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Contabilidade pública
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Contabilidade Pública é o ramo da contabilidade que se dedica ao estudo do patrimônio dos entes
públicos, entendidos como aqueles que são regidos pelo direito público interno. A contabilidade pública,
também chamada de contabilidade governamental, não deve ser confundida com a contabilidade social,
pois esta é uma disciplina da economia, cujo objeto são as chamadas contas nacionais, como por exemplo,
o produto interno bruto (PIB), cuja metodologia desenvolvida pela ONU faz uso do universal método das
partidas dobradas.

No Brasil, a contabilidade pública advém diretamente da legislação. O principal dispositivo legal é a Lei
4.320/64, embora na sua maior parte ela traga regulamentação orçamentária e financeira — e não patrimonial
ou contábil.

Está intimamente ligada com a gestão de recursos públicos. Esta área ganhou maior visibilidade com a Lei de
Responsabilidade Fiscal.

De acordo com J. Teixeira Machado Jr. & Heraldo da Costa Reis ("A lei 4.320 comentada", 25ª edição, IBAM,
1993, pg. 150), o conjunto que constitui a contabilidade pública brasileira é composto dos seguintes
componentes, previstos na Lei 4.320/64:

 Sistema orçamentário
 Sistema financeiro
 Sistema de compensação
 Sistema Patrimonial

Segundo o artigo 105 da Lei 4.320/64, o Balanço Patrimonial demonstrará:

 I - O Ativo Financeiro
 II - O Ativo Permanente
 III - O Passivo Financeiro
 IV - O Passivo Permanente
 V - O saldo patrimonial
 VI - As Contas de Compensação

Dessa forma, partindo-se de que o sistema patrimonial resulta no balanço patrimonial público (mais
as contas de compensação que lhe forem pertinentes), notar-se-á não haver a inclusão da demonstração das
ariações patrimoniais, prevista no artigo 104, Anexo XV. Como se constata, essa Demonstração reúne várias
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contas de resultado (análoga ao balanço de resultado econômico do Código Civil) e não se constitui em
apenas na conta patrimonial prevista no artigo 100 (interpretada como análoga à antiga conta empresarial
dos Lucros & Perdas).

Pela demonstração se convencionou auferir o superávit ou déficit econômico do exercício de determinado


órgão ou governo, em atendimento a previsão do artigo 85 que faz menção a "resultados econômicos", o que
nos leva a deduzir haver também um Sistema Econômico na Contabilidade Pública Brasileira.

Regime Misto

O regime misto é um regime contábil que mescla o regime de caixa e o regime de competência.

No Brasil é definido na Lei nº 4.320, que estatui normas de finanças e contabilidade pública.

Esse regime adota a competência para a despesa e o regime de caixa para as receitas. Desta forma, as
receitas devem ser reconhecidas no momento de seu efetivo recebimento e as despesas, no momento em
que são incorridas, independentemente de seu pagamento.

Um exemplo elucidativo:

 Recolhimento de imposto de renda relativo ao ano de 200x.


 O imposto se refere a renda recebida durante o ano 200x, sendo o ano 200x o de
competência para a receita.
 Porém o pagamento ocorre somente no ano 200y, portanto, o registro contábil somente será
efetuado no recebimento, em 200y.
 Realização de despesa
 Compra de mercadorias no mês x mas com pagamento no mês y.
 O registro contábil será efetuado no mês x.

Existem outros dois regimes contábeis: o de competência e o de caixa.

Com a adoção dos Princípios Fundamentais de Contabilidade para o Setor Público, conforme a Resolução
CFC 1.111/07, a Contabilidade Pública deverá passar a observar o seguinte enunciado, o qual deverá ser
detalhado e aplicado à partir da elaboração das respectivas NBCASP - Normas de Contabilidade Aplicadas
ao Setor Público:

"O Princípio da Competência é aquele que reconhece as transações e os eventos na ocorrência dos
respectivos fatos geradores, independentemente do seu pagamento ou recebimento, aplicando-se
integralmente ao Setor Público.
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Os atos e fatos que afetam o patrimônio público devem ser contabilizados por competência, e os seus efeitos
devem ser evidenciados nas Demonstrações Contábeis do exercício financeiro com o qual se relacionam,
complementarmente ao registro orçamentário das receitas e das despesas públicas.

