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ARTIGO ARTICLE
para uma abordagem integral de atenção primária à saúde no Brasil
Ligia Giovanella 1
Maria Helena Magalhães de Mendonça 1
Patty Fidelis de Almeida 1
Sarah Escorel 1
Mônica de Castro Maia Senna 2
Márcia Cristina Rodrigues Fausto 3
Mônica Mendonça Delgado 4
Carla Lourenço Tavares de Andrade 1
Marcela Silva da Cunha 1
Maria Inês Carsalade Martins 1
Carina Pacheco Teixeira 5
Abstract The article analyzes the implementation of Resumo O artigo analisa a implementação da Es-
the Family Health Strategy (FH) and discusses its tratégia Saúde da Família (SF) e discute suas poten-
potential to guide the organization of the Unified cialidades em orientar a organização do SUS no Bra-
Health System in Brazil, based on the integration of sil, a partir da análise da integração da SF à rede
FH to the health care network and intersectorial ac- assistencial e atuação intersetorial, aspectos cruciais
tion, crucial aspects of a comprehensive primary de uma atenção primária abrangente. Foram reali-
health care. Four case studies were carried out in zados quatro estudos de caso de municípios com ele-
cities with high FH coverage (Aracaju, Belo Hori- vada cobertura por SF (Aracaju, Belo Horizonte,
zonte, Florianópolis e Vitória), using as sources: semi- Florianópolis e Vitória) tendo como fontes: entre-
structured interviews with managers and surveys vistas semi-estruturadas com gestores e inquéritos
with health care professionals and registered fami- com profissionais de saúde e de famílias cadastradas.
1
Núcleo de Estudos lies. The integration analysis highlighted the posi- A análise da integração destacou a posição da Estra-
Político-Sociais em Saúde, tion of FH Strategy in the health services network, tégia SF na rede assistencial, os mecanismos de inte-
Departamento de
the integration mechanisms and the availability of gração e a disponibilidade de informações para con-
Administração e
Planejamento em Saúde, information for continuity of care. Intersectoriality tinuidade da atenção. A intersetorialidade foi pes-
Escola Nacional de Saúde was researched in relation to the fields of action, scope, quisada quanto aos campos de atuação, abrangên-
Pública Sérgio Arouca,
sectors involved, presence of forums, and team initi- cia, setores envolvidos, presença de colegiados, e ini-
Fundação Oswaldo Cruz.
Av. Brasil 4036/1001, atives. The results point to advances in the integra- ciativas das equipes. Os resultados apontam avanços
Manguinhos. 21045-210 tion of FH to the health care network, strengthening na integração da SF à rede assistencial, propiciando
Rio de Janeiro RJ.
basic services as services that are regularly sought o fortalecimento dos serviços básicos como serviços
giovanel@ensp.fiocruz.br
2
Centro de Estudos Sociais and used as a preferential first contact services, al- de procura regular e porta de entrada preferencial,
Aplicados, Universidade though there are still problems in the access to spe- todavia permanecem dificuldades de acesso à aten-
Federal Fluminense.
cialized care. The intersectorial initiatives were ção especializada. As iniciativas intersetoriais foram
3
Escola Nacional de Saúde
Pública, Fundação Oswaldo broader when defined as integrated municipal gov- mais abrangentes quando definidas como politica
Cruz. ernment policy for the construction of interfaces and integrada do governo municipal para a construção
4
Secretaria Municipal de
cooperation between the diverse sectors. de interfaces e cooperação entre os diversos setores.
Saúde de Mesquita, Rio de
Janeiro. Key words Primary health care, Integration, Inter- Palavras-chave Atenção primária à saúde, Inte-
5
Núcleo de Estudos sectoriality gração, Intersetorialidade
Político-Sociais em Saúde,
Escola Nacional de Saúde
Pública, Fundação Oswaldo
Cruz.
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Giovanella L et al.
