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Axills
Rio de Janeiro/Rio de Janeiro: Edição Independente,
2011. 54 p.
Rio de Janeiro 2011.
Todos os direitos reservados
Esta obra está licenciada sob uma Licença
Creative Commons

Capa: Axills
Produção Editorial:
Samuel Achilles
2011
Trovart Publications

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À minha doce amada,


que é para onde deságua minha poesia

Axills

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SUMÁRIO
Dedicatória ............................................................................................................. 3
Prefácio ................................................................................................................... 6
Floresta viva............................................................................................................ 8
Dois ........................................................................................................................ 9
Conquistador conquistado .................................................................................... 10
Abelha rainha ....................................................................................................... 11
Intenso I ............................................................................................................... 12
Intenso II .............................................................................................................. 12
Preciso dizer que te amo ....................................................................................... 13
Vem meu amor ..................................................................................................... 14
Futura amada ....................................................................................................... 15
Mordomo............................................................................................................... 16
Medusa ................................................................................................................. 17
Açude.................................................................................................................... 18
Nublado ................................................................................................................ 19
Fosse o amor......................................................................................................... 20
Bandeira branca ................................................................................................... 21
Mantas e mantras ................................................................................................. 22
Óbvio .................................................................................................................... 23
Bucólico ................................................................................................................ 24
Plural .................................................................................................................... 25
Tua presa.............................................................................................................. 26
Dandara................................................................................................................ 27
Fisgadas ............................................................................................................... 28
Indriso .................................................................................................................. 29
Pintura íntima ...................................................................................................... 30
Orquídea ............................................................................................................... 31
O jogo do amor...................................................................................................... 32
Vago...................................................................................................................... 33
Entrega ................................................................................................................. 34
Cupido .................................................................................................................. 35
Ferrugem .............................................................................................................. 36
Maré cheia ............................................................................................................ 37
O que sinto por você ............................................................................................. 38
Musa poetisa......................................................................................................... 39
Vai minha voz ....................................................................................................... 40
Vida ...................................................................................................................... 41
Florido .................................................................................................................. 42
Lindeza ................................................................................................................. 43
Chore pequena ...................................................................................................... 44
Único .................................................................................................................... 45
Carícias ................................................................................................................ 46
Você em mente...................................................................................................... 47
Fantasmas ............................................................................................................ 48
Atípico .................................................................................................................. 49
Posfácio ................................................................................................................ 51
Minibiografia ......................................................................................................... 53
Contatos com o autor ............................................................................................ 54

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De repente você partiu


Interrupção abrupta do meu querer
Meu amor cego perdido, sem tato
Morte cerebral do meu prazer

Axills

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PREFÁCIO
Amor – o tema universal

Do latim amor, o vocábulo “amor” em língua portuguesa carrega em si


vários significados. Objeto de estudo desde a Antiguidade, de filósofos e
poetas, o sentimento primordial e essencial para o ser humano foi e continua
sendo cantado sabiamente em diferentes estilos nos versos destes analistas
da alma humana.
Assim, tanto o amor romântico como o amor sensual, representado por
Eros permearam as obras dos mais diversos poetas da literatura mundial,
não sendo diferente com o poeta Axills, que aqui nos brinda com versos
carregados de um lirismo forte e intenso nas duas vertentes.
Dono de um estilo ímpar e bastante vigoroso no trato com as palavras,
aliado a uma musicalidade marcante, o poeta retrata o Amor em sua poesia
como uma extensão de si mesmo, expressando de forma incondicional e sem
amarras aquilo que lhe vai pela alma, o que culmina num trabalho de sólido
apelo aos sentimentos mais profundos e emoções de quem se atreve a lê-lo,
tornando-se impossível não se deixar contaminar pela sua mensagem.
Fartamente influenciado por Vinicius de Moraes e Pablo Neruda, Axills
parece seguir fielmente os ensinamentos dos mestres, brasileiro e chileno,
respectivamente, quando o primeiro afirma que “a maior solidão é a do ser
que não ama [...] que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se
recusa a participar da vida humana” e que “o maior solitário é o que tem
medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher,
do amigo, do povo, do mundo”.
E quando o segundo diz que “morre lentamente quem evita uma paixão
[...] e os pontos sobre os ‘is’ em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos”.
Por tudo isso é que vale a pena a leitura dos versos deste jovem poeta de
uma nova safra que procura seu espaço e aí desponta com um estilo todo
próprio de fazer poesia, com versos perturbadoramente sensíveis e
encantadores.

