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Departamento de Fı́sica-Matemática
Modelos de Urna
São Paulo
2009
Sumário
1 Introdução 3
1.1 Equação de Transporte de Boltzmann e o Teorema H . . . . . . . . . . . . 3
2 Modelos de Urna 5
2.1 Equação Mestra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Modelo de Urna de Ehrenfest . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 Modelo de Urna do Macaco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4 Mecânica Estatı́stica - Modelo de Muitas Urnas . . . . . . . . . . . . . . . 12
Referências Bibliográficas 22
2
Capı́tulo 1
Introdução
µ ¶
∂ 1
+ p1 · ∇r + F · ∇p1 f (r, p1 , t)
∂t m
Z Z
= σ(Ω)dΩ d3 p2 |p2 − p1 |[f (r, p01 , t)f (r, p02 , t) − f (r, p1 , t)f (r, p2 , t)], (1.1)
Ω
3
Equação de Transporte de Boltzmann e o Teorema H 4
obedece a desigualdade
dH(t)
≤ 0. (1.4)
dt
Ao contrário das equações microscópicas da mecânica, que são invariantes por reversão
temporal, quer dizer, não distiguem entre passado e futuro, a função H(t) tem uma direção
temporal bem definida. A condição acima fornece a rota do equilı́brio para o sistema.
Um problema com os resultados acima surge quando levamos em conta o teorema de
Poincaré: Um sistema mecânico com uma energia finita e confinado a um volume finito,
depois de um tempo suficientemente longo, retorna a uma vizinhança arbitrariamente
próxima de suas condições iniciais. Este resultado automaticamente exclui a existência
de qualquer função mecânica com uma direção privilegiada no tempo. O que ocorre na
verdade é que o teorema H não é um teorema puramente mecânico, as leis estatı́sticas são
fundamentais para explicar o comportamento de um sistema com muitas partı́culas. O
teorema H reflete a hipótese de caos molecular que, como dito anteriormente, troca uma
informação microscópica por uma espécie de comportamento médio. Mesmo prosseguindo
com o teorema de Poincaré na análise do teorema H, em certas situações pode ser estimado
que o tempo para o que sistema retorne ao seu estado inicial é extremamente grande, da
ordem da idade do universo.
Motivado pelos aspectos mencionados acima, o modelo de urna foi introduzido por Paul
Ehrenfest e Tatiana Ehrenfest e ilustra de maneira muito clara a natureza do teorema H
de Boltzmann. Discutiremos no tópico seguinte esse modelo e também uma variação dele,
o modelo de urna do macaco.
Capı́tulo 2
Modelos de Urna
dP (n, t) X
= [W (m → n)P (m, t) − W (n → m)P (n, t)]. (2.1)
dt m6=n
5
Modelo de Urna de Ehrenfest 6
dfk (t)
= W (k + 1 → k)fk+1 (t) + W (k − 1 → k)fk−1 (t)
dt
− W (k → k + 1)fk (t) − W (k → k − 1)fk (t). (2.2)
O estado de equilı́brio pode ser obtido simplesmente assumindo que fk (t) seja indepen-
dente de t:
k+1 N − (k − 1)
fk = fk+1 + fk−1 . (2.8)
N N
Podemos verificar facilmente que a solução de equilı́brio é dada pela distribuição binomial
1 N!
fk =N
. (2.9)
2 (N − k)!k!
Nosso próximo passo trata-se da análise das escalas de tempo envolvidas no modelo de
urna. Para determinar o tempo de relaxação ou tempo caracterı́stico do sistema, podemos
considerar a evolução no número médio de partı́culas na urna 1, isto é,
N
X
hN1 (t)i = kfk (t), (2.10)
k=0
XN µ ¶
d k+1 N − (k − 1)
hN1 (t)i = k fk+1 (t) + fk−1 (t) − fk (t)
dt k=0
N N
XN XN
k+1 N − (k − 1)
= −hN1 (t)i + k fk+1 (t) + k fk−1 (t).