A atenção primária à saúde (APS) como estratégia pre a ampliação de cobertura correspondeu à
para orientar a organização do sistema de saúde e mudança do modelo assistencial preconizada pela
responder as necessidades da população exige o Estratégia7,8.
entendimento da saúde como direito social e o en- O artigo apresenta parte dos resultados de pes-
frentamento dos determinantes sociais para pro- quisa que objetivou analisar a implementação da
movê-la. A boa organização dos serviços de APS SF com foco na integração à rede assistencial e à
contribui à melhora da atenção com impactos atuação intersetorial em quatro capitais, para dis-
positivos na saúde da população e à eficiência do cutir as potencialidades da SF como estratégia de
sistema1,2. atenção primária em saúde abrangente.
Na América Latina, nos anos oitenta, a abor- Implementar uma concepção abrangente ou
dagem seletiva de atenção primária foi preconiza- integral de APS implica a construção de sistemas
da por agências multilaterais, tornando-se hege- de saúde orientados pela APS, articulados em rede,
mônica a implementação de uma cesta mínima de centrados no usuário e que respondam a todas as
serviços, em geral de baixa qualidade3. Recente- necessidades de saúde da população. A integração
mente, países da região vêm desenvolvendo políti- ao sistema é condição para se contrapor a uma
cas para fortalecer a APS como estratégia para or- concepção seletiva da APS como programa parale-
ganizar os serviços e promover a equidade em saúde lo com cesta restrita de serviços de baixa qualida-
renovando uma abordagem abrangente de APS4. de, dirigido a pobres4. E a atuação intersetorial é
No Brasil, nos anos noventa, a concepção de condição para que a APS não se restrinja ao pri-
APS também foi renovada. Com a regulamenta- meiro nível, mas seja base a toda a atenção, con-
ção do Sistema Único de Saúde baseada na univer- templando aspectos biológicos, psicológicos e so-
salidade, equidade e integralidade e nas diretrizes ciais, incidindo sobre problemas coletivos nos di-
organizacionais de descentralização e participação versos níveis de determinação dos processos saú-
social, para diferenciar-se da concepção seletiva de de-enfermidade, promovendo a saúde.
APS, passou-se a usar o termo atenção básica em Problemas relacionados à integração do siste-
saúde, definida como ações individuais e coletivas ma e coordenação dos cuidados vêm recebendo
situadas no primeiro nível, voltadas à promoção atenção nas reformas dos sistemas de saúde, com
da saúde, prevenção de agravos, tratamento e rea- iniciativas para fortalecer a APS9. As propostas de
bilitação. fortalecimento da posição da atenção primária no
O Saúde da Família, inicialmente voltado à ex- sistema decorrem do reconhecimento da fragmen-
tensão de cobertura, com foco em áreas de maior tação na oferta dos serviços de saúde e da preva-
risco social e implantado a partir de 1994 como lência de doenças crônicas, que exigem maior con-
um programa paralelo “limitado, bom para os tato com os serviços de saúde e outros equipa-
pobres e pobre como eles”5, aos poucos adquiriu mentos sociais em um contexto de pressão por
centralidade na agenda do governo, convertendo- maior eficiência10,11.
se em estratégia estruturante dos sistemas munici- A integração da rede de serviços na perspectiva
pais de saúde e modelo de APS. da APS envolve a existência de um serviço de procu-
Em 2006, a Política Nacional de Atenção Bási- ra regular, a constituição dos serviços de APS como
ca, acordada entre gestores federais e representan- porta de entrada preferencial, a garantia de acesso
tes das esferas estaduais e municipais na Comis- aos diversos níveis de atenção por meio de estraté-
são Intergestores Tripartite, ampliou o escopo da gias que associem as ações e serviços necessários
atenção básica e reafirmou a SF como estratégia para resolver necessidades menos frequentes e mais
prioritária e modelo substitutivo para organiza- complexas12 com mecanismos formalizados de re-
ção da atenção básica. Ponto de contato preferen- ferência e a coordenação das ações pela equipe de
cial e porta de entrada de uma rede de serviços APS, garantindo o cuidado contínuo13. Integração,
resolutivos de acesso universal, a atenção básica coordenação e continuidade são processos inter-
deve coordenar os cuidados na rede de serviços e relacionados e interdependentes que se expressam
efetivar a integralidade nas diversas dimensões6. em vários âmbitos: sistema, atuação profissional e
Hoje, a SF está presente em 94% dos municí- experiência do paciente ao ser cuidado.
