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> Introdução
Semiologia = discurso sobre o real (sinais que o ser humano utiliza para comunicar).
A semiologia é a teoria geral dos signos e da significação. Não há nada que não possa
ser estudado semiologicamente, não é possível não significar (tudo é interpretável).
Para Umberto Eco e Roland Barthes todo o comportamento é signo de si próprio.
Barthes afirma que tudo aquilo que “serve para” também “diz que” (tem uma faceta
de expressividade). Mesmo os comportamentos utilitários têm uma componente de
expressividade (ex. o vestuário expressa qualquer coisa sobre quem o veste). Todos
os objectos têm uma funcionalidade, mas não são exclusivamente funcionais, têm
uma componente expressiva; as coisas servem para alguma coisa mas também
significam alguma coisa (Valor funcional e valor expressivo).
1. Lógica funcional (ou de valor de uso): também designada lógica das operações
práticas ou lógica da utilidade, em que o objecto ganha estatuto de utensílio. O uso
funcional do objecto passa pela sua estrutura técnica e pela sua manipulação
prática.
Encaramos os objectos de acordo com a sua utilidade/finalidade (objecto enquanto
utensílio – servem para...); Ex: nome comum (um carro)
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3. Lógica de troca simbólica: o objecto tem um valor simbólico (sentimental), deixa
de ter valor de mercado ou de utilidade (objecto como símbolo, dom ou dádiva); Ex:
nome próprio (o meu carro)
“Podemos olhar para esta relação de duas formas: pode-se tentar saber quem é o
sujeito (porque fez o quadro, quem visava atingir...) – quando se está a pensar assim,
estamos no domínio da teoria da comunicação (modelo de Lasswell –
emissor/mensagem/receptor), mas também se pode olhar para a acção e mesmo sem
saber nada do sujeito, ela existe. Aqui, podemos tentar saber as cores e formas
privilegiadas, ou seja, olha-se para o quadro enquanto obra. Aqui não se está no
âmbito da teoria da comunicação, mas sim na perspectiva da Semiologia (fosse quem
fosse que fez, tem determinada significação que está lá - aqui é só importante a
mensagem simbólica)”.
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Problemática do referente: o referente não tem nenhuma importância para a
significação, uma vez que a semiologia não se estrutura em função do referente. É a
sociedade que lhe atribui o seu próprio significado. O referente é, portanto, do
campo da cultura. Do ponto de vista da Semiologia da Significação o referente não
interessa porque para estudar a significação não é necessário um juízo de valor, nem
a existência das coisas do ponto de vista ético e estético ( a significação ganha o
significado que o ser lhe atribui). Aquilo que estrutura o signo é a configuração das
formas que o integram. Para a semiologia a significação esgota-se na relação entre
significado e significante. Por exemplo, temos signos sem referente, como é o caso
das figuras mitológicas (que não existem), mas significam (sereias, ninfas). Por outro
lado, existem signos com vários referentes (banco, vela). Para a semiologia interessa
que, pela mudança de um único elemento, possamos encontrar significações
diferentes (ex. GATO, RATO, PATO).
Existem 2 perspectivas:
> uma pansemiótica ontológica, na qual tudo deve ser estudado semiologicamente.
(só há fenómenos de significação - toda a experiência humana deve ser objecto da
semiótica);
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> uma pansemiótica metodológica, em que tudo pode ser estudado
semiologicamente. (mesmo que haja fenómenos que visem outros sentidos que não a
significação, estes podem ser estudados pela semiologia).
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3. Sempre que estamos numa situação entre emissor e receptor existe um
código comum de signos (onde ABC, apenas significa ABC);
4. Sempre que as máquinas, quer emissora quer receptora, não podem pôr
em causa o código.
1. Sempre que a fonte passa a ser uma ser humano que associa em si a
qualidade de fonte e de emissor;
2. Sempre que o destinatário passa a ser um ser humano e não uma máquina;
3. Desde que exista uma pluralidade de códigos e desde que esses códigos
possam não ser totalmente comuns entre emissor e receptor;
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Patamar ideológico: os signos possuem significação que pode não ser uma
significação literal, podendo assumir um sentido segundo uma determinada ideologia
ao atribuirmos ao signo um conteúdo diferente. O mito/ideologia está situado no
universo do saber do destinatário. Estamos também ao nível da linguagem
conotativa, ou seja, somos capazes de abandonar o sentido denotativo das palavras e
passamos para o nível da conotação. Por exemplo: através do signo leão, faço uma
determinada associação, todavia, o leão da Peugeot, tem uma outra forma, um
significado para além do significado “leão” real.
“Na zona supra-semiótica, qualquer signo pode ser “cheio” em qualquer altura com
outro significado – é o que a Publicidade faz muitas vezes, tentando através de uma
estratégia, com um determinado signo impor uma determinada marca”.
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Significante Significado
SENTIDO CONCEITO
(ste) (sdo)
Sentido Conceito
Signo
(Ste) (sdo)
FORMA CONCEITO
SIGNIFICAÇÃO
O significante pode ser encontrado no mito sob dois pontos de vista: como
termo final do sistema linguístico e como termo inicial no sistema mítico. No
plano da língua, o significante chama-se sentido, no plano do mito chama-se
forma. O significado será sempre conceito. o terceiro termo é a correlação
dos dois primeiros: na língua é o signo, no mito é a significação.
O significante do mito apresenta-se de forma ambígua é simultaneamente
sentido e forma, cheio de uma lado, vazio de outro. O sentido postula um
saber, um passado, uma memória, ideias; ao tornar-se forma, o sentido
esvazia-se, empobrece, a história evapora-se, nada mais resta do que a letra.
“O mito é uma fala roubada e restituída.”
Características do mito:
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> Esvaziamento e deformação do signo: esvaziamento do primeiro sentido do signo,
ou seja, apesar de haver sempre uma ligação ao 1º sentido da palavra à um
esvaziamento do conceito. o signo é deformado no sentido em que a ideologia lhe
confere um sentido para além do 1º;
> Circularidade: a forma vazia circula e presta-se a ser preenchida por vários
conceitos que remetem sempre para a ideia original.
“Um mito é um sistema de comunicação, uma mensagem. Tudo poderá ser mito?
Claro que sim. Qualquer objecto do mundo pode passar de uma existência fechada,
muda, a um estado oral, aberto à apropriação da sociedade, dado que nenhuma lei,
natural ou não, proíbe de falar das coisas. Uma árvore é uma árvore. Sem dúvida.
Mas uma árvore dita por Microu Drouet não é já, de todo uma árvore: é uma árvore
decorada, adaptada a um determinado consumo, investida de complascências
literárias, de um uso social que se acrescenta à pura matéria.
Sabemos agora que o significante pode ser encarado no mito sob 2 pontos de vista:
como termo final do sistema linguístico ou como termo inicial do sistema mítico.
Importa, pois, utilizar aqui dois nomes: no plano da língua, isto é, como termo final
do primeiro sistema, chamarei ao significante SENTIDO, e no plano do mito chamar-
lhe-ei FORMA. Quanto ao significado não há ambiguidade possível: manter-lhe-emos o
nome de conceito. O terceiro termo é a correlação dos dois primeiros: no sistema da
língua, é o signo, mas não é possível retomar esta palavra sem ambiguidade, dado
que, no mito (e essa é a sua principal particulariedade); o significante é já
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constituído pelo signos da língua. Chamarei ao terceiro termo do mito, a
SIGNIFICAÇÃO: a palavra é aqui tanto mais justificada quanto o mito tem,
efectivamente, uma dupla função: designa e notifica (faz compreender e impõe).
Um significado pode ter vários significantes. É o caso do conceito mítico: ele tem à
sua disposição uma massa ilimitada de significantes. Isto quer dizer que,
quantitativamente, o conceito (significado) é bem mais pobre que o significante.
