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Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT

Curso de Graduação em Engenharia de Produção Agroindustrial


OABM – 2009.02 – Prof.a M.Sc. Carla Cristina Rosa de Almeida

Abordagem dos fatores relevantes para a integração comercial e


acordos entre os países do Mercosul
Marcos Seccki- marcosseccki@hotmail.com
Rondinelson Rafalsky- rafalsky137@gmail.com
Thuylla Gomes Ribeiro- thuylla_gr@yahoo.com.br

Resumo: O presente artigo aborda, sucintamente, a caracterização e classificação dos tipos de integrações
comerciais realizadas atualmente por diversos países no mundo. Enfatizando como se deu a formação do único
bloco econômico composto, apenas por países da América Latina, o Mercado Comum do Sul (Mercosul).
Demonstrando os principais acordos firmados e em negociação, entre os países membros, evidenciando a
expansão comercial obtida através desta integração e relacionando as parcerias comerciais realizadas com
terceiros países. Além de enfocar os benefícios abocanhados tanto pelos quatro Estados Parte, quanto pelos
países ou blocos que realizam transações comerciais, tais como a União Européia e outros países da América do
Sul.

Palavras- chave: Acordo; Mercosul; Integração; Comércio.

1. Introdução

Diante de tanta concorrência existente no mundo, os países buscam integrar-se através de


blocos por meio de acordos firmados, fortalecendo sua participação no mercado internacional. Caso
não participe de um acordo de integração, tal país pode ficar em desvantagem em relação aos seus
concorrentes externos. Portanto, cabe a cada país analisar suas limitações econômicas, tentar a
consolidação de acordos e a busca de parceiros comerciais.

Todo país quando busca um acordo de livre comércio tem como foco a expansão de suas
relações comerciais, que pode ser alcançada de várias formas, sejam por empreendimentos
empresariais conjuntos, permutas tecnológicas- produtivas, e o mais comum, a isenção de barreiras
tarifárias e não-tarifárias. No caso específico, o Mercosul foi criado através de um tratado de
integração (Tratado de Assunção) entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, que fez com que tais
países tivessem maior força de comercialização na conjuntura internacional.

O objetivo principal da elaboração deste trabalho é mostrar a formação de blocos


econômicos, exclusivamente, o caso o Mercosul, abordando sua inicialização e seus principais
acordos de livre comércio que foram firmados e os que ainda estão em negociação e abordar a
integração entre os países membros que são os principais beneficiados pela formação do
bloco.
2. Integração comercial
Segundo Silva e Carvalho (2004), no passado, a integração entre povos era realizada por
invasões e conquistas e a força do exército era o principal instrumento de persuasão. Atualmente,
nações independentes procuram integrar-se por meio de acordos firmados em função de seus
interesses recíprocos. Cada país se vê compelido a participar dos acordos para não ficar em
desvantagem em relação aos que estão se articulando em blocos e se fortalecendo diante da
concorrência nas negociações internacionais.
Há diversos tipos de integração econômica, que podem ser classificados segundo um grau
crescente de interdependência, porém, na formação de um bloco econômico o acordo entre os países
envolvidos pode ser iniciado em qualquer etapa, não precisando seguir a ordem crescente, deste modo,
a classificação de cada bloco é feita em função de suas principais características (Silva e Carvalho,
2004).
A seguir, os tipos de integração econômica em modo crescente:

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1. Zona de livre comércio: países fazem acordos que visam à eliminação de barreiras sobre o
comércio recíproco, mas mantêm políticas de comércio com características individuais;
2. União aduaneira: além da eliminação de barreiras comerciais, os membros da sociedade
passam a adotar uma mesma política comercial;
3. Mercado comum: a liberdade de deslocamento não se restringe aos produtos, mas abrange
também os fatores de produção (capital e mão de obra), e a política comercial é uniforme em relação a
países não-membros;
4. União econômica: os acordos não se limitam aos movimentos de bens, serviços e fatores de
produção, mas buscam harmonizar políticas econômicas para que os agentes possam operar sob
condições semelhantes nos países constituintes do bloco econômico;
5. Integração econômica total: essa fase implica livre deslocamento de bens, serviços e fatores
de produção, além de completa igualdade de condições para os agentes econômicos, pois o acordo
prevê idênticas políticas econômicas e sociais, administradas por autoridades supranacionais.