pios (29 mil equipes e cobertura populacional de Por sua vez, a atuação intersetorial é condição
48% - o que corresponde a 92 milhões de pessoas). para uma APS abrangente, pois a APS envolve a
Todavia, as experiências em curso revelam grande compreensão da saúde como inseparável do de-
diversidade dos modelos assistenciais vis-à-vis as senvolvimento econômico e social, significando a
imensas disparidades inter e intra regionais e desi- necessidade de enfrentamento dos determinantes
gualdades da sociedade brasileira. Assim, nem sem- sociais dos processos saúde-enfermidade, o que
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Médicos 56 72 61 35 224
Enfermeiros 66 75 70 50 261
Aux/Técnicos de enfermagem 60 89 72 43 264
ACS 150 170 140 127 587
Total de profissionais 332 406 343 255 1,336
Famílias 800 900 789 822 3,312
Total de respondentes 1.132 1.306 1.132 1.077 4.647
cepção dos profissionais sobre porta de entrada e unidades para a implantação da SF em áreas sem
garantia de acesso à atenção especializada. Na ex- oferta. Observa-se esforço para superar a duplici-
periência de recebimento de cuidado, foi verificada dade de modelos assistenciais na atenção básica, na
a existência de serviço de procura regular e a cons- tentativa de transformar os centros de saúde em
tituição da USF como serviço de primeiro contato. unidades modelares de SF. Em parte das unidades,
Na análise da intersetorialidade, foram identi- os especialistas da atenção básica funcionam como
ficadas estratégias de articulação intersetorial de- profissionais de suporte para as equipes SF do cen-
senvolvidas e o papel desempenhado pela Estraté- tro de saúde. Para os gestores, esta medida permi-
gia SF. A atuação intersetorial do Executivo muni- tiu definir uma lógica comum de organização da
cipal foi apreendida desde a perspectiva da Secre- atenção básica, evitando a dissonância entre dife-
taria Municipal de Saúde e de gestores de outras rentes propostas assistenciais (Tabela 3).
secretarias identificadas como tendo maior articu- A regionalização do sistema municipal é tam-
lação com a SMS. As dimensões de análise priori- bém uma estratégia para garantia de acesso à média
zadas foram: campos de atuação; abrangência da complexidade e integração da rede das quatro cida-
intervenção; setores envolvidos nos níveis local des, investindo-se na formação de centros de especi-
(ESF) e central (SMS e outras secretarias); existên- alidades médicas e serviços de pronto-atendimento
cia e funcionamento de fóruns colegiados; e temas/ regionalizado para fornecer suporte na média com-
problemas de intervenção intersetorial. plexidade às unidades de atenção básica circunscri-
tas aos territórios de abrangência (Tabela 3).
Os serviços de atenção primária têm se configu-
Resultados rado como importante fonte de cuidado regular e
porta de entrada preferencial nos municípios estu-
Integração da Estratégia SF dados. Mais de 70% (em Belo Horizonte, 85%) das
à rede assistencial famílias cadastradas buscam o mesmo serviço de
saúde para assistência ou prevenção de saúde. Den-
Os resultados foram organizados em dois cam- tre estes, indicaram como serviço de primeiro conta-
pos: a posição da Estratégia na rede e os mecanis- to e procura regular o centro de saúde e/ou a uni-
mos de integração, destacando o uso de tecnologi- dade de SF: 75% (Belo Horizonte), 70% (Vitória),
as de informação. 70% (Aracaju) e 50% (Florianópolis) (Tabela 3).
