade C. albicans no lavado vaginal de mulheres com
Fungos do gênero Candida são heterogê- ginecológica freqüente, estimando-se que a vaginite recorrente. Moraes6 encontrou maior
neos em suas características morfofuncionais, maioria das mulheres (75%) apresentará ao incidência de rinite alérgica em mulheres por-
englobando aproximadamente 200 espécies. menos um episódio da infecção no decorrer tadoras de candidíase vulvovaginal de repeti-
São habitantes comensais do trato gastroin- de sua vida e 40% terão um segundo episó- ção comparado ao grupo controle.
testinal e genitourinário da espécie humana1. dio3. Algumas mulheres (3%-5%) apresenta- Diferentes classes de anticorpos anti-C.
A maioria dos indivíduos desenvolve defesas rão candidíase vulvovaginal recorrente, que se albicans (IgM, IgG, IgA) foram determinadas
imunológicas que impedem sua proliferação e caracteriza pela apresentação de pelo menos tanto no soro como em secreções cervico-
progressão para o desenvolvimento de candi- quatro episódios em um ano4. O uso de anti- vaginais de mulheres com ou sem candidíase
díase localizada ou disseminada. Em algumas concepcionais orais, antibióticos e as várias vulvovaginal, com a finalidade de investigar o
situações específicas onde ocorrem deficiên- formas de imunodeficiência podem estar seu papel na imunopatogênese da doen-
cias imunológicas, como por exemplo, o uso envolvidos no desencadeamento destes ça8,9,10,11. Entretanto, o papel das subclasses de
crônico de corticosteróides ou pacientes com episódios de infecção de repetição2. anticorpos IgG ainda não tem sido investigado
AIDS, podem proliferar causando doenças de Do ponto de vista imunológico, as em candidíase vulvovaginal como ocorre em
alta gravidade2. mucosas do trato respiratório superior e doenças alérgicas tais como asma, rinite alér-
genital inferior são muito semelhantes, suge- gica e eczema atópico12,13.
rindo a ocorrência de mecanismos similares de O objetivo deste estudo foi determinar
reação de hipersensibilidade5. Recentemente níveis de anticorpos IgA, IgE, IgG e suas
*Correspondência:
Clínica da Universidade Federal de Uberlândia
foram descritos quadros de processos alérgi- subclasses (IgG1 e IgG4) no soro e lavado vaginal
Unidade de Pesquisa em Alergia e Imunologia cos concomitantes à candidíase vulvovaginal, de mulheres com ou sem candidíase vulvo-
Avenida Pará, 1720, Campus Umuarama,
Bloco 4C, CEP 38400-902, Uberlândia, MG
principalmente a rinite alérgica6. Witkins et al.7 vaginal para avaliar o papel destes anticorpos nos
taketomi@ufu.br identificou anticorpos IgE específicos a mecanismos imunopatológicos desta doença.

