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Série Aparelhos Ortodônticos

DISJUNTOR PALATINO TIPO HAAS

Embora o primeiro relato de expansão f) uma vez que as bases dentárias pos- cio 24 horas após a instalação do aparelho
ortopédica da maxila tenha ocorrido nos suem uma melhor relaçào, na maioria dos e implica em acionar o parafuso uma volta
Estados Unidos em 1860, o reconheci- casos, a necessidade de movimentação completa por dia, 2/4 de volta de manhã
mento garantido deste procedimento na dentária durante a correção ortodôntica é e 2/4 de volta à tarde, até a obtenção da
América, com apoio declarado de todas bastante reduzida. morfologia adequada do arco dentário su-
as correntes ortodônticas, deve-se princi- perior. A fase de ativação estende-se de 1
palmente aos trabalhos clássicos publica- a 2 semanas, dependendo da magnitude
dos por Haas a partir da década de 60. Os O APARELHO: DESENHO E PRÁTICA da atresia maxilar. Já a fase passiva do
mesmos alcançaram grande repercussão CLÍNICA tratamento compreende a manutenção do
e foram capazes de ressuscitar o invento aparelho na cavidade bucal por 3 meses,
de Angel, ou seja, a idéia do crescimento Componentes período em que se processa a reorganiza-
ósseo intersticial estimulado pela movi- 1) barras de conexão palatinas (constru- ção sutural da maxila e as forças residuais
mentação ortodôntica.1 ídas com fio 1.2mm de espessura), solda- acumuladas são dissipadas. Passado esse
O objetivo da expansão palatal rápida é das nas duas bandas de cada hemiarco tempo, o aparelho expansor é retirado e
a obtenção de excelente separação da ma- (1omol. e 1o pré-mol. ). substituído por uma placa acrílica palatina
xila. Com a reparação da sutura rompida, 2) botão acrílico, assentado sobre a de contenção removível, por um período
ocorre aumento permanente na dimensão abóbada palatina. mínimo de 6 meses.1
maxilar transversa e também diversos be- 3) parafuso, elemento ativo do aparelho,
nefícios que serão alcançados pela expan- o qual imerge na porção acrílica exata- Indicações (segundo Andrew Haas)
são palatal bem sucedida, tais como: mente sobre a rafe palatina.1 (Fig.1A) - 50% - A) deficiências maxilares reais
a) promoção do crescimento da mandí- e relativas.
bula até o pleno potencial genético. O aparelho empregado para estágios de - 10% - B) estenose nasal grave*.
b) fisiologicamente , a respiração nasal dentadura decídua e mista recebe uma pe- - 10% - C) classe III cirúrgica e não cirúr-
é melhorada como resultado do aumento quena modificação. Contém apenas duas gica e pseudo- classeIII (funcional).
concomitante na largura da cavidade nasal bandas na região posterior, sendo adapta- - 2% - D) paciente com fissura do palato
c) aumento espontâneo, permanente e sig- das no 2º molar decíduo ou 1º molar per- madura.
nificativo na largura do arco dentário inferior manente 1. O dente de ancoragem ante- - 10% - E) problemas de comprimento
d) implicações relativas à saúde da ATM rior, o canino decíduo, não recebe banda, de arco em caso de bom padrão.
são relevantes e óbvias devido a mandíbu- e sim, uma extensão da barra de conexão - 8% - F) onde o deslocamento anterior
la buscar sua posição mais confortável em que abraça este dente à semelhança de da maxila é desejável em casos de boa
repouso ou funcional um grampo em “ C ”. 1 ( Fig.1B) largura
e) tração dos músculos mastigatórios e - 10% - G) caso de mordida esquelética
orofaciais em uma direção mais favorável Prática clínica profunda para aumento vertical 3
e acentuação do crescimento da muscu- O procedimento clínico da expansão rá-
latura orofacial, propiciando um efeito fa- pida da maxila inclui uma fase ativa, que * HAAS preconiza expansões mínimas
vorável no crescimento dos maxilares, ali- libera forças laterais excessivas e outra de 12 mm.
nhamento dentério e estética dentolabial3. passiva de contenção. A primeira tem iní-
Obs: não há contra-indicações à expan-
são rápida da maxila3.