Menores proporções de moradores que estive-
Posição da Estratégia SF na rede assistencial ram doentes nos últimos trinta dias informaram ter
buscado atendimento nas unidades de SF ou centro
Nos municípios estudados, a Estratégia SF foi de saúde, alcançando mais de 50% dos casos apenas
adotada com a perspectiva de mudança do mode- em Belo Horizonte, município no qual a preocupa-
lo assistencial na atenção básica, com a constitui- ção em articular o atendimento das demandas es-
ção da ESF como porta de entrada preferencial, pontânea e programada envolve diversas estratégias
visando à constituição de um sistema integrado de e o atendimento à demanda espontânea é realizado
serviços de saúde (Tabela 3). diariamente. A menor proporção foi em Florianó-
Os municípios implementaram as ESF nas uni- polis (28%), onde parte das USF atende grupos não
dades básicas tradicionais e construíram novas prioritários somente uma vez por semana.
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Tabela 3. Posição da Estratégia Saúde da Família na rede assistencial, segundo gestores profissionais e usuários, quatro
grandes centros urbanos, 2008.
Famílias
Percentual de famílias cadastradas que procuram o 76,4 85,0 73,8 75,6
mesmo serviço de saúde para assistência
ou prevenção de saúde 1
Percentual de famílias que indicam o Centro de
Saúde ou Unidade de Saúde da Família como serviço
de procura regular 1
Centro de Saúde (CS) 32,9 41,0 30,6 31,8
Unidade de Saúde da Família (USF) 36,7 33,6 19,7 37,4
Total CS + USF 69,6 74,6 50,3 69,2
Percentual de moradores que estiveram doentes nos 41,1 52,4 28,1 47,8
últimos 30 dias atendidos no Centro de Saúde ou
Unidade de Saúde da Família 2
Profissionais
Percentual de médicos e enfermeiros que concordaram 92,6 89,1 87,8 83,5
muito/concordaram com a afirmativa “A população
procura primeiro a Unidade de Saúde da Família
quando necessita de atendimento de saúde”
do maior controle dos fluxos e otimização no uso As estratégias de integração da rede e regulação
dos recursos. Aracaju implantou o Terminal de do acesso à atenção especializada informadas pe-
Atendimento ao SUS, vinculado ao cartão SUS. los gestores são confirmadas pelos profissionais.
A implantação do SISREG possibilitou a mar- A maioria dos médicos e enfermeiros das equipes
cação imediata de exames e consultas especializa- SF nos quatro municípios reconhece a existência
das, para procedimentos com oferta suficiente, a das centrais de marcação de consultas especializa-
definição de prioridades clínicas e o monitoramento das (Tabela 4).
das filas de espera. Quando o paciente é remetido à A efetividade das ferramentas de integração é
fila eletrônica, a partir da classificação de riscos em condicionada pela oferta. Os gestores das quatro
alto, médio ou baixo em função do diagnóstico, é cidades relatam insuficiência de oferta da rede
definida a prioridade para atendimento. O sistema municipal para atender à demanda por atenção
possibilita à equipe SF acompanhar o percurso do especializada, produzindo filas de espera.
usuário. Ainda como resultados da implantação A facilidade de agendamento e agilidade no aten-
do SISREG, foram mencionados pelos gestores dimento na percepção dos profissionais foram ti-
locais: diminuição do número de faltosos às con- dos como indicadores de garantia de acesso à aten-
sultas especializadas, diminuição das filas e tempo ção especializada. A facilidade para realizar agenda-
de espera, possibilidade de redistribuir cotas entre mentos para serviços de média complexidade é dife-
centros de saúde, contratação de oferta em função renciada entre os casos estudados. 43% (Aracaju) e
da demanda, análise dos encaminhamentos e mai- 49% (Florianópolis ) dos médicos conseguiam rea-
or imparcialidade no controle das agendas. lizar sempre ou na maioria das vezes o agendamen-
Belo Horizonte se destaca nas iniciativas de ar- to; em Belo Horizonte, a proporção foi de 81% (Ta-
ticulação da rede. Além do sistema de regulação bela 3). Os melhores resultados em Belo Horizonte
informatizado, a SMS incentiva a criação de co- podem ser atribuídos a uma melhor organização
missões de regulação nos centros de saúde, com do sistema e disponibilidade de oferta. Nos quatro
fluxo de estabelecimento de critérios de prioriza- casos, a maior dificuldade está no acesso a procedi-
ção ascendente partindo do centro de saúde. mentos de apoio à diagnose e terapia. Metade ou
Tabela 4. Indicadores de integração da Estratégia Saúde da Família à rede assistencial, quatro grandes centros urbanos, 2008.
