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CURSOS: 1º Administração; 1º Direito;


2º Engenharia Civil; 1º Pedagogia

MÉTODOS PARA NORMALIZAÇÃO DE


TRABALHOS ACADÊMICOS

Profª Alcilene Lopes de Amorim Andrade

1º Semestre
2011
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UNIVERSIDADE E PESQUISA

A atividade universitária não pode viver estancada, à espera de leis e


decretos que programem sua evolução. A universidade é auto-ajustável e auto-
reformável. As leis, ao invés de imporem as reformas acadêmicas, terão o mérito de
consagrar o que o uso introduziu e dar o amparo institucional às transformações
que brotam da própria dinâmica e da experiência universitária. A Lei 5.540/68, da
reforma universitária, consagrou o princípio de que "o ensino superior tem por
objetivo a pesquisa..." (art. 1°), e de que "o ensino superior é indissociável da
pesquisa" (art. 2). Partiu, para isso, do pressuposto de que a universidade já existia
e tinha na pesquisa o centro de toda a sua atividade ou a fonte da qual emanava o
desenvolvimento científico, literário e artístico.
No entanto, até bem pouco tempo, a pesquisa constituía atividade isolada,
resultado do trabalho individual de alguns mestres que, mesmo sem os estímulos do
amparo institucional, se consumiam nas bibliotecas ou nos laboratórios,
desvendando os mistérios da ciência e produzindo o conhecimento para transmiti-lo
a alguns discípulos que, por sorte e por destacado desprendimento, a eles se
agregavam.
A universidade cresceu, os laboratórios abriram-se a um sem número de
estudantes e as bibliotecas tornaram-se pequenas e insuficientes para abrigar a
população acadêmica. Os métodos adotados pelos antigos mestres foram
enriquecidos com as novas descobertas e a oportunidade de comunicação das
pesquisas tornou-se mais efetiva com os encontros, congressos, simpósios e com a
abertura de espaço nas revistas científicas nacionais e estrangeiras. Esse
incremento à pesquisa, com a conseqüente oportunidade de divulgação, ensejou
introduzir no ensino universitário disciplinas como Técnicas de comunicação
científica ou Metodologia científica, com vistas a tornar as técnicas da pesquisa
familiares a professores e alunos.
A prática da pesquisa bibliográfica bem como as técnicas laboratoriais e
da pesquisa de campo só se obtêm com muito exercício, que, ao mesmo tempo, dê
ao aluno ou ao professor pesquisador a oportunidade de sistematizar os
conhecimentos teóricos sobre o assunto e a capacidade de executar as tarefas
inerentes à pesquisa e à redação de textos técnico-científicos. Muitos são os
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autores que, em obras de real valor, ensinam a metodologia do trabalho científco e


a utilização da prática bibliográfica e da documentação que constituem a parte
principal das normas específicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas).
Mesmo diante da importância da pesquisa acadêmica, nota-se que a
disciplina de Metodologia Científica é uma das mais rejeitadas pelos estudantes em
praticamente todos os cursos de graduação. É, mais ou menos, como o velho
chavão do “odeio matemática”, mesmo que a matemática não seja tão terrível assim.
O que deve ficar claro é que metodologia científica não é um simples conteúdo a ser
decorado pelos alunos, para ser verificado num dia de prova; trata-se de fornecer
aos estudantes um instrumental indispensável para que sejam capazes de atingir os
objetivos da Academia, que são o estudo e a pesquisa em qualquer área do
conhecimento.
Neste sentido, esta disciplina tem uma importância fundamental na
formação do profissional. Se os alunos procuram a Academia para buscar saber,
precisamos entender que Metodologia Científica nada mais é do que a disciplina que
“estuda os caminhos do saber”, se entendermos que “método” quer dizer
caminho, “logia” quer dizer estudo e “ciência” quer dizer saber.
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TIPOS DE CONHECIMENTOS

Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou


fenômeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que
acumulamos em nossa vida cotidiana, através de experiências, dos relacionamentos
interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos.
Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes
de criar e transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que
aprendemos, por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento;
somos os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e
com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos.
Essa característica é o que nos permite dizer que somos diferentes dos gatos, dos
cães, dos macacos e dos leões.
Ao criarmos este sistema de símbolos, através da evolução da espécie
humana, permitimo-nos também ao pensar e, por conseqüência, a ordenação e a
previsão dos fenômenos que nos cerca.
Existem diferentes tipos de conhecimentos:

1 Conhecimento Empírico (ou conhecimento vulgar, ou senso-comum)


É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o
conhecimento adquirido através de ações não planejadas.
Exemplo:
A chave está emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir
a porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem
emperrar.

2 Conhecimento Filosófico

É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo


sobre fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos
gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência.
Exemplo:
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“O homem é a ponte entre o animal e o além-homem” (Friedrich


Nietzsche)

3 Conhecimento Teológico

Conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por


sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças
de cada indivíduo.
Exemplo:
Acreditar que alguém foi curado por um milagre; ou acreditar em Duende;
acreditar em reencarnação; acreditar em espírito etc.

