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Nesse texto buscaremos defender que não existe uma essência humana universal, mas
uma essência humana histórica determinada pelos diferentes períodos do
desenvolvimento das sociedades, que nas sociedades de classes a concepção de humano é
definida pela classe dominante que organiza o trabalho e o Estado, na sua concepção
ampliada, para atender os interesses dessa classe.
Fazemos um percurso partindo do aparecimento do homem e tomando o trabalho como
determinante da condição humana, depois expomos a organização do trabalho e da
educação na sociedade primitiva enquanto sociedade sem classes. Em seguida tratamos da
organização do trabalho nas sociedades de classes, escravismo, feudalismo e capitalismo
e como essa organização determina formas diferentes de conceber a educação na
perspectiva do interesse de classe.
Por último o texto se reporta a reestruturação produtiva do capital na década de 70 do
século XX e suas exigência com relação a formação técnica, política e ideológica.
Também estamos defendendo a tese que a reestruturação produtiva que o capitalismo
sofreu a partir nos anos 70 do século passado exigiu mudanças na formação dos
trabalhadores no que se refere à qualificação técnica e de formação geral com o objetivo
de adequá-la as novas tecnologias e ao novo padrão de gestão.
Como também a reorganização do aparato ideológico do Estado de educação com a tarefa
de construir uma concepção de mundo e de homem que atenda aos interesses do projeto
político/ideológico neoliberal.
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Introdução
Nesse texto buscaremos defender que não existe uma formação humana
universal na busca da essência humana universal, mas uma formação humana histórica
determinada pelos diferentes períodos do desenvolvimento das sociedades: que nas
sociedades de classes, a concepção de humano é definida pela classe dominante que
organiza o trabalho e o Estado, na sua concepção ampliada, para atender os interesses
desta classe.
Professor de Sociologia da Educação da Faculdade de Filosofia ,Ciências e Letras - Universidade de São
Paulo – campus Ribeirão Preto. E-mail marcosc@ffclrp.usp.br.
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Segundo Engels, o trabalho criou o próprio homem. Esse autor ainda indica o
desenvolvimento da mão como fator decisivo, pois esta se tornando livre, aumentando a
destreza e a habilidade da ação do homem sobre a natureza, faz com que a mão se
constitua como produto do próprio trabalho. Em seu texto, “O papel do trabalho na
transformação do macaco em homem”, Engels avança no estudo do desenvolvimento do
homem a partir do trabalho, afirmando que a linguagem é outro aspecto da constituição da
condição humana.
1
Kenneth B. OAKLEY, O homem como ser que fabrica utensílios, p.30.
2
Friedrich ENGELS, O papel do trabalho na transformação do macaco em homem, p.17.
4
3
Ibid., p.13.
5
4
Ibid., p.19.
5
Ibid., p.20.
6
humana como um processo universal, mas como processo histórico em que a formação do
homem é determinada pelas condições materiais da vida. Logo, para compreendermos a
formação humana, aqui no sentido mais amplo de educação, esta deve ser entendida nas
diferentes formas da organização do trabalho.
7
Aníbal PONCE, Educação e Luta de Classes, p.17.
8
8
Ibid., p.18-19 (itálico do autor).
9
homens. 9
Esse processo que determinou o aparecimento das classes sociais foi exigindo
que a educação deixasse de ter um caráter comum para ir se constituindo em uma
educação com conteúdo de classe. A transformação de uma formação humana que
atendesse aos interesses comuns da sociedade para uma formação humana que atendesse
as necessidades e interesses das classes dominantes. Conseqüentemente, as desigualdades
econômicas, políticas e sociais em que se encontravam as diferentes classes sociais vão
exigindo uma educação desigual que atenda aos interesses das classes dominantes.
9
Ibid., p.25-26 (itálico do autor).
10
Ponce:
10
Ibid., p.66 (itálico do autor).
11
11
Ibid., p.91 (grifo do autor).
12
Ibid., p.105 (grifo do autor).
12
reconhecer que a velocidade, como vem ocorrendo hoje, é de uma forma jamais
presenciada na história. Isto, possibilitado pelos avanços tecnológicos, principalmente, na
informática e nas comunicações que proporcionaram condições favoráveis à constituição
de uma economia mundial caracterizada pela expansão extraordinária dos mercados
financeiros internacionais.
13
Marta HARNECKER, Tornar possível o impossível, p. 171 (grifo da autora).
15
Com a crise, a proposta neoliberal ganha força como alternativa para sua
superação, desde que seguindo as referências apontadas pelo projeto neoliberal, ou seja,
Conclusão
Isto nos leva a crer que a “Conferência Mundial de Educação para Todos”
realizada em Jomtien, na Tailândia, em março de 1990, “A Declaração de Nova Delhi”,
assinada em dezembro de 1993 pelo Brasil, reafirmando os compromissos assumidos na
Conferência Mundial, são expressões da necessidade da escola reorganizar-se para
cumprir seu papel político/ideológico de reprodutora da concepção de mundo neoliberal e
da reprodução das relações de produção capitalista.
15
Göran THERBON, A crise e o futuro do capitalismo, In: Emir SADER & Pablo GENTILI (orgs), Pós-
Neoliberalismo, p.39.
17
organize o trabalho a partir de novas relações de produção que permitam que as forças
produtivas se desenvolvam na lógica de atender às necessidades do conjunto da sociedade
e que tenha como horizonte a extinção das classes sociais e da construção da sociedade
comunista. Portanto, a tarefa de formação hoje é de criar uma concepção da necessidade
da superação do capitalismo, de transformação da sociedade e pela revolução socialista.
BIBLIOGRAFIA.
ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: Emir SADER & Pablo GENTILI
(orgs), Pós-Neoliberalismo. São Paulo: Paz e Terra, 1995.
HARNERCKER, Marta. Tornar Possível o Impossível. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
OLIVEIRA, Carlos R. de. História do Trabalho. São Paulo: Editora Ática, 1987. (Série
Princípios).
PONCE, Aníbal. Educação e Luta de Classes. 7ª edição. São Paulo: Editora Cortez, 1986.
THERBON, Göran A crise e o futuro do capitalismo. In: Emir SADER & Pablo
GENTILI (orgs), Pós-Neoliberalismo. São Paulo: Paz e Terra, 1995.