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Organon da Medicina
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Se o médico perceber com clareza o que tem que curar nas doenças, quer
dizer, em cada caso patológico individual (conhecimento da doença, indicação);
se percebe claramente o que há de curativo nos medicamentos, quer dizer, em
cada medicamento em particular (conhecimento do poder medicinal); e se sabe
como adaptar, conforme os princípios perfeitamente definidos, o que tem de
curativo nos medicamentos o que descobriu que há incontestavelmente de
morboso no paciente de modo que venha ao restabelecimento – se sabe também
adaptar de maneira conveniente, o medicamento mais apropriado segundo o seu
modo de actuar n o caso que se lhe apresenta (eleição do remédio, indicação do
medicamento), assim como também o modo exacto de preparação e quantidade
requerida (dose apropriada), e o período conveniente para repetir as doses; - se ,
finalmente, conhece os obstáculos para o restabelecimento em cada caso e é
competente para removê-los, de modo que o dito restabelecimento seja
permanente: então terá compreendido a maneira de curar judiciosa e
racionalmente e será um verdadeiro médico.
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(2).- Não sei, portanto, como tem sido possível aos médicos, à cabeceira dos
doentes, supor que sim a mais cuidadosa atenção dos sintomas que são nossos
guias nos tratamentos, deviam procurar e descobrir somente no interior oculto e
desconhecido, o que haveria de curar na doença, pretendendo arrogantemente e
ridiculamente que podiam, sem prestar muita atenção aos sintomas, descobrir a
alteração que ocorreu no interior invisível e corrigi-la com (desconhecidas!)
medicinas; e que tal procedimento poderia chamar-se tratamento radical e
racional.
A doença aos olhos do médico, que é o que os nossos sentidos são capazes
de conhecer por meio de fenómenos que se apresentam, posto que não pode ver
nunca o ser imaterial ou a força vital que produz a doença? Tão pouco é
necessário que a veja, pois somente deve investigar as acções morbosas, que a
ponha com aptidão de curar a doença. O que é que a antiga escola quer procurar
no interior oculto do organismo, como prima causa morbi, enquanto rejeita
como elemento de cura e despreza com altanaria a representação sensível e
manifesta a doença, os sintomas, que deste modo se comunicam claramente
connosco? Que mais há que curar nas doenças, se não tudo isto?
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Agora bem, como numa doença, da qual não haja causa excitante ou
sustentadora evidente, que remover (causas ocasionais), (3) não podemos
perceber nada mais que os sintomas, devem (tendo em conta a possibilidade de
um miasma e as circunstâncias acessórias) ser só eles o meio pelo qual a doença
pede e indica o remédio conveniente para aliviar; e ainda mais, a totalidade dos
sintomas, desta imagem reflectida no exterior da essência interior da doença,
quer dizer, da afecção da força vital, deve ser o principal e o único meio pelo
qual a doença dá a conhecer o remédio que necessita, a única coisa que determina
a eleição do remédio mais apropriado, e assim, numa palavra, a totalidade (4) dos
sintomas deve ser a principal e verdadeiramente a única coisa que o médico deve
ocupar-se em cada caso de doença e removê-la por meio da sua arte, de modo que
transforme em saúde a doença.
(3).- Não é necessário dizer que todo o médico inteligente separa a causa
ocasional existente, fazendo cessar geralmente, de maneira expontânea a
indisposição. Assim, tira da habitação as flores muito perfumadas, que têm a
tendência de causar sincopes e sofrimentos histéricos; extrai da córnea o corpo
estranho que produz a inflamação do olho; afrouxa as ligaduras demasiado
apertadas num membro ferido que ameaça de gangrena, para aplicá-los melhor;
descobre e liga a artéria ferida que sangra até determinar a sincope; provocar, por
vómito, as bagas da belladona, etc. etc, que se tivessem ingerido; extrai os corpos
estranhos que se introduziram nos orifícios do corpo (nariz, faringe, orelhas,
uretra, recto, vagina); tritura os cálculos na bexiga, abre o ânus imperforado do
recém nascido, etc.
(4).- Em toda a era, os médicos da escola antiga, não sabendo como aliviar,
tentaram combater e suprimir, se era possível, com medicamentos, um só dos
sintomas de entre todos os da doença, um procedimento unilateral, que debaixo
do nome do tratamento sintomático excitou justamente o desprezo universal,
porque não só produziu nenhuma vantagem mas determinou muitos
prejuízos. Um só dos sintomas não é toda a doença, assim como tão pouco um pé
constitui todo o Homem. Este método é tanto mais reprovável quando o sintoma é
somente tratado com um remédio antagónico (quer dizer de uma maneira vulgar e
paliativo), pela qual depois de um ligeiro alívio venha a agravação conseguinte.
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(5). – Quando um paciente foi curado por um médico verdadeiro de maneira que
não volte nem a doença nem que nenhum sintoma persista, e voltaram de modo
permanente todos os sinais da saúde, como poderá alguém, concluir num sentido
comum, afirmar que nesse paciente não exista a doença no seu interior? E, no
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entanto, um dos chefes da antiga escola , Hufeland, sustém isto nas seguintes
palavras: “ a Homeopatia pode tirar (suprimir) os sintomas, mas a doença
persiste”. ( Véase Homoopathie, p. 27, 1, 19 ).
Isto a sustém, por um lado pela mortificação que produzem os progressos factos
pela Homeopatia em beneficio da humanidade, e por outro lado, porque todavia
sustenta ideias completamente materiais no que diz respeito à doença e é incapaz
todavia de considerá-la como um modo de ser do organismo dinamicamente
alterado pelo desvio morboso da força vital; ele considera a doença como algo
material, que, depois que a cura se realiza, pode permanecer oculta em algum
canto do interior do corpo, para aparecer algum dia, em seu desejo, ainda durante
um estado vigoroso de saúde. Que grande é todavia a cegueira da antiga
patologia! Não é de admirar que só tenha produzido um sistema terapêutico que se
ocupa unicamente em purgar o pobre doente.
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(6). – está morto e sujeito unicamente ao poder do mundo físico externo, que ao
corrompê-lo o reduz aos seus elementos químicos.
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Quando uma pessoa fica doente, é somente a força vital imaterial e activa por si
mesma e presente em todas as partes do organismo, a que sofre desde logo o desvio que
determina a influência dinâmica do agente morboso hostil à vida; o princípio vital
unicamente, no estado anormal, é ele que pode dar ao organismo as sensações
desagradáveis e incliná-lo às manifestações irregulares que chamamos doença; mas
como é uma força invisível por si mesma e só reconhecível pelos seus efeitos no
organismo, as suas perturbações morbosas unicamente as dão a conhecer por
manifestações anormais das sensações e das funções daquelas partes do corpo acessíveis
aos sentidos do observador e do médico; quer dizer, pelos sintomas morbosos e não de
outro modo pode dar-se a conhecer (7).
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( deduzindo certas diferenças que se apresentam com a lua cheia e com a lua nova )
produz nos nossos mares do Norte as marés, alta e baixa. Aparentemente isto verifica-se
sem influência de intervenção material ou utensílios mecânicos, como é costume nas
produções humanas; do mesmo modo vemos outros numerosos factos como resultado
da acção de uma substância sobre outra sem poder reconhecer-se uma relação sensível
entre a causa e o efeito. Somente a gente culta e acostumada a comparar e a deduzir,
pode formular uma certa ideia supra-sensível capaz de distinguir tudo o que é material
ou mecânico e do que não é. Chama a tais efeitos, efeitos dinâmicos, virtuais, quer
dizer, que resultam de uma energia e acção absolutas, específicas e puras, de uma
substância sobre a outra.
Por exemplo, o efeito dinâmico das influências patológicas sobre o Homem são,
assim como a energia dinâmica das medicinas sobre o princípio vital para o
restabelecimento da saúde, não é mais que uma infecção, mas de nenhum modo material
ou mecânica. Exactamente como não é material nem mecânica a energia atractiva de um
íman sobre um pedaço de aço ou de ferro. Vê-se que a peça de ferro é atraída por um
polo do íman, mas como é atraída, isso ninguém vê. Esta energia invisível do íman
não necessita de meio auxiliar mecânico ( material ), gancho ou alavanca para atrair o
ferro. Esta energia saca-a de si mesmo e é a que faz acção sobre a peça de ferro ou
agulha de aço de um modo invisível, imaterial e essencial, quer dizer, dinamicamente, e
comunica-lhe esta qualidade magnética que é invisível também ( dinâmica ). A agulha
de aço magnetiza-se, também a distância do íman e por conseguinte, sem tocar-lhe,
adquirindo a propriedade de magnetizar outras agulhas, com a qualidade magnética que
lhe comunicou a barra magnetizada, do mesmo modo que uma criança com varicela ou
sarampo, pega, a outra pessoa sã que tenha terreno, sem que haja contacto, de um modo
invisível ( dinamicamente ), a varicela ou o sarampo, quer dizer, o infecta à distância
sem que nada material vá ou possa ir da criança infectada ao que devia infectar-se. Uma
influência puramente específica e essencial comunicou à criança que tinha terreno, a
varicela e o sarampo, do mesmo modo que o íman comunicou à agulha a sua
propriedade magnética. Da mesma maneira deve julgar-se o efeito das medicinas sobre
o organismo humano. As substâncias que se usam como medicinas, somente são tal
coisa em que cada uma possua a sua energia específica para alterar dinamicamente e
essencialmente o estado de saúde, obrando por meio das fibras sensitivas, sobre o o
princípio essencial e director da vida. As propriedades medicinais destas substâncias
materiais que propriamente chamamos medicinas, relacionam-se só com o seu poder de
produzir alterações no estado de saúde animal. A sua influência essencial ( dinâmica ) e
medicinal capaz de alterar a saúde, depende deste princípio essencial da vida. Assim
como a proximidade de um polo magnético não pode transmitir mais que energia
magnética à agulha ( a saber, por uma forma de contágio ou infecção ) e não outras
propriedades ( mais dureza ou ductilidade, etc. ), assim também cada substância
medicinal especial, altera como por infecção, a saúde do Homem de uma maneira
peculiar a outra, exactamente como a proximidade da criança com varíola não poderá
comunicar ao são mais que varicela e não sarampo. Estas medicinas tratam todo o nosso
organismo são sem contacto por parte material da substância medicinal, mas sim
dinamicamente, como por infecção ou contágio. A energia curativa manifesta-se muito
mais num caso em que a dose dada é mais pequena do melhor medicamento
dinamizado, pelo qual só pode haver, conforme os cálculos, tão pouca substância
material que a sua pequenez impede imaginá-la e concebê-la pelo melhor matemático,
que com grandes doses da mesma medicina em substância. Essa dose muito pequena,
pode, no entanto, conter quase toda a energia medicinal pura e essencial, amplamente
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(8). – não é de utilidade prática para o médico saber como a força vital determina o
organismo para desenvolver os fenómenos morbosos, quer dizer, como produz a
doença, a que sempre permanecerá oculta para ele; o dono da vida só descobriu os seus
sentidos , o que necessita para conhecer a doença é o suficiente, em absoluto, para poder
curar.
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O único que produz as doenças é a força vital ; morbosamente afectada (8), por
conseguinte os fenómenos morbosos acessíveis aos nossos sentidos expressam ao
mesmo tempo toda a mudança interior, quer dizer, todo o transtorno morboso do
dinamismo interno; por outras palavras, revelam toda a doença; por isso o
desaparecimento, devido ao tratamento, de todos os fenómenos e alterações morbosas
distintas das funções vitais em estado de saúde, sem dúvida afecta e necessariamente
implica o restabelecimento integral da força vital, e por tanto, a volta ao estado de saúde
de todo o organismo.
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por conseguinte, a doença ( que não fica perante o domínio da cirurgia ) considerada
pelos alopatas como uma coisa distinta do todo o vivente, do organismo e da força vital
que o anima, oculta no interior e por mais subtil que a considere, é um absurdo que só
se podia imaginar um cérebro materialista, e que deram por muitos anos ao sistema
médico predominante todo esse impulso nocivo que fez dele uma arte (não curativa )
verdadeiramente prejudicial.
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não há nada patológico no interior do corpo, nem tão pouco alteração morbosa
visível, susceptível de curar-se, que não se dê a conhecer por si mesma a observação
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correcta do médico, por meio de sinais e de sintomas; disposição esta que está em
perfeita harmonia com a infinita bondade do sábio conservador da vida humana.
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a nossa força vital , sendo um poder dinâmico, não pode ser atacada e afectada
por influências nocivas sobre o organismo são produzidas por forças externas hostis que
perturbam o funcionamento harmonioso da vida, mais que de um modo imaterial (
dinâmico ); e de maneira semelhante a todas essas desordens patológicas ( doenças ),
não pode o médico removê-las de outra maneira se não pelo poder imaterial ( virtual e
dinâmico ) (9) das medicinas úteis e oportunas sobre a força vital, que as prescreve por
meio da faculdade sensitiva existente em todo o corpo, de modo que somente pela sua
acção dinâmica sobre a força vital o remédio deverá restabelecer e restabelece a saúde e
harmonia vital, depois que as mudanças na saúde do paciente, perceptíveis por nossos
sentidos ( a totalidade dos sintomas ), revelaram ao médico cuidadosamente observador
e investigador, a doença, muito completa como seja necessário, a fim de permitir curá-
la.
(9). – A imaginação pode produzir uma perturbação suficiente da força vital dando
origem a uma doença grave, a qual pode curar-se pelo mesmo meio.
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toda a vez que a cura se sucede à extinção da totalidade dos sinais e sintomas
perceptíveis da doença, tem sempre por resultado o desaparecimento da mudança
interior do princípio vital, quer dizer, a total extinção da doença, (10) segue-se que o se
o médico resumir os sintomas fará desaparecer simultaneamente a mudança interior do
corpo e cessar o transtorno morboso da força vital, isto é, destruirá o total da doença, a
doença mesma. (11) mas destruir a doença é restabelecer a saúde, e este é o mais
elevado e único fim do médico que conhece o verdadeiro objecto da sua missão. Que
consiste em ajudar o próximo e não se pronunciar dogmaticamente.
(10). - Um sonho que avise, um capricho supersticioso ou uma profecia solene de que a
morte ocorrerá num certo dia e numa certa hora, produziram com frequência todos os
sinais de uma doença principiante ( que começa ) e progressiva, assinalada de uma
morte próxima e a morte mesmo à hora anunciada, o que não tinha sucedido sem a
produção simultânea de uma mudança interna ( correspondente ao estado que se notava
no exterior ); em consequência, em casos desta natureza, algumas vezes, já enganando o
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doente, ou infundindo uma convicção contrária que o médico conseguirá tirar a suma de
sintomas, fazendo desaparecer simultaneamente a mudança interior do corpo e cessar o
transtorno morboso da força vital, isto é, destruirá o total da doença, a doença mesmo.
(11) mas destruir a doença é restabelecer a saúde, e isto é o mais elevado e único fim do
médico que conhece o verdadeiro objectivo da sua missão. Que consiste em ajudar o
próximo e não prejudicar dogmaticamente.
(11). – assim é como Deus, o conservador da humanidade podia revelar a sua sabedoria
e a sua bondade no que se refere à cura das doenças que a afligem, fazendo ver ao
médico o que tem que tirar nelas para destruí-las e restabelecer deste modo a saúde. Mas
o que pensaríamos da sua sabedoria e bondade envolveu-se na misteriosa obscuridade
do que se deve curar nas doenças ( como afirma a escola dominante de medicina, que
pretende dar uma visão sobrenatural da essência intima das coisas ) e fechá-la no
interior oculto do organismo, de modo que impossibilitava ao Homem para conhecê-la
exactamente, e conseguinte para curá-la?
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agora bem; como as doenças não são mais que alterações no estado de saúde
do indivíduo, que se manifestam por sinais morbosos, e como a cura só é possível
também por uma volta ao estado de saúde do indivíduo doente, é evidente que as
medicinas nunca poderiam curar se não pusessem o poder de alterar o estado de saúde
do Homem, que consiste em sensações e funções; dependendo somente, a verdade ,
disto, o seu poder curativo.
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esta força imaterial que altera o estado de saúde do Homem, que permanece
oculta na essência íntima das medicinas, não podemos conhecê-la em si mesma, pelos
esforços só da razão; somente pela experiência que obtemos dos fenómenos que se
desenvolvem quando actuam sobre o organismo são, podemos Ter um conhecimento
claro dela.
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agora bem; como o princípio curativo das medicinas não é perceptível por si
mesmo e como na experimentação pura delas, realizada pelos observadores mais
perspicazes, nada pode observar-se que os faça considerar como medicinas ou remédios,
excepto esse poder de produzir alterações distintas no estado de saúde do organismo
humano, e particularmente no da saúde individual, e de excitar o aparecimento de
vários sintomas morbosos definidos; daqui se segue que quando as medicinas actuam
como remédios, somente podem exercer a sua virtude curativa, alterando a saúde do
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mas como em todas as doenças não se descobre nada que seja preciso tirá-las
para convertê-las em saúde, mas sim o conjunto dos seus sintomas e de seus sinais, e
como nos medicamentos tão pouco se observa nada de curativo se não é a faculdade de
produzir sintomas morbosos nos homens sãos e de fazê-los desaparecer nos doentes,
segue-se daqui por uma parte que os medicamentos não tomam o carácter de remédios,
nem podem extinguir as doenças se não excitando certas efeitos e sintomas, quer dizer,
produzindo certo estado morboso artificial que remove e anula os sintomas já existentes,
isto é, a doença natural que quer curar. Por outro lado, segue-se também que pela
totalidade dos sintomas da doença que se trata de curar, deve buscar-se ( segundo tenha
demonstrado a experiência, que os sintomas morbosos sejam destruídos de modo mais
rápido, mais certo e mais duradouro, voltando-os ao estado de saúde, já seja por
sintomas medicinais semelhantes ou opostos ) que tenham a maior tendência a
produzir sintomas semelhantes ou opostos.
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agora bem, como queria que em todo o ensaio cuidadoso, a experiência pura
(13), o único infalível da arte de curar, ensina-nos que o medicamento que em sua acção
sobre o homem são produziu o maior número de sintomas semelhantes aos que se
observam na doença que se trata de curar, tem também, quando se emprega em doses de
atenuação e potência apropriadas, a faculdade de destruir rápida, radical e
permanentemente, a totalidade dos sintomas do estado morboso, quer dizer, ( *6 - *16 )
toda a doença actual convertendo-a em saúde; e que todas as medicinas curam, sem
excepção, aquelas doenças cujos sintomas têm uma semelhança muito estreita com os
seus, sem deixar de curar uma só dessas doenças.