k=0
N k=0
N
(2.12)
Vamos analisar as duas somatórias acima. Na primeira delas, dependente de fk+1 (t),
observe que quando k = N , teremos fN +1 (t) que obrigatóriamente deve ser zero, pois é
impossı́vel ter N + 1 bolas em qualquer urna. Assim, podemos subtrair esse termo da
soma, ou seja,
XN N
X −1
k+1 k+1
S1 ≡ k fk+1 (t) = k fk+1 (t). (2.13)
k=0
N k=0
N
Agora, fazemos a mudança de variável k 0 ≡ k + 1, tal que
XN
k−1
S1 = k fk (t). (2.14)
k=1
N
Modelo de Urna de Ehrenfest 8
Mas, como há um fator de k multiplicando a expressão toda a direita da soma, podemos
incluir o termo k = 0, podendo assim identificar os valores médios como segue:
XN
k−1
S1 = k fk (t)
k=0
N
1
= [hN12 (t)i − hN1 (t)i]. (2.15)
N
Analisemos agora a segunda somatória, dependente de fk−1 (t). Quando k = 0, teremos
f−1 (t), que deve ser zero, pois não é possı́vel ter um número negativo de bolas. Então,
XN XN
N − (k − 1) N − (k − 1)
S2 ≡ k fk−1 (t) = k fk−1 (t). (2.16)
k=0
N k=1
N
Fazendo a mudança de variável k 0 ≡ k − 1, a equação acima torna-se
N
X −1
N −k
S2 = (k + 1) fk (t). (2.17)
k=0
N
Podemos incluir na somatória o termo em que k = N (pois ele é nulo), permitindo assim,
identificar as médias seguintes:
N
X N −k
S2 = (k + 1) fk (t)
k=0
N
µ ¶
1 1
= 1− hN1 (t)i − hN12 (t)i + 1. (2.18)
N N
quer dizer, hN1 (t)i → N/2 quando t → ∞. Na média, o sistema vai para o equilı́brio de
maneira irreversı́vel, em concordância com o teorema H.
Existe ainda uma escala de tempo muito maior no modelo da urna. Essa escala
refere-se ao tempo de recorrência para que o sistema volte ao seu estado inicial, com N0
bolas na urna 1. Para estimar esse tempo, vamos considerar que inicialmente todas as
bolas encontram-se na urna 1, ou seja, N0 = N . Sabemos que o sistema evolui para o
equilı́brio, que é atingido após um certo intervalo de tempo. Então, podemos considerar
a probabilidade de no equilı́brio o sistema retornar à configuração inicial: todas as bolas
na urna 1. Assim, tomando k = N em (2.9), segue que
1
fN = . (2.21)
2N
Mas isso também fixa uma escala de tempo T0 , dada por,
1
T0 ∼ = 2N . (2.22)
fN
Para um sistema macroscópico, em que N ∼ 1023 , vemos que esse tempo de recorrência
é extremamente grande. Isto também está de acordo com o que foi mencionado no final
da introdução.
dfk (t)
= W (k + 1 → k)fk+1 (t) + W (k − 1 → k)fk−1 (t)
dt
− W (k → k + 1)fk (t) − W (k → k − 1)fk (t). (2.23)
A diferença se dá na atribuição dos valores para as taxas. Como a urna é escolhida
aleatoriamente, independente do número de bolas que há em cada urna, é plausı́vel supor
que
Modelo de Urna do Macaco 10
1
W (k + 1 → k) = W (k − 1 → k) = W (k → k + 1) = W (k → k − 1) ≡ . (2.24)
2
Com essa escolha somos levados a
dfk (t) 1
= [fk+1 (t) + fk−1 (t) − 2fk (t)]. (2.25)
dt 2
O estado de equilı́brio pode ser obtido supondo que fk (t) seja independente do tempo:
1
fk = [fk+1 + fk−1 ]. (2.26)
2
Além disso, podemos supor que fk não dependa de k (no equilı́brio), pois a escolha da caixa
não depende do número de bolas que ela contém. Então, escrevendo fk = fk+1 = fk−1 ≡ f ,
a expressão acima fornece o resultado trivial f = f . Para determinar a forma de f
podemos empregar a condição de normalização
N
X
fk = 1. (2.27)
k=0
Mas, como fk é independente de k, obtemos o resultado
1
f= . (2.28)
N +1
Da mesma maneira que fizemos para o modelo de Ehrenfest vamos investigar agora
as escalas de tempo envolvidas. Podemos adotar a mesma estratégia do caso anterior, ou