Por mais paradoxal que isso possa parecer, o mito não esconde nada: a sua função é
a de deformar, não a de fazer desaparecer. Literalmente, o significado (conceito)
deforma mas não leva à abolição do sentido: uma palavra dará conta dessa
contradição: ele alinea-o. É que importa lembrarmo-nos de que o mito é um sistema
duplo, produzindo-se nele uma espécie de ubiquidade: o ponto de partida do mito é
construído pelo ponto de chegada de um sentido”.
Mitologias de Rollland Barthes
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1º Leitura do produtor de mitos (visão cínica): Se o significante estiver vazio, deixo
o significado (conceito) preencher a forma do mito sem ambiguidade, e volto a
encontrar-me perante um sistema simples; EX: Os publicitários criam 2os sentidos
para significar algo, deixa o conceito preencher a forma sem qualquer ambiguidade.
As duas primeiras leituras são da ordem estática, analítica, destruindo o mito. A terceira
leitura é dinâmica, consome o mito segundo os próprios fins da sua estrutura: o leitor vive
o mito à maneira de uma história (ao mesmo tempo) verdadeira e real. Naturalizando o
conceito, o mito transforma a história em natureza. O mito é uma fala inocente pois as
suas intenções estão naturalizadas
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Oposição de significações lógicas e como se articulam relações de oposição e de
implicação. Aplicação a Revistas de Televisão (4 posições dos textos). Objectivo:
identificar abordagens diferentes do leitor; que leituras fazem as revistas da TV; qual
a relação com os leitores.
Distância Imersão
contradição
complementariedade
Distância:
- dar conta de tudo o que se passa na TV de uma forma abreviada; a revista não quer
que o leitor se esqueça de que não faz parte do universo da TV;
- afastamento dos actores da TV e o universo em que o leitor se movimenta >
preocupação das revistas em afastar os universos; convite a que o leitor tenha uma
panorâmica alargada, por meio de fornecer informação muito diversificada (saber
enciclopédico); muito televisivo segmentado, diversificado, povoado por pessoas de
diferentes áreas; dissecar o universo televisivo > confere ao leitor a visão de analista
laboratorial (distante, crítico); favorece ao leitor a análise e a compreensão do
universo televisivo; enquadra o leitor numa realidade múltipla (para lá do que se vê
no ecrã); prespectiva de um guia;
Imersão:
- fazer o leitor entrar no universo mítico, dos sonhos, da ficção; a revista convida o
leitor a participar na magia da TV; inserção no universo da crença e não da
racionalidade e da crítica; atitude da revista > trazer para o leitor um discurso que
transforma os actores de TV em seres superiores, objectos de culto/mito,
transportando o leitor para a utopia de existir uma personagem heróica (para quem
transferimos desejos e necessidades); revistas cujo objectivo não é a TV em si mas
que faz dos actores da TV o seu assunto principal;
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Recuo:
- pode ser observada em duas vertentes: 1. discurso icónico (quando o discurso
icónico da revista é de caracterização desmistificante das figuras televisivas; quando
há rubricas catalogadas em torno de diferentes assuntos); 2. redução da ilusão (do
mundo televisivo, colocando-o no universo dos valores sociais reais, partilhados e
pondo-a à luz das preocupações familiares
Contacto:
- anulação completa da fronteira entre o universo do leitor e o televisivo; procura
fazer o leitor sentir todas as vibrações do universo da TV; muitas vezes os jornais
também colocam-se no papel de mediador, para facilitar o contacto entre o leitor e
o universo TV.
“Quando Paulo, que olha para Ana, levanta a mão com o indicador apontado para
cima, e depois volta a mão para si dobrando o indicador, diz-se no uso normal (senso
comum) que Paulo está a chamar Ana. O signo descrito significa que Paulo deseja que
Ana se desloque até ele. Um signo é, portanto algo de perceptível que revela outra
coisa que, de outro modo, não seria revelada”.
Chaves para a Semiologia
Um signo é algo que está por algo (por exemplo, o Sr. Silva encontrou a palavra que
está pelas dores que sente).
Na nossa vida utilizamos signos sempre em lugar de outra coisa. Logo, um signo é
aquilo que substitui qualquer coisa para alguém.
“O signo é usado para transmitir uma informação, para indicar a alguém alguma coisa
que um conhece e quer que outros também conheçam. Resta ainda acrescentar que
(por exemplo) o meu amigo só compreende o signo “espera um minuto” se falar
português; se por acaso, não conhecer a minha língua, receberá uma entidade sonora
indiferenciada, e assim não compreenderá o seu significado. Terá, pois de haver um
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código em comum e, por isso, uma série de regras que atribui ao signo um
significado. Um processo de comunicação em que não exista código, e em que não
exista portanto significação, reduz-se a um processo de estímulo-resposta. Os
estímulos não satisfazem uma das mais elementares definições de signos, a de que
ele está em lugar de outra coisa. O estímulo não está por outra coisa, mas provoca
directamente essa coisa. Uma luz muito forte que me obriga a fechar imediatamente
os ollhos é diversa de uma ordem verbal que me mande fechar os olhos. No primeiro
caso fecho os olhos sem reflectir, no segundo sou levado antes de mais a
compreender a ordem e por isso a descodificar a mensagem (processo sígnico) e
depois a decidir se hei-de obedecer (processo volitivo)”.
Naturais: remetem para algo que existe naturalmente. Não têm emissor intencional
e são provenientes de uma fonte natural e são produzidos de forma espontânea. São
signos que geralmente interpretamos como sintomas (ex. grito de susto);
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se relacionem. Houve a necessidade de socializar cheiros (o perfume é um odor
socializado);
Segundo Umberto Eco, as palavras que o Sr. Silva usa não são a dor, mas estão no
lugar dela, da mesma forma que “as dores estão por aquilo que ele sente”.
Denominando a dor que sente, ele culturiza-as, torna-as naquilo que é comum a
todos (a dor passa a ser socialmente entendida).
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> O signo em Saussure
Conceito: significado
Saussure observa que seria ilusório acreditar que o signo linguístico associa uma coisa
e um nome (tal como era concebido pela concepção tradicional da linguagem); a
ligação que o signo estabelece é entre um conceito e uma imagem acústica. A
imagem acústica não é o som em si mesmo, mas “a marca psíquica desse som, a
representação que dele nos é dada pelo testemunho dos nossos sentidos”. Em
relação ao significado é importante esclarecer que este não é uma “coisa”, mas sim
uma representação psíquica da “coisa”, ele é um conceito. O signo é arbitrário. Quer
dizer que não há nenhuma relação necessária entre o significante e o significado: o
mesmo significado “pedra” tem vários significantes, consoante a língua que estamos
a falar. Isto não quer dizer que os significantes sejam escolhidos arbitrariamente por
um acto involuntário individual e por conseguinte possam ser alterados de um modo
igualmente arbitrário. Pelo contrário, o arbitrário do signo é por assim dizer,
normativo, absoluto, válido e obrigatório por todos os sujeitos que falam a mesma
língua. A palavra arbitrário, sigifica imotivado, que quer dizer que não há nenhuma
necessidade real que ligue o significante e o significado.
Características do Signo:
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Mutabilidade e Imutabilidade do signo: mutabilidade porque a língua vai evoluindo
mas lentamente. Todavia, o signo linguístico é imutável devido, principalmente à
quantidade ilimitada de signos (pode construir-se uma quantidade ilimitada de
palavras), à complexidade de articulação dos signos (regras gramaticais), bem como
na resistência da comunidade linguística à mutabilidade.