(13).- Não quero dizer que essa classe de experiência de que tanto se lisonjeiam os
práticos vulgares da antiga escola; quem, depois de Ter combatido com um monte de
receitas complicadas e numerosas doenças que nunca investigaram cuidadosamente,
mas que, fieis aos dogmas da sua escola, as consideram como já descritas nas obras da
patologia sistemática, e sonham em poder descobrir nelas algum princípio morbífico
imaginário, ou achar-lhe alguma outra anormalidade interna e hipotética. Sempre vêem
algo nelas, mas não sabem o que viram, e obtêm resultados, das forças complexas que
tiram sobre um objecto desconhecido, que nenhum humano poderia desembaraçar, mas
sim somente Deus, resultados dos quais não pode aprender-se nada, nem adquirir
experiência. Cinquenta anos de experiências desta classe são como cinquenta anos
passados a olhar num caleidoscópio objectos coloridos e desconhecidos em perfeito
movimento; milhares de figuras mudando sempre, sem dar-se conta delas!
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Isto se funda na seguinte lei homeopática da natureza que, a verdade, foi alguma
vez suspeitada vagamente, mas não reconhecida até hoje de maneira completa e a que se
deve toda a cura verdadeira que teve lugar:
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(15).- A curta duração do poder das forças morbíficas artificiais, que chamamos
medicinas, faz com que seja possível, ainda que sejam mais fortes que as doenças
naturais podem, contudo, ser mais facilmente vencidos pela força vital, que as doenças
naturais mais débeis; as quais unicamente devido à sua duração mais ampla, geralmente
tanto como a vida ( psora, sífilis, sicosis ) nunca podem ser vencidas e extinguidas pela
dita força vital só, até que o médico tira sobre ela de uma maneira mais energética por
meio de um agente que produza uma doença muito semelhante, mas mais forte, quer
dizer, um medicamento homeopático. A cura de doenças de muitos anos de duração (
*46 ), devido à varíola e ao sarampo ( as quais recorrem num curso de poucas semanas
), são processos de carácter semelhante.
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). De modo que evidentemente todo o organismo humano vivo, está sujeito a ser
afectado, ou como inoculado, pela doença medicamentosa todo o tempo e
absolutamente ( incondicionalmente ) e que, como antes disse, não é o caso com as
doenças naturais.
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(17).- Um facto notável em colaboração disto é o que teve lugar antes do ano de 1801,
quando a escarlatina lisa de Sydenham, prevalecia todavia, de tempo em tempos,
epidémicamente entre as crianças e a qual atacava sem excepção a todos os que tinham
escapado a uma epidemia anterior; numa semelhante que presenciei em Konigslutter,
pelo contrário, todas as crianças que tomaram oportunamente uma dose muito pequena
de Belladona, permaneceram imunes a esta doença infantil muito infecciosa. Se os
medicamentos podem proteger contra uma doença que se ensanguentou por todos os
lados, devem possuir um poder de afectar a nossa força vital, superior num enorme
gosto.
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Para ilustrar isto, consideremos em três diferentes casos, tanto o que acontece na
natureza quando duas doenças não semelhantes coexistem numa pessoa, como também
o resultado do tratamento médico ordinário das doenças com as inconvenientes drogas
alopáticas, que são incapazes de produzir uma condição morbosa artificial semelhante à
doença que se trata de curar, com o qual se demonstra que também a natureza mesmo é
incapaz de remover uma doença já existente por outra que não seja homeopática, por
forte que seja, e igualmente passa com o emprego não homeopático, ainda os
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medicamentos mais energéticos, que nunca poderiam curar uma doença, seja a que
fosse.
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I – Se duas doenças não semelhantes que coexistem no ser humano são de igual
intensidade, ou todavia mais, se a antiga é a mais forte, a nova será desprezada pela
antiga e não permitirá que afecte o organismo. Um paciente que sofre de uma doença
crónica grave não se infectará por uma desinteria benigna do Outono ou de outra doença
epidémica. A peste de Levante, segundo Larry, (18) não se apresenta aonde o escorbuto
é endémico, e os que sofrem de eczema tão pouco se infectam dela. Jenner alega que o
raquitismo impede a evolução da vacina. Os que sofrem de congestão pulmonar não
estão predispostos aos ataques de febres epidémicas de carácter não muito violento,
segundo Von Hildenbrand.
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II – A doença nova não semelhante é a mais forte. – neste caso a doença debaixo da
qual o paciente vivia primitivamente, sendo a mais débil, será detida e suspensa pelo
aparecimento da mais forte, até que esta percorra o seu curso ou seja curada; então a
antiga reaparece não curada. Segundo observou Tulpius (20) das crianças doentes de
certa forma com epilepsia, viram-se livres dos ataques depois de Terem-se infestado de
tinta ( impetigo – erupção cutânea ); como rapidamente a erupção da cabeça
desapareceu a epilepsia voltou ao mesmo que antes. A sarna, segundo observou Schopf
(21) desapareceu ao aparecer o escorbuto, mas depois de curado este, aquela reapareceu.
Assim também a tuberculose pulmonar permaneceu estacionária ao ter atacado o
paciente por um tifo violento, mas seguiu a sua marcha depois que o tifo recorreu o seu
curso. (22)
Se se apresenta a mania a um tísico, a tuberculose pulmonar com todos os seus sintomas
desaparece, mas se cessa a mania, a tuberculose volta imediatamente e é fatal. (23)
quando o sarampo e a varíola dominam juntos, e ambas atacam a mesma criança, o
sarampo que já existia, geralmente é moderado pela varíola que se apresentou mais
tarde; o sarampo não termina o seu curso até que termine a varíola; mas não é raro que
aconteça que a infecção variólica se suspenda por quatro dias pelo aparecimento do
sarampo, depois de cuja descamação a varíola complete o seu curso, como foi
observado por Manget.(24) ainda que a infecção variólica tenha seis dias, quando o
sarampo se apresenta, a inflamação da infecção variólica permanece estacionária e não
contínua, até que o sarampo tenha completado o seu curso regular de sete dias.(25)
numa epidemia de sarampo, esta doença atacou muitos indivíduos no quarto ou quinto
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dia da existência da varíola e impediu o desenvolvimento desta, até que tivera recorrido
o seu curso próprio, então a varíola reapareceu e procedeu regularmente a sua
terminação.(26) A verdadeira escarlatina lisa e erisipelatóide de Sydenham (27) com
angina, desapareceu ao quarto dia ao aparecer a vacina que recorreu o seu curso normal
e até que esta terminou estabeleceu-se de novo a escarlatina. Mas noutras ocasiões,
como ambas as doenças parecem Ter potência igual, a vacina suspendeu-se ao oitavo
dia com o aparecimento verdadeiro da escarlatina lisa de Sydenham e a aureola da
vacina desapareceu até que a escarlatina terminasse, então imediatamente a vacina
continuou o seu curso até à sua terminação normal (28). O sarampo deteve a evolução
da vacina; ao oitavo dia quando a vacina estava em pleno desenvolvimento, apareceu o
sarampo, então a vacina permaneceu estacionária e não reanundou e completou o seu
curso mas até à descamação do sarampo, de modo que em dezasseis dias apresentava o
aspecto que de outra maneira tivera tido ao décimo dia, segundo observou Kortum (29).
Ainda depois de existir o sarampo a vacina perdurou, mas não recorreu o seu
curso até que o sarampo tivesse desaparecido, como igualmente observou Kortum (30).
Eu mesmo vi desaparecer a papeira ( angina parótidea ) imediatamente que a
vacina evoluiu e alcançou o seu máximo de desenvolvimento, e não foi a sua
terminação completa e o desaparecimento da sua aureola, que esta tumefacção febril das
parótidas e glândulas submaxilares, que é causada por um miasma peculiar, reapareceu
e percorreu o seu curso de sete dias.
E assim sucede com todas as doenças não semelhantes; a mais forte detém o
desenvolvimento da mais débil ( quando não se complicam o que é raro nas doenças
agudas ), mas nunca uma cura a outra.
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Agora bem, os adeptos da escola médica vulgar viram tudo isto por muitos
centenários; viram que a mesma Natureza não pode curar nenhuma doença por meio de
outra, por forte que seja, se a doença nova é não semelhante à existente no corpo: Que
pensaremos deles, que apesar disto, continuam tratando as doenças crónicas com
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III – A doença nova, depois de Ter actuado algum tempo no organismo, no fim une-se
à antiga que é não semelhante, e forma com ela uma doença complexa, de modo que
cada uma ocupa uma localização especial no organismo, quer dizer, os órgãos
peculiarmente adaptados a ela e somente o lugar que especialmente lhe pertence,
enquanto deixa os órgãos restantes a outra doença que lhe é não semelhante. Assim um
sifilítico pode atacar-se de sarna e vice versa. Pois duas doenças não semelhantes não
podem destruir-se, não podem curar-se uma à outra. Ao princípio os sintomas
venéreos são acabados e suspensos quando a erupção psórica começa a aparecer; com o
tempo, no entanto ( como a sífilis é ou menos tão forte como a psora ), as duas juntam-
se (32), isto é, cada uma ataca somente aquelas partes do organismo que lhe são mais
afins, e deste modo o paciente faz-se mais doente e mais difícil de curar.
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(33). – Véase Transactions of a Society por the Improvement of Mat. And Chir.
Knowledge, ii.
(34). – Em Edinb. Med. Comment., III, p. 480.
(35). – Na Med. And Phys. Journ., 1805.
(36). – Ópera, ii, p. I., cap. 10.
(37). – Em Hufeland’s Journal, XVII
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(38). – Porque o mercúrio, além dos sintomas morbosos que em virtude da sua
semelhança possa curar homeopáticamente a doença venérea, têm entre os seus efeitos
muitos outros distintos dos da sífilis, por exemplo, o inchaço e a ulceração dos ossos, e
se é empregado em grandes doses, produz novas doenças e grandes estragos no corpo,
especialmente quando se complica com a psora, como é frequentemente o caso.
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Duas doenças semelhantes não podem nem ( como se afirmou das doenças não
semelhantes no I ) repelir-se uma à outra, nem ( como se viu no que diz respeito às
doenças não semelhantes no II ) suspender-se a uma da outra, de maneira que a antiga
volte depois que a nova tenha percorrido o seu curso; e exactamente o mesmo, não
podem duas doenças semelhantes ( como se demonstrou no II no que diz respeito às
afecções não semelhantes ) existir a uma junto da outra, no mesmo organismo, ou
ambos formarem uma doença dupla ou complicada.
*45
Não! Duas doenças, que diferem, certamente, na espécie (*), mas muito
semelhantes nas suas manifestações e efeitos e nos sofrimentos e sintomas que
produzam individualmente, invariavelmente se destruam uma à outra quando se
encontram juntas no organismo; quer dizer, a mais forte destrói a mais débil, pela
simples razão de que o poder morbífico fica mais forte quando invade o organismo,
devido à sua similitude de acção, ataca precisamente as mesmas partes que previamente
tinha afectado a irritação morbífica mais débil, que, por conseguinte, não podendo
actuar por mais tempo nelas, extingue-se (39), ou ( por outras palavras ), a nova
potência morbífica semelhante, mas mais forte, domina as sensações do paciente e por
isso o princípio vital pela razão da sua peculiaridade ( da sua característica ), não pode
por mais tempo sentir a acção semelhante mais débil que então se extingue, ( não existe
mais, pois não era nada material, se não uma afecção dinâmica ). Daí em diante, o
princípio vital somente é afectado, e isso temporariamente, pela potência morbífica
nova e semelhante, mas mais forte.
*46
19
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20
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*47
Nada podia ensinar ao médico a maneira mais clara e convincente que o anterior
, que classe de agentes morbíficos artificiais ( medicina ) deve escolher para curar de um
modo seguro, rápido e permanente, conforme com os processos que se verificam na
natureza.
*48
Nem com esforços naturais, como temos visto nos exemplos anteriores, nem
com a arte do médico, uma doença ou afecção existente, pode em nenhum caso, ser
removida por um agente morbífico não semelhante, por forte que seja, se não somente
por uma que seja semelhante em sintomas e algo mais forte, conforme às leis eternas
e irrevogáveis da natureza, que até hoje não tinham sido reconhecidas.
*49
21
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*50
Como temos visto, a mesma Natureza poderosa têm debaixo do seu domínio
poucas doenças além das miasmáticas de carácter constante ( a sarna ), o sarampo e a
varíola, (58) agentes morbíficos ( 59) que como remédios são, o mais perigoso para a
vida e que devem temer-se mais que a doença que se trata de curar, ou são de tal
natureza ( como a sarna ) que, depois de Ter efectuado a cura, necessitam ser curados a
fim de desenraizá-los por sua vez do organismo, ambas as circunstâncias que fazem o
seu emprego, como remédios homeopáticos, difícil, incerto e perigoso. E quanto são
poucas as doenças a que o Homem está sujeito, que encontram o seu remédio
semelhante na varíola, o sarampo e a sarna! Daí que com os processos da natureza,
poucas doenças possam curar-se com estes remédios homeopáticos incertos e
arriscados, e as curas realizadas por este meio estão também acompanhadas de perigo e
muita dificuldade, pela razão de que as doses destas potências morbíficas não podem
diminuir-se de acordo com as circunstâncias, como pode fazer-se com os
medicamentos; pois o paciente afectado da semelhante doença de longa duração, deve
estar sujeito a todas as doenças perigosas e moléstias; a todos os sintomas da varíola, do
sarampo ( ou sarna ) que por sua vez deverão curar-se. E no entanto, como se viu,
podemos assinalar algumas curas homeopáticas notáveis efectuadas por esta
coincidência feliz, todo o qual é prova indiscutível da grande e única lei terapêutica da
natureza que as realiza: curar com sintomas semelhantes!
*51
Esta lei terapêutica, por meio destes factos que são amplamente suficientes para
este fim, manifestam-se com claridade a todo o cérebro inteligente. Mas, por outra
parte, veja-se quantas vantagens têm o homem sobre os procedimentos azarados e
felizes da natureza imperfeita. Quantos milhares mais de agentes morbíficos
homeopáticos não tem o Homem à sua disposição para aliviar os sofrimentos dos seus
próximos, nas substâncias medicinais universalmente distribuídas na criação! Nelas tem
produtores de doenças de todas as variedades possíveis de acção, para todas as
inumeráveis, concebíveis ou inconcebíveis doenças naturais, as que pode prestar ajuda
homeopática, agentes morbíficos ( substâncias medicinais ) cujo poder, quando o seu
emprego como remédio terminou, é destruído pela força vital e desaparece
espontaneamente sem necessidade de um segundo tratamento para a sua extirpação,
como a sarna, agentes morbíficos artificiais que o médico pode atenuar, subdividir e
potenciar quase até ao infinito e cuja dose pode diminuir o grau tal que está só
ligeiramente mais forte do que a doença natural semelhante que se trata de curar; de
modo que com este método incomparável de cura, não há necessidade de nenhum
ataque violento ao organismo, para desenraizar uma doença ainda que fosse inveterada e
muito antiga; a cura com este método realiza-se unicamente por uma transição suave,
imperceptível e menos rápida do estado da doença natural torturante ao de saúde
permanente e desejada.
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*52
Não existem mais do que dois métodos principais de cura: um baseado somente
na observação estrita da natureza, nas experimentações cuidadosas e na experiência
pura, o homeopático ( nunca usado intencionalmente antes de nós ) e um segundo
método que não actua assim, o heteropático ou alopático. Um se opõe ao outro, e só ele
que não conhece ambos pode sustentar o erro que alguma vez podem aproximar-se ou
não unir-se, ou cometer o ridículo de praticar uma vez homeopáticamente e outra
alopaticamente, de acordo com o gosto do paciente; prática que deveria chamar-se
traição criminal contra a divina Homeopatia.
*53
*54
(61). – Até aos tempos mais recentes supôs-se que o que há-de curar nas doenças é algo
material que tem que destruir-se; posto que nenhum concebia o efeito dinâmico dos
agentes morbíficos, igual à acção das medicinas sobre a vida do organismo animal.
(62). – Para acumular a medida até ao desdobramento da vaidade própria misturaram-se
( com erudição ), a verdade, de maneira constante, muitos medicamentos diferentes nas
chamadas prescrições para administrar-se em doses frequentes e grandes, e desta
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maneira a vida humana preciosa e frágil estava em perigo em mãos destes renegados.
Especialmente era assim com o uso do sedante, da sangria, dos eméticos, dos purgantes,
dos emplastos, fontes e cauterizações.
*55
*56
(63). – Entendeu-se criar um terceiro modo de empregar as medicinas nas doenças por
meio da chamada Isopatia, quer dizer, um método de curar uma doença dada com o
mesmo princípio contagioso que a produz. Mas ainda concedendo que isto pudesse
fazer-se, apesar disso, como depois de tudo, o vírus administra-se no paciente, muito
potenciado, e por conseguinte, numa condição alterada, a cura efectua-se só por opor
um simillimum a um simillimum.
Planear curar por meio da mesma potência morbífica ( Idem ), contradiz todo o
conhecimento normal e portanto toda a experiência. Os que primeiro deram a conhecer
a Isopatia, provavelmente pensaram no beneficio que a humanidade recebe com a
vacina por cujo meio o indivíduo vacinado é protegido contra a futura infecção variólica
e como se fosse curado de antemão. Mas a vacina e a varíola só são semelhantes, e de
nenhum modo a mesma doença. Difere em muitas das suas manifestações,
principalmente no curso mais rápido e na benignidade da vacina, e sobretudo em que
nunca é contagiosa por mera proximidade. A vacinação universal pôs fim a todas as
epidemias da mortífera e temida varíola a tal grau que a geração actual não possui já
uma ideia clara das primeiras pragas espantosas da varíola.
Além disso, deste modo, sem dúvida, certas doenças peculiares aos animais
podem dar-nos remédios e potências medicinais para importantes doenças humanas
muito semelhantes e assim aumentar afortunadamente a nossa provisão de remédios
homeopáticos.
Mas usar uma substância morbífica humana ( um Psorinum tomado da sarna
humana ) como um remédio para a mesma sarna ou para as consequências nocivas que
nascem dali e.....?
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Não pode resultar disto nada mais que prejuízo e agravação da doença.