Alessa B.
Professora e poetisa

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E a poesia nasceu
Na montanha dos meus desejos
Percorreu os vales do teu corpo
Encontrando um doce mar, seu beijo

Axills

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FLORESTA VIVA
Pode, em redor de ti, tudo se aniquilar:
Tudo renascerá cantando ao teu olhar,
Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,
Porque a Vida perpétua arde em tuas entranhas!
Olavo Bilac

Quero beber do teu néctar


E ser dono do teu jardim
Usufruir do suco dos teus sulcos

Replantar minha vida em teu corpo


Despetalar tua flor em bem-me-quer
Frutescer alegrias, prazeres

Quero te ver menina nos campos


Atrás das borboletas sob as asas do meu peito
Quero o eu menino degustando do teu rio
Escalando montanhas, teus seios

Quero admirar a panorâmica paisagem dos gemidos


Emitidos nos ouvidos
Derretidos nos beijos
Desprovidos de decência em nosso pecado consentido

Encostas,
Arranho as costas
Estás exposta
Floresta viva

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DOIS
Oh! diz'me, diz'me, que ainda posso um dia
De teus lábios beber o mel dos céus;
Que eu te direi, mulher dos meus amores:
— Amar-te ainda é melhor do que ser Deus!
Castro Alves

Que maldade seria eu não te amar!


Seria ter saudade do que não veio
Seria viver alérgico ao ar
Seria jamais provar, tocar teus seios

Que vantagem teria o meu olhar


Se eu não pudesse mirar de escanteio?
Seria qual voz que se impede o cantar
Seria pregar a fé no que não creio

Que são as asas para ao céu voar?


Se não enxergo azul que tanto anseio
Se não mais sinto o vento vir soprar

O teu amor que vence o meu receio


Se não persisto e tento conquistar
A vida a dois que surgirá de enleio

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CONQUISTADOR CONQUISTADO
Meu coração dolorido
As suas mágoas exala,
E volta ao gozo perdido
Quando ela fala.
Machado de Assis

Conquistador ou ser viscoso, tênue linha existe


Melado o papo ou tanto quanto harmonioso, rúbeo
Perturbadora Vênus, orbital insônia triste
Tristeza amada, quista e estimada em corpo fúfio

Um falador ou ser viçoso mesmo tão em riste?


Será que enxergas todo o invisível som, murmúrio?
Quiçá consigas ouvir a cor de o meu chorar em chiste
Das tolas alegrias em chamas frias do meu Vesúvio

Vontade: tê-la em braço envolta e presa ao laço-abraço


Abraso e gelifaço em neve olhar vazio e aceso
A moça aquieta e nada fala, veta e nega acesso

A fera chora e berra ímpar pelo par avesso


Alheio a dor, tortura a flor no fim do meio início
A voz que canta doce sofre amarga tal suplício

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ABELHA RAINHA
Pois se é noite de completa escuridão
Provo do favo de teu mel
Cavo a direta claridade do céu
E agarro o sol com a mão
Caetano Veloso

Me apaixonei mas ela não me quer


Nem pensa em ser amiga, nada sou
Jamais mostrou pra mim o olhar mulher
Desenganado fui por esse amor

Perguntarei: Que amor de mim requer?


Não, mudarei em dor tal como estou
Olhando longe a forma qual voyeur
Dos olhos espelhando o mel da cor

Garantirei que a morte queira a mim


Na fuga desse “eu", um ser distante
Que cisma maltratar-me até o fim,

Me suga o peito e ri do rei galante


Verdade seja dita à alma minha
Zangão se doa à abelha vil rainha

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INTENSO I
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade...
Vinicius de Moraes

Quero você hoje


Quero você agora
Quero você ontem

Nasça comigo

INTENSO II
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Vinicius de Moraes

Quero me entrelaçar em você


A ponto de respirar por suas narinas
Alimentar-me por sua boca
Suar através dos seus poros
Sorrir e chorar com o seu coração
Sentir o balançar de seus cabelos acariciados pelo vento

Não mais sentir inveja dele,


Nem mesmo do sol sobre sua pele
Não mais...

Estarei inteirado de você

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PRECISO DIZER QUE TE AMO


Para meu coração basta teu peito
para tua liberdade bastam minhas asas.
Desde minha boca chegará até o céu
o que estava dormindo sobre tua alma.
Pablo Neruda

Preciso parar o tempo


Pra dizer que te amo
Pra olhar nos teus olhos
E dizer que tu és linda

Desliguem as máquinas
Cessem os motores
Dêem folga aos empregados
Preciso dizer que te amo

Interrompam todas as negociações

Ninguém mate
Ninguém nasça
Ninguém morra
Ninguém adoeça ou se cure
Não nesse momento

Preciso olhar nos teus olhos


Em absoluto silencio

Preciso dizer que te amo

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VEM MEU AMOR


Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa,
se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Deus te mandou um presente divino: o amor.
Carlos Drummond de Andrade