4 Conhecimento Científico

É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade.


Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia
científica. Podemos então dizer que o Conhecimento Científico:
- É racional e objetivo.
- Atém-se aos fatos.
- Transcende aos fatos.
- É analítico.
- Requer exatidão e clareza.
- É comunicável.
- É verificável.
- Depende de investigação metódica.
- Busca e aplica leis.
- É explicativo.
- Pode fazer predições.
- É aberto.
- É útil (GALLIANO, 1979, p. 24-30).

Exemplo:
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Descobrir uma vacina que evite uma doença; descobrir como se dá a


respiração dos batráquios.
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A CIÊNCIA

1 Do medo à Ciência

A evolução humana corresponde ao desenvolvimento de sua inteligência.


Sendo assim podemos definir três níveis de desenvolvimento da inteligência dos
seres humanos desde o surgimento dos primeiros hominídeos: o medo, o misticismo
e a ciência.

a) O medo:
Os seres humanos pré-históricos não conseguiam entender os fenômenos
da natureza. Por este motivo, suas reações eram sempre de medo: tinham medo
das tempestades e do desconhecido. Como não conseguiam compreender o que se
passava diante deles, não lhes restava alternativa senão o medo e o espanto
daquilo que presenciavam.

b) O misticismo:
Num segundo momento, a inteligência humana evoluiu do medo para a
tentativa de explicação dos fenômenos através do pensamento mágico, das crenças
e das superstições. Era, sem dúvida, uma evolução já que tentavam explicar o que
viam. Assim, as tempestades podiam ser fruto de uma ira divina, a boa colheita da
benevolência dos mitos, as desgraças ou as fortunas do casamento do humano com
o mágico.

c) A ciência:
Como as explicações mágicas não bastavam para compreender os
fenômenos os seres humanos finalmente evoluíram para a busca de respostas
através de caminhos que pudessem ser comprovados. Desta forma, nasceu a
ciência metódica, que procura sempre uma aproximação com a lógica.
O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de pensar.
Esta característica permite que seja capaz de refletir sobre o significado de sua
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própria experiência. Assim sendo, é capaz de novas descobertas e de transmiti-las a


seus descendentes.
O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado
à sua característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é
transmitido a outro, que, por sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro.
Assim evolui a ciência.

2 A evolução da Ciência

Os egípcios já tinham desenvolvido um saber técnico evoluído,


principalmente nas áreas de matemática, geometria e na medicina, mas os gregos
foram provavelmente os primeiros a buscar o saber que não tivesse,
necessariamente, uma relação com atividade de utilização prática. A preocupação
dos precursores da filosofia (filo = amigo + sofia (sóphos) = saber e quer dizer
amigo do saber) era buscar conhecer o porque e o para que de tudo o que se
pudesse pensar.
O conhecimento histórico dos seres humanos sempre teve uma forte
influência de crenças e dogmas religiosos. Na Idade Média, a Igreja Católica serviu
de marco referencial para praticamente todas as idéias discutidas na época. A
população não participava do saber, já que os documentos para consulta estavam
presos nos mosteiros das ordens religiosas.
Foi no período do Renascimento, aproximadamente entre os séculos XV e
XVI (anos 1400 e 1500) que, segundo alguns historiadores, os seres humanos
retomaram o prazer de pensar e produzir o conhecimento através das idéias. Neste
período as artes, de uma forma geral, tomaram um impulso significativo.
Michelangelo Buonarrote esculpiu a estátua de David e pintou o teto da Capela
Sistina, na Itália; Thomas Morus escreveu A Utopia (utopia é um termo que deriva
do grego onde u = não + topos = lugar e quer dizer em nenhum lugar); Tomaso
Campanella escreveu A Cidade do Sol; Francis Bacon, A Nova Atlântica; Voltaire,
Micrômegas, caracterizando um pensamento não descritivo da realidade, mas
criador de uma realidade ideal, do dever ser.
No século XVII e XVIII (anos 1600 e 1700) a burguesia assumiu uma
característica própria de pensamento, tendendo para um processo que tivesse
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imediata utilização prática. Com isso surgiu o Iluminismo, corrente filosófica que
propôs "a luz da razão sobre as trevas dos dogmas religiosos". O pensador
René Descartes mostrou ser a razão a essência dos seres humanos, surgindo a
frase "penso, logo existo". No aspecto político o movimento Iluminista expressou-
se pela necessidade do povo escolher seus governantes através de livre escolha da
vontade popular. Lembremo-nos de que foi neste período que ocorreu a Revolução
Francesa em 1789.
O Método Científico surgiu como uma tentativa de organizar o
pensamento para se chegar ao meio mais adequado de conhecer e controlar a
natureza. Já no fim do período do Renascimento, Francis Bacon pregava o método
indutivo como meio de se produzir o conhecimento. Este método entendia o
conhecimento como resultado de experimentações contínuas e do aprofundamento
do conhecimento empírico. Por outro lado, através de seu Discurso sobre o
método, René Descartes defendeu o método dedutivo como aquele que
possibilitaria a aquisição do conhecimento através da elaboração lógica de hipóteses
e a busca de sua confirmação ou negação.
A Igreja e o pensamento mágico cederam lugar a um processo
denominado, por alguns historiadores, de "laicização da sociedade". Se a Igreja
trazia até o fim da Idade Média a hegemonia dos estudos e da explicação dos
fenômenos relacionados à vida, a ciência tomou a frente deste processo, fazendo da
Igreja e do pensamento religioso razão de ser dos estudos científicos.
No século XIX (anos 1800) a ciência passou a ter uma importância
fundamental. Parecia que tudo só tinha explicação através da ciência. Como se o
que não fosse científico não correspondesse a verdade. Se Nicolau Copérnico,
Galileu Galilei, Giordano Bruno, entre outros, foram perseguidos pela Igreja, em
função de suas idéias sobre os fenômenos do mundo, o século XIX serviu como
referência de desenvolvimento do conhecimento científico em todas as áreas. Na
sociologia Augusto Comte desenvolveu sua explicação de sociedade, criando o
Positivismo, vindo logo após outros pensadores; na Economia, Karl Marx procurou
explicar a relações sociais através das questões econômicas, resultando no
Materialismo-Dialético; Charles Darwin revolucionou a Antropologia, ferindo os
dogmas sacralizados pela religião, com a Teoria da Hereditariedade das Espécies
ou Teoria da Evolução. A ciência passou a assumir uma posição quase que
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religiosa diante das explicações dos fenômenos sociais, biológicos, antropológicos,