*57
Para poder levar à prática este modo antipático, o médico vulgar dá, para um só
sintoma molesto de entre outros muitos da doença a que não dá importância, um
medicamento que se sabe que produz sintomas exactamente opostos ao morboso que se
pretende dominar, do qual pode esperar o alívio ( paliativo ) mais rápido. Das grandes
doses de ópio para toda a classe de dores, porque esta droga enerva com rapidez a
sensibilidade, administra o mesmo remédio para as diarreias porque detém rapidamente
o movimento peristáltico do intestino e o faz insensível; e também na insónia porque o
ópio com rapidez produz um sono estuporoso e comatoso; dá purgantes quando o
paciente sofreu muito tempo de obstipação; faz introduzir a mão queimada em água fria
que parece tirar, como por magia, instantaneamente a dor ardorosa , devido à sua
temperatura baixa; põe ao paciente que sofre de frieiras e deficiência do calor vital num
banho quente que o reconforta rapidamente; faz ingerir vinho ao que sofre de debilidade
prolongada, com o qual instantaneamente o reanima e vivifica; e do mesmo modo
emprega outros remédios opostos ( antipáticos ), mas possui muito poucos além dos que
se acabam de mencionar, porque a escola médica vulgar só conhece a acção ( primária )
peculiar de muito poucas substâncias.
*58
(64). – por pouco que os médicos tenham tido até agora o hábito de observar com
precisão, não poderia escapar, de todo, a sua atenção, a agravação que certamente segue
o semelhante tratamento paliativo. Um exemplo notável disto encontra-se em J. H.
Schulze’s Diss. Qua corporis humani momentarearum alterationum specimina
quoedam expenduntur, Haloe, 1741 *28. Willis sustem o mesmo testemunho de algo
semelhante ( Pharm, rat., *7, cap. I, p298 ) “ Opiata dolores atrocissimos plerumque
sedant atque indolentiam procurant, eanque – aliquamdiu et pro stato quodam tempore
continuant, quo spatio elapso dolores mox recrudescunt et brevi ad solitam ferociam
angentur “. e também na página 295: “ Exactis opuviribus illico redeunt tormina, nec
atrocitatem suam remittunt, nisi dum ab eodem pharmaco rursus incautuntur. “ do
mesmo modo J. Hunter ( On the veneral disease, p. 13 ) diz que o vinho e os cordiais
dados a um debilitado aumentam a energia sem dar vigor real, e o poder orgânico desce
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depois proporcionalmente como subiu, pelo qual nada se ganhou, e sim muito se
perdeu.
*59
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*60
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(1). – O tradutor aqui escreveu Broussau e também Brousseau. Nós cremos que haja
um erro nisto, e pomos Broussais, porque este foi o célebre médico francês ( Francisco
José Victor ) que aplicava o método antiflogístico ( sangrias, etc. ) a que se refere
Hahnemann. Este método de Broussais, é o chamado fisiologismo. Nos seus últimos
anos de vida Broussais, converteu-se à Homeopatia. – Nota do Dr. R. Romero.
*61
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*67
(67). – só em casos muito graves, em que o perigo que corre a vida, e o iminentemente
da morte não dessem tempo a um medicamento homeopático para actuar, e não
admitissem demora alguma de horas nem minutos, em doenças que aparecessem de
repente a pessoas que pouco antes estavam sãs, como a asfixia, a fulguração, a
sufocação, a congelação, sumerssão, etc. só nestes casos é permitido e
convenientemente começar ao menos por reanimar a irritabilidade e a sensibilidade (a
vida física) com a ajuda dos paliativos, tais como ligeiras comoções eléctricas, clisteres
de café muito carregado, odores excitantes, a acção progressiva do calor, etc. quando se
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realizou este estímulo, o jogo dos órgãos vitais continua fisiológicamente como antes,
posto que aqui não havia doença (*) a remover, se não uma suspensão ou opressão única
da força vital. A esta categoria pertencem também diversos antídotos que se empregam
nos envenenamentos repentinos: os álcalis (óxidos metálicos) contra os ácidos minerais,
o enxofre do fígado contra os venenos metálicos, o café, a cânfora ( e a Ipecuana) para
os envenenamentos pelo ópio, etc.
Não porque alguns dos sintomas do remédio homeopático correspondam
antipaticamente a alguns sintomas morbosos de média ou pouca importância, há-de
crer-se que o remédio foi mal seleccionado; pois como tal que os outros sintomas da
doença, os que são mais fortes e mais marcados (característicos) e peculiares sejam
cobertos e igualados pela mesma medicina pela similitude dos seus sintomas, quer
dizer, dominada, destruída e aniquilada; os poucos sintomas opostos também
desaparecem por si mesmos depois que termina a acção do medicamento, sem retardar
a cura no mais mínimo.
(*). – apesar disso, a nova seta que mistura os dois sistemas apela ( se bem que
em vão), a esta observação, a fim de poder Ter uma desculpa para encontrar por todas as
partes tais excepções à regra em geral nas doenças e justificar o cómodo emprego de
paliativos alopáticos e outras imundices nocivas só por motivo de libertar a moléstia de
investigar o remédio homeopático apropriado para cada caso morboso e assim
comodamente aparecem como médicos homeopatas, sem sê-lo. Mas a sua actuação está
ao mesmo nível que o sistema que exercem; estão viciados.
*68
*69
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dinamicamente (por exemplo, o poder estupefaciente do ópio no que diz respeito à dor).
Ao princípio da força vital mantêm-se perfeitamente bem, e nem sente nem o estupor do
ópio nem a dor da doença. Mas como o sintoma medicinal antagónico não pode (como
no tratamento homeopático) ocupar o lugar do desvio morboso presente no organismo
como uma doença semelhante, mais forte, e não pode, portanto como um medicamento
homeopático, afectar a força vital com uma doença artificial semelhante, de modo que
seja capaz de penetrar no campo da perturbação morbosa natural primitiva; o
medicamento paliativo sendo uma coisa totalmente diferente e oposta ao desvio
patológico, deixa esta intacta; volta, como se disse antes, por uma neutralização
dinâmica aparente(68) imperceptível à força vital, mas como toda a doença medicinal,
pronto extingue-se espontaneamente e não só deixa atrás de si a doença tal como era
antes, que impede a força vital (pois tem que dar-se, como todo o paliativo, em grandes
doses a fim de realizar a eliminação aparente) a produzir uma condição oposta (*63 -
*64) a este medicamento paliativo, o inverso da acção medicinal, por conseguinte, o
análogo da perturbação morbosa natural presente e não destruída que necessariamente é
reforçada e alimentada(69) por esta adição (reacção contra o paliativo) produzida pela
força vital. O sintoma morboso (esta parte individual da doença) por conseguinte
piora depois que cessa a acção do paliativo; agravação em proporção com a
magnitude das doses. Conforme a magnitude das doses de ópio (para conservar o
mesmo exemplo) administrada para acalmar a dor, tanto mais aumenta a dor baixando a
sua intensidade original, tão pronto como esgotou a sua acção (70).
(69). – tão clara como é esta proposição, foi mal compreendida, e em oposição a ela
alguém afirmou “ que o paliativo na sua acção secundária, que seria então semelhante à
doença actual, podia ser capaz de curar exactamente tão bem como um medicamento
homeopático o faria pela sua acção primária “. mas não reflectiram que a acção
secundária não é um produto do medicamento se não invariavelmente da acção
antagónica da força vital do organismo; que portanto esta acção secundária que resulta
da força vital, pelo emprego de um paliativo, é um estado semelhante aos sintomas da
doença que não foi desenraizada por ele, pelo que a reacção da força vital contra o
paliativo, aumenta, por conseguinte, todavia mais.
(70). – como sucede quando num calaboiço escuro em que o prisioneiro com
dificuldade poderia reconhecer os objectos próximos a ele, acende-se álcool
repentinamente, tudo se ilumina instantaneamente de um modo muito consolador para o
infeliz recluso; mas quando se extingue, quanto mais brilhante foi a chama, tanto mais
negra é a noite que agora a envolve, e faz todas as coisas em redor dele mais difíceis de
ver que antes.
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*70
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*72
no que diz respeito ao primeiro ponto, o seguinte servirá como uma noção
preliminar geral. As doenças a que o Homem está sujeito são já processos rápidos e
morbosos da força vital anormalmente desviada que têm a tendência a terminar o seu
período mais ou menos rapidamente, mas sempre num tempo de duração média, que se
chamam doenças agudas; ou são doenças de carácter tal que, com um princípio
pequeno e imperceptível, desviam dinamicamente o organismo vivo, cada uma à sua
maneira peculiar, que o obrigam a separar-se gradualmente do estado de saúde de tal
modo que a energia vital automática, chamada força vital, cujo fim é preservar a saúde,
somente os opõe ao princípio e durante o seu curso, uma resistência imperfeita,
imprópria e inútil, que é capaz por si mesma de destruir e as desenvolve
irremediavelmente, sendo cada vez mais afastada do normal, até que no fim o
organismo se destrói; estas doenças chamam-se crónicas. São causadas por infecção
dinâmica com um miasma crónico.
*73
enquanto as doenças agudas, podem ser de tal natureza que afectem o organismo
humano individualmente, sendo a causa excitante influências prejudiciais às que se
expuseram particularmente. Os excessos na alimentação ou a sua deficiência,
impressões físicas intensas, esfriamentos, encaloramentos, dissipações, esforços, etc. ou
irritações físicas, emocionais mentais, e outras semelhantes, são causas excitantes de
tais afecções febris agudas; no entanto, na realidade, geralmente só são exposições
passageiras da Psora latente que espontaneamente volte ao seu estado latente se a
doença aguda não foi de carácter demasiado violento e reprimido logo. Ou são de tal
natureza que atacam as várias pessoas ao mesmo tempo, aqui e ali (esporadicamente),
por meio de influências atmosféricas ou telúricas ou agentes nocivos; a susceptibilidade
de ser morbosamente afectado por eles, só a possuem poucas pessoas às vezes. A estas
doenças pertencem as que atacam muitas pessoas com sofrimentos muito semelhantes
da mesma origem (epidémicamente); estas doenças geralmente ficam infecciosas
(contagiosas) quando prevalecem entre massas compactas de indivíduos. Por esta razão
produzem febres (71), em cada caso de forma peculiar e devido a que a doença tem uma
origem idêntica, determinam, em todos os que ataca, um processo morboso idêntico que
abandonado por si mesmo termina num espaço de tempo de duração médio, com a
morte ou com o restabelecimento. As calamidades da guerra, as inundações e a fome
são frequentemente as suas causas excitantes e produtoras; algumas vezes são miasmas
agudos peculiares que desapareceram da mesma maneira (daqui as se conhece por
algum nome tradicional), que umas vezes atacam as pessoas uma só vez na vida, como a
varíola, o sarampo, a tosse convulsa (coqueluche), a febre escarlatina de Sydenham,
(72) a papeira, etc. outros apresentam-se sempre da mesma maneira, como a peste do
Levante, a febre amarela, (*) a cólera asiática, etc.
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(72). – depois do ano de 1801, os médicos confundiram uma espécie de púrpura miliar
(Roodvonk) que vinha do Oeste, com a febre escarlatina, no entanto apresentava
sintomas totalmente diferentes, de que a última encontrava em Belladona o seu remédio
profilático e curativo e a primeira Acónito; a primeira era geralmente esporádica,
enquanto que a última era invariavelmente epidémica. Ultimamente parece como se as
duas se uniram ocasionalmente para formar uma febre eruptiva de natureza peculiar,
para a qual nem um nem outro remédio sós, eram-lhe completamente homeopáticos.
(*). – é muito excepcional, melhor dito, nunca repete a febre amarela; pois observou-
se que um primeiro ataque confere a imunidade. – Nota do Dr. R. Romero.
(73). – o único caso de pletora apresenta-se na mulher sã, vários dias antes da
menstruação com uma sensação de plenitude na matriz e seios, mas sem inflamação.
(74). – entre todos os métodos imaginários para aliviara as doenças, não se pode pensar
num mais inadequado, irracional e alopático que o Brousaismo, tratamento que debilita
por meio de sangrias e dieta de fome e que por muitos anos estendeu-se numa grande
parte do mundo. Nenhum homem inteligente pode ver nele nada médico ou ajuda
medicinal, pois as medicinas verdadeiras, ainda escondidas e administradas cegamente
num doente podem às vezes ser benéficas num dado caso, porque acidentalmente
apresentam homeopaticidade com dito caso. Mas da flebotomia ou sangria, o sentido
comum são não pode esperar mais que certa diminuição ou encurtamento da vida. É um
engano ou erro doloroso e sem base nenhuma que todas ou a maior parte das doenças
dependam de uma inflamação local. Ainda para a verdadeira inflamação local a cura
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*75
Estes transtornos da saúde realizados pela alopatia, que não é uma arte de curar,
(particularmente nos tempos actuais), são as mais deploráveis de todas as doenças
crónicas, as mais incuráveis; e sendo aumentada que é aparentemente impossível
descobrir ou encontrar remédios para curá-las quando alcançar um grande
desenvolvimento.
*76
(75). – se ao fim o paciente morre o que o tratou costuma apresentar aos pacientes
entristecidos os destroços orgânicos internos encontrados no exame post-mortem, não
como devido a sua falsa arte, senão que artificialmente sustem que são o resultado de
uma doença primitiva e incurável (ver o meu livro, Die Alloopatie, ein Wort der
Warnung na Kranke jeder Art, Leipzig, bei Baum – traduzido em Lesser Writings ).
As obras ilustradas de anatomia patológica exibem estas informações enganosas como
produto de tão lamentáveis erros. Os doentes do campo e os pobres da cidade que
faleceram sem suportar tratamentos nocivos e erróneos, “não são autopsiados desde o
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ponto de vista anatomopatológico” por regra geral. Não se podiam encontrar nos seus
cadáveres tais deformações e corrupção. Por este facto pode julgar-se o valor do
testemunho tirado destas belas ilustrações, assim como da honra destes autores e dos
livreiros.
*77
*78
*79
até agora só a Sífilis foi conhecida, até certo ponto, como tal doença miasmática
crónica, que sem medicação cessa somente com a terminação da vida. A sicose (doença
condilomatosa) igualmente não enraizada pela força vital sem tratamento médico
apropriado, não era reconhecida como doença miasmática crónica de carácter peculiar,
37
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*80
(77). – passei doze anos a investigar a origem deste grande número incrível de afecções
crónicas, indignando e reunindo provas seguras desta grande verdade desconhecida a
todos os observadores antigos e contemporâneos, e descobrindo ao mesmo tempo os
principais (antipsóricos) remédios que colectivamente são quase iguais a esta doença
monstruosa de mil cabeças em todos os seus desenvolvimentos e formas diferentes.
Publiquei as minhas observações sobre este assunto no livro com o titulo as doenças
crónicas (4 volumes, Dresden, Arnold - Segunda edição , Dusseldorf, Schaub). Antes
de Ter este conhecimento só podia ensinar a tratar o conjunto das doenças crónicas
como entidades patológicas isoladas ou individuais, com medicamentos cujos efeitos
puros tinham sido experimentados até a essa época, em sujeitos sãos; de modo que cada
caso de doença crónica era tratada pelos meus discípulos conforme o grupo de sintomas
que apresentavam, como se fosse uma doença idiopática, e era tão menos curada que a
humanidade doente gozava da vasta riqueza em medicamentos reunida já pelo nova arte
de curar. Quanto maior motivo de alegria existe agora que se alcançou quase em
absoluto a meta desejada, enquanto ao descobrimento recente dos remédios
homeopáticos muito mais específicos pelas afecções crónicas que vêm da Psora
(propriamente chamados remédios antipsóricos) e a publicação das instruções especiais
para a sua preparação e emprego, dentro das quais o verdadeiro médico pode agora
escolher com agentes curativos aqueles cujos sintomas medicamentosos correspondem
na forma mais semelhante (homeopática) à doença crónica que se trata de curar, e deste
modo com o emprego (antipsórico) de medicamentos mais apropriados a este miasma,
está capacitado para prestar um serviço mais essencial e quase invariável para realizar
uma cura perfeita.
*81
38
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*82
Ainda que pelo descobrimento dessa grande fonte de doenças crónicas, como
também pelos remédios específicos homeopáticos para a Psora, a medicina avançou
alguns passos cercando-se de conhecimento da natureza da maioria das doenças que têm
de curar, apesar disso, para fixar a indicação em cada caso de doença crónica (Psórica)
que o médico é chamado para curar, é tão indispensável o médico homeopata o dever de
uma cuidadosa compreensão dos seus sintomas observáveis e característicos, como o
era antes desse descobrimento, pois não pode verificar-se a cura real desta ou de
qualquer outra doença sem um tratamento estritamente pessoal (individualização) de
cada caso; somente existe alguma diferença na investigação segundo se trata de uma
doença aguda ou de rápido desenvolvimento ou de uma doença crónica; considerando
que nas doenças agudas os sintomas principais impressionam-nos e são evidentes aos
nossos sentidos com mais rapidez, e daqui que se requer muito menos tempo para trazer
o quadro patológico e um interrogatório breve, (80) como que tudo é evidente por si
mesmo, enquanto que numa doença que esteve gradualmente progredindo por vários
anos, os sintomas são muito mais difíceis de descobrir.
*83
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*84
(81). – cada interrupção rompe o laço das ideias do narrador e tudo o que tivesse dito ao
princípio, não volta a ocorrer exactamente do mesmo modo depois desta.
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começa outra linha com cada nova circunstância mencionada pelo doente ou
seus amigos, de modo que os sintomas estarão todos colocados separadamente uns
debaixo de outros. Deste modo poderá aumentar a qualquer um deles algo que ao
princípio tivesse sido relatado de uma maneira demasiado vaga, mas que
subsequentemente amplia-se com clareza.
*86
*87
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*88
(82). – por exemplo, o médico não deve perguntar: tal coisa ou tal outra não esteve
presente? – nunca deverá ser culpado de fazer semelhante sugestão, que tende o
paciente a sugerir uma resposta falsa e um relato não exacto dos seus sintomas.
(83). – por exemplo: qual é o carácter da sua deposição? Como urina? Como é o seu
sono diurno e nocturno? Qual é o estado do seu ânimo, do seu humor, da sua memória?
Como está a sede? Que gosto tem na boca? Que classe de alimentos ou bebidas gosta
mais? Quais são os mais repugnantes? Tem cada alimento o seu gosto natural perfeito
ou algum o tem estranhado? Como se sente depois de comer ou beber? Tem algo a dizer
a respeito da cabeça, dos membros ou do abdómen?
