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O NOVO TESTAMENTO: CÂNON, LÍNGUA, TEXTO

BITTENCOURT, B, P.O novo testamento: Cânon, Língua, Texto; 2ªed. Rio de


Janeiro e São Paulo: JUERP/ASTE, 1984.

Carlos Sergio Lopes

LÍNGUA DO NOVO TESTAMENTO


1. A TRANSIÇÃO

Para uma boa compreensão de como uma língua muda primeiro é


necessário ter consciência de que o processo de evolução da língua não é algo
que possa ser marcado com a exatidão de dias meses e nem mesmo de anos
pois é um processo complexo. Assim, entendendo que nenhuma língua muda da
noite para o dia, mas que as línguas são uma expressão da cultura de um povo e
as culturas estão sempre em evolução e adaptação em seu contexto histórico,
político, geográfico, pois todos estes fatores tem sua contribuição na formação
de uma língua.

Assim o grego bíblico não nasceu pronto, nem nasceu bíblico; é na verdade
uma evolução que o autor (Bittencourt) remonta a partir do grego clássico de
Homero, passando pelo ático, e finalmente vem a ser o grego documentado nas
páginas do cânon do Novo Testamento.

A essa expressão do grego chamamos de koinê, ie. comum.

2. O GREGA COINÊ

a) A descoberta da Coinê

O autor não o Grega Coinê coexistiu com outra língua nativas, por volta de
cinco séculos a.C. e aquele era um mundo no mínimo bilíngüe. Exemplo disse
fato mencionado pelo auto na página 54 é que na Licaônia os apóstolos não
entenderam o povo quando falaram em licaônio (At 14) e a também cita que a
carta aos Romanos escrita em grego marca a forte presença do grego na região.

b) As fontes da Coinê

Além da Septuaginta o autor cita como fontes do grego Coinê os livro de


Sabedoria de Salomão e 1 Macabeus; no novo testamento Atos de Paulo,
Apocalipse de Pedro e Evangelho de Pedro, Didaquê, o Pastor de Hermas e
outros, além de citar a existência de mais 50.000 papiros ..

c) Características da Coinê

O Grega Coinê era a língua do povo que não teve acesso a uma educação
formal ou autodidata com destaque literário.

A Coinê possuía 3 características distintas: (1) a qualidade temporal de ser


pós clássica; (2) A qualidade comum de não ser dilética; (3) a qualidade de ser
uma língua popular.

Também possui a característica de formar sentenças curtas e se utilizar de


várias conexões. Dava uso às coordenada e a conjunção em detrimento da
subordinadas. No caso a mais usada é καί.

3. A COINÊ DO NOVO TESTAMENTO

O autor se preocupa em alertar o leitor (estudante) do perigo de confundir


o termo “grego vulgar” com “grego de baixo níveo”, muito menos com o
linguajar em gírias, não, o sentido para o termo é que o grego é Coinê foi falado
pelas categorias menos escolarizadas assim se denomina para se diferenciar do
grego usado pelos filósofos e/ou escritores que usavam outras variações da
língua helênica.

Afirma também, o autor que não concorda com Deissmann, quando este
afirma ser a coinê a língua de todo o novo testamento, pois o livro de Hebreus,
segundo Bittencourt, não pertence a esta classificação.

a) Influências estranhas

No grego do novo testamento há traços de hebraico resultantes da


influência do Antigo testamento e da Septuaginta. Bittencourt refuta a tese de C.
C. Torrey de que o Novo testamento tenha sido originalmente escrito em
aramaico. Pois esta não tem nenhum fundamento ou prova que a justifique.

Porém aponta os exemplos de texto que se nota a influencia aramaica nos


texto de Mt 19.5; Lc 1.34,42; Lc 20.12 e etc.

Bittencourt menciona Albrecht Ritschl que afirma “o Antigo Testamento é


léxico do Novo Testamento” PIS algumas palavras são melhores compreendidas
à luz do contexto do antigo textamento. Como é o caso do υόμος que se traduz
por estatuto no Novo Testamento, porém se entende como torah que é muito
mais que um conjunto de regras, e sim, a vontade de Deus.
Outras palavras são resultado de transliteração:αλληλυιά, μήν, γολγοθά, σατάν e
etc.

Há também elementos egípcios como (βίβλοσ, σίνπι), macedônios


(παρεμβολή), persaa (γάζα, σανδάλιον), fenícios (αρραβόιν), cirenaicos (βουνός) e etc.