3. Mercosul
3.1. Características Gerais
O Mercado Comum do Sul (Mercosul), apesar do que sugere o nome, é classificado como uma
União Aduaneira, ainda que incompleta por persistirem listas de exceções à Tarifa Externa Comum
(TEC), contudo o objetivo final e o de se tornar um mercado comum.
Conforme descrito no site do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Mercosul é
composto por quatro Estados Parte: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A Venezuela é considerada
Estado Parte em processo de adesão, e tornar-se-á membro pleno assim que o Protocolo de Adesão da
República Bolivariana da Venezuela for referendado por todos os atuais membros parte. Existem,
também, os Estados Associados, que são beneficiados através da diminuição, ou até mesmo extinção
de barreiras tarifárias sobre seus produtos, este grupo é composto por Bolívia, Chile, Colômbia,
Equador e Peru.
3.2. Consolidação e Principais Acordos

Segundo Guimarães (2008) os esforços de países para criarem acordos de integração regional
se da pelo fato dos efeitos em suas economias, elevando as participações das exportações no comércio
exterior. Pensando em sua política externa, o Brasil abrigou um acordo de integração regional com a
Argentina nos anos 80 e, posteriormente com o Paraguai e o Uruguai na entrada da década de 90,
dando origem ao Mercosul.
De acordo com a Revista Nova Escola (2009), a raiz da criação do Mercado Comum do Sul
encontrava-se no final da Segunda Guerra Mundial, em que países da América Latina buscavam saídas
econômicas para desenvolver sua industrialização. Contudo, essas buscas resultaram, a princípio, na
criação da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), no ano de 1960, que buscava
cessar barreiras alfandegárias entre os membros da associação na tentativa de fortalecer a
industrialização. Posteriormente, a ALALC transformou-se em Associação Latino-Americana de
Integração (ALADI) no intuito de corrigir algumas falhas que impossibilitavam o alcance dos
objetivos propostos.
No entanto, os primeiros vestígios visíveis da criação do Mercosul se deu no início da década
de 90, com a iniciativa do Brasil e Argentina e, a então, criação e assinatura do Tratado de Assunção,
que normaliza e estabelece os objetivos da integração comercial, em março de 1991 passando por um
período de transição que se estendeu ate dezembro de 1994, que estabelecia os seguintes instrumentos:
“Desenvolvimento de um Programa de Liberalização Comercial, para quase todo o
universo tarifário, que consistiu em reduções tarifárias progressivas, lineares e
automáticas a cada semestre, até atingir tarifa zero de importação; Reduzidas listas
de exceções ao cronograma de desgravação, com redução de 20% do número de
itens tarifários, ao final de cada ano. Argentina e Brasil encerrariam suas listas de
exceções em 31.12.94, e Paraguai e Uruguai em 31.12.95; Eliminação de restrições

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não tarifárias ou medidas de efeito equivalente; Negociação de políticas comerciais