“O signo para Saussure é uma entidade de duas faces. O signo é arbitrário, daí
resulta que o elo do significado “árvore” com a própria fonia, também é arbitrário,
isto é, não é motivado por qualquer razão natural ou lógica. É por isso que Saussure
rejeita, o termo símbolo dentro da sua teoria de signo. Para ele, o símbolo nunca é
completamente arbitrário, ele não é vazio. O símbolo da justiça, a balança, não
podia ser substituído por qualquer outro, por exemplo por um carro. Para o autor, o
signo é arbitrário e imotivado.
Suponhamos o signo boi (“bouef”), uma vez que é o exemplo escolhido por Saussure.
Um boi que vejo no campo a pastar, ou a carne de boi que pretendo comprar. O
termo boi impõe-se (a todos os sujeitos falantes) pelo facto de a comunidade ter
estabelecido através do português, que oferece aos seus utentes o significado –boi-
para se referir a estas 2 realidades relatadas. Neste âmbito, o locutor não pode
escolher dizer outra coisa se pretende fazer-se compreender. Do ponto de vista dos
indivíduos da língua portuguesa, o signo boi (significado e significante em bloco), é-
lhes imposto de certa maneira institucionalmente, tal como a circulação no lado
direito da estrada. Ora, esta instituição é arbitrária, no sentido de que não é a
natureza das coisas que o impõe, mas certas convenções: haveria também boas
razões para se circular pela metade esquerda da estrada (e é o que se faz,
institucionalmente em outros países). Mas o que não se pode fazer é infrigir a regra
própria da comunidade, onde nos inserimos. Assim, na comunicação o indivíduo, deve
(quer queira ou não) submeter-se a este arbitrío, a esta convenção”.
“O signo linguístico une não uma coisa e um nome, mas um conceito e uma imagem
acústica. Esta última não é o som material, puramente físico, mas a marca psíquica
desse som, a sua representação fornecida pelo testemunho dos sentidos. É sensorial,
e se por vezes, lhe chamamos material é neste sentido, e por oposição ao outro
termo da associação (o conceito) geralmente mais abstracto.
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O carácter psíquico das nossas imagens acústicas surge bem claro quando observamos
a nossa própria linguagem. Sem movermos os lábios nem a língua, podemos falar
conosco ou recitar mentalmente um poema.
- arbitrariedade do signo, a ideia de “pé” não está ligada por nenhuma relação à
cadeia de sons [p] + [e] que lhe serve de significante. Podia ser tão bem
representada por qualquer outra. Provam-no as diferenças entre as línguas (“foot”
em inglês, “pied” em francês e“pie” em espanhol). A palavra arbitrário exige
também uma precisão. Ela não deve dar a ideia de que o significante depende da
livre escolha do sujeito falante (não está no poder do indivíduo alterar o signo, desde
que este tenha sido aceite por um grupo ou comunidade linguística).
Pierce concebe como teoria geral do signo, a semiótica que considera uma doutrina
quase necessária ou formal. Saussure enfatiza a função social do signo enquanto que
Pierce enfatiza a função lógica.
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O signo, diz Peirce, é aquilo que substitui qualquer coisa para alguém. O signo dirige-
se a alguém e evoca para ele um objecto ou um facto na ausência destes. Por isso,
dizemos que o signo significa “in absentia”, isto é, em relação ao objecto presente
que ele representa, o signo parece estabelecer uma relação de convenção ou de
contrato entre o objecto material representado e a forma fónica representante. O
signo, inserido num processo vasto, é aquilo que utilizamos sempre que queremos
transmitir a alguém, algo que conhecemos e queremos que os outros conheçam.
Representamen Semiosis
Interpretante
ilimitada
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Interpretante, estabelece a relação entre objecto e representamen. Signo
equivalente ou mais desenvolvido criado na mente da pessoa que recebe o signo. O
interpretante é uma ideia de terceidade.
O representamen acaba por funcionar como sub signo, visto que pode vir a tornar-se
um signo, mas que é independente da sua materialização como signo. É o que é pura
qualidade, é o que está por alguma coisa. Ganha significação a partir da interacção
com o objecto pelo qual está. O representamen é a face de expressão do signo.
- Moderado
Diferentes teorias Realismo
- Exagerado
das concepções dos
indivíduos
Nominalismo
Realismo Exagerado:
- posição de tradição platónica (v. alegoria da caverna);
- tudo é real;
- as nossas concepções da realidade são “ante rem”, ou seja, existem antes das
coisas, independentemente da nossa ligação directa e posterior com as coisas;
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- os conceitos/concepções correspondem a uma realidade extra-mental. As
formulações surgem independentemente da experimentação;
- os universais existem antes das coisas; existem em si mesmos, separados dos
objectos;
- Esta posição pressupõe uma correspondência exacta entre realidade (mundo
sensível) e pensamento (mundo das ideias).
Realismo Moderado:
- os universais são “in rem”, os conceitos existem nas próprias coisas, concebemos as
coisas na medida em que a realidade nos permite conceber; as coisas não têm uma
existência separada da concepção;
- a noção de “imediatamente presente ao espírito”. Consciência das coisas: mesmo
aquilo que para nós é desconhecido já existe no nosso espírito como um elemento
real a ser conhecido;
- o desconhecido já é um conhecimento;
- os objectos não dependem da mente: “o real é aquilo que não é e que
eventualmente pensamos dele mas não é afectado por aquilo que possamos pensar
dele”
- os nossos pensamentos são constrangidos para algo que não depende dos nossos
pensamentos sobre isso;
- os pensamentos são influenciados por algo exterior à mente, que compele as
sensações, ou seja, pelo real (existem nas coisas e continuam a existir fora da
mente)
-o que está na mente só existe porque é afectado pelo que está exterior à mente;
- tudo o que concebemos na mente é real, mas a mente não influencia a realidade;
- “ a opinião humana tende universalmente a longo prazo para uma forma definida,
que é a verdade” funcionamos por meio de crenças;
Nominalismo:
- os universais são apenas nomes que se aplicam às coisas, não são “ante rem” mas
“pos rem”;
- os conceitos são ideias que formulamos para conseguir denominar as coisas que já
existem;
- os conceitos são palavras vazias, meros nomes que servem para designar;
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- Relativamente a realidades externas à mente, a solução nominalista menciona que
estas produzem sensações que podem ser incluídas sob uma concepção, contudo,
essas realidades externas não têm em si mesmas significados.
Monismo:
- filósofos da natureza;
- uma única natureza como origem e causa de todas as manifestações;
- unidade básica primeira átomos. Que se agregam para construir coisas diferentes
porque existem leis imutáveis que nos dizem como as coisas nascem, crescem e
morrem;
- visão una e unificada da evolução e criação;
Dualismo:
- devemos separar sujeito de conhecimento e objecto de conhecimento. Realidade
diferente de pensamento.
Continuismo:
- realidade e pensamento são indissociáveis processo dialéctico;
- as coisas têm naturezas diferentes; o conhecimento é contextualista, dialéctico e
criativo;
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que alguém a imagina, a segunda possui uma existência que é independente
da mente do sujeito, ou seja, o real não é afectado por aquilo que possamos
pensar dele, é exterior ao pensamento individual. Não há separação entre
“coisa pensamento” (ser na mente) e “coisa real” (ser fora da mente). Tão
real é a palavra “árvore”, como o seu desenho –ambos são vertentes do
mesmo real. O sonho é real, porque nós pensamos nele.
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A teoria de Peirce é uma teoria de racionalidade e não de validação de verdade. É
uma teoria racionalista da significação e que importa é como se constrói uma
significação e não se essa significação é verdadeira ou falsa. Segundo Peirce, estamos
constantemente a construir valores verdadeiros, apesar da verdade ser algo que se
vai alterando com o tempo. O que importa é ver como funcionamos por signos, como
se constroem significações e como é que as verdades são construídas e revalidadas.