físicos e naturais.

3 A neutralidade científica

É sabido que, para se fazer uma análise desapaixonada de qualquer


tema, é necessário que o pesquisador mantenha uma certa distância emocional do
assunto abordado. Mas será isso possível? Seria possível um padre, ao analisar a
evolução histórica da Igreja, manter-se afastado de sua própria história de vida? Ou
ao contrário, um pesquisador ateu abordar um tema religioso sem um conseqüente
envolvimento ideológico nos caminhos de sua pesquisa?
Provavelmente a resposta seria não. Mas, ao mesmo tempo, a
consciência desta realidade pode nos preparar para trabalhar esta variável de forma
que os resultados da pesquisa não sofram interferências além das esperadas. É
preciso que o pesquisador tenha consciência da possibilidade de interferência de
sua formação moral, religiosa, cultural e de sua carga de valores para que os
resultados da pesquisa não sejam influenciados por eles além do aceitável.
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CIÊNCIA: UMA VISÃO GERAL

A ciência talvez seja o mais novo dos empreendimentos intelectuais huma -


nos, se considerarmos que, em seu formato atual, surgiu apenas no século
XVII. Todavia encontramo-nos hoje totalmente imersos em suas referências e
subprodutos (os artefatos tecnológicos). Compreender a ciência significa
compreender um pouco do nosso mundo contemporâneo - incluindo aí sua
subjetividade inerente.
Muito embora a maioria de nós não pretenda se transformar em um cien tista
propriamente dito, consideramos fundamental compreender minimamente como
essa forma de conhecimento funciona e como influencia nossa vida cotidiana. O
objetivo deste capítulo é buscar uma primeira aproximação com o conceito e o
universo da ciência, em suas diversas acepções.