comuns; Adoção de acordos setoriais, visando economias de escala eficientes.”
(MDIC, 2007).
Dentre os acordos firmados entre os Estados Parte, a fixação da Taxa Externa Comum (TEC) é
o de maior relevância. Como insinua a própria denominação, a TEC consiste na adoção de uma
mesma taxa para máquinas e insumos importados a todos os quatro países, de forma que os Estados
membros possam competir de forma igualitária entre si. Foi aprovada na Cúpula de Ouro Preto, entrou
em vigor em 1995 e possui taxação que varia entre 0% e 20%, sendo alterada de acordo com a
classificação dos produtos e/ou serviços importados.
Além de acordos comerciais, existem dois outros de cunho social o Acordo sobre Residência
para Estados do Mercosul, Bolívia e Chile”, que assegura o direito de todos os cidadãos de tais países
a residência permanente ou a trabalho em qualquer país membro do Mercosul. E o “Acordo sobre
Documentos de Viagem dos Estados Partes do Mercosul e Estados Associados”, ao qual permite que
qualquer cidadão natural dos Estados acordados, com documento de trânsito livre, viaje entre os
países. (MRE).
O acordo firmado pelos países do Mercosul teve como objetivo estabelecer uma zona de
negociação para inserção no mercado internacional, partindo de decisões solidárias entre seus
membros, com intuito de criar forças competitivas não conflitantes. Assim, realizando acordos com
outros países, mas ao mesmo tempo estabelecendo condições preferenciais de acesso a mercados
externos que convergissem para a oferta externa de todos os países membros (Guimarães, 2008).

3.3. Comércio Externo


As primeiras tentativas de acordos comerciais externos, pelo Mercado Livre do Sul, foram
realizadas no início da década de 90, onde se buscava a firmação de uma área de livre comércio com
os Estados Unidos e com a União Européia. No entanto, na época não havia uma situação totalmente
favorável à consolidação de tal acordo. (Guimarães,2008).
Recentemente, o Mercosul tem estabelecido vários acordos comerciais com diversos países da
América- Latina, principalmente através da criação de listas de preferência de produtos a se
comercializar. Variados tratados de comércio foram realizados com Chile, México, Índia, outros
países da América Latina e com países da South Africa Custom Union (SACU), dentre outros.
As relações Chile – Mercosul tiveram início oficial no ano de 1996, com o estabelecimento de
livre comércio para determinadas mercadorias descritas em uma extensa lista. Sendo que, os produtos
excluídos alcançariam o livre comércio até 2012 através de políticas de redução de tarifas. O Chile
possui acordos multilaterais com vários países e, é o maior importador de produtos do Mercosul.
A partir de 1993, após uma abertura comercial externa, as negociações entre a Índia e o
Mercosul passaram a ser significativas,. Daí em diante as negociações fluíram e em 1998, de acordo
com a Organização Mundial de Comércio (OMC), a tarifa máxima de comércio entre ambos foi de
50%. Contudo, o comércio com o Mercosul representa apenas 1% de toda a corrente de comércio
indiano. Atualmente a Índia oferta 124 diferentes produtos de comercialização, sendo que, 42% de
suas exportações para o Mercosul são destinadas ao Brasil. As exportações da Índia para o Mercosul
foram 70% maiores nos últimos 3 anos movimentando 5 bilhões de dólares.
O México apresenta considerável protecionismo comercial, no entanto seu comércio com o
Mercosul tem crescido nos últimos anos. O acordo Brasil-México fixado em 2002, trouxe benefícios
significativos para o Mercosul aumentando suas exportações em 200% o que causou um maior
equilíbrio nas exportações dos países membros. O Mercosul não fez um acordo direto com o México
porque 65% os produtos mexicanos interessava mais aos brasileiros e apenas 15% de seus produtos
aos outros países do Mercosul.
De acordo com Guimarães (2008), o MERCOSUL vem buscando consignar um acordo de
livre comércio com o estado de Israel e os países do CCG (Carta do Conselho de Cooperação do