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IGA, IGE E SUBCLASSES DE IGG ANTI-CANDIDA ALBICANS

MÉTODOS afinidade foram sensibilizadas com extrato RESULTADOS


Foram selecionadas 30 mulheres com sin- antigênico de C. albicans (Bayer Corpo- Entre as 30 mulheres com sintomas clíni-
tomas de candidíase vulvovaginal (prurido ration, USA) a 1:20 em tampão carbonato cos de candidíase vulvovaginal, 15 (50%) apre-
vulvar e ardência) e sinais clínicos de secreção 0,06 M, pH 9,6, durante 18 h a 4o C. Placas sentaram positividade para C. albicans em cul-
foram lavadas com PBS (salina tamponada
ou hiperemia vaginal (grupo I) na faixa etária de tura de secreção vaginal, 11 (36,7%) foram
com fosfatos) contendo 0,05% de Tween
18 a 36 anos, atendidas no Ambulatório de negativas e quatro (13,3%) foram positivas
20 (PBS-T) e bloqueadas com PBS-T acres-
Alergia e Ginecologia da Unidade de Pesquisa para outras espécies de Candida. Entre as 12
cida de BSA (soroalbumina bovina) a 1%
em Alergia e Imunologia Clínica da Universida- mulheres controles, nove (75%) apresenta-
(PBS-T-BSA) por 1h a temperatura ambien-
de Federal de Uberlândia (UFU), no período ram cultura negativa enquanto três (25%) fo-
te (TA). Etapas subseqüentes foram realiza-
de março a outubro de 2001. Doze mulheres ram positivas para C. albicans. Devido ao redu-
das utilizando PBS-T-BSA como diluente e
assintomáticas, com a mesma faixa etária zido número de mulheres controles com cul-
lavagens com PBS-T foram feitas entre as
(grupo II) foram selecionadas dentre as mulhe- tura positiva, este subgrupo foi excluído para
etapas da reação. As placas foram incubadas
res que estavam realizando exames colpocito- análises estatísticas.
com amostras de soro a 1:2 (IgE), 1:5
lógicos de rotina para prevenção do câncer de Respostas de anticorpos IgA e IgE anti-C.
(IgG4), 1:10 (IgA, IgG, IgG1) e lavado vagi-
colo uterino. Este estudo recebeu aprovação albicans em amostras de soro e lavado vaginal
nal não diluído (IgE) e 1:2 (IgA, IgG, IgG1,
do Comitê de Ética em Pesquisa da UFU IgG4), em duplicata, durante 1 h (IgA, IgG e de pacientes (grupo I) e controles (grupo II)
envolvendo seres humanos e um termo de subclasses) ou 2 hs (IgE) a 37 oC. Em para- com cultura vaginal positiva (cultura +) ou
consentimento foi obtido de todas as partici- lelo, como controle negativo dos soros e negativa (cultura -) estão demonstradas na
pantes do estudo. amostras de lavado vaginal, somente Figura 1. Mulheres com sintomas clínicos de
O diagnóstico definitivo de candidíase diluente (PBS-T-BSA) foi utilizado para to- candidíase vulvovaginal (grupo I) com cultura
vulvovaginal foi realizado por meio de história das as classes de anticorpos. Subseqüen- positiva apresentaram níveis médios de IgA
e exame clínico e presença de Candida albicans temente, anticorpos secundários respecti- anti-C. albicans em amostras de soro significa-
em cultura. Swabs de secreção vaginal foram vos foram adicionados como anti-IgE huma- tivamente menores do que aquelas com cultu-
obtidos e encaminhados ao Laboratório Cen- na biotinilada (1:250; Kirkegaard & Perry ra negativa (5,83 versus 7,55 UE; p = 0,0453).
tral de Análises Clínicas da UFU para análise Laboratories, USA), anti-IgA e anti-IgG hu- Por outro lado, em amostras de lavado vaginal,
por pesquisa direta e cultura em meio de Ágar- manas marcadas com peroxidase (1:1000; níveis de IgA específica foram significativamen-
Sabouraud. Para a diferenciação de espécies Sigma Chemical Co., USA) e anticorpos te maiores em pacientes com cultura positiva
foi utilizado o meio CHROM-Ágar. monoclonais anti-IgG1 (1:500; Sigma) e (1,19 versus 0,51 UE; p = 0,0422). Em relação
Amostras de lavado vaginal foram obtidas anti-IgG4 humanas (1:200; Sigma) por 1 h a aos anticorpos IgE anti-C. albicans, níveis
por meio da instilação de 5 ml de soro fisioló- 37 o C. Finalmente, conjugado estrep- séricos de IgE específica foram extremamente
gico estéril no fundo de saco vaginal e tavidina-peroxidase (1:250; Sigma) foi adici- baixos em relação aos valores encontrados no
subsequente aspiração com a mesma seringa. onado nas placas com anticorpo secundário lavado vaginal, embora diferenças significativas
As amostras foram imediatamente enviadas ao biotinilado e anti-IgG de camundongo- foram encontradas apenas em amostras de
Laboratório de Imunologia da UFU, centri- peroxidase (1:500; Sigma) para os soro do grupo I com cultura positiva (0,19
fugadas a 3645g (4500 rpm) a 4oC por 15 min anticorpos monoclonais, incubando-se por versus 0,16 UE; p = 0,0121).
e os sobrenadantes obtidos foram armazena- 30 min a TA. A reação foi desenvolvida pela A resposta de anticorpos IgG total e
dos a –20oC até a realização dos ensaios para adição de substrato enzimático (ABTS subclasses IgG1, IgG4 anti-C.albicans está
a detecção de anticorpos específicos a 0,01M e H2O 2 a 0,03%) e os valores de DO ilustrada na Figura 2. Níveis de IgG total
C. albicans. (densidade óptica) foram determinados em específica em amostras de soro e lavado
Amostras de sangue foram obtidas por leitor de ELISA (Titertek Multiskan Plus, vaginal não apresentaram diferenças significa-
meio de punção venosa concomitantemente Flow Laboratories, USA) a 405 nm. Os re- tivas tanto em pacientes como em mulheres
às amostras de lavado vaginal. Após centrifu- sultados foram expressos em unidades de controles, independentemente dos resulta-
gação a 1125g (2500 rpm) por 10 minutos à reatividade ELISA (UE) e calculados pela dos de cultura vaginal. Similarmente, níveis
temperatura ambiente, os soros obtidos foram fórmula UE = DO líquida (DO da amostra – séricos de IgG1 e IgG4 específicas não mos-
aliquotados e armazenados a –20 oC até a DO do controle negativo) X fator de dilui- traram diferenças significativas entre os gru-
realização dos testes sorológicos. ção, como proposto por Yi et al 16. pos e respectivos subgrupos. Entretanto, em
Ensaios imunoenzimáticos (ELISA) fo- A análise estatística consistiu de determi- amostras de lavado vaginal, os níveis de IgG1
ram realizados para a determinação dos nações de média aritmética e desvio padrão e IgG4-anti-C. albicans foram significativa-
níveis de anticorpos (IgA, IgE, IgG, IgG1 e dos níveis de anticorpos (UE) específicos a C. mente maiores em mulheres com sintomas
IgG4) específicos a C. albicans nas amostras albicans e as diferenças entre as médias foram clínicos e cultura vaginal positiva do que na-
de soro e lavado vaginal de pacientes e analisadas pelo teste t de Student. Diferenças quelas com cultura negativa (1,65 versus 0,20
controles, segundo Silva et al. 15, com modi- foram consideradas como estatisticamente sig- UE; p = 0,0016 e 0,60 versus 0,20 UE; p =
ficações. Em resumo, microplacas de alta nificativas para p < 0,05. 0,0082, respectivamente).