A Melhor Calça Jeans do Brasil

Imagine a seguinte situação: você deseja comprar uma calça jeans nova. Mas
você decide utilizar um procedimento científico, já que pretende alcançar o
resultado mais preciso e correto possível. Bem, para que isso se concretize,
primeiro precisaremos de dinheiro - algo em torno ,de R$ 350 mil só para começar
(toda pesquisa científica deve ter um orçamento).
O primeiro passo será descobrirmos, por meio de um levantamento de
mercado, os modelos e fabricantes disponíveis, para que possamos efetuar
comparações. Assim que soubermos quantos modelos vamos testar, pode mos
planejar as fases seguintes da nossa pesquisa. Digamos que con cluimos, após um
levantamento que durou 30 dias, que há 600 modelos
diferentes de calças, incluindo aí todas as variações de lavagens, tecidos,
modelagens e fabricantes. O próximo passo será adquirirmos, preferencial mente
pelo menor preço possível, um exemplar de cada modelo- não nos esquecendo de
anotar o preço e os dados básicos dos fornecedores em uma planilha, para análise
futura ...
Teremos, então, de submeter essas 600 calças a uma série de testes. Por
exemplo: o teste do "caimento". Vamos convidar cinco especialistas em moda três
estilistas e dois jornalistas especializados - para que possam avaliar esse quesito,
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atribuindo-lhe uma nota de O a 10, enquanto você desfila ele gantemente em uma
passarela, com cada um dos 600 modelos, é claro. Com uma média de 40 modelos
por dia, essa etapa levará cerca de 15 dias para ser completada.
Depois, passamos ao segundo teste: montamos um laboratório com 60
máquinas de lavar e 60 secadoras de roupa. Lavamos e secamos continuamente
cada peça pelo menos 20 vezes. Analisamos d?is itens nessa etapa: a taxa de
desbotamento da tintura (a cada lavagem) e a taxa de desagregação progres siva
do tecido, quando analisado por meio de microscópios. Considerando um tempo
(estimado) de 1 hora para lavar, 40 minutos para secar e 1 hora e 20 minutos para
analisar cada peça entre cada operação de "Iavagem-secagem- análise", teremos
300 horas de trabalho por peça. Como são 60 máquinas rea ~izando o serviço
simultaneamente, podemos considerar um total de 3 mil horas de trabalho. Uma
vez que nosso laboratório· conta com a colaboração de dezenas de diligentes
assistentes de pesquisa, que trabalham 12 horas por dia, podemos estimar que
essa fase levará uns 250 dias.
Para encurtar o processo (ou então gastaremos toda a nossa verba), con -
cluímos nossa pesquisa, comparando todas essas variáveis (preço, estilo, qua -
lidade do tecido), utilizando algumas técnicas especiais da estatística e, ao final de
aproximadamente 10 meses, chegamos à conclusão perfeitamente científica de
que a melhor calça jeans do Brasil é a ... Bem, não vamos reve lar essa
informação confidencial de altíssimo valor comercial.
Muito bem. A essa altura, você deve estar pensando: é inviável tentar
resolver todos os problemas por meio de procedimentos "científicos". No caso
da nossa calça, talvez o melhor mesmo seja consultar aquela nossa amiga
que já tem opinião formada sobre o assunto e, então, baseando-nos em sua
experiência, podemos concluir alguma coisa sobre o tema só que de forma
rápida e gratuita. A esse segundo procedimento damos o nome de senso
comum.
O senso comum talvez seja a primeira forma de conhecimento a ter sur -
gido sobre a face da Terra, juntamente com o Homo sapiens, há cerca de 40
mil anos. E essa forma de conhecer o mundo é extremamente importante:
sem ela, não podíamos resolver os problemas mais banais do nosso dia-a-dia
- como o problema de descobrir a melhor calça jeans entre todas as que exis -
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tem no mercado brasileiro. A todo instante precisamos tomar decisões: a


melhor marca de creme dental, a melhor combinação de cores para a roupa
que vamos usar em uma entrevista de emprego, o aparelho celular que deve -
mos comprar (e também qual operadora de telefonia celular e plano de assi -
natura são os melhores para nós) etc.
Baseando-se no exemplo da calça, você já imaginou se fôssemos nos
meter a utilizar procedimentos científicos para cada decisão dessas? É óbvio
que não podemos fazer isso, pois não teríamos nem o tempo nem os recur -
sos necessários para tanto. E é precisamente por isso que o senso comum é
muito valioso: ele nos permite tomar centenas de decisões diariamente, sem
que tenhamos de mover "céus e terras".
Por outro lado, acreditamos ter se tornado perfeitamente óbvio também
que o conhecimento adquirido por meio de um "método científico" parece ser
bem mais preciso que o obtido por meio do senso comum. No caso do nosso
exemplo, podia até ser que os dois processos conduzissem às mesmas con -
clusões (embora isso seja improvável), porém o processo científico é muito
mais digno de confiança.

Assim, podemos estabelecer as bases para uma primeira comparação


entre os dois processos:

Conhecimento obtido a partir do oConhecimento obtido a partir de


senso comum
processos científicos
Sistemático e organizado
Assistemádco e
desorganizado

Ametódico: freqüentemente Metódico: é produzido a partir de uma


depende do acaso série de procedimentos especificos e
bem-definidos

Objetivo e impessoal: é simples, direto


Subjetivo: depende de nossos e factual. Tende a ser mais isento,
juizos e disposições pessoais dependendo menos dos nossos juizos
e disposições pessoais
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É muito importante compreender que uma forma de conhecimento não é


superior à outra. De fato, são complementares: muitas vezes, o conhecimento
científico depende e s e origina de indagações oriundas do senso comum, o
que pode acabar resultando em alguma descoberta científica importante. Por
exemplo: a estrutura para a, câmera de bolhas utilizada para a detecção de
partículas subatômicas ocorreu ao cientista Donald Glaser (Prê mio Nobel de
Física em 1960) quando ele estava olhando distraidamente para um copo de
cerveja, e a estrutura química do benzeno surgiu na mente de Friedrich
Kekulé enquanto ele dormitava em frente à lareira.
Mas, afinal, o que é exatamente o conhecimento científico? Podemos pen -
sar assim: é o conhecimento produzido pelos cientistas. E o que seria um
cientista? Se perguntarmos a uma crian ça, provavelmente ela nos dirá que se
trata de uma pessoa de óculos, vesti da com um jaleco branco, em meio a um
laboratório repleto de tubos de ensaio com líquidos coloridos fumegantes e
de diversos aparelhos interessan tes com pequenas luzes piscando.
Provavelmente um cientista social ficaria um tanto incomodado com essa
imagem, de forma que teríamos de buscar uma conceituação mais geral.
Algo como: "indivíduo que busca gerar conhecimentos novos por meio de um
método específico, denominado método científico".
Não há uma maneira rápida e fácil para definir o que seja exatamente o
método científico. Aliás, o objetivo principal deste livro é de que o leitor, ao
final da obra, possa ter compreendido melhor esse conceito-chave. Mas,
mesmo assim, vamos nos antecipar e adiantar algumas idéias. Vejamos a
palavra método, que vem do grego méthodos, que, por sua vez, deriva da
composição das palavras metá (através de) e bodós (caminho), ou seja,
"através de um caminho". Portanto, um método é um procedimento ou um
conjunto de passos que se deve realizar para atingir determinado objetivo.
Nesse sentido, podemos encontrar o método na culinária (o método para
produzir um delicioso pavê de chocolate está especificado em sua receita), na
arte (os diversos métodos para produzir uma escultura ou uma pintura
também são bem-definidos) e até mesmo na religião (há métodos, por
exemplo, para a realização de cerimô nias religiosas, orações etc.).
Como vemos, o método, como processo organizado, lógico e
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sistemático, está presente em todos os âmbitos da experiência humana. O