Vem, meu amor


Abraça minha alma
E a raiva da calma
Disfarça de beijo
E arranha minha carne
Aperta a saudade
No afã do desejo

Vem
Se joga por cima
E me contamina
Com tanto querer
Por cima e por baixo
Nos altos e baixos
Com todo o prazer

Vem
Desmascara o pudor
A pele à flor
Em pétala ardente
O corpo ao avesso
Por estar submerso
No suor fervente

Vem meu amor

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FUTURA AMADA
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
Camões

Eu sinto tanto a tua marcante falta


Que precisei fugir de mim funesto
Deselegantemente, um indigesto
Escureceu o proscênio sem ribalta

Machuca a vida tua ausência malta


Acautelou–me a morte em vento lesto
Que vem do leste e quebra todo o resto
A minha espera finda tão incauta

O sofrimento, a solidão, a dor


O cumprimento em porte por respeito
A volta ainda traz na mão a flor

O sentimento entregue, amor no peito


Revolta armada, a luta pelo beijo
Futura amada, amor do meu desejo

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MORDOMO
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão
Chico Buarque

Eu sou bandido, mocinha


Me prenda sendo capaz
Te quero prenda tão minha
Sou liso, leso e tenaz

Sou só um bobo, rainha


Um corte o riso me faz
Na corte moras sozinha
Eu nessa rua, um frio mordaz

Estou zangado, abelhinha


Zangão em serviço voraz
Te sirvo suco da vinha
E como o lixo do cais

Teu servo sou, sinhazinha


Em frente, sigo pra trás
Sou torto que anda na linha
Na paz, Senhor, quem me apraz?

A cara assim de fuinha


Um cara estanho demais
Na briga sempre galinha
No amor, um touro loquaz

Mordomo teu, senhorinha


Por ti serei sempre audaz
O amor me gela a espinha
Meu corpo te ama e jaz

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MEDUSA
A musa que inspira meus tímidos cantos,
É doce e risonha, se amor lhe sorri;
É grave e saudosa, se brotam-lhes os prantos,
Saudades carpindo, que sinto por ti.
Machado de Assis

Disseram para eu impedir meu olhar dos fartos olhos


A moça quieta sonsa sonda a espreita e busca a chama
Não pude obedecer ao conselho óbvio vem-me abrolhos
Espinho em carne, meço o comprimento da alma em drama

Eu mais que desobedeci fui além toquei sobrolhos


Enfatizei o descompromisso em mim dancei co’a dama
Perplexos todos assistiram nunca medo acolho
Complexo mar revolto dentro em mim que bruma brama

Falece o mal de amar renasce o bem da louca paixão


Qual amanhece o sol de dia e dissipa o nevoeiro
Aquece e tira nuvens condensadas faz-me verão

O efeito cura o peito em mau jeito dado matreiro


Aceito sendo eleito pelo aval do teu destino
Medusa vira musa nesse amor em desatino

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AÇUDE
Corpo de mulher, alvas colinas, coxas brancas,
ao mundo te assemelhas em teu ato de entrega.
O meu corpo selvagem de camponês te escava
e faz saltar o filho das entranhas da terra!
Pablo Neruda

Eu amo o corpo e a força lila venta o canto


A Suavidade traz-me o fim para asperezas
Teu cheiro doce chama vida e mais seu tanto
Perdido sobre o manto vário com tristezas

O front é a retaguarda prisma tão insano


Da guarda minha, olhos teus me são fraquezas
Poder da pele vis-à-vis para o espanto
Não é dentro do peito o canto em sol, belezas

Amada minha longe, sempre a penso perto


O meu desejo errado desse amor incerto
Boa brisa suave e mansa com voraz reflexo

Na lisa pele branca a mão encontra nexo


Num farto escuro quarto à luz da plenitude
Deserta vida minha, teu amor açude

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NUBLADO
Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
Manuel Bandeira

Cato o vento que a cerca, traz-me teu aroma


Frente a todos és santa e para mim, paloma
Ao chegar foste embora, dia e noite em hora
Clarear de minha noite, escurecer da aurora

Vê o olhar sempre alerta, aguardando um sintoma


Que avise tua chegada, já sei teu idioma
O amor em mim aflora; em meu ser, mundo afora
Pra mim tu és amante e pra outros, senhora

Sentir o teu perfume em tua pele inconstante


Pesam-me tais levezas do aroma distante
Torta é minha destreza, gaga é minha fala

Acanha o sol teu lume, meu viver embala


Escondem-se as belezas, nem céu há estrelado
Volta com um bom tempo e brilha um ser nublado

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FOSSE O AMOR
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar...
Fernando Pessoa

Se o amor fosse o mar


Eu seria ondas
Se o amor fosse o céu
Eu seria o azul
Se ele fosse o cansaço
Eu, fadiga
Se ele fosse um afago,
Um abraço.