seja, obter uma equação diferencial para o valor médio de k. Antes disso, porém, é útil
observar o seguinte fato. Fazendo uma soma em k na equação mestra (2.25), temos
N
X −1 N
X
fk+1 (t) + fk−1 (t) = 2. (2.29)
k=0 k=1
Essa equação ainda pode ser escrita como
N
X N
X −1
fk (t) + fk (t) = 2. (2.30)
k=1 k=0
PN
A partir da condição de normalização k=0 fk (t) = 1, podemos escrever
N
X
1 = f0 (t) + fk (t)
k=1
N
X −1
= fN (t) + fk (t). (2.31)
k=0
Modelo de Urna do Macaco 11
N −1 N N
d 1X 1X X
hN1 (t)i = kfk+1 (t) + kfk−1 (t) − kfk (t)
dt 2 k=0 2 k=1 k=0
N N −1
1X 1X
= (k − 1)fk (t) + (k + 1)fk (t) − hN1 (t)i. (2.35)
2 k=1 2 k=0
Usando o fato que f0 (t) = fN (t) = 0, é possı́vel identificar valores médios de k. Dessa
maneira, obtemos
d
hN1 (t)i = 0. (2.36)
dt
A solução é simplesmente hN1 (t)i = N0 . Esse resultado poderia ser esperado uma vez que,
se no instante inicial a urna 1 tem N0 bolas, como a probabilidade de sortear qualquer
uma das urnas é igual, na média ela permanecerá com N0 bolas.
Apesar da solução ser razoável do ponto de vista fı́sico, não conseguimos estimar o
tempo caracterı́stico do sistema. Então, devemos partir para outra abordagem. Con-
siderando de partida N muito grande, a equação mestra pode ser aproximada por
∂f (x, t) 1 ∂ 2 f (x, t)
' , (2.37)
∂t 2 ∂x2
isto é, passamos a trabalhar com uma variável contı́nua x (k → x). Esta é exatamente a
equação de difusão unidimensional. É conveniente fazer algumas imposições sobre f (x, t)
de modo que ainda podemos relembrar o problema original, ou seja, f sendo uma proba-
bilidade associada à ocupação de uma urna. Assim, podemos impor que seja positiva,
Mecânica Estatı́stica - Modelo de Muitas Urnas 12
f (x, t) ≥ 0, (2.38)
e normalizada,
Z ∞
f (x, t)dx = 1. (2.39)
0
Além dessas, podemos considerar que se no instante t = 0 temos x = x0 , então
significando que certamente o sistema não estará em x0 no instante inicial (t = 0). Com
essas condições, a solução de (2.37) adquire a forma
1 (x−x0 )2 (x+x0 )2
f (x, t) = √ [e− 2t + e− 2t ]. (2.41)
2πt
Dessa solução podemos estimar o tempo caracterı́stico do sistema. Basta relembrar que
a variável x está associada ao número de bolas, tal que razoável admitir (x − x0 )2 ∼ N 2 .
Assim, o tempo caracterı́stico é da ordem
τ ∼ N 2. (2.42)
Para encerrar esta seção, vamos estimar o tempo T0 que o sistema demora para retornar
a sua configuração inicial, x0 . Isto também pode ser feito usando a solução (2.41). De
fato, tomando x = x0 , segue que
2x2
1 − 0
f (x0 , T0 ) = √ [1 + e T0 ]. (2.43)
2πt
E fazendo x0 ∼ N , obtemos T0 ∼ N 2 , que é da mesma ordem que o tempo caracterı́stico
do sistema.
Nesta seção estudaremos algumas propriedades estáticas dos modelos acima descritos
dentro do contexto da mecânica estatı́stica. Para essa proposta precisamos naturalmente
considerar o caso de muitas urnas, pois assim é possı́vel fazer a conexão com a ter-
modinâmica nos limites apropriados.
O modelo de muitas urnas é definido como segue. Consideramos N bolas distribuı́das
em M urnas. A urna i contém Ni bolas, tal que
Mecânica Estatı́stica - Modelo de Muitas Urnas 13
M
X
Ni = N. (2.44)
i=1
Assim, o peso de Boltzmann (não normalizado) associado a uma dada configuração {Ni }
é
M
Y M
Y
−βH({Ni }) −βE(Ni )
e = e ≡ pNi . (2.47)
i=1 i=1
A conexão com a termodinâmica é feita por meio da energia livre de acordo com a
relação
1 1
F =− lim ln Z(M, N ), (2.52)
β M →∞ M
lembrando que a densidade ρ = N/M é mantida fixa.