Siafi

Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal - SIAFI é um sistema contábil que
tem por finalidade realizar todo o processamento, controle e execução financeira, patrimonial e contábil
do governo federal brasileiro.

O sistema foi desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados - (SERPRO). Foi implantado
oficialmente no ano de 1987. Até o ano de 1986 o governo federal convivia com uma série de problemas de
natureza administrativa inviabilizando a correta aplicação dos recursos públicos.

Uma das principais vantagens do Siafi é a descentralização da entrada, consulta, execução orçamentária,
financeira e patrimonial da União, isto com a supervisão do Tesouro Nacional.

Escrituração contábil no Siafi

O processo mais trabalhoso da contabilidade pública, é a escrituração contábil, haja vista que um fato contábil
pode causar diversos lançamentos nos sistemas contábeis, que são eles: sistema orçamentário, sistema
financeiro, sistema patrimonial, ou sistema de compensação. Com isso a solução encontrada na época da
criação do Siafi foi a utilização de Eventos.

[editar]Evento

É o instrumento utilizado pelas Unidades Gestoras, para transformar os atos e fatos administrativos rotineiros
em registros contábeis automáticos. O evento é composto de um código de 6 (seis) dígitos (XX.X.XXX), que
possuem a seguinte estrutura Os dois primeiros dígitos são as Classes, no qual pode-se identificar a natureza
de registro do evento. O terceiro dígito é o Tipo de Utilização, podendo ser:

 (0) Utilizado pelo Gestor.


 (1) Utilizado pelo Sistema.
 (2) Complemento do evento do Gestor.
 (3) Complemento do evento do Sistema.
 (4) Evento complementar do evento de sistema.
 (5) Estorno do evento do Gestor.
 (6) Estorno do evento de Sistema.
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 (7) Estorno do evento complementar do Gestor.


 (8) Estorno do evento complementar do Sistema.

Os três últimos dígitos são os códigos sequenciais.

Documentos do Siafi

Os documentos de entrada de dados no Siafi dividem-se em de natureza orçamentária e financeira.

Nota de Lançamento

A nota de lançamento é o documento que regista factos tanto de natureza orçamentária quanto extra-
orçamentária. Ele é utilizado para registo de liquidações de despesa, apropriação de obrigações, factos
administrativos, entre outros. Ele envolve, portanto, todos os actos de verificação e conferência, desde a
entrega do material ou a prestação do serviço até o reconhecimento da despesa. Ao fazer a entrega do
material ou a prestação do serviço, o credor deverá apresentar a nota fiscal, factura ou conta correspondente,
acompanhada da primeira via da nota de empenho, devendo o funcionário competente atestar o recebimento
do material ou a prestação do serviço correspondente, no verso da nota fiscal, factura ou conta.

Nota de Empenho

Nota de Empenho é um documento que se destina a registrar o comprometimento de despesa orçamentária,


obedecidos os limites estritamente legais, bem como aos casos em que se faça necessário o reforço ou a
anulação desse compromisso. Não se deve confundir, entretanto, empenho da despesa com nota de
empenho; esta, na verdade, é a materialização daquele, embora, no dia-a-dia haja a junção dos dois
procedimentos em um único.

Nota de Programação Financeira

A Nota de Programação Financeira é um documento que permite registrar os valores constantes da Proposta
de Programação Financeira e a Programação Financeira Aprovada, envolvendo a Coordenação-Geral de
Programação Financeira da Secretaria do Tesouro Nacional - COFIN/STN e os Órgãos Setoriais de
Programação Financeira - OSPF.