É o modo de ser daquilo que é tal como é, positivamente e sem referência a qualquer
outra coisa. È a realidade antes da coisa (ANTES-RES). É a categoria da qualidade
pura, do que é imediato, não permitindo o uso do pensamento ou da percepção. Se
eu começo a pensar sobre ela, eu começo a fazer actualizações, ou seja, coloco as
coisas em relação, e assim as coisas deixam de ser puras. Logo, é a categoria do
sentir ou do sentimento, ou mais exactamente do pré-sentimento, do vivido não
reflectido nem mesmo sentido como vivido. O modo de ser vermelho, antes que
qualquer coisa fosse vermelho, era uma possibilidade qualitativa positiva. È uma
categoria abstracta da qual só temos ideia que existe quando se manifesta na
segundeidade.
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bruto, não reflectida mas vivida como tal. É a categoria da experiência, da luta e do
facto. Se a primeidade não precisa da segundeidade para existir, esta já requer a
existência da primeira. A ideia típica de segundeidade é a experiência de esforço
privado da ideia de objectivo. A experiência de esforço não pode existir sem a da
resistência, pois o esforço só é esforço em relação a algo que se lhe opõe, não
havendo terceiro elemento em causa. Esta precedência tem a ver com a natureza
puramente lógica da hierarquia entre as categorias faneroscópicas. É algo espontâneo e
resulta da experiência, que é construída através do “choque” (o confronto entre aquilo
que as coisas são e as suas próprias manifestações físicas). Pressupõe uma acção ou
reacção porque entra em confronto com a nossa consciência (também não existe razão).
Um tribunal pode pronunciar decisões e sentenças contra mim e eu posso estar-me nas
tintas, posso pensar que não passam de palavras ocas, mas quando sentir a mão do
polícia no meu ombro, começarei a ter o sentido da sua actualidade.
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Primeidade e a Terceidade são ambas categorias da generalidade, contudo enquanto
que a generalidade da primeidade é negativa porque ainda não se materializou num
segundo, a generalidade da terceidade é positiva permite-nos agir com base num
raciocínio formulado por experiências anteriores.
s ã o c a t e g o r i a s l ó g i c a s e m a t e m á t i c a s
“Consideremos o amarelo.
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Dellede diz que a segundeidade é a categoria da acção no estado bruto (força e
resistência não reflectida, mas vivida como tal – aqui o indivíduo sente que está a
viver a situação, mas não reflecte como tal
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1 1.1- Qualidade potencial original 1.2 – Qualidade individualizada 1.3 – Ideia de Possibilidade
possitiva/possível ou actualizada monádica espírito capaz de pensar
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Nestas duas primeiras categorias acidentais pensa-se na primeidade como parte da
segundeidade ou terceidade.
(2.3) Remete para a combinação de qualidade e informação, resultando o
pensamento enquanto segundo
> Tricotomia de signos (como o signo é Triádico, tem de ter qualquer coisa das três dimensões)
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objecto, tem carácter em si objecto) com o interpretante) semântica)
mesmo)
1.1 Qualisigno: é uma qualidade que é um signo. Não pode actuar como um signo
enquanto não se corporificar, ou seja, não pode funcionar como signo enquanto não
se actualizar num sinsigno. É um signo ao nível da possibilidade mas não funciona
como tal verdadeiramente. É a expressão pura da primeidade. Algo que se
presenciarmos num dia e num lugar será signo, potencialidade de representar (Ex:
qualidade de ser verde).
1.2 Sinsigno: coisa existente ou acontecimento real que é um signo. Só pode sê-lo
através das suas qualidades, são qualisignos materializados. Trata-se de um
acontecimento ou objecto individual (como uma palavra escrita nesta página). Torna
a qualidade visível; qualidades de representação dadas a algo, que ainda não sei o
que é (Ex: a qualidade circular; qualidade de ser verde numa nota de dólar).
1.3 Legisigno: é uma lei que é um signo. Todas as convenções são legisignos, mas o
contrário não é verdadeiro. Não é um objecto singular mas um tipo geral que será
significante. Todo o legisigno ganha significado por meio de um caso de sua
aplicação, que pode ser denominada de réplica. Cada ocorrência singular é uma
réplica, e esta é um legisigno. Desta forma, todo o legisigno requer sinsignos (mas
não sinsignos ordinários, uma vez que são ocorrências peculiares encaradas como
revestidas de significação). É a lei que confere significação à réplica.
Lei que é um signo; ganha significado por meio de um caso particular que é a réplica
(ocorrência singular da lei geral = sinsigno); a representação tem uma qualidade
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geral; a qualidade pode ser estendida a outras realizações possibilidade de
representar não apenas uma ideia num momento mas uma ideia em vários
momentos, desde que o signo seja igual àquele (Ex: qualidade de poder ser verde em
todas as notas de dólar).
2.1 Ícone: signo que se refere ao objecto que denota, simplesmente por causa de
caracteres próprios que ele possuiria, caso existisse ou não efectivamente. É um
signo que se assemelha àquilo que significa (da mesma forma que a fotografia se
assemelha ao objecto fotografado). Todo o ícone contém sinsignos, porque
estabelece uma relação de semelhança. A única maneira de comunicar directamente
uma ideia, é por meio de um ícone. Um signo é icónico, na medida em que possui a
propriedade do seu denotado (um desenho, um diagrama e sobretudo, uma imagem
mental). O ícone não tem todas as propriedades do objecto denotado, senão
confundir-se-ía com ele. Trata-se portanto de estabelecer escalas de iconicidade.
(em Semiótica, este ano demos os 11 níveis de iconidade para uma imagem de J.
Aumont).
Remete para o Objecto em função de uma qualidade; parte do signo que se relaciona
com o Representamen em função de qualidades que o Representamen tem que
atribuo ao Objecto dessa representação; parcela de qualidade que está no Objecto; o
signo que se refere ao Objecto que denota características que possuiria quer existisse
ou não o Objecto que denota.
2.2 Índice: são signos que mantém com o seu objecto uma relação directa, contínua
e contígua (segundo Peirce). É um signo que se refere ao objecto que denota em
razão de ver-se realmente afectado por aquele objecto. Na medida em que o índice
é afectado pelo objecto, tem necessariamente alguma qualidade em comum com
este e é com respeito a essas qualidades que se refere aos objectos (o índice é único,
pois reenvia a um objecto no que ele tem de mais individual). Por exemplo, o fumo é
indíce de fogo, mas uma seta só é indice caso indique (verdadeiramente) o caminho.
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Remete para o Objecto em função de uma presença; mais que manifestações de
qualidades, o signo possui essas qualidades, directamente afectadas pelo Objecto;
remete para o Objecto em função de uma relação de contiguidade física (remete
para algo concreto e não geral); natureza individual/particular remete para
alguém, para alguma coisa.
2.3 Símbolo: signo que se refere ao objecto que denota por força de uma lei,
geralmente uma associação de ideias gerais que opera no sentido de levar o signo a
ser interpretado como referindo-se àquele objecto. É assim, ele próprio, um tipo ou
lei geral (legisigno). Assim sendo, actua através de uma réplica. O objecto a que se
refere também é de natureza geral. É então , um signo arbitrário, cuja ligação com o
objecto é definida por um lei/regra. O exemplo mais apropriado é o signo linguístico,
ou seja, toda a palavra, todo o signo convencional é um símbolo.