Para prosseguir, precisamos calcular a integral de contorno (2.50). Isto é feito em-
pregando o método do ponto de sela, descrito no apêndice A. Uma comparação com o
N +1
resultado (A.17) sugere as identificações g(z) ≡ 1, s ≡ M e ef (z) ≡ P (z)/z M . Essa
última relação pode ser escrita como
N +1
f (z) = ln P (z) − ln z
M
' ln P (z) − ρ ln z, (2.53)
∂f (z)
em que desprezamos o termo proporcional a 1/M . A condição ∂z
= 0 determina o
ponto de sela:
z0 P 0 (z0 )
ρ= . (2.54)
P (z0 )
De acordo com o resultado (A.24), a função de partição fica
s
1 2π
Z(M, N ) ' eM f (z0 ) . (2.55)
2π M |f 00 (z0 )|
Portanto, a energia livre (2.52) é dada por
1 1
F = ρ ln z0 − ln P (z0 ). (2.56)
β β
A partir dessa relação podemos obter todas as propriedades termodinâmicas do sistema.
Outra quantidade de interesse é a probabilidade de ocupação. Em outras palavras,
a probabilidade de uma urna particular, digamos a urna 1, ter k bolas (no equilı́brio) é
dada pelo valor médio de δ(N1 , k). Então,
Mecânica Estatı́stica - Modelo de Muitas Urnas 15
Podemos usar os resultados (2.53) e (2.55) para avaliar Z(M − 1, N − k). No entanto,
devemos tomar alguns cuidados. Primeiramente, observe que f (z) depende de M e N .
Então, vamos reescrever f (z), porém com as substituições M → M − 1 e N → N − k, a
qual denominaremos por fe(z). Segue que,
N −k
fe(z) ' ln P (z) − ln z. (2.58)
M −1
Em seguida, a função de partição torna-se
s
1 2π e
Z(M − 1, N − k) ' e(M −1)f (z0 ) . (2.59)
e
2π M |f (z0 )|
00
Note que dentro da raı́z podemos aproximar |fe00 (z0 )| ' |f 00 (z0 )|, mas não podemos fazer
o mesmo na exponencial, já que esta cresce muito rapidamente. Com essas considerações
obtemos finalmente
( 1
pk z0k (Ehrenfest)
fk,eq = × k! . (2.60)
P (z0 ) 1 (Macaco)
Os resultados acima tornan-se mais simplificados no limite de temperaturas muito
altas (formalmente infinita), em que pk = 1 independentemente da forma da energia.
Nessa situação, para o modelo de Ehrenfest reunimos alguns resultados. Primeiramente,
em (2.51) identificamos a série da exponencial,
P (z) = ez . (2.61)
Observe que para obter essa relação consideramos N → ∞. Da equação (2.50), segue
Mecânica Estatı́stica - Modelo de Muitas Urnas 16
I
1 dz z
Z(M, N ) = e. (2.62)
2πi z +1
N
De acordo com o teorema de Cauchy e usando o fato que o resı́duo de uma função com
um pólo de ordem m em z = a pode ser calculado via
½ m−1 ¾
1 d m
Resf (a) = lim [(z − a) f (z)] , (2.63)
(m − 1)! z→a dz m−1
a função de partição fica
MN
Z(M, N ) = . (2.64)
N!
Portanto, a energia livre pode ser calculada usando (2.52),
1 1
F = ρ ln ρ − ρ. (2.65)
β β
Esse resultado também pode ser obtido a partir da aproximação de ponto de sela (2.56),
que no limite de M → ∞ torna-se exato. Note que o ponto de sela é dado por z0 = ρ.
Por fim, a distribuição de equilı́brio (2.60) torna-se
e−ρ ρk
fk,eq = . (2.66)
k!
Agora, apresentaremos os mesmos resultados porém considerando o modelo do macaco.
De (2.53), identificamos a série geométrica complexa
1
P (z) = , (2.67)
1−z
sob a imposição que |z| < 1. Com isto, a função de partição fica
I
1 dz 1
Z(M, N ) = N +1
. (2.68)
2πi z (1 − z)M
Observe que o contorno não pode violar a imposição |z| < 1. Podemos escolher, por
exemplo, um cı́rculo de raio r < 1 em torno da origem. Usando a expressão (2.63), temos
M (M + 1)(M + 2) · · · (M + N − 1)
Z(M, N ) = . (2.69)
N!