saúde e potencial para consolidar redes locais de pecíficos. Segundo os entrevistados, o município
serviços sociais. busca articular as ações de saúde, educação e assis-
A SMS de Aracaju desenvolve ações articuladas tência social, sobretudo em relação ao idoso, cri-
para enfrentar problemas específicos, como o com- ança, população de rua e vigilância sanitária e am-
bate à dengue, e se integra principalmente com as biental. Mereceu destaque dos gestores a Comis-
secretarias de educação e assistência social (Qua- são de Promoção da Saúde Escolar, fórum que
dro 1). Entre as iniciativas de articulação interseto- conta com representantes da SF, Educação, ONGs
rial, temas como mobilidade urbana e meio ambi- e escolas, coordenado pelas secretarias de Educa-
ente e as experiências do Orçamento Participativo ção e Saúde.
e do Núcleo de Prevenção à Violência Doméstica. A SF é apontada pelos gestores nas quatro ca-
No nível local, a assistente social lotada na USF é pitais como estratégia potencial ao desenvolvimen-
elo de ligação com o setor de serviço social, facili- to de ações intersetoriais; todavia, salientam que a
tando o acompanhamento das condicionalidades participação do setor saúde nas iniciativas interse-
em saúde do Bolsa Família. toriais do Executivo municipal poderia ser amplia-
Em Florianópolis, o desenvolvimento de ações da buscando-se um maior protagonismo.
intersetoriais é recente e com base em projetos es- A participação das ESF nas ações intersetoriais
Quadro 1. Articulação intersetorial nos quatro grandes centros urbanos. Brasil, 2008.
Institucionalidade
Nível de Projetos específicos Política municipal Projetos específicos Política municipal
abrangência
Setores Secretarias municipais Secretarias municipais de Secretarias municipais Secretarias municipais
governamentais de saúde, de educação, saúde, de educação, de de saúde, de educação, de saúde, educação,
envolvidos de assistência social, assistência social, de política de assistência social, assistência social,
ministério público, urbana universidade cidadania e direitos
universidade, limpeza humanos, trabalho e
pública geração de renda,
cultura, esporte e lazer,
segurança urbana e
Projeto Terra Mais
Igual
Tabela 5. Indicadores de atuação intersetorial da Estratégia Saúde da Família, quatro grandes centros urbanos,
2008.
ma nos diferentes níveis de complexidade e, por referências e no monitoramento das filas de espera
outro lado, permitindo-lhes maior autonomia na com a implantação de ferramentas informatizadas
condução de processos articuladores da rede de de regulação. Estudo de 2002 mostrava que os ges-
serviços de saúde. Florianópolis e Vitória apenas tores já reconheciam o gargalo da atenção especi-
em 2007, com o Pacto de Gestão, assumiram com- alizada; todavia, não lhes era possível mensurar as
promissos de gestão da atenção especializada. Apre- filas de espera, muito menos regulá-las24.
sentam maiores dificuldades, identificadas pelos Entre os obstáculos à constituição de rede, des-
gestores, para a organização da rede devido à bai- taca-se a insuficiente oferta de atenção especializa-
xa governabilidade sobre os serviços especializa- da, agravada pela baixa integração com prestado-
dos do SUS em seu território. res estaduais, ainda responsáveis em alguns muni-
A garantia de acesso à atenção especializada en- cípios por grande parte dos serviços de média com-
frenta uma série de dificuldades na implementação. plexidade. Maior interação pessoal entre genera-
Destaca-se, contudo, o avanço na regulação das listas e especialistas foi outro desafio destacado para
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