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EM DEFESA DE
ISRAEL
uma visão mais ampla dos conflitos no Oriente Médio
Dershowitz, Alan
Em defesa de Israel / Alan Dershowitz ; tradução Mario R. Krausz
– São Paulo : Nobel, 2004
04-3409 CDD-956.94
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por meios eletrônicos ou gravações, sem permissão, por escrito, do editor. Os infratores serão
punidos pela Lei nk 9.610/98.
Introdução ............................................................................................... 11
1. Israel é um Estado colonial e imperialista? .............................................. 26
2. Os judeus europeus deslocaram os palestinos? ........................................ 37
3. O movimento sionista foi uma trama para colonizar toda a Palestina? ... 47
4. A Declaração Balfour foi uma lei internacional obrigatória? .................. 51
5. Os judeus estavam relutantes em dividir a Palestina?.............................. 60
6. Os judeus sempre rejeitaram a solução de dois Estados?.......................... 67
7. Os judeus tiraram partido do Holocausto? ............................................... 76
8. A divisão da Palestina pela ONU foi injusta para com os palestinos? ....... 88
9. Os judeus eram uma minoria no território que se tornou Israel? ............ 93
10. A vitimação dos palestinos por Israel foi a principal causa do
conflito árabe-israelense? ........................................................................ 97
11. A guerra da independência de Israel foi uma agressão
expansionista? ....................................................................................... 102
12. Israel criou o problema dos refugiados árabes?...................................... 107
13. Israel desencadeou a Guerra dos Seis Dias? ........................................... 123
14. A ocupação por Israel foi injustificada? ................................................. 128
15. A guerra de Yom Kippur foi culpa de Israel? .......................................... 135
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De modo similar, a maioria dos 850 mil judeus sefardis que viviam
nos países árabes antes de 1948 foram para Israel, porque foram forçados
a sair, abandonados ou experimentaram algum tipo de temor, tiveram al-
guma oportunidade ou foram em busca de um ideal religioso. Novamente,
o movimento dinâmico e preciso da história jamais será conhecido, espe-
cialmente porque os países árabes dos quais saíram não mantêm registros
e arquivos históricos ou recusam-se a fornecê-los.
Cada lado faz jus à narrativa que lhe é conveniente, embora re-
conheça que outros possam interpretar os fatos de modo algo diferente.
Algumas vezes a disputa é mais sobre a definição de termos do que sobre a
interpretação dos fatos. Por exemplo, os árabes freqüentemente argumen-
tam que Israel recebeu 54% do território da Palestina apesar de apenas
35% dos residentes serem judeus.7 Os israelenses, por outro lado, argu-
mentam que os judeus eram uma clara maioria nas regiões da terra aloca-
da a Israel quando a ONU fez a partição do território em disputa. Como se
vê, as definições precisas podem algumas vezes estreitar as disparidades.
Um outro ponto de partida deve incluir algum tipo de lei de caduci-
dade para ressentimentos antigos. Assim como a questão a favor de Israel
não pode mais basear-se exclusivamente sobre a expulsão dos judeus da
terra de Israel no primeiro século, também a questão dos árabes não pode
se basear com segurança em acontecimentos que supostamente ocorre-
ram há mais de um século. Uma razão para uma lei de caducidade é o
reconhecimento de que, à medida que o tempo passa, se torna cada vez
mais difícil reconstruir o passado com algum grau de precisão e as me-
mórias políticas endurecem e substituem os fatos. Como já foi dito, “há
fatos e há fatos verdadeiros”.
Com relação aos acontecimentos que precederam a primeira
Aliyah em 1882 (a imigração inicial de refugiados judeus europeus para
a Palestina), existem mais memórias políticas e religiosas do que fatos
reais. Sabemos que sempre houve uma presença judaica em Israel, princi-
palmente nas cidades santas de Jerusalém, Hebron e Safed, e que sempre
houve uma pluralidade ou maioria em Jerusalém por séculos. Sabemos
que judeus europeus começaram a se mudar para onde hoje é Israel em
números significativos durante a década de 1880 – só pouco depois da
época em que australianos descendentes de ingleses começaram a deslo-
car os aborígines australianos, e americanos descendentes de europeus
começaram a se mudar para alguns territórios ocidentais, originalmente
habitados por americanos nativos.
Os judeus da primeira Aliyah não deslocaram os residentes locais
por conquista ou por intimidação, como fizeram os americanos e aus-
tralianos. Legal e abertamente compraram terras – boa parte das quais
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Provo, sem sombra de dúvida, que as ações de Israel têm sido jul-
gadas por um duplo padrão pernicioso: que mesmo quando Israel foi o
melhor entre os melhores do mundo, tem sido muitas vezes acusado de
ser o pior entre os piores. Também provo que esse duplo padrão não tem
sido apenas injusto com o Estado judeu, mas tem prejudicado o código da
lei, ferido a credibilidade de organizações internacionais como a ONU e
encorajado terroristas palestinos a cometer atos de violência para provo-
car reações exageradas de Israel e assegurar a condenação unilateral de
Israel pela comunidade internacional.
Na conclusão do livro, argumento que é impossível entender o con-
flito no Oriente Médio sem aceitar a realidade de que, desde o início, a
estratégia da liderança árabe tem sido a eliminação da existência de qual-
quer Estado judeu e mesmo de uma substancial população judaica onde
hoje se situa Israel. Mesmo o professor Edward Said, o mais destacado
defensor acadêmico dos palestinos, reconhece que “o nacionalismo pa-
lestino foi integralmente baseado na expulsão dos israelenses [querendo
dizer judeus]”8. Esse é um fato simples, não sujeito a um questionamento
razoável. As provas verbais e escritas vindas de líderes árabes e palestinos
são esmagadoras. Várias táticas têm sido usadas para esse fim, inclusive a
mentirosa reescrita da história da imigração de refugiados judeus para a
Palestina e a história demográfica dos árabes na região. Outras táticas têm
incluído o ataque a civis judeus vulneráveis a partir da década de 1920,
o suporte palestino a Hitler e ao genocídio nazista nos anos 1930 e 1940
e a oposição violenta à solução de dois Estados proposta pela Comissão
Peel, em 1937, e depois pela ONU, em 1948. Ainda uma outra tática foi a
criação e posterior exacerbação e exploração da crise dos refugiados.
Para alguns, a simples idéia de um Estado palestino ao lado de um
Estado judeu tem sido uma tática em si – um primeiro passo – para a
eliminação de Israel. Entre 1880 e 1967, na verdade, nenhum porta-voz
árabe ou palestino falou a favor de um Estado palestino. Em vez disso, que-
riam que a área chamada pelos romanos de Palestina fosse incorporada
à Síria ou à Jordânia. Como Auni Bey Abdul-Hati, um proeminente líder
palestino, disse à Comissão Peel em 1937, “não existe tal país... Palestina
é um termo que os sionistas inventaram... nosso país foi, durante séculos,
parte da Síria”. Portanto, os palestinos rejeitaram a pátria independente
proposta pela Comissão Peel porque também traria consigo uma peque-
na pátria judaica. O objetivo sempre permaneceu o mesmo: eliminar o
Estado judeu e transferir a maioria dos judeus para fora da área.
Os realistas árabes agora reconhecem que esse objetivo é inatingível
– pelo menos em um futuro previsível. A esperança é que o pragmatismo
predomine sobre o fundamentalismo e que o povo palestino e seus líderes fi-
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A ACUSAÇÃO
OS ACUSADORES