Se o amor fosse mel


Eu seria própolis
Se amor fosse cura
Eu, enfermaria
Se ele fosse dádiva
Me doaria
Se fosse sol
Eu, a fotossíntese

Se o amor fosse ao léu


Eu seria vento
Se o amor fosse nuvem
Eu seria chuva
Se ele fosse fogo
Eu, ardente chama
Se ele fosse enfrentamento
Eu seria adrenalina
Se fosse destino
Eu seria sina

Se o amor fosse fôlego


Eu respiraria
Se fosse um dia
Eu seria mês
Se ele fosse frio
Eu seria ártico
Se ele fosse pássaro
Eu seria, apenas...

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BANDEIRA BRANCA
Bandeira branca amor
Não posso mais
Pela saudade que me invade
Eu peço paz
laércio Alves/Max nunes

Bandeira branca, amor


Preciso da sua presença
Pois sem você minha respiração é ausente

Caminha até meus braços


E assopra para longe as minhas nuvens condensadas

Que tal fazermos de conta que existe um tempo que não existiu?
Que não nos separamos,
Que não ficamos chateados um com o outro por bobagens infantis

Que tal passarmos um dia no escuro e uma noite em claro


Para que possamos recuperar o tempo em que não nos vimos?

Porque todo doce da vida torna-se amargo sem você


E o céu azul se esconde
Também as estrelas
Também o sol e a lua

Mas nada que não possa ser resolvido com seu toque em meu rosto,
Em meu corpo e em minha alma

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MANTAS E MANTRAS
Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!
Álvares de Azevedo

A minha preta é branca como a lua


De pele lisa seduz meu pensar tão áspero
Eriça pelos, apelo em moça nua
Caminha ereta e me prende no quente útero

Sozinha e quieta de longe a hipnose tua


De tão precisa essa luz que tem brilho próspero
A fé eterniza cozinha-me verve crua
De linha aberta o estúpido verso Cícero

Aponto a seta e sigo aroma, flutua.


Incisa o corte e sangra expostas vísceras
Alcanço a meta, encontro amor em tuas ruas.

Na frisa vejo uma cena: No frio tu suas


Refaço a morte num mantra de reza mísera
A minha preta é manta, em meu corpo atua.

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ÓBVIO
É, só tinha de ser com você
Havia de ser pra você
Senão era mais uma dor
Senão não seria o amor
Tom Jobim

Tenho que ter calma para não me infundir pavor


Tenho que ter pulmão para respirar
Tenho que beber para matar minha sede
Tenho que comer para me alimentar
Tenho que ter dente para ser sorridente
Tenho que ler para alimentar a mente
Tenho que andar para sair do lugar
Tenho que abrir os olhos para poder ver
Tenho que dormir para acordar
Tenho que ter você para viver

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BUCÓLICO
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Zé Rodrix

Eu quero ter a certeza do seu amor


Ando meio cansado de aventuras
Preciso de uma casa com varanda
Onde você esteja me esperando

Quero lhe entregar mil flores


E que não seja um simples ritual
Que as nossas datas sejam particularmente festivas

Preciso desse bucolismo em meio ao centro da cidade

Árvore no quintal,
Canto dos pássaros
E seu beijo de bom dia no café da manhã

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PLURAL
E eu sem você
sou só desamor
um barco sem mar
um campo sem flor
Vinicius de Moraes

Se eu te arrancar do meu peito o que sobra?


O que restará de mim
Se a minha primeira pessoa há muito é plural?
Nós estamos sem ti
Tu estás longe de nós
O eu fica sem verbo pra existir

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TUA PRESA
Meu Deus!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Casimiro de Abreu

Valsavas em meus versos


Vestida de veemente amor
Vertida em fantasia
Verdade em meu viver

Voltaste o teu olhar


Para um futuro de surpresas
Eu noite e dia a te caçar
Mas, descobri-me tua presa

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DANDARA
Mesmo que você feche os ouvidos
E as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Edu Lobo/Chico Buarque

Hoje cheguei numa tara, Dandara


Pega o calor, minha vara e me ampara
Cai de boca palavrada, não para
Morde quieta, suja a cara tão clara

Parte a tarde, canta e lira, cigarra


Durma pronta deita e vira, se amarra
Supra-sumo, rola e gira, dispara
Corpo e alma, santa pira, esparra

Caça minha, prenda presa, arara


Cores várias, vela acessa, luz rara
Luta, arma, vira a mesa, Guevara
Unha a carne à milanesa, prepara

Vara a noite, madrugada, mascara


Clara aurora acorda vaga, caiçara
Ara prata, consagrada, na piara
Tiara adorna enamorada me azara