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CARVALHO RJV ET AL.

Figura 1 – Níveis de anticorpos IgA e IgE anti-C. albicans, expressos em Unidades de Reatividade ELISA, A Figura 3 demonstra a relação IgG1/
em amostras de soro e lavado vaginal de 26 mulheres com sintomas clínicos de candidíase vulvovaginal e IgG4 específica a C. albicans tanto em amos-
de 12 mulheres sem sintomas clínicos (controles), de acordo com resultado da cultura de secreção vaginal tras de soro como no lavado vaginal de
a C. albicans. As barras horizontais indicam as médias aritméticas (m.a.) para cada grupo ambos os grupos. Nenhuma diferença esta-
tisticamente significativa foi observada para
Soro 4
Lavado vaginal as amostras de soro, porém em amostras de
15

*
*
Cultura +
Cultura -
lavado vaginal, observou-se uma tendência
3
(no limite de significância) para relação
IgA anti-C. albicans
(Unidades ELISA)

IgG1/IgG4 aumentada no grupo de pacien-


10

5
tes com sintomas clínicos e cultura positiva
1
em comparação àquelas com cultura negati-
0 0
va (2,90 versus 1,65 UE; p = 0,0558).
m.a. 5,83 7,55 8,07 7,48 1,19 0,51 0,61 0,82

DISCUSSÃO
0,4 3
Dados da literatura têm mostrado que
* 85%-90% dos fungos isolados de secreção
vaginal são identificados como Candida
IgE anti-C. albicans

