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Continuação - 5/7
Mas a relíquia mais estimada era o próprio Santo Graal — o cálice que Jesus
usou na última ceia. Era comentado que tinha sido descoberto enterrado no
velho templo de Salomão em Jerusalém. No princípio do século XIII o poeta
alemão Wolfram von Eschenbach visitou Outremer especialmente para
aprofundar o estudo da Ordem. É verdade, admitiu ele. "Os Templários
possuíam certamente o Santo Graal". Este foi mais tarde corroborado por
Trevrizent, que declarou: "é sabido que muitos formidáveis guerreiros
repousam em Munsalvaesche com o Santo Graal".
O JULGAMENTO
E ra Sexta-feira, 13 de Outubro de 1307. Um dia fatal para os Templários, e
lembrado supersticiosamente ainda nos nossos dias como a azarenta ‘Sexta-
feira 13’. Ao fim da tarde, agentes do rei Filipe IV atacaram. Num assalto
fulminante, acusaram e prenderam Templários por toda a França. A data tinha
sido escolhida pela coincidência da visita à França de vários líderes
Templários, incluindo o próprio Grande Mestre Jacques de Molay. Mas quando
os agentes entraram no Templo em Paris, sede dos Templários, descobriram
que todos os documentos e, mais importante ainda para Filipe, o tesouro tinha
sido removido. Os agentes também tentaram capturar a frota Templária, a
maior da Europa, que estava atracada em La Rochelle. Mas uma vez mais se
frustrou a intenção — a frota já tinha partido. Até hoje a vasta riqueza dos
Templários nunca foi encontrada. Nem tão pouco foi descoberto para que porto
a frota seguiu — ou onde atracou. Mas os Templários não tentaram esconder-
se e na manhã seguinte, vários milhares tinham sido feitos prisioneiros.
O Grande Mestre patriarca, Jacques de Molay, foi um dos que confessou. Mas
a 14 de Março de 1314, enquanto ele era exibido no exterior da catedral de
Notre Dame em Paris para ouvir a sua sentença de prisão perpétua, De Molay
discursou uma dramática declaração:
Mas porque terá tudo isso acontecido? Que fizeram os Templários? Nos
julgamentos, eles eram acusados de heresia — de participar em práticas
obscenas, cuspindo na imagem de Cristo e adorando ídolos (especialmente
uma cabeça chamada Baphomet). Eram acusados de bruxaria. Foram ainda
acusados de homossexualidade.
Então que haveria de tão terrível acerca dos Templário, para estimular as
hostilidades do rei Filipe IV? E isto para além do fato deste ter já fortes relações
com a Ordem. Jacques de Molay era padrinho do seu filho. E quando Filipe se
viu confrontado com uma sublevação popular em 1291 em Paris, o rei escolheu
o Templo como refúgio. Eram também os banqueiros reais.
Para uma satisfatória explicação contudo, deveremos ter em conta uma razão
muito simples: ganância. Filipe encontrava-se quase falido. tinha herdado
dívidas enormes do seu pai e das guerras contra a Inglaterra e Flandres. Um
dos conselheiros mais próximos do rei, William de Nogaret, sugeriu a que a
solução mais simples para solucionar a crise financeira de Filipe era confiscar o
máximo que pudesse da fortuna dos Templários. O desonesto William já tinha
sido excomungado em 1304 por ter feito parte na tentativa de rapto do Papa
Bonifácio VIII. Nessa altura, estava meramente cumprindo ordens do rei Filipe.
O Rei vinha olhando para ele próprio como o chicote contra a heresia e o
purificador do reino. Em 1306, tinha expulsado os Judeus de França,
remetendo-lhes vagas acusações de sacrilégio e bruxaria. Se William pudesse
fornecer provas que também os Templários eram heréticos e bruxos — e que a
sua fé cristã estava em perigo de ser poluída — então poderia legitimamente
avançar. Não eram os Templários, então, notoriamente secretos? Havia muitas
considerações acerca do seu ‘grande segredo’. O que era? Para eles que
amealharam tamanhas riquezas ao longo de dois séculos, supostamente devia
ser algo de muito poderoso — talvez mesmo oculto.
Mas o plano correu mal de todo. Depois de terem terminado todos os seus
julgamentos, o Papa entregou todas as propriedades e bens aos Templários
que estes puderam reaver não do rei Francês, mas sim dos Hospitalários!
O FIM DA ORDEM
E assim foram feitas as primeiras prisões e interrogatórios. As autoridades na
Escócia e em Portugal mostraram-se relutantes em entregar os seus
Templários à Inquisição. Na Escócia, Robert the Bruce foi excomungado e não
tomou qualquer previdência. Mas noutros locais centenas de membros da
Ordem foram entregues — na sua maioria, obviamente simples membros em
vez de cavaleiros, uma vez que a maioria deles se encontrava em Chipre.
A seita mais notória seria talvez a dos Cátaros do Sul de França, que
desprezavam os procedimentos da igreja cristã pelas suas posses materiais.
Os Cátaros (cujo significado é ‘puro’), eram pessoas que acreditavam que
assim como existia um Deus bom, também havia um Demônio a governar o
mundo. Estes a quem chamavam heréticos não tinham qualquer lealdade ao
Papa. Em 1208, um dos enviados Papais foi assassinado em território Cátaro.
Inocêncio III ordenou uma cruzada contra eles. Cerca de 30 000 soldados do
Norte da Europa desceram até essa região e massacraram milhares de civis
inocentes.
Uma vez que nunca foram encontrados testemunhos, muito da história dos
Templários continua incerta. É dito freqüentemente que eles próprios
destruíram os registos para que nunca pudessem ser usados contra eles. De
qualquer modo, como acontece com tantos arquivos históricos, é possível que
estes se tenham simplesmente perdido — provavelmente em Chipre alguns
anos mais tarde.
Mas ainda que livros e papeis sejam fáceis de destruir, para onde foi o Tesouro
dos Templários? Dada a sua rede de influência e aliados políticos, os
Templários quase certamente foram avisados com antecedência do ataque que
lhes iria ser movido. Uma teoria era a que o seu tesouro foi secretamente
transportado pelos esgotos de Paris. A complexidade de catacumbas e esgotos
que se encontram por baixo da capital Francesa nunca foi mapeada. Mas os
Templários tinham reputação de terem mapas detalhados dessas passagens
subterrâneas. Uma vez em segurança, o tesouro foi transportado para um
destino desconhecido por uma frota Templária, e posteriormente nunca mais foi
visto.
Então para onde se deslocou a frota? Que aconteceu ao seu fabuloso tesouro? E em que
se tornaram os Templários sobreviventes, particularmente na Escócia, Inglaterra,
Irlanda e Portugal, onde muito poucos foram conduzidos até à Inquisição. Ou na
Espanha, Alemanha e Chipre, onde todos foram declarados inocentes?