Lima pérsia, doce goma, açucara


lucra amnésia, cama em coma, compara
Controvérsia, some a soma, separa
Ser bromélia, só embroma, taquara

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FISGADAS
Sempre há um pouco de loucura no amor,
porém sempre há um pouco de razão na loucura.
Friedrich Nietzsche

Quando tu foste amputada de mim


Sangrei lágrimas infindáveis
Não esperava que o nosso pra sempre
Fosse terminar tão rápido

E me vi perdido no mundo de mim mesmo


Chato, sofrido, carente
Estacionado e a esmo
Num plano vazio em tela branca e tinta transparente

O ruim é sentir as fisgadas no membro amputado


Coça e irrita

E incomoda ininterruptamente

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INDRISO
O amor comeu minha paz e minha guerra.
Meu dia e minha noite.
Meu inverno e meu verão.
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
João Cabral de Melo Neto

Vai martelando, meu juízo!


Vai martelando, minha dor!
Vai modelando meu jazigo
Vai malmequer e me dá amor

Já que ninguém me deu abrigo


Se o frio foi o meu cobertor
No raso-fundo eu sou conciso
Sou carne viva sob sódio, sol e suor

Vem pra voltar se for preciso


Morde a mão que te afagou
Faz de minhas lágrimas o teu alívio

Vem pra beijar-me com o teu siso


Crava em mim o cutelo do amor
Faz meu soneto virar teu indriso

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PINTURA ÍNTIMA
Como um brilhante que partindo a luz
Explode em sete cores
Revelando então os sete mil amores
Tom Jobim

Pinta-me, faz de mim um quadro


Clássico em teu quarto
Raro e de alto valor
Inunda minha tela com teu óleo
Aquarela-me, ou faze-me gravura
Desenha a arquitetura
Obra-me como o autor
Inunda minha tela com teu óleo
Tuas cores, teus beijos
Em nanquim e em sangüínea, desejos
Faze-me assim ímpar e sem cotejo
Tipifica-me, prenda-me em um espaço
Emoldura-me em teus braços
Assina-me com teu calor

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ORQUÍDEA
Lembra-te o Jardim, querida!
Lembra-te ainda da vida
Aquela quadra florida,
Que ali passamos então!...
— Duas salas, um terraço,
Poucas flores, muito espaço,
Muita luz; mas a melhor,
— A flor do teu coração,
Gonçalves Dias

Preciso tê-la linda e bela dama


Do doce seio carícias plenas tantas
A fantasia, sordícia anela a santa
O inciso ao corpo finda a cena em drama

Almejo vê-la nua em minha cama


Olhar, soslaio, malícia: A perna encanta
Tua companhia me cola, prende, imanta
Refúgio cônscio sendo minha alfama

Amada, nunca fiques tão inquieta


Qual murcha flor fragrância nula insípida
Buquê de rosa incolor e lívida

Que sejas sempre assim, mulher discreta


Comigo apenas solte louca as rédeas
Uma inodora aurora nasce orquídea

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O JOGO DO AMOR
O amor é sede depois de se ter bem bebido
Guimarães Rosa

Sonhei que estava jogando com você. Eu puxava levemente seus


cabelos e beijava seu rosto. Mordiscava sua orelha (a ponta da orelha),
descendo pro pescoço. Foi quando você deu seu primeiro “ai”.
_ Não vale – falei – vou começar tudo de novo.
Então puxei levemente seus cabelos e beijei outra vez seu rosto.
Mordisquei a sua orelha (a ponta da orelha), fui descendo pro pescoço,
percorrendo a sua nuca. Desci por suas costas sentindo todo o doce do seu
aroma, enquanto minha língua abria seu caminho e seus poros. Apertei com
suavidade e firmeza suas costelas. Foi quando você deu seu segundo “ai”.
_ Não vale – falei – vou começar tudo de novo.
Mais uma vez puxei levemente seus cabelos (não tão leve) e beijei outra
vez seu rosto. Mordisquei a sua orelha (pontinha), fui descendo pro pescoço,
percorrendo a sua nuca. Desci por suas costas sentindo todo o doce do seu
aroma, enquanto minha língua abria seu caminho e seus poros.
Com suavidade e firmeza apertei suas costelas. E posicionei seu corpo
de frente para o meu. A ponta da língua no bico dos seios. O calor do meu
beijo gelando a superposição de suas vértebras. Inundei seu umbigo de
carinho e beijei pequenos e grandes lábios.
Foi quando surpreendentemente conseguiu se controlar. Porque não
queria que eu voltasse mais nenhum passo. Segui em frente penetrando
você. Foi quando eu dei meu primeiro ai.
_ Não vale – você falou – vou começar tudo do meu jeito.