O autor notabiliza a influencia de termos com semântica puramente cristã


como é o caso de alguns vocábulos que apresentam sentido técnico ou ritual:
αδελφος para irmão da mesma fé; απότολος no sentido de oficial e outros termos.

b) Peculiaridades

O autor ressalta o livro de Hebreus como o livro do Cânon do Novo


Testamento mais próximo do grego usado pelos literatos gregos, contrasta com
apocalipse no que Hebreus seria a linguagem dos eruditos e Apocalipse a dos
mercados.

Cita elementos estilístico do autor de Hebreus como o fatos de apresentar


cadência e ritmo próprios dos autores gregos, no primeiro versículo do livro há
quatro palavra começadas com sons semelhantes, em 9.27 há cinco palavras
consecutivas começadas com a letra alfa. A única influência semítica vista em
Hebreus é derivada da septuaginta, ie, não vem direto do hebraico. A epístola de
Tiago segue a de aos Hebreus, pois usa os modos e tempos verbais nos termos
do grego clássico. Lucas revela erudição o empregar cerca de 250 palavras nova
em seu evangelho e cerca de 500 em atos.

As epístolas de Paulo não sofreram nenhuma ou pouca influencia do grego


clássico. Paulo se utilizava mais da conversação do que da erudição. Paulo,
porém, não escrevia de próprio punho suas cartas, ele as ditava para um
amanuense e por vezes era obrigado a parar a narração da epístola e recomeçar
horas ou semanas depois o que provoca certa descontinuidade na estilística.
Assim por vezes temos em hebreus o estilo coinê e por vezes o estilo é
semelhante ao nível de Platão é o caso de Rm 8.31-39 e 1º Co 13.

O evangelho e as epístolas de João são de uma grandeza jamais vista em


nenhum outro livro do Novo Testamento, afirma Metzger. O uso de frases curtas
como “Jesus chorou” e “Eu sou a luz do mundo” representam algo peculiar em
seu estilo.

Marcos é escrito em grego coloquial sem nenhum requinte. Recebe forte


influência do hebraico que se caracteriza pelo uso excessivo da conjunção καί.
Este evangelho, apesar de seu vocabulário limitado não deve ser considerado
sem preparo pois seu autor possui estilo vigoroso e embora revele grande
numero de aramaismo seu autor possui profundo conhecimento do coinê.

Mateus é estilisticamente mais rebuscado que Marcos se valendo de um


vocabulário mais sofisticado.Em Marcos encontramos o vocábulo vulgar: κλίνη , já
em Mateus o termo é substituído por κράβατος.
O livro de Apocalipse chegou a ser considerado, durante o terceiro século,
como de uma expressão bárbara (dado a esse termo o sentido de pouca
adequação as norma gramaticais de ortografia) e sem orientação gramatical,
violando freqüentemente as regra gramaticais, especialmente as de sintaxe;
quebra também as regras no uso dos casos empregando o nominativo quando o
acusativo é requerido (Ap 2.20; Ap 7.14 e etc). Verifica-se também um mau uso
da concordância, erros no uso de substantivo e adjetivos (Ap 1.10; Ap 4.1,8; Ap
11.4; Ap 19.20). O autor cita Thayer: “Seu desvio das leis ordinárias da
construção grega é tão atrevido e caprichoso a ponto de levar a indagação de ser
a obra, ou pelo menos algumas partes, não é uma reprodução mecânica de um
original aramaico”

4. O GREGO BIZANTINO E MODERNO

O autor apresenta uma síntese da evolução do grego: Período clássico


(Homero é a expressão máxima), Período Helenista marcado pela tentativa
aticísta de voltar às origens, porém se expressando em formas mais populares.

Do sétimo século a.C. em diante a língua grega recebe um número muito


grande de termos importados de outras línguas que se incorporam a seu
vernáculo.

O período bizantino é marcado pelo triunfo histórico do cristianismo sob


Constantino que impõem o cristianismo ao mundo da época.

Depois do início do século XI o grego moderno começa e se estruturar a


partir da coinê e chega a nossos dias em uso diferente do latim que sofreu várias
transformações e por fim morreu.

Em todo o texto o autor se mostra coerente em seus pensamentos e nos leva por
um passeio em meio a história do grego coinê e pela estilística do uso deste
grego nos livros do novo testamento em meio a sua explanação sobre o tema
deixa passar um que apologético quanto aos ataques que certos grupos fazem
sobre o fato de o Novo Testamento ter ou não sido escrito originalmente em
grego o que o autor lança forte argumentação provando que o Novo Testamento
foi escrito em grego e apresenta prova disso em vários livros do Novo
Testamento.

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