*89
(84). – por exemplo: com que frequência evacua? Qual é o carácter preciso das
evacuações? A evacuação branca é mucosa ou fecalóide? Tem ou não tem dores durante
a evacuação? Qual é a sua natureza exacta e aonde está localizado? Que vomitou o
doente? O mau gosto na boca, é pútrido, amargo ou ácido ou de que classe; antes ou
depois de comer ou durante a comida? Em que período do dia estava pior? Qual é o
sabor dos arrotos? A urina só ficava turva ao sentar-se ou está turva desde que a
expulsa? Qual é a cor quando a acaba de emitir? De que cor é o sedimento? Como se
porta durante o sono? Geme, queixa-se, grita ou fala enquanto dorme? Tem sobressaltos
durante o sono? Ronca ao inspirar ou ao expirar? Encosta-se sobre o dorso ou de que
lado? Tapa-se bem ou não suporta os lençóis? Desperta com facilidade ou dorme
profundamente? Como se sente imediatamente depois de despertar? Quando se
apresenta este ou aquele sintoma? Qual é a causa que o produz cada vez que se
apresenta? Vem quando está sentado, encostado, parado ou movendo-se? Só em
algumas, ou na manhã, ou na tarde, ou depois de tomar alimento ou quando se apresenta
comummente? Quando se apresentou o calafrio? Foi só uma sensação de frio ou estava
realmente frio ao mesmo tempo? Se assim foi, em que partes? Ou enquanto se sentia
com calafrios estava o seu tacto quente? Era só uma sensação de frio sem tremores?
Estava quente sem vermelhão na cara? Que partes do seu corpo estavam quentes ao
tacto, sentia calor sem estar quente ao tacto?
Quanto tempo durou o calafrio? Quanto o período de calor? Quando se apresentou a
sede, durante o frio, o calor, antes ou depois deles? Quanto intensa era a sede, e que
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*90
Quando o médico terminou de escrever estes pormenores, anota então o que ele
mesmo observou no doente, (85) e averigua se algo disto era peculiar, no estado de
saúde.
(85). – por exemplo: como se portou durante a visita, o doente. Se estava mal
humorado, brigão, apressado, chorão, ansioso, desesperado ou triste, cheio de
esperança, tranquilo, etc. se estava em estado de sonolência ou em algum estado de
compreensão difícil ou de movimento. Se falava rouco ou em tom baixo, ou
incoerentemente. Ou de que outra maneira falava? Qual era a cor da sua cara e olhos e
de sua pele em geral? Que grau de vivacidade e poder havia na sua expressão e nos seus
olhos? Qual era o estado da sua língua, seu hálito, o odor da sua boca e do seu poder
auditivo? As suas pupilas estavam dilatadas ou contraídas? Com que rapidez e em que
extensão se modificam na escuridão e na luz? Qual era o carácter do pulso? Qual a
condição do abdómen? Que grau de humidade ou calor, frieza ou secura ao tacto tinha a
pele desta ou daquela região, ou em geral? Se se encostava com a cabeça inchada até
trás, com a boca meio aberta ou completamente aberta, com os braços colocados
debaixo da cabeça, na sua coluna ou em qualquer posição. Que esforço fazia para
levantar-se? Deve anotar-se qualquer outra coisa que mais impressione o médico e seja
interessante.
*91
*92
Se fosse uma doença aguda e o seu carácter grave não permitisse demora, o
médico deverá conter-se com observar a condição morbosa, ainda que alterada pelos
43
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*93
*94
*95
(86). – qualquer causa de carácter vergonhoso, que não queiram confessar o doente e os
seus amigos, ao menos voluntariamente, deve o médico tratar de obtê-la forçando
habilmente as suas perguntas, ou por informação reservada. Pertencem estas, os
envenenamentos ou intenções de suicídio, a masturbação, os excessos na embriaguez
ordinária ou contra-natura, o abuso do vinho, dos licores, ponche e outras bebidas
irritantes, ou do café – excesso nas comidas em geral ou de algum alimento em
particular, de natureza nociva, - a infecção venérea ou a sarna, amores desgraçados,
ciúmes. Zanga doméstica, preocupações, pena por alguma desgraça familiar, maltrato,
vingança frustrada, orgulho agravado, dificuldades peculiares, medo supersticioso,
fome, imperfeição dos genitais, uma hérnia, um prolapso.
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Além disto,, os pacientes mesmo diferem tanto no seu modo de ser, que alguns,
especialmente os chamados hipocondríacos e outras pessoas de grande sensibilidade e
impacientes aos sofrimentos, pintam os seus sintomas com cores demasiado vivas e
descrevem as suas doenças com expressões exageradas, com o fim de obrigar o médico
a aliviá-lo (88).
*97
Outros sujeitos de modo de ser contrário, mas umas vezes por indolência, outras
por falsa modéstia, outras por uma espécie de suavidade de carácter ou debilidade da
vontade, abstêm-se de mencionar o número dos seus sintomas, os descrevem com
termos vagos ou alegam que não são de transcendência.
*98
*99
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(88). - não se encontrará nos hipocondríacos, ainda entre os mais pacientes, a invenção
de sintomas e sofrimentos. A comparação destes em épocas distintas quando o médico
não lhes dá nada absolutamente ou só algo que não é medicinal, o demonstra
plenamente; - mas devemos tirar algo do seu exagero, e atribuir sempre a natureza
energética das suas expressões, a sua excessiva sensibilidade, em cujo caso este mesmo
exagero das suas expressões quando fala dos seus sofrimentos vem a ser por si mesmo
um sintoma importante na lista dos caracteres distintivos de que se compõe a imagem
da doença. O caso é diferente se se trata de um louco ou de simuladores infames de
doenças.
*100
*101
*102
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(89). – o médico que pode escolher nos primeiros casos o remédio que se aproxima à
especificidade homeopática, poderá nos casos subsequentes já verificar a conveniência
do remédio escolhido, ou descobrir o mais apropriado, o mais homeopático.
*103
*104
(90). – o médico da antiga escola preocupa-se muito pouco com este assunto no seu
tratamento. Não poderia escutar do paciente, nenhum pequeno detalhe de todas as
circunstâncias do caso; com frequência, a verdade, interrompe-o na relação dos seus
sofrimentos a fim de que ele não retarde a escrita rápida da sua receita, composta de
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uma variedade de ingredientes desconhecidos para ele nos seus verdadeiros efeitos.
Nenhum médico alopata como se disse, tenta conhecer todas as pequenas
circunstâncias do caso do doente e todavia escreveu menos uma nota deles. Ao voltar
a ver o paciente vários dias depois, não recorda nada referente aos poucos detalhes que
ouviu na primeira visita (tendo visto, no intervalo, muitos outros doentes afectados de
diversos sofrimentos), desejou que tudo entre por um ouvido e saia por outro. Nas
visitas seguintes só faz algumas perguntas gerais, aparenta tomar a língua, olha a língua
e num instante escreve outra receita baseada sempre em princípios irracionais ou manda
que se continue com a primeira (em grandes quantidades várias vezes ao dia) e com
uma saúde graciosa sai depressa para visitar deste modo inconsciente 50 a 60 doentes,
durante a manhã. A profissão que entre todos requer actualmente muita reflexão, um
exame de consciência, cuidadoso do estado de cada paciente e um tratamento especial
fundado nele, era conduzido desta maneira por pessoas que se chamam a si mesmos
médicos, práticos racionais. O resultado, como naturalmente devia esperar-se, era
quase invariavelmente mau; e apesar disso, os pacientes acudiam a consultá-los, já
porque não havia melhoras, ou já por costume.
*105
*106
*107
*108
Não há, portanto, outra maneira possível de averiguar os efeitos peculiares dos
medicamentos nos sujeitos sãos; não há caminho mais seguro e mais natural de alcançar
este fim que administrar experimentalmente os diversos medicamentos, em doses
moderadas, a pessoas sãs, a fim de descobrir que mudanças, sintomas e sinais produz a
sua influência individualmente na saúde física e mental; quer dizer, que elementos
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morbosos são capazes de produzir, (91) pois como se demonstrou (**24 – 27) toda a
força curativa dos medicamentos consiste no poder que possuem de mudar o estado de
saúde do homem, o que está manifestado na observação ulterior.
*109
Eu fui o primeiro a descobrir este caminho, que segui com uma perseverança
que só podia nascer e suster-se pela perfeita convicção da grande verdade, cheia de
benefícios para a humanidade, que só com o emprego dos medicamentos (92)
homeopáticos é possível a cura das doenças da espécie humana (93).
(91). – nenhum médico, que eu conheça, com excepção do grande e imortal Albrecht
von Haller, durante os anteriores dois mil e quinhentos anos, pensou neste modo
natural, tão absolutamente necessário único e genuíno de experimentar os
medicamentos para obter os seus efeitos puros e peculiares em perturbar a saúde, a fim
de conhecer que estado morboso são capazes de curar. Só ele (Haller), além de mim,
viu a necessidade disto (vede o prefácio da Pharmacopeia Helvet., Brasil, 1771, fol.,
p. 12): “ Nempe primum in corpore sano medela tentanda est, sine peregrina ulla
miscela; odoreque et sapore ejus exploratis, exigua illis dosis ingerenda et ad omnes,
que inde contingunt, affectiones, quis pulsus, Qui color, quoe respiratio, quoenam
excretiones, attendendum. Inde ad ductum phoenomenorum in sano obviorum, transeas
ad experimenta in corpore aegroto”. Mas nenhum, nem um só médico prestou atenção
e seguiu estas inestimáveis indicações.
(92). –é impossível que possa haver outro método verdadeiro e melhor de curar as
doenças dinâmicas (quer dizer, todas as doenças não estritamente cirúrgicas), além da
Homeopatia, o mesmo que é impossível tirar duas linhas rectas entre dois pontos dados.
Imagina-se que há outras maneiras de curar as doenças além dela, não pude apreciá-la
fundamentalmente, nem a pratiquei com suficiente detenção, nem pude ver ou ler curas
de casos efectuados propriamente coma Homeopatia ; por outro lado, também pude
discernir sobre a falta de base do tratamento alopático nem dos seus males e até
espantosos efeitos, se com indiferença coloca a única verdadeira arte de curar em
igualdade de circunstâncias com os métodos nocivos, ou alega que estes são auxiliares
da Homeopatia sem os quais não pode passar-se! Os meus seguidores legítimos e com
consciência, os homeopatas puristas, com o seu tratamento afortunado, que quase nunca
falha, poderiam ensinar melhor estas gentes.
(93). – os primeiros frutos destes trabalhos, tão perfeitos como podiam ser nesse tempo,
estão relatados na Fragmenta de viribus medicamentorum positivis, sive in sano
corpore humano observatis, pts. I, II, Lipsice, 8, 1805, ap. J. ª Barth; os frutos mais
maduros em Reine Arzneimittellehre, I Th., dritte Ausg.; II th., dritte ausg., 1833; III
Th., zweite Ausg., 1825; IV Th., zw. Ausg., 1825; V Th., zw. Ausg., 1826; VI Th., zw.
Ausg., 1827 (tradução inflesa, Matéria Médica Pura, vols. I e II); e na Segunda,
terceira e Quarta parte do Die chronischen Krankheiten, 1828, 1830, Dresden bei
Arnold (Segunda edição com uma Quinta parte, Dusseldorf bei Schaub, 1835, 1839).
*110
Eu vi, além, que as lesões que autores anteriores observaram como resultado da
introdução de substâncias medicinais no estômago de pessoas sãs, já em grandes doses
dadas por erro ou com o fim de produzir a morte ou produzi-la a outros, ou debaixo de
outras circunstâncias, estavam muito de acordo com as minhas próprias observações
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*111
*112
Dos efeitos, menos perigosos, dos medicamentos que aparecem nas mais antigas
prescrições, medicamentos ingeridos a doses exageradamente grandes, notamos certos
estados produzidos, não ao princípio, mas no fim destes tristes eventos, que eram de
natureza exactamente oposta aos que apareciam primeiro. Estes sintomas, muito opostos
à acção primária (*63) ou acção própria do medicamento sobre a força vital do
organismo, sua acção secundária (*62 e 67), da qual, no entanto, rara ou dificilmente,
alguma vez, encontra-se a menor marca quando se experimenta com doses moderadas
nos corpos sãos, e nenhuma com as pequenas doses. No procedimento curativo
homeopático, , o organismo vivo reacciona contra estas só o necessário para voltar outra
vez a saúde ao seu estado normal (*67).
*113
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Entre estes sintomas, sucede, em alguns medicamentos, não poucos, que são
parcialmente ou debaixo de outras circunstâncias, directamente opostos a outros
sintomas que apareceram anteriormente ou posteriormente, mas que não devem
considerar-se , por isto, como a acção secundária efectiva ou a reacção pura da força
vital, mas que só representam o estado alternante de vários paradoxos da acção primária
e que se chamam acções alternantes.
*116
*117
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doentes pelos sintomas morbosos semelhantes aos que estes agentes parecem capazes de
produzir nos indivíduos sujeitos à chamada idiossincrasia.
(95). – algumas pessoas desvanecem-se pelo odor das rosas e sofrem outros estados
morbosos e às vezes perigosos, por comer ameijoas, caranguejos ou ovas de peixe, por
tocar nas folhas de algumas classes de sumagre (arbusto).
*118
Cada medicamento tem uma acção peculiar sobre a constituição humana, que
outros medicamentos de classe diferente não produzem exactamente da mesma maneira.
(97).
*119
*120
Por esta razão os medicamentos, dos quais depende da vida e a morte, a saúde e
a doença, devem destinguir-se uns dos outros de uma maneira completa e muito
cuidadosamente ensaiando-os por meio de experimentações puros no corpo são, com o
fim de averiguar o seu poder e efeitos positivos e ter deles um conhecimento exacto, e
de pormos em condições de evitar qualquer erro no seu emprego terapêutico, pois só
com a sua eleição correcta, o maior dos benefícios da terra, a saúde do corpo e da alma,
pode restablecer-se rapidamente e permanentemente.
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efeitos de outras, notará desde logo que entre elas, desde o ponto de vista médico não
pode haver equivalentes de nenhuma classe, nem sucedâneas. Só os que não conhecem
os efeitos puros e positivos dos diferentes medicamentos podem ser tão insensatos que
tratem de persuadirmos que um medicamento possa servir no lugar de outro e ser tão
útil na mesma doença como outro. Assim a criança na sua ignorância confunde as
diferenças mais essenciais das coisas, porque apenas conhece o seu aspecto externo,
muito menos o seu valor real, a sua verdadeira importância e as suas qualidades
inerentes não semelhantes.
(99). – se esta é a verdade pura, como induvidavelmente é, então nenhum médico que
não queira ser visto como não detentor da razão, e não deseja actuar contra os preceitos
da razão ou da sua consciência, o único árbito do mérito real, poderá empregar no
tratamento das doenças nenhuma substância medicinal de cujo valor positivo não está
perfeito e completamente informado; quer dizer, cuja acção positiva no homem foi
experimentada com precisão e com certeza que é capaz de produzir um estado morboso
muito semelhante, mais semelhante que qualquer outro medicamento com o qual está
perfeitamente familiarizado, com o quadro do caso patológico que trate de curar com
ele; porque como se viu antes, nem o homem, nem a natureza poderosa, podem realizar
uma cura perfeita, rápida e permanente mais que com os remédios homeopáticos. Daqui
para a frente nenhum médico verdadeiro poderá abster-se de fazer tais experimentações
a fim de obter o conhecimento mais necessário e o único, dos medicamentos, que são
essenciais para curar e que até hoje tinha sido desprezado pelos médicos de todos os
tempos. Em todas as épocas anteriores, dificilmente o acreditará a posterioridade, os
médicos tinham-se contentado, até hoje prescrevendo às cegas, nas doenças,
medicamentos cujo valor era desconhecido, e que nunca tinham sido experimentados
no homem são, em relação com a sua acção dinâmica pura, muito variada e altamente
importante. Além disso, misturavam vários destes medicamentos desconhecidos, que
diferem tão grandemente entre si, numa fórmula, que deixavam ao acaso para que
determinasse o efeito que deveria produzir no paciente. Isto é igual que se um louco
penetrava pela força da ferramenta de um artesão e agarrasse com as mãos as
ferramentas mais diversas cujo uso desconhece em absoluto, com o fim segundose
imagina, de trabalhar nas obras de arte que o rodeiam. Apenas necessita observar que
ditas obras serão destruídas, e posso dizer que mais tarde demolidas, por seus actos
insensatos.
*121
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Se os efeitos que resultam de semelhantes doses são ligeiros, pode tomar alguns
glóbulos mais diariamente até que sejam mais claros e mais fortes, é mais notável a
alteração da saúde; pois nem todas as pessoas são afectadas por um medicamento num
grau de intensidade igual, existe uma variedade imensa a este respeito, de modo que um
indivíduo aparentemente débil, apenas possa ser afectado por uma dose moderada de
um medicamento conhecido como muito activo, enquanto que outros medicamentos
muito mais débeis actuam nele com bastante energia. Por outro lado, há pessoas muito
robustas que manifestam sintomas morbosos muito importantes devido a medicamentos
aparentemente suaves e só manifestam sintomas mais ligeiros por drogas fortes. Agora
bem, como isto não pode saber-se de antemão, é prudente começar em cada caso com
uma dose pequena da droga, e aonde fosse conveniente e necessário aumentar de dia
para dia a doses, cada vez mais.
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Se a pessoa não sabe escrever, informará o médico todos os dias do que ocorreu,
e como teve lugar. No entanto o que se deve anotar como informação autêntica neste
ponto deve ser principalmente a narração voluntária da pessoa que faz a
experimentação. Não deverá admitir-se nada conjuntural e o menos possível de
respostas a perguntas que sugiram aquelas. Tudo deve averiguar-se com a mesma
prudência que se aconselhou antes (**84-89) para a investigação dos fenómenos e para
trazer o quadro das doenças naturais.