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VAGO
Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
Castro Alves

Vazio que sou me quero o peito falho


Arranca dentro em mim, Senhor, amores
Descarto toda carta e me embaralho
Romance, para mim, totais terrores

Vadio na rua escravo escangalho


A vida empedra não se vê mais flores
Desejo a flor, mas triste em frangalhos
Orvalho minha cara, dissabores

Desgosto em gosto fel de mel azedo


Desfolho todo ser do arvoredo
Espalha toda dor deixa ser costume

Destila o sabor meu azedume


Esforço, torço contra mim, estrago
Destorço troço torto, tonto vago

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ENTREGA
O amor vive da incompletude e esse vazio justifica a poesia da entrega
Arnaldo Jabor

Entrega todo amor em versos contundentes


Suponho, essa dor cairá por terra abaixo
Reforço meu pedido, sendo imprudente
Tuberculoso amor, um sábio sem adágio

Na mente, morde forte, faca entre dentes


Componho e cantarolo e canto assim não acho
Remorso, eu ferido e o rosto teu me prende
Fracassa o remador descendo o teu riacho

Agora só por hora mostra e arquiteta


Um plano frente a frente e face semi-oculta
Eu, guardião plangente tento nessa meta

Atingir minha muda musa que exulta


Cortejos meus insanos deixam voz inquieta
E a moça muda e gela, venço minha luta

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CUPIDO
Amar é mudar a alma de casa
Mário Quintana

Sentir no peito forte amor e então assumir bem cedo


Regar o pobre coração de mimos fartos beijos
Nutrir romance em si consigo abrir-se e amar sem medo
Deixar o corpo apaixonar-se em frente e ver sobejo

Sorrir sorriso de estufar teu mundo ao passaredo


Voar no nobre céu azul carinhos relampejos
Florir meu mundo sigo abrigo aberto engano ledo
Cantar se atinge o si escala em mi quebrando queixos

Valente, forte e corajoso o peito serve em alvo


Cupido cego em mira acerta errado, assim fui salvo
Qual era de Eros rompe aurora em brilho sol vigora

Estrela suvenir de o teu sorrir cadente manto


Dilacerado em dó uma flor nasceu pra meu espanto
Amor, sublime amor a flecha fecha a dor que chora

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FERRUGEM
O amor é invisível: Entra e sai por onde quer, sem que ninguém lhe peça conta do que faz
Miguel de Cervantes

Cantando eu flerto na vida tão fértil


No coração cabem várias sou dúctil
Um dia conserto querida meu séssil
E versar-te-ei de cor o Confúcio

Te quero fácil menina sou débil


Faz-se difícil me irrita o repúdio
Ganhei um vício do choro infértil
Pranteio ilício num côro em estúdio

Galega itálica música em letra


Meu corpo em chama, vem ser minha preta
Na cor enfática branca qual nuvem

Castanho a casta tão pálida impetra


Peso do lastro inclina discreta
Tu viras ferro, eu te sigo ferrugem

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MARÉ CHEIA
Vem matar essa paixão que me devora o coração
E só assim então serei feliz
Bem feliz
Pixinguinha

Deixa-me apresentar por partes


O sujeito que eu sou cheio de predicados

Tenho uma língua ágil


Extremamente ágil
Gosto de lábios de uma forma mordaz
Gosto do gosto do clímax do clitóris
De esse molhar sem água

Gosto de arranhar sem marcas


De machucar com a suavidade de maus tratos
De caminhar suas avenidas e vielas
Tatuar-me em teu corpo
Pichar teus muros

Ah
Só não gosto marcar hora
Prefiro o todo instante

Cada canto dissonante


Do teu corpo afinado em melodia de gemidos
Incentivando minhas taras
Teus queixumes esbaforidos
Sopram meu corpo ondulando

Maré cheia, amor

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O QUE SINTO POR VOCÊ


Tu que sofres, porque amas, ama ainda mais.
Morrer de amor é viver dele.
Victor Hugo

O que sinto por você é algo inexplicável


É uma doença sadia
É o se afogar sem água para nadar
É o desejar ter medo de morrer de amar

O que sinto por você é algo traiçoeiro


Em manhãs que adormeço num sonho acordado
E liberto me prendo em lua e saudade
E me sangro por dentro
Seu Instante me invade

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MUSA POETISA
Nada recrudesce mais facilmente do que o amor
Sêneca

Imprimo um sorriso em meu imo


Fez ela para mim uma linda poesia
Inflamo o âmago do discernido sentimento
Apaixono-me de vez e outra vez pela mesma mulher
Que se eterniza em meus dias,
Que cedo se faz em minhas tardes
E que atravessa as minhas noites em claro
Repousando serena em minhas madrugadas.