0,3
(Unidades ELISA)

0,2
albicans. Entretanto, porcentagens crescentes
1
de infecções por outras espécies de Candida
0,1
têm sido relatadas. Muitas mulheres são porta-
0,0 0
doras assintomáticas de C. albicans quando em
m.a. 0,19 0,16 0,20 0,16 0,42 0,24 0,23 0,27
baixo número. Estas observações são compa-
Grupo I Grupo II Grupo I Grupo II
tíveis com o conceito de que C. albicans é
considerada como comensal ou patógeno
vaginal, indicando que as alterações no
ambiente vaginal do hospedeiro são neces-
Figura 2 – Níveis de anticorpos IgG e suas sub-classes IgG1 e IgG4 anti-C. albicans, expressos em Unidades de
Reatividade ELISA, em amostras de soro e lavado vaginal de 26 mulheres com sintomas clínicos de candidíase sárias para induzir os seus efeitos patológicos
vulvovaginal e de 12 mulheres sem sintomas clínicos (controles) de acordo com resultado da cultura de secreção ou estar associado com sintomas16.
vaginal a C. albicans. As barras horizontais indicam as médias aritméticas (m.a.) para cada grupo. Entre os fatores predisponentes à
candidíase vulvovaginal, destacam-se as
condições que induzem imunodepressão,
15
Soro sanguíneo 4
Lavado vaginal
Cultura +
14
Cultura -
tais como a gravidez, o diabetes, o uso de
IgG anti- C. albicans

3
(Unidades ELISA)

13 corticosteróides e AIDS, ou o uso de antibi-


óticos que alteram a flora vaginal normal.
2
12

11
1
No presente estudo, tais fatores não foram
10 0
avaliados, uma vez que foram considerados
m.a. 12,63 12,02 13,84 12,47 2,38 1,85 2,79 1,58
como critérios de exclusão na formação dos
20 4
**
grupos. Desta forma, para análises compara-
tivas foram avaliadas pacientes sintomáticas
(grupo I) com cultura de secreção vaginal
IgG1 anti- C. albicans

15 3
(Unidades ELISA)

10 2 positiva ou negativa para C. albicans e assinto-


5 1
máticas (grupo II) com cultura negativa.
A resposta vaginal de hipersensibilidade
0
m.a. 12,88 13,03 14,47 13,40
0
1,65 0,20 0,44 0,25
mediada por IgE a C. albicans pode ser um fator
contribuinte à vaginite recorrente em um de-
4 2,0
**
terminado grupo de mulheres susceptíveis7. A
liberação de histamina e prostaglandina E2
IgG4 anti-C.albicans

3
(Unidades ELISA)

1,5

induz a uma resposta inflamatória e imunos-


2 1,0
supressão localizada, que favorece a prolifera-
1 0,5 ção de C. albicans e outros microrganismos
0 0,0
oportunistas. Assim, aqueles autores demons-
m.a. 1,68 1,30 1,70 1,67 0,60 0,18 0,17 0, 20
traram que cerca de 18% dos pacientes com
candidíase vulvovaginal recorrente apresenta-
Grupo I Grupo II Grupo I Grupo II

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IGA, IGE E SUBCLASSES DE IGG ANTI-CANDIDA ALBICANS

na existência de memória imunológica. Estes


Figura 3 – Relação dos níveis de IgG1/IgG4 anti-C. albicans, em amostras de soro e lavado vaginal de 26
mulheres com sintomas clínicos de candidíase vulvovaginal e de 12 mulheres sem sintomas clínicos (controles),
dados são concordantes com os de Burges
de acordo com resultado da cultura de secreção vaginal a C. albicans. m.a.= média aritmética. et al.8, que encontraram IgG como classe de
anticorpo predominante em pacientes com
candidíase vulvovaginal. Entretanto, estudos
20
Soro anteriores não têm encontrado diferença sig-
Cultura + nificativa nos níveis de IgA específica como os
Cultura - de Bohler et al.17 e Gough et al.9 ou IgG
IgG1/IgG4 anti-C.albicans