*141
(103). – as experimentações feitos pelo médico em si mesmo têm para ele outra
vantagem inestimável. Em primeiro lugar, a grande verdade de que a virtude medicinal
de todas as drogas, de que depende o seu poder curativo, reside nas mudanças da saúde
que sofreu pelo medicamento ingerido, e o estado morboso que experimenta devido a
eles, converte-se para ele num facto incontroverso. Por outro lado, devido a estas
observações notáveis realizadas em si mesmo, será levado a compreender as suas
próprias sensações, o seu modo de pensar e o seu carácter (o fundamento de toda a
verdadeira sabedoria). E também ensinado a ser o que todo o médico deve ser, um bom
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observador. Todas as nossas observações além disso não são tão interessantes como as
feitas em nós mesmos. O que observa os outros deve sempre temer que o
experimentador não diga o que sente exactamente ou não descreva as suas sensações
com os termos mais apropriadas. Deve sempre duvidar se não foi enganado, ou o menos
em parte. Estes obstáculos para chegar ao conhecimento da verdade , que nunca podem
ser completamente dominados nas nossas investigações dos sintomas morbosos
artificiais que se apresentam em outras pessoas pela ingestão de medicamentos,
desaparece em absoluto quando fazemos o ensaio em nós mesmos. O que faz estes
ensaios em si mesmo sabe com certeza o que sentiu e cada ensaio é um atractivo para
ele, para investigar o poder de outros medicamentos. Assim, fica cada vez com mais
prática na arte de observar, de grande importância para o médico, pela observação
contínua de si mesmo, em quem pode confiar e que nunca se enganará. Isto o fará mais
cuidadoso ao observar estas experimentações realizadas em si mesmo que lhe dão um
conhecimento digno de confiança do valor real e importância dos instrumentos de cura
que em grande parte são todavia desconhecidos pela nossa arte. Não se imagina que as
indisposições ligeiras provocadas pelo medicamento nas experimentações, podem ser
muito nocivos para a saúde. Pelo contrário, a experiência demonstra que o organismo do
experimentador volta-se, com motivo destes ataques frequentes à sua saúde, muito mais
apto a repelir todas as influências externas inimigas da sua constituição e todos os
agentes nocivos, morbosos, artificiais e naturais. Assim faz-se mais forte para resistir a
todo o tipo de carácter nocivo. Toda a experiência demonstra que a sua saúde é mais
inalterável, mais robusta.
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*143
*144
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(104). – os sintomas que foram observados só longo tempo antes de todo o processo
morboso, ou nunca antes observados, e por conseguinte novos, pertencem ao
medicamento.
(105). – ultimamente teve-se o costume de confiar a experimentação dos medicamentos
a pessoas desconhecidas e distantes, que eram pagas pelo seu trabalho, e os dados assim
obtidos eram publicados. Mas ao actuar assim, este trabalho, que de todos os outros, é o
mais importante e que serve para formar a base da verdadeira arte de curar e que exige
certeza moral muito grande e honradez; parece-me, e sinto ao dizê-lo, que será duvidoso
e inseguro nos seus resultados e carente de todo o valor.
*145
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A doença natural nunca deve considerar-se com uma substância nociva situada
em alguma parte interior ou exterior do corpo humano (**11-13), se não como
produzida por um agente hostil não material, que como uma espécie de infecção (nota
no *11) perturba na sua existência instintiva o princípio vital, não material do
organismo, torturando-o como um espírito maligno e obrigando-o a produzir certos
sofrimentos e desordens em curso normal da sua vida. Estes são conhecidos com o
nome de sintomas (doenças).
Agora bem, se se tirar a influência deste agente hostil que não só causa, mas que
procura que siga esta desordem, como sucede quando o médico administra uma
potência artificial, capaz de alterar o princípio vital da maneira mais semelhante
possível (um medicamento homeopático), que exceda em energia, ainda dado em doses
muito pequenas, a doença natural análoga, então a influência do agente morboso
original sobre o princípio vital, anula-se durante a acção desta doença artificial
semelhante e mais forte.
Dali em diante o nocivo não existe mais para o princípio vital, está destruído. Se, como
se disse, o remédio homeopático seleccionado é administrado com propriedade, então a
doença natural que se trata de dominar se é de desenvolvimento recente, desaparecerá
de uma maneira imperceptível em poucas horas.
Uma doença mais antiga, mais crónica, cederá algo mais tarde junto com todos
os rastos de moléstias, com a administração de várias doses do mesmo medicamento a
uma potência mais elevada, ou com um ou outro medicamento homeopático mais
semelhante administrado depois da selecção cuidada (108).
A isto segue a saúde, o restabelecimento de um modo imperceptível, a menos em
transição rápida. O princípio vital está livre outra vez e é capaz de resumir a direcção da
vida do organismo em estado de saúde como antes, voltando ao vigor.
(106). – ao princípio até cerca de 40 anos, eu fui o único que fiz experimentações dos
efeitos puros dos medicamentos, sendo esta a minha ocupação mais importante. Desde
então fui ajudado por alguns jovens que verificaram experimentações em si mesmos e
cujas observações revisaram rigorosamente. Seguindo o exemplo destes, alguns outros
fizeram trabalhos originais desta classe. Mas que não será possível realizar em matéria
de cura, no domínio imenso das doenças, quando observadores minuciosos, exactos e
dignos de crédito prestaram os seus serviços enriquecendo esta única verdadeira Matéria
Médica, com as usas cuidadosas experimentações em si mesmos! Então a arte de
curar aproximará, enquanto à certeza, às ciências matemáticas.
(107). – ver no segundo parágrafo 109.
(108). – apesar das numerosas obras destinadas a diminuir as dificuldades desta
investigação, às vezes muito laboriosa, do remédio debaixo de todos os conceitos
homeopáticamente mais apropriado a cada caso especial de doença, é necessário que se
estude nos mesmos manuais, que se proceda com muita circunspecção, e que nada se
resolva sem Ter pesado seriamente uma multidão de diversas circunstâncias. A
tranquilidade de uma consciência segura de Ter cumprido fielmente os seus deveres, é
seguramente a mais harmoniosa recompensa do que se entrega a este estudo. Como um
trabalho tão minucioso, tão penoso e no entanto o único capaz de por em condições de
curar seguramente as doenças poderia agradar aos partidários da nova seita misturadora
que tomam o nobre título de homeopatas e parecem dar os seus medicamentos debaixo
a forma e aparência que prescreve a Homeopatia, mas que na realidade prescrevem os
medicamentos de qualquer maneira (Qui-quid in buceam venit) e que quando o
remédio escolhido inadequadamente não alivia em seguida, em vez de culpar a sua
ignorância imperdoável, a sua negligência em desempenhar os mais importantes e sérios
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dos deveres humanos, culpando a Homeopatia, que acusam de grande imperfeição (se se
dissesse a verdade, a imperfeição consiste em que o remédio homeopático mais
apropriado para cada caso morboso, não vem a eles espontaneamente, sem algum
trabalho da sua parte). Estas gentes hábeis consolam-se bem dos fracassos dos
remédios semi-homeopáticos que empregam, recorrendo desde logo aos procedimentos
da alopatia que lhes são mais familiares, a algumas doenças de sanguessugas, a
inocentes sangrias de oito onças, etc. se o doente sobrevive dá-se grande importância
louvando as suas sangrias, etc.; exclamam que não puderam salvar por nenhum outro
método, dando claramente a entender que estes recursos tomados, sem grande esforço
cerebral, à rotina da antiga Escola, na realidade tiveram a melhor parte da cura. Se o
paciente morre o que não é raro que aconteça, tratam de consolar os seus amigos
dizendo que “que eles foram testemunhas de todo o imaginável se tinha feito pelo
chorado defunto”. Quem faria a esta casta frívola e perniciosa a honra de chamá-los,
segundo o nome da arte muito penosa, mas saudável, médicos homeopatas? Teriam a
recompensa justa que fossem tratados da mesma maneira quando adoecessem!
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princípio vital doente possa reaccionar só a uma doença medicinal semelhante mas mais
forte, por meio da qual é extinguida a doença primitiva.
*156
Apesar disso, quase não existe medicamento homeopático, por bem seleccionado
que tenha sido, sobretudo se é administrado a uma dose insuficientemente pequena, que
não produza em pacientes muito irritáveis e sensíveis, ao menos alguma moléstia trivial
e extraordinária, algum pequeno sintoma novo enquanto dura a sua acção, porque é
quase impossível que o medicamento e a doença pudessem cobrir-se num a e noutra
sintomaticamente e com exactidão como dois triângulos de lados e ângulos iguais. Mas
estas (em circunstâncias ordinárias) diferenças insignificantes facilmente são
extinguidas pela actividade potencial (energia) do organismo vivo e não são percebidas
pelos pacientes que não sejam excessivamente sensíveis; a reparação progressiva no
entanto, até ao restabelecimento perfeito, se não fosse impedido pela acção de
substâncias medicinais heterogéneas, por erros no regime ou por excitação das paixões.
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Mas como a dose de um remédio homeopático apenas pode fazer-se tão pequena
que não seja capaz de aliviar, de dominar, de curar, a verdade, completamente e destruir
a doença natural não complicada e não de longa duração, que seja análoga a ele,
compreende-se porque uma dose de um medicamento homeopático apropriado, produza
sempre, durante a primeira hora da sua ingestão uma agravação visível homeopática
desta classe (110).
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Neste caso não deve esperar-se do remédio uma cura completa isenta de
inconvenientes, durante o seu uso vêm-se sobressair alguns acidentes que são sintomas
acessórios dependentes de um medicamento imperfeitamente apropriado. Este
inconveniente não impede, é verdade, que o remédio extinga uma grande parte do mal
(os sintomas morbosos semelhantes aos sintomas medicinais) e que daqui não resulte
um principio de cura bem pronunciado, mas esta não tem lugar sem a provocação desses
sintomas acessórios que têm a vantagem de ser muito moderados quando a dose é
suficientemente pequena.
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Daqui que neste, como em todo o caso que se apresentou uma mudança do
estado morboso, deve pesquisar o restante número de sintomas que agora existe, e (sem
prestar nenhuma atenção ao medicamento que parecia ser ao princípio ele que devia
seguir desde o ponto de vista da sua conveniência) deve seleccionar-se outro
medicamento homeopático, tão apropriado quanto seja possível, ao novo estado actual.
Se acontecer, o que não é frequente , que o medicamento que manifestava ser ele que
seguisse melhor, todavia parecia bem adaptado o estado morboso que persiste, tanto
mais será digno de confiança, e merece empregar-se de preferência a outro.
*171
Nas doenças crónicas não venéreas, as mais frequentes, portanto, que provêm da
Psora, necessita-se com frequência, para realizar uma cura, dar vários remédios anti-
Psóricos sucessivamente, sendo seleccionado homeopáticamente cada um deles, de
acordo com o grupo de sintomas que permaneceram depois de que o remédio anterior
terminou a sua acção.
*172
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*173
As únicas doenças que não parecem ter senão poucos sintomas e que por esta
razão são mais difíceis de curar, são os que se podem chamar-se parciais, porque só
revelam um ou dois sintomas principais que escondem quase todos os outros. Pertencem
principalmente à classe das doenças crónicas.
*174
*175
*176
Há, no entanto, um curto número de doenças, que depois do exame inicial mais
cuidadoso (**84 – 98), não apresentam mais que um ou dois sintomas agudos e
violentos, enquanto que todos os demais são percebidos vagamente.
*177
A fim de tratar com o maior êxito possível, um caso como este, que se apresenta
raramente, deve-se seleccionar em primeiro lugar, guiados por estes poucos sintomas,
o medicamento que no nosso juízo está mais homeopáticamente indicado.
*178
*179
*180
Neste caso o medicamento que se escolheu tão bem quanto foi possível, mas
que, pelas razões antes ditas, é só homeopático e imperfeitamente, produzirá, na sua
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acção sobre a doença que é análoga só em parte, justamente como no caso mencionado
acima (*162 e seguintes) em que o número limitado de remédios homeopáticos faz a
selecção imperfeita, produzirá sintomas acessórios e diversos fenómenos pertencentes
ao grupo mesmo dos seus sintomas que estão misturados com o estado de saúde do
paciente, mas que no entanto, são ao mesmo tempo, sintomas da doença, ainda que
até agora nunca ou muita rara vez se tivessem notado; e aparecem alguns sintomas
que o paciente nuca tinha sentido antes, e outros que só os tinha experimentado
vagamente fazem-se pronunciados.
*181
*182
deste modo a selecção imperfeita do medicamento, que neste caso foi quase
inevitável, devido ao número demasiado limitado de sintomas existentes, serve para
completar a manifestação dos sintomas da doença, e desta maneira facilitar o
descobrimento de um segundo medicamento homeopático mais exactamente
apropriado.
*183
Sempre que, por esta razão, a dose do primeiro medicamento deixa de Ter efeito
benéfico (se os sintomas novamente desenvolvidos não pedem, por razão da sua
gravidade, ajuda mais rápido, o que é excessivamente raro pela pequenez da dose do
medicamento homeopático e nas doenças muito crónicas) deve fazer-se um novo exame
da doença e anotar-se o satatus morbi actual e seleccionar um segundo remédio
homeopático de acordo com ele, que cubra exactamente o estado presente e que seja
todo o mais apropriado possível que então possa encontrar-se, pois já o grupo de
sintomas é mais amplo e mais completo (112).
(111). – quando não sejam produzidas por um erro importante no regime, uma emoção
violenta, uma desordem tumultuosa no organismo, com a apresentação ou cessação da
menstruação, a concepção, o parto, etc. etc.
(112). – no caso que o paciente (que, no entanto, muito raramente acontece nas doenças
crónicas, mas não assim nas agudas) se sinta muito mal, ainda que os seus sintomas
sejam muito vagos, de tal maneira que este estado possa atribuir-se ao retardamento do
sistema nervoso, que não permite que os sofrimentos e dores do paciente se percebam
com claridade, o Opium remove esta torpeza da sensibilidade interna, que na sua acção
secundária ou reacção faz mais aparentes os sintomas da doença.
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remédios semelhantes, como de facto a escola antiga desde as mais remotas idades, é
tão absurdo como perniciosa nos seus resultados.
*188
*189
No entanto, basta a menor reflexão para conceber que um mal externo (não
ocasionado por uma grande violência externa), não pode nascer, nem persistir, nem
menos ainda piorar, sem uma causa interna, sem a cooperação do organismo inteiro, sim
que, por conseguinte, este último até doente. Não poderia manifestar-se se a saúde geral
não estivesse desarmonizada, sem a participação do resto de todos os órgãos vivos (da
força vital que compenetra todas as outras partes sensíveis e irritáveis do organismo): a
sua produção, na verdade, não podia conceber-se se não fosse o resultado de uma
alteração da vida inteira; tão intimamente unidas estão umas com as outras formando as
partes do corpo um todo indivisível quanto ao modo de sentir e actuar. Não pode pois
sobrevir uma erupção nos lábios, uma inflamação flegmonosa situada perto das unhas,
sem precedentes e simultaneamente haja algum desarranjo no interior do organismo.
*190
*191
Isto está confirmado da maneira mais clara pela experiência que demonstra em
todos os casos, que todo o medicamento interno enérgico produz, imediatamente depois
da sua ingestão, mudanças importantes da saúde em geral do paciente e especialmente
as partes externas afectadas (que a escola médica vulgar olha como absolutamente
localizadas) e ainda nas chamadas doenças locais das partes mais externas do corpo. As
mudanças que produz são de natureza muito saudável, consistindo no restabelecimento
da saúde de todo o organismo, juntamente com o desaparecimento da afecção externa
(sem a ajuda de nenhum remédio externo), com tal que o remédio interno dirigido ao
conjunto das doença, se fosse seleccionado convenientemente no sentido homeopático.
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*192
*193
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*195
Com o fim de levar a cabo uma cura radical nestes casos, que de nenhum modo
são raros, depois que se acalmou o estado agudo medianamente bem.
Deve dirigir-se um tratamento anti-psórico apropriado (como se ensina na minha obra
sobre Doenças Crónicas), contra os sintomas que todavia persistem e contra o estado
morboso de saúde a que estava antes sujeito o paciente. Nas doenças crónicas locais que
não são claramente venéreas, só se necessita, por outra parte, o tratamento anti-psórico
interno.
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(114). – erupção sarnosa recente, cancro, condilomas , como indiquei no meu livro
sobre Doenças Crónicas.
(115). – como sucedia antes da minha época com os remédios para a doença
condilomatosa (e os medicamentos anti-psóricos).
*200
*201
É evidente que a força vital oprimida por uma doença crónica da que não pode
triunfar pela sua própria energia instintivamente, adopta o plano de desenvolver uma
afecção local em alguma parte externa, com o objectivo que fazendo e mantendo doente
esta parte que não é indispensável à vida, possa acalmar deste modo a doença interna,
que por outra parte ameaça destruir os órgãos vitais (e tirar a vida ao paciente) e desta
maneira, por assim dizê-lo, transporta a doença interna na afecção local substituta, como
se a tirasse de lá. A existência da afecção local acalma assim, por algum tempo, a
doença interna, ainda que sem poder curá-la ou diminuir materialmente (116). A
afecção local, no entanto, não é nada mais que uma parte da doença geral, mas uma
parte aumentada toda num sentido pela força vital orgânica e transportada a um lugar do
corpo menos perigoso (externo), a fim de aliviar o sofrimento interior. Mas (como se
disse) por meio deste sintoma local que acalma a doença interna, a força vital não pode
até aqui, diminuir ou curar toda a doença; esta, ao contrário, continua o desespero dela,
aumentando gradualmente e a natureza vê-se obrigada a aumentar e a agravar, cada vez
mais o sintoma local, para que possa bastar como substituto da doença interna
aumentada e a possa manter todavia debaixo do seu domínio. As úlceras antigas das
pernas pioram tanto tempo como a Psora permanece incurável; as úlceras venéreas
crescem durante o tempo que não se cura a sífilis interna, as verrugas proliferam e
crescem enquanto não se cura a Sicose, que cada vez fica mais difícil de curar, do
mesmo modo que a doença geral interna continua desenvolvendo com o tempo.
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(116). – os exutórios dos médicos da antiga escola fazem algo semelhante; as úlceras
artificiais externas, acalmam algumas doenças crónicas internas, mas só por um tempo
muito curto, tanto como causam uma irritação dolorosa a que o organismo doente não
está acostumado, sem Ter o poder de curá-las. Por outro lado, debilitam e destroem a
saúde geral muito mais do que o fazem a maior parte das metáteses produzidas
instintivamente pela força vital.
(117). – qualquer medicamento que ao mesmo tempo se administrasse internamente não
serve se não para agravar a afecção, pois estes remédios não possuem poder específico
para curar a doença no seu conjunto, se não que atacam o organismo, debilitam-no e
impõem, além disso outra doença crónica medicinal.
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qualquer que seja o nome que levem, e que são, além disso, estropeadas, aumentadas e
desfiguradas até um grau monstruoso pela não perícia alopática.
(120). – quando se adquire informações desta classe, não deve um deixar-se impor pelas
afirmações dos doentes e dos seus familiares que assinalam como causas das doenças
crónicas, ainda das mais graves e das mais inveteradas, um esfriamento sofrido muitos
anos antes por se Ter molhado ou tomado água, estando o corpo em transpiração, um
susto antigo, um esforço, etc.etc. estas causas ocasionais são demasiado débeis para
engendrar uma doença crónica num corpo estranho, sustê-la durante anos e fazê-la
cada ano mais grave, como sucede com todas as afecções crónicas que procedem de
uma Psora desenvolvida. Outras causas mais importantes que estas devem Ter presidido
o nascimento e o progresso de um mal crónico, grave e tenaz. Estas causas ocasionais,
além de mais, são capazes de despertar do seu estado latente um miasma crónico.