Guia do Salário Educação

A Guia do Salário Educação é um documento que registra o recolhimento do salário educação, destinado aos
seus beneficiários e do valor que lhes é pago, mediante transferências intra-SIAFI de recursos entre a
Unidade Gestora recolhedora e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
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Nota de Dotação

A Nota de Dotação é um documento utilizado para registro das informações orçamentárias elaboradas pela
Secretaria de Orçamento Federal , ou seja, dos créditos previstos no Orçamento Geral da União. Também se
presta à inclusão de créditos no Orçamento Geral da União não previstos inicialmente e ao registro do
desdobramento do Plano Interno e do detalhamento da fonte de recursos.

Nota de Movimentação de Crédito

A Nota de Movimentação de Crédito é um documento utilizado para registrar a movimentação interna e


externa de créditos e suas anulações.

Ordem Bancária

A Ordem Bancária é um documento que deve ter como favorecido o credor do empenho. Este pagamento
normalmente é efetuado por meio de crédito em conta bancária do favorecido uma vez que a Ordem Bancária
especifica o domicílio bancário do credor a ser creditado pelo agente financeiro do Tesouro Nacional, ou seja,
o Banco do Brasil. Se houver importância paga a maior ou indevidamente, sua reposição aos órgãos públicos
deverá ocorrer dentro do próprio exercício, mediante crédito à conta bancária da unidade gestora que efetuou
o pagamento. Quando a reposição se efetuar em outro exercício, o seu valor deverá ser restituído
por DARF ao Tesouro Nacional.

RECEITA PÚBLICA
Conceito:
É o montante total em dinheiro recolhido pelo Tesouro Nacional, incorporado ao patrimônio do Estado,
que serve para custear as despesas públicas e as necessidades de investimentos públicos.
Em sentido amplo, receita pública é o recolhimento de bens aos cofres públicos, sendo sinônimo de
ingresso ou entrada.

Receita orçamentária:
Receitas orçamentárias são aquelas que fazem parte do orçamento público estabelecido na LOA.
1- receitas correntes — destinadas a cobrir as despesas orçamentárias que visam a manutenção das
atividades governamentais;
 receita tributária — é a proveniente de impostos, taxas e contribuições de melhorias;
 receita de Contribuições — é a proveniente das seguintes contribuições sociais(previdência social,
saúde e assistência social), de intervenção domínio econômico(tarifas de telecomunicações) e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas(órgãos representativos de categorias de
profissionais), como instrumentos de intervenção nas respectivas áreas;
 receita patrimonial — rendas obtidas pelo Estado quando este aplica recursos em inversões
financeiras, ou as rendas provenientes de bens de propriedade do Estado, tais como aluguéis;
 receita agropecuária — é a proveniente da exploração de atividades agropecuárias de origem vegetal
ou animal;
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 receita de serviços — é a proveniente de atividades caracterizadas pelas prestações de serviços


financeiros, transporte, saúde, comunicação, portuário, armazenagem, de inspeção e fiscalização,
judiciário, processamento de dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes a atividades da
entidade entre outros ;
 receita industrial — resultante da ação direta do Estado em atividades comerciais, industriais ou
agropecuárias;
 transferências correntes — recursos financeiros recebidos de outras entidades públicas ou privadas e
que se destinam a cobrir despesas correntes;
 outras receitas correntes — provenientes de multas, cobrança da dívida ativa, indenizações e outra
receitas de classificação específica;
2- receitas de capital — provenientes de operações de crédito, alienações de bens, amortizações de
empréstimos concedidos, transferências de capital e outras receitas de capitais;
 operações de crédito — oriundas da constituição de dívidas (empréstimos e financiamentos);
 alienação de bens — provenientes da venda de bens móveis e imóveis e de alienação de direitos;
 amortização de empréstimos concedidos — retorno de valores anteriormente emprestados a outras
entidades de direito público;
 transferência de capital — recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado,
destinados à aquisição de bens;
 outras receitas de capital — classificação genérica para receitas não especificadas na lei; também
classifica-se aqui o superávit do orçamento corrente (diferença entre receitas e despesas correntes),
embora este não constitua item orçamentário.