A expansão rápida da maxila em pacien-


tes após a fase de crescimento está indi-
cada para pacientes até aproximadamente
30 anos de idade, boa saúde periodontal,
com necessidade, no máximo, de expan-
são moderada da maxila ao nível ósseo,
A B e que aceitem um provavél desconforto
FIGURA 1 inerente ao processo 2.

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Indicações da expansão rápida assisti- 2) necessidade de grande expansão óssea. conforto provável durante a evolução da
da cirurgicamente 3) Perda óssea horizontal, mesmo que expansão.
dentro dos limites aceitáveis para um tra- 5) atresia unilateral real da maxila.
1) pacientes acima de 30 anos que neces- tamento ortodôntico convencional. 6) tentativa prévia , porém sem êxito, da
sitem de aumento transversal da maxila. 4) não aceitação pelo paciente do des- expansão rápida ortopédica 2.

FIGURA 2 FIGURA 3 FIGURA 4

FIGURA 5 FIGURA 6 FIGURA 7

FIGURA 8 FIGURA 9 FIGURA 10

FIGURA 11 FIGURA 12 FIGURA 13

CONFECÇÃO: seqüência laboratorial sirva de apoio para as bandas (Fig. 1A, B) que são em número de 4, faz-se um ângulo
do disjuntor fixo tipo HAAS 4 bandas 2) Utilizando-se um fio 1,2 mm contornar, de 90º em cada fio (1,2 mm), posicionando-os
com alicate Trident, de canino a 2º molar de sobre o bloco de cera, de tal modo que cada
1) Após obtido o modelo de trabalho su- ambos os lados da arcada, e com a cera nº fio esteja afastado de 2 a 3 mm da linha média
perior bandado, fixar um bloco de cera uti- 7 fixá-los sobre o modelo (Fig. 2 a 8) do modelo de trabalho, direcionando-se para
lidade no centro do modelo, para que este 3) Para a confecção das barras de conexão, suas respectivas bandas (Fig. 9 a 13)

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FIGURA 14 FIGURA 15 FIGURA 16

FIGURA 17 FIGURA 18 FIGURA 19

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FIGURA 23 FIGURA 24 FIGURA 25

FIGURA 26 FIGURA 27 FIGURA 28

4) Com utilização da cera nº7, fixar as bar- 7) Deixar secar por alguns minutos água fervente (Fig. 24)
ras sobre o bloco de cera (Fig. 14 a 17) 8) Solda: utiliza-se fluxo para solda prata na 10) Lavar os fios com pedra pomes não
5) Molhar o modelo já com os fios fixados região a ser soldada, a mesma com maçarico, retirando-os do modelo (Fig. 25)
6) Colocar revestimento sobre os fios com unindo dessa forma a solda (Fig. 20 a 23) 11) Fixar com cera nº7 o expansor no
exceção da área a ser soldada (Fig. 18) 9) Retirar o revestimento e cera com centro do modelo (Fig. 27)

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FIGURA 30 FIGURA 31

FIGURA 29

FIGURA 32 FIGURA 33 FIGURA 34

FIGURA 35 FIGURA 36 FIGURA 37

FIGURA 38 FIGURA 39 FIGURA 40

12) Isolar o modelo (Fig. 28)


13) Colocá-lo submerso em água por al-
guns minutos, para hidratação (Fig. 30)
14) Acrilizar (Fig. 31 a 38)
15) Limpar solda, desgastar o acrílico
(exceto na face palatina) , cortá-lo ao meio
com disco de carburundum e lixá-lo (Fig.
40 a 46)
16) Polimento químico (Fig. 47)
FIGURA 41 FIGURA 42

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FIGURA 43 FIGURA 44 FIGURA 45