É motivado, imotivado e arbitrário; remete para o Objecto em função de uma ideia
ou lei geral; convenção que se estabelece e que faz com que um conjunto de ideias
gerais sejam despertas para essa mesma convenção: é por meio do símbolo que se
instituem ideias gerais; o seu Representamen é um legisigno terceidade em termos
de Representamen e de Objecto; Experiência por referencia a uma lei previamente
definida. “Um símbolo é um signo que se refere ao Objecto que denota em virtude
de uma lei, não apenas é geral como o Objecto a que se refere é geral”.
30
que se pareça tanto quanto possível com o primeiro e que atinja os sentidos da
mesma maneira. A este segundo objecto, chamar-lhe-emos em ícone. A mensagem
tipo icónica pode parecer a maneira mais verídica, e ao mesmo tempo mais directa
de comunicar uma experiência. Ele faz, de certo modo, participar nesta experiência;
mas evidentemente, a fotografia, por exemplo, só dá do objecto aquilo que pode ser
captado visualmente (faltando, os seus sons, os odores, os gostos...)
O ícone não tem conexão dinâmica alguma com o objecto que representa;
simplesmente acontece que as suas qualidades se assemelham às do objecto e
excitam sensações análogas na mente para a qual é uma semelhança. O índice está
fisicamente conectado com o seu objecto: formam ambos um par orgânico, porém a
mente interpretante nada tem a ver com essa conexão, excepto o facto de registá-la
depois de estabelecida. O símbolo está conectado a seu objecto, por força de uma
lei, sem a qual essa conexão não existiria”.
Chaves para a Semiologia
31
3.2 Dicente: signo que, para o seu interpretante, é signo de existência
concreta/real. Não pode ser um ícone porque este não fornece base para a sua
interpretação como referindo-se a uma existência concreta. É aquilo que actualiza
uma hipótese, que pode vir a ser considerado verdadeiro ou falso (seria o olhar para
as pegadas na areia e saber se aquilo representava os pés de uma pessoa). Implica,
pois, necessariamente um rema para descrever o facto que ele indica. Interpretação
factual/concreta; o representamen está para aquele Objecto desta maneira;
associações que se podem afirmar ou negar;
Réplica, é uma lei de carácter geral. Ela implica que todos os seus casos tenham que ter
um conjunto de características. Sempre que digo uma palavra, ela é uma réplica de um
legisigno. Uma nota de €5 é uma réplica de um legisigno, contudo, uma nota falsa de €5 é
uma actualização de um qualisigno.
32
> As 10 classes de signos
> Primeidade
> Segundeidade
II – Sinsigno icónico remático (1.2, 2.1, 3.1): um sinsigno icónico remático é todo o
objecto da experiência, em que uma qualidade que este possui faz determinar a
ideia de um objecto. (som – uma qualidade presente que poderá vir a ser
interpretada) É um ícone de tudo aquilo a que se pode assemelhar. Só se pode
interpretar como um rema. É a materialização, possibilidade de actualização de um
33
qualisigno icónico remático. (ex. fotografia de uma pessoa que não se sabe quem é
ou um diagrama sem legenda, objecto de experiência na medida em que nos remete
para a ideia de um objecto, em função de qualidades que o objecto tem e que o
diagrama também tem.)
III – Sinsigno indicial remático (1.2, 2.2, 3.1): é todo o objecto da experiência
directa, na medida em que a atenção para um objecto é causa da sua presença (as
qualidades estão presentes). Remete directamente para o objecto que o afecta.
Implica um sinsigno icónico remático. Exemplo um grito espontâneo não foi pensado
(sinsigno), remete para a pessoa que gritou (índice) e remático porque há a
possibilidade de estabelecer relação entre alguém e o grito e interpretá-lo (pode ser
de medo, dor).
IV – Sinsigno indicial dicent (1.2, 2.2, 3.2): é todo o objecto da experiência directa
na medida em que é um signo que comunica enquanto tal a respeito do objecto.
Qualidades objectivas materializadas, manifestas num momento e lugar que o
afectam, dá uma informação concreta. É afectado pelo objecto, só dá informação
concreta, factual. Remete para um sinsigno indicial remático (ex. um cata vento, dá
sempre informação sobre o objecto – vento – mesmo quando está parado).
> Terceidade
V – Legisigno icónico remático (1.3, 2.1, 3.1): é qualquer lei ou tipo geral, na
medida em que exige que cada um dos seus casos incorpore uma qualidade definida
que o torne apto a despertar, no espírito, a ideia de um objecto semelhante. Sendo
um ícone deve ser um rema. (ex. negativo de uma fotografia, um negativo é
legisigno porque contém qualidades em função de uma lei geral que diz que qualquer
negativo pode dar origem a fotografias iguais possibilidade de manifestar igual;
não é uma qualidade abstrata, o negativo lembra algo, é um ícone e sendo um ícone
é necessariamente rema).
Réplica: 1.2, 2.1, 3.1 (sinsigno icónico remático)
34
VI – Legisigno indicial remático (1.3, 2.2, 3.1): é qualquer tipo ou lei geral que exige
que cada um dos casos seja efectivamente afectado pelo seu objecto de maneira tal
a simplesmente atrair a atenção para aquele objecto, independentemente de como
tenha sido estabelecido.. O interpretante de um legisigno indicial remático
representa-o como um legisigno icónico. (ex. pronome demonstrativo ESTE. É
legisigno porque há uma lei geral – gramatical – que me diz quando é que devo
utilizar este pronome, é indicial porque é directamente afectado pelo objecto que
representa, remático porque permite várias hipóteses de interpretação, não sendo
exclusivo a um só objecto).
Réplica: 1.2, 2.2, 3.1 (sinsigno indicial remático)
VII – Legisigno indicial dicent (1.3, 2.2, 3.2): é qualquer tipo ou lei geral que exige
que cada um dos seus casos seja realmente afectado pelo seu objecto de maneira tal
que forneça informação relativamente àquele objecto. Deve envolver um legisigno
icónico para veicular a informação, e um legisigno indicial remático para denotar a
matéria daquela informação. (ex. um grito propositado ou a sirene de uma
ambulância) . É dicente porque é intencional, é legisigno porque há uma lei geral
que me diz que quando uma ambulância toca a sirene está em emergência, é indicial
porque remete para aquela ambulância específica).
Réplica: 1.2, 2.2, 3.2 (sinsigno indicial dicente)
VIII – Legisigno simbólico remático (1.3, 2.3, 3.1): é um signo relacionado com o seu
objecto por uma associação de ideias gerais e a sua réplica desperta uma imagem no
espírito, imagem esta que tende a produzir um conceito geral. A sua réplica é um
sinsigno indicial remático de tipo especial, já que a imagem actua, no espírito, sobre
um conceito já existente para dar surgimento a um conceito geral (ex. um nome
comum, legisigno porque é suficiente para poder incluir objectos de natureza
diferentes; simbólico porque o tipo de coisas que pode representar remete para o
objecto da concepção que faz com que se possa designar todo o tipo de coisas nesse
conceito; e remático pela hipótese de que a palavra se possa interpretar de qualquer
forma.) É simbólico porque estabelece uma relação com o objecto e com a palavra
em si. Pode ser utilizado em contextos diversos.
Réplica: 1.2, 2.2, 3.1 (sinsigno indicial remático, mas de tipo especial)
IX – Legisigno simbólico dicent (1.3, 2.3, 3.2): é um signo que se relaciona com o seu
objecto por uma associação de ideias gerais. É um símbolo dicente na medida em que
35
é realmente afectado pelo seu objecto. Assim, o interpretante contempla o símbolo
dicente como legisigno indicial dicente. (ex. um emblema do sporting – legisigno –
encerra uma ideia geral que dá a diferentes coisas a possibilidade de serem
representadas para um mesmo símbolo (leão); simbólico – tem um ideia
suficientemente genérica para encerrar diferentes coisas; discente – ideias para
representar o leão).
