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Meditar para transcender

Adams Auni

Nossos conteúdos culturais nos levam a acreditar que já possuímos condições


específicas para explicar todas as coisas, mesmo quando muitas delas nos são
ainda inexplicáveis.

No entanto percebemos que os conhecimentos que portamos não são


suficientes para abordarmos certos assuntos e obter com eles respostas que
nos preencham as duvidas, logo, deveremos buscar em outras fontes de
conhecimento para banhar a nossa árida indisciplina mental que necessita de
fluidez cognitiva e muito trabalho no processamento.

Em alguns casos o conhecimento não está lá fora, ou melhor, dizendo, não


vem de fora para dentro, mas sim, no conhecimento de si mesmo. Nesse caso
podemos entender que a prática da meditação nos auxiliaria a alcançar o
autoconhecimento.

Porem percebemos ainda certa confusão quanto a determinar o que venha a


ser meditação e as demais estruturas que formam uma meditação ou que
propriamente levam a meditação.

Segundo a visão budista o auge da meditação é a não mente, isto é, você


estar fora da sua própria mente, assumindo sua consciência transcendental e
observando “do lado de fora” a própria mente e os próprios pensamentos.

No budismo a meditação é um treino para acalmar a mente, deixando-a


disponível apenas para nos percebemos em essência.

Segundo esses entendimentos orientais, nos relacionamos hora com sujeito e


hora com objetos. A nossa “materialidade” nos relacionaria os sentimentos e
emoções com coisas, logo, objetos e não sujeitos que seriam as mentes mais
transcendentais, mais desapegadas a objetos.

A mente não é a consciência, mas a consciência está ligada a mente e


podemos concluir que ao meditar e elevar o padrão mental, poderíamos
acessar níveis mais depurados da mente e alcançar a consciência, sendo essa
um dos “estágios” da mente.
Porem, ainda não sabemos ao certo o que é mente e onde ela se localiza e
tão pouco o que é consciência e onde ela também se localiza.

Mas pelo que já se fala a respeito a mente e consciência estariam


interligadas em um continuum.

Interpenetradas entre si, distintas e separadas por suas estruturas


“materiais” que se apresentam interligadas em uma mesma estrutura
altamente sutil.

Porem, uma não é a outra e vice-versa, apenas se formam como em uma


malha de varias espessuras e de vários tons e de elementos compatíveis
entre si a fim de promover a comunicação entre eles.

De acordo com alguns fenômenos físicos, em estudos realizados quanto a


capacidade de manipulação da matéria sob a atuação do pensamento é
possível especular que mente é matéria. Mantendo essa idéia podemos
também entender que a consciência, embora bem mais sutil que a mente,
também é matéria.

As coisas se relacionam de alguma forma, se ligam de alguma forma, não há


como dizer que a mente promove algo no cérebro, sem entender que para
que isso ocorra é necessário que estejam interligados, que existam
condutores que ligam a mente ao cérebro.

Informaçao é o que estrutura todas as coisas animadas e inanimadas.

A informação que constitui todas as coisas existe, mas onde se estabelece e


como se comporta para que tudo exista ainda é especulação da ciência.

Tipo: como se processa um pensamento? Se ele existe, existe um registro


energético dele, logo ele pode ser medido, ou pelo menos suas atuações,
com isso é energia, que pode ser quantificada, logo de novo, matéria.

Os estudos preliminares em neurociência e psicologia transpessoal nos levam


a crer que há indicações de que haveria outras “camadas” da consciência,
que entendemos se seguiria em uma “depuração” continua ate o espírito.
Uma questão estranha surge: se é assim algo tão sutil e fora do alcance do
entendimento material conhecido, logo, sem uma relação com este
“mundo”, o espírito estaria mesmo por aqui ou em algum lugar distante?

Há estudos que colocam as respostas quânticas em escalas de dimensões


espaciais diminutas. Esses estudos alegam que isso tudo que teoricamente se
afirma ocorrem de verdade, porem perceptíveis em escalas ainda
infinitamente pequenas, determinando com isso outras dimensões da relação
espaço e tempo.

Se pensamento é matéria, a mente que o processa também é matéria, então


a consciência que abarca a mente matéria é também, claramente estamos
falando de escalas microscopicamente infinitas, pois de outra forma haveria
percepção desse universo abstrato pelos sentidos e possibilidades de
acompanhamento por aparelhos de medição.

Qual seria a diferença básica nos comportamentos das mentes?

A mente se comporta basicamente em quatro estágios ou níveis.

Algumas mentes seguem em uma progressão geométrica e avançam se


relacionando com os outros seres, mente a mente. Hora com objeto e hora
com o sujeito. Uns com os outros e aprendendo por tentativa e erro, porem
sem um objetivo.

Muitas outras mentes nem por esta associação mental conseguem e


estacionam em um mesmo estagio por longo tempos, as vezes por toda uma
existência.