método científico seria, portanto, apenas um caso particular dos diversos tipos
de métodos e consistiria de algumas etapas bem-definidas, como: identificação
de um fenô meno no universo o qual pede explicação (observação)j produção de
uma explicação provisória que desvende esse fenômeno (geração de
hipóteses); execução de um procedimento que possa testar essa explicação,
para verificar se ela é verdadeira ou falsa (experimentação)j análise e
conclusão, visando estabelecer se a hipótese pode ser considerada verdadeira
também em outros contextos, diferentes daquele do experimento original
(generalização).
Por exemplo: um pesquisador na área de educação observa que seus
alunos parecem obter melhor desempenho acadêmico quando têm acesso ao
material de estudo antes da aula (observação). Dessa forma, ele supõe que
isso ocorra porque, ao ler o material com antecedência, os alunos assistem às
aulas mais· relaxados e podem fazer perguntas de melhor qualidade (geração
de hipóteses). O pesquisador decide, então, testar essa suposição da seguinte
forma: distribui seus alunos em dois grupos. O primeiro terá acesso ao mate rial
antes da aula, ao passo que o segundo, não. Ao longo de seis meses de aulas,
o pesquisador aplica provas de conhecimentos para acompanhar o
desenvolvimento da compreensão dos alunos sobre o tema ensinado e obser -
va o seu comportamento em sala de aula, o tipo de pergunta que fazem etc.
(experimentação). Ao final de todo o processo, ele compara as notas dos alu nos
dos dois grupos e verifica que sua suposição estava correta: "alunos que têm
acesso ao material instrucional com antecedência apresentam desempe nho
acadêmico superior, pois assistem às" aulas mais relaxados e fazem perguntas
de melhor qualidade" (generalização). Já temos uma noção do que é o
método científico, mas e a ciência, o que seria? Por ora, vejamos a etimologia
da palavra: ciência vem do latim scientia (ou episteme, em grego), que, por sua
vez, tem sua origem no termo scire, cujo significado é "aprender, conhecer"
(APPO LINÁRIO, 2004).

O Conhecimento Religioso (ou Teológico)


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Desde os primórdios da civilização, existe a crença em uma força


superior, divina, que rege os destinos do universo. Essa crença, produto da fé
e da transcendência, permitiu ao ser humano explicar e organizar uma realida -
de muitas vezes ameaçadora e perigosa. Por exemplo: quando perdemos um
ente querido, a ciência não pode nos consolar, mas as matrizes expli cativas
religiosas nos trazem conforto e nos ajudam a suportar melhor a perda. A
maioria de nós já se sentiu ligada, de alguma forma, a essa força divina que,
em cada religião em particular, assume uma manifestação espe cífica, como
Buda para os budistas, Jesus Cristo para os cristãos ou o deus Rá para
os antigos egípcios.
O conhecimento religioso, em seu sentido mais amplo, refere-se a qual quer
conhecimento que não possa ser questionado ou testado, adquirindo, portanto,
um caráter dogmático. O dogma é uma afirmação que não pode ser contestada
e, por isso, acaba se constituindo na base da maioria das religiões. Por
exemplo: se você for católico apostólico 'romano, deve, necessariamente,
acreditar no "dogma da infalibilidade papal", q{,e afiança ser impossível que o
papa se engane sobre qualquer assunto, uma vez que ele seria, suposta mente,
o legítimo representante de Deus na Terra.
Outra característica interessante do conhecimento religioso refere-se ao seu
caráter pessoal: a fé de uma pessoa não pode ser comunicada totalmente às
outras. Ou seja, a "experiência religiosa" é muito pessoal, e essa "reconexão"
(a palavra religião é derivada do termo latino religare - ligar novamente, ou seja,
reconectar algo que já foi ligado em eras passadas: Deus e o homem) pode se
dar tanto em uma cerimônia religiosa como em outras situações inu sitadas - na
observação de um lindo pôr-da-sol, por exemplo. Dessa forma, o "meu" Deus
não é e nunca será igual ao "seu" Deus.