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VAI MINHA VOZ


O amor é uma espécie de guerra.
Ovídio

Vai, sai de mim


Chega até ela com altivez
Proclama minha dor e faz-se escutar
Mostra o quanto se tornou concreto o meu vazio

Vai minha voz


Viaja nas ondas e oscilações do vento
Agarrando ecos e efeitos para se ampliar em decibéis

Chega até ela, convence-a


Mostra-lhe minha solidão crescente,
Minha triste lágrima uivada de retrocessos
Meu medo de amar plenamente
E meu receio de mostrar confiança

Grita rouca e amansa sua alma


Acalma seu ímpeto, convence-a
Que ela se aproxime
Por mais que eu peça o contrário

Vai minha voz,


Cala minha dor

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VIDA
Amor é um egoísmo a dois
Madame de Stael

Esse teu cheiro doce que me sufoca em desejos


Na desventura da aventura que não tive
No morrer de amor que no coração me vive
Na escuridão de sentidos, claros lampejos

Fibrilação atrial atrita meu futuro


Na falta de ar causada pelo amor pleno
Acaricia o corpo, arranhar ameno
Faz-se claro o amor nesse quarto escuro

Quando explosões e paz se encontram catarse


Impasse do beijo; o bem e o mal, enlace
Primavera invade o outono, florida

Línguas molhadas sedentas buscam saciar-se


Na sofisticação dessa nossa pieguice
Dois corpos mortos que encontraram a vida

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FLORIDO
Amar é comprazer-se na perfeição
José de Alencar

Eu que andava tão sem vida


Perdido na selva de minhas amarguras
Pedras, não mais que pó e pedras
Resgatou-me de penitências e agruras

Pedindo-me apenas pequeno espaço (meu peito)


Doou-se em pólen, pétalas e doçura
Transparentes seus laços, trejeitos
Em seu olhar e em sua voz há ternura

Renasci pra vida que nunca tive


Pois em meu coração vive uma rosa

Que me vive

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LINDEZA
Amor é o grande exagero da diferença
Entre uma pessoa e todas as outras
George Bernard Shaw

Musa e poetisa
Teu cabelo alisa meu desejo
Num ensejo em sonho que te vejo

Em meu sonho sobejo


Saboreio do beijo e da alvura da pétala mais linda
Agasalhada em versos que me despertam a libido

Desse sonho que sonhei em sonho


Tive o prazer de tocá-la
De forma tão real

Tão real

Que nele morri sem forças para acordar

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CHORE PEQUENA
A amabilidade produz a riqueza
Provérbio chinês

Chore minha pequena


Não segure o chorar
Hoje você pode ser a mais frágil das mulheres
Não se vista de guerreira
Tampouco banque a mãe ursa

Desarme-se,
Deite-se em meu ombro
E chore

Chore minha pequena


Flor orvalhada
Carregando matematicamente problemas não divididos
Pois literalmente em seus ombros
E só em seus ombros
Carrega todo um mundo
Quiçá alheio à dor que sentes

Chore morena chore

Chore pequena
Sem embaraço
Quem sabe isso não desate os nós contidos na dor?
Desabafe comigo sem receio
Desabe
Ficará só entre nós e algum papel qualquer a esperar poesia

Hoje, minha guerreira


Seja pequena
Frágil morena
E chore

Chore,
Serena
Chore pequena

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ÚNICO
O amor é a vida do amante
Plauto

Agora é sério
Eu vou sossegar
Vou ser homem de uma só mulher
E hei de amar do fundo de minh’alma
Minha preocupação será a felicidade dela
Não a minha
Meu prazer será o sentir seu orgasmo
Não o meu

Porém,
Exigirei que ela seja minha
Só minha
Tatuando em sua nuca meu nome
Sentindo minha falta
Mesmo que durma abraçada a mim

Que ela deposite em mim


Toda a esperança de felicidade
Porque estarei disposto a honrar esse amor
Que sentirei,
Que receberei

Que o passado seja sem importância


Apenas presente nosso plano pro futuro
Juntos, unidos,
Cúmplices permissivos
Amados, amáveis e amantes

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CARÍCIAS
Nunca estamos tão longe dos nossos desejos
como quando imaginamos possuir o desejado.
Johann W. Goethe

Meus dedos deslizaram por teus cabelos


E um rio em mim nasceu
Refrescando pensamentos
Esquentando sentimentos
Purificando sedes
Inundou a minha cidade de receios
Sem pressa de encontrar o mar

Em meus dedos a maciez da tua pele


Que me invade com a leveza do algodão
Saboreio o teu toque
Que eterniza minha carência
Sempre saciada do teu amor e dos teus cuidados

Em meus dedos, a flor


Os desejos se iluminam no breu
E te acaricio com as carícias de minhas carícias
De todo o carinho meu

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VOCÊ EM MENTE
Todas paixões exageram: É justamente porque elas exageram que são paixões
Nicolas Chamfort