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Golfo). Se tratando da União Européia o Mercosul vem negociando um acordo de livre comércio
desde os anos 90, mas que até hoje não foi concretizado, apesar de haver grandes exportações dos
países do Mercosul, principalmente o Brasil, para a mesma.
O objetivo do Mercosul através do acordo com os países do CCG é a obtenção de listas de
produtos com margens de tarifas preferenciais ofertados por estes países. No conjunto de mercados
interessantes ao Mercosul nos quais as negociações tenderiam a ser compartilhadas, o interesse é
somente no mercado de frutas, no que engloba interesses parciais o mercado de máquinas e aparelhos
mecânicos são visados, e o mercado de minério, papel e cartolina, sendo apenas de interesse de um dos
países membros, o Brasil.
Já o acordo de livre comércio que vem sendo negociado com Israel traria uma elevada
convergência política no que diz respeito à eleição dos produtos a serem ofertados por Israel. O acordo
sugere que durante os quatro primeiros anos os direitos aduaneiros sobre as exportações de Israel para
o Mercosul sejam reduzidos em 40%, devendo ser zeradas em até dez anos. Lembrando que Israel
aplica para o Mercosul isenção tarifária para 86% das suas exportações e é beneficiado em 36% de
suas exportações para o mesmo. Apesar dos grandes benefícios para ambos os países as negociações
estão sendo comprometidas por condicionantes geopolíticos.
A União Européia há muito tempo é o grande parceiro comercial do Mercosul, a
comercialização entre os dois blocos teve um aumento de 10% nos últimos anos, e o Brasil é o maior
responsável por este aumento. As novas negociações entre ambos fizeram com que os países membros
do Mercosul, principalmente o Brasil, passassem por uma reformulação política externa, pois de 2001
a 2007 o Brasil teve um crescimento anual de cerca de 15% em suas exportações. Tais fatos reafirmam
a importância de se manter atividades comerciais com a União Européia, haja vista que a UE é o maior
mercado do mundo que teve uma arrecadação que chegou a 10 trilhões no último triênio.
4. Considerações Finais

A criação do bloco econômico dos países da América do Sul expandiu as negociações entre os
países membros com outros países e blocos econômicos como a União Européia, propiciando a
assinatura de novos acordos, contribuindo para o desenvolvimento e fortalecimento da economia
nesses países. Existem várias discussões sobre a disparidade do grau de desenvolvimento econômico
do Brasil ou Argentina comparado com os dos outros dois países membros, mas conforme abordado,
os benefícios para tais Estados.
Por outro lado os países membros do Mercosul perderam autonomia na fixação de alíquotas
do imposto de importação e na negociação com outros países, e a revisão da TEC que só pode ser feita
após acordo entre todos os países-membros.

5. Referências bibliográficas
GUIMARÃES, Edson Peterli e ZEIDAN, Rodrigo M. Acordos do Mercosul Com Terceiros Países. Brasília,
fevereiro de 2009. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/tds/td_1383.pdf>. Acessado em: 16 de outubro de 2009.
MINISTÉRIO do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – Tratado de Assunção e seus Protocolos.
Disponível em:
<http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=538>. Acessado em: 18 de
outubro de 2009.
MINISTÉRIO das Relações Exteriores. Mercosul. Disponível em:
<http://www.mercosul.gov.br/perguntas-mais-frequentes-sobre-integracao-regional-e-mercosul-1/sobre-
integracao-regional-e-mercosul/>. Acessado em: 20 de outubro de 2009.

PEIXOTO, Fabrícia. BBC Brasil. Mercosul. Disponível em:


<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/07/090724_mercosul_rc.shtml>. Acessado em: 20 de outubro
de 2009.

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Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Curso de Graduação em Engenharia de Produção Agroindustrial
OABM – 2009.02 – Prof.a M.Sc. Carla Cristina Rosa de Almeida

Revista Nova Escola. Mercosul. Disponível em:


<http://revistaescola.abril.com.br/geografia/fundamentos/mercosul-490289.shtml#>. Acessado em: 22 de
outubro de 2009.
SILVA, César Roberto Leite da e CARVALHO, Maria Auxiliadora de. Economia Internacional. Ed. Saraiva.
3ª Edição. São Paulo. 2004.

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