Uma mente comum vive por associações, logo, é uma mente indisciplinada.

Uma mente concentrada se porta centrada dentro de tarefas e atividades


mais especificas, focando e possibilitando produções mais organizadas.

Uma mente contemplativa apresenta um outro comportamento, se mantém


serena e processando já em altas esferas, permanece centrada e
concentrada na contemplação, tal qual a observação de uma obra de arte,
admirando uma paisagem, analisando a beleza de uma flor proporciona uma
elevação das ondas hertz cerebrais, promovendo a sustentação para
processos mentais mais externos da orbita da materialidade.

A prática constante e de forma correta da meditação promove “ondas”


mentais que alcançam esferas alem da própria “estrutura” mental, ligando-
se com “estruturas” mentais mais complexas, promovendo progressão para
um nível espiritual mais depurado.

A meditação praticada de forma dedicada e regular promove efeitos


curativos e de equilíbrio psicobiofisico, auxilia ao entendimento de si mesmo
e a recuperação do “espírito”ao “perispirito”, seguindo esse resultado até se
expressar na matéria do corpo físico.

Na meditação podemos crer que estamos em contato com algo muito


superior, mentores ou guias espirituais. Isso também pode ocorrer porem é
mais provável que estejamos em contato com o nosso eu interior, nossas
reservas pretéritas e nossos arquivos do inconsciente.

Formados por acúmulos mentais de outras experiências, esses arquivos, que


não desaparecem com a morte do corpo físico, se acumulam para que sejam
trabalhados futuramente ou sirva de banco de dados para novas decisões e
escolhas do espirito.

Nesse contexto é possível encontrar inúmeros pontos de estudos trazidos por


Carl Gustav Jung, Stanislav Grof, Herbert Frohlich, Danah Zohar e muitos
outros.

A meditação promove ações positivas em todas as estruturas do ser


(consciência, mente e corpo) partindo sempre de dentro para fora, dos
meandros mais profundos e longícuos do espirito indo atuar na consciência,
que reflete sobre a mente, se instala no cérebro se expressa no corpo físico.

Um círculo de aprendizado e autoconhecimento, logo, maior


autoconhecimento leva a maior libertação.

As mudanças ocorrem em regiões remotas do ser, para quando devidamente


sustentadas, possam promover as curas e as remissões, ditas espontâneas.
A paz de espírito que adquirimos por aprender a meditar e a respirar
proporciona um saudável bem estar e uma felicidade tão pura que não se
sabe da onde vem, pois não imaginamos que possamos alcançar tal graça de
Deus.

Nos estudos ortomoleculares e nos fundamento da fisica quântica


reconhecemos que o alimento é energia.

É comum vermos os alimentos (carnes, peixes, verduras, frutas, cereais,


laticínios e legumes) apenas pelos 5 sentidos, que nos limitam, quando
deveríamos entendê-los como cápsulas de energia, que devem ser
trabalhadas em nosso organismo como pilhas renovadoras e reparadoras, em
uma troca intensa e dinâmica de forças atômicas e entendamos como
“atômicas” nesse caso, como forças microscópicas e incrivelmente fortes.

Estudando o comportamento atômico e suas subparticulas e sabemos que as


forças que envolvem os átomos são fracas comparadas as forças que forma o
agregamento das subparticulas do núcleo, que são chamadas de força forte.

O nosso organismo tem capacidade para retirar de cada um desses elementos


a energia para se recompor.

O próprio ar é composto de inúmeras estruturas atômicas, que supririam as


condições mais básicas de sobrevivência mesmo dentro dessa estrutura de
carbono que somos nós.

Mantendo as atividades fisiológicas ativas por longo tempo, evitando de


entrar em colapso bastando apenas o exercício do autocontrole, da
respiração e da disciplina da mente.

Os Yogues, figuras representativas na Índia, se disciplinam a essa condição,


limitando ao organismo material apenas o mínimo e indispensável para a sua
manutenção, quando não, colocando-os a esforços extremos de resistência,
justamente para demonstrar essa possibilidades. A conservação do corpo e os
processos da mente em suas estruturas e no equilíbrio de seus processos
dependem dessa disciplina.

Enquanto ainda nos vermos apenas como figuras corporificadas haverá dor se
sofrimento, pois muitos nos chamam de cadáveres ambulantes e insistirmos
em não nos vermos como espírito com potencialidades alem da materialidade
perecível e entrópica.

Na verdade haverá mais sofrimento que dor, pois a dor é passageira.

A dor promove ação e mudança.

Dor e sofrimento esta ligada a processos mentais mais lentos, mais materiais.

Quando adquiridos ou estimulados, os processos mentais mais complexos,


para um maior entendimento das coisas, a dor e sofrimento não terá o
mesmo efeito.

Assim ao mudarmos o nosso padrão mental, valorizando as coisas sempre


positivamente, não sentiremos mais a dor, pois não precisaremos mais da dor
para mudar ou aprender.