O Conhecimento Artístico

O conhecimento artístico é embasado na emoção e na intuiçao. Quando


entramos.em contato com uma obra de arte, seja ela uma pintura, uma escull -
tura, uma música ou uma poesia, por exemplo, muitas vezes não consegui mos
"colocar em palavras" o que _ estamos experienciando. Isso 'ocorre porque a
informação veiculada pela manifestação artística é preponderantemente de
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natureza emocional: observamos um quadro e ele nos "suscita" algo: uma irri -
tação, uma sensação de paz, uma alegria indefinível etc.
É uma forma de conhecimento essencialmente não-racional 'e difícil de ser
capturada pela lógica. Aliás, o conhecimento artístico pode ou não assu mir uma
lógica similar ao senso comum e à ciência. A arte pode, na realida de, assumir
qualquer forma, uma vez que o que vale é a relação especial que se estabelece
entre o observador e o fenômeno observado. Por exemplo: podemos olhar para
uma equação escrita em um quadro-negro e pensá-Ia sob a ótica da
matemática (ciência) ou da estética (o equilíbrio dos termos, a cor do giz, a
sonoridade de seus elementos etc.)
Outras duas características importantes do conhecimento artístico são: pri -
meira, essa forma de conhecimento é inesgotável, ou seja, a informação
estética contida em uma obra de arte será encarada de forma diferente por
várias pes soas e também de vários modos por uma única pessoa, em
momentos diferen tes. Certamente você já teve a experiência de ler várias
vezes um livro ou assistir diversas vezes ao mesmo filme, sempre observando
elementos novos. e tendo insigbts diferentes acerca da obra. Segunda, a
informação estética não pode ser traduzida para outras linguagens sem perda
de informação relevante. Por exem plo: tente descrever em palavras a obra
Monalisa, de Leonardo da Vinci, para uma pessoa que jamais a tenha visto e
você entenderá o que estamos dizendo.

O Conhecimento Filosófico

Pitágoras (século VI a.c.), por seus enormes conhecimentos, era freqüente -


mente chamado de "sábio" por seus discípulos. Quando isso acontecia, ele
retrucava: "Minha única sabedoria consiste em reconhecer minha própria
ignorância. Assim, não devo ser chamado de sábio, mas antes de amante da
sabedoria". E é exatamente isso o que significa a palavra filosofia, junção dos
termos gregos philos (amor) e sófia (sabedoria).
Tentar definir em termos absolutos essa grandiosa área do conhecimento
humano seria, no mínimo, um ato arrogante e destituído de propósito. Vamos
fazer diferente: ao explorarmos um pouco o conceito, pelo menos caminha -
remos na direção de uma compreensão aproximada acerca das diferenças
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fundamentais entre essa forma de conhecimento e as outras. Para isso, pedi -


remos auxílio a um dos maiores pensadores do século XX, o filósofo britâni co
BertrandRussell (I872-1970) :
A "filosofia", no meu entender, é algo intermediário entre a religião e a
ciência. Semelhantemente à religião, a filosofia consiste de especulações
sobre assuntos, com respeito aos quais não foi ainda possível obter
conhecimento definido. Mas.semelhantemente à ciência{ a filosoFia apela
à razão humana, e não a uma autoridade, seja essa a autoridade da
tradição ou da revelação. Todo conhecimento definido, é a tese que
defendo, pertence à ciência; todo dogma a respeito daquilo que jaz além
do conhecimento deFinido pertence à religião. Mas entre a religião e a
ciência há uma terra de ninguém que está aberta a ataques d~ ambos os
lados: essa terra de ninguém é a filosofia. (R U S S E LL, 1945)
Podemos dizer, então, que um dos mais fortes componentes presentes na
filosofia é a razão. Naturalmente isso também ocorre na ciência, mas a
diferença básica entre elas parece residir no método para a produção do
conhecimento: a filosofia baseia-se fundamentalmente na razão, tanto como a
ciência, mas, ao buscar comprovações empíricas acerca dos fatos, a ciência
produz conhecimentos verificáveis. O filósofo norte-americano Richard Rorty
disse algo muito elucidativo a esse respeito: "A filosofia é a disciplina por meio
da qual se busca o conhecimento, porém só se obtém a opinião"
(RORTY, 1982, p. 57). .

Comparando as Formas de Conhecimento

Podemos considerar, à guisa de conclusão, que no mundo contemporâneo


todas essas formas de conhecimento coexistem. Quando entramos em con tato
com um fenômeno qualquer, por exemplo, podemos pensá-Io por meio dessas
cinco matrizes de compreensão. Assim, dependendo do ponto de vista,
construiremos significados diferentes, dependendo da matriz de com preensão
escolhida.
Digamos, por exemplo, que, enquanto você está aguardando o semáforo
abrir, observa do seu automóvel a seguinte cena: uma pessoa, ao tentar atra -
vessar distraidamente a rua, por pouco não é atropelada por um carro que
consegue frear a tempo. Apesar do enorme susto, ela escapa ilesa e levanta
as mãos para cima, gesticulando e murmurando alguma coisa que você não
consegue ouvir.
Ao refletir posteriormente sobre essa cena, você pode pensá-Ia sob diver -
sos ângulos:
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• Deus deve ter dado outra chance àquela pessoa. Parece que o "recado"
foi bem compreendido, pois ela agradeceu, comovida, pela proteção
concedida pelos desígnios. divinos [conhecimento religioso];
• é impressionante como as pessoas andam cada vez mais distraídas hoje
em dia: quem não sabe que se deve olhar para os dois lados da via antes
de atravessar? [conhecimento de senso comum];