Então me transformei em morcego


Invadi sua madrugada e seu quarto
Voltei a ser gente, mas invisível aos seus olhos
Eu pude tocá-la
Você não sentiu
Eu pude invadir seu interior
Você, inerte

Saciei minha fome

Troquei roupa de cama


E banhei-me pela manhã,

Polução

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FANTASMAS
Ter medo de amar não faz ninguém feliz
Vinicius de Moraes

À porta do seu coração estão seus fantasmas


Que impedem minha entrada
Que me mantêm afastado, isolado,
Do lado de fora

Onde sinto frio


Onde apanho chuva
Onde sofro o vento cortante em meu rosto

Enquanto você se cobre de medo


E fortalece os fantasmas
Que impedem minha entrada
Na almejada morada:
Seu coração

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ATÍPICO
A arte faz versos, mas só o coração é que é poeta
André Chénier

Confesso ser para mim estranho


Essa forma de te possuir e te pertencer
Distante e à vista
Longe e de oitiva

De uma rápida conexão de o meu amor tamanho


Ao te ver dormir e me acordar o querer
Para surfar a paixão no ápice da crista
Morro a cada dia ao te ter mais viva

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POR DENTRO
A arte faz versos, mas só o coração é que é poeta
André Chénier

Dentro do meu coração


Existe algo que não me cabe
O amor, infinito amor

Tão puro que chega a ser infantil


Tão infantil que chega a ser inocente
Tão inocente que chega a ser pueril

Amor tão forte que me enfraquece


Que lembra tanto de você
Que até me esquece

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POSFÁCIO

Para alguns de nós, a poesia é mais forte do que a fé, mais envolvente do
que a vida, capaz de criar e desatar laços. Desde o início dos tempos essa arte
acompanha o passo a passo do homem, suaviza suas dores, emociona seu
coração, preenche seus vazios emocionais. Uma coisa é certa, nada consegue
separar o ser humano de sua essência poética, de seu lirismo latente...
“Folheando” as páginas virtuais da obra que tenho na tela, encontrei nos
poemas de Axills a própria expressão dessa essência, de seus sentidos, de sua
sensibilidade à flor da pele, de eu erotismo lírico, exposta de forma
simultaneamente sutil e impactante. São os versos de alguém que vive a poesia
no seu cotidiano e aqui a expressa embalando os mais caros sonhos do leitor,
levando-o inconscientemente a viajar nos braços de Eros.
Há uma espécie de conflito entre os afagos da alma e a iniqüidade do dia
a dia, rompendo muros, derrubando cercas, numa conjunção se sentimentos,
metáforas e figuras de linguagem, belamente sinalizados. A temática explorada é
quente, empolgante, o que de certa forma descreve o jeito de ser do autor, um
homem que ama e se apaixona todos ao dias e sempre.
Aqui são ressaltadas carências, esperanças, saudades, desejos, como são
em seus amores, de forma embriagante, intensa e excitante. Pode-se dizer que
brinca com a palavra, namora-a num clima de sensualidade e enlevo, dorme
com ela, conquista-a...
Define-se, ele próprio, em verso como o “Zangão que se doa à abelha vil
rainha”.

Por Magmah

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Quero fazer tudo o que você me permitir,


Evitar fazer tudo o que me proibir,
Indo além disso

Axills

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MINIBIOGRAFIA

Axills (Samuel Achilles), músico e escritor, nasceu no Rio de Janeiro no


bucólico bairro de Santa Tereza. Tem como ídolos literários Carlos Drummond
de Andrade, Vinicius de Moraes, Machado de Assis, Manuel Bandeira, etc..
Apesar do gosto musical eclético, tem preferência pela bossa-nova e música
popular brasileira dos anos 60/70.
Eis uma frase de como o autor se define: "Sou alguém que se esconde em
si mesmo por entrelinhas e notas musicais".

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CONTATOS COM O AUTOR

Recanto das Letras


http://recantodasletras.uol.com.br/autores/axills

Axills Blog
http://axills.blogspot.com/

Palco MP3
http://palcomp3.com/axills/

E-mail: axills@hotmail.com

Trovart Publications

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Fartamente influenciado por Vinicius de Moraes e Pablo


Neruda, Axills parece seguir fielmente os ensinamentos dos mestres,
brasileiro e chileno, respectivamente, quando o primeiro afirma que
“a maior solidão é a do ser que não ama [...] que se ausenta, que se
defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana” e
que “o maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de
ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do
mundo”...
Por tudo isso é que vale a pena a leitura dos versos deste jovem
poeta de uma nova safra que procura seu espaço e aí desponta com
um estilo todo próprio de fazer poesia, com versos
perturbadoramente sensíveis e encantadores.

Alessa B. 55
Professora e poetisa

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