Réplica: 1.2, 2.3, 3.2
> Interpretantes
O
R ii
Id1 Id2
Eixo experiencial Eixo experiancial
abdutivo indutivo
If1 If2
If3
36
meramente perceptivo (percepção imediata e não informativo), ou seja, ainda não
consegue descodificar plenamente as palavras. É a face do signo que já lá está e que
permite o aparecimento de outros interpretantes. Cada signo deve ter a sua própria
interpretabilidade particular antes de ter um interpretante. O interpretante
imediato é aquele que nos dá um efeito sensação, não exige esforço de
interpretação, apenas necessitamos de possuir uma certa familiaridade com o signo.
É a percepção da realidade, tal e qual como ela se apresenta ao espírito.
O primeiro significado de um signo é o sentido que o signo produz. Este efeito é o
que o Interpretante imediato consegue dar acerca do Objecto Imediato. O
Interpretante imediato detecta o Objecto imediato e nos dá como ele é
representado. Só vê o Objecto Imediato e não pode dizer mais do que a análise
permite.
(Possibilidade (1ª percepção) ; Sem raciocínio, ou seja, um intérprete afectivo)
Interpretante Dinâmico: parte do objecto que está fora do signo. Aquele que
permite dizer de que forma é que o objecto está no signo, partindo da recolha de
índices (esforço mental) do próprio objecto. O interpretante dinâmico é aquele que
nos dá mais informação acerca do interpretante imediato e do objecto imediato.
Permite descobrir o objecto dinâmico a partir da recolha de índices do real que vai,
por sua vez, descobrir que real é aquele que ali está expresso. Significa um esforço
“secundário” no sentido de entender e procurar, indo mais além da percepção (a
percepção vai dar origem a um novo interpretante que faz um esforço para reenviar
o objecto).. O real é objecto dinâmico, e não imediato. É o efeito concreto que o
signo realmente determina.
(Esforço de interpretação, para compreender o signo através da obtenção de
informação necessãria, ou seja, um intérprete energético; interpretante factual)
37
interrompido por constrangimentos contextuais. Quando se interrompe o processo de
semiose, isso acontece porque se configurou uma certa crença.
(Classificação do signo, ou seja, um intérprete lógico)
O Id1 e o Id2 recolhem índices, centram-se no objecto mas esta recolha não nos
permite dizer quem está no quadro. Apenas recolhem informação e encaminham-na
para o interpretante final.
If1 – Interpretante final abdutivo (é um tipo de interpretante que não recorre a uma
experiência. Procede essencialmente, pela criação de hipóteses sem a verificação
destas mesmas. Essa mesma hipótese gerará o resultado. Utilizado pelos detectives,
tornando um hábito particular numa experiência colectiva – assumimos uma regra
como universal). Os preconceitos advéem, igualmente deste tipo de raciocínio.
38
> Objectos
Objecto Dinâmico: é tudo aquilo que está fora do signo. Tudo aquilo que podemos
acrescentar ao Objecto Imediato e que ajuda a completá-lo, o Objecto Dinâmico é
sugerido pelo Objecto Imediato e vai sendo construído, melhorado através da busca
realizada pelos Interpretantes. É aquilo para que o signo reenvia pelo facto de, tanto
o signo como o objecto, estarem em continuidade. É tudo aquilo que nos permite um
conhecimento aperfeiçoado sobre o objecto. Peirce, diz que o objecto dinâmico é o
que não está no signo, mas que está ligado a ele. È (segundo ele) o real. O signo não
consegue exprimir, apenas indicar, deixando ao intérprete a tarefa de descobri-lo
por experiência colateral. Por exemplo, aponto o meu dedo na direcção daquilo que
quero dizer, mas não posso fazer o meu companheiro entender aquilo que quero
dizer se ele não o puder ver ou se, vendo-o, ele não o separa, em sua mente, dos
objectos circunsantes em seu campo de visão.
39
É função do objecto imediato (incompleto) sugerir o objecto dinâmico (completo).
Por exemplo, um navio carregado de café entra num porto. Subo a bordo e colho uma
amostra de café. Talvez não chegue a examinar mais de 100 grãos, mas estes foram
tirados da parte superior, central e inferior do porão. Concluo, por indução que a carga
toda têm o mesmo valor.
Abdução (ou retrodução na sua forma original por Aristóteles): processo de formação de
uma hipótese explicativa relativa ao senso comum, facilmente aceitável sem
verificação. É a única operação lógica que apresenta uma ideia nova. A abdução
serve para os casos em que não existe certeza para aquilo que aconteceu. É a
explicação do que é inexplicável. Raciocínio não especializado, ou por outras
palavras, raciocício geral e colectivo. Trabalha com base em evidências, contenta-se
com uma explicação aparente.
Os botões dentro da caixa são todos brancos. Se saírmos e quando voltarmos a entrar
estiverem mais botões brancos ao pé da caixa, ficamos com uma dúvida? Os botões fora
da caixa viram de dentro da caixa? Não sabemos, mas dizemos que sim.
40
Dedução: não necessita de experimentação para ser aplicado, aplicamo-lo
directamente às representações sem recorrermos a nenhuma experiência. É a
aplicação de uma regra geral a um caso particular. Raciocício automático e directo
(conhecimento prévio).
A dedução prova que algo deve ser; a indução mostra que alguma coisa é
realmente operativa, a abdução simplesmente sugere que alguma coisa pode ser.
41
é através da linguagem que evolui, aprende, se afirma, se autonomiza, centrada
na autonomia da razão.
Século XIX: evolução das línguas através da comparação. Não basta formular as
regras de funcionamento das diferentes línguas, é preciso abranger essas regras de
funcionamento e entendê-las à luz da evolução social e humana. É o século da
linguística histórica (Franz Bopp) com a questão da evolução histórica das línguas e a
forma como essa evolução traduz a evolução histórica no espaço geográfico em que é
falada, ou da linguística/gramática comparada (Ramus Rask) que tem como ponto de
partida a comparação das línguas indo-europeias entre si..
Século XX: preocupação central: regras que determinam a evolução dos sentidos. É o
século da linguística enquanto ciência autónoma, coloca no centro dos estudos sobre
a linguagem não Deus, o Homem, a sociedade mas a própria língua. Só há ciência
linguística a partir do momento em que ela se pensa desligada de todas as
determinantes socio-psicológicas. O sujeito constitui-se na linguagem enquanto
sujeito simbólico. O estudo dos sistemas da linguagem dos seus mecanismos
(patrocinados por uma visão positivista da linguagem). Positivismo e método das
ciências natas, métodos estes desligados do conhecimento humano, de
subjectividade; surgem enquanto ajudantes da língua. Entender a língua como aquilo
que constitui o Homem, como capaz de funcionar em ausência de tudo. Interessa
saber as regras de funcionamento da língua independentemente de quem, como e
onde ela é falada, independentemente do contexto sociopsicológico.
conveniência
- coisas são semelhantes por conveniência quando têm entre si 1 real de
continuidade espacial, associada à realidade de proximidade
emulação
- dá conta das semelhanças entre 2 coisas pelo facto de se reflectirem uma na outra
- ideia de elementos concêntricos
- não necessariamente físico, espectral
- o reflexo do homem é aquilo que Deus passou para ele – o homem à imagem de
Deus
43
Analogia
- Figura que permite dar conta da semelhança entre coisas a partir da realidade que
mantêm com um 3º. Ex.- Pai e mãe têm em comum o filho
Simpatia
- Exacerbação, levar ao extremo de todas as características das figuras anteriores
- O central no semelhante é tão grande que faz com que em termos conceptuais eles
sejam o mesmo
- Tudo no mundo com 1 mesmo principio , para fazerem parte de um todo indistinto
- A palavra divina enquanto única e que forma 1 mundo homogéneo ex. Grandes
discursos
- A partir da mão de Deus tudo se criou e transformou
As marcas são a face visível e é através dela que se chega à face aparentemente
invisível das semelhanças estruturais, como o Mundo nos pode ser dado a conhecer.