Essa expressão ainda pode ser escrita de uma forma mais conveniente,
ρk
fk,eq = . (2.72)
(ρ + 1)k+1
Assim, nós encerramos a análise dos modelos de urna descritos.
Apêndice A
18
Método do Ponto de Sela 19
Agora observe que se o extremo de U (ou V ) for um máximo numa direção, por exemplo
x, ele será um mı́nimo na outra, no caso direção y. De fato, de acordo com (A.3), vemos
que tanto U quanto V satisfazem a equação de Laplace:
∂ 2U ∂U 2
+ =0 (A.5)
∂x2 ∂y 2
e
∂ 2V ∂V 2
+ = 0. (A.6)
∂x2 ∂y 2
Também F = U + iV satisfaz a equação de Laplace:
∂ 2F ∂F 2
+ = 0. (A.7)
∂x2 ∂y 2
Daı́ vemos que os extremos têm a forma de uma sela. O quadro acima pode ser resumido
da seguinte maneira: na superfı́cie |F |2 não existem picos; existem apenas pontos de sela
e vales. Uma superfı́cie tı́pica é mostrada na figura (A.1). Note também que as condições
de extremo (A.2) e (A.4) podem ser escritas como dF (z)/dz = 0.
De um modo mais preciso, nossa estratégia será escolher um caminho C 0 tal que ele
atravesse o ponto de sela, o qual fornece a maior contribuição para a integral, e em
seguida percorra apenas vales (regiões em que |F | é pequeno) no restante do caminho.
No caso de uma superfı́cie contendo mais que um ponto de sela, eles devem ser tratados
separadamente e a contribuição final é a soma das contribuições de cada um deles.
Método do Ponto de Sela 20
Visto que cada ponto de sela fica necessariamente acima do plano complexo, isto
é, |F (z0 )|2 ≥ 0, podemos escrever F como uma exponencial F (z, s) ≡ ef (z,s) nas suas
vizinhanças, sem perda de generalidade. A localização do ponto de sela é dada pela
condição
∂F (z) ¯¯ ∂f (z) ¯¯
¯ = 0 ou ¯ = 0. (A.8)
∂z z=z0 ∂z z=z0
O próximo passo é determinar a direção da mais ı́ngrime descida (steepest descent),
que conduzirá o restante do caminho aos vales da superfı́cie. Em z0 , podemos desenvolver
f (z) em série de potências:
1
f (z) = f (z0 ) + f 00 (z0 )(z − z0 )2 + · · · , (A.9)
2
ou ainda,
1
f (z) = f (z0 ) + (f 00 (z0 ) + ²)(z − z0 )2 , (A.10)
2
em que ² inclui todas as potências superiores à quadrática. A imposição
Outras possibilidades para definir curvas que atravessem o ponto de sela são:
com s muito grande. Note que ainda podemos incluir uma outra função analı́tica g(z)
independente de s e que seja suave na região do ponto de sela. O caminho da mais ı́ngrime
descida que passe pelo ponto de sela é aquele definido em (A.11). Podemos aproximar a
integral por uma integração sobre um pedaço da reta (A.11), tal que escrevendo
z = z0 + xeiα , (A.18)
π
com a ≤ x ≤ b e α ≡ 2
− 21 arg f 00 (z0 ), segue que
Z b
iα
I(s) ≈ e g(z0 + xeiα ) exp [sf (z0 + xeiα )]dx. (A.19)
a
Desenvolvendo f e g em série de potências, temos
1
f (z0 + xeiα ) = f (z0 ) + f 00 (z0 )e2iα x2 + · · · , (A.20)
2
Método do Ponto de Sela 22
Z ∞
1 00 2
iα+sf (z0 )
I(s) ≈ g(z0 )e e− 2 s|f (z0 )|x dx
−∞
s
2π
≈ g(z0 )eiα+sf (z0 ) . (A.24)
s|f 00 (z0 )|
[2] C Godrèche, J. M. Luck, Nonequilibrium dynamics of the zeta urn model, arXiv:cond-
mat/0106272v1.
[4] M. Kac, Random Walk and the Theory of Brownian Motion, Amer. Math. Monthly
54 369 1947.
23