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(121). – quantas vezes não se encontram doentes que apesar de estarem sujeitos desde
muitos anos a afecções muito dolorosas, conservaram no entanto um humor apraz e
complacente , de modo que um se sente cheio de compaixão e de respeito para com
eles! Mas quando triunfou do mal, o que com frequência deseja-se pelo método
homeopático, vê-se às vezes apresentar-se uma mudança de caracter o mais terrível, e
reaparecer, a ingratidão, a dureza do coração, a maldade refinada; os caprichos
repugnantes que formavam o caracter do indivíduo antes de ficar doente.
Os que estão sãos eram pacíficos e ficam menos obstinados, violentos,
arrogantes, intolerantes e caprichosos, ou impacientes ou desalentados quando ficam
doentes; os que antes eram honestos e modestos, ficam lascivos e desavergonhados.
Não é raro que a doença embruteça a um homem de talento, que faça de um génio débil
outro mais prudente e capaz, e de um ser apático um homem cheio de presença de
espírito e de resolução.
*211
Este anterior subsiste, a tal grau, que o estado moral do paciente determina a
menos a selecção do remédio homeopático principalmente, sendo um sintoma
decididamente característico e que entre todos é o que menos pode permanecer oculto à
observação exacta do médico.
*212
*213
(122). – Assim o Acónito rara vez ou nunca produz uma cura rápida e permanente
quando o humor do doente é quieto, aprazível e igual, nem a Nux vomica quando o
caracter é suave e lento, nem a Pulsatilla quando é feliz, alegre e obstinada, ou Ignatia
quando é imperturbável e pouco disposto a sofrer por sustos ou penas.
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*214
As instruções que tenho que dar relativas à cura das doenças mentais podem
reduzir-se a poucos pontos, pois devem curar-se do mesmo modo que todas as outras
doenças, quer dizer, com um remédio que mostre, pelos sintomas que cause no corpo e
na mente de um indivíduo são, o poder de produzir um estado morboso tão semelhante
como seja possível ao caso patológico que se tem à vista, e não podem curar-se de outra
maneira.
*215
Quase todas as chamadas doenças mentais e emocionais não são nada mais que
doenças corporais que se estão acrescentando ao sintoma da perturbação da mente e o
caracter, enquanto que os sintomas físicos declinam (mais ou menos rapidamente), até
alcançar ao último o aspecto notável da doença parcial, como se fosse uma doença local
situada no órgão subtil e invisível da mente ou do caracter.
*216
Não são raros os casos, nas doenças chamados corporais que ameaçam a
existência, como a supuração do pulmão, a alteração de qualquer outra víscera
essencial, ou em algumas outras doenças agudas, como a febre puerperal, etc. nas que
aumentando rapidamente a intensidade do sintoma moral, a doença degenera em
loucura, numa espécie de melancolia ou de mania, perante as quais os sintomas
corporais deixam de ser perigosos e melhoram quase até à saúde perfeita, ou melhor,
diminuem a tal grau que a sua presença escura somente pode descobrir-se pela
observação de um médico dotado de perseverança e penetração. Deste modo são
transformados numa doença parcial, ou por dizê-lo assim, local, em que o sintoma da
perturbação mental, que ao princípio era ligeiro, aumenta até converter-se no sintoma
principal, que em parte ocupa o lugar dos outros sintomas (corporais), cuja intensidade a
domina de uma maneira paliativa, numa palavra, as afecções dos órgãos materiais do
corpo são transportados e conduzidos aos órgãos quase espirituais, mentais e
emocionais, que o anatómico nunca alcançou, nem o alcançará com o seu bisturi.
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*222
Mas o paciente que se recuperou de uma doença mental ou aguda, com o uso
destes medicamentos não antipsóricos, nunca deverá considerar-se como curado; ao
contrário, não deve perder-se tempo, e planear livrar-se completamente, (123) por meio
de um tratamento antipsórico prolongado do miasma crónico Psórico, que a verdade
fez-se latente outra vez, mas que está prestes a aparecer de novo; se isto se faz não há
temor de outro ataque semelhante, se o paciente segue fielmente a dieta e o regime que
se prescreveu.
(123). – acontece muito raramente que uma afecção mental ou moral que dure já algum
tempo, cesse espontaneamente (pois a discrasia interna se transfira por si mesma outra
vez aos órgãos mais densos do corpo). Estes são os poucos casos que se encontram de
vez em quando, em que um alienado tenha sido despedido do manicómio em aparência
curado. Além disso, até agora, todos os manicómios continuam atestados, de modo que
as outras numerosas pessoas locais que solicitam a sua admissão nestas instituições,
com dificuldade podem encontrar lugar, a menos que morra algum dos alienados. Nunca
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é curado nenhum real e permanentemente nelas! Uma prova convincente, entre muitas
outras, da inutilidade completa da arte não curativa praticada até hoje, que foi
ridiculamente honrado pela ostentação alopática, com o titulo de medicina racional.
Quanto menos, por outro lado, a verdadeira arte de curar, a genuína e pura Homeopatia,
não conseguiu restabelecer nestes seres infortunados a possessão da sua saúde mental e
corporal, e devolvê-los aos seus amigos encantados e ao mundo!
*223
*224
(124). – parece como se a mente, nestes casos, recebesse com desgosto e pesar a
verdade destas advertências racionais, e actuasse sobre o corpo como se quisesse
restabelecer a harmonia perdida, mas também parece que o corpo por meio da sua
doença reacciona sobre a mente e o carácter e leva-os a uma desordem todavia maior
por transferência dos seus sofrimentos sobre eles.
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Mas a causa fundamental nestes casos é também o miasma psórico, que não
chegou todavia ao seu completo desenvolvimento, e por segurança o paciente, ao
aparecer curado, deve sujeitar-se ao tratamento radical antipsórico, afim de que não caia
outra vez num estado semelhante de doença mental, como poderia ocorrer facilmente.
*228
Nas doenças mentais e morais que resultam de uma doença corporal que só
pode curar-se com medicamentos homeopáticos antipsóricos, junto com o seu regime de
vida cuidadosamente regulado, deve observar-se escrupulosamente, por meio de um
regime mental auxiliar, um proceder psíquico apropriado enquanto se refere ao paciente
e por parte do médico também. A mania furiosa opõe-se à calma intrépida e fria, à
resolução firme; as lamentações lúgubres, lamuriosos, uma demonstração muda de
compaixão com a aparência e acenos; à loquacidade insensata, silêncio não desprovido
em atenção absoluta; à conduta repugnante e abominável e à conversação do mesmo
caracter, nenhuma atenção. Unicamente devemos procurar impedir a destruição e dano
dos objectos que rodeiam ao paciente, sem repreender-lhe jamais pelos seus actos,
regulando de tal maneira tudo, que se evita a necessidade de castigos ou torturas
corporais (125). Isto é tanto mais fácil de realizar, porque na administração do
medicamento, a única circunstância em que pode justificar-se a violência, segundo o
método homeopático, as pequenas doses da substância medicinal apropriada nunca
ferem o gosto e por conseguinte podem administrar-se ao paciente com a bebida sem
que o cepa, de modo que é não é necessário toda a coacção.
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Estas últimas, as doenças alternantes, são também muito numerosas (127) mas
todas pertencem à classe das doenças crónicas; geralmente são uma manifestação do
desenvolvimento da Psora unicamente, algumas vezes, ainda que raras, complicada com
a Sífilis, e portanto no primeiro caso podem curar-se com medicamentos antipsóricos;
no último, piorou, alternando estes com anti-sifilíticos, como disse na minha obra sobre
Doenças Crónicas.
(127). – é possível que dois ou três estados diferentes alternem à vez. Assim, por
exemplo, no caso de uma alternância de duas doenças, podem manifestar-se
persistentemente certas dores nas pernas, etc. tão logo como desaparece uma oftalmia e
que esta volte outra vez quando cessem as dores; o que espasmos e convulsões alternam
imediatamente com qualquer outra afecção que reside no corpo inteiro ou em alguma
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das suas partes. Mas também é possível em caso de uma tripla aliança de estados
alternantes numa doença contínua, que há uma superabundância aparente de saúde, uma
exaltação das faculdades do corpo e do espírito (alegria não acostumada, excessiva
vivacidade, sentimento exagerado de bem estar, apetite não moderado, etc.), vê-se
suceder bruscamente um humor sombrio e melancólico, uma insuportável disposição à
hipocondria, com alteração das várias funções vitais, da digestão, do sono, etc. e que
este segundo estado ceda o seu lugar, de um modo mais ou menos rápido, ao sentimento
de mau estar que de ordinário experimenta o sujeito. Por menos não há sinal nenhum do
estado anterior quando aparece de novo. Noutros casos só permanecem ligeiras marcas
do estado alternante anterior quando se apresenta de novo; poucos sintomas mas do
primeiro estado persistem ao aparecer enquanto dura o segundo. Algumas vezes os
estados morbosos alternantes são completamente de natureza oposta, como por
exemplo, a melancolia alternando periodicamente com a loucura alegre ou o furor.
*233
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(128). – a patologia agora em voga, que todavia está no seu período de infância
irracional, não reconhece mais que uma febre intermitente à que designa também
arrepios (febre de frios), e não admite mais variedades que as que estão constituídas
pelos diferentes intervalos em que se apresentam os próximos, quotidiana, terciana,
quartana. Etc. mas há diferenças muito mais importantes entre elas que as marcadas por
períodos de aparição. Existem inumeráveis variedades, algumas das quais não podem
denominar-se frios, posto que o seu ataque só consiste no sintoma calor; outras estão
caracterizadas só pelo frio, com suor subsequente ou sem ele; outras têm frio geral com
sensação de calor local, ou enquanto o corpo se sente quente ao toque, o paciente sente
frio; outras em que um paradoxo consiste inteiramente num calafrio ou simples frio,
seguida de um intervalo de saúde, enquanto que o seguinte consta só de calor seguido
ou de não suor; outras em que o calor se apresenta primeiro e o frio não vem se não até
que aquele desaparece; outras em que depois do período de frio ou de calor vem a
pirexia e então o suor apresenta-se como o segundo período, menos muitas horas
depois; outras, enfim, em que não há suor, no entanto outras em que todo o ataque
consiste só em suor, sem frio nem calor, ou em que o suor só existe no período de calor.
Há outras numerosas diferenças, especialmente em relação com os sintomas acessórios,
tais como cefaleias de caracter peculiar, mau gosto na boca, náuseas, vómitos, diarreia,
adipsia ou sede excessiva, dores peculiares no corpo ou nos membros, sono intranquilo,
delírio, alteração do humor, espasmos, etc. antes, durante ou depois do período de frio,
de calor ou de suor, e outras incontáveis variedades. Todas estas são sem dúvida febres
intermitentes de diferentes classes, cada uma das quais, como deveria supor-se
naturalmente requer tratamento (homeopático) especial. Deve reconhecer-se que quase
todas podem suprimir-se (como menos se faz) por doses enormes de Quina e das suas
preparações farmacêuticas, o sulfato de quinina; quer dizer, o seu aparecimento
periódica (seu tipo) pode suprimir-se com esta substância, mas o paciente que sofre de
febre intermitente em que não convém Chinchona, como sucede em todas essas
epidemias intermitentes que atravessam todos os países ainda os lugares montanhosos,
não são curadas por suprimir o acesso ou tipo de febre. Os doentes, ao contrário, agora
permanecem afectados de outro modo e pior, a menos muito pior que antes, pois
permanecem afectados pela discrasia química crónica e dificilmente pode restabelecer-
se a saúde neles, ainda com o tratamento prolongado com o verdadeiro método de
medicina e no entanto, isso é o que chamam curar!
(129). – O Dr. Von Borninghausen, foi quem prestou mais serviços ao nosso benéfico
sistema médico que qualquer outro dos meus discípulos, esclareceu muito bem este
assunto que demanda tanto cuidado e facilitou a selecção do remédio eficiente para
várias epidemias de febre, na sua obra intitulada Versuch einer homoopathischen
Therapie der Wechselfieber, 1833, Munster bei Regensberg.
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(130). – isto observa-se nos casos fatais, não raros por certo, em que uma dose
moderada de ópio administrada durante o período de frio, produz rapidamente a morte.
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Quando o período de pirexia seja muito curto, como sucede em algumas febres
muito graves, ou se dito período fosse alterado por alguns dos sofrimentos subsequentes
do paroxismo anterior, a dose do medicamento homeopático deve administrar-se
quando o suor ou os outros fenómenos resultantes do paroxismo que termina, começam
a diminuir.
*238
*239
Como quase todos os medicamentos produzem na sua acção pura uma febre
peculiar e especial, e ainda uma forma de febre intermitente com os seus períodos
alternantes, distinta das outras febres causadas por outros medicamentos, pode
encontrar-se na extensa lista de medicamentos o remédio homeopático para as
numerosas variedades de febres intermitentes naturais e, para muitíssimas destas, ainda
entre a quantidade moderada de medicamentos experimentados já no indivíduo são.
*240
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*241
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*243
Nas febres intermitentes com frequência muito graves que atacam a uma pessoa
isolada que não vive num lugar pantanoso, devemos também ao princípio, como no
caso das doenças agudas geralmente, as que se assemelham no que diz respeito à sua
origem psórica, empregar por alguns dias para ver que serviço faz, um remédio
homeopático seleccionado para o caso especial dentro dos da outra classe de
medicamentos (não antipsóricos) experimentados; mas se apesar deste proceder o
restabelecimento se faz esperar, então não daremos conta que é a Psora a ponto de
desenvolver-se a que o impede e que neste caso só as medicinas antipsóricas podem
efectuar a cura radical.
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fundo ou origem da sua doença, e dita febre não poderá curar-se na comarca pantanosa
sem um tratamento antipsórico (131).
Algumas vezes sucede que quando o doente se muda sem dilatação do lugar
pantanoso a outro seco e montanhoso, se apresenta em aparência o restabelecimento (a
febre o deixa) se todavia não está profundamente doente, quer dizer, se a Psora não se
desenvolveu nele completamente e pode em consequência voltar ao seu estado latente;
mas nunca recuperará a sua saúde perfeita sem tratamento antipsórico.
*245
*246
(132). – o que se dirige na Quinta edição do Organon, numa nota extensa a este
parágrafo com o fim de impedir estas reacções não desejadas da força vital, era tudo o
que a experiência me tinha justificado. No entanto, durante estes quatro ou cinco anos
todas estas dificuldades, resolveram-se por completo com o meu novo e perfeito método
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*247
Não é razoável repetir a mesma dose não modificada de um remédio dado, sem
ter mencionado a sua repetição frequente ( e a curtos intervalos com o fim de não
retardar a cura). O princípio vital não aceita sem resistência estas doses não
modificadas, quer dizer, sem manifestar outros sintomas do medicamento que os
semelhantes à doença que se trata de curar, porque a primeira já realizou toda a
mudança que se esperava no princípio vital, e uma Segunda dose não modificada do
mesmo medicamento dinamicamente similar em tudo, já não encontrará, por
conseguinte, as mesmas condições da força vital. O paciente, na verdade, pode adoecer
de outro modo ao receber outra dose não modificada, adoecê-lo ainda mais que antes,
pois agora só são activos os sintomas do remédio não homeopático à doença original,
daqui que não se dê nem um passo até à cura, se não até a uma verdadeira agravação da
condição do paciente.
Mas se a dose seguinte é modificada ligeiramente cada vez, quer dizer, de dinamização
mais alta (parágrafos 269 – 270), então o princípio vital pode ser influenciado sem
nenhuma dificuldade pelo mesmo medicamento (a sensação patológica diminui) e deste
modo a cura é mais rápida (133).
*248
Com este fim potenciamos de novo a solução medicinal (134) (com 8, 10, 12
sucessões) da que damos ao doente uma ou (em aumento) várias colheradas, nas
doenças de longa duração diariamente ou cada dois dias, nas agudas cada duas ou seis
horas e em casos muito urgentes cada hora ou com mais frequência. Assim nas doenças
crónicas todo o medicamento homeopático correctamente seleccionado, ainda aquele
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que cuja acção seja de longa duração, deve repetir-se diariamente por meses com êxito
sempre crescente. Se a solução se esgota (de sete a quinze dias), é necessário aumentar à
seguinte solução do mesmo medicamento, se todavia está indicado, um ou (ainda que
raramente) vários glóbulos de uma potência mais alta com a qual se continuará
enquanto o paciente vá melhorando, sem que se apresente um ou outro sofrimento que
nunca tivesse tido antes, durante a sua vida. Se isto acontecesse, se o balanço ou saldo
da doença aparece num grupo de sintomas alterados, modificados, então deve
escolher-se outro medicamento mais homeopático relacionado ao caso, em lugar do
último, e administrado nas mesmas doses repetidas, tendo cuidado, no entanto, de
modificar a solução de cada dose com sucções vigorosas e completas, para mudar e
aumentar o seu grau de potencial.
Por outro lado, aparecerá alguma vez durante a repetição quase diária do
remédio homeopático bem seleccionado, e até ao fim do tratamento de uma doença
crónica, a chamada agravação homeopática, na qual os sintomas morbosos parecem
aumentar algo outra vez (a doença medicinal, semelhante à natural, é a que agora se
manifesta por si mesma). Neste caso as doses devem então diminuir-se todavia mais e
repeti-la a longos intervalos e quem sabe suspendê-las vários dias afim de ver se a
convalescência não necessita mais ajuda medicamentosa. Os sintomas artificiais
produzidos pelo excesso de medicamento homeopático desaparecem logo e deixarão a
saúde em perfeito estado. Se só se dissolveu por sucções um glóbulo do medicamento
num dracma de álcool diluído para usá-lo no tratamento por olfacção cada dois, três ou
quatro dias, esta diluição também deve agitar-se vigorosamente oito ou dez vezes antes
de cada olfacção.