FIGURA 46 FIGURA 47 FIGURA 48

FIGURA 49 FIGURA 50

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES: mentoneira de tração vertical após a ex- adolescentes. Essa sintomatologia atinge
pansão palatal 3. o pico imediatamente após cada ativaçào
• Em uma expansão palatal bem suce- e declina bruscamente, minutos depois,
dida, a maxila se movimenta para baixo e • No tratamento de expansão rápida da sendo às vezes necessária uma analgesia
para frente e, consequentemente a conve- maxila, a sobreposição dentária é impres- em pacientes adultos 1.
xidade da face média e a dimensão ver- cindível, posto que, além da esperada reci-
tical são aumentadas; porém ambas as diva dento-alveolar, a recidiva esquelética • A estrutura acrílica do aparelho deve
alterações são temporárias. A dimensão também ocorre 1. respeitar as áreas nobres do palato, ou
vertical original se restabelece no término seja, a gengivamarginal livre, região das
do tratamento ortodôntico, provavelmente • Durante as ativações, a sintomatolo- rugosidades palatinas e região distal do
devido à atividade dos músculos da mas- gia dolorosa apresenta-se de forma fu- primeiro molar permanente 1.
tigação. Os casos de alterações verticais gaz e suportável, não comprometendo o
acentuadas podem ser controlados com procedimento, pelo menos em crianças e • O disjuntor tipo Haas pode liberar for-

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CASO CLÍNICO

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ças de até 10 000g, porém a faixa usual é e a quantidade do efeito ortopédico in- • Os dois aspectos mais importantes
de 4 000 a 5 000g 3. duzido pela expansão. O fechamento do da expansão rápida da maxila são a an-
diastema interincisivos ocorre esponta- coragem dentária consistente, ou seja, a
• A sutura raramente se abre após os neamente devido à memória das fibras ancoragem dento-muco-suportada (ou de
18 anos, porém a pressão exercida pelo transseptais elásticas se dando primeira- ancoragem máxima) são fundamentais
disjuntor irradia através da maxila causan- mente ao nível de e, posteriormente, ao para uma estabilidadde a longo prazo 3.
do torque e tensões na mesma, a qual res- nível radicular 2.
ponde com oposição do osso na superfície
externa da maxila e, novamente, se asse- • O instrumento ideal para o diagnósti- CONCLUSÃO
melha aos casos em que a sutura palatina co, para registrar a disjunção ao nível da
se abriu 3. sutura palatina mediana, é a radiografia O aumento nas dimensões transversais
oclusal total da maxila, na qual pode-se do arco dentário superior, obtido median-
• De um modo geral, quanto mais velho observar uma área triangular, radiolúcida, te a expansão rápida da maxila, deve-se
o paciente, maior será o efeito ortodôntico com a base maior voltada para a espinha principalmente, ao efeito ortopédico, o que
em detrimento do efeito ortopédico 1. nasal anterior, região onde a resistência implica em ganho real da massa óssea
óssea se faz menor 2. e conseqüente aumento do perímetro do
• Depois da terceira volta completa do arco dentário2, bem como outros benefí-
parafuso , os incisivos recebem o impac- • Em casos de rápida expansão maxilar cios conquistados através da expansão
to da disjunçào maxilar, caracterizando- assistidas cirurgicamente, a ativação pode transversa maxilar3. Esse efeito tão alme-
se, a partir de então, uma relação direta ser mais lenta(2/4 de ativação dia), pois a jado não é privilégio apenas de pacientes
entre a magnitutude do diastema aberto força aplicada é imediatamente liberada 2. até a adolescência.

REFERÊNCIAS*

1 - CAPELOZZA FILHO, L; SILVA FILHO, O.G. Expansão Rápida da Maxila: Considerações Gerais e Apresentação Clínica. Parte I.
Rev Dental Press Ortod Ortop Facial, v. 2, n. 3, p. 88-102, maio/junho 1997.
2 - CAPELOZZA FILHO, L; SILVA FILHO, O.G. Expansão Rápida da Maxila: Considerações Gerais e Apresentação Clínica. Parte II.
Rev Dental Press Ortod Ortop Facial, v. 2, n. 4, p. 86-108, julho/agosto 1997.
3 - HAAS, A. J. Entrevista. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 1-10, jan./fev. 2001.
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* Caso deseje obter os artigos referenciados acima, na íntegra, entre em contato com biblioteca@dentalpress.com.br
(para artigos em inglês, consultar disponibilidade de versão traduzida para português)

Autoria e Pesquisa Científica: Calliandra Moura Pereira Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização de:
Coordenação/Revisão Científica: Dra. Ligiane Vieira Tokano Ramos DENTAL PRESS EDITORA LTDA.
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