• ,de fato, se os pneus não estivessem novos e calibrados e o automóvel não


contasse com freios ABS, não teria sido possível freá-Io à velocida de de
60 km por hora a uma distância de 20 metros, omo o motorista fez
[conhecimento científico];
• a vida é realmente um fenômeno efêmero. Se é verdade que todos
podemos morrer a qualquer hora, não convém perder tempo com futi -
lidades [conhecimento filosófico);
• foi uma cena dantesca. O ruído do freio, o grito da mulher - aquela
imagem produziu em mim uma emoção devastadora [conhecimento
artístico).

Está certo, concordamos plenamente que não é tão fácil assim isolar as
formas de conhecimento umas das outras. Nas frases citadas, nota-se
claramente a dificuldade em estabelecer a diferença entre o conhecimento
filosófico e o de' senso comum, por exemplo. Mas observe com cuidado: no
primeiro caso, existe um raciocínio lógico ("se a vida é efêmera, todos vamos
morrer um dia; 'portanto não devemos gastar nosso tempo com bobagens"),
enquanto, no segundo, há uma afirmação de caráter empírico e pessoal ("as
pessoas andam cada vez mais distraídas hoje em dia").
No universo do discurso, simultaneamente produzimos e consumimos
conhecimento em todas essas formas. De fato, dificilmente podemos isolar
uma forma de conhecimento da outra, uma' vez que todas estão amalgama -
das em nossa atividade lingüística. Por exemplo: o cientista também tem sua
dimensão religiosa, espiritual. Além disso, ele não vai utilizar o raciocínio
científico durante as 24 horas do dia pois, como qualquer ser humano comum,
também lida com problemas e situações cotidianas que lhe exigem decisões
baseadas no senso comum, na lógica filosófica, na estética etc.
De qualquer forma, como podemos observar no Quadro 1.3, o conheci -
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mento científico difere das outras formas de conhecimento em alguns


aspectos, porém assemelha-se em outros. Mas, para efeitos desta introdução,
vamos à sua essência: trata-se de um conhecimento concreto, real (vem dos
fatos), organizado e sistematizado, obtido por meio de um processo bem-
definido (método científico) e que pode ser replicado (outros pesquisadores,
em qual quer parte do mundo, se repetirem as mesmas experiências e
observações, devem chegar às mesmas conclusões do estudo original).
Possui, ainda, duas características fundamentais, que serão analisadas nos
próximos capítulos: a verificabilidade (para ser científico, o conhecimento
deve ser passível de comprovação) e a falseabilidade (não se trata de um
conhecimento definitivo: sempre pode vir a ser contestado no futuro, em
função de novas pesquisas e descobertas).

Finalmente, para completarmos esta introdução, valeria a pena mencionar


que as ciências encontram-se divididas em ciências formais, naturais e sociais.
Há outras propostas classificatórias diferentes, mas essa parece ser uma visão
de razoável consenso. Assim, as ciências formais seriam as que lidam unica -
mente com abstrações, idéias e estruturas conceituais não necessariamente
ligadas aos fatos, como a matemática e a lógica. As ciências naturais como a
biologia, a física e a química estudam os fenômenos naturais (a vida, o
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ambiente etc.). E, por fim, as ciências sociais dedicam-se à investigação dos


fenômenos humanos e sociais, como a psicologia, a sociologia e a economia.
TIPOS DE PESQUISA

1- PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Compreende-se por bibliografia o conjunto dos livros e textos científicos


produzidos referentes a certo tema, sendo a pesquisa bibliográfica o exame
daqueles, para levantamento e análise do que já foi produzido. Toda pesquisa,
independente de sua área, exige pesquisa bibliográfica prévia.
A pesquisa bibliográfica engloba fontes e bibliografias que tangem a
certos assuntos. Por fontes entendem-se os textos originais ou textos de
primeira mão, enquanto a Bibliografia expressa o conjunto das produções
escritas objetivando explicar e esclareceras fontes, no sentido de rejeitá-Ias
ou
aceitá-Ias na literatura da ciência em pauta. Nota-se que a pesquisa
bibliográfica é um procedimento essencial, que comporta anotações das
informações coletadas através de leituras.