Só se chega à parte aparentemente invisível através da leitura das marcas, como sons
ou palavras.
Não podemos saber nada sobre o Mundo que não esteja já nele inscrito. Mas lê-lo não
é separar a leitura do Mundo, aquilo que é representado daquilo que representa; há
uma continuidade física, espacial e intelectual entre aquilo que lemos e aquilo que
existe. Não há ausência; a leitura é já uma relação de semelhança com tudo aquilo
que designa – a linguagem não é autónoma daquilo que designa, é apenas uma das
coisas que se lhe assemelham.
A semelhança é o fim condutor para tudo.
- Conseguimos estabelecê-las de uma forma quase ilimitada entre tudo, pelo que o
Saber é pobre, redutor, superficial na conexão e explicação entre tudo o que existe.
- O Saber é sempre um Saber sobre o mesmo; todos os saberes remetem uns para os
outros, jamais atingimos um patamar diferente do primeiro; a natureza encerra-se
em si mesmo, auto explica-se; encara-se o universo como o texto do Mundo; a
linguagem é uma de várias marcas à disposição para serem lidas.
- O Saber pré-clássico não permite ordenar, classificar, sistematizar.
44
Episteme Clássica (séculos XVII – XVIII)
45
só pode existir enquanto objecto construído do ponto de vista teórico, o Homem no
Universo social, na evolução histórico – social, na sua natureza física e mental há
vários homens em cada homem.
Língua: a língua é necessária para que a fala seja intelegível e produza todos os seus
efeitos. É a parte social da linguagem, anterior e exterior ao indivíduo, e este, por si
só, não pode criá-la nem modificá-la, ela só existe em virtude de um contrato
firmado entre os membros de uma comunidade. A língua não é exequível, na medida
em que a partir do momento em que passa a ser executada, deixa de ser língua e
passa a ser fala. A língua é institucional, relacional, linear e arbitrária, implicando
passividade ao nível da recepção. A língua não está completa em nenhum ser
individual, só está completa em massa. A língua é aquilo que existe simultaneamente
na mente de todos as capacidades de todos os falantes constitui o sistema da língua
(conjunto de todas as individualidades, sendo que essas individualidades não
dependem da escolha individual mas do conhecimento da convenção social). Para
Saussure, o único mecanismo psicológico necessário para adquirir a língua é a
memória. Rolland Barthes afirma que “(...) a língua é fascista e totalitária, na
medida em que se impõe a todos os elementos de uma sociedade”.
46
A língua é enquanto sistemas do dotado de relações entre os seus termos, pode ser
comparada a um jogo de xadrez, porque há que conhecer regras, o valor das peças e
o modo como se movimentam (lugar que podem ocupar).
Na língua acontece o mesmo, cada termo tem um valor e um lugar que pode ocupar.
As nossas escolhas é que vai determinar o valor e o sentido daquilo que queremos
dizer. Não é preciso assistir do jogo desde o início para saber quem está em
vantagem; também não precisamos de conhecer a evolução da língua para perceber o
seu sentido num dado momento.
A língua é o sistema dos elementos e das regras que permite a articulação dos
signos linguísticos.
É através da fala, que a língua evolui (a fala é o vector de transformação da língua). A fala
precede à língua. Há portanto, interdependência da língua e da fala. Mas isto não as
impede de serem duas coisas absolutamente distintas. Não há língua em abstracto, sem o
exercício da fala (latim). Um Homem privado do uso da fala, conserva a língua desde que
commpreenda os signos vocais que ouve.
LÍNGUA FALA
Homogénea Heterogénea
47
Pura forma Substância
48
> a evolução, pode também significar a obsolência e o desaparecimento de unidades,
o que pode ter como efeito a reorganização gradual dos sectores do sistema.
Língua e fala: é evidente que cada um destes dois termos só tira a sua definição
plena do processo dialéctico que os une: não há língua sem fala, nem fala fora da
língua. A língua só existe perfeitamente na massa falante; não podemos manejar uma
fala se não partirmos de uma língua; mas, por outro lado, a língua só é possível a
partir da fala. Historicamente, os factos da fala precedem os factos da língua (é a
fala que faz a língua evoluir)e, geneticamente, a língua constitui-se através da
aprendizagem da fala que o rodeia (não ensinamos aos bebés a gramática e o
vocabulário, isto é, a língua)”. Efeitos de Semiologia de Rolland Barthes
49
> Dupla articulação
- Dicotomia língua/fala conceito operativo
- língua: objecto social puro, sistema virtual que configura uma convenção
- fala: puramente individual, selecção, apropriação individual do sistema
linguístico, condicionada pela cultura e circunstâncias, etc. ; na fala, o
aspecto combinatório é fundamental, os termos sucedem-se.
- é à custa de repetidamente ouvirmos a fala concretizar a língua que
interiorizamos o sistema da língua; a língua opera um duplo recorte, ao nível
do som e ideias e é este eixo duplo que dá forma à fala.
- O signo linguístico é um signo de dupla face e é a base do sistema linguístico
50
igual modo em diferentes línguas. Sintagmas são produzidos pela fala de um
indivíduo.
- Eixo Sincrónico:
Saussure adopta preferencialmente esta perspectiva
- Eixo Diacrónico:
51
- Estudo dos fenómenos ao longo do tempo, tendo em conta o que aconteceu e o que
está a acontecer.
- Uma linguística diacrónica vai estudar a relação entre os termos sucessivos ao longo
do tempo; a imobilidade da língua não existe mas todas as modificações introduzidas
surgem primeiro na fala; debruça-se essencialmente sobre a fala, as questões da
fonética.
- Um facto diacrónico é um fenómeno que tem a sua razão de ser em si mesmo (as
consequências sincrónicas que podem ocorrer são indiferentes);
> caso, o linguísta se coloque numa perspectiva diacrónica, não é a língua que se lhe
depara, mas uma série de acontecimentos que a modificam;
52
> só a partir da perspectiva sincrónica, é possível definir um signo, mas defini-lo não
como algo isolado, mas verificando as relações que os signos estabelecem entre eles;
> ora, nenhum sistema é mais complexo nem mais organizado do que a língua. A
multiplicidade dos signos, impede-nos de estudar ao mesmo tempo as relações
temporais e as relações horizontais.
Ocupa-se das relações lógicas e psicológicas Ocupa-se das relações entre termos, não
entre termos que coexistem e que formam percebidos por uma mesma consciência
um sistema colectiva, sem formar sistema entre si
Uma via evolutiva, que procura explicar a evolução da língua (diacrónica). É o eixo
das sucessividades (do passado ao futuro) que é atravessado pelo eixo das
simultaneadades (é a sincronia, corte no tempo, que se abstrai da evolução da
língua). A língua está sempre a evoluir e a acaminhar no eixo das sucessividades.
Para perceber a língua é necessário fazer um corte, que é o corte das
simultaneadades: só com o corte no tempo é que se pode perspectivar as várias
línguas ao mesmo tempo, fazendo a comparação de umas com as outras.
53
Qual a importância do corte no tempo?
Vai perspectivar o objecto de uma outra forma, ou seja, vai perspectivar o objecto
língua nas relações que os elementos mantém uns com os outros, enquanto que a
outra perspectiva mostrava-a na evolução entre eles. A perspectiva sincrónica abstrai
a evolução, vendo quais são as relações entre os elementos. Se a língua está
paralisada, não há evolução, daí que seja possível ver que relações se estabeleceram
entre esses elementos (possibilidade de comparação). A sucessividade faz-se por
transformação. As transformações ocorrem sem parar”.