(134). – feita em 40, 30, 20, 15 ou 8 colheradas grande de água alcoolizada ou com um
pedaço de carvão nela com o fim de evitar a sua decomposição. Se se usa o carvão, este
manter-se-á suspenso dentro do frasco como um filamento. Quando se abana o frasco
saca-se o carvão. A solução do glóbulo medicinal (é raro que se tenha que usar mais do
que um glóbulo) de um medicamento completamente potenciado numa grande
quantidade de água, pode evitar-se fazendo uma solução em 7 ou 8 colheradas de água e
depois da sucção completa do frasco, tomar dele uma colherada e pô-la num copo de
água (de 7 ou 8 colheradas), agitá-lo muito bem e dar ao paciente uma dose. Se o
paciente é muito sensível e excitável , põe-se uma colherada desta solução num segundo
copo de água. Há pacientes tão sensíveis que se necessita preparar nesta forma um
terceiro ou quarto copo. Cada copo destes deve-se preparar cada vez que se necessita. O
glóbulo de alta potencial é triturado em açúcar de leite, que pondera o paciente num
frasco e dissolverá na quantidade de água necessária.
*249
Todo o medicamento que prescrito para um caso dado produz no curso da sua
acção, sintomas novos e perturbadores que não pertencem à doença em tratamento, não
é capaz de realizar uma melhoria efectiva, (135) e não pode considerar-se como
seleccionado homeopáticamente; deve-se, também no caso de que a agravação seja
considerável, neutralizar primeiro parcialmente tão rápido como seja possível com um
antídoto, antes de dar o medicamento seguido seleccionado com mais cuidado conforme
a similitude da acção; e se os sintomas molestosos não fossem demasiado violentos, o
seguinte remédio deve dar-se imediatamente, com o fim de que substitui o que foi
impropriamente seleccionado (136).
90
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*250
*251
existem alguns medicamentos (por exemplo Ignatia amara, Bryonia alba, Rhux
toxicodendron e algumas vezes Atropa belladona) cuja faculdade de modificar, o estado
do homem consiste principalmente em efeitos alternantes, espécie de sintomas de acção
primária que são em parte opostos a uns e a outros. Se depois de ter prescrito uma
destas substâncias, seleccionadas sobre princípios homeopáticos estritos, não viesse o
médico sobrevir nenhuma melhoria, uma Segunda dose tão atenuada como a primeira, e
que poderia administrar-se ao cabo de algumas horas, se a doença fosse aguda, a
conduziria rapidamente ao objecto na maior parte dos casos (137).
*252
*253
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*254
*255
Ainda com estas mesmas pessoas, podemos convencermo-nos sobre este ponto,
revisando com elas todos os sintomas enumerados um por um nos nossos apontamentos
da doença, e comprovando assim que não sofrem de nenhum outro sintoma novo e que
os antigos não se agravaram. Se este fosse o caso, e se se observou melhoria no caracter
e na mente, é indício de que o medicamento deve ter efectuado uma diminuição positiva
da doença; ou se não decorreu o tempo suficiente para que isto se realize, muito rápido
será. Se, este suposto, a melhoria tarda demasiado em aparecer, isto depende já seja de
alguma falta cometida pelo doente ou de algumas circunstâncias que se interpuseram.
*256
92
Tradução para português – Dr. João Novaes - 1999
raro o caso em doentes de tuberculose com abcessos pulmonares, não devemos crer
nesta afirmação, se não considerar o seu estado tão agravado como que rápido será
perfeitamente claro.
*257
*258
O verdadeiro médico, além disso, não depreciará a sua prática por futilidade ou
desconfiança o emprego daqueles remédios que de vez em quando empregaram com
mau resultado, devido a uma selecção errónea (por culpa própria, por suposto), ou evitar
o seu emprego por outras (falsas) razões, como que não são homeopáticos ao caso
patológico em tratamento. Terá sempre presente na memória esta verdade que, de todos
os medicamentos um só merece invariavelmente a preferência em cada caso de doença,
o que corresponde mais exactamente por similitude à totalidade dos sintomas
característicos; e que não deve intervir nesta selecção não seria nenhum prejuízo
mesquinho.
*259
(139). – os sons mais doces de uma flauta longínqua que no silêncio das horas da meia
noite desperta num coração sensível sentimentos elevados e lhe submergem em estase
religioso, não podem ouvir-se nem produzem nenhum efeito no meio dos gritos
discordantes e dos ruídos do dia.
*260
(140). – o café; o melhor chá da china ou outras variedades de chá; a cerveja preparada
com substâncias vegetais medicinais impróprias para o estado do doente; os chamados
licores finos preparados com espécies medicinais; toda a classe de ponches, o chocolate
com espécies, as águas de odor e perfumes de todas as classes; flores com muito
perfume nas habitações; pós dentífricos e essências e bolsas perfumadas compostas com
drogas: comidas muito condimentadas e salsas; pasteis e gelados com aroma: vegetais
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crus de acção medicinal para preparar sopas; comidas de vegetais, raízes e ramos de
plantas que possuem propriedades medicinais; aspáragos com pontas largas e verdes.
Lúpulo e toda a classe de vegetais que tenham qualidades medicinais, Aipo, cebolas;
queijo velho e carnes decompostas ou que possuem propriedades medicinais (como a
carne e a gordura de porco, patos, e ganso ou de carneiro muito jovem ou carnes
azedas), devem evitar-se em todos os doentes. Também deve evitar-se todo o excesso de
mesa e o açúcar e sal e assim como bebidas espirituosas não diluídas em água,
habitações aquecidas, trajes de lã sobre a pele, vida sedentária em habitações quentes ou
o abuso de exercícios puramente passivos (a cavalo, no carro ou baloiço). Lactação
prolongada. Dormir uma sesta longa em posição recostada na cama, permanecer deitado
muito tempo. Falta de limpeza. Libertino contra natura, enervação por leituras
obscenas, ler encostado: a masturbação. Coito imperfeito ou suprimido para evitar a
gravidez. Evitar-se-á a cólera, sentimento e desrespeito, paixão pelo jogo, o excesso de
trabalho físico e mental especialmente depois de comer; a permanência em lugares
pantanosos, habitações húmidas, vida cheia de necessidades, etc. todas estas coisas
devem evitar-se ou remover-se, até onde seja possível, a fim de que a cura não seja
obstruída ou se faça impossível. Alguns dos meus discípulos parecem que não
necessariamente aumentaram as dificuldades da dieta, proibindo o uso de muitas outras
coisas indiferentes e toleráveis, conduta que não é de recomendar-se
*261
*262
Pelo contrário, nas doenças agudas, excepto nos casos de problema mental, o
sentido interno subtil e infalível da faculdade conservadora da vida não determina tão
claramente e exactamente, que o médico só tem que aconselhar aos amigos e assistentes
que não ponham obstáculos à voz da natureza recusando ao paciente algo que desse com
urgência em relação com os alimentos, ou tratando de persuadir a que tome algo que
possa ser nocivo.
*263
94
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agudas segundo os desejos do doente. Se cuidará de evitar tudo o que pudesse afectar
vivamente a sua parte intelectual ou moral.
(141). – No entanto, isto é raro. Assim, por exemplo, nas doenças francamente
inflamatórias, em que o Acónito é tão indispensável e cuja acção seja destruída por
ingestão de ácidos vegetais, o doente quase sempre deseja tomar unicamente água pura.
*265
*266
(142). – as substâncias animais e vegetais cruas têm mais ou menos virtudes medicinais,
e podem modificar o estado do homem cada uma a seu modo. As plantas e os animais
que os povos civilizados se alimentam têm sobre os demais a vantagem de conter maior
quantidade de partes nutritivas, e de ter virtudes medicinais menos energéticas, que
todavia diminuem pelas preparações que lhes fazem sofrer, como a expressão do jogo
nocivo (a Cazabe, na América do Sul), a fermentação (a pasta de que se faz o pão, etc.),
as fumigações, a coacção, a torrefacção, etc. que destroem ou dissipam as partes aonde
se aderem estas virtudes medicinais. A adição do sal (salgados) e do vinagre ( salsa, em
saladas) produzem também este efeito, mas resultam dele outros inconvenientes.
As plantas dotadas das virtudes medicinais mais enérgicas, despojam-se
igualmente delas em todo ou em parte, com iguais ou semelhantes preparações. As
raízes do lírio cardeno, do Rábano silvestre, de Peonia, e de arum, ficam quase inertes
pela dessecação. A seiva de vegetais mais violentos reduz-se a uma massa do todo
inerte pela acção do calor que serve para preparar os extractos ordinários. Basta deixar
em repouso por algum tempo a seiva da planta mais perigosa para que perca todas as
suas propriedades; por si mesmo passa rapidamente à fermentação vinosa, quando a
temperatura é moderada, e depois fica acre e em seguida apodrece, o que acaba de
destruir toda a sua virtude medicinal, o sedimento que então se deposita no fundo não é
mais que uma fécula inerte. As ervas verdes, postas somente em montes, perdem
também a maior parte das suas propriedades medicinais pela espécie de exudação que
sofrem.
*267
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(145). – Para conservá-las em forma de pós, necessita-se uma precaução não usada até o
dia nas boticas, aonde não podem guardar-se, sem que se alterem , nem ainda os pós
bem dessecados de substâncias animais e vegetais ainda em frascos bem tapados. Isto
consiste em que as matérias vegetais, ainda que sejam perfeitamente secas, retêm
todavia certa quantidade de humidade, condição indispensável para a coerência do seu
tecido, que não impede que a droga permaneça incorruptível enquanto se conserva toda
inteira, mas que se faz supérflua logo que se a pulveriza. Daqui se segue que uma
substância animal ou vegetal que estava bem seca quando inteira dá um pó ligeiramente
húmido, que não tarda em alterar-se e amolecer-se nos frascos, ainda que estejam bem
tapados, se antes não se teve o cuidado de privá-los de toda a sua humidade.
O melhor modo de consegui-lo é estender os pós sobre um prato de folha de lata de
bordas elevadas, que flutua num vaso de água fervendo (quer dizer, em banho Maria),
removendo-as até que as suas partes já não se aglomerem e resvalem umas contra as
outras como areia fina, que com facilidade podem converter-se em pó. Neste estado
seco podem conservar-se os pós para sempre inalteráveis em frascos bem tapados e
selados, com todo o seu poder ou virtude medicinal primitiva, sem amolecer-se nunca
nem engendrar gorgulhos; tendo o cuidado de pô-los ao abrigo da luz em caixas ou
gavetas tapadas serão melhor conservados. Quando o ar penetra nos frascos ou quando
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estão expostos à acção dos raios solares ou de uma luz muito forte, as substâncias
animais e vegetais perdem cada dia mais as suas virtudes medicinais, ainda que estejam
inteiras mas todavia mais em forma de pó.
*269
O método homeopático, por um procedimento que lhe é próprio e que nada tinha
ensaiado antes que ele, desenvolve as virtudes medicinais dinâmicas de substâncias
grosseiras, que lhes dá a todas uma acção profundamente eficaz (146) e terapêutica,
ainda há aquelas que no estado cru não davam sinal da menor influência medicinal
sobre o corpo humano.
Esta mudança notável nas qualidades das substâncias naturais desenvolve o
latente poder dinâmico (*11), até então desconhecido, como se tivesse permanecido
oculto ou adormecido, (147), poder que influencia o princípio vital e modifica o modo
de ser da vida animal (148). Isto realiza-se por acção mecânica sobre as suas mais
pequenas partículas esfregando e sacudindo e depois de aumentar uma substância
indiferente em pó ou líquido que as separa entre si. Este processo se chama
dinamizar, potenciar (desenvolvimento do poder medicinal) e os produtos são as
dinamizações (149) ou potências em diferentes graus.
(146). – Muito tempo antes de descobrir isto, a experiência tinha ensinado que podiam
produzir-se várias mudanças em diferentes substâncias em estado natural por meio da
fricção, tais como o calor, a combustão, desenvolvimento de odor em corpos inodoros,
magnetização do aço, etc., mas todas estas propriedades determinadas pela fricção só só
se relacionavam a objectos inanimados; enquanto que existe uma lei da natureza
conforme à qual se produzem mudanças fisiológicas e patogénicas no corpo por meio de
forças capazes de mudar o estado material cru das drogas, ainda daquelas em que não se
tinham manifestado nenhuma virtude medicinal.
Isto realiza-se por trituração e sucussão, mas com a condição de empregar um veiculo
indiferente em determinadas proporções. Esta notável lei física, e especialmente
fisiológica e patológica da natureza não tinha sido descoberta antes da minha época.
Não é de surpreender então que os actuais naturalistas e médicos (que a
desconheciam) não tivessem fé no poder mágico curativo das pequenas doses de
medicamentos preparados conforme as regras homeopáticas (dinamizadas).
(147). – o mesmo se observa numa barra de aço ou de ferro, na que não se pode
descobrir-se a força magnética latente oculta no seu interior. Ambas as barras depois de
forjadas e em posição vertical desprezam o Polo Norte de uma agulha implantada na sua
extremidade inferior e atraem o Polo Sul com a outra. Isto é só uma força latente, pois
nem as mais finas partículas de ferro podem extrair-se ou depositar-se em algumas
extremidades da barra.
Unicamente depois de que a barra de aço está dinamizada, esfregando-a com
uma lima numa direcção, poderá voltar-se um íman poderoso e capaz de atrair o ferro e
o aço e transmitir a outra barra de aço por contacto, e ainda alguma distância, o seu
poder magnético e isto em muito maior grau quanto mais se limou. Do mesmo modo
triturando as substâncias medicinais e por sacudimento das suas soluções (dinamização,
potenciação), desenvolver-se-á e manifestará o seu poder medicinal oculto nelas, e se se
permite dizê-lo assim, se espiritualizará a própria substância material.
(148). – isto refere-se só ao aumento e maior força no desenvolvimento do seu poder
para produzir mudanças na saúde dos animais e do homem, sempre que estas
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*270
98
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glóbulo medicamente preparado, seco e ainda mais dissolvido em água, vem a ser o seu
veiculo e nesta condição manifesta-se o poder curativo desta força invisível no
organismo doente.
(150). – uma terceira parte de cem grânulos de açúcar de leite põe-se num almofariz de
porcelana vidrada com o fundo deslustrado com areia fina e húmida. Sobre este pó
acha-se um grânulo da substância em pó que se tritura (mercúrio, petróleo, etc.). o
açúcar de leite que se use para a dinamização deve ser da mais pura qualidade , a que
cristaliza em fileiras e se obtém em forma de barras largas. Por um momento mistura-se
o pó e o medicamento com uma espátula de porcelana e tritura-se com força de seis a
sete minutos. Raspa-se a substância do almofariz e do seu acessório por três ou quatro
minutos a fim de ficar mais homogénea. Volta-se a triturar por outros 6 ou 7 minutos
sem aumentar nada mais e raspa-se também 3 ou 4 minutos. Agora aumenta-se a
Segunda terceira parte de açúcar, mistura-se com a espátula e tritura-se outra vez 6 ou 7
minutos, raspa-se 3 ou 4 minutos e volta-se a triturar por 6 ou 7 minutos. Aumenta-se a
última terceira parte e faz-se o mesmo que com as anteriores. O pó assim preparado
põe-se num frasco bem tapado e protegido da luz directa do sol e põe-se-lhe o nome da
substância e marca-se desta maneira 100 como primeiro produto. Com o fim de elevar
este produto 1000, mistura-se um grânulo dele com a terceira parte de 100 grânulos de
pó de açúcar de leite e procede-se como anteriormente, mas deve Ter-se muito cuidado
em que cada parte seja triturada duas vezes por espaço de 6 a 7 minutos cada vez e
raspada 3 ou 4 minutos antes de que se aumentem as outras terceiras partes. Quando se
termina tudo, põe-se o pó num frasco bem tapado e etiquetado 1000. Agora bem, se se
toma um grânulo deste último pó e prepara-se da mesma maneira, terá a 1/1.000.000 (1)
e cada grânulo conterá 1/1000.0000 da substância original. De maneira que a trituração
dos três graus requer seis vezes seis ou sete minutos triturando e seis vezes 3 ou 4
minutos raspando, no total uma hora. Depois de uma hora de semelhante trituração
cada grânulo do primeiro grau conterá 1/000 da substância usada; do segundo grau
1/10.000 e do terceiro 1/1.000.000. (*). O almofariz, o seu acessório e a espátula devem
limpar-se bem antes de usar-se para outra medicina.
Lavam-se primeiro, secam-se e submetem-se uma ½ hora à ebulição. Podem tomar-se
mais precauções ao grau de pô-las à acção de um calor forte.
(*). – estes são os três graus da trituração de pó seco, a qual se executa correctamente,
virá a ser um bom princípio para a dinamização da substância medicinal.
(151). – o frasco usado para potenciar está cheio nas suas duas terceiras partes.
(152). – como um livro empastado em pele.
(153). – preparam-se debaixo de vigilância, de amido e açúcar, e para evitar as
partículas finas de pó passam-se por uma peneira. Põem-se num coador que deixará
passar os de tamanho mais conveniente para o médico, em número de 100 e de peso de
um grânulo.
(154). – põem-se os glóbulos destinados a serem empregues com o medicamento num
pequeno vaso cilíndrico em forma de dedal, de vidro, porcelana ou prata e com uma
pequena abertura no fundo. Humedecem-se os glóbulos com alguma das dinamizações
alcoólicas, sacodem-se e deitam-se sobre um papel seco a fim de secá-los rapidamente.
(155). – conforme as primeiras instruções, toma-se uma gota de uma potência mais
baixa e mistura-se a 100 gotas de álcool para preparar uma potência mais alta. A
proporção entre o medicamento a potência baixa e o que se vai dinamizar (100:1)
encontrou-se que era demasiado limitada para desenvolver completamente e a um alto
grau o poder do medicamento por meio de certo número de sacudidelas, sem usar
especialmente grande força, como me convenci por meio de muitas experimentações.
99
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*271
100
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*272
Um glóbulo desta classe (158) posto em seco sobre a língua, é uma das mais
pequenas doses para um caso de doença recente e moderada. O medicamento aqui não
tocará senão poucos nervos. Mas se se toma outro glóbulo igual e se tritura com açúcar
de leite e se dissolve em bastante água e se sacode bem antes de cada vez que se
administre, vai-se obter um medicamento muito mais poderoso para vários dias. Cada
dose, não importa a pequena que seja, impressionará, ao contrário, muitos nervos.
(158). – estes glóbulos (*270) retêm a sua virtude medicinal por muitos anos, se estão
protegidos contra a luz e o calor do sol.
*273
(159). – duas substâncias opostas uma à outra, unidas ao sódio e seus sais por afinidade
química em proporções invariáveis, como os metais sulfurados que se encontram na
terra e os produzidos pela arte em combinações proporcionadas e constantes de Sulphur,
sais alcalinos e terrosos, (por exemplo: Natrum sulphuricum, Calcareum sulph.), assim
como os éteres produzidos pela destilação do álcool e os ácidos podem considerar-se,
juntamente com Phosphorus como medicamentos simples pelo médico Homeopata e
usados como tais nos seus doentes.