Para existir o sofrimento tem que ser alimentado por quem o padece,
nenhum outro promove sofrimento ao outro sem que esse permita ou
possibilite.

Para uma mente automática, presa nas coisas comuns, precisará de situações
que a façam sair do automatismo, para começar a pensar, refletir e
despertar do sono da ilusão.

O exercício do desapego, amplamente ilustrado e ensinado na filosofia e


cultura budista é de fundamental importância para que os ocidentais que não
possuem a cultura do meditar possam entender melhor esse objetivo de vida.

Os ocidentais podem desenvolver algo similar, no sentido do


autoconhecimento e desapego, na pratica da caridade.

Podemos levar tempo, mas ao longo dessa pratica ocorrerão inúmeras


mudanças na alma, indeléveis, essas mudanças são para sempre.

O mecanismo do bem é de fundamental importância nos processos


meditativos.
É bem possível na observância e pratica do bem, alcançar o
autoconhecimento meditando sobre todas as experiências vividas.

O budismo promove a pratica do bem em todas as situações do cotidiano e


dentro de seus ensinamentos apresentam-se as “Quatro nobres verdades”
que diz o seguinte: o sofrimento existe, o sofrimento tem causa, podemos
eliminar a causa do sofrimento e há um caminho para acabar com o
sofrimento.

Precisamos “observar” como a mente se comporta e dimensionar fatos,


emoções e sentimentos, obtendo mudança do padrão mental auxiliado pela
meditação.

É necessário amenizarmos o ruído interior.

O tempo é relativo a essas questões, mais tempo pratica, mais tempo quer,
mais tempo vem.

Mais nos vemos fora desse tempo material e egoístico, com sua seta
constante seguindo a entropia sobre as estruturas materiais, mais nos
libertamos dessa marcha lancinante que engana os sentidos do ser.

Maior a nossa busca espiritual, mais promoveremos a entrada e a


permanência em estados alterados e elevados da consciência.

A materialidade em nos, que reside no vale das ondas de expressão


espiritual, se fazem menores, promovendo o que pode ser chamado de um
comportamento da ação negentropica, revertendo processos degenerativos
como a velhice e outras doenças.

Porem é todo o ser, corpo e espirito, mente e consciência, que deve se


envolver ate estar comprometido,não basta apenas exercitar sem se envolver
no processo e exigir resultados de conversão. Há necessidade de nos
convertermos e nos comprometermos sem expectativas imediatistas dos
resultados. Projetarmos os resultados no futuro, fora de nos mesmos e de
nossa própria medida temporal e material, portanto, certo e consciente,
desde o inicio, da certeza dos resultados que alcançaremos.
O tempo, relativo ao resultado que desejamos, promove em nós a calma e
paciência na certeza de estarmos a caminho, portanto, na certeza e na
felicidade de já estarmos de posse do objetivo, independente de quanto
tempo e esforço ainda precisaremos.

É importante meditarmos com fé, certeza e confiança nas coisas futuras,


mesmo sem vê-las de imediato.

É esse o fundamento da meditação, promover em nós “o sair de você


mesmo”.

É esse nosso “se encontrar” em suas rememorações e registros angélicos para


obter a respostas, consolo e paz de espírito. Nesse momento, estarmos em
contato horizontal com o criador, pois o criador esta em tudo que criou e nas
criaturas que criou.

Somos todos anjos em potencial, essa semente é preexistente em nós.

Se ainda não podemos encontrá-los face a face nos céus, já podemos


encontrá-los ombro a ombro em tudo a nossa volta e em todos os seres e
mentes ao nosso alcance.

O passo a passo rumo ao desprendimento mental é subirmos camada por


camada da consciência, onde poderemos estar em contato com todas essas
expressões da verdade, isso não esta limitado a poucos, mas poucos se
limitam a isso, pois depende e se desprende esforço e disciplina mental e
moral.

Comprometimento com a verdade, como já proclamava Ghandi.

A verdade de Deus em todos nos e em tudo que esta a nossa volta e não
percebemos e ainda equivocados, proferimos que Deus não nos ama.

O que é a mente?

Um atributo, uma expressão estrutural da consciência.

O que é a consciência?
Um atributo, uma expressão estrutural do espirito.

O que é o espirito?

Um atributo, uma expressão estrutural de Deus.

São as varias fases e estágios de nos mesmos, depende de cada um onde quer
estar e viver em função dessa relação.

Alcançar a vida futura declarado por Jesus, não é aguardar o desencarne,


isso não nos torna santos, mas viver em qualquer estagio evolutivo e em
qualquer momento da encarnação já essa vida futura.

A vida futura é uma condição moral e não local. A vida moral de espíritos
superiores e iluminados.

E o exercício da meditação auxilia a alcançar esses níveis e a entendê-los


desde hoje, desde já e desde agora.

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