Curso de Linguística Geral de Ferdinand Saussure
> A perspectiva sincrónica vai permitir determinar o valor de cada elemento num
conjunto da totalidade do sistema, uma vez que os compara simultaneamente;
> Os fenómenos diacrónicos não são da mesma ordem dos fenómenos sincrónicos. As
modificações produzem-se fora de qualquer intenção (sem formar sistema entre si),
daí o seu carácter casual e fortuito.
Saussure não viu logo a importânca desta noção, mas a partir do segundo Curso de
Linguística Geral, dedicou-lhe uma reflexão cada vez mais profunda. A noção de
valor em Saussure, pode ser explicada (em parte) através da teoria dos contrários de
54
Platão, a qual enunciava que uma palavra apenas tinha valor na medida em que
existia uma contrária (por exemplo, o bem só existe porque existe o mal).
> é a comunidade que utiliza uma língua que estabelece o valor da língua. Um
indivíduo, por si só, é incapaz de fixar esse valor;
> o valor dos termos é atribuído pela relação negativa (diferencial) que mantém
com os outros termos do sistema (...) o valor do termo linguístico é ser
exactamente aquilo que os outros não são. Logo, não é através das suas próprias
qualidades positivas que os elementos da língua têm o seu valor;
Assim, para determinarmos o que vale uma moeda de cinco escudos temos que saber:
1º, que a podemos trocar por uma determinada quantidade de uma coisa diferente,
por exemplo, pão; 2º, que a podemos comparar com um valor similar no mesmo
sistema, por exemplo, uma moeda de um escudo, ou com uma unidade monetária de
um outro sistema (um franco, por exemplo).
55
Noção de valor linguístico a 3 níveis
Ponto de vista conceptual
- O valor do ponto de vista conceptual é diferente da significação
- É o reverso da imagem auditiva
- A língua é um sistema em que todos os termos são solidários, o valor de um
desses termos depende do valor dos outros
- Uma coisa é a significação, outra é o valor que um termo significante possui.
- Todos os valores parecem regidos por um paradoxo constituídos por um
elemento semelhante e um outro dissemelhante
- Qualquer valor é constituído por um elemento dissemelhante pode ser
trocado por uma ideia e um elemento semelhante troca de uma palavra por
outra.
- É preciso comparar uma palavra com outros e com outras ideias para
conhecer o seu valor.
56
> Paradigma e Sintagma (SAUSSURE)
Operações Sintagmáticas
- As escolhas é que vão determinar o encadeamento sintagmático
- Relações sintagmáticas relações entre os elemento ausentes e os
elementos presentes.
Inspirada em Saussure, propõe-se estudar a língua como sistema funcional. Para tal:
57
- Considera fundamental o aspecto fónico da língua (o som é considerado como facto
físico objectivo, como representação e como elemento do sistema funcional);
2º Círculo de Copenhaga
- Signo é definido como uma função entre duas grandezas: um conteúdo e uma
expressão: “o signo é uma expressão que designa um conteúdo exterior ao próprio
signo.”.
58
> Teoria de Hjelmslev
59
3. Uso: O uso é uma “fala congelada”, ainda não é a execução da língua. É a língua
enquanto conjunto de hábitos de uma determinada sociedade (usos colectivos),
definidos pelas manifestações concretas. A língua varia com a mudança cultural,
é uma marca da sociedade; a definição de uso compreende todas as formas que
podemos encontrar de pronunciar o “R”, que não deixa de ser entidade da língua
mas é investido pela sua ____________. A pronúncia de cada região de Portugal.
Não é negativa, nem opositiva, nem relativa surge sempre de uma forma positiva.
Hjelmslev consagra uma parte importante do seu trabalho à descrição dos processos
metodológicos da linguística, que, antes de mais, deve elaborar o seu objecto: a
língua como sistema. “A descrição deve ser não contraditória, exaustiva e tão
simples quanto possível”. Para tal, utiliza o método empírico-dedutivo.
60
O autor desenvolveu os conceitos de expressão e conteúdo, estes relacionados com a
ideia saussuriana de significante e significado. Segundo Hjelmslev o signo contempla
em si, uma expressão (imagem) e um conteúdo. Podemos pois, afirmar que não
podemos ter expressão sem conteúdo, nem conteúdo sem expressão, pois são estes
dois elementos que formam o todo, a que damos o nome de signo.
“Louis Hjelmslev afirma que Saussure teve o mérito de ser o primeiro a descobrir e a
circunscrever o verdadeiro objecto do estudo da linguística, mas que, contudo, não
constitui mais do que uma primeira aproximação, historicamente importante mas
teoricamente imperfeita”.
Estes dois planos são duas subfunções da língua que, no seu conjunto formam a
função semiótica. Conteúdo e expressão são duas grandezas da mesma ordem,
iguais em todos os signos.
> Expressão (ste), é o seu modo exterior (representa algo para alguém)
61
> Conteúdo (sdo), é o seu modo interior (representa alguma coisa)
Logo, o signo é uma unidade constituída por uma forma de conteúdo e forma de
expressão, sendo que só assim, o signo produz algum sentido.
Estamos perante uma função sígnica, sempre que um código associa os elementos de
um sistema veiculante (expressão) aos elementos de um sistema veiculado
(conteúdo). Importa saber que esta correlação entre estes elementos, é
perfeitamente arbitrária e convencional.
1- Expressão e conteúdo;
2- Processo e sistema;
3- Comutação (ligação do plano da expressão com o plano do conteúdo);
62
4- Existência de relações bem definidas entre unidades linguísticas;
5- Não conformidade entre expressão e conteúdo. Se tal acontecer não estamos
na presença de uma linguagem: é o caso dos semáforos em que a expressão
coincide, em termos de substância, com o conteúdo pelo que não é uma
inguagem (quase-relação de estímulo-resposta)).
Vestuário escrito: são os artigos sobre a moda que, com a ajuda da linguagem
articulada descrevem o próprio sistema. A este nível a moda nunca é executada no
sentido individual (como a fala na teoria saussuriana; é a língua tal como é definida,
no seu estudo puro).
De acordo com Barthes é possível língua sem fala uma vez que o sistema da moda não
emana da massa falante (homens) mas sim de um grupo de decisão que evoca
voluntariamente o código da moda. É este grupo de decisão que decide o que é a
moda e não cada um de nós individualidade.
Vestuário usado / real: fala, no sentido Sausssuriano. Ao nível da língua temos todas
as regras de associações de roupa a que temos de obedecer. (umas calças e não 3
63
pares). O sistema da moda altera-se facilmente devido às tendências. A fala está
relacionada com as nossas escolhas individuais.
64
4. A língua só pode ser cientificamente estudada sobre a égide de uma língua
maior
Crítica:
- Os autores criticam que a tendência de que a língua maior é um modelo e que tudo
deva ser estudado segundo esse mesmo modelo. Eles, propõem que se defina um
estudo específico para a análise de cada linguagem menor.
O futurismo é um movimento artístico do ínicio do séc. XX, iniciado em Itália mas com um
desenvolvimento ímpar na Rússia. Dá grande ênfase às questões que emergem no séc. XX:
importância da máquina, velocidade, mudança e dinamismo. A disciplina científica mais
aproximada do futurismo, é a linguística contemporânea.
65
medida em que a sua probabilidade aumenta”). O hábito impede a visão do
objecto, sendo necessário deformá-lo para que a nossa atenção se volte a fixar
nele;
- A obra de arte está no centro das atenções (e não a época ou o autor);
- A obra de arte é um processo (o que interessa é o seu processo de produção e não
o resultado final);
- O método é imanente ao objecto (não existe à priori);
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