15 específica como os de Gough et al.9 no soro e/


(Unidades ELISA)

ou secreções vaginais de pacientes com ou


sem candidíase.
10 Enquanto a resposta sistêmica e local de
IgG total específica a C. albicans não apresen-
tou diferença significativa entre os grupos, o
5 perfil de resposta das subclassses de IgG
(IgG1 e IgG4) específica mostrou que ambas
estão aumentadas no lavado vaginal de paci-
0 entes sintomáticas com cultura positiva quan-
m.a. 8,17 10,60 7,85 8,50 do comparadas com aquelas sintomáticas
com cultura negativa, indicando importante
Lavado vaginal
10 papel destas subclasses na resposta imune
local estimulada pela presença do fungo, ao
8
contrário do que foi observado na resposta
sistêmica destas subclasses. Analisando a re-
IgG1/IgG4 anti-C.albicans

lação IgG1/IgG4 específicas a C. albicans,


(Unidades ELISA)

6 pôde-se notar nítida tendência de aumento


dessa relação no grupo de mulheres com
4 sintomas clínicos e cultura positiva compara-
tivamente àquelas com cultura negativa,
2
sugerindo que a resposta de IgG1 possa estar
predominantemente envolvida para a reso-
lução da infecção fúngica.
0
Esta investigação representa um dos pri-
m.a. 2,90 1,65 2,70 2,50
meiros estudos relacionados às subclasses de
Grupo I Grupo II IgG específicas a C. albicans e estudos futuros
deverão ser realizados para esclarecer o
papel protetor ou imunopatológico das
subclasses de IgG em mulheres portadoras
ram IgE no lavado vaginal e apenas 6% apre- com sintomas clínicos de candidíase, indicando de candidíase vulvovaginal.
sentaram IgE no soro, sugerindo uma resposta uma resposta local mais acentuada nas pacien-
de hipersensibilidade imediata localizada. No tes com cultura positiva, enquanto a resposta
CONCLUSÃO
presente trabalho, os níveis de anticorpos IgE sistêmica está mais acentuada nas pacientes Nossos resultados indicam resposta acen-
no soro, mas não no lavado vaginal, foram com cultura negativa. Isto poderia refletir que tuada de anticorpos IgA, IgG1 e IgG4 anti-C.
discretamente maiores apenas no grupo I com a síntese de anticorpos IgA associada às albicans no lavado vaginal de mulheres sinto-
cultura positiva. Estes resultados divergentes mucosas estaria sendo estimulada na vigência máticas com cultura positiva, sugerindo impor-
podem ser devido ao fato de que o nosso da infecção ativa, ao passo que a resposta tante papel destes anticorpos na resposta imu-
principal grupo de estudo compreendeu pa- sistêmica (presença de IgA no soro) poderia ne local estimulada pela presença do fungo.
cientes com sintomas clínicos de candidíase, refletir uma exposição anterior. Por outro
mas não de forma recorrente. lado, altos níveis de anticorpos IgG total anti-C. Dissertação de Mestrado apresentada à Uni-
Nossos resultados mostraram diferente albicans foram encontrados tanto no soro versidade Federal de Uberlândia – UFU para obten-
resposta anticórpica de IgA anti-C. albicans como no lavado vaginal em ambos os grupos, ção do título de Mestre em Imunologia e
dependendo do compartimento imunológico independente da presença do fungo, indican- Parasitologia Aplicadas. Trabalho realizado com
(soro e lavado vaginal) analisado em pacientes do a exposição constante ao agente, refletindo auxílio financeiro da CAPES, CNPq e FAPEMIG.

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CARVALHO RJV ET AL.

SUMMARY CONCLUSION . Our results indicate a Candida albicans in the genital tract secretions
of women with or without vaginal candidosis.
pronounced antibody response of IgA, IgG1 and
IGA, IGE AND IGG SUBCLASSES TO IgG4 to C. albicans in vaginal washes in
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438 Rev Assoc Med Bras 2003; 49(4): 434-8

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