Por outro lado, os extractos obtidos por meios de ácidos dos chamados alcalóides das
plantas, estão sujeitos a grande variedade na sua preparação (por exemplo: Quinina,
estricnina, morfina), e, portanto, não podem aceitar-se pelo médico Homeopata como
medicamento simples, sempre o mesmo, especialmente quando possuí nas mesmas
plantas, no seu estado natural (casca de China, Nux vomica, Opium) todas as qualidades
ou virtudes necessárias para curar. Além disso, os alcalóides não são os únicos
elementos constituintes das plantas.
*274
101
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extinguir e curar de modo permanente a doença natural), nunca pensará, atento à sábia
máxima “é um erro empregar meios compostos quando os simples bastam”, dar como
remédio senão um medicamento simples e só. Por estas razões também, ainda quando
os medicamentos simples tivessem sido completamente experimentados para obter os
seus efeitos peculiares sobre o organismo em saúde perfeita, é no entanto impossível
prever como duas ou mais substâncias medicinais podem, combinadas, estorvar e alterar
cada uma à acção da outra sobre o organismo humano. Por outro lado, o emprego nas
doenças de um só medicamento cuja totalidade de sintomas é conhecida exactamente,
presta uma ajuda eficaz por si mesmo e só se foi seleccionado homeopáticamente; e
ainda supondo que aconteça o pior caso de não ser seleccionado estritamente conforme
a similitude dos sintomas e por conseguinte não beneficie, no entanto, é bastante útil
pois dá-nos a conhecer os agentes terapêuticos provocando o aparecimento de novos
sintomas, sintomas que o medicamento já tinha determinado na sua experimentação no
organismo são, confirmando-os desta maneira, vantagem que não se obtém com o
emprego dos remédios compostos (160).
*275
*276
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(161). – o elogio de facto nos últimos anos por alguns homeopatas à cerca das grandes
doses deve-se, ou davam medicamentos em dinamização baixa (como disse há 20 anos
sem conhecer nada melhor) ou que os medicamentos seleccionados não eram
homeopáticos ou estavam imperfeitamente preparados.
(162). – assim, com o uso contínuo de grandes doses agressivas alopáticas de mercúrio
contra a Sífilis, desenvolvem-se doenças mercuriais quase incuráveis, enquanto que com
uma ou várias doses moderadas de um preparado mercurial, se curará radicalmente em
poucos dia toda a doença venérea, juntamente com o cancro, como tal que este não se
tivesse destruído com meios externos (como faz sempre a alopatia). Do mesmo modo os
alopatas dão todos os dias casca de Quina e quinina na febre intermitente em grandes
doses, em casos em que estão indicados e nos que infalivelmente curará uma dose muito
pequena e em alta potência de China (em intermitentes palúdicas e ainda em pessoas
que não sofram de nenhuma doença psórica). Produz-se o quinismo (complicado com a
psora) que se não mata gradualmente o paciente por lesão dos seus órgãos internos,
especialmente o baço e o fígado, o fará, no entanto, viver por muitos anos uma
existência precária. É muito difícil conceber que haja um remédio homeopático que
atindotize semelhante desventura produzida pelo abuso de grandes doses de
medicamentos homeopáticos.
*277
Pela mesma razão, e porque um remédio dado a doses bastante débeis mostra-se
de uma eficácia tanto mais maravilhosa quanto mais homeopática foi a sua selecção, um
medicamento cujos sintomas próprios estejam em perfeita harmonia com os da doença,
deverá ser tanto à qualidade de que necessita reduzir-se para produzir suavemente a
cura.
*278
Se se trata agora de saber qual é o grau de qualidade que mais convém para dar à
vez o carácter de certeza e de suavidade aos efeitos benéficos que se querem produzir,
quer dizer, até que ponto se deve diminuir a dose do remédio homeopático num dado
caso da doença para obter a melhor cura.
Para resolver este problema e para determinar de cada medicamento em particular que
dose bastaria para os fins terapêuticos homeopáticos, doses que ao mesmo tempo sejam
bastante pequenas de modo que a cura se obtenha suave e rapidamente, para resolver
este problema, como se concebe facilmente, não servem de nada as especulações
teóricas, nem os razonamentos alambicados nem aos sofismas especiosos, só às
experimentações puras, à observação cuidadosa de cada doente e à experiência exacta
podem determinar isto em cada caso individual. Seria absurdo opor às grandes doses
de medicamentos (alopáticos) inadequados da escola antiga, que não impressionam
homeopaticamente as partes doentes do organismo, se não só os que a doença não ataca,
às pequenas doses que se requerem para a cura homeopática, segundo demonstra a
experiência pura.
*279
103
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*280
A dose de um medicamento que demonstrou ser útil sem produzir novos
sintomas molestos, deve continuar-se o seu emprego elevando-se gradualmente até o
momento em que o paciente aliviado em geral, começa a sentir em forma moderada
o retorno de um ou vários dos antigos sofrimentos originais. Isto indica a cura
próxima por meio da elevação gradual das dose moderada, modificada pela sucção
em cada vez (*247). Indica que o princípio vital já não necessita ser afectado mais
tempo pela doença medicinal semelhante com o fim de desaparecer a sensação
produzida pela doença natural (*148).
Indica que o princípio vital livre agora da doença natural, começa a sofrer algo da
doença medicinal o que é conhecido até agora como agravação homeopática.
*281
*282
Será um sinal certo de que a dose foi em absoluto demasiado alta, se durante o
tratamento, especialmente das doenças crónicas, a primeira dose provoque o
aparecimento da chamada agravação homeopática, quer dizer, o aumento marcado dos
sintomas morbosos originais que se observaram ao princípio. Da mesma maneira
apresentar-se-à a chamada agravação homeopática com cada dose repetida (p.247)
ainda que seja de um medicamento modificado até certo ponto, pela sucção antes de
administrá-lo (quer dizer, em dinamização mais alta) (163).
(163). – a regra de começar o tratamento homeopático das doenças crónicas com dose
mais pequena possível e aumentá-la só gradualmente, está sujeito a uma excepção
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Tradução para português – Dr. João Novaes - 1999
notável no tratamento dos três grandes miasmas enquanto as suas manifestações estão
na pele, por exemplo: a erupção recente de sarna, o cancro não medicado (nos órgãos
sexuais, boca, lábios, etc,.) e as verrugas. Estas doenças não somente toleram, se não na
verdade reclamam desde muito ao princípio das grandes doses dos seus remédios
específicos, de cada vez mais alto grau de dinamização diariamente (possivelmente
também várias vezes ao dia). Se se segue este procedimento não se terá medo, como no
caso do tratamento das doenças ocultas que a dose excessiva ao mesmo tempo que
extinga a doença produza e sustenha possivelmente uma doença crónica medicinal. Não
é este o caso durante a manifestação externa destes três miasmas; pelo progresso diário
do seu tratamento pode-se observar e julgar a que grau as grandes doses desaparecem
dia por dia as sensações patológicas do princípio vital. Nenhum destes três miasmas
podem curar-se sem que dêem ao médico a convicção que já não se necessitam por mais
tempo estes medicamentos.
Posto que em geral as doenças não são se não uma perturbação dinâmica do
princípio vital e não nada material – materia peccans – (como a antiga escola forjou na
sua imaginação por muitos anos e tratado as doenças conforme o seu erro), nada há por
conseguinte que expulsar, nada material que sacar, queimar, ligar ou cortar, sem que se
faça o paciente um doente crónico e mais incurável (Doenças crónicas – parte I), que
antes de instituir-se este tratamento destes três miasmas. O princípio dinâmico
antagónico que exerce a sua influência sobre a energia vital, é a essência destes sinais
externos do miasma maligno interno que só pode extinguir-se por meio de
medicamentos que actuam sobre o princípio vital de uma maneira semelhante, mas mais
forte e assim devanecer a sensação interna e externa da doença dinâmica de tal modo
que já não exista para o princípio vital (para o organismo) libertando o paciente o
paciente da sua doença e curando-a.
No entanto, a experiência ensina que a sarna e a sua manifestação externa, assim
como o cancro junto com o miasma venéreo interno, podem e devem curar-se só com
medicamentos específicos administrados internamente. Mas as verrugas se existiram
por algum tempo sem medicá-las, necessitam, para a sua cura perfeita, a aplicação
externa do seu medicamento específico ao mesmo tempo que a sua administração
interna.
*283
*284
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Tradução para português – Dr. João Novaes - 1999
(164). – é notavelmente útil o poder medicinal actuando nas crianças por meio do leite
materno ou da ama.
Todas as doenças cedem, durante a infância, ao remédio homeopático bem seleccionado
e administrado em doses moderadas à mãe que amamenta, e desta maneira o novo
cidadão do mundo utiliza-o mais facilmente e com maior segurança que a pudesse fazer
nos anos vindouros. Posto que muitas crianças se contaminaramda Psora com o leite da
sua ama, se é que não a possuiam já por hereditariedade materna, pode protegê-los ao
mesmo tempo antipsoricamente por meio do dito leite que se converteu em medicinal da
maneira descrita já. No caso de uma primeira gravidez para destruir a Psora, causa da
maior parte das doenças crónicas, na mãe e no feto é indispensável instituir um
tratamento moderado antipsórico, especialmente com Sulphur preparado conforme as
instruções dadas nesta edição (p.270), protegendo assim a posteridade antecipadamente.
A mulher grávida tratada nesta forma demonstra a verdade do dito. Dará à luz filhos
mais sãos e mais fortes, com espanto de todos. Isto vem a ser uma nova confirmação da
grande verdade da teoria da Psora descoberta por mim.
*285
Desta maneira, na cura de doenças muito antigas, o médico pode ajudar mais
amplamente aplicando ao exterior, por fricção na coluna, braços, extremidades, o
mesmo medicamento que se administre internamente e que tenha demonstrado possuir
virtude curativa. Procedendo assim evitará a dor e espasmos locais como as erupções
cutáneas (165).
(165). – por estes factos se explicam essas curas maravilhosas ainda que rara, em que
pacientes com deformidades crónicas e cuja pele, no entanto, estava sã e limpa, se
curassem rápida e permanentemente depois de uns poucos banhos cujos elementos
medicinais eram (por casualidade) homeopáticos à doença. Por outro lado, os banhos de
águas minerais muito menos agravam as lesões dos doentes a quem se suprimiu alguma
erupção. Depois de um breve período de bem estar, o princípio vital permite que a
doença interna, não curada, apareça em qualquer outra parte do organismo mais
importante para a saúde e para a vida.
Às vezes, em mudança, paraliza-se o nervo óptico e produz-se amaurose
(enfraquecimento ou perda total da vista em consequência de lesão na retina, no nervo
óptico ou no encéfalo), algumas vezes o cristalino fica opaco, perde a audição,
apresenta-se a mania ou um ataque de asma sufocante, ou uma apoplexia termina com
os sofrimentos do doente.
Um princípio fundamental do médico homeopata (que o distingue de todo o
médico de qualquer outra escola), é que nunca emprega para nenhum doente um
medicamento cujos efeitos não se tivessem provado prévia e cuidadosamente no
organismo são e desta maneira conhecia-o (*20 e *21). Prescrever para o doente
baseando-se sobre meras conjecturas de algo possível e útil por semelhança a outra
doença ou por Ter ouvido “ que o remédio serviu em tal ou qual doença “, é um
proceder sem consciência que o filantropo homeopata deixa ao alopata. Um genuíno e
verdadeiro médico que pratique a nossa arte, nunca enviará os seus doentes a nenhuma
estação de banhos minerais, porque quase todos são desconhecidos nos seus efeitos
exactos e positivos sobre o organismo humano em saúde, e quando se usa mal, podem-
se classificar entre as drogas mais violentas e perigosas. deste modo, de cem doentes
enviados cegamente aos banhos de mais fama por médicos ignorantes, doentes que não
puderam curar-se alopaticamente, quem sabe um ou dois se curem por casualidade;
106
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*286
*287
Pode empregar-se o poder curativo do íman com maior certeza de acordo com os
efeitos positivos detalhados na Matéria Médica Pura, no polo norte e polo sul de uma
poderosa barra de íman. Ainda que ambos os polos são igualmente poderosos, no
entanto, não se opõem um ao outro na sua maneira de actuar. A dose pode modificar-se
pelo espaço de tempo em que um ou outro polo estão em contacto com o sujeito.
Conforme está indicado cada um deles pelos sintomas. Para antidotizar uma acção
demasiado violenta bastará a aplicação de uma placa de zinco polida.
*288
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Creio que seja necessário falar também aqui do magnetismo animal, como é
classificado, ou melhor mesmerismo (doutrina do magnetismo animal, exposta na
segunda metade do século XVIII, pelo médico alemão Mesmer) que difere muito
pela sua natureza de todos os outros agentes terapêuticos. Esta força curativa, com
frequência negada e desdenhada tão estupidamente por uma centena, actua de
diferentes maneiras. É um Dom maravilhoso e não apreciado concedido por Deus
à espécie humana por cujo meio a vontade energética de uma pessoa bem
intencionada exercendo sobre um doente por contacto ou sem ele e ainda a certa
distância, pode transmitir dinamicamente a outra pessoa, a energia vital do
magnetizador dotado deste poder (da mesma maneira que um dos polos de uma
poderosa varinha magnetizada o faz sobre uma barra de aço).
Actuam em parte restituindo ao organismo do doente a sua força vital que é
deficiente em algum ponto; em parte também, em lugares em que a força vital está
acumulada em excesso e provoca desordens nervosas, separa-a, diminui-a e distribui
uniformemente. Extingue em geral o estado morboso do princípio vital do paciente, e
substitui no seu lugar a força poderosa normal do magnetizador, como nos casos de cura
de úlceras antigas, amauroses, paralisias parciais, etc., A esta classe pertencem muitas
destas curas rápidas e evidentes realizadas por magnetizadores dotados de grande poder
natural. O afeito mais brilhante da transmissão do poder humano a todo o organismo,
vê-se nos casos de resurreição de pessoas que permaneceram algum tempo num estado
de morte aparente, pela vontade mais poderosa e afim de um Homem dotado de grande
energia vital (166). Desta classe de resurreições a história refer muitos exemplos
inegáveis.
O magnetizador de um ou de outro sexo, capaz ao mesmo tempo de um
entusiasmo bondoso (ainda que degenere em intolerância, fanatismo, misticismo ou
sonhos filantrópicos), poderá, às vezes, realizar milagres aparentes, se estivesse em
absoluto dotado de força suficiente para o cumprimento abnegado e filantrópico de
dirigir e ao mesmo tempo de concentrar o poder da sua vontade imperativa sobre o
sujeito que necessita ou ajuda.
(166). – especialmente uma de tais pessoas, das que não há muitas, quem, além de uma
grande bondade e perfeito poder físico, não possua senão um desejo muito moderado
pelas relações sexuais, por conseguinte não lhe ocasionará grande moléstia suprimi-las
por completo; de maneira que todo o fluído vital mais delicado que deveria empregar-se
na preparação do sémen, está rápido para ser transmitido a outros por contacto e por
desejo poderoso da vontade. Alguns magnetizadores de grande poder que eu conheci,
todos tinham este carácter peculiar.
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extremidade dos pés (168). Quanto mais rápido é este passo, tanto mais forte é a
descarga que produz. Assim, por exemplo., no caso que uma mulher antes sã, (169) pela
supressão repentina das suas regras por uma comoção mental violenta, caia num estado
de morte aparente, pode ser descarregada da força vital que está provavelmente
acumulada na região prê-cordial, por meio de um passo rápido negativo que restablecerá
o equilíbrio em todo o organismo, de maneira que a resurreição geralmente apresenta-se
de seguida (170). Da mesma maneira, um passo negativo suave e menos rápido diminui
a inquietude excessiva e a insónia acompanhada de ansiedade, algumas vezes
produzidas numa pessoa muito irritável por um passo positivo demasiado poderoso,
etc,.
(167). – tratando aqui da virtude curativa, certa e decidida do mesmerismo positivo, não
falo do abuso que tão comumente se faz, repetindo estes passos por espaços de meia
hora, uma hora e ainda dias atrás dias, produz-se em sujeitos cujos nervos são débeis,
este enorme transtorno de toda a economia humana que se chama sonambulismo, estado
em que o Homem, subtraido ao mundo dos sentidos, parece pertencer mais ao dos
espíritos, estado contrário ao da natureza e extremamente perigoso, por meio do qual
mais de uma vez planeou-se curar as doenças crónicas.
(168). – é uma regra, suficientemente conhecida que a pessoa que se quer magnetizar
positiva ou negativamente, não deve usar seda em nenhuma parte do corpo.
(169). – por conseguinte um passo negativo, sobretudo se é muito rápido, é muito
prejudicial a uma pessoa delicada atracada de uma doença crónica e deficiente em força
vital.
(170). – um jovem aldeão forte, de dez anos, com motivo de uma ligeira indisposição,
recebeu de uma profissional magnetizadora vários passos muito fortes com a
extremidade de ambos os pulgares desde o epigástrico até à borda inferior das costelas,
e no momento ficou mortalmente pálido e caiu em tal estado de inconsciência e
imobilidade que todo o esforço foi em vão para despertar e considerou-se como morto.
Diz-se que o seu irmão mais velho lhe desse um passo negativo muito ligeiro desde o
vértice da cabeça até aos pés, e num instante recuperou a consciência voltando a estar
vigoroso e bem.
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Não constituem um verdadeiro medicamento, pois ainda quando sejam bem aplicados,
só produzem mudanças físicas beneficiosas no doente. O banho à temperatura de 25 ou
27 graus, serve para despertar a sensibilidade adormecida do sistema nervoso (em casos
de congelamento, afogamento e asfixia). Ainda que sejam só paliativos, no entanto,
quando se dão acompanhados da administração de café, e de fricções, com frequência
demonstram suficiente actividade. Podem ajudar homeopáticamente em casos em que a
irritabilidade nervosa esteja distribuida e acumulada muito desigualmente em alguns
órgãos, como em certos casos de espasmos histéricos e convulsões infantis. Da mesma
maneira actuam homeopaticamente os banhos frios a 10 ou 6 graus em pessoas de calor
vital deficiente, curadas com medicamentos de alguma doença crónica. Por imersões
Instantâneas e depois repetidas, actuam como paliativo restaurando a tonicidade
esgotada. Com este fim, tais banhos devem usar-se de curta duração, ou melhor, por
minutos. A uma temperatura cada vez mais baixa são paliativos que só actuam
fisicamente e por conseguinte não têm as desvantagens de uma acção contrária que é de
temer-se com os medicamentos dinâmicos paliativos.
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