Receita extra-orçamentária
• Receitas extra-orçamentárias são aquelas que não fazem parte do orçamento público.
• Como exemplos temos as cauções, fianças, depósitos para garantia, consignações em folha de
pagamento, retenções na fonte, salários não reclamados, operações de crédito a curto prazo e outras
operações assemelhadas.
• Sua arrecadação não depende de autorização legislativa e sua realização não se vincula à execução
do orçamento.
• Tais receitas também não constituem renda para o Estado, uma vez que este é apenas depositário de
tais valores. Contudo tais receitas somam-se às disponibilidades financeiras do Estado, porém tem
em contrapartida um passivo exigível que será resgatado quando da realização da
correspondente despesa extra-orçamentária.
• Em casos especiais, a receita extra-orçamentária pode converter-se em receita orçamentária. É o
caso de quando alguém perde, em favor do Estado, o valor de uma caução por inadimplência ou
quando perde o valor depositado em garantia. O mesmo acontece quando os restos a pagar têm sua
prescrição administrativa decorrida. É importante frisar que cauções, fianças, e depósitos efetuados
em títulos e assemelhados quando em moeda estrangeira são registrados em contas de
compensação, não sendo, portanto considerados receitas extra-orçamentárias.

Processamento da receita pública

• Processamento da receita pública é o conjunto de atividades desenvolvidas pelos órgãos


arrecadadores, com o objetivo de arrecadar dinheiros e bens públicos que, por força de lei ou
contrato, pertençam ao Estado.
• O processamento da receita pública abrange dois períodos distintos: a estimação da receita (onde se
elabora a proposta orçamentária) e a realização da receita.

Estágio da realização da receita


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• O estágio de realização da receita pública reúne atividades que são classificadas em estágios que
segundo o Regulamento de Contabilidade Pública, se dividem em fixação, arrecadação e
recolhimento.
• Para João Angélico, autor da obra Contabilidade Pública, da editora Atlas, o estágio da fixação da
receita é composto pelas atividades de elaboração da proposta orçamentária, conversão da proposta
em orçamento e o lançamento, sendo esta última fase, a que se realiza no estágio de realização da
receita, e, por isso, este estágio compreenderia o lançamento, a arrecadação e o recolhimento.
• Lançamento
o É a individualização e o relacionamento dos contribuintes, discriminando a espécie, o valor e
o vencimento do tributo de cada um. Realizado para os casos de impostos diretos (os que
recaem sobre a propriedade e a renda) e outras receitas que também dependem de
lançamento prévio (aluguéis, arrendamentos, foros, etc.). É de se observar que não são todas
as receitas que passam por esta fase.
• Arrecadação
o É o momento onde os contribuintes comparecem perante os agentes arrecadadores a fim de
liquidarem suas obrigações para com o Estado.
• Recolhimento
o É o ato pelo qual os agentes arrecadadores entregam diariamente o produto da arrecadação
ao Tesouro Público.
o É importante observar que nenhum agente arrecadador pode utilizar o produto da
arrecadação para realizar pagamentos. Os pagamentos devem ser feitos com recursos
específicos para este fim.

Resíduos ativos ou restos a arrecadar


• Os créditos não lançados e não arrecadados até o último dia do exercício financeiro a que pertencem
constituirão receita no exercício em que forem arrecadados.
• Já os créditos lançados e não arrecadados são, no Brasil, incorporados ao patrimônio, no ativo
permanente, como componente da dívida ativa.

Contabilização
• A receita pública é contabilizada de forma analítica e sintética.
• A contabilização analítica é feita no diário da receita orçamentária e no diário do movimento extra-
orçamentário, escriturados por partidas simples.
• A escrituração sintética é feita no diário geral pelos totais mensais e pelo método das partidas
dobradas.

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