2 - PESQUISA DOCUMENTAL

Muito semelhante à bibliográfica, vale-se de documentos originais,


que ainda não receberam tratamento analítico por nenhum autor. Assim, esta
pesquisa não se confunde com a bibliográfica. É comum, na produção de
monografias da área da Comunicação, coletarmos dados em documentos
diversificados: Documentos institucionais conservados em arquivos;
Documentos institucionais de uso restrito; Documentos pessoais, como
cartas e e-mails; Fotografias, vídeos, gravações; Leis, projetos,
regulamentos, registros de cartório; Catálogos, listas, convites, peças de
comunicação; Instrumentos de comunicação institucionais.
Existe uma dúvida sobre considerar relatórios impressos (relatórios de
pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, etc) como fonte
documental ou fonte bibliográfica. Não há consenso sobre isso. Se o relatório
"e interno à empresa, por exemplo, deve ser tomado como fonte documental.
Se o relatório foi distribuído para clientes e bibliotecas, deve ser tomado como
fonte bibliográfica.
3- PESQUISA EXPERIMENTAL

É o ápice da pesquisa científica, pois é o momento da determinação


do objeto de estudo, seleção das variáveis que seriam capazes de influenciar o
objeto. definição das formas de controle de observação dos efeitos produzidos.
A pesquisa experimental compreende uma série de fases: Formulação do
problema; Construção das hipóteses; Operacionalização das variáveis;
Definição do plano experimental; Determinação do ambiente; Coleta de
dados; Análise e interpretação dos dados; Apresentação das conclusões.
É muito utilizada na área de saúde.
EX: Experiência de um medicamento em animais.

4-PESQUISA EXPLORA TÓRIA


É a sondagem, levantamento, descobrimento, pesquisa, especulação e
ação.
Ocorre quando o problema é pouco conhecido ou as hipóteses ainda
não foram fonnuladas. Procura tomar o problema mais explícito, aprimorar as
idéias ou a descoberta de intuições. Representa o primeiro estágio de
qualquer pesquisa sendo, portanto, bastante flexível. Ela abrange o
levantamento bibliográfico, entrevistas' com profissionais da área e análise de
modelos que proporcione a compreensão do assunto .
Visa fornecer um maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa;
Utilizada quando há pouca familiaridade, conhecimento e compreensão do
fenômeno;
Pode ser utilizado como pesquisa preliminar;
Levantamento de fontes secundárias: bibliográfico, documental, estatísticas e
outras pesquisas;

5- PESQUISA QUANTITATIVA

Aplicada através dos números, na análise de estatística. É à base das


demais pesquisas. Ex: fazer o levantamento através de dados, índices. Muito
usado na pesquisa eleitoral.
As pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões
explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos
estruturados (questionários). Devem ser representativas de um determinado
universo de modo que, seus dados possam ser generalizados e projetados
para aquele universo. Seu objetivo é mensurar e permitir o teste de hipóteses,
já que os resultados são mais concretos e, 'conseqüentemente, menos
passíveis de erros de interpretação. Em muitos casos' geram índices que
podem ser comparados ao longo do tempo, permitindo traçar um histórico da
informação.

6- PESQUISA QUALITATIVA

Não se faz a qualitativa sem antes fazer a quantitativa. Ela vai além do
índice para colher melhor os dados.
As pesquisas qualitativas são exploratórias, ou seja, estimula, os
entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito.
Elas fazem emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas,
ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. São usadas quando se
busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão,
abrindo espaço para a interpretação.

7- PESQUISA DESCRITIVA

É o ato de descrever, narrar, expor as características que tem por


objetivo estudar as peculiaridades de um grupo: sua distribuição por idade,
sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental,
etc. Outras pesquisas deste tipo são as que se propõem a estudar o nível de
atendimento dos órgãos públicos duma comunidade, as condições de
habilitação de seus componentes, o índice de criminalidade que aí se registra,
etc. Inclui também o levantamento de opiniões, atitudes e crenças duma
população e pesquisas que procuram descobrir a existência de associações
entre as variáveis, por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação
entre preferência político-partidária e nível de rendimentos ou de
escolaridade.
Conforme Antônio Cartos Gil, algumas pesquisas descritivas vão além
da simples identificação da existência de relações entre variáveis, pretendendo
determinar a natureza dessa relação. Neste caso tem-se uma pesquisa
descritiva que se aproxima da explicativa. Mas, existem pesquisas que, embora
definidas como descritivas a partir de suas metas, servem para propiciar nova
visão do problema, o que as aproxima das pesquisas exploratórias. '
As pesquisas descritivas e exploratórias são usadas comumente pelos
pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática, como também são
requisitados por organizações tais como instituições educacionais, empresas
comerciais, partidos políticos, etc., assumindo a forma de levantamento. Seu
objetivo é descrever a distribuição de certos traços ou atributos e escrever
características de grupos.

8 - PESQUISA EXPLICA TIVA

Objetiva identificar os fatores que determinam ou contribuem para a


realização dos fenômenos, buscando esclarecer o motivo, o porquê das coisas.
Representa a pesquisa mais complexa em face da probabilidade maior de
praticar erros; entretanto, todo conhecimento científico está fundamentado nos
seus resultados, não esquecendo que, para chegar à pesquisa explicativa, o
pesquisador passou pela exploratória e descritiva. Quer dizer, busca a razão
do fenômeno, não há necessidade de descrever as características. EX:
aborto.
Em geral se vale do método experimental. A aplicação deste método
nas ciências sociais é revestido de muitas dificuldades. Embora na Psicologia,
elas têm elevado grau de controle são consideradas "quase experimentais".

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